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1 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ....................................... 4 1.1 Família e sociedade ............................................................................. 7 1.2 Sistema e subsistemas familiares ........................................................ 8 2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA FAMÍLIA. ............................................................................................................. 12 3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA .............................................. 15 4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR ............... 17 5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA .................................................................... 20 6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO ................................... 25 7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE COMPARTILHAR A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO .......... 27 7.1 Do casal conjugal ao casal parental ................................................... 28 7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental? 30 7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a separação 31 8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR ...................................... 34 8.1 Entrevista Circular .............................................................................. 35 8.2 Entrevista Familiar .............................................................................. 35 8.3 Avaliação da Rede de Apoio .............................................................. 38 9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL ........................................................... 39 9.1 Indicações da Terapia Familiar .......................................................... 41 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 42 3 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Fonte: pleno.news A constituição familiar, é considerada a primeira organização social. Sua forma de organização, acontece entre as relações estabelecidas entre seus membros, as mudanças ocorridas ao longo do tempo, as interações do seu dinamismo interno com a realidade exterior que a envolve, são alguns dos elementos que nos interessam. Portanto, as formas de representações sociais são elaboradas pelos membros sobre tal realidade, instaladas em cada classe social, que nelas constituem a perspectiva central desta tarefa, conforme ÁRAUJO; (2003). Para ÁRAUJO (2003), é importante considerar que a homogeneidade ao longo das gerações, é limitada. Podemos dizer que em relação as sociedades, cada uma delas estabelecem maneiras diferentes de pensar e de estruturar suas representações, desta maneira, impede com que aconteça a universalização das mesmas, o que levaria à perda do social. Portanto, passa a ser representações coletivas para representações sociais, porque cada uma terá diferentes formas de emergir, de acordo com o seu grupo social. Além disso, a comunicação de sentimentos e ideias entre os indivíduos, enfatizam que o dado individual possa tornar-se social e vice-versa, conforme cita ÁRAUJO; 2003. De acordo com ÁRAUJO (2003), a representação social foi uma questão que nem sempre cedeu espaço em dá uma ênfase maior para poder defini- lá. Portanto isso, não era uma centralidade dos teóricos, porque eles alegavam que isto poderia 5 reduzir o alcance da compreensão sobre a representação social. Entretanto, segundo Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação: “Por representação social entendemos um conjunto de conceitos, proposições e explicações, originado na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum” (1996:31 apud ÁRAUJO W; 2003). Na opinião de ÁRAUJO (2003), descrever essa conceituação irá proporcionar e dimensionar a representação social em três particularidades: atitude, informação e imagem (campo da representação) (MOSCOVICI, 1961:261- 293 apud ÁRAUJO W; 2003). A conduta ou uma atitude é uma resposta organizada frente a uma situação objetiva da sociedade, caracterizando assim o contexto regulador presente na representação social. Portanto, quando falamos em representação social ela é instalada como objeto social que se apresenta bem focalizado para o indivíduo. O entendimento dessas informações refere-se ao conjunto dos conhecimentos que um grupo possui a respeito do objeto da representação social. A apresentação da imagem proporciona o conteúdo concreto e limitado (campo da representação) sobre aspectos do objeto social da representação. Os elementos apresentados acima se apresentam diferenciados, conforme o contexto social e cultural de cada grupo. Desta forma, compreende-se o porquê a representação social sobre família tenha assumido características diferenciadas em função do contexto sociocultural, conforme ÁRAUJO; (2003). Do ponto de vista de ÁRAUJO; (2003), as representações sociais conforme foram ditas acima, estão presentes no dinamismo das comunicações entre as pessoas, além de contribuir para a formação e orientação dos comportamentos. Elas facilitam para que a geração tenha a troca social, operacionalizando a transmissão e o desenvolvimento cognitivo de valores e normas sociais., Moscovici (1961:360-362 apud ÁRAUJO W; 2003) aponta três situações sociais geradoras da representação social: dispersão da informação, focalização e pressão à inferência. Começamos então com a primeira situação em relação ao conhecimento completo de um objeto. Nem sempre os indivíduos têm o acesso a esses dados úteis para tal conhecimento, em face da sua complexidade e das limitações sociais e culturais, conforme ÁRAUJO; (2003). 6 Desta forma, o grande aparecimento das distorções sobre o objeto de contestação não favorece a transmissão direta destes valores. Já na segunda situação temos o exemplo do indivíduo a focalizar apenas alguns aspectos do objeto, desinteressando-se pelos demais, pois o seu grupo social define tal tipo de visão. Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter acesso a uma visão global do objeto, conforme ÁRAUJO; (2003). Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber. Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo, visando atribuí-las uma certa validade. (ÁRAUJO, 2003). Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e sendolevados a posicionar-se frente, ao mesmo, na perspectiva da opinião da maioria. Quando nos referimos ao objeto família, a contingência desta representação social é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência, que se estruturam, conforme ÁRAUJO; (2003). Portanto, quando se tem o conhecimento sobre os objetos eles são, na maioria das vezes, condicionados aos aspectos dominantes dentro do grupo, exigindo que os indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também considerar, que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo como representação social. Portanto, a forma como essas características é imposta faz com que a família adquira diferentes formas, conforme o contexto cultural e histórico. (ÁRAUJO, 2003). 7 1.1 Família e sociedade A constituição familiar social primária e célula máter da sociedade sempre existiu. De acordo com CASTEL (1998; apud CAPUTI L; 2011), desde a Idade Média, a família demonstra a sua habilidade em ter a organização coletiva em que protege os membros mais necessitados da comunidade por meio de uma assistência mínima, constituindo o que ele denomina de “socialização primária”, em que o aniquilamento dessa referência para o indivíduo seria o início do processo de desfiliação, conforme cita CAPUTI (2011). As famílias se estabelecem como protagonistas fundamentais no provimento de prestabilidade dos serviços de proteção social aos indivíduos frente aos riscos e vulnerabilidades em que estão expostos; tem função sexual, reprodutiva, econômica, social, cultural e educacional. (CAPUTI, 2011). Discorre de um espaço de compartimento de recursos materiais, econômicos, de afetividade, cuidados, herança e construção de valores, de cultura e de troca de saberes. É um compartimento em que se é permeado os conflitos, a socialização dos seus membros, é fonte de referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de identidade grupal, bem como de mediação das relações dos seus membros com outras instituições sociais, com a comunidade e com o Estado, conforme CAPUTI (2011). Para a psicóloga Szymanski (2002, p.15; apud CAPUTI L; 2011) “as famílias buscam uma adequação entre os valores herdados, os partilhados com os pares e os novos valores, que vêm de seu contato com outras informações e com outros segmentos da sociedade”. Portanto, a família pode ser formada por grupo de pessoas com ou sem consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos dizer ainda que se caracteriza, como associação de pessoas que escolheram conviver por razões afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo, conforme CAPUTI (2011). 