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Guias para entrada em espaços confinados

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RBNA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUIA PARA ENTRADA 
EM 
ESPAÇOS CONFINADOS 
 
 
 
 
 
 
 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUIA PARA ENTRADA EM 
ESPAÇOS CONFINADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULOS 
 
 
A ABORDAGEM 
 
B NORMAS, REGULAMENTAÇÃO E 
 REFERÊNCIAS 
 
C RISCOS DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E 
 TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
D RECOMENDAÇÕES PARA ENTRADA E 
 PERMANÊNCIA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
 
ANEXO 1 – ANÁLISES DE CASOS 
 
ANEXO 2 – PET –NR-33 
 
ANEXO 3 – LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA 
 ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
ANEXO 4 – DIRETRIZES PARA VISTORIADORES 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 3 
CONTEÚDO 
CAPÍTULO A. 4 
ABORDAGEM 4 
 
A1. APLICAÇÃO 4 
 
A2. DEFINIÇÕES 4 
100. Definições específicas ao presente Guia 4 
 
CAPÍTULO B. 5 
DOCUMENTOS, REGULAMENTOS E NORMAS 5 
 
B2. NORMAS E REGULAMENTOS 5 
100. Regulamentos e recomendações aplicáveis 5 
 
B3. REFERÊNCIAS 5 
 
CAPÍTULO C 6 
RISCOS DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E 
TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS 6 
 
C1. TIPOS DE RISCOS 6 
 
C2. RISCOS DEVIDOS À ATMOSFERA 7 
100. Atmosfera no interior do espaço confinado 7 
200. Atmosfera deficiente em oxigênio 7 
300. Atmosfera tóxica devido a produtos armazenados 
no interior do espaço 7 
400. Atmosfera tóxica gerada por trabalho executado 
no interior do espaço 9 
500. Atmosfera tóxica nas áreas adjacentes ao espaço 
confinado 9 
600. Atmosfera inflamável ou explosiva 9 
 
C3. AVALIAÇÃO DO GRAU DE CONTAMINAÇÃO 
DA ATMOSFERA E VENTILAÇÃO 10 
100. Avaliação da contaminação 10 
200. Ventilação e exaustão dos espaços confinados 
 10 
300. Compartimentos com camadas de poeira deposita-
das no interior 11 
 
C4. RISCOS ELÉTRICOS 11 
100. Natureza dos riscos 11 
200. Riscos de choque elétrico 11 
300. Riscos de explosão 11 
 
C5. RISCOS DEVIDOS ÀS INSTALAÇÕES FÍSICAS
 12 
100. Riscos envolvidos 12 
200. Escadas 12 
300. Aberturas 12 
400. Lama 12 
500. Queda de objetos 12 
700. Isolamento do compartimento 12 
800. Riscos associados a determinados tipos de carga 
 13 
 
CAPÍTULO D 13 
RECOMENDAÇÕES PARA ENTRADA E 
PERMANÊNCIA EM ESPAÇOS CONFINADOS 14 
 
D1. APLICAÇÃO 14 
100. Geral 14 
 
D2. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA ENTRADA 
EM ESPAÇOS CONFINADO EM NAVIOS 14 
100. Objetivo 14 
200. Recomendações gerais 14 
 
D3 RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA 
ENTRADA EM TANQUES DE LASTRO 15 
100. Recomendações adicionais para entrada em tanques 
de lastro 16 
 
D4 RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA 
ENTRADA EM TANQUES DE NAVIOS 
PETROLEIROS OU QUÍMICOS 16 
100. Recomendações para entrada em tanques de navios 
petroleiros e químicos 16 
 
ANEXO 1 – ANÁLISES DE CASOS 17 
 
1. INTRODUÇÃO 17 
 
2. CASOS 17 
Caso 1 – Envenenamento por gás sulfídrico ocorrido no 
porto do Rio de Janeiro 17 
Caso 2 – Incêndio com duas vítimas fatais em um tanque de 
carga de um petroleiro em reparos. 17 
Caso 3 – Intoxicação em navio graneleiro saído do porto de 
Necochea, Argentina 18 
Caso 4 – Morte no interior de tanque de lastro por choque 
elétrico na área de ancoragem do porto do Rio de Janeiro 
 19 
Caso 5 – Quase acidente no porto do Rio de Janeiro por 
falta de oxigênio no interior de tanque de duplo fundo 19 
Caso 6 – Um encontro inusitado no interior do duplo fundo 
de uma barcaça nas margens do Rio Tietê 20 
Caso 7 – Exemplo de eficiência em Paranaguá 20 
 
3. CONSIDERAÇÕES REFERENTES AOS CASOS 
ACIMA DESCRITOS 
 
ANEXO 2 - PERMISSÃO DE ENTRADA E 
TRABALHO – PET CONFORME NR33 22 
 
ANEXO 3 - FORMDVIN 79_00 LISTA DE 
VERIFICAÇÃO PARA ENTRADA EM ESPAÇOS 
CONFINADOS 24 
 
ANEXO 4 - DIRETRIZES PARA VISTORIADORES
 29 
 
 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 4 
 CAPÍTULO A. 
ABORDAGEM 
 
A1 APLICAÇÃO 
 
A2 DEFINIÇÕES 
 
 
 
A1. APLICAÇÃO 
 
100. Aplicação 
 
101. Este guia aplica-se à inspeções que requeiram a 
entrada em espaços confinados em embarcações. É aplicá-
vel a quaisquer embarcações, tanto às destinadas a nave-
gação interior como às embarcações para navegação em 
mar aberto tanto as cobertas pela NORMAM 01 como as 
cobertas pelos regulamentos IMO. 
 
 
 
A2. DEFINIÇÕES 
 
100. Definições específicas ao presente Guia 
 
101.- Abertura de linha – alívio intencional de um tubo, 
linha ou duto que esteja transportando ou tenha transpor-
tado substâncias tóxicas, corrosivas ou inflamáveis, um 
gás inerte ou qualquer fluido em volume, pressão ou tem-
peratura capaz de causar lesão. 
 
102. Atmosfera normal – quando o teor de oxigênio 
medido por meio de um oxímetro for igual a 20,8% 
 
103. Atmosfera deficiente em oxigênio – quando o teor 
de oxigênio medido por meio de um oxímetro for igual ou 
inferior a 20,8% 
 
104. Atmosfera de risco – condição em que a atmosfera 
em um espaço confinado possa oferecer riscos ao local e 
expor os trabalhadores ao perigo de morte, incapacitação, 
restrição de habilidade para auto-resgate, lesão ou doença 
aguda. 
 
105. Atmosfera explosiva – quando a leitura obtida da 
medição da atmosfera no interior de um espaço confinado 
estiver acima de 10% do limite inferior de explosividade. 
Normalmente, não são aceitas leituras acima de 4%. 
 
106. Analisador de gases - equipamento utilizado para 
detectar a presença de determinados gases na atmosfera de 
um compartimento pela reação química com ampolas cujo 
conteúdo altera sua cor na presença de um contaminante 
específico. O aparelho permite a troca de ampolas para 
analisar diferentes gases. 
 
107. Auto-resgate – capacidade desenvolvida pelo 
trabalhador através de treinamento que possibilita seu 
escape com segurança de ambiente confinado que entrou 
em IPVS, isto é, entrou em condição “imediatamente 
perigosa à vida ou à saúde.” 
 
108. Bactéria redutora de sulfato (BRS) – bactéria que 
em ambiente onde haja estagnação, anaerobiose (ausência de 
oxigênio), presentes de fontes de enxofre tais como matéria 
fecal pode gerar H2S (gás sulfídrico). 
 
109 Clinckage – agregação de resíduos de carga que 
aderem à estrutura do tanque, normalmente em petroleiros, 
que não é removida com a lavagem do tanque e, por aque-
cimento, pode liberar gás. 
 
110. Disulfato víbrio – pertencente às bactérias BRS, está 
presente onde existir a presença de matéria fecal e libera gás 
sulfídrico. 
 
111. EPI – equipamento individual de proteção, constituí-
do basicamente de macacão, luvas, botas de segurança, 
capacete de segurança e alguns itens adicionais conforme 
requerido, tais como: proteção visual, proteção auditiva, 
lanterna. 
 
112. Equipamento “à prova de explosão” Ex - o que 
tem um invólucro tal que: 
- suporta explosão de um gás ou vapor específico que ocorra 
em seu interior; 
- previne a ignição deste gás ou vapor específico no ar (at-
mosfera) ao seu redor, por centelhas ou explosão do gás no 
seu interior; 
- opera com temperatura exterior tal que uma atmosfera 
inflamável ao seu redor não entre em ignição. 
 
113. Equipamento de grau limitado contra explosão – 
no qual o funcionamento normal não produz centelhas e não 
conduz a temperaturas de superfície maiores que 200
o
 C. 
Fazem parte deste equipamento, por exemplo: 
 - motores para corrente alternada com gaiola; 
 - geradores sem escova com excitação sem contato;- fusíveis herméticos; 
 - equipamentos eletrônicos sem contatos. 
 
