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37 38 2.1 - Conceitos e modelos ANÁLISE CUSTO – VOLUME - LUCRO E ALAVANCAGEM OPERACIONAL A gestão financeira de toda organização se faz necessário entender sobre os aspectos de alavancagem e entender os aspectos que a afetam. Para apresentarmos melhor estes conceitos iremos analisar os efeitos dos custos sobre a alavancagem operacional. Por quê entender sobre alavancagem operacional? Quando a organização é eficiente e eficaz na alocação de recursos ela terá alavancagem operacional, entretanto quando isso não ocorre, muitas vezes a empresa terá que fazer alavancagem financeira. A análise de custo-volume- lucro que na verdade é o Ponto de Equilíbrio, é utilizado para medir o volume de vendas necessárias para cobrir os custos e as despesas operacionais. Para entendermos o Ponto de Equilíbrio ou Break-even point temos que revisitar a classificação de custos para termos condições de medirmos o ponto de equilíbrio e mas na frente o Grau de Alavancagem Financeira. Inicialmente vamos relembrar que temos 03 categorias de custos e despesas, (I) as fixas; (II) as variáveis e (III) as semi variáveis. Essa classificação é muito importante para identificarmos a margem de contribuição, veja abaixo: Receitas Custos e Despesas Variáveis Margem de Contribuição Custos e Despesas Variáveis Resultado Operacional Então temos que a Margem de Contribuição é justamente a diferença entre as receitas operacionais com as despesas e custos variáveis que ocorrem no período. Próximo indicador importante para entendermos se a organização é eficiente na sua operação é calcularmos o Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO), vejamos a fórmula de calculo: 𝑞 = 𝐶𝐹 (𝑝 − 𝐶𝑉𝑢) 39 Onde: Q = Quantidade de vendas por unidade; P = Preço de venda unitário CVu = custos + despesas operacionais variáveis por unidade CF = Custo + despesas operacionais fixas no período Vamos pensar em uma aplicação prática do PEO, utilizando um exemplo proposto por Assaf Neto em seu livro curso de Administração Financeira, onde exemplifica que uma pequena empresa que tenha custos operacionais fixos no valor de R$ 2.000,00 por mês. O preço de venda por unidade do seu único produto é de R$ 15,00 e seu custo variável é de R$ 5,00. Assim ficará o ponto de equilíbrio operacional. 𝑞 = 𝑅$ 2.000,00 (𝑅$ 15,00 − 𝑅$ 5,00) = 200 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Assim temos que no caso acima a empresa precisa produzir 200 unidades por mês para pagar suas despesas e custos operacionais, quer sejam fixos ou variáveis. Neste caso se a empresa produzir 200 unidades o lucro dela será igual a zero. Como as organizações existem para se perpetuarem o conceito denominado continuidade, ou seja, salvo exceções, as organizações não são constituídas para terem uma vida finita, mas sim para terem uma grande longevidade. Pensando assim o PEO, Ponto de Equilíbrio Operacional, é considerado como Ponto Equilíbrio Contábil pois não apura expectativa de lucro. Para capturarmos o ponto de equilíbrio que apontaria também a figura do lucro temos o Ponto de Equilíbrio Econômico, vejamos como ele é apresentado: 𝑃𝐸𝐸 = 𝐶𝐹 + 𝐿𝑀 (𝑃 − 𝐶𝑉𝑢) Onde: PEE = Ponto de Equilíbrio Econômico; CF = Custo Fisco; LM = Lucro Mínimo; 40 P = Preço CVu = Custo Variável Unitário Veja que em relação ao PEO o PEE inseri-se a expectativa de lucro esperado pela organização, evoluindo assim a quantidade de vendas esperadas para que a organização tenha o lucro mínimo esperado. Agora sabemos que lucro é uma medida contábil de desempenho e não necessariamente refleti a capacidade de caixa da organização, assim temos também o Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF). 