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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL EQUIPE: ANA KARINA, DANIELE TEODORO, JULIANA JUCÁ, JOSÉ ALEXANDRE, TICIANA ALEXANDRE PROJETO AGENTES AMBIENTAIS CATANDO CIDADANIA 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA A questão do lixo e do tratamento adequado dos resíduos sólidos principalmente nas áreas urbanas evidencia-se como um dos grandes problemas da sociedade, desde que os efeitos da crise ambiental, provocada pela busca incessante do Capital por lucros começaram a surgir. Com efeito, as áreas urbanas apresentam sérios problemas ambientais relacionados às formas de descarte somado à ineficiência na gestão desses resíduos. Essa problemática decorre da aceleração do processo de industrialização e da exploração desordenada dos recursos naturais, desencadeados a partir da Revolução Industrial, em meados do Século XVIII, bem como a partir da consolidação do capitalismo. Tais fatores contribuíram sobremaneira para o aumento do processo de urbanização, implicando na migração dos homens do campo para as cidades, ocasionando um crescimento populacional desordenado. Em face do intenso crescimento que ocorrera, o homem passou a utilizar desenfreadamente os recursos da natureza, o que levou a um aumento significativo da produção de lixo e a vários impactos ambientais que se intensificaram no século XX. Com isso, a sociedade passou a consumir de forma frenética, dentro da lógica capitalista, provocando um impulso exagerado do consumo, consequentemente a um rápido descarte dos resíduos. É oportuno esclarecer que, as transformações ocorridas no mundo dos homens, no modo de vida da classe trabalhadora, oriundas da reestruturação produtiva do capital, contribuíram bastante para o aumento do desemprego estrutural e a formação do exército industrial de reserva, assim como o aumento do setor informal da economia, em detrimento do formal. Em meio ao processo de precarização das condições de trabalho e da redução dos postos de trabalhos, principalmente no setor fabril, há um desaparecimento de perspectiva de futuro e uma crescente degradação das condições de vida, acentuando o grau de desigualdade, a exemplo dos catadores de materiais recicláveis, que vivenciam cotidianamente um processo de precariedade do trabalho, carência de direitos sociais, e negação dos direitos humanos por parte da sociedade e do poder público. Quanto ao número de pessoas que exercem essa atividade, segundo o Movimento Nacional Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), há uma estimativa de que há cerca de 1 milhão de catadores que atuam no país. Entretanto, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), há 387.910 mil pessoas que se declaram como catador (BRASIL, 2013). Ressalta-se a divergência entre os dados apontados, no que se refere à quantidade de catadores no Brasil, haja vista que o IPEA realiza pesquisa e utiliza dados do Censo que entrevista apenas os catadores de lixo que possuem domicílios fixos e que tem esse tipo de trabalho como atividade principal, não contemplando os catadores que não possuem casa ou que trabalham também com outras atividades. A disparidade no quantitativo revela ainda quão perversa é a realidade de quem trabalha com o lixo, pois são invisíveis até diante das pesquisas oficiais. O Relatório da ONU para a Sustentabilidade na América Latina e o Caribe de 2010 (UNEP, 2010), estima que cerca de 170.000 pessoas se ocupem com a reciclagem de latas no Brasil (UNEP: 2010: 304). O documento aponta ainda, o país como líder no continente em relação à reciclagem de alumínio. Segundo pesquisas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população do Brasil em 2010 foi de 190.755.799 pessoas. Estes brasileiros, por sua vez, produziram 60,8 milhões de toneladas de lixo no período acima referido. Ou seja, foram produzidas 195 mil toneladas de resíduos diariamente, em todo o território nacional, o que torna ainda mais gritante a problemática da gestão de resíduos sólidos. Ainda sobre a geração de resíduos sólidos, a ABRELPE/2010, apresenta o indicador referente à população urbana do Ceará que é de 6.343.990 habitantes que, por sua vez produz em média 8.735 toneladas por dia de resíduos sólidos, apresentando-se como o segundo maior gerador de resíduos sólidos da Região Nordeste, ficando atrás apenas da Bahia. A pesquisa publicada pelo IPEA em 2013, a qual demonstra situação social dos catadores de materiais recicláveis do Nordeste, aponta que no Brasil 387.910 pessoas exercem a atividade de catação de material reciclável e reutilizável como atividade remunerada principal. (BRASIL, 2013). Deste total, 116.528 pertencem à região Nordeste, o que representa 30,6% do total de catadoras e catadores no Brasil. Os estados que concentram maior número de trabalhadores deste segmento, com 63% do total, são: Bahia, com 34.107 trabalhadores, Pernambuco, 20,166 e Ceará com 18.734. A pesquisa sobre Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável, publicada em 2013, elaborou uma análise descritiva da situação social desses trabalhadores no Brasil, com foco na distribuição geográfica pelos estados e regiões. Apresenta uma síntese da caracterização nacional dos indicadores, seguida pelo detalhamento e comparação dos dados estaduais em cada região, organizados por temas e Políticas Sociais. Foram selecionados temas por área de interesse das políticas sociais. O estudo revela ainda, a idade média deste segmento, a saber: 38 (trinta e oito) anos, estando os homens representados por um total de 70,7%, percentual semelhante ao nacional que por sua vez, corresponde a 68,9%. Segundo o documento, a predominância do sexo masculino nesta atividade, tem a ver com a cultura de que as mulheres devem realizar atividades domésticas, o que faz com que estas, não se identifiquem tanto com a atividade de catação. Sobre a questão racial, o relatório enfatiza que os negros são maioria entre os catadores, já que 78,5% desses trabalhadores na região Nordeste, são negros ou