114. Equipamento “intrinsecamente seguro” – Ex i - o 
que é incapaz de gerar energia elétrica ou térmica, em con-
dições normais ou anormais, que cause ignição de uma mis-
tura atmosférica, na sua concentração mais favorável à igni-
ção. 
 
115. Equipamento “com proteção contra fogo” – Ex d 
– para unidades elétricas que suportarão explosão de gases 
inflamáveis ou vapores que possam ter penetrado na prote-
ção, sem ser destruída e sem comunicar a ignição interna a 
gases inflamáveis ou vapores externos à proteção. Isto é 
conseguido por fendas ou aberturas similares na proteção. 
 
116. Segurança reforçada – Ex e – método onde são 
tomadas providências adicionais para conseguir proteção 
contra temperatura excessiva, arco voltaico ou centelhamen-
to em aparelhos elétricos, nos quais eles ocorram em opera-
ção normal.. Este tipo é também usado conjugado a outros 
tipos de proteção (ex: proteção contra chamas). 
 
117. Espaço confinado – qualquer área não projetada para 
ocupação contínua que tenha meios limitados de entrada e 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 5 
saída, e na qual a ventilação natural é insuficiente para 
remover contaminantes perigosos e/ou deficiência ou 
excesso de oxigênio. 
 
118. Explosímetro – equipamento utilizado para medir 
o conteúdo de gases explosivos em determinado local. 
 
119. Gás inerte – gás injetado no interior de um tanque 
contendo substâncias inflamáveis de médio ou baixo pon-
to de fulgor para tornar neutra a atmosfera ambiente, subs-
tituindo a atmosfera oxigenada por atmosfera rica em CO 
ou nitrogênio. 
 
120. Gás sulfídrico (H2S) – gás liberado em ambientes 
onde exista lama com resíduos de hidrocarbonetos ou 
dejetos orgânicos que age paralisando o sistema respirató-
rio, podendo provocar danos cerebrais permanentes ou a 
morte a depender de sua concentração. Possui cheiro de 
ovo podre e é também chamado gás de pântano ou gás de 
ovo podre. 
 
121. Gás free - medição do grau de explosividade da 
atmosfera no interior de um tanque de carga ou espaço 
confinado. 
 
122. IPVS – condição imediatamente perigosa à vida 
e à saúde – qualquer condição que cause uma ameaça 
imediata à vida ou que possa causar efeitos adversos irre-
versíveis à saúde, ou que interfira com a habilidade dos 
indivíduos para escapar de um espaço confinado sem 
ajuda (auto-resgate). 
 
123. Limite inferior de explosividade (LIE, em inglês 
LEL – lower explosive level) – mínima concentração na 
qual a mistura se torna inflamável. 
 
124. Limite superior de explosividade (LSE, em in-
glês UEL – upper explosive level) – concentração em 
que a mistura possui uma alta porcentagem de gases e 
vapores de modo que a quantidade de oxigênio é tão baixa 
que uma eventual ignição não consegue se propagar pelo 
meio. 
 
Curva de ExplosividadeCurva de Explosividade
% Vol MISTURA RICA
MISTURA EXPLOSIVA
MISTURA
100
POBRE0
LSE
LIE
t
 
125. Oxímetro – aparelho utilizado para a medição do 
teor de oxigênio no interior de um compartimento. Alguns 
modelos são pequenos e podem ser transportados no bolso 
de um macacão, e disparam um alarme visual e sonoro caso 
o teor de oxigênio caia abaixo de 20%. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO B. 
DOCUMENTOS, REGULAMENTOS E NORMAS 
 
B1. DOCUMENTOS – N/A 
 
B2. NORMAS E REGULAMENTOS 
 
B3. REFERÊNCIAS 
 
 
 
B2. NORMAS E REGULAMENTOS 
 
100. Regulamentos e recomendações aplicáveis 
 
101. Os seguintes regulamentos e recomendações foram 
adotados neste guia: 
 
- IBC – código para navios que transportam pro-
dutos químicos a granel 
- IBG – código para navios gaseiros 
- NORMAM’S – Normas da Autoridade Marí-
tima Brasileira 
- Regras do RBNA 
- ABNT – NB14787 – Espaços Confinados: 
Prevenção de Acidentes, Procedimentos e Me-
didas de Proteção. 
- IACS – Bulk Carriers: Guideline for Surveys, 
Assessment and Repair 
- IACS – Confined Space Safe Practice Recom-
mendation (no. 72) 
- ADNR – regulamento europeu para transporte 
de mercadorias perigosas a granel no Rio Reno 
- Resolução IMO A.864(20) Recommendations 
For Entering Enclosed Spaces Aboard Ships 
como emendada 
- Norma Regulamentadora NR-33 Segurança e 
Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados 
 
 
 
B3. REFERÊNCIAS 
 
101. O presente Guia foi elaborado com base nas seguintes 
referências: 
 
- Mario Cesar – “H2S – O Gás da Morte” – cli-
ckmacae@.com.br, 2004 
- Wilsen, C.O. et alia: “Characterization of an 
Autotrophic Sulfide-Oxidizing Marine Acro-
bacter sp that Produces Filamentous Sulfur”, - 
Journal of Bacteriology On Line, 2002 
mailto:clickmacae@.com.br
mailto:clickmacae@.com.br
 
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 1 - 6 
 
CAPÍTULO C 
RISCOS DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E 
TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
C1 TIPOS DE RISCOS 
 
C2 RISCOS DEVIDOS À ATMOSFERA 
 
C3 AVALIAÇÃO DO GRAU DE 
CONTAMINAÇÃO E VENTILAÇÃO 
 
C4 RISCOS DEVIDOS À INSTALAÇÕES 
ELÉTRICAS 
 
C5 RISCOS DEVIDOS ÀS INSTALAÇÕES FÍSICAS 
 
C1. TIPOS DE RISCOS 
 
Figura 1 – Tipos mais comuns de riscos 
de entrada em espaços confinados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RISCOS 
DEVIDOS ÀS 
INSTALAÇÕES 
FÍSICAS 
RISCOS DE 
ENTRADA 
EM 
ESPAÇOS 
CONFINADOS 
ATMOSFERA 
NO 
INTERIOR 
DO 
ESPAÇO 
 
RISCOS 
ELÉTRICOS 
TEOR DE 
OXIGENIO 
GASES TÓXICOS 
GASES 
INFLAMÁVEIS OU 
EXPLOSIVOS 
 
 
CHOQUE 
EXPLOSÃO 
ISOLAMENTO 
ESCADAS 
ABERTURAS 
LAMA 
QUEDA DE 
OBJETOS 
TIPO DE CARGA 
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 1 - 7 
 
 
C2. RISCOS DEVIDOS À ATMOSFERA 
 
100. Atmosfera no interior do espaço confinado 
 
101. A atmosfera no interior de espaços confinados 
apresenta normalmente condição IPVS devido à ausência 
do movimento natural do ar. Essa característica dos espa-
ços confinados pode resultar em: 
 Atmosfera deficiente em oxigênio 
 Atmosfera tóxica 
 Atmosfera inflamável ou explosiva 
 
200. Atmosfera deficiente em oxigênio 
 
201. Abaixo fornecemos uma classificação da atmosfera 
em função do teor de oxigênio presente: 
 
Atmosfera % O2 
Aumento da inflamabilidade dos materiais > 23,0 
Enriquecida 22,0 
Normal 20,8 
Deficiente em oxigênio 19,5 
Julgamento e respiração afetados 16,0 
Julgamento falho, fadiga rápida 14,0 
Respiração difícil, morte em minutos 11,0 
 
202. A atmosfera começa a ser considerada deficiente 
em oxigênio a partir de um teor de 19,5% de O2. 
 
203. Como norma geral, no entanto, não se deve aden-
trar compartimentos com teor de oxigênio abaixo de 
20,8%. 
 
 
 
 
 
 
Riscos Atmosféricos: O2 
16 
>23% Aumento da inflamabilidade dos materiais 
20.8% Nível normal de Oxigênio no ar 
19.5% Nível mínimo de oxigênio para uma entrada segura. 
10-11% A respiração se acelera e falta de coordenação, 
incremento da pulsação, euforia e dor de cabeça. 
6-10% Náuseas e vômitos, dificuldade de movimentos, perda 
de conhecimento, falhas mentais, rosto pálido e lábios azuis. 
<6% A respiração cessa, seguindo de parada respiratória e 
a morte em minutos. 
 
204. O teor de oxigênio é medido por um oxímetro. 
 
205. Normalmente, os petroleiros, gaseiros e navios quí-
micos possuem tal equipamento a bordo, como também 
graneleiros que transportam substâncias que liberam gases 
perigosos tais como o Fe-Si em determinados graus de mis-
tura. 
 
