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AS-RELAÇOES-INTRAFAMILIARES

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1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ....................................... 4 
1.1 Família e sociedade ............................................................................. 7 
1.2 Sistema e subsistemas familiares ........................................................ 8 
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO 
DA FAMÍLIA. ............................................................................................................. 12 
3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA .............................................. 15 
4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR ............... 17 
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA .................................................................... 20 
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO ................................... 25 
7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE 
COMPARTILHAR A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO .......... 27 
7.1 Do casal conjugal ao casal parental ................................................... 28 
7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental?
 30 
7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a 
separação 31 
8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR ...................................... 34 
8.1 Entrevista Circular .............................................................................. 35 
8.2 Entrevista Familiar .............................................................................. 35 
8.3 Avaliação da Rede de Apoio .............................................................. 38 
9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL ........................................................... 39 
9.1 Indicações da Terapia Familiar .......................................................... 41 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 42 
 
 
 
 
3 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
4 
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
 
Fonte: pleno.news 
A constituição familiar, é considerada a primeira organização social. Sua forma 
de organização, acontece entre as relações estabelecidas entre seus membros, as 
mudanças ocorridas ao longo do tempo, as interações do seu dinamismo interno com 
a realidade exterior que a envolve, são alguns dos elementos que nos interessam. 
Portanto, as formas de representações sociais são elaboradas pelos membros sobre 
tal realidade, instaladas em cada classe social, que nelas constituem a perspectiva 
central desta tarefa, conforme ÁRAUJO; (2003). 
Para ÁRAUJO (2003), é importante considerar que a homogeneidade ao longo 
das gerações, é limitada. Podemos dizer que em relação as sociedades, cada uma 
delas estabelecem maneiras diferentes de pensar e de estruturar suas 
representações, desta maneira, impede com que aconteça a universalização das 
mesmas, o que levaria à perda do social. 
Portanto, passa a ser representações coletivas para representações sociais, 
porque cada uma terá diferentes formas de emergir, de acordo com o seu grupo social. 
Além disso, a comunicação de sentimentos e ideias entre os indivíduos, enfatizam que 
o dado individual possa tornar-se social e vice-versa, conforme cita ÁRAUJO; 2003. 
De acordo com ÁRAUJO (2003), a representação social foi uma questão que 
nem sempre cedeu espaço em dá uma ênfase maior para poder defini- lá. Portanto 
isso, não era uma centralidade dos teóricos, porque eles alegavam que isto poderia 
 
5 
reduzir o alcance da compreensão sobre a representação social. Entretanto, segundo 
Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação: 
“Por representação social entendemos um conjunto de conceitos, 
proposições e explicações, originado na vida cotidiana no curso de 
comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, 
dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também 
ser vistas como a versão contemporânea do senso comum” (1996:31 apud 
ÁRAUJO W; 2003). 
 Na opinião de ÁRAUJO (2003), descrever essa conceituação irá proporcionar 
e dimensionar a representação social em três particularidades: atitude, informação e 
imagem (campo da representação) (MOSCOVICI, 1961:261- 293 apud ÁRAUJO W; 
2003). A conduta ou uma atitude é uma resposta organizada frente a uma situação 
objetiva da sociedade, caracterizando assim o contexto regulador presente na 
representação social. Portanto, quando falamos em representação social ela é 
instalada como objeto social que se apresenta bem focalizado para o indivíduo. 
 O entendimento dessas informações refere-se ao conjunto dos 
conhecimentos que um grupo possui a respeito do objeto da representação social. A 
apresentação da imagem proporciona o conteúdo concreto e limitado (campo da 
representação) sobre aspectos do objeto social da representação. Os elementos 
apresentados acima se apresentam diferenciados, conforme o contexto social e 
cultural de cada grupo. Desta forma, compreende-se o porquê a representação social 
sobre família tenha assumido características diferenciadas em função do contexto 
sociocultural, conforme ÁRAUJO; (2003). 
Do ponto de vista de ÁRAUJO; (2003), as representações sociais conforme 
foram ditas acima, estão presentes no dinamismo das comunicações entre as 
pessoas, além de contribuir para a formação e orientação dos comportamentos. Elas 
facilitam para que a geração tenha a troca social, operacionalizando a transmissão e 
o desenvolvimento cognitivo de valores e normas sociais., Moscovici (1961:360-362 
apud ÁRAUJO W; 2003) aponta três situações sociais geradoras da representação 
social: dispersão da informação, focalização e pressão à inferência. 
Começamos então com a primeira situação em relação ao conhecimento 
completo de um objeto. Nem sempre os indivíduos têm o acesso a esses dados úteis 
para tal conhecimento, em face da sua complexidade e das limitações sociais e 
culturais, conforme ÁRAUJO; (2003). 
 
6 
 Desta forma, o grande aparecimento das distorções sobre o objeto de 
contestação não favorece a transmissão direta destes valores. Já na segunda 
situação temos o exemplo do indivíduo a focalizar apenas alguns aspectos do objeto, 
desinteressando-se pelos demais, pois o seu grupo social define tal tipo de visão. 
Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter acesso a uma visão global do objeto, 
conforme ÁRAUJO; (2003). 
Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a 
desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber. 
Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo, 
visando atribuí-las uma certa validade. (ÁRAUJO, 2003). 
Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem 
de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e 
sendolevados a posicionar-se frente, ao mesmo, na perspectiva da opinião da 
maioria. Quando nos referimos ao objeto família, a contingência desta representação 
social é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência, que 
se estruturam, conforme ÁRAUJO; (2003). 
Portanto, quando se tem o conhecimento sobre os objetos eles são, na maioria 
das vezes, condicionados aos aspectos dominantes dentro do grupo, exigindo que os 
indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também 
considerar, que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume 
essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo 
como representação social. Portanto, a forma como essas características é imposta 
faz com que a família adquira diferentes formas, conforme o contexto cultural e 
histórico. (ÁRAUJO, 2003). 
 
 
 
 
 
7 
1.1 Família e sociedade 
A constituição familiar social primária e célula máter da sociedade sempre 
existiu. De acordo com CASTEL (1998; apud CAPUTI L; 2011), desde a Idade Média, 
a família demonstra a sua habilidade em ter a organização coletiva em que protege 
os membros mais necessitados da comunidade por meio de uma assistência mínima, 
constituindo o que ele denomina de “socialização primária”, em que o aniquilamento 
dessa referência para o indivíduo seria o início do processo de desfiliação, conforme 
cita CAPUTI (2011). 
As famílias se estabelecem como protagonistas fundamentais no provimento 
de prestabilidade dos serviços de proteção social aos indivíduos frente aos riscos e 
vulnerabilidades em que estão expostos; tem função sexual, reprodutiva, econômica, 
social, cultural e educacional. (CAPUTI, 2011). 
Discorre de um espaço de compartimento de recursos materiais, econômicos, 
de afetividade, cuidados, herança e construção de valores, de cultura e de troca de 
saberes. É um compartimento em que se é permeado os conflitos, a socialização dos 
seus membros, é fonte de referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de 
identidade grupal, bem como de mediação das relações dos seus membros com 
outras instituições sociais, com a comunidade e com o Estado, conforme CAPUTI 
(2011). 
Para a psicóloga Szymanski (2002, p.15; apud CAPUTI L; 2011) “as famílias 
buscam uma adequação entre os valores herdados, os partilhados com os 
pares e os novos valores, que vêm de seu contato com outras informações e 
com outros segmentos da sociedade”. 
Portanto, a família pode ser formada por grupo de pessoas com ou sem 
consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos dizer ainda que se 
caracteriza, como associação de pessoas que escolheram conviver por razões 
afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo, conforme CAPUTI (2011). 
 
