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Aula 08 Gêneros textuais ou discursivos

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Maria Divanira de Lima Arcoverde
Rossana Delmar de Lima Arcoverde
Leitura, Interpretação e Produção TextualD I S C I P L I N A
Gêneros textuais 
ou discursivos
Autores
aula
08
Aula 08  Leitura, Interpretação e Produção de TextosCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
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Secretário de Educação a Distância – SEED
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Reitora
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Eliane de Moura Silva
A6751 Arcoverde, Maria Divanira de Lima.
 Leitura, interpretação e produção textual./ Maria Divanira de Lima Arcoverde, Rossana Delmar de Lima Arcoverde. – Campina 
Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.
15 fasc.
“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”.
Conteúdo: Fasc. 1- Linguagem: diferentes concepções; Fasc. 2 - leitura – perspectivas teóricas; Fasc. 3 - o jogo discursivo 
no processo de leitura; Fasc. 4 - leitura – antes e além da palavra; Fasc. 5 - a leitura como prática social; Fasc. 6 – produção 
textual-perspectivas teóricas; Fasc. 7 – a tessitura do texto; Fasc. 8 – gêneros textuais ou discursivos; Fasc. 9 – gêneros 
textuais e ensino; Fasc. 10 – a escrita como processo; Fasc. 11 – recursos de textualidade – coesão; Fasc. 12 – recursos 
de textualidade – coerência; Fasc. 13 – produzindo gêneros textuais – o resumo; Fasc. 14 – produzindo gêneros textuais – 
a resenha; Fasc. 15 – produzindo gêneros textuais – o memorial
ISBN: 978-85-87108-59-3
1. Leitura (Lingüística). 2. Produção de textos. 3. Educação a Distância. I. Título.
22 ed. CDD 418.4
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)
Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)
Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Revisores de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisoras de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
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Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
Esta aula é só o começo para você entender a importância dos gêneros textuais na vida 
social. Daqui por diante, vamos trabalhar com vários gêneros textuais.
Assim, vamos destacar as diferentes noções que explicam a existência da diversidade de 
gêneros, discutindo também algumas implicações didáticas que fazem com que os gêneros 
textuais adentrem nos espaços da escola e sirvam como instrumento de ensino, em especial, 
na prática de produção textual.
Para tanto, vamos desenvolver um trabalho com alguns gêneros, de modo que 
reconheçamos a constituição dos gêneros e sua relação direta com as práticas sociais de 
uso da linguagem nas diversas esferas da atividade de comunicação humana.
A compreensão desta aula decorre das discussões que vivenciamos nas aulas anteriores. 
Assim, será importante você revisar concepções sobre a linguagem (Aula 01), bem como as 
diferentes abordagens que explicam o processo de produção textual (Aula 06).
É importante, então, que você continue atento e interagindo com o material, buscando 
as relações necessárias para o entendimento do conteúdo. Desse modo, você pode tirar 
dúvidas, revisar as aulas e conversar com seus colegas, tutor e professores para esclarecer 
as possíveis dúvidas que surgirem.
Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você 
articule o que aprendeu nas aulas anteriores e entenda 
como se constitui o gênero textual ou discursivo;
aprenda sobre a composição de gêneros textuais diversos.
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Para começo de conversa...
Em qualquer lugar onde haja linguagem, atividade humana, há gêneros textuais ou discursivos, orais ou escritos. Na vida há uma multiplicidade deles, porque também são diversas as esferas de produção da linguagem. Assim, no supermercado nos 
defrontamos com vários deles, desde o panfleto que, em geral, recebemos logo que entramos 
no ambiente, bem como uma infinidade de placas, indicações de ofertas, letreiros, até a 
conta final que recebemos no caixa.
Assim, de situações em situações, nos mais diversos lugares sempre há gêneros em 
formatos também diversos.
Os gêneros são tão diversos quanto permite a esfera da atividade humana em que se 
produz a linguagem. Assim, cada esfera elabora seus gêneros, de acordo com aspectos 
sociais próprios, finalidades comunicativas e especificidades das situações de interação em 
que os enunciados estão sendo produzidos. 
A denominação de gênero discursivo é apresentada pela primeira vez pelo autor russo 
Mikhail Bakhtin como “tipos relativamente estáveis de enunciados” (BAKHTIN, 1979, p. 
279). Os gêneros de que os interlocutores sociais fazem uso nas interações verbais são tão 
diversos e heterogêneos quanto à diversidade de esferas de circulação social nas interações 
verbais e na diversidade da atividade humana. 
