Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Maria Divanira de Lima Arcoverde
Rossana Delmar de Lima Arcoverde
Leitura, Interpretação e Produção Textual D I S C I P L I N A
Produzindo gêneros textuais: o memorial
Autores
aula
15
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção TextualCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Universidade Estadual da Paraíba
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Eliane de Moura Silva
A6751 Arcoverde, Maria Divanira de Lima.
 Leitura, interpretação e produção textual./ Maria Divanira de Lima Arcoverde, Rossana Delmar de Lima Arcoverde. – Campina 
Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.
15 fasc.
“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”.
Conteúdo: Fasc. 1- Linguagem: diferentes concepções; Fasc. 2 - leitura – perspectivas teóricas; Fasc. 3 - o jogo discursivo 
no processo de leitura; Fasc. 4 - leitura – antes e além da palavra; Fasc. 5 - a leitura como prática social; Fasc. 6 – produção 
textual-perspectivas teóricas; Fasc. 7 – a tessitura do texto; Fasc. 8 – gêneros textuais ou discursivos; Fasc. 9 – gêneros 
textuais e ensino; Fasc. 10 – a escrita como processo; Fasc. 11 – recursos de textualidade – coesão; Fasc. 12 – recursos 
de textualidade – coerência; Fasc. 13 – produzindo gêneros textuais – o resumo; Fasc. 14 – produzindo gêneros textuais – 
a resenha; Fasc. 15 – produzindo gêneros textuais – o memorial
ISBN: 978-85-87108-59-3
1. Leitura (Lingüística). 2. Produção de textos. 3. Educação a Distância. I. Título.
22 ed. CDD 418.4
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)
Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)
Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Revisores de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisoras de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual 1
1
2
Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
Chegamos ao final de nosso componente curricular. Para concluir as nossas conversas, escolhemos o gênero textual memorial para nosso estudo. Esperamos que este gênero enriqueça o diálogo que mantivemos com você durante esse percurso deste componente 
curricular. Sabemos que “o caminho se faz caminhando”, por isso, esperamos que você leia e 
produza bastantes gêneros textuais para que realmente o aprendizado se consolide.
Você já produziu vários gêneros e já tem noção do que é necessário para uma boa 
produção. Já deve estar claro também para você que cada gênero tem suas especificidades, 
o que exige de você um certo cuidado para não cometer inadequações, no que diz respeito à 
formatação do gênero textual em questão.
Nesse sentido, veremos o conceito de memorial e sua forma composicional para que 
você se aproprie desse conhecimento.
Objetivos
Esperamos que você, ao final desta aula, 
entenda que o memorial é um gênero textual que registra 
trajetórias de vida;
formule um memorial de seu percurso na Universidade, 
especificamente, nas aulas deste componente curricular.
“O caminho se faz 
caminhando”
“O caminho se faz 
caminhando” se refere 
ao livro de Paulo Freire e 
Myles Horton, da Editora 
Vozes, publicado em 2003.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual2 Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
Para começo de conversa...
A produção textual tem se caracterizado como uma atividade processual que exige de quem escreve múltiplas capacidades, domínios específicos e o envolvimento no processo de escrita, como uma prática social, através de gêneros textuais diversos. 
Cada texto, por sua vez, apresenta problemas de escritura distintos, tendo em vista a 
sócio-construção dos vários modos do discurso escrito, ou seja, os gêneros textuais, já 
estudados em aulas anteriores.
Como você deve estar lembrado, a noção de gênero não vê apenas os aspectos estruturais 
do texto, mas incorpora elementos de ordem social e histórica. Ao escrever é preciso estar 
atento a aspectos essenciais do processo, tais como: quem escreve, para quem escreve, de 
que lugar social, com que objetivo, que linguagem deve predominar (informal ou formal), em 
que situação etc. Esses aspectos devem ser considerados relevantes e estão vinculados ao 
contexto sócio-histórico-cultural e às formas de dizer que circulam socialmente. 
Nesse sentido, o gênero memorial se insere como formas de dizer sócio-historicamente 
cristalizadas, oriundas de necessidades produzidas em diferentes esferas da comunicação humana 
(BAKHTIN, 1979) e tem circulado socialmente como prática de ensino-aprendizagem.
Vejamos agora o que é um memorial. 