 
 
 
 
 
 
8 
No âmbito da sociedade brasileira, a instauração que é família, tem passado 
por transformações datadas especialmente do século XX, as quais se evidenciam nas 
alterações de papéis da pessoa de referência da família. Contudo, as modificações 
do lugar que o trabalho ou o não trabalho ocupa no processo de representação social, 
nas múltiplas menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e 
determinam o desenvolvimento de crianças e jovens, desalojando as menções das 
figuras como pai, mãe, avós, entre outros fenômenos sociais da atualidade. (CAPUTI, 
2011). 
Tais mudanças são apontadas pela relação família e o mundo do trabalho, cujo 
engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas 
relações sociais como um todo, conforme CAPUTI (2011). 
A família passar a ter uma proporção pública em detrimento singular da 
dimensão privada. Vive as modificações advindas tanto das transformações do mundo 
do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida, bem como 
das conquistas do movimento feminista, conforme CAPUTI (2011). 
1.2 Sistema e subsistemas familiares 
A instituição familiar pode ser entendida como um grupo de pessoas que 
interagem a partir da junção de vínculos afetivos, consanguíneos, políticos, entre 
outros. De tal forma, esses vínculos formam uma rede infinita de comunicação e mútua 
influência (WAGNER, 2011; apud PRÁ D; 2013). 
A família pode ser considerada como um conjunto de elementos dinâmicos, 
submetido a um desenvolvimento das introduções regras, e marcada pela busca de 
um acordo entre seus membros. Assim, pode-se pensar que a dinâmica do sistema 
familiar se caracteriza pela maneira como a família se movimenta frente às diferentes 
situações as quais se coloca ou é colocada. Existe uma estrutura interna inerente ao 
sistema, que permite aos seus membros que se comuniquem de acordo com as regras 
estabelecidas de maneira implícita ou explícita. 
A instituição familiar é marcada pelos acordos que permeiam a convivência em 
diferentes níveis. Esta organização se estrutura a partir dos subsistemas, os quais 
configuram a forma como os membros de uma família se organizam, considerando o 
tipo de relação e vinculação estabelecida entre eles (Ríos-González, 1994, 2003, 
2009; apud PRÁ D; 2013). 
 
9 
Os subsistemas familiares podem ser compreendidos como um reagrupamento 
de membros do sistema geral, no qual é estabelecida uma intercomunicação diferente 
daquela utilizada no sistema principal. Nesse reagrupamento, as díades ou os grupos 
se organizam segundo distintas variáveis, tais como geração, sexo, papel ou função, 
interesses comuns, entre outros (RÍOS-GONZÁLES, 2003; NICHOLS & 
SCHAWARTZ, 2007; apud PRÁ D; 2013). 
Todo subsistema familiar possui atribuições de suas funções e necessidades 
específicas. Sendo assim, os sistemas e subsistemas familiares devem ser 
suficientemente estáveis para manter a continuidade e flexíveis o bastante para 
acomodarem-se às mudanças contextuais e evolutivas que acompanham a família ao 
longo da vida (NICHOLS & SCHAWARTZ, 2007 apud PRÁ D; 2013). 
 
 
Fonte:psicologiasdobrasil.com 
A qualidade em que se encontra a família está pertinente com o processo 
saúde/doença. Uma família que funciona adequada ou inadequadamente pode 
contribuir para o crescimento de problemas em relação à saúde ou resistir ao seu 
efeito, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). 
E ao mesmo tempo, quando alguém da família desenvolve uma enfermidade 
ou problema de saúde pode afetar o funcionamento da mesma. A família é o primeiro 
espaço vital e arcabouço das produções humanas, conforme cita BALTAZAR & 
BALTHAZAR (2006). 
 Com a sua magistralidade alguns homens a notabiliza através de suas obras 
e produções, mas a família só desenvolve a sua importância ao de sucessivas 
gerações, por sua encarnação mesma e suas repercussões no ciclo vital: acasalando-
 
10 
se, reproduzindo-se e quem sabe seguindo o seu destino com determinação e amor, 
conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). 
A família é uma constituição que se pode designar como organismo vivo que 
opera através de padrões transacionais (que passam de geração a geração), os quais, 
ao se repetirem, estabelecem como, quando e com quem entrar em relação. 
(BALTAZAR & BALTHAZAR (2006). 
Todo conjunto do sistema familiar possui preceitos e regras que o determinam, 
definindo o que dela faz parte ou não, bem como definindo subsistemas tais como: 
subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos irmãos, dos avós, tios e assim por 
diante. Esses limites ou fronteiras devem ser perceptíveis para que cada membro da 
constituição familiar saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não 
interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir o 
contato entre os membros do subsistema e os demais, conforme BALTAZAR & 
BALTHAZAR (2006). 
 Os autores de abordagem psicanalítica, tais como Freud, Soifer e Küpfer entre 
outros, expõem a importância em se perceber de que quando essas fronteiras de 
papéis não são respeitadas a família se torna disfuncional, conforme BALTAZAR& 
BALTHAZAR (2006). 
A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é fator 
importantíssimo para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites 
são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se 
predominasse um excesso de individualismo, no qual o comportamento dos membros 
não afetasse o comportamento dos demais, conforme RODRIGUES (2011). 
A disfuncionalidade se faz presente como resultado frequente, em relação a 
filhos que são adolescentes e são carentes de cuidados, a partir disso, começam a 
apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool, drogas e, se a 
família não responde, ajudando a corrigir o curso de sua vida, começam a conhecer 
ou até mesmo adotar uma vida sexual promíscua podendo, no caso das meninas, 
chegar a gravidez precoce, conforme relata RODRIGUES (2011). 
Como exemplo temos outra situação que é de funcionamento problemático, 
devido a lacuna que deixam pela falta de clareza nas fronteiras familiares, nas 
chamadas famílias aglutinadas. Esse tipo de família, caracteriza-se por um 
emaranhamento, onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde 
 
11 
o comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos 
demais, conforme RODRIGUES (2011). 
Portanto, nessas famílias, quando se faz um movimento de diferenciação ou 
distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, morar 
em outro lugar, grupo de amigos, entre outros) é vivenciado como extrema dificuldade, 
ou como uma traição geradora de chantagens e sentimentos de abandono e culpa, 
conforme RODRIGUES (2011). 
 
Fonte: psicologado.com.br 
Diante de tantas situações em que acontecem por influencias, é comum e 
também natural que a família adoeça e, então, entre no chamado estado 
"disfuncional". 
Uma família disfuncional é aquela que as necessidades materiais, sociais, 
espirituais, afetivas e culturais deixam de funcionar corretamente, a família responde 
às exigências internas e externas de mudança, padronizando seu funcionamento. Isso 
geralmente ocorre quando os membros da estrutura familiar deixam de contribuir para 
que o ambiente seja positivo, conforme BALTAZAR; (2004). 
 Resultado são relações cada vez mais fragilizadas e desgastadas, relaciona-
se sempre da mesma maneira de forma rígida não permitindo possibilidade de 
alternativas. Podemos dizer que ocorre um bloqueio no processo de comunicação 
familiar. Por mais doentio que possa parecer, este comportamento tem que ser 
https://www.psicologo.com.br/blog/como-melhorar-o-relacionamento-familiar/
 
12 
mantido nem que para isso seja eleito um membro para "ser" ou "ter" o problema, 
conforme BALTAZAR; (2004). 
Os sintomas identificados no paciente constituem a expressão de uma 
disfunção familiar e tratar apenas do paciente identificado somente iria 
desfocar o problema, sem considerar as inter-relações que se estabelecem 
no grupo, conforme BALTAZAR; (2004). 
2 O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA 
FAMÍLIA. 
 
Fonte: revistacrescer.globo.com 
As crianças em idade escolar passam mais tempo longe de casa do que antes; 
entretanto o lar e as pessoas que ali convivem continuam sendo a parte mais 
importante de seu mundo. A maioria dos pais continuam oferecendo apoio e sendo 
amorosos e envolvidos com seus filhos, conforme ANGELIM (2005). 
De acordo com Furman & Bwhrmester, (1985 apud ANGELIM S; 2005), as 
crianças buscam em seus pais afeto, orientação, laços seguros e duradouros, 
além de afirmação de competência ou valor pessoal. Depois dos pais, os avós 
eram os mais importantes, sendo vistos como calorosos e fontes de apoio e 
afeição, estimulando o valor próprio. 
À mediada que as vidas das crianças mudam, também mudam questões entre 
elas e os pais. Muitos pais se perguntam até que ponto devem se envolver com vida 
escolar das crianças. Eles se perguntam o que fazer em relação a uma criança que 
se queixa do professor ou se comporta mal na escola. Eles se preocupam onde e com 
 