206. Nos navios de navegação interior, não é comum 
haver oxímetro a bordo. Por isso, o vistoriador deve estar 
provido de oxímetro portátil, ou alternativamente os seguin-
tes requisitos para entrada devem ser obedecidos: 
a)abertura de todos os acessos (escotilhões, portas de visita) 
durante um período mínino de 24 horas; 
b) ventilação / exaustão mecânica durante a permanência no 
interior do espaço confinado; 
c) verificação prévia da atmosfera pelo Armador / Navio / 
Estaleiro antes da entrada, na presença do vistoriador 
d) Preenchimento do PET conforme Anexo 2 do presente. 
 
207. Fatores que contribuem para o baixo teor de oxigênio 
no interior de um tanque ou porão: 
 
 Fechamento prolongado com suspiro deficiente, ine-
xistente ou bloqueado 
 Formação de camadas de ferrugem no chapeamento e 
estrutura do tanque 
 Tanque servido por gás inerte 
 Tanque com presença de bactérias que consomem 
oxigênio (redutoras) 
 Cargas estivadas nos porões que reduzem o teor de 
oxigênio, tais como serragem de madeira aglome-
rada para transporte. 
 
300. Atmosfera tóxica devido a produtos armazenados 
no interior do espaço 
 
301. A atmosfera no interior de espaços confinados pode 
tornar-se tóxica devido a: 
 
 Produtos armazenado no interior do espaço 
 Trabalho sendo executado no interior do espaço 
 Áreas adjacentes ao espaço confinado 
 
302. Todo tanque de carga de navio ou barcaça, gaseiro, 
químico ou petroleiro bem como os coferdames adjacentes e 
os porões em redor dos tanques independentes são áreas de 
risco de atmosfera tóxica, especialmente se forem servidos 
por sistema de gás inerte. 
 
 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 8 
303. A entrada em tais espaços deve sempre ser prece-
dida de análise por um químico responsável. 
 
304. Produtos químicos a granel ou derivados de petró-
leo podem ser absorvidos pela estrutura e/ou revestimento 
do tanque, liberando gases tóxicos. 
 
O chamado clinckage - aderência de produtos derivados 
de petróleo à estrutura e revestimento dos tanques de car-
ga tem sido responsável por acidentes a bordo de petrolei-
ros em reparo. 
 
305. Mesmo após gás free e ventilação pode ser neces-
sário utilizar proteções visuais e/ou respiratórias, pois o 
cheiro remanescente pode ser irritante para as vias respira-
tórias e para os olhos. 
 
306. Produtos em pó tóxicos ou explosivos deixam 
resíduo de poeira que podem não ser removido pela venti-
lação. 
 
307. Um dos gases mais perigosos é o chamado gás da 
morte ou gás sulfídrico (H2S). 
 
O gás sulfídrico pode ser liberado no interior de um com-
partimento, tal como tanque de lastro, quando houver 
resíduos de lama com dejetos orgânicos ou de petróleo no 
interior de um tanque. 
 
O gás sulfídrico provoca efeitos de intoxicação mais in-
tensos que os provocados por monóxido de carbono, e 
pode causar a morte ou danos permanentes por paralisia 
do sistema nervoso que controla a respiração incapacitan-
do os pulmões de funcionar. Os efeitos toxicológicos 
dependem da concentração do gás em partes por milhão 
(ppm), conforme indicado no gráfico abaixo: 
 
Descrição Concentração 
Detectável pelo paladar Até 1 ppm 
Detectável pelo odor De 1 a 5 ppm 
Irritação dos olhos. Exposição 
máxima permissível 8 horas 
De 8 a 19 ppm 
Tosse e irritação dos olhos. 
Odor forte. Exposição permis-
sível 10 minutos a cada 8 
horas 
De 20 a 50 ppm 
Irritação dos olhos, garganta e 
pulmão. Exposição permissí-
vel 2 a 5 minutos 
De 50 a 500 
ppm 
Perda de consciência seguida 
de morte em 30 minutos 
De 500 a 700 
ppm 
Inconsciência imediata, para-
lização da respiração e morte. 
Pode causar danos cerebrais 
permanentes. 
De 700 a 1000 
ppm 
Inconsciência instantânea, 
parada respiratória e morte em 
poucos minutos 
Acima de 
1000 ppm 
 
308. Existe uma determinada espécie de bactérias de-
nominada comumente BRS, bactéria redutora de sulfato, 
que encontrando ambiente onde haja estagnação, anaerobio-
se (ausência de oxigênio), presença de fontes de enxofre tais 
como matéria fecal pode gerar H2S (gás sulfídrico, gás de 
ovo podre, gás de pântano, etc...) 
 
Esse gás exala um cheiro forte de ovo podre que pode ser 
notado em locais onde existam mangues com despejo de 
dejetos sanitários. A bactéria denominada disulfato víbrio 
pertence a essa espécie e já foi responsável por acidentes 
com morte. 
 
Portanto, a simples operação de deslastrar um tanque não 
garante que a entrada no interior do compartimento de lastro 
seja segura. O compartimento deve ser ventilado e o ar tes-
tado. 
 
309. Tanques de carga onde foi desenvolvida atmosfera de 
gás inerte podem ainda reter resíduos do gás e possuir at-
mosfera deficiente, e o ingresso a esses compartimentos 
somente deve ser autorizado após medição do teor de O2 em 
seu interior. 
 
Onde existirem sistemas de gás inerte, assegurar-se de que 
o espaço confinado está devidamente isolado contra a 
possibilidade de injeção de gás durante a permanência das 
pessoas no interior do compartimento. 
 
308. Os coferdames formam o casco duplo e devem ser 
considerados como áreas de risco para entrada, requerendo 
cuidados especiais e avaliação da atmosfera e/ou ventilação 
antes do ingresso . 
 
 
309 O espaço de porão ao redor dos tanques independen-
tes de navios ou barcaças petroleiras ou químicas deve ser 
considerado como área de risco para entrada, requerendo 
cuidados especiais e avaliação da atmosfera e/ou ventilação 
antes do ingresso. 
 
311. Os compartimentos fechados contendo garrafas de 
CO2 e compartimentos fechados para baterias devem ser 
considerados como espaços confinados. Jamais entrar num 
compartimento de garrafas de CO2 logo após a abertura da 
porta: deve-se esperar um mínimo de 30 minutos e solicitar 
ventilação forçada prévia. 
 
312. Os efeitos nocivos do monóxido de carbono CO: Por 
não possuir odor e cor este nocivo gás pode permanecer por 
muito tempo em ambientes confinados caso não se tome 
providências de ventilar ou exaurir o local. Em concentra-
ções superiores ao seu limite de tolerância (concentração 
acima da qual poderão ocorrer danos à saúde da pessoa), que 
é de 39 ppm: 
- O exposto poderá sentir desde uma simples dor de ca-
beça (200 ppm); 
- Palpitação (1000 a 2000 ppm); 
- Inconsciência (2000 a 2500 ppm); 
- Morte (4000 ppm). 
 
 
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de navios e aeronaves 
 
 1 - 9 
400. Atmosfera tóxica gerada por trabalho executado 
no interior do espaço 
 
401. Trabalhos de corte, solda e pintura no interior de 
espaços confinados produzem contaminação perigosa da 
atmosfera. 
 
 
A névoa causada pela pintura pode atingir concentração 
suficiente para uma atmosfera explosiva. 
 
A nuvem de gás e fumaça desprendida por trabalhos a 
quente (solda e corte) pode atingir concentração tóxica. 
 
402. Tais trabalhos devem ser executados na presença 
de ventilação mecânica contínua que garanta a circulação 
do ar e exaustão dos contaminantes gerados do interior do 
espaço; de preferência deve ser providenciada exaustão 
com aspiração no ponto mais remoto do espaço, forçando 
a entrada de ar puro pela extremidade oposta, trocando 
assim todo o ar ambiente. 
 
500. Atmosfera tóxica nas áreas adjacentes ao espaço 
confinado 
 
501. Nos navios ou barcaças destinados ao transporte de 
derivados de petróleo, produtos químicos a granel e gás 
liquefeito, os coferdames, tanques de duplo fundo do cas-
co duplo ou porões contendo tanques independentes são 
exemplos de áreas adjacentes que podem trazer riscos de 
entrada. 
 
Vazamentos não percebidos de líquido ou gás através da 
solda, bem como processos de osmose podem gerar uma 
atmosfera tóxica no interior desses compartimentos. 
 
502. A entrada no interior de espaços confinados deve 
levar em conta não somente a condição da atmosfera nesse 
espaço, como também a condição da atmosfera nos tan-
ques adjacentes. 
 
503.Portanto, para serviços o ingresso no interior dos 
espaços descritos no item 502 é necessário que seja feito o 
gás free de todos os compartimentos adjacentes. 
 