8 No âmbito da sociedade brasileira, a instauração que é família, tem passado por transformações datadas especialmente do século XX, as quais se evidenciam nas alterações de papéis da pessoa de referência da família. Contudo, as modificações do lugar que o trabalho ou o não trabalho ocupa no processo de representação social, nas múltiplas menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e determinam o desenvolvimento de crianças e jovens, desalojando as menções das figuras como pai, mãe, avós, entre outros fenômenos sociais da atualidade. (CAPUTI, 2011). Tais mudanças são apontadas pela relação família e o mundo do trabalho, cujo engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas relações sociais como um todo, conforme CAPUTI (2011). A família passar a ter uma proporção pública em detrimento singular da dimensão privada. Vive as modificações advindas tanto das transformações do mundo do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida, bem como das conquistas do movimento feminista, conforme CAPUTI (2011). 1.2 Sistema e subsistemas familiares A instituição familiar pode ser entendida como um grupo de pessoas que interagem a partir da junção de vínculos afetivos, consanguíneos, políticos, entre outros. De tal forma, esses vínculos formam uma rede infinita de comunicação e mútua influência (WAGNER, 2011; apud PRÁ D; 2013). A família pode ser considerada como um conjunto de elementos dinâmicos, submetido a um desenvolvimento das introduções regras, e marcada pela busca de um acordo entre seus membros. Assim, pode-se pensar que a dinâmica do sistema familiar se caracteriza pela maneira como a família se movimenta frente às diferentes situações as quais se coloca ou é colocada. Existe uma estrutura interna inerente ao sistema, que permite aos seus membros que se comuniquem de acordo com as regras estabelecidas de maneira implícita ou explícita. A instituição familiar é marcada pelos acordos que permeiam a convivência em diferentes níveis. Esta organização se estrutura a partir dos subsistemas, os quais configuram a forma como os membros de uma família se organizam, considerando o tipo de relação e vinculação estabelecida entre eles (Ríos-González, 1994, 2003, 2009; apud PRÁ D; 2013). 9 Os subsistemas familiares podem ser compreendidos como um reagrupamento de membros do sistema geral, no qual é estabelecida uma intercomunicação diferente daquela utilizada no sistema principal. Nesse reagrupamento, as díades ou os grupos se organizam segundo distintas variáveis, tais como geração, sexo, papel ou função, interesses comuns, entre outros (RÍOS-GONZÁLES, 2003; NICHOLS & SCHAWARTZ, 2007; apud PRÁ D; 2013). Todo subsistema familiar possui atribuições de suas funções e necessidades específicas. Sendo assim, os sistemas e subsistemas familiares devem ser suficientemente estáveis para manter a continuidade e flexíveis o bastante para acomodarem-se às mudanças contextuais e evolutivas que acompanham a família ao longo da vida (NICHOLS & SCHAWARTZ, 2007 apud PRÁ D; 2013). Fonte:psicologiasdobrasil.com A qualidade em que se encontra a família está pertinente com o processo saúde/doença. Uma família que funciona adequada ou inadequadamente pode contribuir para o crescimento de problemas em relação à saúde ou resistir ao seu efeito, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). E ao mesmo tempo, quando alguém da família desenvolve uma enfermidade ou problema de saúde pode afetar o funcionamento da mesma. A família é o primeiro espaço vital e arcabouço das produções humanas, conforme cita BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). Com a sua magistralidade alguns homens a notabiliza através de suas obras e produções, mas a família só desenvolve a sua importância ao de sucessivas gerações, por sua encarnação mesma e suas repercussões no ciclo vital: acasalando- 10 se, reproduzindo-se e quem sabe seguindo o seu destino com determinação e amor, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). A família é uma constituição que se pode designar como organismo vivo que opera através de padrões transacionais (que passam de geração a geração), os quais, ao se repetirem, estabelecem como, quando e com quem entrar em relação. (BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). Todo conjunto do sistema familiar possui preceitos e regras que o determinam, definindo o que dela faz parte ou não, bem como definindo subsistemas tais como: subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos irmãos, dos avós, tios e assim por diante. Esses limites ou fronteiras devem ser perceptíveis para que cada membro da constituição familiar saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir o contato entre os membros do subsistema e os demais, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). Os autores de abordagem psicanalítica, tais como Freud, Soifer e Küpfer entre outros, expõem a importância em se perceber de que quando essas fronteiras de papéis não são respeitadas a família se torna disfuncional, conforme BALTAZAR& BALTHAZAR (2006). A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é fator importantíssimo para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se predominasse um excesso de individualismo, no qual o comportamento dos membros não afetasse o comportamento dos demais, conforme RODRIGUES (2011). A disfuncionalidade se faz presente como resultado frequente, em relação a filhos que são adolescentes e são carentes de cuidados, a partir disso, começam a apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool, drogas e, se a família não responde, ajudando a corrigir o curso de sua vida, começam a conhecer ou até mesmo adotar uma vida sexual promíscua podendo, no caso das meninas, chegar a gravidez precoce, conforme relata RODRIGUES (2011). Como exemplo temos outra situação que é de funcionamento problemático, devido a lacuna que deixam pela falta de clareza nas fronteiras familiares, nas chamadas famílias aglutinadas. Esse tipo de família, caracteriza-se por um emaranhamento, onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde 11 o comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos demais, conforme RODRIGUES (2011). Portanto, nessas famílias, quando se faz um movimento de diferenciação ou distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, morar em outro lugar, grupo de amigos, entre outros) é vivenciado como extrema dificuldade, ou como uma traição geradora de chantagens e sentimentos de abandono e culpa, conforme RODRIGUES (2011). Fonte: psicologado.com.br Diante de tantas situações em que acontecem por influencias, é comum e também natural que a família adoeça e, então, entre no chamado estado "disfuncional". Uma família disfuncional é aquela que as necessidades materiais, sociais, espirituais, afetivas e culturais deixam de funcionar corretamente, a família responde às exigências internas e externas de mudança, padronizando seu funcionamento. Isso geralmente ocorre quando os membros da estrutura familiar deixam de contribuir para que o ambiente seja positivo, conforme BALTAZAR; (2004). Resultado são relações cada vez mais fragilizadas e desgastadas, relaciona- se sempre da mesma maneira de forma rígida não permitindo possibilidade de alternativas. Podemos dizer que ocorre um bloqueio no processo de comunicação familiar. Por mais doentio que possa parecer, este comportamento tem que ser https://www.psicologo.com.br/blog/como-melhorar-o-relacionamento-familiar/ 12 mantido nem que para isso seja eleito um membro para "ser" ou "ter" o problema, conforme BALTAZAR; (2004). Os sintomas identificados no paciente constituem a expressão de uma disfunção familiar e tratar apenas do paciente identificado somente iria desfocar o problema, sem considerar as inter-relações que se estabelecem no grupo, conforme BALTAZAR; (2004). 2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA FAMÍLIA. Fonte: revistacrescer.globo.com As crianças em idade escolar passam mais tempo longe de casa do que antes; entretanto o lar e as pessoas que ali convivem continuam sendo a parte mais importante de seu mundo. A maioria dos pais continuam oferecendo apoio e sendo amorosos e envolvidos com seus filhos, conforme ANGELIM (2005). De acordo com Furman & Bwhrmester, (1985 apud ANGELIM S; 2005), as crianças buscam em seus pais afeto, orientação, laços seguros e duradouros, além de afirmação de competência ou valor pessoal. Depois dos pais, os avós eram os mais importantes, sendo vistos como calorosos e fontes de apoio e afeição, estimulando o valor próprio. À mediada que as vidas das crianças mudam, também mudam questões entre elas e os pais. Muitos pais se perguntam até que ponto devem se envolver com vida escolar das crianças. Eles se perguntam o que fazer em relação a uma criança que se queixa do professor ou se comporta mal na escola. Eles se preocupam onde e com 13 quem estão as crianças quando não estão na escola. Discórdias muitas vezes surgem em relação às tarefas domésticas e mesadas, conforme ANGELIM (2005). Evidentemente, muitas dessas questões são irrelevantes em sociedades nas quais as crianças têm que trabalhar para ajudar a família a sobreviver. Para compreender o estado psicológico da criança na família, precisamos observar o ambiente familiar sua estrutura e sua atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado pelo que ocorre fora de casa. (ANGELIM, 2005). Como assinala BRONFENBRENNER (1985; apud