O memorial é um gênero textual rico e dinâmico que se insere na “ordem do relatar”, 
isto é, gênero que relata fatos da memória, documentação de experiências humanas 
vivenciadas. O memorial pode ser considerado, ainda, como um gênero que oportuniza as 
pessoas expressarem a construção de sua identidade, registrando emoções, descobertas 
e sucessos que marcam a sua trajetória. É uma espécie de “diário”, no qual você pode 
escrever suas vivências e reflexões. É também um gênero que pode ser usado para que 
você marque o percurso de sua prática, enquanto estudante ou profissional, refletindo sobre 
vários momentos dos “eventos” dos quais você participa e ainda sobre sua própria ação.
Vamos começar lendo os gêneros textuais a seguir.
Bakhtin
É válido ressaltar que 
Bakhtin (1979, p. 279) 
apresenta, pela primeira 
vez, a noção de gênero 
do discurso e afirma que 
“cada esfera de utilização 
da língua elabora seus 
tipos relativamente 
estáveis de enunciados, 
sendo a isso que 
denominamos de gêneros 
do discurso”.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual �
Atividade 1
1
Leia com atenção os fragmentos dos textos a seguir:
Fragmento de texto 1:
Paulo: O que me fascina ao ler bons livros é descobrir o momento em 
que o livro me possibilita ou ajuda a melhorar o entendimento que tenho da 
realidade, do concreto. Em outras palavras, para mim a leitura é importante na 
medida em que os livros me dão um determinado instrumento teórico com o 
qual eu posso tornar a realidade mais clara com relação a mim mesmo. Essa é 
a relação que tento estabelecer entre ler as palavras e ler o mundo. Eu sempre 
me interessei por entender, por assim dizer, a realidade, o que quer dizer ler a 
realidade. Mas o processo de ler a realidade no qual estamos envolvidos exige, 
sem dúvida, um certo entendimento teórico daquilo que está acontecendo na 
realidade. Ler os livros faz sentido para mim na medida em que os livros têm a 
ver com essa leitura da realidade. [...]
FREIRE e HORTON. O caminhando se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social.Petrópolis: Vozes, 2003, p. 58.
Fragmento de texto 2:
[...] Este ano, quando olhava fotografias da minha professora dessa 
época, fiquei surpresa ao ver uma foto da minha turma. Lembrei-me de que 
naquele dia comemorávamos o Dia das Mães. Eu tinha onze anos e a poesia 
que falei para minha mãe nunca esqueci. Entre os colegas maiores e os da 
mesma idade eu me destaquei por ser a mais sorridente. Eu estava radiante. 
Nunca havia gostado tanto de mim numa fotografia! Eu me adorei.
É essa alegria que eu quero passar para meus alunos. Quero ajudá-los 
a perceber a alegria de ser criança, apesar de alguns momentos ruins em suas 
famílias... [...]
Programa de Formação de Professores. Texto de Apoio 3. Brasília: SEED/MEC, 2001. p. 6.
Analise cuidadosamente os dois textos acima e responda às questões:
Qual dos dois fragmentos de texto você avalia que é um memorial?
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual� Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
su
a 
re
sp
os
ta
1.
2.
�.
�
2
Assim como estudamos outros gêneros textuais, você pode constatar que há temas e 
forma composicional diferentes na constituição dos gêneros. Vamos continuar estudando 
para aprender como se organiza um memorial.
Continuando nossa conversa...
V ocê deve estar se perguntando como elaborar um memorial. Pois bem! Vale lembrar aqui que o memorial tem uma forma composicional bastante flexível e aberta, o que pode torná-lo um documento que registra aspectos subjetivos do(a) autor(a) do 
memorial. Isto poderá deixar o leitor diante do novo e do inesperado.
Escolha um dos fragmentos de texto que você considerou como sendo 
o memorial e sublinhe as partes que contêm relatos da trajetória de 
vida e de construção da identidade.
Que características mínimas o fragmento de texto escolhido apresenta 
para que você possa identificá-lo como um memorial?
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual 5
Atividade 2
Faça um breve relato das lembranças mais marcantes de sua história de vida 
como aluno (a) da escola que você freqüentou na sua infância. 
Antes de começar seu relato, responda às seguintes questões:
a) Que fatos pitorescos, situações e recordações você gostaria de 
registrar? 
b) Quais as suas melhores recordações? E as piores? 
c) Aconteceu algo que marcou a sua vida ou que lhe deixou algum 
trauma? Ou que lhe trouxe muitas alegrias?
Para facilitar esta atividade, sugerimos a você um roteiro que poderá auxiliá-lo 
(a) nas reflexões que provavelmente você fará.
Como era sua escola na época em que você estudou?
Quais os fatos marcantes para você naquela época?
Todos tinham acesso à escola?
De que forma a escola daquela época contribuía para o exercício da cidadania?
