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resumo hermeneutica

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RESUMO SOBRE HERMENÊUTICA JURÍDICA
Hermenêutica é a ciencia filosófica voltada para o meio de interpretação de um objeto. No caso do Direito, trata-se de técnica específica que visa compreender a aplicabilidade de um texto legal.
A transição paradigmática abre grande espaço para a inovação, a criatividade e a opção moral, o que permite um novo conhecimento que, como nos diz Souza Santos (2001, p. 186) se "assenta num des-pensar do velho conhecimento ainda hegemônico, do conhecimento que não admite a existência de uma crise paradigmática porque se recusa a ver que todas as soluções progressistas e auspiciosas por ele pensadas foram rejeitadas ou tornaram-se inexequíveis."
O positivismo filosófico tem como principais expoentes Comte (1798-1857) e Lithé (1801-1881), em cuja doutrina encontraremos a chamada lei dos três estados, pela qual se explica a evolução do conhecimento filosófico. Partindo de uma visão causualística da vida social e influenciado pelas teorias da evolução orgânica de Lamark e Darwin, Comte entendeu que existiria uma lei fundamental da evolução, pela qual a sociedade caminharia por uma linha progressiva do conhecimento. O autor afirmava que o progresso humano seria permanente, indo sempre de um estágio inferior para outro superior e que, então, a humanidade alcançaria a sua etapa mais elevada, qual seja, a positiva.
A hermenêutica jurídica também se encontrava envolta nessa mesma perspectiva científico-cartesiana de correção, certeza e demonstração matemática. Assim, foram concebidos critério/regras/métodos objetivos para compreensão do Direito, forjados primordialmente pela Escola Exegética, pelo historicismo de Savigny, pela "Jurisprudência de Conceitos" de Puchta e pela "Jurisprudência de Interesses" de Ihering e Heck.
Por sua vez, a Escola Histórica do Direito (Friedrich Carl Von Savigny), ao contrário da Escola da Exegese que tinha uma concepção de razão sem considerações históricas, preceituava que as legislações eram fruto da história de cada nação, sendo imprescindível a visão dos costumes e tradições de um povo (wolksgeist) na compreensão do Direito. Por esse motivo, o intérprete deveria deixar-se inspirar pelo "espírito de seu povo" no momento da aplicação do Direito. Contudo, o historicismo de Savigny é celibatário daquela concepção de racionalismo cartesiano apontada acima, em que se busca uma precisão científica do Direito, com correção e certeza compatíveis com a matemática. Sua proposta de hermenêutica concebe um sistema jurídico fechado a valorações éticas e morais, enxergando o Direito como um sistema coerente de regras jurídicas de aplicação dedutiva através da subsunção do fato ao texto da norma. Para alcançar seu objetivo, a interpretação jurídica deveria se valer de técnicas próprias, correspondentes ao elemento gramatical, lógico, histórico e sistemático, pois, justamente por meio delas, o intérprete poderia alcançar a "verdadeira interpretação", ou seja, atingir o ideal da precisão/correção das ciências naturais. A tudo isso agregue-se o fato de que a Escola Histórica concebia que somente os doutores em Direito seriam capazes de percebê-lo, mesmo sendo produto da cultura e tradição do povo, o que fecha o campo dos intérpretes à um círculo erudito restrito, formando o que se chamou de "direito dos professores".
Todas essas concepções são correspondentes à uma hermenêutica clássica, com a sua pretensão de precisão de cientificidade e certeza cartesianas, juntamente com a repulsa à metafísica, o que as tornam compatíveis com a premissa da decisão judicial neutra e silogística. A autonomia do Direito cingia-o à suas estruturas, sendo apartado das esferas social, política e moral da sociedade, do mesmo modo que havia uma separação intransponível entre Estado e sociedade, com conseqüente distanciamento entre Direito e realidade. Assim, podemos concluir, da mesma forma que Cruz (2004, p. 96), que "A visão hermenêutica do positivismo implica exame exclusivo do texto normativo empregando-se, de modo geral, os métodos de Savigny (1949), acrescidos da interpretação teleológica da "Jurisprudência de Interesses".

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