𝑃𝐸𝐹 = 𝐶𝐹 − 𝑁𝐷 + 𝐴 (𝑝 − 𝐶𝑉𝑢) Onde: PEF = Ponto de Equilíbrio Financeiro CF = Custo Fixo ND = Despesas Não Desembolsáveis A = Amortizações P = Preço CVu = Custo Variável unitário Perceba que temos duas variáveis diferentes a ND que encontra reduzindo o Custo Fixo que são as despesas reconhecidas na DRE, porém que afetam o fluxo de caixa, e temos adicionando o A, que são amortizações ( passivo reconhecido) como parcelas de pagamento de empréstimos e financiamentos e que por serem tratadas como obrigações no Passivo não transitam na DRE. Estes ajustes são importantes para o calculo do PEF. Vamos calcular tanto o PEE quanto o PEF, vamos simular um pouco. Vamos aproveitar o exemplo que utilizamos no calculo do PEO e vamos acrescentar algumas informações, como o lucro esperado por mês pela empresa é de R$ 500,00 e que a empresa possui uma depreciação mensal de R$ 100,00 e uma amortização de R$ 500,00. Lembrando que estes exemplos foram extraídos do livro Curso de Administração Financeira do Assaf Neto. 41 Calculando o PEE = 𝑃𝐸𝐸 = 𝑅$ 2.000,00−𝑅$ 500,00 𝑅$ 15,00−𝑅$ 5,00 = 250 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Veja que quando calculamos anteriormente o PEO a quantidade apurada foi de 200 unidades, agora temos no PEE a quantidade de 250 unidades, ou seja para garantir o lucro mínimo requerido a empresa terá que vender 25% a mais do que o previsto no PEO. Vejamos agora o calculo do PEF: 𝑃𝐸𝐹 = 𝑅$ 2.000 − 𝑅$ 100,00 + 𝑅$ 700 (𝑅$ 15,00 − 𝑅$ 5,00) = 260 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Olha que interessante quando calculamos o PEO a quantidade obtida foi de 200 unidades, no PEE foi de 250 unidades e agora no PEF o ponto de equilíbrio financeiro já subiu para 260 unidades, veja que ao inserirmos impactos de obrigações de pagamento de capital de terceiros (amortizações) já impactou significativamente na necessidade de aumentar o volume de vendas para se ter o ponto de equilíbrio financeiro. Veja como é importante entender cada conceito do ponto de equilíbrio e assim saber como gerenciar o importante aspecto financeiro das organizações. Agora precisamos entender o aspecto disto sobre a alavancagem operacional. É fundamental entender a alavancagem operacional para entender quanto a alteração no volume de atividades operacionais afetam o resultado operacional da organização. Para entendermos esta relação temos então o indicador denominado Grau de Alavancagem Operacional que é assim calculado: 𝐺𝐴𝑂 = % 𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 % 𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 42 Vamos propor um cenário para entendermos o impacto do GAO, veja a seguir: Rubricas EMPRESA 1 EMPRESA 2 Ano 1 % Ano 2 % Ano 1 % Ano 2 % Receita de Vendas 1.000 100% 1.300 100% 800 100% 1.040 100% Custos Variáveis - 500 -50% - 650 -50% - 320 -40% - 416 -40% Margem de Contribuição 500 50% 650 50% 480 60% 624 60% Custos e Despesas Variáveis - 200 -20% - 200 -15% - 100 -13% - 100 -10% Resultado Operacional 300 30% 450 35% 380 48% 524 50% * Aumento de 30% no volume de venda do ano 1 para o ano 2 Veja que conforme apresentado acima houve variação de 20% no volume de atividades operacionais das empresas, vamos agora calcular o GAO: Indicadores Empresa 1 Empresa 2 Variação do lucro Operacional ((450/300)-1)x 100 = 50% ((524/380)-1)x100= 38% Variação no volume de vendas 20% 20% GAO (50%/20%) = 2,5 (38%/20%) = 3 Veja como o GAO permiti entender o impacto da variação da atividade operacional ( vendas) sobre o lucro operacional. Temos que nas duas empresas, 1 e 2, houve um aumento de 20% no volume de vendas, o que para a empresa 1 elevou em 2,5 o lucro operacional (50%), e no caso da empresa 2 elevou em 1,9 o lucro operacional (38%). Então quanto mais eficiente for a gestão dos custos das organizações maior será a elevação do GAO quando se obtém aumento de volumes de vendas.43
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