A escola onde você estudou era igual à de hoje?
O ensino, hoje, melhorou ou piorou? Por quê?
Registre aqui o seu relato.
É provável que ao elaborar um memorial, o produtor desse gênero possa se sentir 
inseguro e desestimulado a escrever. Outros talvez se sintam instigados e desafiados para 
tal atividade. É preciso, pois, que entendamos que o memorial não é algo pronto e acabado. 
O memorial tem características flexíveis e como tal não tem roteiro rígido e previamente 
definido. Este gênero se define como um texto aberto, uma construção que espelha e 
acompanha o caminhar de alguém, em determinadas etapas da vida ou de aspectos que 
marcaram sua trajetória em determinada época que o memorialista queira registrar.
O memorial por não ter características “fechadas”, deixa o autor muito livre para 
imprimir o seu estilo.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual� Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
su
a 
re
sp
os
ta
Um pouco mais de conversa...
Como já afirmamos, o memorial é uma escrita que registra um processo de vida e como gênero textual específico para determinados fins, ele, muitas vezes, traz a marca estilística do seu elaborador. Assim, pode ser elaborado numa linguagem 
mais leve, podendo o autor dar um tom poético ao seu texto. O tipo textual usado é 
narrativo/descritivo e sempre na primeira pessoa do discurso, no singular ou no plural.
Vejamos recortes de um memorial num estilo poético:
Narrativo/descritivo
A palavra narrar vem do 
verbo latino narrare, que 
significa expor, contar, 
relatar. E se aproxima do 
que os gregos antigos 
clamavam de épikos 
– poema longo que 
conta uma história e 
serve para ser recitado. 
Narrar tem, portanto, 
essa característica 
intrínseca: pressupõe o 
outro. Ser contada ou 
ser lida: é esse o destino 
de toda história. E se ‘as 
coisas estão prenhes da 
palavra’, como preferia 
Bakhtin, ao narrar falamos 
de coisas ordinárias e 
extraordinárias... e até 
repletas de mistérios 
– que vão sendo reveladas 
ou remodeladas no 
ato da escuta ou na 
suposta solidão da leitura 
(PRADO e SOLIGO,, 
Disponível em http://www.
fe.unicamp.br/ensino/
graduacao/downloads/
proesf-memorial_
GuilhermePrado_
RosauraSoligo.pdf Acesso 
em 30/06/2007).
Memorial
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
“Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida, nem em gozá-la penso.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual �
só quero torná-la grande; ainda que para isso
tenha a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
na essência anímica do meu sangue o propósito
impessoal de engrandecer a pátria e contribuir 
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa raça. 
Fernando Pessoa
As palavras do poeta me convidam à viagem. Viagem à infância, às 
lembranças inquietantes da adolescência, ao universo da maturidade, da 
consciência... Viagem que exige coragem. Coragem para revisitar o acontecido, 
para pensar o vivido...
Convido você para ser meu (minha) companheiro(a) nesta viagem de 
coragem e ousadia. Pretendo que esta travessia seja significativa e que você 
tenha a oportunidade de reconstruir lugares já visitados e situações vividas para 
ressignificar comigo percepções sobre a criança, a escola, a educação, a vida...
A minha pretensão como condutora deste navio que, com certeza, 
navegará por um mundo de incertezas, medos e desafios e também lugares 
encantadores. [...]
Falar sobre minha infância em Paraisópolis, cidadezinha localizada nas 
montanhas de Minas Gerais, me traz um sentimento gostoso de saudade. 
Lembro-me, como se fosse hoje, das ruas da igreja, da praça, da escola...
Aprendi a ler com a Cartilha “O circo do Carequinha”. Era um livro branco...
Já na adolescência, lia às escondidas obras como A Normalista, de 
Adolfo Caminha, A Carne, de Júlio Ribeiro e outros que minha avó, minha doce 
cúmplice do mergulho no que era deliciosamente proibido... [...]
Penso que a pessoa que tem uma história significativa de leitura, 
certamente terá um olhar mais crítico em relação ao mundo e construirá novos 
caminhos para sua existência na sociedade. [...]
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual� Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
Como você vê, no gênero memorial, o autor é ao mesmo tempo escritor/narrador/
personagem da sua história. De modo geral, podemos dizer que se trata de um texto em que 
os acontecimentos são narrados geralmente na primeira pessoa do singular, numa seqüência 
definida, a partir das memórias e das escolhas do autor, para registrar a própria experiência 
e, como todo texto escrito, para produzir certos efeitos nos possíveis leitores.
Vamos iniciar, então, a escrita de seu memorial.