ANGELIM S; 2005), níveis adicionais de influência incluindo a profissão e a condição socioeconômica dos pais e as tendências da sociedade como divórcio e segundo o casamento ajudam a moldar o ambiente familiar e, assim o desenvolvimento psicológico das crianças. Acima dessas influências encontram-se valores culturais mais importantes que definem ritmos da vida familiar e papéis dos membros familiares. Conforme discute Harrison, Wilson, Pine, Chan & Buriel (1990; apud ANGELIM S; 2005), os diversos grupos étnicos têm estratégias adaptativas diferentes, padrões culturais que promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e afetam o modo de socialização das crianças. As crianças nessas famílias minoritárias são estimuladas a cooperar, compartilhar e desenvolver interdependência. Os papéis sociais tendem a ser mais flexíveis. Em função da necessidade econômica, os adultos dividem o sustento da família e as crianças assumem responsabilidades pelos irmãos mais jovens. A família maior (família que abrange diversas gerações, formadas não apenas pelos pais e filhos, mas também pelos parentes mais distintos: avós, tias, tios e primos) oferece laços íntimos e fortes sistemas de apoio. Esses parentes têm maior probabilidade de viver na mesma casa que a criança, interagindo diariamente com ela, conforme ANGELIM (2005). Esses padrões culturais afetam os padrões de desenvolvimento psicológico da criança, os parentes da família maior tornam-se cada vez mais importantes para as crianças mais velhas como ponte para o mundo social externo. Ao observarmos a criança na família, precisamos estar conscientes das diferenças culturais, conforme ANGELIM (2005). Segundo Haurin (1992; apud ANGELIM S; 2005), “o ambiente no lar de uma criança tem dois componentes principais. Existe a estrutura familiar: se os dois pais ou apenas um, ou outra pessoa, está criando a criança. Ambos os fatores têm sido afetados pelas mudanças na vida familiar”. 14 De acordo com BRAY & HETHERINGTON (1993, p.108; apud ANGELIM S; 2005), as crianças geralmente têm melhor desempenho na escola e menos problemas emocionais e comportamentais quando passam sua infância em uma família mais intacta com dois pais que tem um bom relacionamento um com o outro. Contudo, a estrutura por si mesma não é a chave. O relacionamento dos pais e sua capacidade de criar um ambiente favorável, afeta à adaptação das crianças mais do que a condição conjugal propriamente dita. Fonte: exame.com A influência mais importante do ambiente familiar no desenvolvimento das crianças é a atmosfera social e psicológica em casa: se for favorável e amorosa ou pontuada de conflitos, e se existe bem-estar econômico ou não. Com frequência as duas facetas estão inter-relacionadas, conforme ANGELIM (2005). Um aspecto significativo da atmosfera no lar é a condição socioeconômica da família, a qual reflete em grande parte o trabalho remunerado que um ou ambos os pais realizam. O trabalho dos pais tem outros efeitos indiretos na atmosfera familiar e consequentemente no desenvolvimento psicológico das crianças. Grande parte do tempo do esforço e do envolvimento emocional dos adultos vai para as suas ocupações conforme ANGELIM (2005). 15 3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DOS SINTOMAS O estudoda família e sua importância na estruturação de sintomas em seus membros têm sido abordados por vários estudiosos que acreditam que as condições nas quais ocorre o desenvolvimento da criança determinam uma intrincada série de relações intersubjetivas, estruturadoras de redes de fantasias e de significados que só podem ser corretamente avaliadas se incluídas em uma psicodinâmica familiar, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. Os pais transmitem a seus filhos seus conhecimentos, de acordo com as possibilidades psicológicas reais que possuem, determinados pelos respectivos traços de caráter, e estes por sua vez configuram a cultura e a ideologia da família. Os filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes impressas em sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabe vivenciar e de conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir das séries complementares, em que tem um peso considerável o modelo recebido de seus progenitores neste sentido, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. Pensamos também que a família pode tornar-se o núcleo das enfermidades e sintomas em crianças e adolescentes. SOIFER (1992 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), relata que a enfermidade da criança, ou seja, seu papel de “bode expiatório” representa uma aprendizagem, que seus progenitores não puderam completar no momento evolutivo correspondente. PICHON – RIVIÈRE (1986 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) define a família como a estrutura social básica que se configura pelo entre jogo de papéis diferenciados (pai-mãe-filho) e explica o mecanismo de “depositação” do entre jogo, entre depositante, depositado e depositário: afetos, fantasias e imagens (depositado), que cada pessoa (depositante), coloca sobre o outro (depositário). SOIFER (1983 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) aponta a incidência do papel da família na enfermidade da criança, concluindo que é difícil classificar um único membro como doente em uma família e propondo-se a estudar o entre jogo das relações familiares e sua significação para o aparecimento da “doença” em um paciente identificado. Na complexa relação do indivíduo e sua família, nesta extensa identificação, na relação de aprendizagem afetiva, o indivíduo irá registrar uma gama de sentimentos inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos prejudiciais e inibidores, que guardam segredos e mitos de família. 16 Para PINCUS & DARE (1987 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), os segredos podem pertencer a um membro da família ou, ser compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem um mito. Os referidos autores acima ainda descrevem: Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre aqueles que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que os esconde dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias. Tais segredos podem ser inconscientemente partilhados por pais e filhos através de gerações e muitas vezes não são facilmente distinguidos do mito familiar, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo terá que vivenciar ao constituir uma família, conceber uma criança e cuidar do seu desenvolvimento, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. Em Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos (1909 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), Freud nos mostra a importância e nos orientou que as atitudes dos pais, conscientes ou inconscientes, podem significar na formação de um sintoma na criança. A análise deste caso nos ensina como os sintomas do pequeno Hans foram interpretados como resultante de conflitos edipicos não resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação édipica, ele deveria estruturar- se defensivamente também em relação aos conflitos parentais sobre ele projetados (FREUD, 1969 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006). ZORNING, (2001 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) aborda o fato de como o entrelaçamento do sintoma da criança e as fantasias parentais, colocam o psicanalista e/ou psicólogo em uma posição de ouvir diferentes demandas e discursos sobre a criança para poder intervir como um elemento separador, permitindo um deslocamento entre a demanda dos pais e o sintoma da criança. Poderíamos dizer que esta prática é marcada pela posição de dependência estrutural da criança diante de seus cuidadores fundamentais, fazendo com que a desconsideração deste “nó sintomático” possa inviabilizar o tratamento da criança. Para MANONNI (1967 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), Dolto (1989 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) e VANIER (1993 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), a neurose dos pais tem um 17 papel fundamental na eclosão dos sintomas da criança, pois esta fixa sua existência num lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias e desejos. A criança procura responder ao enigma dos significantes obscuros propostos pelos adultos identifica-se ao que julga ser objeto do desejo materno, tentando preencher a falta estrutural do Outro e evitar a angústia de castração (MANONNI, DOLTO E VANIER apud ZORNING, 2001 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006). Freud (1909 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), na Análise de uma fobia de um menino de 5 anos (Caso do Pequeno Hans), pós-escrito em 1922, reforça a ideia de que ao indicar a função da especificidade da criança, ou seja, do fato de os pais, na realidade exercerem uma forte influência sobre ela, é necessário combinar o tratamento psicanalítico da criança com algum trabalho efetuado com os pais, sob o risco de a análise se tornar inviável pela resistência exercida pelos pais (FREUD, 1969 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006). 