13 
quem estão as crianças quando não estão na escola. Discórdias muitas vezes surgem 
em relação às tarefas domésticas e mesadas, conforme ANGELIM (2005). 
Evidentemente, muitas dessas questões são irrelevantes em sociedades nas 
quais as crianças têm que trabalhar para ajudar a família a sobreviver. Para 
compreender o estado psicológico da criança na família, precisamos observar o 
ambiente familiar sua estrutura e sua atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado 
pelo que ocorre fora de casa. (ANGELIM, 2005). 
Como assinala BRONFENBRENNER (1985; apud ANGELIM S; 2005), níveis 
adicionais de influência incluindo a profissão e a condição socioeconômica dos pais e 
as tendências da sociedade como divórcio e segundo o casamento ajudam a moldar 
o ambiente familiar e, assim o desenvolvimento psicológico das crianças. Acima 
dessas influências encontram-se valores culturais mais importantes que definem 
ritmos da vida familiar e papéis dos membros familiares. 
Conforme discute Harrison, Wilson, Pine, Chan & Buriel (1990; apud ANGELIM 
S; 2005), os diversos grupos étnicos têm estratégias adaptativas diferentes, padrões 
culturais que promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e afetam o modo de 
socialização das crianças. As crianças nessas famílias minoritárias são estimuladas a 
cooperar, compartilhar e desenvolver interdependência. Os papéis sociais tendem a 
ser mais flexíveis. 
Em função da necessidade econômica, os adultos dividem o sustento da família 
e as crianças assumem responsabilidades pelos irmãos mais jovens. A família maior 
(família que abrange diversas gerações, formadas não apenas pelos pais e filhos, mas 
também pelos parentes mais distintos: avós, tias, tios e primos) oferece laços íntimos 
e fortes sistemas de apoio. Esses parentes têm maior probabilidade de viver na 
mesma casa que a criança, interagindo diariamente com ela, conforme ANGELIM 
(2005). 
Esses padrões culturais afetam os padrões de desenvolvimento psicológico da 
criança, os parentes da família maior tornam-se cada vez mais importantes para as 
crianças mais velhas como ponte para o mundo social externo. Ao observarmos a 
criança na família, precisamos estar conscientes das diferenças culturais, conforme 
ANGELIM (2005). 
Segundo Haurin (1992; apud ANGELIM S; 2005), “o ambiente no lar de uma 
criança tem dois componentes principais. Existe a estrutura familiar: se os 
dois pais ou apenas um, ou outra pessoa, está criando a criança. Ambos os 
fatores têm sido afetados pelas mudanças na vida familiar”. 
 
14 
De acordo com BRAY & HETHERINGTON (1993, p.108; apud ANGELIM S; 
2005), as crianças geralmente têm melhor desempenho na escola e menos problemas 
emocionais e comportamentais quando passam sua infância em uma família mais 
intacta com dois pais que tem um bom relacionamento um com o outro. Contudo, a 
estrutura por si mesma não é a chave. O relacionamento dos pais e sua capacidade 
de criar um ambiente favorável, afeta à adaptação das crianças mais do que a 
condição conjugal propriamente dita. 
 
Fonte: exame.com 
A influência mais importante do ambiente familiar no desenvolvimento das 
crianças é a atmosfera social e psicológica em casa: se for favorável e amorosa ou 
pontuada de conflitos, e se existe bem-estar econômico ou não. Com frequência as 
duas facetas estão inter-relacionadas, conforme ANGELIM (2005). 
Um aspecto significativo da atmosfera no lar é a condição socioeconômica da 
família, a qual reflete em grande parte o trabalho remunerado que um ou ambos os 
pais realizam. O trabalho dos pais tem outros efeitos indiretos na atmosfera familiar e 
consequentemente no desenvolvimento psicológico das crianças. Grande parte do 
tempo do esforço e do envolvimento emocional dos adultos vai para as suas 
ocupações conforme ANGELIM (2005). 
 
15 
3 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DOS SINTOMAS 
O estudoda família e sua importância na estruturação de sintomas em seus 
membros têm sido abordados por vários estudiosos que acreditam que as condições 
nas quais ocorre o desenvolvimento da criança determinam uma intrincada série de 
relações intersubjetivas, estruturadoras de redes de fantasias e de significados que 
só podem ser corretamente avaliadas se incluídas em uma psicodinâmica familiar, 
conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. 
Os pais transmitem a seus filhos seus conhecimentos, de acordo com as 
possibilidades psicológicas reais que possuem, determinados pelos respectivos 
traços de caráter, e estes por sua vez configuram a cultura e a ideologia da família. 
Os filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes impressas 
em sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabe vivenciar e de 
conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir das séries 
complementares, em que tem um peso considerável o modelo recebido de seus 
progenitores neste sentido, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. 
Pensamos também que a família pode tornar-se o núcleo das enfermidades e 
sintomas em crianças e adolescentes. SOIFER (1992 apud BALTAZAR J; MORETTI 
L; BALTHAZAR M; 2006), relata que a enfermidade da criança, ou seja, seu papel de 
“bode expiatório” representa uma aprendizagem, que seus progenitores não puderam 
completar no momento evolutivo correspondente. 
PICHON – RIVIÈRE (1986 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 
2006) define a família como a estrutura social básica que se configura pelo entre jogo 
de papéis diferenciados (pai-mãe-filho) e explica o mecanismo de “depositação” do 
entre jogo, entre depositante, depositado e depositário: afetos, fantasias e imagens 
(depositado), que cada pessoa (depositante), coloca sobre o outro (depositário). 
SOIFER (1983 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) aponta 
a incidência do papel da família na enfermidade da criança, concluindo que é difícil 
classificar um único membro como doente em uma família e propondo-se a estudar o 
entre jogo das relações familiares e sua significação para o aparecimento da “doença” 
em um paciente identificado. Na complexa relação do indivíduo e sua família, nesta 
extensa identificação, na relação de aprendizagem afetiva, o indivíduo irá registrar 
uma gama de sentimentos inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos 
prejudiciais e inibidores, que guardam segredos e mitos de família. 
 
16 
Para PINCUS & DARE (1987 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR 
M; 2006), os segredos podem pertencer a um membro da família ou, ser 
compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os 
membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem um 
mito. Os referidos autores acima ainda descrevem: 
Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre aqueles 
que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que os esconde 
dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias. Tais 
segredos podem ser inconscientemente partilhados por pais e filhos através de 
gerações e muitas vezes não são facilmente distinguidos do mito familiar, conforme 
BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. 
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se 
estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo 
terá que vivenciar ao constituir uma família, conceber uma criança e cuidar do seu 
desenvolvimento, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006. 
Em Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos (1909 apud BALTAZAR J; 
MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), Freud nos mostra a importância e nos orientou 
que as atitudes dos pais, conscientes ou inconscientes, podem significar na formação 
de um sintoma na criança. A análise deste caso nos ensina como os sintomas do 
pequeno Hans foram interpretados como resultante de conflitos edipicos não 
resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação édipica, ele deveria estruturar-
se defensivamente também em relação aos conflitos parentais sobre ele projetados 
(FREUD, 1969 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006). 
ZORNING, (2001 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) 
aborda o fato de como o entrelaçamento do sintoma da criança e as fantasias 
parentais, colocam o psicanalista e/ou psicólogo em uma posição de ouvir diferentes 
demandas e discursos sobre a criança para poder intervir como um elemento 
separador, permitindo um deslocamento entre a demanda dos pais e o sintoma da 
criança. Poderíamos dizer que esta prática é marcada pela posição de dependência 
estrutural da criança diante de seus cuidadores fundamentais, fazendo com que a 
desconsideração deste “nó sintomático” possa inviabilizar o tratamento da criança. 
Para MANONNI (1967 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), 
Dolto (1989 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) e VANIER (1993 
apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), a neurose dos pais tem um 
 
17 
papel fundamental na eclosão dos sintomas da criança, pois esta fixa sua existência 
num lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias e desejos. 
 A criança procura responder ao enigma dos significantes obscuros propostos 
pelos adultos identifica-se ao que julga ser objeto do desejo materno, 
tentando preencher a falta estrutural do Outro e evitar a angústia de castração 
(MANONNI, DOLTO E VANIER apud ZORNING, 2001 apud BALTAZAR J; 
MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006). 
Freud (1909 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), na 
Análise de uma fobia de um menino de 5 anos (Caso do Pequeno Hans), pós-escrito 
em 1922, reforça a ideia de que ao indicar a função da especificidade da criança, ou 
seja, do fato de os pais, na realidade exercerem uma forte influência sobre ela, é 
necessário combinar o tratamento psicanalítico da criança com algum trabalho 
efetuado com os pais, sob o risco de a análise se tornar inviável pela resistência 
exercida pelos pais (FREUD, 1969 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 
2006). 
4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR 
 