pardos. Neste caso, relevante mencionar que, o percentual ultrapassa o indicador apontado no Censo Demográfico de 2010, o qual revela que a população de negros e negras corresponde a 52% da população brasileira, evidenciando a desigualdade racial no Brasil. O documento aponta ainda que a renda média nacional, segundo os próprios trabalhadores, é de R$ 571,56. Na região nordeste, o valor declarado foi de R$ 459,34, que por sua vez, apresentou-se como o valor de renda média mais baixo do país. Dos trabalhadores entrevistados, 53,8% daqueles que vivem na região Nordeste, tem buscado as proteções sociais oferecidas pela Previdência. Entretanto, devido à informalidade da atividade que exercem os catadores não sabem se existe regularidade nesse processo. Sem nenhuma garantia social e muito longe de exercer seus direitos e cidadania, os catadores lutam que as políticas públicas, contemplem suas necessidades e sua realidade. Bosi (2008, p.113) aponta que “[...] as ocupações tidas como ‘informais’ vêm ganhando relevância no mundo do trabalho exatamente porque têm sido acionadas como forma de produção preferencial do capital e não como escolha exclusiva dos trabalhadores”. Devido a estes fatores, a reciclagem e a atividade de catação tem se constituído, cada vez mais, como alternativas para o destino do lixo, conferindo aos trabalhadores que a exercem, uma maior visibilidade. Ainda assim, esses trabalhadores são invisíveis para grande parte da sociedade e submetem-se a dominações indiretas e a formas precárias de trabalho, principalmente, nos lixões a céu aberto e até mesmo em aterros sanitários em diversas cidades. Por conta da ênfase conferida à questão dos resíduos sólidos e, dada a necessidade de discutir melhorias nascondições de trabalho dos catadores, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), surge assim como possibilidade de inclusão social desse grupo diante das políticas públicas. Tal política prevê que os municípios elaborem um Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que contemple a inserção social de catadores em programas de coleta seletiva municipais e estipulou-se um prazo até agosto de 2014, para o fechamento dos lixões e constituição de cooperativas, o que desperta, dentre outros questionamentos, o interesse em compreender como os sujeitos, ora estudados, visualizam as mudanças no seu trabalho e como o poder público vem tratando a questão dos resíduos sólidos. A crescente preocupação e valorização da “questão ambiental” por parte das grandes indústrias nas últimas décadas traz a tona, também, as possibilidades de mudanças e perspectivas de melhorias nas relações entre os catadores e a sociedade, tendo em vista a trajetória desses trabalhadores ser marcada pela precarização da atividade e exclusão do mercado formal de trabalho, questiona-se: qual a importância do trabalho na vida dos catadores? Que tipo de inclusão é pensada para estes trabalhadores? Vale ressaltar que, em se tratando das políticas desenvolvidas no âmbito local ou nacional, há que se destacar ainda, que, estas são direcionadas aos catadores organizados em associações ou cooperativas, o que deixa de contemplar a maioria dos catadores que trabalha individualmente nas ruas ou em lixões e aterros sanitários, como é o caso da comunidade Rosalina, onde ainda há a predominância de muitos trabalhadores exercendo a catação informalmente. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL: Fortalecer o trabalho dos catadores de lixo da comunidade Rosalina, através da criação de novos hábitos, visando à melhoria da qualidade de vida, saúde e trabalho desses sujeitos, favorecendo também, a implantação de um processo de organização social dos mesmos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Promover ações educativas de formação e capacitação dos catadores, enfatizando temáticas como: relações humanas, coleta seletiva, saúde, educação ambiental e segurança do trabalho; Incentivar a criação de novos hábitos e atitudes, no que se refere ao uso dos equipamentos de proteção e trabalho; Buscar e estabelecer parcerias com instituições governamentais e não governamentais para a realização das ações/ atividades previstas, quais sejam: Oficinas, capacitações, palestras, prestações de serviços, visitas e reuniões; Estimular a discussão, troca de saberes e relatos de experiências sobre o cotidiano vivenciado pelos catadores; Contribuir para o processo de organização dos catadores, realizando atividades que colaborem com formação de uma Associação/Cooperativa. 3. JUSTIFICATIVA E BENEFICIÁRIO FINAL A Comunidade Rosalina, fica situada em Fortaleza, entre os bairros Itaperí, Passaré e Parque Dois Irmãos. É caracterizada por ser uma ocupação irregular e desordenada, desprovida de equipamentos sociais, em que a maioria das famílias é de baixa renda, sem infraestrutura de saneamento básico, com o abastecimento d’água clandestino, em que o acúmulo de águas pluviais e os córregos, causam alagamentos em partes das unidades habitacionais, que ficam expostas ao desmoronamento. A comunidade surgiu há 21 anos após uma ocupação desordenada em um terreno abandonado onde residem atualmente cerca de 1.815 famílias, totalizando um universo de aproximadamente 6.617 pessoas. Os moradores da comunidade convivem com todas as formas de fragilidade existentes em decorrência deste processo de ocupação sem planejamento e infra- estrutura. Não existem equipamentos sociais, tais como posto de saúde, posto policial ou uma área de lazer com praças e parques. Há ocupações irregulares, falta de rede de esgoto, abastecimento de água e a maioria das pessoas vivem em condições precárias. O ambiente configura-se pelo acúmulo de lixo e esgotos a céu aberto. A população convive com todo tipo de vulnerabilidade e risco existente. Além do mais convivem com o preconceito por serem moradores dessa área. Uma pesquisa realizada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza revelou que aqueles que se encontram no mercado de trabalho assumem as mais diversas profissões