4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR Fonte: eusemfronteiras.com.br É fundamental considerar o mecanismo de feedback, isto é, mecanismo de retorno ao ponto de origem da resposta do destinatário da informação, o que tem como consequência manter ou alterar o conteúdo da comunicação por parte do emissor. Neste sistema de comunicação podemos admitir que pode não haver coincidência 18 entre o conteúdo da comunicação (mensagem) emitido pela fonte da comunicação e a mensagem recepcionada pelo destinatário da comunicação. Isto deve-se a barreiras e obstáculos à comunicação, dificultando a compreensão do processo familiar, contribuindo por vezes para a instabilidade e o desequilíbrio do sistema, conforme cita DIAS (2011). A comunicação entre todos os membros da família é importante, torna-se ainda mais relevante na relação progenitor -filho porque a influência principal na vida moral dos filhos é essencialmente exercida pelos pais, sobretudo para as crianças mais novas (WEISSBOURD, 2010 apud DIAS M, 2011). Estes bloqueios podem ser provenientes das competências comunicadoras do emissor e do receptor, no que se refere à forma como codificam e descodificam as mensagens, bem como à sua capacidade de raciocinar sobre os conteúdos das mesmas, conforme DIAS (2011). A família é então um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagem de dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de pertencermos àquela e não a outra família. Assim, o processo de comunicação na família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é fator e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos das condições iniciais e mais do processo comunicativo, conforme DIAS (2011). A família passa por um processode desenvolvimento, que engloba a diferenciação estrutural (mudanças na organização relacional) e a coevolução (transformações relacionadas com a comunicação). Ora, durante este processo comunicativo há elementos que continuam e que dão consistência às relações, mas há também elementos que se transformam e dão origem a mudanças, sendo que no decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre bilaterais ou múltiplas, conforme cita DIAS (2011). A comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar as relações entre os membros da família e o meio social. 19 Fonte: porvir.org Este exercício de comunicar, estabelece uma relação, e, nesse sentido exige treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes e comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico da estrutura, mas também os gestos e toda linguagem do corpo. Estamos perante um conceito transdisciplinar que traz valor acrescentado essencialmente às Ciências Sociais e Humanas. (DIAS, 2011). Neste contexto, aprendemos que comunicar subentende relação, promove capacidade de expressão que, para além de quebrar a solidão, é ligada a outrem, é satisfação das necessidades de ordem intelectual, afetiva, moral e social, constituindo um componente essencial da vida de cada um em particular e em geral de todo o sistema familiar, conforme DIAS (2011). O processo de comunicação no sistema familiar conduz o indivíduo à adaptação social, caso contrário, a relação familiar torna-se insustentável e a possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e no sistema social pode acontecer. O sistema familiar pode facilitar as trocas adaptativas ajustando as mudanças que se dão no meio ambiente conforme DIAS (2011). A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na sociedade. Como a família é a primeira instituição a facultar as relações, como o modo que nela se desenvolve os processos de comunicação, determinará o maior ou menor sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e, consequentemente, a integração na sociedade (Dias, 2002: 15 e ss; apud DIAS M, 2011). 20 5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA A família é a “célula mater”, da sociedade, ou seja, o início da formação do indivíduo seja ela por carga genética, psíquica ou moral. Entretanto, vivemos numa sociedade denominada filosoficamente de pós-moderna, e muitas visões sobre o que é o “certo e errado” tem gerado certas tensões, ora convergentes, ora divergentes, e nesse conflito, como a família tem se apresentado em meio a essa turbulência? (TORRES, ALFREDO, 2007, p.01 apud OLIVEIRA A; 2015;). A adolescência se constitui como sendo uma fase de transição do indivíduo, da infância para a fase adulta, evoluindo de um estado de intensa dependência para uma condição de autonomia pessoal e de uma condição de necessidade de controle externo para o autocontrole, sendo marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos, psicológicos e sociais (Prata e Santos, 2007 apud PRATTA E; SANTOS;2007). Nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, culmina todo o seu processo de maturação biopsicossocial, ocorrendo a aquisição da imagem corporal definitiva, bem como a estruturação final da personalidade, (DRUMMOND & DRUMMOND FILHO, 1998; OSÓRIO, 1996 apud SANTOS M; PRATTA E; 2007). Em nossa sociedade no geral, a adolescência se caracteriza por uma condição que não é mais a de criança, mas não deve ser ainda a do adulto. É a condição de adolescente, selada pela provisoriedade, conforme SILVA (2011). A construção psicológica do adolescente tem em conta a sua história pessoal, bem como suas novas competências sexuais, cognitivas e sociais. A história familiar do adolescente não se inicia na adolescência, estando presente mesmo antes da infância, durante a gravidez planejada ou não, conforme CRUZ (2007). Na dependência das características da família é que vão surgir determinadas características do adolescente, considerando-se estas não só no nível interno do adolescente, mas também no nível de seu relacionamento com o meio externo. Em uma perspectiva sistêmica, a adolescência é compreendida como uma fase do ciclo de vida familiar, um evento previsível que apresenta grande impacto na vida familiar e apresenta tarefas particulares que envolvem todos os membros da família, conforme SANTOS & PRATTA, (2007). É importante compreender o conjunto familiar, o que acontece com as unidades inter-relacionadas e facilitar a construção de um pensamento pessoal crítico, que 21 implique numa responsabilidade pessoal pela escolha dos rumos vividos, conforme SANTOS & PRATTA, (2007). A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de uma série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando-se a frequência das brigas, disputas entre pais e filhos durante este período, uma vez que a necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta o potencial de conflitos entre as gerações. Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como conflitivo, como crise de identidade por Erickson e tem a denominação universal de tempestade e estresse, conforme SANTOS & PRATTA, (2007). As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel denominou síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um conceito relativo a um processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo. Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e sintomas que caracterizam esta fase da vida: • Busca de si e da identidade; • Tendência grupal; • Necessidade de fantasiar e intelectualizar; • Crises religiosas; • Deslocamento temporal; • Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade; • Atitude social reivindicatória; • Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta; • Separação progressiva dos pais; • Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo. Como consequência, a adolescência afeta o ciclo vital familiar e seu estilo de vida mais do que qualquer outra fase da vida, pois desestabiliza o sistema e provoca novos ajustes para manter as relações e a saúde mental de seus membros, conforme CRUZ (2007). Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes 22 estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo adolescente. (CRUZ, 2007). O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre as gerações, conforme CRUZ (2007). Por serem tão intensas, as demandas adolescentes por maior autonomia e independência frequentemente precipitam mudanças no relacionamento entre as gerações, fazendo aflorar conflitos não resolvidos entre pais e avós (dos adolescentes), em sua infância ou adolescência, conforme CRUZ (2007). O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós. Os pais além de reavaliar e analisar a própria adolescência, bem como os pais de seu período adolescente, enfrentam novos estágios de seu ciclo vital, aparecendo então novas preocupações: a perda do corpo joveme a aproximação da aposentadoria e velhice. (CRUZ, 2007). Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais, profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a integrar as perdas da velhice, conforme CRUZ (2007). Com o rápido crescimento físico e a maturação sexual durante a puberdade são acelerados os movimentos que buscam solidificar uma identidade e estabelecer a autonomia em relação à família. Para muitos pais, a percepção de que o filho está se tornando adolescente só acontece ao se darem conta das modificações corporais ocorridas com o filho. O desenvolvimento psicossocial não é considerado, conforme CRUZ (2007). Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes não são entendidos como característicos da adolescência, mas sim percebidos como má criação dos filhos (comportamentos não aprovados). Muito frequentes são as 23 queixas quanto à instabilidade de comportamento, indisciplina e rebeldia dos filhos. (CRUZ (2007). O adolescente tentando descobrir novas direções e formas de vida, desafia e questiona a ordem familiar até então estabelecida. A ambivalência, independência / dependência, vivenciada por ele cria tensão e instabilidade nas relações familiares, o que frequentemente leva a conflitos intensos que podem tornar-se crônicos. Os filhos lutam pela independência de modo ambivalente, pois ao exigirem a independência de seus filhos com relação a eles mesmos, também o fazem de modo ambíguo, comportando-se como bloqueadores da independência dos filhos, conforme CRUZ (2007). Os pais muitas vezes tentam puxar as rédeas ou retrair-se emocionalmente para evitar novos conflitos. Os adolescentes, por outro lado, no esforço para abrir seu próprio caminho, recorrem a ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas, buscam apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm mais liberdade, conforme CRUZ (2007). O adolescente quer independência, mas também quer e precisa de limites. Por outro lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na vida do filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo postura de diálogo, de abertura para com o filho, conforme CRUZ (2007). Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos. Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento tão importante de estruturação da personalidade. Na adolescência, a evolução da dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando os adolescentes se tornam mais independentes, pois percebem que não são mais necessários como antes, e dessa forma o sentimento de perda (perda da criança) e medo de abandono podem ocorrer, conforme CRUZ (2007). Às vezes os pais, incapazes em lidar com a perda da dependência do filho, podem apresentar-se depressivos. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar com a perda do eu infantil e da família como fonte primária de afeto. A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear a depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e filhos foi denominado por Stone e Church como Síndrome da Ambivalência Dual, conforme CRUZ (2007). 24 A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papeis na família. De unidades que protegem e nutrem os filhos, as famílias passam a ser o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto, conforme CRUZ (2007). A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes se aproximarem, serem dependentes (nos momentos em que não conseguem controlar suas vidas sozinhos), se afastarem e experimentaremos desafios, com graus crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços especiais de todos os membros da família, conforme CRUZ (2007). Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve cumprir aquilo que Erickson chama de Tarefas do Desenvolvimento: • Conhecer a si mesmo; • Adotar um papel sexual; • Conseguir autonomia diante da família; • Definir- se vocacionalmente; • Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua identidade. Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores, entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso para as famílias nesse estágio. Por exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes, conforme CRUZ (2007). 25 6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO Fonte: dm.jor.br Na infância ocorrem os seguintes processos de desenvolvimento da criança: cognitivo, físico e mental. A primeira infância é o momento em que a criança aprende e se conceitua como um Eu. NEWCOMBE (1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016) define que, com aproximadamente dezoito meses, a criança já se reconhece, fazendo com que nos meses seguintes sua autopercepção e sentimentos sejam aprimorados. A criança mais velha tende a se descrever a partir da forma como percebe seu corpo, pois nomeia suas características observáveis e só mais tarde observa traços psicológicos, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. Percebe-se, nas literaturas, a importância da autoestima da criança, pois após formar um autoconceito, ela atribui valores para si própria, podendo ou não influenciar em sua autoestima (NEWCOMBE, 1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). NEWCOMBE (1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016) relata que o desenvolvimento dos filhos dependerá dos pais, de como eles estão ou não saudáveis psicologicamente, visto que os pais promovem a segurança emocional da criança, a independência, o sucesso intelectual e a competência social. Nas casas de pais divorciados seria de grande importância se os ex-cônjuges mantivessem uma relação solidária, pois o autor traz a importância das relações pai e mãe para melhor adaptação da criança ao novo contexto familiar. As crianças mais 26 jovens sofrem mais com o divórcio, até mesmo, acreditando serem culpadas por tal acontecimento, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. O divórcio vivenciado durante a infância poderá gerar efeitos negativos na vida da criança, já que segundo HOMEM (2009 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), com a concretização do divórcio e a saída de um dos genitores de casa, a criança fica quase que privada desse genitor. Além do contato, possivelmente, se tornar menor, a criança pode perceber uma perda da atenção, da figura parental e do tempo disponível. O divórcio gera, no filho, sentimento de insegurança em relação aos vínculos familiares, influenciado diretamente pelo comportamento parental. A longo prazo, o desenvolvimento infantil exposto a esses fatores pode levar a dificuldades em sua autoestima, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. OAKLANDER (1980; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016) discorreu que o divórcio poderá ser o desencadeador da baixa autoestima na criança, demonstrando- se através de comportamentos como: chorar com facilidade, necessidade de vencer, trapaças, comportamentos antissociais, críticas a si mesmo, entre outros. O divórcio pode ainda, dificultar o desenvolvimento sadio da criança que, se acompanhada de negligência por parte do genitor presente, elevando o grau de sofrimento da mesma. A infância é a fase inicial do desenvolvimento psíquico e fisiológico, logo, o infanteprejudicado nesta fase terá maior probabilidade de desenvolver algum tipo de patologia. Isso se agrava pela ausência de um dos genitores no período de desenvolvimento, podendo comprometer a saúde mental da criança. Durante o divórcio, a criança vivencia inúmeras situações novas e desagradáveis que, a longo prazo, podem se transformar em transtornos psicossociais (FERRIOLLI, 2007; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Segundo TOLOI (2006; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), nos conflitos interparentais, lidar com o divórcio e com seus efeitos têm grande influência na saúde mental dos sujeitos envolvidos. A autora percebeu que mudanças ocorridas de forma rápida são geradas de inúmeras transformações nas crianças as quais vivenciavam o divórcio dos pais, causando impacto direto no funcionamento mental. Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um relacionamento coparental saudável, envolvendo-se em brigas, discussões e, até mesmo, agressões. As crianças que assistem esses tipos de agressões recebem um impacto direto em sua saúde mental. 27 A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada, porém, quando existem filhos, trata-se de uma relação de pais separados e de filhos que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. As mudanças em tal núcleo geram conflitos emocionais cabendo aos ex- cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova configuração da relação e da realidade familiar, beneficiando o filho, que continua existindo para ambos (GRZYBOWSKI, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Diante de um sistema familiar, existem inúmeras relações possíveis, sendo a criança contribuinte ativa nas interações. Cada membro da família exerce um papel de importância e de influência. A influência da criança na relação com seus genitores é de vital importância para seu desenvolvimento saudável. O surgimento de determinada mudança repentina na base familiar pode influenciar diretamente em seu desenvolvimento. Dentre as principais mudanças, cita-se: crescimento físico, desenvolvimento da linguagem, concepção do eu, desenvolvimento cognitivo e autonomia. (RODRIGUES,2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Martins (2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), relata que, devido à grande incidência de divórcios na atualidade, os efeitos para as crianças estão sendo potencializados, desestabilizando vínculos familiares e criando um novo modelo de família, a família monoparental. Entende-se que a separação vem afetando todas as partes envolvidas no divórcio, então, com o objetivo de diminuição dos danos, a psicologia, nesses casos, procura trabalhar as possibilidades de vínculo, favorecer a preservação da saúde mental dos