Fonte: eusemfronteiras.com.br 
É fundamental considerar o mecanismo de feedback, isto é, mecanismo de 
retorno ao ponto de origem da resposta do destinatário da informação, o que tem como 
consequência manter ou alterar o conteúdo da comunicação por parte do emissor. 
Neste sistema de comunicação podemos admitir que pode não haver coincidência 
 
18 
entre o conteúdo da comunicação (mensagem) emitido pela fonte da comunicação e 
a mensagem recepcionada pelo destinatário da comunicação. Isto deve-se a barreiras 
e obstáculos à comunicação, dificultando a compreensão do processo familiar, 
contribuindo por vezes para a instabilidade e o desequilíbrio do sistema, conforme cita 
DIAS (2011). 
A comunicação entre todos os membros da família é importante, torna-se ainda 
mais relevante na relação progenitor -filho porque a influência principal na vida moral 
dos filhos é essencialmente exercida pelos pais, sobretudo para as crianças mais 
novas (WEISSBOURD, 2010 apud DIAS M, 2011). 
Estes bloqueios podem ser provenientes das competências comunicadoras do 
emissor e do receptor, no que se refere à forma como codificam e descodificam as 
mensagens, bem como à sua capacidade de raciocinar sobre os conteúdos das 
mesmas, conforme DIAS (2011). 
A família é então um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagem de 
dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos 
positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de 
pertencermos àquela e não a outra família. Assim, o processo de comunicação na 
família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é fator 
e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos das 
condições iniciais e mais do processo comunicativo, conforme DIAS (2011). 
A família passa por um processode desenvolvimento, que engloba a 
diferenciação estrutural (mudanças na organização relacional) e a coevolução 
(transformações relacionadas com a comunicação). Ora, durante este processo 
comunicativo há elementos que continuam e que dão consistência às relações, mas 
há também elementos que se transformam e dão origem a mudanças, sendo que no 
decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre 
bilaterais ou múltiplas, conforme cita DIAS (2011). 
A comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar as relações 
entre os membros da família e o meio social. 
 
 
19 
 
Fonte: porvir.org 
Este exercício de comunicar, estabelece uma relação, e, nesse sentido exige 
treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes e 
comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico da 
estrutura, mas também os gestos e toda linguagem do corpo. Estamos perante um 
conceito transdisciplinar que traz valor acrescentado essencialmente às Ciências 
Sociais e Humanas. (DIAS, 2011). 
Neste contexto, aprendemos que comunicar subentende relação, promove 
capacidade de expressão que, para além de quebrar a solidão, é ligada a outrem, é 
satisfação das necessidades de ordem intelectual, afetiva, moral e social, constituindo 
um componente essencial da vida de cada um em particular e em geral de todo o 
sistema familiar, conforme DIAS (2011). 
O processo de comunicação no sistema familiar conduz o indivíduo à 
adaptação social, caso contrário, a relação familiar torna-se insustentável e a 
possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e no sistema social 
pode acontecer. O sistema familiar pode facilitar as trocas adaptativas ajustando as 
mudanças que se dão no meio ambiente conforme DIAS (2011). 
A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na 
sociedade. Como a família é a primeira instituição a facultar as relações, como o modo 
que nela se desenvolve os processos de comunicação, determinará o maior ou menor 
sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e, 
consequentemente, a integração na sociedade (Dias, 2002: 15 e ss; apud DIAS M, 
2011). 
 
20 
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA 
A família é a “célula mater”, da sociedade, ou seja, o início da formação do 
indivíduo seja ela por carga genética, psíquica ou moral. Entretanto, vivemos 
numa sociedade denominada filosoficamente de pós-moderna, e muitas 
visões sobre o que é o “certo e errado” tem gerado certas tensões, ora 
convergentes, ora divergentes, e nesse conflito, como a família tem se 
apresentado em meio a essa turbulência? (TORRES, ALFREDO, 2007, p.01 
apud OLIVEIRA A; 2015;). 
A adolescência se constitui como sendo uma fase de transição do indivíduo, da 
infância para a fase adulta, evoluindo de um estado de intensa dependência para uma 
condição de autonomia pessoal e de uma condição de necessidade de controle 
externo para o autocontrole, sendo marcado por mudanças evolutivas rápidas e 
intensas nos sistemas biológicos, psicológicos e sociais (Prata e Santos, 2007 apud 
PRATTA E; SANTOS;2007). 
Nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, culmina 
todo o seu processo de maturação biopsicossocial, ocorrendo a aquisição da imagem 
corporal definitiva, bem como a estruturação final da personalidade, (DRUMMOND & 
DRUMMOND FILHO, 1998; OSÓRIO, 1996 apud SANTOS M; PRATTA E; 2007). 
Em nossa sociedade no geral, a adolescência se caracteriza por uma condição 
que não é mais a de criança, mas não deve ser ainda a do adulto. É a condição de 
adolescente, selada pela provisoriedade, conforme SILVA (2011). 
A construção psicológica do adolescente tem em conta a sua história pessoal, 
bem como suas novas competências sexuais, cognitivas e sociais. A história familiar 
do adolescente não se inicia na adolescência, estando presente mesmo antes da 
infância, durante a gravidez planejada ou não, conforme CRUZ (2007). Na 
dependência das características da família é que vão surgir determinadas 
características do adolescente, considerando-se estas não só no nível interno do 
adolescente, mas também no nível de seu relacionamento com o meio externo. 
Em uma perspectiva sistêmica, a adolescência é compreendida como uma fase 
do ciclo de vida familiar, um evento previsível que apresenta grande impacto na vida 
familiar e apresenta tarefas particulares que envolvem todos os membros da família, 
conforme SANTOS & PRATTA, (2007). 
É importante compreender o conjunto familiar, o que acontece com as unidades 
inter-relacionadas e facilitar a construção de um pensamento pessoal crítico, que 
 
21 
implique numa responsabilidade pessoal pela escolha dos rumos vividos, conforme 
SANTOS & PRATTA, (2007). 
A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de uma 
série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando-se a frequência 
das brigas, disputas entre pais e filhos durante este período, uma vez que a 
necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta o potencial de 
conflitos entre as gerações. Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como 
conflitivo, como crise de identidade por Erickson e tem a denominação universal de 
tempestade e estresse, conforme SANTOS & PRATTA, (2007). 
As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente 
às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel denominou 
síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um conceito relativo a um 
processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo. 
Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e 
sintomas que caracterizam esta fase da vida: 
• Busca de si e da identidade; 
• Tendência grupal; 
• Necessidade de fantasiar e intelectualizar; 
• Crises religiosas; 
• Deslocamento temporal; 
• Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade; 
• Atitude social reivindicatória; 
• Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta; 
• Separação progressiva dos pais; 
• Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo. 
Como consequência, a adolescência afeta o ciclo vital familiar e seu estilo de 
vida mais do que qualquer outra fase da vida, pois desestabiliza o sistema e provoca 
novos ajustes para manter as relações e a saúde mental de seus membros, conforme 
CRUZ (2007). 
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo 
parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da 
adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes 
 
22 
estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo 
adolescente. (CRUZ, 2007). 
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são 
exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a 
fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas 
conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre 
as gerações, conforme CRUZ (2007). 
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes por maior autonomia e 
independência frequentemente precipitam mudanças no relacionamento entre as 
gerações, fazendo aflorar conflitos não resolvidos entre pais e avós (dos 
adolescentes), em sua infância ou adolescência, conforme CRUZ (2007). 
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o 
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em 
direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento 
conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós. Os pais 
além de reavaliar e analisar a própria adolescência, bem como os pais de seu período 
adolescente, enfrentam novos estágios de seu ciclo vital, aparecendo então novas 
preocupações: a perda do corpo joveme a aproximação da aposentadoria e velhice. 
(CRUZ, 2007). 
Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou 
ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais, 
profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas 
experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais 
podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a 
integrar as perdas da velhice, conforme CRUZ (2007). 
Com o rápido crescimento físico e a maturação sexual durante a puberdade 
são acelerados os movimentos que buscam solidificar uma identidade e estabelecer 
a autonomia em relação à família. Para muitos pais, a percepção de que o filho está 
se tornando adolescente só acontece ao se darem conta das modificações corporais 
ocorridas com o filho. O desenvolvimento psicossocial não é considerado, conforme 
CRUZ (2007). 
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes 
não são entendidos como característicos da adolescência, mas sim percebidos como 
má criação dos filhos (comportamentos não aprovados). Muito frequentes são as 
 