e/ou ocupação, dentre elas uma encontrada em grande número foi a de catadores de materiais recicláveis, o objeto principal desse projeto. Constatou que há na Comunidade Rosalina cerca 153 moradores que têm sua renda advinda do trabalho com resíduos sólidos. Os catadores vivem na Comunidade Rosalina em péssimas condições de vida, apresentando moradias inadequadas, com renda muita baixa que não permitem aos catadores suprir todas suas necessidades básicas e isso acaba por precarizar e tornar cada vez mais vulnerável a qualidade de vida desses catadores. Os Catadores de Materiais Recicláveis são responsáveis por grande parte do material coletado destinado a reciclagem e embora todas as condições subumana em que vivem e trabalham, desprovidos de reconhecimento social, eles vêm conseguindo garantir suas condições de sobrevivência por meio daquilo que é rejeitado pela sociedade, ao mesmo tempo transformar o meio ambiente. Representam um grupo social que está à margem da sociedade, mas que participam do processo de reprodução do capital através da cadeia produtiva de reciclagem, inserindo-se economicamente no mercado capitalista. Os catadores fazem parte do contingente de destituídos de padrões mínimos de vida e de meios dignos de sobrevivência do nosso país. Para sobreviver, trabalham durante muitas horas, momentos que são subtraídos da educação, dos cuidados com a saúde, do lazer, de exercício da criatividade e que muitas vezes acabam por empurrá-los para alcoolismo e para as drogas de um modo geral. Os catadores atualmente encontram–se trabalhando nas ruas das grandes cidades de onde retiram sua renda, contudo o trabalho se realiza de forma bastante precária, mantendo contato direto com o lixo, a maioria sem proteção individual alguma tais como luva, máscara e botas, muitas vezes manuseando objetos cortantes e propensos a adquirir diversos tipos de doenças. Nessa perspectiva a relação saúde e trabalho exigem um modelo de estratégias que pense os indivíduos como que de fato são: sujeitos sociais complexos únicos de múltiplas dimensões; biológicas, social e cultural. Trata-se de pensar a saúde a partir de uma visão mais pluralista e flexível, tendo em vista importar cada vez mais não apenas a duração ou qualidade de vida, mas a maneira como ela é vivida, ou seja, a qualidade de vida. As alternativas e soluções para o problema da saúde dos catadores de materiais recicláveis passam por um conjunto de ações integradas que simultaneamente enfrente as dimensões sociais, sanitárias e ambientais. Portanto, o reconhecimento da importância econômica e ambiental dos catadores impõe a necessidade de valorizar a sua profissão. Propondo-se através deste projeto que seja promovida a organização sócio profissional desse “grupo de catadores” da Comunidade Rosalina a fim de melhorar as condições de saúde, trabalho e renda. Com o objetivo de contribuir para alterar esta situação e promover a inserção social e econômica desses sujeitos, que dada as suas limitações têm pouca chance de ingressar no mercado de trabalho, é que se pensou na elaboração de um projeto voltado para essa categoria. Este projeto com os Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade Rosalina pretende desenvolveruma proposta interventiva junto aos catadores de material reciclável, através de atividades que possibilitem a participação efetiva dos sujeitos envolvidos em todo o processo de inserção social, econômico e ambiental, apoiando-os na organização e fortalecimento do seu trabalho, por meio de ações de integradas e articuladas que compõem as políticas públicas, tais como: Educação, Meio Ambiente, Geração de Trabalho e Renda, entre outras. Nesse sentido, a maneira encontrada para possibilitar melhorias na qualidade de vida de tais sujeitos passa pela defesa e garantia dos direitos sociais, que por sua vez são conquistados de forma coletiva e organizada. Essa organização pressupõe a necessidade de práticas que promova tanto a cidadania, quanto a valorização da profissão, através da formação de grupos representativos em torno de cooperativa, associações e/ou projetos que reconheçam esses trabalhadores como agentes ambientais e econômicos. 4. PRINCIPAIS DISPOSITIVOS POLÍTICOS QUE CORROBORAM COM O PROJETO 4.1 Ações da Política Municipal de Resíduos Sólidos de Fortaleza 1. Revisão da Legislação do grande gerador 2. Implantação de sistema eletrônico de controle de resíduos sólidos 3. Apreensão de contêineres irregulares 4. Ciclomonitoramento 5. Implantação de lixeiras 6. Fiscal Cidadão 7. Requalificação de áreas degradadas 8. Ecopontos da cidade 9. “Recicla Fortaleza” (Coleta Seletiva) 10. Projeto “Alô Cidade Limpa” 11. Implantação de áreas de recebimento de RCC 12. Projeto “Reciclando Atitudes” 13. Projeto “Calçadas da Cidade” 4.2 A Política Municipal de Resíduos Sólidos de Fortaleza Inicialmente cabe destacar que a legislação aplicável vem sendo constantemente atualizada, tendo a sua mais relevante atualização ocorrida através da Lei Nº 10.340, de 28 de Abril de 2015 que alterou os arts. 1º ao 33 da Lei 8.408, de 24 de dezembro de 1999. Bem como previsão no Plano diretor de Fortaleza LC 62/2009, no capítulo destinado a Política de Saneamento Ambiental que prevê em seu art. 27 inciso III que “São diretrizes da política de saneamento ambiental a garantia dos serviços de coleta e limpeza urbana, de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos urbanos e incentivo à redução da geração de resíduos sólidos urbanos,de forma adequada às necessidades sociais e condições ambientais do Município. Da mesma forma prevê o art. 28 que são ações estratégicas da política de saneamento ambiental do município, elaborar planos diretores setoriais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo nas águas pluviais e drenagem urbana, limpeza urbana e resíduos sólidos e controle de riscos ambientais, visando à universalização dos serviços de saneamento ambiental; elaborar um plano de gestão integrada do saneamento ambiental, que estabelecerá metas, diretrizes gerais, recursos