envolvidos, principalmente da criança em desenvolvimento. A elaboração do divórcio, para a criança, dependerá de como ele se deu, de forma conflituosa ou não, de como serão estabelecidos os vínculos no período posterior ao divórcio, da frequência das visitas, do relacionamento entre os pais. 7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE COMPARTILHAR A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO O aumento do número de divórcios demandou que as famílias se reorganizassem de novas formas após a ruptura da conjugalidade. Com quem ficam os filhos, é um questionamento recorrente dentro desse cenário e se constitui como motivo de conflito entre os ex-cônjuges. Isso porque a separação diz respeito à vida do casal e, para ambos exercerem a parentalidade, precisam se relacionar de alguma 28 forma, visando que pai e mãe possam estar perto dos filhos, conforme GORIN M; (2015). Essa discussão se faz presente, hoje, especialmente por meio da valorização recente por parte da Justiça, da guarda compartilhada dos filhos entre os genitores, priorizando a participação de ambos os pais no convívio com os filhos. Porém, muitas vezes, os conflitos entre os membros do ex-casal permanecem e surge a pergunta se é possível, de fato, compartilhar o convívio com os filhos quando não se compartilham mais tantos outros aspectos da vida, conforme GORIN M; (2015). Para Dantas (2004 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os filhos após a separação. A construção da personalidade da criança, para a autora, se relaciona com o momento no qual se reconhece em seus pais. Ela levanta a importância paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da criança, já que sem relação com os pais, a criança não consegue construir sua própria identidade. Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer precisam acontecer na relação entre pais e filhos. De acordo com GORIN M; (2015) o desejo de ter filhos, deve ser construído pelo casal para depois os mesmos possam explorar mais profundamente as dificuldades do exercício da parentalidade após a separação. Dessa forma, nos questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do divórcio, levando em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam sendo muito envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se misturam, levando- nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da conjugalidade no sujeito e como isso transforma a experiência de ser pai e mãe. 7.1 Do casal conjugal ao casal parental Na construção do casal conjugal, há negociação entre os dois indivíduos envolvidos, de forma que ambos precisam abandonar uma parte de seus modelos e ideias, mas ao mesmo tempo mantém, necessariamente, outras partes de seu espaço psíquico. SMADJA (2011 apud GORIN M; 2015) fala desse processo, destacando o trabalho psíquico necessário para construir e manter a conjugalidade, transformando dois sujeitos em um grupo. A partir da conjugalidade construída e constantemente investida por ambos os membros do casal, o autor aponta que o nascimento de uma criança aparece como traumático para os pais em termos psíquicos. Isso porque novamente demanda 29 deslocamentos de identificações e investimentos para os sujeitos, um novo trabalho de elaboração psíquica precisa ser realizado, trazendo à tona conflitos, angústias e defesas (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 2015). Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, HINTZ & BAGINSKI (2012 apud GORIN M; 2015) destacam que o nascimento do filho traz novas funções para o homem e a mulher, de forma que um tempo de adaptação se faz necessário. Além disso, essas novas responsabilidades de cada um em relação à parentalidade têm repercussões na relação conjugal. Ziviani, Féres-Carneiro e Magalhães (2012 apud GORIN M; 2015) destacam que um casal engloba conteúdos psíquicos de dois sujeitos com histórias e vivências distintas. O conteúdo transgeracional e as identificações de cada membro do casal são oriundos de sua família de origem e levados para a formação da identidade conjugal. Para os autores, conciliar a conjugalidade e a parentalidade é um dos grandes desafios e torna o vínculo indissolúvel, pois a dissolução do casamento não acarreta na dissolução do casal parental. Isso significa que a responsabilidade, em relação à prole, constitui uma continuidade de vínculo em relação ao cônjuge. Assim, a introdução de uma criança entre os dois parceiros é um acontecimento complexo. SMADJA (2011 apud GORIN M; 2015), destaca as diversas facetas envolvidas no desejo de um casal conjugal de ter filhos. Para o autor, esse desejo é ambivalente para todos, e envolve não apenas investimento no objeto, mas investimento narcísico também. O que poderia levar a inúmeros questionamentos, como, por exemplo, se o desejo é ter um filho para si ou ter um filho do parceiro e, em última instância, se é possível separar o próprio desejo do desejo do outro. O autor destaca que o desejo de ter filho é marcado de forma central pela diferença entre os gêneros.Para as mulheres, de forma geral, o filho aparece como complemento narcísico e fálico. Além disso, o filho ocupa um lugar erótico, relacionado à fantasia da experiência de maternidade, que se relaciona ao desejo incestuoso de ter um filho do pai, conforme GORIN M; (2015). De qualquer forma, é comum para homens e mulheres que os filhos ocupem um lugar de interrogação no que diz respeito aos objetos de investimento e seu espaço no funcionamento conjugal (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 2015). O complexo de Édipo e o narcisismo, com suas marcas na constituição psíquica, orientam as possibilidades subjetivas no processo de tornar-se pai e mãe, com toda a história familiar e individual que acompanha o sujeito. 30 7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental? O conceito de parentalidade se refere a um tornar-se pai e mãe como processo, consciente ou inconsciente, que passa pela história da família e pelo contexto sociocultural. A respeito do processo de construção da parentalidade, LEBOVICI (2006 apud GORIN M; 2015) descreve o ser pai ou mãe para além do biológico, ressaltando a descendência e o herdado da família, o que o sujeito transmitirá intergeracionalmente. “Assim, defino a parentalidade como o produto do parentesco biológico e da parentalização do pai e da mãe” (p. 22). Em relação à parentalização, este autor aponta que os filhos têm um papel ativo nesse processo. Ainda de acordo com LEBOVICI (2006 apud GORIN M; 2015), a construção da parentalidade envolve elaborá-la no imaginário e lidar com os próprios pais. Segundo o autor, nos casos de famílias recompostas, esse processo é ainda mais complexo. É a partir dessa concepção que refletiremos sobre a parentalidade e o divórcio. Após o divórcio, há um término do casal conjugal, porém o vínculo como casal parental deve continuar, caso existam filhos. Isso se justifica, porque, independentemente do arranjo conjugal, os genitores permanecerão nos papéis de pais dos filhos, conforme GORIN M; (2015). Quando duas pessoas se casam, há a construção de uma nova identidade. Essa identidade conjugal se desfaz aos poucos no divórcio, demandando uma redefinição da identidade individual de cada um dos membros do ex-casal. Esse processo é doloroso tanto para o homem quanto para a mulher e acontece de formas singulares. É um desafio para ambos, em meio aos conflitos e às mudanças, continuar a ser pai e mãe (FÉRES-CARNEIRO, 2003 apud GORIN M; 2015). Na fase de reorganização da identidade individual, exercer a parentalidade de forma conjunta é complexo. GRZYBOWSKI & WAGNER (2010 apud GORIN M; 2015) apontam que a coparentalidade, após o divórcio, pauta-se pela conjugalidade e pelos vínculos emocionais entre pais e filhos. As autoras entendem que o vínculo que uniu o casal e os sentimentos antigos e atuais estão atrelados, inevitavelmente, à parentalidade, sendo difícil dissociá-los. Além disso, destacam que a ligação entre os genitores e os filhos antes e depois do divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a coparentalidade, em função do, não raro, afastamento da figura paterna, conforme GORIN M; (2015). 31 Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos, envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com a maternidade, sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a dia com filhos, casa e trabalho (FÉRES-CARNEIRO ZIVIANI, MAGALHÃES e PONCIANO, 2013; apud GORIN M; 2015). Para MARINHO (2011; apud GORIN M; 2015), a coparentalidade após o divórcio depende da cooperação entre os ex-cônjuges. É importante que os pais possam negociar, entre eles, as questões relacionadas ao cuidado com os filhos, apesar de estarem separados. Especialmente em um momento conflituoso, isso se torna mais difícil, visto que conjugalidade e parentalidade ficam sem um contorno que as delimitem. Dessa forma, a reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal parental e não pelo conjugal (SCHNEEBELI & MENANDRO, 2014; apud GORIN M; 2015). 