Não escolhiser professora. Fui me compondo aos poucos. Ingressei no 
Curso Normal por exigência do meu pai, que acreditava estar oferecendo às 
suas filhas uma profissão...
A partir dessa experiência, tive certeza dos caminhos que iria trilhar. Não 
sei como explicar esse sentimento, talvez fosse isso minha intuição. Na minha 
vida as coisas acontecem sempre movidas pelo desejo do coração... [...]
Inicio minha trajetória como professora da Escola Estadual Joaquim Nunes 
Rocha, onde trabalhei dois anos com Educação Infantil... Lembro-me da sala de 
aula, era meio improvisada, bem pequena...
Começo, então, ainda menina, a construir minha identidade profissional 
que vai se constituindo articulada com a minha identidade pessoal. Na época 
não era capaz de perceber e refletir sobre as condições de trabalho que me 
eram oferecidas e nem fazer uma leitura crítica daquele contexto perverso, 
desumano e excludente. Ao refletir sobre essas lembranças, tão vivas, tenho a 
sensação de ouvir os versos cantados por Elis Regina: “Na parede da memória 
essa lembrança é o quadro que dói mais”.
Apesar da minha ingenuidade pedagógica, do desconhecimento da 
dimensão política e social do fazer pedagógico, carregava saberes pessoais 
que se articulando aos saberes da docência... [...]
RODRIGUES, Ádria Maria Ribeiro. Rondonópolis, Mato Grosso, 2006.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual �
Atividade 3
1
2
�
�
5
�
O texto que você leu é um fragmento de memorial.
Leia-o e reflita sobre sua própria vida. 
Com base nas lembranças registradas pela memorialista, comece a registrar 
também a sua história para o(a) seu(sua) professor(a).
Para isso, você deve responder às questões que seguem.
Quais as etapas de vida que você quer relatar (desde a infância, 
adolescência, início de sua vida profissional, início na Universidade)? 
Necessariamente, as etapas não devem seguir o tempo cronológico, 
ano a ano, mas você deve expor o desenrolar dos acontecimentos 
mais importantes, conforme sua escolha.
Quais foram os fatos particulares, ocorridos em cada uma dessas 
etapas que mais marcaram esse processo de vida?
Quais as razões que o(a) levam a relatar esses fatos? Em que você 
acredita, quais suas teorias de vida, seus valores ou outras razões 
intencionais, sociais, históricas e políticas que tornam esses 
acontecimentos relevantes para serem narrados?
Com a escrita de seu memorial, você pretende convencer o seu leitor 
de quê? Qual o sentido que você quer provocar com a leitura de 
sua história (de alguém vencedor, batalhador, “coitadinho”, infeliz, 
crítico)? São várias as interpretações que você pode provocar. 
Que modelo narrativo você irá privilegiar? Um relato tradicional ou 
algo mais inusitado que surpreenda seu leitor com questionamentos, 
posicionamentos críticos ou algo mais poético?
Você pode abordar uma problemática em seu memorial. Assim, qual 
a problemática central que percorreu sua história de vida até os dias 
de hoje? Que perguntas você gostaria de responder, a partir de seu 
percurso memorialístico?
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual10 Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
�
�
Organizando a escrita do memorial
Organize suas respostas e escreva seu memorial, observando todos os aspectos 
destacados.
Revisando e reescrevendo o memorial
Depois que você produzir seu memorial, faça uma revisão e avalie se a escrita está 
adequada ao destinatário para o qual você está escrevendo; se o memorial mostra que você 
é uma pessoa que refletiu criticamente sobre os fatos narrados; se você considerou os 
aspectos essenciais da forma composiconal do gênero memorial; se você fez uso adequado 
de organizadores textuais, dando progressividade ao seu texto.
Releia o memorial para conferir se não há problemas de inadequação à norma culta da 
língua. Afinal de contas, o memorial é um gênero textual que, se não publicado, no mínimo, 
será uma tarefa acadêmica, e como tal, exige o uso da língua padrão.
Após a revisão de seu memorial, faça as alterações necessárias e reescreva-o. Em 
seguida, envie a última versão de seu memorial para um(a) colega com um bilhete, pedindo 
que ele leia e faça comentários registrados em um bilhete. 
Os argumentos, os personagens e o contexto tendem a se expandir e 
a se relacionar com outras histórias. Que relações sociais, históricas, 
políticas, emocionais você pode trazer para o seu relato?
Que reflexões finais você pode argumentar em relação à sua história 
de vida? 
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual 11
Concluindo nossa conversa...