504. A recíproca também é verdadeira, ou seja, para o 
ingresso no interior dos tanques de carga deve ser feito gás 
free no interior dos coferdames. 
 
600. Atmosfera inflamável ou explosiva 
 
 
601. A atmosfera no interior de um espaço confinado em 
que gás, vapor ou névoa inflamável estão presentes em con-
centração igual ou superior a 10% do limite inferior de ex-
plosividade (LIE). 
 
Aplicação de revestimentos ou pintura por pistola gera uma 
névoa inflamável. 
 
602. Poeira combustível em uma concentração que seja 
igual ou superior ao LIE e menor que o LSE também consti-
tuem uma atmosfera inflamável ou explosiva. 
 
Normalmente o LIE está situado por volta de 20 g/m
3
 a 60 
g/m
3
 ao passo que o LSE situa-se na faixa de 20 kg/m
3
 a 60 
kg/m
3
. 
 
Mantendo-se as concentrações de pó fora dos seus limites de 
explosividade a atmosfera não se torna inflamável ou explo-
siva. 
 
Descargas de trigo a granel podem gerar atmosfera explosi-
va nos dutos e ambientes por onde espalhar-se a poeira. 
 
603. Existe o risco de formação de atmosfera explosiva 
nos compartimentos adjacentes a tanques de carga de navios 
ou barcaças petroleiras, químicas ou gaseiras tais como: 
 
1. tanques do casco duplo: tanques laterais, duplo fun-
do; 
2. coferdames; 
3. sala de bombas; 
4. porão ao redor de tanques independentes 
5. tanques de colisão AV e AR quando não houver co-
ferdame entre esses tanques e os tanques de carga. 
 
 
 
 
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de navios e aeronaves 
 
 1 - 10 
C3. AVALIAÇÃO DO GRAU DE 
CONTAMINAÇÃO DA ATMOSFERA E 
VENTILAÇÃO 
 
100. Avaliação da contaminação 
 
101. A avaliação do grau de contaminação por gases 
tóxicos e avaliação do teor de oxigênio no interior de um 
espaço confinado deve ser feita por pessoal com treina-
mento e equipamento adequados, normalmente químico 
qualificado para inspeções navais ou um oficial de segu-
rança da tripulação treinado em inspeções desse tipo. 
 
Não se deve nunca confiar nos sentido para determinar 
se a atmosfera no interior de um espaço confinado per-
mite entrada segura! 
 
 
102. Os equipamentos utilizados são: 
 
1. oxímetro, que mede o teor de oxigênio em % e 
deve indicar 20,8%; 
2. explosímetro, que mostra o porcentual dentro de 
uma faixa de segurança de 0-10% do limite inferior de 
explosividade, mas que idealmente deve fornecer leitu-
ra 0%; 
3. analisador de gases, aparelho que pode operar 
com diversas ampolas, cada uma adequada à detecção 
de um tipo de gás. A presença de gás provoca reações 
químicas que alteram a cor das ampolas. A avaliação 
do resultado é feita pela consulta a tabelas fornecidas 
com o aparelho ou com as ampolas. 
 
103. O gás free em barcaças e navios petroleiros é feito 
com o explosímetro, e depois utilizado o oxímetro para 
medir o teor do oxigênio. 
 
104. Nos navios que transportaram produtos químicos é 
utilizado o analisador de gases conjugado sempre com o 
explosímetro e com o oxímetro. 
 
105. Em graneleiros que transportaram Fe-Si em pro-
porções de mistura passíveis de liberar gás é utilizado o 
analisador de gases. Nessas embarcações, a atmosfera no 
interior das acomodações deve ser analisada de forma 
rotineira devido à possibilidade de penetração de gases 
oriundos do porão. 
 
106. Ao observar um perito analisando a atmosfera no 
interior de espaços confinados, deve-se atentar para o que 
segue: 
 
1. O H2S ou gás sulfídrico vai acomodar-se no fundo do 
tanque; 
2. O CO ou monóxido de carbono tem a mesma densi-
dade do ar e está disperso; 
3. O gás metano é mais leve que o ar e acumula-se na 
parte superior do tanque; 
 
107. Durante uma vistoria de gás free deve-se verificar em 
quais locais foi feita a medição com explosímetro.: 
 
108. De forma a obter um corte representativo da condição 
da atmosfera no interior do espaço amostras devem ser tira-
das de vários níveis e através de tantas aberturas quanto 
possível. A ventilação deve ser parada por cerca de 10 minu-
tos antes dos testes para entrada serem realizados. 
 
109. Em adição a tais procedimentos deve-se tomar cuida-
do em medir também sob as borboletas e as longitudinais de 
costado onde o gás costuma ficar preso. 
 
200. Ventilação e exaustão dos espaços confinados 
 
 
 
201. A ventilação forçada por ventilador ou exaustor pode 
ser necessária para remover gases nocivos e vapores do 
interior de um espaço confinado. Há vários métodos para 
ventilar tais espaços. 
 
202. Observe-se que sob certas condições os gases ou 
vapores inflamáveis alteram o teor de oxigênio formando 
mistura rica demais para inflamar-se. Nesses casos, a venti-
lação forçada pode diluir a concentração até ser atingido um 
teor dentro da faixa explosiva. 
 
203. Se gás inerte foi utilizado (gás carbônico, nitrogênio) 
para tornar neutra a atmosfera no interior do espaço confina-
do, o espaço deve ser bem ventilado e re-testado antes da 
entrada de qualquer pessoa. 
 
204. O método mais comum para ventilação utiliza man-
gueira de grande diâmetro, com uma extremidade conectada 
ao ventilador e a outra inserida em porta de visita ou outra 
abertura. A mangueira deve estender-se até o fundo para 
diluir e deslocar os gases nocivos e vapores, criando circula-
ção de ar no interior do tanque. A tomada de ar deve estar 
em área que irá introduzir ar fresco no interior do comparti-
mento. A ventilação deve ser contínua, porque em muitos 
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de navios e aeronaves 
 
 1 - 11 
espaços confinados a atmosfera nociva poderá formar-se 
novamente quando pára o fluxo de ar de ventilação. 
 
205. Em tanques de carga que transportaram derivados 
de petróleo, a razão para o procedimento de manter a 
ventilação todo o tempo e realizar vistorias de gás free 
diárias mesmo depois da certificação inicial prende-se aos 
seguintes fatores: 
 
1. Não é possível retirar totalmente a água de lavagem 
do fundo de um tanque, permanecendo sempre um re-
síduo de água oleosa; 
2. Por melhor que seja a lavagem de um tanque, sem-
pre há a possibilidade da presença de resíduos de car-
ga aderentes à parede e à estrutura, efeito esse chama-
do clinckage - agregação ao longo do tempo de resí-
duos de carga nas soldas e em cantos da estrutura do 
tanque. Com o aquecimento por chama ou com a ele-
vação da temperatura no interior do tanque, pode ha-
ver desprendimento de gases. A ventilação constante 
normalmente remove esses gases. 
 
300. Compartimentos com camadas de poeira depo-
sitadas no interior 
 
301. As camadas de poeiras, diferentemente dos gases e 
vapores, não são diluídas por ventilação ou difusão. 
 
302. A ventilação pode aumentar o risco, criando nu-
vens de poeira que, em determinadas concentrações po-
dem ser tóxicas ou explosivas. 
 
303. As camadas de poeira depositadas podem criar um 
risco cumulativo, enquanto gases ou vapores não. 
 
304. Camadas de poeira podem ser objeto de turbulência 
inadvertida e se espalhar pelo movimento de pessoas ou 
equipamentos. 
 
305. A maneira de efetuar a limpeza vai depender da 
natureza da poeira acumulada no compartimento. 
 
O melhor método para a limpeza deve ser determinado por 
consulta ao produtor ou embarcador do produto que gerou 
a poeira, ou alternativamente a um químico. 
 
 
 
C4. RISCOS ELÉTRICOS 
 
100. Natureza dos riscos 
 
101. Instalações elétricas precárias no interior de espa-
ços confinados têm sido a causa de acidentes. Uma classi-
ficação simplificada identifica dois tipos de risco: 
 
1. Riscos de choque elétrico 
2. Riscos de explosão 
 
200. Riscosde choque elétrico 
 
201. Os compartimentos confinados tais como tanques 
de lastro e água doce de navios em operação sempre con-
têm um determinado nível de líquido residual no fundo que 
as bombas não conseguem esgotar. Em navios em constru-
ção, água proveniente de chuva ou de operações de desem-
peno a quente pode acumular-se em determinadas áreas do 
fundo do compartimento. 
 
202. Caso a fiação elétrica e as conexões com tomadas 
e/ou lâmpadas não sejam estanques e que não estejam devi-
damente isoladas, o risco de choque elétrico no interior do 
compartimento é muito grande. 
 
300. Riscos de explosão 
 
301. Espaços onde haja a possibilidade da presença de 
gases inflamáveis, mesmo que tenha sido feita a inspeção de 
gás free, devem ter instalações elétricas intrinsecamente 
seguras ou a prova de explosão. 
 