7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a separação Segundo ALMEIDA (2011 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), a família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e é a partir dele que surgem inúmeros tipos de vínculo que poderão interferir na formação da identidade do sujeito e também na sua modalidade de aprendizagem, cuja formação se dará de acordo com seus primeiros contatos no âmbito familiar. Nesse sentido, a família, em um primeiro momento, comporta toda a referência da criança e é a responsável pela sua formação. A família, como sistema, tem a função psicossocial de proteger, cuidar e zelar por seus membros. A sua estrutura é formada pelas normas transacionais que se repetem e, assim, criam sua identidade, compartilhando e repassando histórias e vivências passadas. Com a separação, a divisão da família ocorre, sua estrutura é prejudicada e os vínculos familiares empobrecidos (ALMEIDA, 2011 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Para SANTOS (2013 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), família é um grupo de pessoas que moram junto e desenvolvem laços afetivos e/ou sanguíneos. Também a descreve como base do sujeito, já que ao nascer é inserido em grupos familiares, garantindo sua sobrevivência e aprendendo determinados valores. Nos dias atuais, com a sua reestruturação, pode haver famílias com só um dos genitores, ou genitores do mesmo sexo, uma família adotiva, entre outras, 32 dependendo da nova organização feita. Sendo assim, no período posterior ao divórcio, a família passa também pela mudança no seu núcleo. SANTOS (2013 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem após o divórcio: ✓ Fase aguda: a fase pré-divórcio, na qual ocorrem as brigas, discussões, insatisfação com o outro e evidente frustração, na maioria das vezes, é vivenciada também pela criança. ✓ Fase transitória: o divórcio já foi consolidado, e agora ocorrem as reorganizações de papéis, as novas normas e regras, entre pais e filhos. ✓ Fase do ajuste: aceitação do divórcio, fase em que ocorre a restauração tanto de pais quanto de filhos, consolidando novas visões e podendo ser inserido novo integrante ao âmbito familiar. Para o autor, com a separação dos pais, é possível que ocorra um distanciamento desses em relação aos filhos. Após o divórcio pode ainda ocorrer a briga pela guarda da criança, colocando ainda mais distanciamento à vinculação familiar pós-divórcio, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016). Neste contexto, a criança precisa reconstruir as figuras paterna e materna após a separação, ressignificando as vivências e experiências passadas. Após a mudança grandiosa que é a saída de uma das figuras parentais de casa, é preciso se adaptar a uma moradia onde as coisas serão diferentes. É de grande importância para a estruturação da criança que esses ambientes sejam, em alguma medida, parecidos, compartilhando das mesmas regras, deveres e rotina (GRZYBOWSKI 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). As crianças mais jovens, de acordo com SANTOS (2013; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), têm maiores dificuldades de entender e simbolizar a separação, estas estão mais propensas a se culparem e sentirem abandonados pelos pais. Segundo Ramires (2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), junto com a mudança estrutural familiar existem as externas, como mudança de casa, nível econômico social, perda do contato com a outra parte. Na separação, o ideal seria que a família se subdividisse em busca de um relacionamento saudável, principalmente para melhor relação com os filhos. A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores estressantes, dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais, aumentando os níveis de33 ansiedade e depressão na criança. É, ainda, de muita importância o relacionamento estável entre os pais, pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao divórcio. A qualidade da relação dos pais é de suma importância para o bem-estar do filho (RAPOSO et al, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Após o divórcio, ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar, em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não parental. Embora o casal tenha se separado, eles continuarão sendo pais da criança. Sabe-se que, após o divórcio, é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da parentalidade com a criança, acontecendo um maior afastamento em relação aos filhos. A problemática maior seria quando o filho também se torna ex-filho, gerando sofrimento emocional (RAMIRES, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Dantas (2004; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), relata a importância da figura paterna que, na maioria das separações, é quem sai de casa e acaba se ausentando da vida da criança. O autor coloca, na figura do pai, o primeiro papel de separar a criança de sua mãe, rompendo a simbiose e colocando- lhe limite. O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a identidade de seu filho (a) também investindo segurança e autoestima. O terceiro papel seria de transmitir-lhe afetos, para possibilitar melhor a vinculação entre ambos. Segundo BOLSONI (2009; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), a família pode contribuir de diversas formas para que as crianças não sofram com o divórcio. O autor coloca a importância do diálogo e orientação realizada por um profissional durante tal processo, com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da separação. A manutenção do diálogo entre os pais pode ajudar a criança a lidar com as dificuldades na transição da estrutura familiar. Se encontrada uma fonte de apoio nos pais, o filho pode até mesmo compartilhar seus medos e receios, ajudando a suportá- los. A parte que fica com a guarda da criança, na maioria dos casos, é a mãe. Durante a separação, a mãe, geralmente, passa por um período de stress e sobrecarga, pois em meio a dor da separação do ex-companheiro, ainda precisa fornecer suporte ao filho (BOLSONI, 2009; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). A família é constituída em um campo dinâmico, no qual fatores conscientes e inconscientes influenciam nessa constituição. A criança sofre desde seu nascimento a influência dessa família, como também é um agente de mudança dentro do grupo familiar. Nesse grupo familiar, esta introjetado o conceito de família para cada genitor, influenciado pelo modo como viveram com suas famílias. A família não é estática, pois 34 está sempre em movimento e transformação. Cada grupo familiar está sempre desejando, tendo relações objetais, lidando com suas necessidades, ansiedades e, por esse motivo, está sempre em movimento (ZIMERMAN, 1999; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). Segundo Santos (2013 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), toda separação causará danos ou perdas para a criança, já que estava acostumada ao convívio familiar. Dessa forma, os pais estão expondo mais cedo a criança ao sofrimento por não ter mais a família, devido ao aumento do número de divórcios. O desgaste decorrente da separação dos pais que as crianças vivenciam as fere por diversos fatores. Mesmo nos casos em que os casais não se difamam ou se agridem na frente de seu filho (a), o sofrimento se faz presente. 8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR Fonte: clinicacoutinho.com A avaliação psicológica da família deve ser baseada, como qualquer outro processo de avaliação psicológica, em hipóteses desenvolvidas pelo profissional sobre o funcionamento do sistema familiar, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020. Os métodos de avaliação e entrevista familiar foram desenvolvidos à medida que diversas teorias sobre a família surgiram em diferentes paradigmas psicológicos, embora todos se fundamentem na hipótese da influência dos grupos sociais na construção do sujeito e no agenciamento de seu comportamento (FÉRES-CARNEIRO e DINIZ NETO, 2012). A entrevista psicológica é a técnica mais antiga e a mais valiosa no contexto de investigação, avaliação e intervenção clínica, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020. 35 A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler e Jung apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar para a constituição psicológica do indivíduo. A terapia de família surgiu orientanda inicialmente por dois paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem sistêmica, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020. 