financeiros da política de saneamento ambiental, com base na compatibilização, integração e coordenação dos planos setoriais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo das águas pluviais, limpeza urbana e resíduos sólidos e controle de riscos ambientais; Após o arcabouço legal acima citado cabe destacar que a atuação na presente matéria são Coordenadas pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), as ações estão planejadas para serem executadas a partir deste ano até 2020 e vão ampliar e potencializar as iniciativas de sucesso já implantadas e em desenvolvimento. Está prevista uma ampliação do sistema de monitoramento para controlar todos os tipos de resíduos gerados pela iniciativa privada, somada à revisão da legislação sobre os deveres dos grandes geradores quanto à destinação desses materiais, ampliação do programa Recicla Fortaleza, utilizando sistema de coleta seletiva ponto a ponto e porta a porta, além da implantação de mais 80 Ecopontos e mais seis Ecopolos em regiões com perfis distintos. Os novos projetos vão ampliar a geração de renda e a inclusão social daqueles que atuam no mercado reciclador e diminuir ainda mais a quantidade e o volume dos chamados pontos de lixo. O resultado dessas novas iniciativas vai gerar uma maior eficiência dos investimentos em saúde pública, potencializada pela melhoria urbana e pela sustentabilidade social, econômica e ambiental. As propostas serão realizadas em parceria com a Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle de Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFor), a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), a Autarquia de Paisagismo e Urbanismo de Fortaleza (Urbfor), a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e as Secretarias Regionais. Com a gestão inovadora adotada durante a atual administração municipal, foi implantado um sistema eletrônico monitora a coleta e destinação final dos resíduos da construção civil de grandes geradores. A partir de agora, este sistema será ampliado e vai monitorar também a coleta de resíduos dos serviços de saúde e os não perigosos. 4.3 Mais Ecopontos e ampliação do Recicla Fortaleza Iniciativa de sucesso, o programa Recicla Fortaleza, que incentiva o comportamento sustentável na Cidade por meio da troca de resíduos recicláveis por desconto na conta de energia e crédito no Bilhete Único, será ampliado com a implantação de mais 80 Ecopontos. Dessa forma, a meta é passar dos atuais 40 equipamentos disponíveis em todas as Regionais para um total de 120 e alcançar o objetivo de que cada bairro tenha, pelo menos, um Ecoponto. Nestes equipamentos, a população pode descartar pequenas proporções de entulho, restos de poda, móveis e estofados velhos, além de óleo de cozinha e recicláveis, como papelão, plásticos, vidros e metais. De dezembro de 2015 até hoje, os Ecopontos receberam mais de 18.640 toneladas de materiais, sendo cerca de 16.203 toneladas de pequenas proporções de entulho e cerca de 2.437 toneladas de materiais recicláveis, como plástico, vidro, metal, papel e papelão. Já de abril de 2016 até hoje, o programa Recicla Fortaleza recebeu um total de 18.662 cadastros de usuários no sistema e gerou um benefício total de R$ 357.305,60, distribuídos na conta de energia e em créditos do Bilhete Único. A destinação de resíduos sólidos nos Ecopontos representa economia para a Capital, pois reduz os transtornos e os gastos públicos com mão-de-obra extra para limpeza especial. 4.5 Mais Ecopolos e ampliação do E-Carroceiro Com resultados melhores do que os esperados, o projeto-piloto do Ecopolo Leste-Oeste, que oferece o programa E-Carroceiro, bonificando aqueles que descartam entulhos, superou as expectativas em apenas seis meses de funcionamento. Agora, a meta é implantar mais seis Ecopolos nos bairros Messejana e Varjota e no entorno das avenidas Bernardo Manuel, Fernandes Távora, Jovita Feitosa e Dom Manuel, que têm áreas com perfis distintos de geração e descarte de resíduos sólidos. A expectativa inicial é que, até 2020, Fortaleza conte com um total de sete Ecopolos, oferecendo 24 lixeiras subterrâneas e 12 km de requalificação urbana, potencializada pelo programa E-Carroceiro e pela fiscalização e ciclomonitoramento. 4.6 Coleta seletiva porta a porta Está em estudo de viabilização um projeto para realizar a coleta seletiva porta a porta a partir de demandas solicitadas pela população. A ideia é, inicialmente, abranger o Ecopolo Leste-Oeste, os bairros Centro e Dendê, além de bairros da Regional II, totalizando 19 Ecopontos e atendendo uma área de cobertura que beneficie cerca de 600 mil fortalezenses. 5. STAKHOLDERS OU ATORES DO PROJETO 5.1 ATORES EXECUTORES Biólogo (2): Palestrante e facilitador das atividades; Assistente Social (2): atuar na elaboração, implementação e supervisão do projeto e facilitadores das atividades; Psicólogo: Palestrante e facilitadoresdas atividades; PMF: Prefeitura Municipal de Fortaleza; SEUMA: atuar na área de Educação Ambiental; REGIONAL IV (Distrito de saúde e meio ambiente); SEMACE: atuar na área de educação ambiental; AMC: atuar na área de segurança no trânsito; SDE: atuar na área de Economia Solidária; Casa do Cidadão: Emissão de Documentos; 5.2 ATORES BENEFICIÁRIOS Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade Rosalina; Toda a Comunidade Rosalina de uma forma geral; 6. ESTRUTURA ANALITICA DO PROJETO 6.1 METODOLOGIA E ATIVIDADES PROPOSTAS Os procedimentos metodológicos aqui propostos buscam realizar trabalho socioeducativo como componente necessário à integração social e ao fortalecimento dos catadores beneficiadas, como sujeitos de direito, valorizando o protagonismo dos mesmos e procurando dar sustentabilidade a sua participação na sociedade. As ações propostas pelo presente projeto contemplam capacitações e oficinas sobre reciclagem, as quais possibilitarão a obtenção e construção de conhecimentos sobre as temáticas relacionadas ao lixo. Será realizada também uma oficina de utilização e aproveitamento de alimentos, onde os participantes