Nas diversas esferas de circulação, “a utilização da língua se efetua em forma de 
enunciados” (BAKHTIN, 1979, p. 279) ou pela heterogeneidade de gêneros que os constitui 
e, de acordo com as condições e finalidades de cada uma dessas esferas, podemos encontrar 
uma diversidade de gêneros discursivos que se modificam e se ampliam a cada novo contexto 
social e histórico de circulação.
Os gêneros que circulam nas diferentes esferas refletem o conjunto possível de temas 
e de relações nas formas e estilos de dizer e de enunciar. Nesse contexto, o enunciado 
constitui a unidade fundamental da língua e está sempre inscrito nas relações sociais, 
incorpora o estilo, composição e tema. Esses aspectos estão “indissoluvelmente” vinculados 
e se concretizam em forma de gêneros, sejam de esferas cotidianas (gêneros primários) ou 
de esferas mais complexas, formais e públicas (gêneros secundários) . 
Para uma melhor compreensão sobre o que são gêneros textuais, vejamos o quadro 
sinóptico proposto por Marcuschi (2002, p. 23):
Mikhail Bakhtin
“Os estudos que Mikhail 
Bakhtin desenvolveu sobre 
os gêneros discursivos 
considerando não a 
classificação das espécies, 
mas o dialogismo do 
processo comunicativo, 
estão inseridos no campo 
dessa emergência. 
Aqui as relações 
interativas são processos 
produtivos de linguagem. 
Conseqüentemente, 
gêneros e discursos 
passam a ser focalizados 
como esferas de uso da 
linguagem verbal ou da 
comunicação fundada 
na palavra (MACHADO, 
2005, p. 152). 
Gêneros primários
Os gêneros primários 
(simples) se constituem 
em circunstâncias da 
vida cotidiana.
Gêneros 
secundários
Os gêneros secundários 
aparecem em 
circunstâncias de uma 
comunicação cultural mais 
complexa e relativamente 
mais evoluída, 
principalmente escrita.
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Atividade 1
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Gêneros textuais
�. Realizações lingüísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas.
2. Constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.�. Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente limitado de designações concretas determinadas 
pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função.
4. Exemplo de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, 
reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, 
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, 
conferência, carta eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais etc.
Vamos refletir um pouco mais sobre o que são gêneros textuais
Que outros gêneros você conhece que não foram listados no 
quadro acima? 
Agora, escolha um desses gêneros que você citou e responda em que 
situação de uso de linguagem ele pode ser utilizado?
Considerando essa situação, a linguagem empregada deve ser formal 
ou informal? Por quê?
Então, você classificaria esse gênero textual como primário ou 
secundário? Justifique.
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Um pouco mais de conversa ...
C onforme a concepção bakhtiniana, produzir linguagem é o mesmo que produzir discursos sociais. Institui-se, nessa abordagem, a linguagem em sua essência e natureza dialógicas e sócio-históricas, ressaltando-se a diversidade e riqueza 
da produção da linguagem, perpassada por fatores lingüísticos e não-lingüísticos. Nesse 
sentido, a produção dos gêneros discursivos está diretamente relacionada ao meio social, 
às condições de produção, aos interlocutores sociais e às esferas de circulação social dos 
discursos, sejam orais ou escritos. 
Os gêneros podem ser transformados, pois não são estáticos, mas “relativamente 
estáveis”. Por isso, em cada novo momento histórico podem surgir muitos gêneros novos. 
Nesse sentido, vemos hoje uma série de outros gêneros, a exemplo dos gêneros que circulam 
no contexto da Internet (e-mail, chats, blogs, hipertextos).
Vejamos agora um exemplo de um gênero textual. 
O gênero notícia, por exemplo, relata fatos de interesse público de maneira objetiva e 
clara. As notícias transmitem informações sobre os fatos que acontecem, que aconteceram 
ou que ainda estão para acontecer.
Ao escrever uma notícia, o redator procura dar informações com detalhes, quase 
sempre respondendo às perguntas: o quê; quem?; quando?; onde?; como?; por quê?. 
O gênero notícia, em geral, tem a função principal de mencionar os acontecimentos 
mais relevantes, de modo que possa atrair o interesse do público a que se destina. Numa 
notícia predomina a narração por meio de uma linguagem objetiva e impessoal. Entretanto, 
muitas vezes, quem escreve uma notícia vai além da simples informação sobre o que e 
como aconteceu o fato. Assim, é comum se observar uma escrita permeada por um sentido 
ideológico e interesse político específico, pois quem escreve também tem a pretensão de 
formar uma opinião sobre o que está informando.