8.1 Entrevista Circular A abordagem sistêmica nos trouxe a entrevista circular, técnica que permite interagir com a família, revelando aspectos do seu funcionamento ao focar seus aspectos ecossistêmicos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). A entrevista circular refere-se a um modo específico de desenvolvimento de um padrão de interação entre o terapeuta e a família. Nessa técnica, as questões são formuladas com o objetivo de revelar as conexões recorrentes, levando tanto a família quanto o terapeuta a desenvolver uma compreensão da situação problema em uma visão sistêmica, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Segundo FÉRES – CARNEIRO e DINIZ NETO (2012), os terapeutas sistêmicos do grupo de Milão esboçaram três princípios para orientar a conduta do terapeuta: Neutralidade: Refere-se à atitude do terapeuta de família que não se alia a nenhum membro específico, procurando manter-se curioso e aberto sobre os padrões de funcionamento, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Circularidade: Denota a busca de compreensão do enlaçamento dos diversos aspectos de funcionamento da família que revelam a multiplicidade de olhares e vivências, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Hipotetização: Refere-se à construção constante de hipóteses centradas na circularidade, mantendo uma atitude de curiosidade e abertura, apoiando a neutralidade, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 8.2 Entrevista Familiar De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), o processo de avaliação e diagnóstico da entrevista familiar é guiado pela orientação teórica do clínico. Os objetivos de uma entrevista familiar inicial incluem: 36 • Identificar as variáveis familiares e individuais que podem ter influência decisiva na situação familiar problemática, • Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica e de seus membros; • Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos: • Estágio social o profissional age criando um setting social e culturalmente adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção psicoterapêutica inicial, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). • Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o ambiente físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). • O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não verbal amistosa, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Estágio de questionamento multidimensional: O profissional investiga o motivo da consulta tanto quanto o modo como a família o descreve. A apresentação da problemática inicial é frequentemente um estágio confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do problema. A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve ser feita respeitosamente, buscando-se a neutralidade sistêmica. Áreas potencialmente problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois podem relacionar-se retroativamentecom as dificuldades da família na área da queixa, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções preestabelecidas para o problema, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender 37 amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Desenvolvimento: Diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar a estrutura, o desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas correspondem às condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à orientação teórica e à habilidade técnica do entrevistador. FÉRES – Carneiro e Diniz Neto (2012 apud CORDIOLI A; GREVET E; 2019), ao estudar os métodos de avaliação familiar, propõe a classificação em métodos objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda, a possibilidade de utilização de testes psicológicos que por sua constituição, poderiam ser adequadamente utilizados em processos de atendimento familiar. Os métodos objetivos classificam-se em dois grupos: • Métodos que utilizam questionários, • Métodos que utilizam jogos, Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam-se em três grupos: • Métodos que utilizam técnicas de desenhos, • Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas, • Métodos que utilizam testes projetivos. Entre as técnicas mistas, estão: • A tarefa familiar; • A entrevista estruturada de Watzlawick, • A primeira entrevista de Satir, • A entrevista diagnóstica conjunta • A entrevista familiar estruturada De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a atuação terapêutica apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. Á medida que um diagnóstico familiar emerge distinções de condições permitem ao terapeuta realizar indicações gerais de tratamento conforme o universo possível. A avaliação é contudo, um processo contínuo que orienta a atuação do clínico em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar, 38 por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando a novas dinâmicas e reestruturações, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 8.3 Avaliação da Rede de Apoio De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a rede de apoio social e afetivo tem sido avaliada através de diferentes instrumentos, questionários, entrevistas. Destacam-se entre esses, o mapa dos cinco campos. Este mapa é um instrumento lúdico. Em sua aplicação, é utilizada a colocação livre de figuras, que representam crianças, jovens e adultos de ambos os sexos, em um quadro com círculos concêntricos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Tem por objetivo avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio socioafetivo, a partir dos cinco campos: • Família; • Escola; • Amigos; • Parentes; • Contatos formais; De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), esse instrumento é composto por um pano de feltro e por imagens que podem ser fixadas com velcro. Permite que pessoas já falecidas sejam consideradas parte da rede de apoio, em função da consideração subjetiva da percepção da rede. O círculo central corresponde ao participante e cada círculo adjacente mede a qualidade do vínculo, ou seja, quanto mais perto do círculo central, maior é a percepção de proximidade do participante com a pessoa representada: • O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais próximas (maior vínculo); • O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes (menos vínculo); • O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos insatisfatórios, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 39 9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL Fonte: irresistivel.com.br A terapia de família tem seus fundamentos na teoria geral dos sistemas, proposta pelo biólogo alemão Bertallanffy, na teoria da comunicação dos pequenos grupos, na teoria psicodinâmica (relações de objeto) e na teoria cognitivo comportamental, entre outras, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Bowen introduziu conceitos da teoria dos sistemas em seu trabalho com famílias. Por sistemas compreende-se um conjunto de elementos, direta ou indiretamente relacionados, que funcionam como uma unidade que determina o ambiente. Dentro desse enfoque uma família pode ser considerada um sistema parcialmente aberto que interage com seus ambientes biológicos e sociocultural. Diversos enfoques teóricos embasam a terapia de família. Ackerman foi quem cunhou o termo terapia familiar, na década de 1950, e introduziu a ideia de trabalhar com a família nuclear, utilizando métodos psicodinâmicos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente psicodinâmico, com ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, identificação projetiva, dissociação) e nos conceitos da teoria das relações objetais. O objetivo desta abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem dos conflitos transgeracionais (Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou experiencial com a proposição de envolver duas ou mais gerações na terapia, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 40 Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos: Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens delinquentes provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com problemas de limites generacionais entre os vários subsistemas: Estratégico (Harley; Ackerman): • Para os problemas decorrentes de arranjos hierárquicos e de papéis, bem como as reações em suas mudanças, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Comportamental (Patterson; Margolin): • Para problema que podem ser mantidos ou estimulados pelas atitudes da família, em padrões de relações simétricas ou complementares e nas funções de comunicação, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Psicoeducacional (Anderson, Goldstein): • Informativo, envolvendo o manejo de doenças crônicas, redução do estresse e manejo de crises, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Periodicidade As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou parte dos membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser quinzenais ou mensais (subsistema), conforme CORDIOLI & GREVET (2019). Objetivos: • Melhorar a comunicação entre os membros da família; • Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos membros da família; • Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de decisões; • Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas; • Melhorar o desempenho individual, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).. A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual. Baseia – se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e na teoria dos contratos conjugais, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 41 9.1 Indicações da Terapia Familiar Quando é solicitada terapia de casal ou familiar: • Doença física ou mental grave em adultos, gerando alto grau de disfunção familiar (esquizofrenia, transtorno bipolar, TOC, transtorno de pânico ou agorafobia, dependência a drogas ou álcool, transtornos alimentares, etc.), conforme CORDIOLI & GREVET (2019). • Quando o problema atual
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