302. Um caso comum de presença de gases inflamáveis 
ocorre ao aplicar revestimento ou pintura em espaços confi-
nados. Nesse caso, os acessórios tais como lâmpadas e to-
madas devem ser a prova de explosão. 
 
303. As lanternas de mão em ambientes inflamáveis tam-
bém devem ser à prova de explosão. 
 
304. Há relatos de casos de explosão quando telefones 
celulares tocaram e foram atendidos., ou quando a pessoa 
efetuar uma chamada. Portanto, não entrar com telefones 
celulares no interior de ambientes onde haja risco de explo-
são. 
 
305. Muitas vezes a máquina de solda é colocada dentro 
do espaço confinado ou próximo à entrada, e o aterramento é 
feito por uma linha de barras de aço soldadas. 
 
306. Qualquer trinca nessa linha pode produzir um arco 
voltaico que, se situado em região onde não tenha sido feito 
o gás free, poderá provocar explosão. 
 
307. De forma a obter um corte representativo da condição 
da atmosfera no interior do espaço amostras devem ser tira-
das de vários níveis e através de tantas aberturas quanto 
possível. A ventilação deve ser parada por cerca de 10 minu-
tos antes dos testes para entrada serem realizados. 
 
308. Para entrada segura no espaço confinado devem ser 
obtidas leituras estáveis como segue: 
 
.1 20,81% de volume de oxigênio; e 
.2 não mais que 1% do limite inferior de inflama-
bilidade (LFL) em medidor com sensibilidade 
adequada ao gás que se está verificando, 
quando houver sido determinado em avalia-
ção preliminar que há risco potencial da pre-
sença de gases inflamáveis ou vapores. 
 
309. Caso tais condições não tenham sido alcançadas, o 
espaço deve ser novamente ventilado até que o teste indique 
que os níveis requeridos tenham sido alcançados. Os testes 
devem ser realizados com a ventilação desligada. 
 
 
 
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 1 - 12 
 
 
C5. RISCOS DEVIDOS ÀS INSTALAÇÕES 
FÍSICAS 
 
100. Riscos envolvidos 
 
101. Esta categoria de riscos envolve a condição de 
isolamento; acesso, manutenção e limpeza de espaços 
confinados. Para o presente guia vamos considerar riscos 
por: 
- Escadas em más condições 
- Posicionamento e condições de aberturas 
- Presença de lama 
- Queda de objetos 
 
200. Escadas 
 
201. As escadas de acesso a compartimentos confina-
dos, especialmente se forem tanques de lastro, devem ser 
cuidadosamente examinadas antes da entrada no compar-
timento. Os defeitos mais perigosos: 
 
1. Os olhais de fixação estão corroídos ou destacados 
da estrutura; 
2. Os parafusos de fixação da escada no olhal estão 
faltando, corroídos ou sem porca; 
3. Os degraus da escada estão corroídos; 
4. Faltam degraus pelo meio da escada ou a escada 
não chega ao fundo do compartimento; 
5. A escada está deformada; 
6. Os punhos para apoio na entrada ou saída do tan-
que – quer soldados à tampa do escotilhão, à estrutura 
do navio ou à braçola do escotilhão – estejam firmes. 
 
300. Aberturas 
 
301. Quando o acesso se dá por escotilhões com tampa, 
certificar-se de que a trava da tampa está firme. Sem a 
trava, o inspetor poderá procurar apoio na tampa e esta 
pode fechar-se inadvertidamente, provocando sua queda 
ou ferindo sua mão. 
 
302. Quando o acesso se dá por portas de visita, cuidar 
para que o tecido do macacão não prenda nos prisioneiros 
da tampa. 
 
303. A possibilidade de tropeços no interior de espaços 
confinados é grande, e requer constante atenção do inspe-
tor. Por outro lado, especialmente nos anéis das platafor-
mas de tanques de colisão (stringers) há com muita fre-
qüência aberturas circulares para passagem de água que 
requerem grande atenção especialmente para quem está 
descendo porque é comum existirem aberturas próximo do 
final das escadas. Dirigir a lanterna para baixo e certificar-
se de onde pisa é a regra. 
 
 Cuidado! Melhor! 
 
304. Por vezes são feitos reparos no interior de tanques 
laterais e porões de carga que requerem andaimes, e são 
soldadas barras na estrutura que, depois de removido o an-
daime, permanecem ainda soldadas na estrutura. Essas bar-
ras escapam facilmente ao foco da lanterna, especialmente 
quando o inspetor está examinando o fundo, e podem feri-lo. 
 
400. Lama 
 
401. Pode formar-se uma fina camada de lama bastante 
escorregadia sobre as chapas e estrutura de tanques de lastro, 
particularmente em compartimentos recentemente pintados 
ou com revestimento novo. O chapeamento inclinado dos 
tanques laterais superiores (slopping plate dos wing tanks) 
também chamados “tanques de asa” é um local onde este 
risco é mais comum. 
 
500. Queda de objetos 
 
501. Os casos mais comuns ocorrem quando duas pessoas 
estão subindo por escada vertical “quebra-peito”, e a pessoa 
que está em cima deixa cair o capacete, lanterna, trena ou 
alguma ferramenta atingindo quem está em baixo. 
 
502. Também ocorre a queda de objetos deixados junto à 
entrada do compartimento. Uma chave utilizada para abrir 
uma porta de visita no convés e deixada próximo da abertura 
pode ser inadvertidamente chutada para dentro do tanque, 
especialmente em barcaças com braçolas de escotilha altas e 
espaço lateral de passagem reduzido. 
 
Como regra, jamais duas pessoas devem subir ou descer 
simultaneamente uma escada vertical. Deve-se aguardar que 
a primeira pessoa esteja fora da escada para iniciar uma 
descida ou subida. As lanternas devem ser dotadas de tiras 
para pendurar no ombro ou tiras de pulso para segurá-las. Os 
capacetes devem ser dotados de jugular. Não portar objetos 
soltos que possam facilmente cair dos bolsos. 
 
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 1 - 13 
600. Isolamento do compartimento 
 
 
 
700. Riscos associados a determinados tipos de carga 
 
701. Material granulado estivado em porões ou tanques, 
tais como grãos, areia, carvão ou material semelhante 
podem engolir e sufocar o vistoriador. Tais materiais po-
dem formar uma crosta ou “ponte” na superfície, aparen-
temente sólida, mas que pode quebrar-se sob o peso do 
vistoriador engolfando a pessoa. 
 
 
702. Cargas perigosas embaladas : A atmosfera de qual-
quer espaço contendo cargas perigosas pode colocar em 
risco a vida de qualquer pessoa ao entrar. Os riscos inclu-
em gases ou vapores tóxicos, gases corrosivos, vapores 
que deslocam o oxigênio, resíduos em embalagens e va-
zamento de material.. 
 
703. Líquidos a granel: A indústria química e petroleira 
fornece informações sobre cargas transportadas em navios 
tal como óleo, produtos químicos, gases liquefeitos na 
forma de guias especializados internacionais. 
 
704. Granéis sólidos: Cargas de granel sólido transporta-
das em porões podem gerar atmosfera perigosa nos porões 
de carga e espaços e compartimentos adjacentes. Os riscos 
incluem: inflamabilidade, toxicada, falta de oxigênioou 
auto-aquecimento. Referir-se ao IMO Code of Safe Practice 
for Solid Bulk Cargoes. 
 
705. Cargas e materiais que provocam falta de oxigênio: Há 
determinadas cargas que, devido a fatores a ela inerentes, causam um 
abaixamento do nível de oxigênio, como por exemplo, carga sujeita a 
auto-aquecimento, oxidação de metais e minérios, decomposição de 
óleos vegetais, gorduras animais, grão, polpa de madeira com aglo-
merantes para transporte. 
 
706. Fumigação: Quando um navio é fumigado, as recomenda-
ções detalhadas contida no “Safe Use of Pesticides in Ships” devem 
ser seguidas. Espaços adjacentes aos fumigados devem ser tratados 
com se tivessem sido fumigados também. 
 
 
 
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 1 - 14 
CAPÍTULO D 
RECOMENDAÇÕES PARA ENTRADA E 
PERMANÊNCIA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
D1 APLICAÇÃO 
 
D2 RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA 
 ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
D3 RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA 
 ENTRADA EM TANQUES DE LASTRO 
 
D4 RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA 
ENTRADA EM TANQUES DE NAVIOS 
PETROLEIROS OU QUÍMICOS 
 
D5 DIRETRIZES PARA VISTORIADORES 
 
 
 
D1. APLICAÇÃO 
 
100. Geral 
 
 
 
101. Com base nas análises acima, a equipe do RBNA 
desenvolveu o presente guia destinado a conscientizar e 
orientar as pessoas que estão escaladas para entrar em 
compartimentos confinados de forma a minimizar os ris-
cos acima expostos 
 
102. Este guia é fundamentalmente destinado aos visto-
riadores do RBNA. 
 
 
 
D2. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA 
 ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS EM 
NAVIOS 
 
100. Objetivo 
 
101. Este capítulo D2 trata de recomendações para entrada 
em espaços confinados em navios e não se constitui em 
procedimento. 
 