23 
queixas quanto à instabilidade de comportamento, indisciplina e rebeldia dos filhos. 
(CRUZ (2007). 
O adolescente tentando descobrir novas direções e formas de vida, desafia e 
questiona a ordem familiar até então estabelecida. A ambivalência, independência / 
dependência, vivenciada por ele cria tensão e instabilidade nas relações familiares, o 
que frequentemente leva a conflitos intensos que podem tornar-se crônicos. Os filhos 
lutam pela independência de modo ambivalente, pois ao exigirem a independência de 
seus filhos com relação a eles mesmos, também o fazem de modo ambíguo, 
comportando-se como bloqueadores da independência dos filhos, conforme CRUZ 
(2007). Os pais muitas vezes tentam puxar as rédeas ou retrair-se emocionalmente 
para evitar novos conflitos. 
 Os adolescentes, por outro lado, no esforço para abrir seu próprio caminho, 
recorrem a ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas, 
buscam apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm 
mais liberdade, conforme CRUZ (2007). 
O adolescente quer independência, mas também quer e precisa de limites. Por 
outro lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na 
vida do filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo 
postura de diálogo, de abertura para com o filho, conforme CRUZ (2007). 
Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos. 
Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento 
tão importante de estruturação da personalidade. Na adolescência, a evolução da 
dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um momento doloroso 
para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando os adolescentes se 
tornam mais independentes, pois percebem que não são mais necessários como 
antes, e dessa forma o sentimento de perda (perda da criança) e medo de abandono 
podem ocorrer, conforme CRUZ (2007). 
Às vezes os pais, incapazes em lidar com a perda da dependência do filho, 
podem apresentar-se depressivos. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar 
com a perda do eu infantil e da família como fonte primária de afeto. A perda desse 
primeiro vínculo romântico também pode desencadear a depressão no adolescente. 
Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e filhos foi denominado por 
Stone e Church como Síndrome da Ambivalência Dual, conforme CRUZ (2007). 
 
24 
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papeis na 
família. De unidades que protegem e nutrem os filhos, as famílias passam a ser o 
centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das 
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto, conforme CRUZ (2007). 
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes se 
aproximarem, serem dependentes (nos momentos em que não conseguem controlar 
suas vidas sozinhos), se afastarem e experimentaremos desafios, com graus 
crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços especiais de 
todos os membros da família, conforme CRUZ (2007). 
Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve 
cumprir aquilo que Erickson chama de Tarefas do Desenvolvimento: 
• Conhecer a si mesmo; 
• Adotar um papel sexual; 
• Conseguir autonomia diante da família; 
• Definir- se vocacionalmente; 
• Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua 
identidade. 
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias 
continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores, 
entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso para as famílias nesse estágio. Por 
exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental 
permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes, conforme CRUZ 
(2007). 
 
25 
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO 
 
Fonte: dm.jor.br 
Na infância ocorrem os seguintes processos de desenvolvimento da criança: 
cognitivo, físico e mental. A primeira infância é o momento em que a criança aprende 
e se conceitua como um Eu. NEWCOMBE (1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 
2016) define que, com aproximadamente dezoito meses, a criança já se reconhece, 
fazendo com que nos meses seguintes sua autopercepção e sentimentos sejam 
aprimorados. 
 A criança mais velha tende a se descrever a partir da forma como percebe seu 
corpo, pois nomeia suas características observáveis e só mais tarde observa traços 
psicológicos, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. 
Percebe-se, nas literaturas, a importância da autoestima da criança, pois após 
formar um autoconceito, ela atribui valores para si própria, podendo ou não influenciar 
em sua autoestima (NEWCOMBE, 1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
NEWCOMBE (1999 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016) relata que o 
desenvolvimento dos filhos dependerá dos pais, de como eles estão ou não saudáveis 
psicologicamente, visto que os pais promovem a segurança emocional da criança, a 
independência, o sucesso intelectual e a competência social. 
 Nas casas de pais divorciados seria de grande importância se os ex-cônjuges 
mantivessem uma relação solidária, pois o autor traz a importância das relações pai e 
mãe para melhor adaptação da criança ao novo contexto familiar. As crianças mais 
 
26 
jovens sofrem mais com o divórcio, até mesmo, acreditando serem culpadas por tal 
acontecimento, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016. 
O divórcio vivenciado durante a infância poderá gerar efeitos negativos na vida 
da criança, já que segundo HOMEM (2009 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), com 
a concretização do divórcio e a saída de um dos genitores de casa, a criança fica 
quase que privada desse genitor. 
 Além do contato, possivelmente, se tornar menor, a criança pode perceber 
uma perda da atenção, da figura parental e do tempo disponível. O divórcio gera, no 
filho, sentimento de insegurança em relação aos vínculos familiares, influenciado 
diretamente pelo comportamento parental. A longo prazo, o desenvolvimento infantil 
exposto a esses fatores pode levar a dificuldades em sua autoestima, conforme SILVA 
& GONÇALVES; 2016. 
 OAKLANDER (1980; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016) discorreu que o 
divórcio poderá ser o desencadeador da baixa autoestima na criança, demonstrando-
se através de comportamentos como: chorar com facilidade, necessidade de vencer, 
trapaças, comportamentos antissociais, críticas a si mesmo, entre outros. O divórcio 
pode ainda, dificultar o desenvolvimento sadio da criança que, se acompanhada de 
negligência por parte do genitor presente, elevando o grau de sofrimento da mesma. 
A infância é a fase inicial do desenvolvimento psíquico e fisiológico, logo, o 
infanteprejudicado nesta fase terá maior probabilidade de desenvolver algum tipo de 
patologia. Isso se agrava pela ausência de um dos genitores no período de 
desenvolvimento, podendo comprometer a saúde mental da criança. Durante o 
divórcio, a criança vivencia inúmeras situações novas e desagradáveis que, a longo 
prazo, podem se transformar em transtornos psicossociais (FERRIOLLI, 2007; apud 
SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Segundo TOLOI (2006; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), nos conflitos 
interparentais, lidar com o divórcio e com seus efeitos têm grande influência na saúde 
mental dos sujeitos envolvidos. A autora percebeu que mudanças ocorridas de forma 
rápida são geradas de inúmeras transformações nas crianças as quais vivenciavam o 
divórcio dos pais, causando impacto direto no funcionamento mental. 
Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um 
relacionamento coparental saudável, envolvendo-se em brigas, discussões e, até 
mesmo, agressões. As crianças que assistem esses tipos de agressões recebem um 
impacto direto em sua saúde mental. 
 
27 
A separação pode ser entendida como uma relação parental fracassada, 
porém, quando existem filhos, trata-se de uma relação de pais separados e de filhos 
que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar, conforme SILVA & GONÇALVES; 
2016. 
As mudanças em tal núcleo geram conflitos emocionais cabendo aos ex-
cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova configuração da relação e da realidade 
familiar, beneficiando o filho, que continua existindo para ambos (GRZYBOWSKI, 
2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Diante de um sistema familiar, existem inúmeras relações possíveis, sendo a 
criança contribuinte ativa nas interações. Cada membro da família exerce um papel 
de importância e de influência. A influência da criança na relação com seus genitores 
é de vital importância para seu desenvolvimento saudável. O surgimento de 
determinada mudança repentina na base familiar pode influenciar diretamente em seu 
desenvolvimento. Dentre as principais mudanças, cita-se: crescimento físico, 
desenvolvimento da linguagem, concepção do eu, desenvolvimento cognitivo e 
autonomia. (RODRIGUES,2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Martins (2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), relata que, devido à 
grande incidência de divórcios na atualidade, os efeitos para as crianças 
estão sendo potencializados, desestabilizando vínculos familiares e criando 
um novo modelo de família, a família monoparental. Entende-se que a 
separação vem afetando todas as partes envolvidas no divórcio, então, com 
o objetivo de diminuição dos danos, a psicologia, nesses casos, procura 
trabalhar as possibilidades de vínculo, favorecer a preservação da saúde 
mental dos envolvidos, principalmente da criança em desenvolvimento. A 
elaboração do divórcio, para a criança, dependerá de como ele se deu, de 
forma conflituosa ou não, de como serão estabelecidos os vínculos no 
período posterior ao divórcio, da frequência das visitas, do relacionamento 
entre os pais. 
7 PARENTALIDADE X CONJUGALIDADE: OS DESAFIOS DE COMPARTILHAR 
A CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS APÓS O DIVÓRCIO 
O aumento do número de divórcios demandou que as famílias se 
reorganizassem de novas formas após a ruptura da conjugalidade. Com quem ficam 
os filhos, é um questionamento recorrente dentro desse cenário e se constitui como 
motivo de conflito entre os ex-cônjuges. Isso porque a separação diz respeito à vida 
do casal e, para ambos exercerem a parentalidade, precisam se relacionar de alguma 
 