receberão esclarecimentos e incentivos à coleta seletiva de lixo em suas próprias residências, bem como de que forma poderão reutilizá-los para sua alimentação e possível geração de renda. Tais atividades se justificam uma vez que promovem a sensibilização dos participantes, ao mesmo tempo em que geram benefícios para o meio ambiente, além de fomentar a geração de renda, contribuindo para o enfrentamento de possíveis problemas dos beneficiários. Objetivando despertar uma consciência crítica sobre a preservação do meio ambiente, serão realizados um passeio e uma campanha ecológica com os participantes. As atividades se justificam, pois além de proporcionar momentos de lazer, poderão despertar uma consciência ecológica no público alvo. O projeto contemplará também, a realização de rodas de conversas entre os participantes, que se justificam no fato de possibilitar a troca de experiência de cada um. Ademais, haverá reuniões enfatizando associativismo e cooperativismo, que também esclarecerão sobre seus direitos e deveres. O projeto levará uma palestra de auto-estima para os participantes, tendo em vista que estes sujeitos são constantemente estigmatizados, sendo, portanto, relevante esclarecer um pouco mais sobre seu trabalho, bem como sobre sua importância na sociedade. As atividades acima incentivam a formação de cidadãos conscientes e multiplicadores. Ao final de cada atividade desenvolvida serão avaliados os seus resultados, juntamente com o público participante. Essa atividade se justifica a partir do momento em que proporciona abertura dos canais de informação e participação dos beneficiários, possibilitando modificações na metodologia do projeto. Durante a realização das atividades, afim de que haja maior interação e diálogo com os catadores, bem como contatos institucionais, troca de experiências e saberes com outros projetos, serão desenvolvidas atividades educativas fazendo uma articulação com as ideais socioambientais, para tanto as mesmas serão realizadas em 8 etapas: 1º. Conhecimento da realidade: Levantamento das expectativas do público-alvo, buscado elementos que auxiliarão na realização das ações. Instrumental: visita domiciliares / entrevista com Catadores de Material Reciclável 2º. Elaboração do projeto Propor intervenção social, contemplando discussões acerca de temas específicos (relações humanas, coleta seletiva, saúde, educação ambiental e segurança do trabalho), no que se refere ao processo de trabalho dos catadores. Buscar local de realização das atividades: Associação de Moradores da Comunidade Rosalina. 3º. Mobilização do público-alvo Mobilização e divulgação do projeto para os Catadores de Material Reciclável da Comunidade Rosalina. Instrumental: Cartazes, material ilustrativo, realização de palestra: “O planeta e o papel do Catador de Material Reciclável” (palestra motivacional e informativa a cerca da profissão de Catador de Material Reciclável. 4º. Seleção e inscrição do público-alvo. Inscrever e selecionar os Catadores de Material Reciclável interessados em participar do projeto. Instrumental: Ficha de inscrição 5º. Captação de parcerias. Buscar parcerias para contribuir na execução do projeto. Instrumental: Visita institucional, ofício e reunião Possíveis Parceiros: SEUMA: atuar na área de Educação Ambiental REGIONAL IV (Distrito de saúde e meio ambiente) SEMACE: atuar na área de educação ambiental AMC: atuar na área de segurança no trânsito SDE: atuar na área de Economia Solidária Casa do Cidadão: Emissão de Documentos 6º. Contratação de profissionais. Biólogo (2): Palestrante e facilitador das atividades Assistente Social (2): atuar na elaboração, implementação e supervisão do projeto e facilitadores das atividades. Psicólogo: Palestrante e facilitadores das atividades. 7º. Execução das atividades Realização de atividades e educativas, sendo estas divididas em quatro eixos temáticos: Relações humanas, Educação ambiental, Trabalho e Saúde. Relações humanas Palestra sobre autoestima e cidadania Realização de rodas de conversas: História de vida, relações familiares, discussões sobre quem é e o que faz o catador de material reciclável Educação Ambiental Oficina de utilização e aproveitamento de alimentos. Realização de receitas com alimentos reutilizados. Capacitação contemplando o ciclo: coleta –> seleção–> reciclagem –> vendas para melhoria na rentabilidade Oficina educativa tratando temáticas relativas ao manejo com o lixo: coleta seletiva, tempo de decomposição, doenças oriundas do trabalho e do mau armazenamento do lixo. Campanha Ecológica (Realização de Blitz Ecológica na comunidade). Trabalho Prestação de Serviços (aquisição de documentação: RG, CPF e certidão de nascimento). Oficina sobre economia solidária. Visita à rede de catadores. Curso sobre associativismo e cooperativismo Visita dos catadores de materiais recicláveis às Instituições, Associações e/ou Cooperativas de triagem de recicláveis. Oficina educativa para a segurança dos catadores de material reciclável, no trânsito e no trabalho com a distribuição de Equipamento de Proteção Individual – EPI’s, bem como a sensibilização dos mesmos para a importância do uso destes equipamentos. Saúde Palestra sobre saúde/prestação de serviços de saúde (atendimento médico, vacinação e aferimento de pressão dentro outros). Oficina sobre noções de higiene e hábitos saudáveis 8º. Monitoramento e Avaliação das atividades Durante toda a execução do projeto, serão realizadas avaliações sistemáticas ao final de cada atividade, com a participação efetiva dos beneficiários, inseridos no processo dinâmico das ações propostas pelo Projeto. Tais avaliações serão realizadas através de exposições verbais a fim de analisar o processo e de propor mudanças, quando necessário, para que haja um melhor desempenho do Projeto. Serão utilizados instrumentais como: atas, registros fotográficos, entrevistas e contatos informais com os beneficiários para que os resultados desses instrumentais de trabalho sejam somatizados e contribuam para a avaliação do projeto. METAS