É importante destacar que o critério de seleção e seqüenciação dos acontecimentos é sempre uma prerrogativa do narrador; que as histórias que lemos e ouvimos nos remetem sempre às nossas próprias histórias e às nossas experiências pessoais; 
que o narrado tem intenções nem sempre explícitas; que as narrativas são polissêmicas 
– ou seja, têm múltiplas possibilidades de interpretação; que embora sejam canônicas, 
modelares, a arte de narrar pressupõe alguma transgressão que contraria as expectativas de 
quem ouve ou de quem lê; que elas ‘criam realidades’; que são as escolhas do narrador que 
dão o contorno da problemática de que o texto trata; que relacionamos de alguma forma as 
histórias que ouvimos e lemos com a nossa própria vida; que as histórias dialogam umas 
com as outras, se inter-relacionam.
Finalmente, faça como a autora do fragmento, a seguir:
Início e término, começo e fim
Mudanças iguais: a vida é assim,
Mistério desvendado a cada dia
Sorte de quem pára e aprecia
E olha pra trás, e olha pra frente
Sem deixar de viver no presente. 
E brinca, e sonha, e erra
E aproveita este passeio na Terra
Cada fase tem sua graça
Quando menos se espera ela passa
Faça! Curta! Vá atrás... 
E depois vire a página em paz. [...]
Simone
Simone
O texto citado é fragmento 
de uma produção textual 
da “Oficina de textos”, 
do Curso Promovendo 
Formação Continuada, 
In: BARBATO, S. (Org.). 
Aprofundamento do saber 
disciplinar – Módulo 
II. Brasília: UnB, Editora 
Moderna Formação, 2005, 
p. 36.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual12 Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
Resumo
Leituras complementares
DOSTOIÉVSKI, F. Memórias do subsolo. São Paulo: Editora 34, 2000.
Neste livro ressoa a voz do “homem do subsolo”, o personagem-narrador que, à força 
de paradoxos, investe contra o solo da própria consciência, criando uma narrativa ímpar, de 
altíssima voltagem poética, que se afirma e se nega a si mesmo sucessivamente.
SARAMAGO, J. Memorial do convento. São Paulo: Editora Bertrand Brasil, 1996.
A partir da construção de um convento em Mafra, no século XVIII, o autor recria a 
história das invenções e fantasias de Portugal.
Vimos nesta aula como trabalhar mais um gênero textual, o memorial. Verificamos 
que o memorial é um gênero da ordem do relatar, elaborado de forma gradual e 
progressiva, oportunizando ao produtor do texto registrar os percursos de suas 
caminhadas. É uma espécie de diário, onde podem ser anotadas suas vivências, 
emoções, descobertas, inquietações, vitórias ou frustrações. Academicamente, 
esse gênero pode ser utilizado para reflexão sobre a trajetória ou percurso 
construtivo de algum processo de ensino-aprendizagem, de forma que seja feita 
uma auto-avaliação desse caminhar. Ao ser instigado e desafiado a escrever um 
memorial, você se apropria do estatuto de enunciador e agente-produtor, que 
lhe confere à formação discursiva necessária para promover um intercâmbio de 
experiências com seus colegas, tutores ou professores. 
Auto-avaliação
Leia a afirmação a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você aidentificar os pontos positivos de sua 
aprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim, 
avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual 1�
O gênero textual memorial é uma escrita que registra um processo 
de vida.
Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São 
Paulo: Martins Fontes, 1979, p. 277-326.
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. Org. Dionísio, A. P. e 
Hoffnagel, J. C. São Paulo: Cortez, 2005.
DIONÍSIO, A. P., MACHADO, A. R. e BEZERRA, M. A. (Orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio 
de Janeiro: Lucerna, 2002.
FREIRE, P e HORTON, M. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e 
mudanças sociais. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
MACHADO, A. R. (Coordenação), LOUSADA, E. e ABREU-TARDELLI, L. S. Planejar gêneros 
acadêmicos. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
PRADO, G. do V. T. e SOLIGO, R. Memorial de formação: quando as memórias narram a 
história da formação. Disponível em http://www.fe.unicamp.br/ensino/graduacao/downloads/
proesf-memorial_GuilhermePrado_RosauraSoligo.pdf Acesso em 30/06/2007.
SCHNEUWLY, B. e DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, 
SP: Mercado de Letras, 2004.
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual1� Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
Anotações
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual 15
Anotações
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual1�
Anotações
Aula 15  Leitura, Interpretação e Produção Textual
SEB/SEED

Mais conteúdos dessa disciplina