28 
forma, visando que pai e mãe possam estar perto dos filhos, conforme GORIN M; 
(2015). 
Essa discussão se faz presente, hoje, especialmente por meio da valorização 
recente por parte da Justiça, da guarda compartilhada dos filhos entre os genitores, 
priorizando a participação de ambos os pais no convívio com os filhos. Porém, muitas 
vezes, os conflitos entre os membros do ex-casal permanecem e surge a pergunta se 
é possível, de fato, compartilhar o convívio com os filhos quando não se compartilham 
mais tantos outros aspectos da vida, conforme GORIN M; (2015). 
Para Dantas (2004 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), é de suma 
importância que se fortaleçam os vínculos com os filhos após a separação. A 
construção da personalidade da criança, para a autora, se relaciona com o 
momento no qual se reconhece em seus pais. Ela levanta a importância 
paternal e maternal para o desenvolvimento sadio da criança, já que sem 
relação com os pais, a criança não consegue construir sua própria identidade. 
Os momentos de ser reconhecido e se reconhecer precisam acontecer na 
relação entre pais e filhos. 
De acordo com GORIN M; (2015) o desejo de ter filhos, deve ser construído 
pelo casal para depois os mesmos possam explorar mais profundamente as 
dificuldades do exercício da parentalidade após a separação. Dessa forma, nos 
questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do divórcio, levando 
em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam sendo muito 
envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se misturam, levando-
nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da conjugalidade no sujeito e 
como isso transforma a experiência de ser pai e mãe. 
7.1 Do casal conjugal ao casal parental 
Na construção do casal conjugal, há negociação entre os dois indivíduos 
envolvidos, de forma que ambos precisam abandonar uma parte de seus modelos e 
ideias, mas ao mesmo tempo mantém, necessariamente, outras partes de seu espaço 
psíquico. SMADJA (2011 apud GORIN M; 2015) fala desse processo, destacando o 
trabalho psíquico necessário para construir e manter a conjugalidade, transformando 
dois sujeitos em um grupo. 
A partir da conjugalidade construída e constantemente investida por ambos os 
membros do casal, o autor aponta que o nascimento de uma criança aparece como 
traumático para os pais em termos psíquicos. Isso porque novamente demanda 
 
29 
deslocamentos de identificações e investimentos para os sujeitos, um novo trabalho 
de elaboração psíquica precisa ser realizado, trazendo à tona conflitos, angústias e 
defesas (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 2015). 
Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para 
o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, HINTZ & 
BAGINSKI (2012 apud GORIN M; 2015) destacam que o nascimento do filho traz 
novas funções para o homem e a mulher, de forma que um tempo de adaptação se 
faz necessário. Além disso, essas novas responsabilidades de cada um em relação à 
parentalidade têm repercussões na relação conjugal. 
Ziviani, Féres-Carneiro e Magalhães (2012 apud GORIN M; 2015) destacam 
que um casal engloba conteúdos psíquicos de dois sujeitos com histórias e 
vivências distintas. O conteúdo transgeracional e as identificações de cada 
membro do casal são oriundos de sua família de origem e levados para a 
formação da identidade conjugal. Para os autores, conciliar a conjugalidade 
e a parentalidade é um dos grandes desafios e torna o vínculo indissolúvel, 
pois a dissolução do casamento não acarreta na dissolução do casal parental. 
Isso significa que a responsabilidade, em relação à prole, constitui uma 
continuidade de vínculo em relação ao cônjuge. 
Assim, a introdução de uma criança entre os dois parceiros é um acontecimento 
complexo. SMADJA (2011 apud GORIN M; 2015), destaca as diversas facetas 
envolvidas no desejo de um casal conjugal de ter filhos. Para o autor, esse desejo é 
ambivalente para todos, e envolve não apenas investimento no objeto, mas 
investimento narcísico também. O que poderia levar a inúmeros questionamentos, 
como, por exemplo, se o desejo é ter um filho para si ou ter um filho do parceiro e, em 
última instância, se é possível separar o próprio desejo do desejo do outro. 
O autor destaca que o desejo de ter filho é marcado de forma central pela 
diferença entre os gêneros.Para as mulheres, de forma geral, o filho aparece como 
complemento narcísico e fálico. Além disso, o filho ocupa um lugar erótico, relacionado 
à fantasia da experiência de maternidade, que se relaciona ao desejo incestuoso de 
ter um filho do pai, conforme GORIN M; (2015). 
De qualquer forma, é comum para homens e mulheres que os filhos ocupem 
um lugar de interrogação no que diz respeito aos objetos de investimento e 
seu espaço no funcionamento conjugal (SMADJA, 2011 apud GORIN M; 
2015). O complexo de Édipo e o narcisismo, com suas marcas na constituição 
psíquica, orientam as possibilidades subjetivas no processo de tornar-se pai 
e mãe, com toda a história familiar e individual que acompanha o sujeito. 
 
30 
7.2 A dissolução do casal conjugal: como permanecer um casal parental? 
O conceito de parentalidade se refere a um tornar-se pai e mãe como processo, 
consciente ou inconsciente, que passa pela história da família e pelo contexto 
sociocultural. A respeito do processo de construção da parentalidade, LEBOVICI 
(2006 apud GORIN M; 2015) descreve o ser pai ou mãe para além do biológico, 
ressaltando a descendência e o herdado da família, o que o sujeito transmitirá 
intergeracionalmente. “Assim, defino a parentalidade como o produto do parentesco 
biológico e da parentalização do pai e da mãe” (p. 22). Em relação à parentalização, 
este autor aponta que os filhos têm um papel ativo nesse processo. 
Ainda de acordo com LEBOVICI (2006 apud GORIN M; 2015), a construção da 
parentalidade envolve elaborá-la no imaginário e lidar com os próprios pais. Segundo 
o autor, nos casos de famílias recompostas, esse processo é ainda mais complexo. 
É a partir dessa concepção que refletiremos sobre a parentalidade e o divórcio. 
Após o divórcio, há um término do casal conjugal, porém o vínculo como casal parental 
deve continuar, caso existam filhos. Isso se justifica, porque, independentemente do 
arranjo conjugal, os genitores permanecerão nos papéis de pais dos filhos, conforme 
GORIN M; (2015). 
Quando duas pessoas se casam, há a construção de uma nova identidade. 
Essa identidade conjugal se desfaz aos poucos no divórcio, demandando uma 
redefinição da identidade individual de cada um dos membros do ex-casal. Esse 
processo é doloroso tanto para o homem quanto para a mulher e acontece de formas 
singulares. É um desafio para ambos, em meio aos conflitos e às mudanças, continuar 
a ser pai e mãe (FÉRES-CARNEIRO, 2003 apud GORIN M; 2015). 
Na fase de reorganização da identidade individual, exercer a parentalidade de 
forma conjunta é complexo. GRZYBOWSKI & WAGNER (2010 apud GORIN M; 2015) 
apontam que a coparentalidade, após o divórcio, pauta-se pela conjugalidade e pelos 
vínculos emocionais entre pais e filhos. 
As autoras entendem que o vínculo que uniu o casal e os sentimentos antigos 
e atuais estão atrelados, inevitavelmente, à parentalidade, sendo difícil dissociá-los. 
Além disso, destacam que a ligação entre os genitores e os filhos antes e depois do 
divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a coparentalidade, em 
função do, não raro, afastamento da figura paterna, conforme GORIN M; (2015). 
 
