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Apresentação da disciplina Unidade Curricular: Estruturas de Concreto I 1 Ementa 1. Considerações gerais sobre estruturas de concreto armado. 2. Cargas para o cálculo das estruturas. Segurança, estados limites, ações e suas combinações. Diretrizes para a durabilidade de estruturas de concreto. Aços para concreto armado. 3. Diretrizes da NBR 6118/2014. 4. Diretrizes da NBR 6120/2019. 5. Diretrizes da NBR 6123/1988. 6. Diretrizes da NBR 8681/2003. 7. Cálculo, dimensionamento e detalhamento de lajes maciças, nervuradas e pré- moldadas. 8. Cálculo, dimensionamento e detalhamento de vigas de alma cheia. 9. Softwares para a análise e dimensionamento de estruturas. 2 Competências e habilidades Projetar estruturais em concreto armado, a partir de métodos de dimensionamentos de estruturas isostáticas e hiperestáticas, atendendo às prescrições das normas brasileiras. • Dimensionar e detalhar as armaduras dos principais elementos estruturais em concreto armado, lajes maciças e vigas, submetidos a esforços solicitantes: flexão, cortante, normal e torção; • Identificar e compreender os fundamentos dos materiais do concreto armado, no que se refere ao comportamento estrutural; • Compreender e aplicar as prescrições das normas brasileiras relacionadas ao projeto e execução da estrutura; • Projetar uma edificação simples considerando todas as ações pertinentes. 3 3 1ª Unidade • Tipologia das estruturas de concreto: características e comportamento dos principais arranjos estruturais em edifícios residenciais e comerciais de andares múltiplos; • Principais critérios para definição de uma estrutura. • Fundamentos do concreto armado: propriedades do concreto e do aço, comportamento conjunto dos materiais. • Durabilidade: conceito, caracterização do meio ambiente, cobrimento da armadura e outros requisitos de durabilidade. • Ações, segurança e estados limites de serviço (ELS) e último (ELU). • Verificação e detalhamento de LAJES: ações, solicitações, resistências e Estado Limite Último (ELU). Critérios para detalhamento de armaduras longitudinais em lajes maciças. 4 2ª Unidade • Verificação e detalhamento de LAJES: ações, solicitações, resistências e deformações – Estado Limite de Serviço (ELS) e Estado Limite Último (ELU). Critérios para detalhamento de armaduras longitudinais em lajes maciças. • Verificação e detalhamento de VIGAS: ações, solicitações, resistências e deformações – Estado Limite de Serviço; • Projeto estrutural utilizando softwares comerciais – projeto de uma edificação e pequeno porte. 5 Bibliografia adotada e sugerida 6 Bibliografia adotada e sugerida 7 Página Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos Revistas Técnicas de Interesse Norma regulamentadora do cálculo das estruturas de concreto 9 Outras normas pertinentes: • ABNT NBR 6120:2019: cargas para cálculo de estruturas de edificações: procedimento; • ABNT NBR 8681:2003: ações e segurança nas estruturas: procedimento; • ABNT NBR 6123:1988: forças devido ao vento em edificações: procedimento; • ABNT NBR 14931:2004: execução de estruturas de concreto – procedimento; • ABNT NBR 9062:2006: projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado; • ABNT NBR 15200:2012: projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio; • ABNT NBR 15421:2006: projeto de estruturas resistentes a sismos – procedimento; • Presente na biblioteca virtual, via TARGET. 