A notícia apresenta, comumente, uma estrutura padrão, composta de duas partes: o lead 
e o corpo. Nesse gênero, o título, o olho e o lead, além de atrair a atenção do leitor, estimulam 
sua curiosidade, fazendo-o levantar hipóteses, as quais só serão ou não confirmadas depois 
da leitura completa da notícia.
Vamos então ler e analisar a notícia a seguir para compreender como se organizam os 
enunciados nesse gênero.
Lead
É um relato sucinto dos 
aspectos essenciais 
do fato e consiste 
normalmente no primeiro 
parágrafo da notícia. 
Seu objetivo é dar as 
informações básicas 
ao leitor e motivá-lo a 
continuar a leitura.
Olho
O olho da notícia é 
um trecho escrito em 
destaque, que completa 
as informações dadas no 
título da matéria.
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Atividade 2
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O que?
Onde?
Com quem?
Quando?
Por quê?
Para quê?
1) Com base na leitura da notícia em estudo, identifique e escreva os aspectos que a 
compõem:
2) Que trecho da notícia pode confirmar sua resposta anterior?
3) Qual o olho da notícia?
4) O que chamou sua atenção nesta notícia? Por quê?
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Continuando nossa conversa...
C omo você pode perceber, os gêneros textuais ou discursivos apresentam aspectos específicos que definem sua composição. Nesse sentido, é em conformidade com a esfera comunicativa, o propósito do enunciador e o contexto em que vai circular que 
se dá a constituição dos gêneros. 
Quando vamos produzir qualquer escrita, selecionamos um gênero para formatar nossos 
enunciados. Não escrevemos aleatoriamente. Produzimos gêneros textuais ou discursivos, 
de acordo com finalidades específicas. 
Nesse sentido, é válido lembrar que 
os gêneros não são entidades naturais como as borboletas, as pedras, os rios e as 
estrelas, mas são artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano. 
Não podemos defini-los mediante certas propriedades que lhe devam ser necessárias 
e suficientes. Assim, um gênero pode não ter uma determinada propriedade e ainda 
continuar sendo aquele gênero. Por exemplo, uma carta pessoal ainda é uma carta, 
mesmo que a autora tenha esquecido de assinar o nome no final e só tenha dito no 
início: ‘querida mamãe’. (Marcuschi, 2002, p. 30. )
A título de exemplo, observe-se a petição a seguir, escrita pelo poeta Ronaldo da Cunha 
Lima, que embora escrito em forma de poema, continua sendo uma petição.
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Como você vê, o gênero pode apresentar uma configuração híbrida e apresentar 
formatos diferentes, mesmo com características de um outro gênero. Nesses casos, 
é importante que ao buscarmos a designação de um gênero estejamos atentos ao seu 
propósito comunicativo, ao conteúdo temático e ao estilo, muito mais do que a forma 
composicional com que ele se apresenta.
http://www.infonet.com.br/direitoepoesia/caldeiraopoetico_textos.asp?identificacao=%3Cb%3EHABEAS%20PINHO%20%3C/b%3E Consulta em 29/05/2007
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Atividade 3
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Conversando um pouco mais...
Para os estudiosos do Grupo de Genebra (Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz, Auguste 
Pasquier), pode-se resumir da seguinte maneira a composição de um gênero textual:
Vamos agora analisar e produzir alguns gêneros textuais?
Você conhece algum outro exemplo de gênero textual híbrido? Caso conheça 
apresente para seus colegas e discuta sobre o conteúdo que esses gêneros 
apresentam. Se não conhece, pesquise na Internet, em livros, jornais e revistas. 
Por que será que ele foi produzido assim?
SCHENEUWLY, 2004, P. 25.
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Atividade 4
1) Qual a esfera de produção de linguagem se apresenta esse gênero (cotidiana ou formal 
pública)? Justifique.
2) Que tipo de linguagem foi empregada (formal, coloquial)?
Observe o gênero textual a seguir, analise-o e responda às questões.
PINSKY, Mirna. Carta errante, avó atrapalhada menina aniversariante. São Paulo, FTD, 1994, P. 9.
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3) Qual o propósito que justificaria esse tipo de linguagem usada?
4) Levante hipóteses e responda: quem escreveu a carta, para quem, quando e em 
que situação?
Produzindo o gênero textual: carta pessoal
CEREJA e MAGALHÃES, 2000, P. 19.
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Atividade 5
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Suponha a seguinte situação:
Você não vê um(a) amigo(a) há muito tempo e está ansioso(a) para contar 
as novidades sobre o curso que está realizando na Universidade. Conte sobre 
sua alegria de ser um(a) aluno(a) universitário(a), sobre seus conflitos, suas 
dificuldades ou qualquer tema de sua preferência.