E INDICADORES OBJETIVO META INDICADORES DE RESULTADOS INSTRUMENTOS DE VERIFICAÇÃO Promover ações educativas de formação e capacitação dos catadores, enfatizando temáticas como: relações humanas, coleta seletiva, saúde, educação ambiental e segurança do trabalho Realizar 03 palestras com duração de 02 horascada. Realizar 01 capacitação com duração de 03 horas. Realizar 01 campanha ecológica com duração de 02 horas. Garantir 75% da participação dos inscritos em todas as ações Interesse do grupo acerca das temáticas em discussão; Nível de participação na reunião; Número de pessoas capacitadas e qualificadas; Número de inscrições realizadas; Número de material ilustrativo distribuído; Número de mudas plantadas; Participantes incentivados a serem multiplicadores; Número de propostas temáticas sugeridas pelos participantes; Proposta de temas para cursos; Número de questionamentos levantados pelo grupo; Controle do estoque de material; Avaliação oral Fotos; Ficha de inscrição: Lista de presença; Relatório Social; Incentivar a criação de novos hábitos e atitudes, no que se refere ao uso dos equipamentos de proteção e trabalho; Realizar 07 oficinas com duração de 04 horas cada. Entregar kits de EPIs a todos os participantes. Número de pessoas capacitadas nas oficinas; Redução do número de acidentes ocorridos através da manipulação do lixo . Lista de presença; Relatório Social; Avaliação Oral e escrita com Catadores. Buscar e estabelecer parcerias com instituições governamentais e não governamentais para a realização das ações/ atividades previstas. Realizar 01 reunião com duração de 03 horas. Número de parcerias firmadas e integração de outras instituições ao Projeto; Relatório Social; Pauta da reunião; Estimular a discussão, troca de saberes e relatos de experiências sobre o cotidiano vivenciado pelos catadores; Realizar 01 roda de conversa com duração de 3 horas. Grau de integração entre beneficiários; Nível de socialização, Ficha de avaliação; Relatório Social; Folha de frequência; Contribuir para o processo de organização dos Realizar 01 visita à rede de catadores com Nível de socialização do grupo; Número de questionamentos realizados pelos catadores, realizando atividades que incentivem a formação de uma Associação/Cooperativa duração de 05 horas. Realizar 01 reunião com duração de 3h. Realizar prestação de serviços – aquisição de RG e CPF e certidão de nascimento. Nível de interesse dos beneficiários; Elaboração de um Estatuto do grupo; Documentos expedidos; participantes; Relatório Social; Controle de fichas de dados dos participantes. Folha de frequência; 7. RECURSO DEMANDADO 7.1 A ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CATADORES A organização das cooperativas acontece com a associação de um grupo de pessoas, no caso os catadores, que tem objetivos comuns, tomam decisões em assembleias, e dividem igualmente obrigações e benefícios, e além dos objetivos econômicos a cooperativa visa o interesse e o bem comum dos seus cooperados. A união dos trabalhadores em grupos organizados é o princípio básico que resulta na melhoria das suas condições econômicas e sociais, pois além de aumentar a renda melhora a qualidade de vida e todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento humano, pois cria postos de trabalho, gera renda, diminui o trabalho infantil, e dessa forma garante a inserção econômica e social desses grupos causando um equilíbrio econômico. Além dessas questões econômicas e sociais o aspecto ambiental também é muito importante, pois as cooperativas contribuem decisivamente para a diminuição do impacto ambiental causado pelo consumo. Dessa forma, partindo da concepção de que os projetos, dentro da esfera municipal, competem por insumos limitados, é fundamental além de definir os recursos que serão demandados, justificar a necessidade de alocação do mesmo. 7.2 OS RECURSOS NA EXECUÇÃO DO PROJETO PROPOSTO SE SUBDIVIDEM EM HUMANOS, FINANCEIROS, MATERIAIS. Pertinente aos recursos humanos inicialmente destacamos a participação de Catadores de Material Reciclável interessados em participar do projeto, residentes na comunidade Rosalina. Posteriormente será necessária a participação de Biólogo (2): Palestrante e facilitador das atividades; Assistente Social (2): atuar na elaboração, implementação e supervisão do projeto e facilitadores das atividades e Psicólogo: Palestrante e facilitadores das atividades. A participação destes profissionais será obtida mediante a realização de parcerias, com os órgãos ou entidades as seguir listados: v SEUMA: atuar na área de Educação Ambiental v REGIONAL IV (Distrito de saúde e meio ambiente) v SEMACE: atuar na área de educação ambiental v AMC: atuar na área de segurança no trânsito v SDE: atuar na área de Economia Solidária v Casa do Cidadão: Emissão de Documentos Tocante aos recursos materiais será necessário: Papel ofício (lista de frequência, convites); material informativo e didático, data-show, alimentação (lanche), para o trabalho de reutilização de alimentos serão necessários alimentos (batatas, bananas, cenouras e etc.); para as atividades de capacitação, reciclagem e melhoria de renda além dos acima citados a utilização de imãs de geladeira, CDS velhos e outros produtos. Por fim Sacos de TNT, Canetas piloto (4), 100 mudas de planta (campanha troque 05 garrafas PET por uma muda), Tendas, ônibus, trailler, almofadas para carimbo. Os recursos financeiros serão obtidos das parcerias firmadas, patrocínios e apoios, não acarretando ônus financeiro para os colaboradores e participantes. De maneira geral, a cadeia de reciclagem pós-consumo inclui catadores autônomos que vendem o material coletado para as organizações intermediárias que, por sua vez, realizam atividades de prensagem, armazenagem e transporte. As cooperativas de catadores vendem os resíduos recicláveis para níveis intermediários ou diretamente para uma empresa recicladora, que atua na transformação do material e vende para a indústria. Algumas cooperativas vendem diretamente para a indústria, o