10 Avaliações 11 QUIZZES NO BB; PROJETO COM RECURSO A SOFTWARE: O que esperar de Estruturas de Concreto Armado I? 12 Aprender a dimensionar elementos estruturais de concreto armado... Ou pelo menos, evitar que isso aconteça: Concreto Simples 13 Boa resistência à compressão; Boa resistência à compressão; Baixa resistência à tração; Baixa resistência à tração; Comportamento frágil, rompendo com pequenas deformações; Comportamento frágil, rompendo com pequenas deformações; Como exibe baixa resistência à tração, deve-se utilizar outro material que suporte bem trações; Como exibe baixa resistência à tração, deve-se utilizar outro material que suporte bem trações; Em um elemento sujeito a flexão, surgem trações nos elementos, que, devido à baixa resistência, fissuram; Em um elemento sujeito a flexão, surgem trações nos elementos, que, devido à baixa resistência, fissuram; Peso próprio elevadoPeso próprio elevado Custo de formas para moldagem Custo de formas para moldagem Suscetibilidade a patologias Suscetibilidade a patologias Materiais usados na construção – história 14 Fonte: Notas de aula UNESP (2019) Materiais usados na construção – história 15 Maior vão estrutural até séc. XIX Concreto Armado Moldável Boa resistência à maioria das solicitações Estrutura monolítica Baixo custo dos materiais Baixo custo de mão-de-obra Processos construtivos consolidados Durabilidade Rapidez de execução Pouca manutenção Resistente a choques e vibrações Boa resistência contra o fogo Baixa permeabilidade 16 Uma viga de concreto simples (sem armadura) rompe bruscamente logo que aparece a primeira fissura, após a tensão de tração atuante igualar a resistência do concreto à tração. Entretanto, colocando-se uma armadura convenientemente posicionada na região das tensões de tração, eleva-se significativamente a capacidade de carga da viga. COMPRESSÃOCONCRETO TRAÇÃO FISSURAS ARMADURA Figura 1 - Viga de Concreto Simples (a) e Armado (b). Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 17 Ideia básica da protensão • “aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado-limite último (ELU).” “armadura constituída por barras, fios isolados ou cordoalhas, destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se aplica um pré-alongamento inicial.” Concreto Protendido 18 Um pouco de história: 1824: J. Aspdin inventa o cimento Portland; 1855: J. Lambot constrói um barco de argamassa reforçado com ferro; 1867: J. Monier constrói um vaso de flores de concreto reforçado, com o objetivo de evitar perdas de água do vaso. 1873 - 1876: o engº mecânico William Ward projetou e construí uma casa de concreto à prova de fogo; 1878: Monier patenteia um arranjo de armadura para suportar esforços de tração; 1888: Surge o conceito de protensão; 1900: Mathias Koenen e Emil Mörsch começam a desenvolver as teorias básicas do concreto armado; 1905: Surge o primeiro instituto de concreto armado (CRC – RIBA) 19 Estruturas em Concreto Armado 20 NO BRASIL Rio de Janeiro: - Construção de galerias de água em cimento armado - 47 m e 74 m de comprimento (1901). Construídas casas e sobrados no (1904). - Construída a ponte na Rua Senador Feijó, com vão de 5,4 m (1909). Construção de uma ponte com 9 m de vão, com projeto e cálculo de François Hennebique (1908). Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 21 São Paulo - Construída em Socorro uma ponte de concreto armado com 28 m de comprimento, na Av. Pereira Rebouças sobre o Ribeirão dos Machados (1910 - existe ainda hoje em ótimo estado de conservação). http://martaiansen.blogspot.com.br/2010/04/primeira-ponte-de- concreto-armado-no.html - Primeiro edifício (1907/1908 - um dos mais antigos do Brasil em “cimento armado”), com três pavimentos; - A partir de 1924 os cálculos estruturais passaram a serem feitos no Brasil, com destaque para o engenheiro Emílio Baumgart. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 22 - Marquise do Jockey Clube do Rio de Janeiro, com balanço de 22,4 m (recorde mundial em 1926); Recordes do Brasil no Século Passado Figura – Marquise do Jockey Club do Rio de Janeiro. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 23 - Ponte Presidente Feliciano Sodré em Cabo Frio, em 1926, com arco de 67 m de vão (recordena América do Sul); Figura – Ponte em Cabo Frio. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 24 - Edifício “A Noite” no Rio de Janeiro em 1928, com 22 pavimentos, o mais alto do mundo em concreto armado, com 102,8 m de altura, projeto de Emílio Baumgart; Figura – Edifício A Noite em construção e em uso. Projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (Copacabana Palace). Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 25 26 Edifício Martinelli (São Paulo - 1934), com 106,5 m de altura (30 pavimentos – recorde mundial); Figura – Edifício Martinelli em S.Paulo. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 27 - Ponte Emílio Baumgart – “dos Arcos” (Indaial/SC, 1926), com 175 m de comprimento e 6 m de largura. Figura – Ponte Emílio Baumgart. http://www.indaial.com.br/saudosa-indaial/2013/8/15/19251926-a-histria-da-ponte-emlio- baumgart-dos-arcos Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 28 Figura – Inauguração da Ponte Emílio Baumgart em 1926. Figura – Ponte Emílio Baumgart em teste de carga. http://www.indaial.com.br/saudosa-indaial/2013/8/15/19251926-a-histria-da-ponte-emlio-baumgart-dos-arcos Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 29 - Elevador Lacerda (Salvador - 1930), com altura total de 73 m; - Ponte do Herval, projetada por Emílio Baumgar, entre Herval do Oeste e Joaçaba/SC, de 1930, com o maior vão do mundo (68 m), onde foi utilizado pela primeira vez o processo de balanços sucessivos; Figura – Ponte do Herval (fotos de P. B. Fusco). Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 30 - Ponte da Amizade em Foz do Iguaçu em 1962, com o maior arco de concreto armado do mundo, com 290 m de vão; - Em Portugal, no mesmo ano, é construída a ponte da Arrábida, com 270 m de vão. Figura – Ponte da Amizade entre Brasil e Paraguai. Figura – Ponte da Arrábida Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 31 - Museu de Arte de São Paulo (1969), com laje de 30 x 70 m livres, recorde mundial de vão, com projeto estrutural de Figueiredo Ferraz; - Edifício Itália (São Paulo - 1962), o mais alto edifício em Concreto Armado do mundo durante alguns meses; - Ponte Colombo Salles em Florianópolis em 1975, a maior viga contínua protendida do mundo, com 1.227 m de comprimento, projeto estrutural de Figueiredo Ferraz. - Usina Hidroelétrica de Itaipu em 1982, a maior do mundo com 190 m de altura, projetada e construída por brasileiros e paraguaios, com coordenação americano-italiana; - Em 1913, a “vinda da firma alemã Wayss & Freytag constituiu o ponto mais importante para o desenvolvimento do concreto armado no Brasil”. Importaram mestres de obras da Alemanha, e a firma serviu de escola para a formação de especialistas nacionais, evitando a importação de mais estrangeiros. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 32 a) Baixa resistência à tração; b) Fôrmas e escoramentos dispendiosos; c) Baixa resistência por unidade de volume Peso próprio elevado relativo à resistência: conc = 25 kN/m 3 = 2,5 tf/m3 = 2.500 kgf/m3 d) Alterações de volume com o tempo; e) Reformas e adaptações de difícil execução; f) Transmite calor e som. ASPECTOS NEGATIVOS DO CONCRETO ARMADO Fonte: Notas de aula UNESP (2019) Características e propriedades do concreto • Concreto fresco: consistência, trabalhabilidade e homogeneidade; • Adensamento e cura do concreto; 33 Características e propriedades 34 35 Características e propriedades do concreto • Concreto endurecido: Resistência à compressão; • Ensaios de resistência à compressão Prensa - Hidráulica 36 MATERIAIS COMPONENTES DO CONCRETO ARMADO CONCRETO • A NBR 6118/14 aplica-se a estruturas com concretos normais, com massa específica seca maior que 2.000 kg/m3, não excedendo 2.800 kg/m3, do grupo I de resistência (C20 a C50), e do grupo II de resistência (C55 a C90), conforme classificação da NBR 8953. • Se a massa específica real do concreto simples não for conhecida, pode-se adotar 2.400 kg/m3. • Para o Concreto Armado pode-se considerar 2.500 kg/m3 (2,5 t/m3 ). 