102. Aplicam-se os procedimentos requeridos pelas nor-
mas nacionais e internacionais descritos no Capítulo B do 
presente guia. 
 
200. Recomendações gerais 
 
201. Nota: Para navios de bandeira brasileira, é obrigató-
ria a apresentação do PET conforme Anexo 2 deste guia 
(Modelo tirado da NR-33) com todos os campos preenchi-
dos e devidamente assinado pelo responsável do Armador 
para a entrada segura no espaço; para navios de bandeira 
estrangeira, o PET poderá ser substituído pelo documento de 
autorização para entrada em espaços confinados conforme o 
manual ISM da embarcação (em sua Seção VII) devidamen-
te preenchido e assinado pelo responsável do Armador para 
a entrada segura no espaço. 
 
202. A avaliação da qualidade da atmosfera no interior dos 
espaços confinados não deve nunca ser subjetiva e baseada 
nos sentidos, mas medida por pessoas qualificadas por meio 
de equipamento adequado. 
 
203. Não entrar em compartimentos fechados imediata-
mente após sua abertura. 
 
204. Se existirem dois acessos a um compartimento, soli-
citar ao comandante do navio que abra ambos os acessos por 
pelo menos 6 horas antes da entrada, sendo desejável 24 
horas. 
 
205. Sempre que possível, solicitar ventilação ou exaustão 
mecânica forçada do local. 
 
206. Ventilação natural inadequada pode não fornecer 
oxigênio suficiente para manter a vida, ou a atmosfera no 
interior do espaço pode ter teor de oxigênio tão alto que 
aumente o risco de fogo ou explosão. 
 
207. Um tripulante ou técnico qualificado deve acompa-
nhar o vistoriador, e um vigia deve estar postado fora do 
compartimento, junto à entrada, munido de meios de comu-
nicação, garrafa de ar com máscara respiratória ou ressusci-
tador de oxigênio. 
 
208. A segurança do estaleiro ou um oficial de segurança 
da embarcação deve entrar antes para verificar as condições 
e autorizar a entrada e deve ser preenchido o documento 
PET e/ou outros requeridos pelas regulamentações antes da 
entrada do vistoriador. 
 
209. Não havendo ventilação, proceder com muito cuida-
do e somente entrar no tanque se estiver com as duas portas 
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de navios e aeronaves 
 
 1 - 15 
de visita abertas por mais de 24 horas. Nesses casos, re-
comenda-se que o vistoriador somente entre no tanque 
após verificar as condições reais de segurança para fazê-
lo. 
 
210. Ambos os tripulantes ou operários mencionados no 
item anterior devem possuir meios de comunicação rápida 
com o comando do navio ou com equipes de resgate. 
 
211. O vigia de plantão na entrada não deve nunca 
abandonar seu posto. Ele deve saber a quem chamar em 
caso de problemas e permanecer em seu posto como ele-
mento de ligação mesmo depois da equipe de resgate ter 
chegado. 
 
212. Jamais entrar em um espaço confinado se não hou-
ver meios e equipes de resgate que possam agir rapida-
mente em caso de emergência que tenham conhecimento 
de que uma operação de entrada em compartimento confi-
nado está em curso. 
 
213. Caso o estaleiro ou embarcação não possua 
equipe de resgate nem ambulância em suas instalações 
verificar se o pessoal que vai acompanhar o vistoriador e o 
vigia tem meios de comunicação com algum socorro pró-
ximo, e acertar um plano de ação em caso de acidente. 
 
214. Caso seja detectado qualquer cheiro diferente tal 
como: cheiro de ovo podre, de inseticida ou de produtos 
químicos, não entrar no compartimento e solicitar a análi-
se da atmosfera. 
 
215. Somente entrar em espaços confinados portando 
EPI completo. 
 
216. Verificar se o telefone celular está desligado ou foi 
deixado fora do compartimento. 
 
 
 
 
217. Verificar a escada de acesso: se os degraus estão 
firmes e se a escada está firmemente fixada à antepara. 
 
218. Levar sempre uma lanterna principal e uma lanter-
na menor de reserva. Verificar a condição das pilhas antes 
de entrar. A lanterna deve ter correia bem fixada. 
 
219. Verificar se o tripulante que irá acompanhá-lo está 
familiarizado com o arranjo do tanque. 
 
220. Verificar se não há objetos soltos que possam cair do 
bolso durante a entrada. 
 
221. Verificar se não há objetos ao redor do acesso que 
possam inadvertidamente cair para o interior do tanque tais 
como: porcas, ferramentas, etc. 
 
222. Uma escada vertical deve ser usada por uma pessoa 
de cada vez. Há sempre a possibilidade de deslocar resíduos 
de carga, placas de ferrugem ou queda de objetos que ve-
nham a atingir quem está em baixo, ou mesmo de pisar nos 
dedos da mão de quem vem embaixo, podendo ocasionar 
quedas fatais. 
 
223. Verificar se a instalação elétrica para iluminação é 
adequada para evitar choques, especialmente caso haja resí-
duos de água no fundo do tanque e se as emendas do cabo 
de iluminação estão bem isoladas. Recomenda-se ilumina-
ção a partir de redes de 24V. 
 
224. Caso haja dificuldade de respirar, sensação de vazio 
no estômago, princípio de vertigem ou zunido nos ouvidos, 
abandonar imediatamente o compartimento. 
 
225. A insistência em permanecer no compartimento na 
presença de qualquer um desses sintomas pode anular a 
capacidade de auto-resgate e provocar danos à saúde ou 
morte. 
 
226. Nunca tentar o resgate de uma pessoa do interior de 
um espaço confinado a menos que tenha sido treinado para 
tal. 
 
227. Mais de 50% dos trabalhadores que morrem em es-
paços confinados estavam tentando resgatar a outros. 
 
228. A equipe de resgate deve ser treinada e seguir proce-
dimentos de emergência bem definidos além de portar equi-
pamento adequado: corda de segurança (lifeline), proteção 
respiratória, etc. 
 
229. Certificar-se de que quaisquer linhas de tubulação de 
alimentação e descarga do tanque estejam fechadas. 
 
230. Caso as linhas não tenham sido bloqueadas por flan-
ge cego, colocar aviso e/ou cadeado nas válvulas de abertu-
ra, comando de bombas, etc., seja na Praça de Máquinas ou 
na Sala de Controle. 
 
231. Ao entrar em compartimentos confinados onde foramrealizados serviços de corte, solda, limpeza ou pintura certi-
ficar-se de que o compartimento foi ventilado e que não há 
mais gases tóxicos ou explosivos em seu interior. 
 
 
 
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 1 - 16 
D3. RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA
 ENTRADA EM TANQUES DE LASTRO 
 
100. Recomendações adicionais para entrada em 
tanques de lastro 
 
101. Perguntar à tripulação qual o local em que foi 
bombeada água de lastro. 
 
102. Caso o lastro tenha sido coletado em região petrolí-
fera ou rica em dejetos orgânicos, não entrar no tanque 
sem antes analisar a atmosfera quanto a presença de gás 
sulfídrico e níveis adequados de oxigênio. 
 
103. A água de lastro pode ter sido coletada em regiões 
onde há a possibilidade de contaminação da água causan-
do doenças contagiosas. 
 
104. Verificar se não há cheiro semelhante ao de ovo 
podre: se houver, não entre sem antes ventilar e analisar a 
atmosfera. 
 
105. Caso seja necessário entrar em um tanque onde 
ainda haja água de lastro no fundo ou onde haja resíduos 
de lama, deve-se tomar cuidado com a possibilidade de 
choque elétrico devido a instalações de iluminação inade-
quadas. 
 
106. Verificar se não há uma fina camada de lama nos 
degraus e laterais da escada de acesso ao tanque, especi-
almente nas rampas inclinadas dos tanques laterais, pois 
essas camadas são muito escorregadias. 
 
107. Certificar-se de que não há a possibilidade se que 
sejam ligadas as bombas de lastro durante o período de 
permanência no interior do tanque. 
 
 
 
D4. RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS PARA 
ENTRADA EM TANQUES DE NAVIOS 
PETROLEIROS OU QUÍMICOS 
 
100. Recomendações para entrada em tanques de 
navios petroleiros e químicos 
 
101. Os regulamentos IBC para barcaças de navegação 
interior transportando produtos químicos e ICG para gases 
liquefeitos requerem que os coferdames do casco duplo 
tenham portas de visita com dimensões adequadas para 
entrada de uma pessoa portando equipamento de respira-
ção autônoma e retirada de pessoas feridas em macas. 
 