31 
Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos, 
envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses 
processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com 
a maternidade, sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a 
dia com filhos, casa e trabalho (FÉRES-CARNEIRO ZIVIANI, MAGALHÃES e 
PONCIANO, 2013; apud GORIN M; 2015). 
Para MARINHO (2011; apud GORIN M; 2015), a coparentalidade após o 
divórcio depende da cooperação entre os ex-cônjuges. É importante que os pais 
possam negociar, entre eles, as questões relacionadas ao cuidado com os filhos, 
apesar de estarem separados. Especialmente em um momento conflituoso, isso se 
torna mais difícil, visto que conjugalidade e parentalidade ficam sem um contorno que 
as delimitem. Dessa forma, a reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal 
parental e não pelo conjugal (SCHNEEBELI & MENANDRO, 2014; apud GORIN M; 
2015). 
7.3 A importância familiar para a reestruturação da criança após a separação 
Segundo ALMEIDA (2011 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), a família é o 
primeiro grupo ao qual a criança pertence e é a partir dele que surgem inúmeros tipos 
de vínculo que poderão interferir na formação da identidade do sujeito e também na 
sua modalidade de aprendizagem, cuja formação se dará de acordo com seus 
primeiros contatos no âmbito familiar. Nesse sentido, a família, em um primeiro 
momento, comporta toda a referência da criança e é a responsável pela sua formação. 
A família, como sistema, tem a função psicossocial de proteger, cuidar e zelar 
por seus membros. A sua estrutura é formada pelas normas transacionais 
que se repetem e, assim, criam sua identidade, compartilhando e repassando 
histórias e vivências passadas. Com a separação, a divisão da família ocorre, 
sua estrutura é prejudicada e os vínculos familiares empobrecidos (ALMEIDA, 
2011 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Para SANTOS (2013 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), família é um grupo 
de pessoas que moram junto e desenvolvem laços afetivos e/ou sanguíneos. Também 
a descreve como base do sujeito, já que ao nascer é inserido em grupos familiares, 
garantindo sua sobrevivência e aprendendo determinados valores. 
Nos dias atuais, com a sua reestruturação, pode haver famílias com só um dos 
genitores, ou genitores do mesmo sexo, uma família adotiva, entre outras, 
 
32 
dependendo da nova organização feita. Sendo assim, no período posterior ao divórcio, 
a família passa também pela mudança no seu núcleo. SANTOS (2013 apud SILVA I; 
GONÇALVES C; 2016), fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem 
após o divórcio: 
✓ Fase aguda: a fase pré-divórcio, na qual ocorrem as brigas, discussões, 
insatisfação com o outro e evidente frustração, na maioria das vezes, é 
vivenciada também pela criança. 
✓ Fase transitória: o divórcio já foi consolidado, e agora ocorrem as 
reorganizações de papéis, as novas normas e regras, entre pais e filhos. 
✓ Fase do ajuste: aceitação do divórcio, fase em que ocorre a restauração 
tanto de pais quanto de filhos, consolidando novas visões e podendo ser 
inserido novo integrante ao âmbito familiar. 
Para o autor, com a separação dos pais, é possível que ocorra um 
distanciamento desses em relação aos filhos. Após o divórcio pode ainda ocorrer a 
briga pela guarda da criança, colocando ainda mais distanciamento à vinculação 
familiar pós-divórcio, conforme SILVA & GONÇALVES; 2016). 
Neste contexto, a criança precisa reconstruir as figuras paterna e materna após 
a separação, ressignificando as vivências e experiências passadas. Após a mudança 
grandiosa que é a saída de uma das figuras parentais de casa, é preciso se adaptar 
a uma moradia onde as coisas serão diferentes. É de grande importância para a 
estruturação da criança que esses ambientes sejam, em alguma medida, parecidos, 
compartilhando das mesmas regras, deveres e rotina (GRZYBOWSKI 2010; apud 
SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
As crianças mais jovens, de acordo com SANTOS (2013; apud SILVA I; 
GONÇALVES C; 2016), têm maiores dificuldades de entender e simbolizar a 
separação, estas estão mais propensas a se culparem e sentirem abandonados pelos 
pais. 
Segundo Ramires (2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), junto com a 
mudança estrutural familiar existem as externas, como mudança de casa, 
nível econômico social, perda do contato com a outra parte. Na separação, o 
ideal seria que a família se subdividisse em busca de um relacionamento 
saudável, principalmente para melhor relação com os filhos. 
A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores 
estressantes, dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais, aumentando os níveis de33 
ansiedade e depressão na criança. É, ainda, de muita importância o relacionamento 
estável entre os pais, pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao 
divórcio. A qualidade da relação dos pais é de suma importância para o bem-estar do 
filho (RAPOSO et al, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Após o divórcio, ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar, 
em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não parental. 
Embora o casal tenha se separado, eles continuarão sendo pais da criança. Sabe-se 
que, após o divórcio, é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da parentalidade 
com a criança, acontecendo um maior afastamento em relação aos filhos. A 
problemática maior seria quando o filho também se torna ex-filho, gerando sofrimento 
emocional (RAMIRES, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
Dantas (2004; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), relata a importância da 
figura paterna que, na maioria das separações, é quem sai de casa e acaba 
se ausentando da vida da criança. O autor coloca, na figura do pai, o primeiro 
papel de separar a criança de sua mãe, rompendo a simbiose e colocando-
lhe limite. O segundo papel paterno seria ajudar a confirmar a identidade de 
seu filho (a) também investindo segurança e autoestima. O terceiro papel 
seria de transmitir-lhe afetos, para possibilitar melhor a vinculação entre 
ambos. 
Segundo BOLSONI (2009; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), a família 
pode contribuir de diversas formas para que as crianças não sofram com o divórcio. 
O autor coloca a importância do diálogo e orientação realizada por um profissional 
durante tal processo, com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da separação. 
A manutenção do diálogo entre os pais pode ajudar a criança a lidar com as 
dificuldades na transição da estrutura familiar. Se encontrada uma fonte de apoio nos 
pais, o filho pode até mesmo compartilhar seus medos e receios, ajudando a suportá-
los. 
A parte que fica com a guarda da criança, na maioria dos casos, é a mãe. 
Durante a separação, a mãe, geralmente, passa por um período de stress e 
sobrecarga, pois em meio a dor da separação do ex-companheiro, ainda precisa 
fornecer suporte ao filho (BOLSONI, 2009; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016). 
A família é constituída em um campo dinâmico, no qual fatores conscientes e 
inconscientes influenciam nessa constituição. A criança sofre desde seu nascimento 
a influência dessa família, como também é um agente de mudança dentro do grupo 
familiar. Nesse grupo familiar, esta introjetado o conceito de família para cada genitor, 
influenciado pelo modo como viveram com suas famílias. A família não é estática, pois 
 
34 
está sempre em movimento e transformação. Cada grupo familiar está sempre 
desejando, tendo relações objetais, lidando com suas necessidades, ansiedades e, 
por esse motivo, está sempre em movimento (ZIMERMAN, 1999; apud SILVA I; 
GONÇALVES C; 2016). 
Segundo Santos (2013 apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016), toda 
separação causará danos ou perdas para a criança, já que estava 
acostumada ao convívio familiar. Dessa forma, os pais estão expondo mais 
cedo a criança ao sofrimento por não ter mais a família, devido ao aumento 
do número de divórcios. O desgaste decorrente da separação dos pais que 
as crianças vivenciam as fere por diversos fatores. Mesmo nos casos em que 
os casais não se difamam ou se agridem na frente de seu filho (a), o 
sofrimento se faz presente. 
8 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR 
 
Fonte: clinicacoutinho.com 
A avaliação psicológica da família deve ser baseada, como qualquer outro 
processo de avaliação psicológica, em hipóteses desenvolvidas pelo profissional 
sobre o funcionamento do sistema familiar, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020. 
Os métodos de avaliação e entrevista familiar foram desenvolvidos à medida 
que diversas teorias sobre a família surgiram em diferentes paradigmas psicológicos, 
embora todos se fundamentem na hipótese da influência dos grupos sociais na 
construção do sujeito e no agenciamento de seu comportamento (FÉRES-CARNEIRO 
e DINIZ NETO, 2012). A entrevista psicológica é a técnica mais antiga e a mais valiosa 
no contexto de investigação, avaliação e intervenção clínica, conforme TEODORO & 
BAPTISTA; 2020. 
 