Concluída sua carta, avalie-a e troque-a com um(a) colega, de modo que um 
leia o que o outro escreveu e apresente sugestões para melhorar a produção 
textual. Incorpore ao seu texto as sugestões que seu colega fizer e reescreva-o. 
Em seguida, envie-a para o destinatário que você escolheu e aguarde a resposta. 
Afixe sua carta no mural do Pólo em que você estuda. Registre aqui sua carta.
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Concluindo nossa conversa...
É por meio da noção de produção de gêneros textuais ou discursivos que percebemos 
o papel dialógico e social da linguagem. Conhecer e valorizar a diversidade de gêneros 
existentes permite ao usuário da língua, identificar seus aspectos principais e produzir textos 
orais ou escritos em condições específicas.
Cabe lembrar ainda, que a utilização da língua efetua-se em forma de enunciados 
(orais ou escritos) e a diversidade de usos é imensa. É preciso, portanto, analisar as 
circunstâncias sociais de uso da linguagem e fazer as devidas escolhas. Ou seja, em que 
gênero vou enunciar e graças à dinâmica dialógica da linguagem, as opções são muitas, 
pois como afirma Bakhtin (1979, p. 279)
a riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da 
atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertório 
de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria 
esfera se desenvolve e fica mais complexa.
Leituras complementares
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P., 
MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. (Orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Editora 
Lucerna, 2002, p. 19-57.
O autor apresenta várias conceituações relevantes no campo e levanta argumentos para 
diferenciar tipo textual de gênero textual, duas noções, que para o autor, devem ser 
claramente distinguidas, pois sua confusão pode esvaziar a noção de gênero textual de 
sua carga sociocultural, historicamente construída, ferramenta essencial, para alguns, na 
socialização do aluno via linguagem escrita.
MACHADO, I. Gêneros discursivos. In: BRAIT, B. (Org.) Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: 
Contexto, 2005, p. 151-166.
A autora contempla, neste artigo, a noção de gêneros discursivos na visão bakhtiniana, 
focalizando-os numa dimensão que mostra suas especificidades, bem como apresenta uma 
análise das formas interativas que se realizam pelo discurso para a constituição dos gêneros.
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Resumo
Auto-avaliação
Os gêneros textuais ou discursivos são tão diversos quanto permite a esfera da 
atividade humana em que se produz a linguagem. Assim, cada esfera elabora seus 
gêneros, de acordo com aspectos sociais próprios, finalidades comunicativas e 
especificidades das situações de interação em que os enunciados estão sendo 
produzidos. Os gêneros podem ser transformados, pois não são estáticos, 
mas “relativamente estáveis”. Em cada novo momento histórico podem surgir 
muitos gêneros novos. Três elementos os caracterizam: conteúdo temático, 
estilo e construção composicional. A escolha de um gênero se determina pela 
esfera, as necessidades da temática, o conjunto dos participantes e a vontade 
enunciativa ou intenção do locutor.
Leia as afirmações a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de sua 
aprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim, 
avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
Os gêneros textuais se constituem em situações da vida cotidiana 
e formais mais complexas.
Aula 08  Leitura, Interpretação e Produção de Textos�� Aula 08  Leitura, Interpretação e Produção de Textos
Em qualquer lugar onde haja linguagem, atividade humana, há 
gêneros textuais.
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Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São 
Paulo: Martins Fontes, 1979, p. 277-326.
CEREJA, W. R. e MAGALHÃES, T. C. Texto e Interação: uma proposta de produção textual à 
partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.
GOMES-SANTOS, S. N. Recontando histórias na escola: gêneros discursivos e produção 
escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
MACHADO, I. Gêneros discursivos. In: BRAIT, B. (Org.) Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: 
Contexto, 2005, p. 151-166.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P., 
MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. (Orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Editora 
Lucerna, 2002, p. 19-57.
MEURER, J. L. e MOTTA-ROTH, D. (Orgs.) Gêneros textuais e práticas discursivas: 
subsídios para o ensino da linguagem. Bauru: SP: EDUSC, 2002. 
ROJO, R. H. R. A teoria dos gêneros em Bakhtin: construindo uma perspectiva enunciativa 
para o ensino de compreensão e produção de textos na escola. In: BRAIT, B. Estudos 
enunciativos no Brasil: histórias e perspectivas. Campinas, SP: Pontes, 2001, p. 163-185.
SCHNEUWLY, B. e DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campina: SP: Mercado de 
Letras, 2004.
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Anotações
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Anotações
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