37 1 m Concreto simples 1 m 1 m + 2.400 kg/m 3 3100 kg/m Aço 3 2.500 kg/m Concreto armado= Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 37 Resistência à Compressão Concretos com classes de resistência à compressão dos Grupos I e II (NBR 8953): Grupo I: C20, C25, C30, C35, C40, C45, C50; Grupo II: C55, C60, C70, C80, C90, C100. NBR 6118/14 (item 1.2) aplica-se a concretos dos Grupos I e II (C20 ao C90). Os concretos C10 e C15 não podem ter função estrutural (porém, pode ser usado para camada de regularização). 38Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 38 Resistência do Concreto à Tração Figura – Resistência do concreto à tração determinada por ensaio de compressão diametral. F F d h F F ll l _+ l ll hd F2 f sp,ct Resistência à tração indireta (fct,sp) - determinada no ensaio de compressão diametral. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) fct = 0,9 fct,sp A NBR 6118 permite estimar a resistência à tração direta como: 39 Figura – Base metálica para o corpo de prova e ensaio de compressão diametral. Resistência do Concreto à Tração Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 40 Figura – Ensaio de resistência à tração na flexão. _ + P 2 P 2 h = 15 b = 15 20 20 20 5 = 60 cm 5 70 = P b h 2 Diagrama de tensões t A resistência à tração na flexão (fct,f) é determinada em uma viga de concreto simples num ensaio de flexão simples: 2f,ct hb P f Fonte: Notas de aula UNESP (2019) A NBR 6118 permite estimar a resistência à tração direta como: fct = 0,7 fct,f 41 Módulo de Elasticidade O módulo de elasticidade (ou módulo de deformação longitudinal), é um parâmetro relativo à deformabilidade do concreto sob tensões de compressão. Figura – Determinação do módulo de elasticidade do concreto à compressão. 0 c c A Eci = tg ’ Ecs = tg ’’ Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 42 Na falta de resultados de ensaios a NBR 6118 permite estimar os módulos. a) para fck de 20 a 50 MPa b) para fck de 55 a 90 MPa sendo: E = 1,2 para basalto e diabásio; E = 1,0 para granito e gnaisse; E = 0,9 para calcário; E = 0,7 para arenito. 43 ckEci f5600E 3/1 ck E 3 ci 25,1 10 f 10.5,21E Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 43 Diagrama Tensão - Deformação • Para o dimensionamento de seções transversais de peças de concreto armado no Estado Limite Último (ELU) deve ser utilizado o diagrama tensão-deformação à compressão simplificado, composto por uma parábola do 2º grau e de uma reta entre as deformações 2 ‰ e 3,5 ‰ (ou cu ). 44 2 ‰ 3,5 ‰ f 0,85 fcd ck c c cd0,85 f ck f c c c2 cu Fonte: Notas de aula UNESP (2019) 2 c cdc 002,0 11f85,0 n 2c c cdc 11f85,0 Diagrama Tensão – Deformação • No caso de concretos de baixa e média resistência, a resistência máxima é alcançada com deformações de encurtamento que variam de 2 ‰ a 2,5 ‰ . 45 1 2 3 f = 18 cf = 25 c c ( ‰ ) cf = 50 cf = 38 30 0 0 20 10 f = 38 cf = 50 4 c MPa 30 ( ‰ ) 5 6 cf = 25 cf = 18 c 0 0 10 20 40 50 c 21 3 MPa 50 40 c fc Figura – Diagramas x de concretos com diferentes resistências: a) velocidade de deformação constante; b) velocidade de carregamento constante. Fonte: Notas de aula UNESP (2019) Diagrama Tensão – Deformação • A deformação máxima de 3,5 ‰ é convencional e foi escolhida entre valores que podem variar desde 2 ‰ para seção transversal com a linha neutra fora da seção transversal, até 5 ‰ para seções triangulares. • A deformação última de 3,5 ‰ indica que, nas fibras mais comprimidas, a máxima deformação de encurtamento que o concreto pode ter é de 3,5 mm em cada metro de extensão da peça. • Convenciona-se que, ao atingir esta deformação, o concreto estaria na iminência de romper por esmagamento (ELU). 46 Fonte: Notas de aula UNESP (2019)