35 
A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar 
clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler e Jung 
apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar para a 
constituição psicológica do indivíduo. A terapia de família surgiu orientanda 
inicialmente por dois paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem 
sistêmica, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020. 
8.1 Entrevista Circular 
A abordagem sistêmica nos trouxe a entrevista circular, técnica que permite 
interagir com a família, revelando aspectos do seu funcionamento ao focar seus 
aspectos ecossistêmicos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
A entrevista circular refere-se a um modo específico de desenvolvimento de um 
padrão de interação entre o terapeuta e a família. Nessa técnica, as questões são 
formuladas com o objetivo de revelar as conexões recorrentes, levando tanto a família 
quanto o terapeuta a desenvolver uma compreensão da situação problema em uma 
visão sistêmica, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Segundo FÉRES – CARNEIRO e DINIZ NETO (2012), os terapeutas sistêmicos 
do grupo de Milão esboçaram três princípios para orientar a conduta do terapeuta: 
Neutralidade: Refere-se à atitude do terapeuta de família que não se alia a 
nenhum membro específico, procurando manter-se curioso e aberto sobre os padrões 
de funcionamento, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Circularidade: Denota a busca de compreensão do enlaçamento dos diversos 
aspectos de funcionamento da família que revelam a multiplicidade de olhares e 
vivências, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Hipotetização: Refere-se à construção constante de hipóteses centradas na 
circularidade, mantendo uma atitude de curiosidade e abertura, apoiando a 
neutralidade, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
8.2 Entrevista Familiar 
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), o processo de avaliação e 
diagnóstico da entrevista familiar é guiado pela orientação teórica do clínico. 
Os objetivos de uma entrevista familiar inicial incluem: 
 
36 
• Identificar as variáveis familiares e individuais que podem ter influência decisiva 
na situação familiar problemática, 
• Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica e de seus 
membros; 
• Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário, conforme 
CORDIOLI & GREVET (2019). 
A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos: 
• Estágio social o profissional age criando um setting social e culturalmente 
adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção 
psicoterapêutica inicial, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
• Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o ambiente 
físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de 
brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário, 
conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
• O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o 
estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não 
verbal amistosa, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Estágio de questionamento multidimensional: 
O profissional investiga o motivo da consulta tanto quanto o modo como a 
família o descreve. A apresentação da problemática inicial é frequentemente um 
estágio confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do 
problema. A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve 
ser feita respeitosamente, buscando-se a neutralidade sistêmica. Áreas 
potencialmente problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois podem 
relacionar-se retroativamentecom as dificuldades da família na área da queixa, 
conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma 
de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções 
preestabelecidas para o problema, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como 
a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da 
possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser 
realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender 
 
37 
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante 
conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Desenvolvimento: Diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar a 
estrutura, o desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas 
correspondem às condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à orientação 
teórica e à habilidade técnica do entrevistador. 
FÉRES – Carneiro e Diniz Neto (2012 apud CORDIOLI A; GREVET E; 2019), 
ao estudar os métodos de avaliação familiar, propõe a classificação em métodos 
objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda, a possibilidade de utilização de 
testes psicológicos que por sua constituição, poderiam ser adequadamente utilizados 
em processos de atendimento familiar. 
Os métodos objetivos classificam-se em dois grupos: 
• Métodos que utilizam questionários, 
• Métodos que utilizam jogos, 
Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam-se em três grupos: 
• Métodos que utilizam técnicas de desenhos, 
• Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas, 
• Métodos que utilizam testes projetivos. 
Entre as técnicas mistas, estão: 
• A tarefa familiar; 
• A entrevista estruturada de Watzlawick, 
• A primeira entrevista de Satir, 
• A entrevista diagnóstica conjunta 
• A entrevista familiar estruturada 
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a atuação terapêutica 
apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido como um conjunto de 
hipóteses úteis e produtivas. Á medida que um diagnóstico familiar emerge distinções 
de condições permitem ao terapeuta realizar indicações gerais de tratamento 
conforme o universo possível. 
A avaliação é contudo, um processo contínuo que orienta a atuação do clínico 
em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é 
sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar, 
 
38 
por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando 
a novas dinâmicas e reestruturações, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
8.3 Avaliação da Rede de Apoio 
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a rede de apoio social e afetivo 
tem sido avaliada através de diferentes instrumentos, questionários, entrevistas. 
Destacam-se entre esses, o mapa dos cinco campos. Este mapa é um instrumento 
lúdico. Em sua aplicação, é utilizada a colocação livre de figuras, que representam 
crianças, jovens e adultos de ambos os sexos, em um quadro com círculos 
concêntricos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Tem por objetivo avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio 
socioafetivo, a partir dos cinco campos: 
• Família; 
• Escola; 
• Amigos; 
• Parentes; 
• Contatos formais; 
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), esse instrumento é composto 
por um pano de feltro e por imagens que podem ser fixadas com velcro. Permite que 
pessoas já falecidas sejam consideradas parte da rede de apoio, em função da 
consideração subjetiva da percepção da rede. O círculo central corresponde ao 
participante e cada círculo adjacente mede a qualidade do vínculo, ou seja, quanto 
mais perto do círculo central, maior é a percepção de proximidade do participante com 
a pessoa representada: 
• O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais 
próximas (maior vínculo); 
• O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes 
(menos vínculo); 
• O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos 
insatisfatórios, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
 
39 
9 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL 
 
Fonte: irresistivel.com.br 
A terapia de família tem seus fundamentos na teoria geral dos sistemas, 
proposta pelo biólogo alemão Bertallanffy, na teoria da comunicação dos pequenos 
grupos, na teoria psicodinâmica (relações de objeto) e na teoria cognitivo 
comportamental, entre outras, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Bowen introduziu conceitos da teoria dos sistemas em seu trabalho com 
famílias. Por sistemas compreende-se um conjunto de elementos, direta ou 
indiretamente relacionados, que funcionam como uma unidade que determina o 
ambiente. Dentro desse enfoque uma família pode ser considerada um sistema 
parcialmente aberto que interage com seus ambientes biológicos e sociocultural. 
Diversos enfoques teóricos embasam a terapia de família. 
Ackerman foi quem cunhou o termo terapia familiar, na década de 1950, e 
introduziu a ideia de trabalhar com a família nuclear, utilizando métodos 
psicodinâmicos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente psicodinâmico, com 
ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, identificação projetiva, 
dissociação) e nos conceitos da teoria das relações objetais. O objetivo desta 
abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem dos conflitos transgeracionais 
(Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou experiencial com a proposição de 
envolver duas ou mais gerações na terapia, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
 
 
 
40 
Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos: 
Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens delinquentes 
provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com problemas de 
limites generacionais entre os vários subsistemas: 
Estratégico (Harley; Ackerman): 
• Para os problemas decorrentes de arranjos hierárquicos e de papéis, bem 
como as reações em suas mudanças, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Comportamental (Patterson; Margolin): 
• Para problema que podem ser mantidos ou estimulados pelas atitudes da 
família, em padrões de relações simétricas ou complementares e nas funções 
de comunicação, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Psicoeducacional (Anderson, Goldstein): 
• Informativo, envolvendo o manejo de doenças crônicas, redução do estresse e 
manejo de crises, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Periodicidade 
As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou parte dos 
membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser quinzenais ou mensais 
(subsistema), conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
Objetivos: 
• Melhorar a comunicação entre os membros da família; 
• Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos 
membros da família; 
• Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de 
decisões; 
• Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas; 
• Melhorar o desempenho individual, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).. 
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que 
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um 
casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual. 
Baseia – se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e 
na teoria dos contratos conjugais, conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
 
41 
9.1 Indicações da Terapia Familiar 
Quando é solicitada terapia de casal ou familiar: 
• Doença física ou mental grave em adultos, gerando alto grau de 
disfunção familiar (esquizofrenia, transtorno bipolar, TOC, transtorno de 
pânico ou agorafobia, dependência a drogas ou álcool, transtornos 
alimentares, etc.), conforme CORDIOLI & GREVET (2019). 
• Quando o problema atual

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