102. Os regulamentos europeus (ADNR) e as regras do 
RBNA para navegação interior estendem essas regras para 
barcaças petroleiras utilizadas em navegação interior. 
 
103. Portanto, o vistoriador deve certificar-se de que as 
aberturas permitem uma fuga rápida e de que permitem a 
retirada de uma pessoa inconsciente. 
 
104. O Armador ou Estaleiro deve apresentar um certifi-
cado de gas free para o tanque em que vai ser realizada a 
inspeção. 
 
105. Verificar se além da inspeção inicial foi feito um gas 
free na data de entrada no tanque. É normal a liberação de 
gás a partir do clinckage em horários mais quentes, como 
visto no Capítulo C, em que pese já ter sido emitido o certi-
ficado de gas free. 
 
106. Verificar se compartimentos adjacentes não contêm 
cargas perigosas, e se foi feito gas free também nesses com-
partimentos. 
 
107. Um tripulante qualificado deve preceder o vistoriador 
na entrada ao tanque portando oxímetro e explosímetro. 
 
108. Verificar se os compartimentos foram ventilados 
devidamente e por período adequado. 
 
109. Verificar se os espaços estão sendo continuamente 
ventilados durante o período de ingresso. 
 
110. Verificar se já resíduos de carga ou de lama no inte-
rior do tanque. 
 
111. Verificar se a instalação elétrica para iluminação do 
tanque é à prova de explosão do tipo recomendado para 
atmosferas explosivas. 
 
112. Não portar telefones celulares no interior de tanques 
de petroleiros, químicos ou gaseiros. 
 
113. Utilizar lanterna a prova de explosão (certificada). 
 
114. Não portar objetos metálicos tais como trenas, marte-
letes que possam produzir faísca em caso de queda. 
 
115. Em navios ou barcaças em operação, a entrada em 
tanques de carga e tanques adjacentes deve ser feita somente 
mediante autorização de entrada por um oficial responsável, 
após a assinatura do documento de autorização de entrada 
(PET e/ou documentos exigidos pelos regulamentos aplicá-
veis). 
 
116. Em navios ou barcaças em estaleiros, a entrada em 
tanques de carga e tanques adjacentes deve ser feita somente 
mediante autorização de entrada pelo responsável pela segu-
rança do estaleiro (PET e/ou documentos exigidos pelos 
regulamentos aplicáveis). 
 
 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 17 
ANEXO 1 
ANÁLISE DE CASOS 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A operação de navios ou balsas, ao lado de serviços de 
inspeção, compreende entradas em tanques de lastro, ou 
de combustível ou de carga em petroleiros, onde má venti-
lação ou resíduos de óleos e gases trazem a possibilidade 
de acidentes. 
 
Tanto no Brasil como no exterior ocorreram acidentes 
fatais freqüentes, com operários, operadores e vistoriado-
res em espaços confinados, no exercício de suas ativida-
des. 
 
Poucas pessoas têm consciência de que a entrada em espa-
ços confinados é uma operação de alto risco e poucos dos 
que tiveram experiências pessoais a respeito sobreviveram 
para contar a história. 
 
O presente trabalho analisa alguns desses acidentes, quan-
to ao encadeamento de fatores que os causaram, com o 
objetivo de gerar instruções que poderiam tê-los evitado. 
 
É feita pesquisa sobre os tipos de riscos envolvidos e re-
comendações sobre como tratá-los para evitar acidentes. 
 
Espera-se que o presente trabalho permita a operários, 
operadores e vistoriadores terem consciência dos riscos 
envolvidos e assim evitar a entrada em espaços confinados 
em condições inseguras e que, quando entrarem, o façam 
de maneira segura. 
 
2. CASOS 
 
Os casos aqui descritos são de nosso conhecimento por 
envolvimento direto ou por relatos que nos chegaram. 
Ocorreram num espaço de tempo relativamente curto (10 
anos) e constituem cerca de 50% do total que nos foi in-
formado. 
 
Caso 1 – Envenenamento por gás sulfídrico ocorrido 
no porto do Rio de Janeiro 
 
Um navio de carga geral com um tanque para o transporte 
de óleo vegetal descarregou num porto da Venezuela. O 
tanque de óleo vegetal foi limpo e lastrado dentro da baía 
do porto em questão para acertar o compasso do navio. 
 
Ao chegar ao Rio de Janeiro, o navio foi deslastrado. Um 
tripulante entrou no tanque de óleo para verificar a neces-
sidade de lavagem. O acesso foi feito através de um agu-
lheiro existente no escotilhão de carga. Como o primeiro 
tripulante demorou a retornar, um segundo tripulante en-
trou no tanque para constatar o que havia acontecido, e 
também não retornou. Cinco tripulantes entraram sucessi-
vamente no tanque e não retornaram. Os cinco tripulantes 
foram posteriormente resgatados, mas não sobreviveram. 
 
O Comandante do navio solicitou auxílio ao representante 
local de seu Clube de P&I para investigar as causas do 
acidente, e o correspondente entrou em contato com um 
escritório de peritos em vistorias de carga do Rio de Janeiro. 
O perito que atendeu havia sido Imediato em navios de car-
ga geral e petroleiros e havia recebido treinamento para 
entrada em espaços confinados. Identificando o perigo, 
utilizou o equipamento de respiração autônomo para coletar 
amostras da lama presente no fundo do tanque. 
 
A investigação da lama revelou a presença de uma bactéria 
denominada disulfato víbrio. Essa bactéria pertencente a 
uma espécie designada popularmente por BRS – bactéria 
redutora de sulfato, pode gerar H2S (gás sulfídrico), gás que 
já foi responsável por diversos acidentes, sendo alguns deles 
fatais. 
 
Análise do caso 1 
 
Da análise dos fatos acima, podemos constatar que os tripu-
lantes entraram em um espaço confinado nas seguintes con-
dições: 
 
1. logo após o final de uma operação de esgotamento de 
lastro semdar tempo para um processo de ventilação 
natural e sem avaliarem a qualidade do ar no interior do 
tanque; 
2. utilizaram o agulheiro sem abrir o escotilhão princi-
pal de acesso; 
3. apesar do mau cheiro reinante, não ventilaram o 
compartimento; 
4. os demais tripulantes entraram da mesma forma que 
o primeiro, sem tomar quaisquer medidas preventivas. 
 
Isso demonstra que os tripulantes: 
- desconheciam ou subestimaram os riscos de ingresso em 
espaços confinados; 
- desconheciam completamente os riscos potenciais de en-
venenamento por gás sulfídrico gerado por lastro contendo 
lama orgânica. 
 
Faltou também um conhecimento – ou treinamento – em 
operações de resgate de pessoas em espaços confinados. 
 
Caso 2 – Incêndio com duas vítimas fatais em um tanque 
de carga de um petroleiro em reparos. 
 
Um petroleiro estava sendo submetido a reparos em um 
estaleiro de grande porte. O estaleiro em questão tinha pro-
cedimentos bastante rígidos quanto ao ingresso em espaços 
confinados, a saber: 
1. vistoria inicial de “gas free” (desgaseificação); 
2. verificação diária de “gas free” pela manhã; 
3. ficha de autorização para entrada no tanque postada 
junto ao acesso; 
4. ventilação mecânica contínua do tanque de carga em 
reparo; 
5. rede de incêndio pressurizada com mangueiras e 
pessoal posicionados; 
6. procedimentos de entrada e serviço no interior dos 
tanques; 
7. brigada de incêndio e resgate treinada e a postos. 
 
Durante os reparos, foi necessário trocar uma pequena área 
da chapa do costado, sendo designados um maçariqueiro e 
 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 18 
um auxiliar. A tarefa do auxiliar consistia em jogar água 
com mangueira de pequena vazão na região do corte. 
 
Havia um supervisor de segurança com rádio no fundo do 
navio mais o elemento da brigada de incêndio (com man-
gueira pressurizada), a postos, observando o serviço. 
 
Ao mesmo tempo, estava sendo trocada uma chapa do 
fundo do navio em área quase exatamente sob a entrada da 
ventilação. 
 
Subitamente, houve uma violenta erupção de fogo que 
rapidamente se alastrou, produzindo uma grande quanti-
dade de fumaça. A brigada de incêndio entrou em ação de 
imediato com a colaboração da tripulação do navio, já que 
ambos tinham pessoal a postos para combate a incêndio. 
Depois de cerca de 40 minutos, o tanque foi suficiente-
mente resfriado para permitir a entrada de uma equipe de 
resgate da brigada, que entrou com roupa completa de 
bombeiro, incluindo linha de segurança e aparelho de 
respiração autônoma. 
 
Os dois operários foram resgatados com vida e removidos 
de imediato para uma ambulância a postos junto ao navio. 
Mas vieram a falecer no hospital de pronto socorro cerca 
de duas horas depois de atendidos, devido às severas 
queimaduras no aparelho respiratório. 
 