que garante uma melhor remuneração dos seus membros. A multiplicação de agentes intermediários pode gerar problemas de distribuição desigual do valor gerado na atividade. Por exemplo, quando as cooperativas conseguem vender vidro diretamente para as empresas recicladoras o preço recebido pode ser 40% a 60% maior do que quando estas vendem para intermediários. A venda direta contribui para aumentar os ganhos de escala, incentivar a regularização do negócio e estimular atividades que agreguem valor, como o pré-processamento. Os acordos diretos entre empresas e cooperativas podem, portanto, gerar um aumento significativo da receita dessas últimas organizações e uma melhor remuneração de seus membros. O Encadeamento Produtivo é uma solução viável para suprir essa lacuna e contribuir para ambos os lados: da cooperativa e da grande empresa. Esse tipo de parceria pode contemplar não apenas acordo de compra, mas cessão de espaço físico para triagem, formação, etc. A questão da escala, da regularidade da entrega e da qualidade dos produtos comercializados (materiais limpos, prensados e enfardados) pode, no entanto, limitar a integração das cooperativas com as grandes indústrias recicladoras, que estabelecem geralmente as regras desse processo. Apesar de a concretização dessas parcerias depender de arranjos interorganizacionais por vezes complexos, considerando-se as particularidades de cada setor e as diferentes realidades das empresas e das cooperativas, tal integração tem o potencial de gerar ganhos sociais e ambientais consideráveis. Como exemplo apresentamos o caso da empresa Belgo Mineira que estabeleceu um acordo com a Associação de Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de BeloHorizonte. Ela instalou em sua planta uma área para triagem, prensagem e enfardamento de seus recicláveis pelos cooperados vinculados à associação, que é responsável pela retirada e pela comercialização dos recicláveis. Os cooperados são remunerados por meio de acordo comercial. Além da disponibilização do espaço e da doação de recicláveis, a Belgo Mineira oferece treinamento em segurança do trabalho. (Fonte: Instituto Ethos, 2007). 7.3 ORÇAMENTO Como qualquer outro empreendimento solidário, uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis pode ser entendida como um corpo vivo, com dinâmica e lógica de funcionamento próprias. Cada área de trabalho pode ser entendida como um órgão que desempenha uma função e que atua interligado a todo o corpo. Portanto, para seu bom andamento, todos os outros órgãos precisam estar bem. Numa cooperativa de materiais recicláveis, a área de Produção e Infraestrutura está relacionada à parte operacional do trabalho. A produção consiste na separação dos materiais recicláveis por tipo, processo em que deixam de ser produtos descartados para tornarem-se bases ou matérias-primas na indústria da reciclagem. Esta área é responsável por organizar e estruturar o trabalho dentro da cooperativa, adequando o ambiente físico e os equipamentos disponíveis à mão de obra, de forma a melhorar a produtividade, aumentar a eficiência de separação dos materiais e evitar acidentes. Ela é responsável, portanto, por pensar nos processos, desde a chegada do resíduo reciclável à área de descarga até a triagem (separação), acondicionamento, prensagem, pesagem e estoque dos materiais, bem como o aprimoramento e a divisão de funções dos cooperados. A infraestrutura de um galpão de triagem inclui a parte física do local de trabalho e todos os equipamentos utilizados na produção. Em geral, um galpão de triagem é composto pelas seguintes áreas: • recebimento, onde os caminhões descarregam os materiais; • triagem, que pode ser realizada em esteiras rolantes ou mesas de separação; • armazenamento, local no qual se acumulam os bags contendo os materiais separados até atingir o o volume necessário para o enfardamento; • prensagem, onde estão localizadas as prensas com um espaço mínimo adequado para a circulação dos bags e fardos; • estoque, na qual os materiais estão prontos para a venda. Dessa forma, segue abaixo planilha de orçamento mínimo para o desenvolvimento do trabalho: ITEM QUANTIDADE PREÇO UNIT. (R$) SUBTOTAL (R$) Papel A4 05 resmas 9,90 49,50 Prancheta 03 unid. 15,00 45,00 Caneta esferográfica BIC azul 03 cx. 25,00 75,00 Sacos de TNT 100 unid. 0,80 80,00 Cartolina 15 unid. 0,70 10,50 Canetas piloto 05 unid. 2,60 13,00 Almofada para carimbo 03 unid. 4,20 12,60 Garrafas esqueeze 300 ml 100 unid. 2,00 200,00 Despesas com lanches - - 800,00 Toalhas de mão 100 unid. 3,00 300,00 Locação de Datashow - - 150,00 Contratação de transporte - CTC - - 200,00 Contratação de psicólogo - - 500,00 Contratação de biólogo - - 500,00 Contratação da Agencia de Capacitação Profissional para oficina de utilização de alimentos - - 700,00 TOTAL (R$) 4.135,60 Relações Humanas: Descrição das Atividades/Ações Instrumentos/materiais Utilizados Profissionais/parcerias Palestra sobre auto-estima e cidadania Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Assistente Social Psicólogo Lanche Realização de rodas de conversas: História de vida, relações familiares, discussões sobre quem é e o que faz o catador de material reciclável. Lista de freqüência Convites Lanche Assistente Social Psicólogo Educação Ambiental: Descrição das Atividades/Ações Instrumentos/materiais Utilizados Profissionais/parcerias Oficina de utilização e aproveitamento de alimentos. Realização de receitas com alimentos reutilizados. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Alimentos (batatas, bananas, cenouras e etc. Assistente Social Biólogo Capacitação contemplando o ciclo: coleta –> seleção–> reciclagem –> vendas para melhoria na rentabilidade. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Imã de geladeira CDs velhos Assistente Social Biólogo Oficina educativa tratando temáticas relativas ao manejo com o lixo: coleta seletiva, tempo de decomposição, doenças oriundas do trabalho e do mau armazenamento do lixo. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Assistente Social; Palestrante da Secretaria de Meio Ambiente de Fortaleza · Campanha Ecológica (Realização de Blitz Ecológica na comunidade). Convites Sacos de TNT Cartazes ilustrativos Assistentes Sociais Canetas piloto (4) 100 mudas de planta (campanha troque 05 garrafas PET por uma muda) Aluguel de Tenda Trabalho: Descrição das Atividades/Ações Instrumentos/materiais Utilizados Profissionais/parcerias Prestação de Serviços (aquisição de documentação: RG, CPF e certidão de nascimento). Pranchetas Trailer Convites 05 Canetas Almofada para carimbo Parcerias com Casa do Cidadão e Banco do Brasil. Oficina sobre economia solidária. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Assistente Social Palestrante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza · Oficina educativa para a segurança dos catadores de material reciclável, no trânsito e no trabalho com a distribuição de Equipamento de Proteção Individual – EPI’s, bem como a sensibilização dos mesmos para a importância do uso destes equipamentos. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Parceria Autarquia Municipal de Trânsito do Ceará Visita à rede de catadores. Ônibus Convites Lanche Freqüência Contratação de transporte Palestra sobre associativismo e cooperativismo. Lista de freqüência Convites Data-show Apresentação de vídeo Material didático Lanche Assistentes Sociais Parceria com Secretaria de Desenvolvimento Econômico Visita dos catadores de materiais recicláveis às Instituições, Associações e/ou Cooperativas de triagem de recicláveis. Ônibus Convites Lanche Freqüência Contratação de transporte Saúde Descrição das Atividades/Ações Instrumentos/materiais Utilizados Profissionais/parcerias · Palestra sobre saúde e prestação de serviços de saúde (atendimento médico, vacinação e aferimento de pressão dentro outros). Lista de freqüência Data-show Convites Material didático Lanche Assistente Social; Médico Parceria com o Distrito de Saúde (Regional IV) Oficina sobre noções de higiene e hábitos saudáveis. Lista de freqüência Convites Data-show Material didático Lanche Assistentes Sociais 8. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Atividades Periodo 2018 Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1.Conhecimento da realidade 2.Elaboração do projeto 3.Mobilização do público-alvo 4.Seleção e inscrição do público-alvo. 5.Captação de parcerias. 6.Contratação de profissionais. 7.Execução das atividades Reunião Capacitação Palestras Oficinas Campanha Ecológica Visita à rede de catadores Viabilização documentos Roda de conversa 8.Monitoramento e Avaliação das atividades Encerramento das Atividades9. RISCOS 9.1 Legislação: parte dos empreendimentos de catadores de materiais recicláveis no Brasil não está formalizada. Entre os motivos que levavam esses grupos a não se formalizarem, encontrava-se a legislação, que impunha um número mínimo de vinte associados para a formalização da cooperativa (a partir de 2012, com a aprovação da nova lei das cooperativas de trabalho, esse número caiu para sete associados). 9.2 Carga tributária: também é apontada como limite, sobretudo pela fragilidade desses pequenos empreendimentos em início de operação. Justamente os que mais precisam de investimentos perdem oportunidades por falta de documentação. 9.3 Processos de gestão inadequados: mesmo cooperativas formalizadas, por inexperiência ou outros motivos, adotam procedimentos informais, desde o registro inadequado de suas operações até o cálculo equivocado ou o não pagamento de tributos. Nesses casos é evidente que há demandas de assessoria, e esta deve ser aliada a uma revisão dos processos de gestão. 9.4 Conflitos internos: para que o funcionamento de uma cooperativa seja eficiente e eficaz, ela deve contar com a participação qualificada de seus membros. Ou seja, a distribuição de funções e tarefas tem que potencializar o trabalho coletivo, caso contrário as atuações poderão ser marcadas por ações individualistas e fortes conflitos de interesses. 9.5 Falha no cumprimento de metas e resultados: como muitas dessas organizações possuem parceiros que financiam seu trabalho na cooperativa e a eles devem apresentar metas e resultados, muitas comprometem-se a efetivar processos que dependem do grupo; quando não há uma resposta da cooperativa no tempo definido com o financiador, assumem a realização de algo que deveria ser feito pela cooperativa. 10. FORMAS DE CONTROLE E AVALIAÇÃO Durante toda a execução do projeto, serão realizadas avaliações sistemáticas ao final de cada atividade, com a participação efetiva dos beneficiários, inseridos no processo dinâmico das ações propostas pelo Projeto. Tais avaliações serão realizadas através de exposições verbais a fim de analisar o processo e de propor mudanças, quando necessário, para que haja um melhor desempenho do Projeto. Serão utilizados instrumentais como: atas, registros fotográficos, entrevistas e contatos informais com os beneficiários para que os resultados desses instrumentais de trabalho sejam somados e contribuam para a avaliação do projeto. Instrumental técnico: visitas domiciliares para entrevistas de avaliação; avaliação oral no final das atividades. 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M. F. Do lixo à cidadania, estratégias para a ação. Brasília: Edição Unicef do Brasil, 2001. Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão e Participação Acionária (Anteag). Autogestão e economia solidária: uma nova metodologia. 3. v. São Paulo, 2007. ARMANI, D. Como elaborar projetos? Guia prático para a elaboração e gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000. BAKUNIN, M. A instrução integral. São Paulo: Imaginário, 2003. BELLEN, H. M. V. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: fgv, 2005. Minha Empresa Sustentável: 1. Cooperativa de Reciclagem. / Cuiabá, MT: Sebrae, 2017. 25p.:Il. Color. 1.Reciclagem; 2. Sustentabilidade; 3. Gestão de empresas; 4. Pequenos negócios I. Titulo ISBN: 978-85-7361-102-1 CDU: 502.131.1
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