Análise do caso 2 
 
Os seguintes fatos foram observados pelos peritos do P&I: 
1. no curso das entrevistas transpareceu que o auxiliar 
havia largado a mangueira e estava tentando praticar 
corte com maçarico; 
2. o incêndio ocorreu próximo ao horário do almoço, 
período de elevação da temperatura com a possibili-
dade de liberação de gás onde houvesse “clinckage” 
(aderência de produtos derivados de petróleo à estru-
tura e revestimento dos tanques de carga de um petro-
leiro); 
3. a abertura para troca de chapas no fundo do navio 
ficava imediatamente abaixo do acesso por onde era 
insuflado ar de ventilação, sendo pouco provável que 
o ar de ventilação circulasse adequadamente na região 
onde os operários trabalhavam, a ré da entrada de ar. 
 
 
DIAGRAMA MOSTRANDO O PROVÁVEL FLUXO DO 
AR DE VENTILAÇÃO 
 
 ESCOTILHÃO DE ACESSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ANDAIME GAS 
ABERTURA NO FUNDO 
 
 FLUXO DO AR 
 
 
 GÁS DESPRENDIDO 
 
 
Na opinião do perito, os operários foram apanhados de sur-
presa e não reagiram de imediato; a propagação do fogo foi 
muito rápida; e houve um fator imprevisto – a posição da 
abertura no fundo do navio em relação à entrada do ar de 
ventilação. Não tivemos acesso às conclusões dos laudos 
oficiais. 
 
Caso 3 – Intoxicação em navio graneleiro saído do porto 
de Necochea, Argentina 
 
Em 1998, um graneleiro zarpou do porto argentino de Neco-
chea com carregamento de trigo a granel, que havia sido 
fumigado com fosfato de alumínio, e fundeou para abaste-
cimento. Durante a viagem até a área de fundeio, um tripu-
lante de máquinas relatou forte cheiro de gás de fumigação 
no interior da Praça de Máquinas. 
 
O graneleiro era dotado de duto de quilha central com con-
trole remoto de válvulas. O duto tinha acesso pela Praça de 
Máquinas e estendia-se pela linha de centro do navio até a 
altura da antepara de colisão AV, com saída para o convés. 
Os tanques de fundo de ambos os bordos tinham suas válvu-
las e circuitos de controle no interior do duto de quilha, 
permitindo a inspeção e operação manual em caso de falha 
do controle remoto. 
 
O Chefe de Máquinas resolveu confirmar no local se as 
válvulas de lastro haviam sido corretamente fechadas. Um 
tripulante ficou postado na entrada do duto de quilha, e o 
Chefe de Máquinas entrou sobre um carrinho. Como o Che-
fe de Máquinas demorasse a retornar, o tripulante deu o 
alerta e obteve auxílio, removendo o Chefe de Máquinas de 
dentro do duto de quilha. Tanto o Chefe de Máquinas como 
os tripulantes envolvidos no resgate ficaram intoxicados 
REGISTRO BRASILEIRO Guia para entrada em espaços confinados CAPÍTULOS - A a F 
de navios e aeronaves 
 
 1 - 19 
com gravidade proporcional ao tempo que permaneceram 
no interior do duto de quilha. 
 
Análise do Caso 3 
 
As investigações revelaram que o gás de fumigação havia 
entrado no duto de quilha, causando a intoxicação dos 
tripulantes. Ressaltamos alguns pontos fundamentais: 
 
1. Pelo relatado, não havia meio de comunicação 
entre o Chefe de Máquinas e o tripulante a postos na 
entrada do duto; 
2. O aviso anterior de cheiro de gás na Praça de Má-
quinas não foi levado na devida consideração; 
3. Provavelmente o Chefe de Máquinas também não 
deu importância ao cheiro que deveria estar presente 
no interior do duto de quilha; 
4. Os tripulantes entraram no duto de quilha para 
efetuar o resgate sem qualquer tipo de proteção respi-
ratória, sendo afetados da mesma forma que o Chefe 
de Máquinas, embora em menor grau. 
 
Caso 4 – Morte no interior de tanque de lastro por 
choque elétrico na área de ancoragem do porto do Rio 
de Janeiro 
 
Um navio estava fundeado na área de ancoragem do porto 
do Rio de Janeiro, aguardando docagem. O Armador re-
solveu enviar uma equipe a bordo para determinar a con-
dição dos tanques de lastro antes da docagem. 
 
A equipe iniciou a inspeção. Os tanques de duplo fundo 
eram muito baixos, e o espaço existente fazia com que os 
inspetores tivessem que rastejar para se movimentarem em 
seu interior. É sabido que as bombas de lastro não conse-
guem esgotar totalmente os tanques, permanecendo sem-
pre um resíduo no fundo do tanque, que, no caso, era de 
água do mar. Mas os inspetores resolveram instalar uma 
bandeja de iluminação no interior do tanque. A instalação 
elétrica era improvisada (“gambiarra”). Ao término da 
inspeção, quando o último inspetor ainda estava no interi-
or do tanque, houve algum contato com um ponto de iso-
lamento deficiente sendo o vistoriador atingido por forte 
descarga elétrica, ficando “grudado” no fio e com o rosto 
mergulhado na água do fundodo tanque. Percebendo a 
situação, um dos inspetores retornou e tentou virar o rosto 
da pessoa atingida para evitar afogamento. Não conseguiu 
porque ao tocar o corpo, foi atingido por forte descarga 
elétrica. Gritou para que desligassem a energia, porém 
quando a energia foi desligada, a vítima já não respirava. 
Tentaram uma remoção imediata, mas não conseguiram 
mover o corpo do inspetor no espaço muito confinado do 
tanque. No final, foi necessário cortar uma abertura no 
teto do tanque de duplo fundo para remoção do corpo. 
 
Análise do Caso 4 
 
1. Instalações elétricas no interior de espaços confi-
nados devem ser projetadas / instaladas de acordo 
com as normas pertinentes, especialmente se há resí-
duos de água salgada ou atmosfera inflamável / ex-
plosiva no interior desse espaço; 
2. Os inspetores não levaram em conta o risco de cho-
que elétrico; 
3. Não haviam pessoas adestradas em resgate em espa-
ços confinados de prontidão na entrada do tanque; 
4. Não havia um plano de ação em caso de emergência; 
5. A maior parte dos tripulantes havia deixado o navio, 
permanecendo apenas os vigias e os inspetores; 
6. O acidente poderia ter sido pior, pois o inspetor que 
tentou o resgate não era adestrado para tal e poderia 
ter-se acidentado - fato que quase ocorreu quando de 
sua tentativa desesperada para evitar o afogamento da 
vítima. 
 
Como norma de ação, um resgate deve ser tentado somente 
por pessoas treinadas. Caso a pessoa não seja treinada, esse 
pode ser seu último resgate. 
 
Caso 5 – Quase acidente no porto do Rio de Janeiro por 
falta de oxigênio no interior de tanque de duplo fundo 
 
Um vistoriador com treinamento para ingresso em compar-
timentos confinados foi realizar inspeção de um tanque de 
lastro no duplo fundo de um navio de carga geral em opera-
ção de carregamento no porto do Rio de Janeiro. O navio 
possuía costado duplo, com tanques laterais de lastro. Os 
tanques de duplo fundo tinham acesso através do tanque 
lateral e não a partir do teto do duplo fundo. O tanque lateral 
tinha acesso pelo porão, com uma porta de visita AV e outra 
AR, sendo que a porta de visita de vante estava bloqueada 
pela carga e não podia ser aberta. 
 
ARRANJO DE ACESSOS AOS TANQUES 
 
 
 Porão 
 
 
 Acesso ao fundo 
 
 Acesso porão x tq. lateral 
 
Fundo duplo 
 
 
 
O Imediato do navio acompanhou o vistoriador no interior 
do tanque e o Superintendente do Armador permaneceu na 
entrada, no interior do tanque lateral. Após andar cerca de 
14 cavernas para vante o vistoriador sentiu frio no estômago, 
cansaço, falta de ar e dificuldade de respirar. Imediatamente 
retornou na direção da entrada do tanque. O Superintendente 
ouviu o tumulto e pulou dentro do tanque, mergulhando os 
sapatos finos que acabara de comprar nos resíduos de água e 
lama no fundo do tanque. Ao encontrar o vistoriador, procu-
rou acalmá-lo, mas depois tornou-se inquieto. Confessou 
não saber onde ficava situada a saída, que não era perceptí-
vel pela luminosidade por estar dentro de outro tanque escu-
ro. Afortunadamente, o vistoriador havia marcado a rota de 
saída com giz, e foi fácil encontrar a porta de visita. O visto-
riador levou cerca de 15 minutos para recuperar-se. 
 
 
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 1 - 20 
Análise do caso 5 
 
Os pontos principais do quase acidente são os seguintes: 
 
1. O vistoriador não deveria ter entrado no tanque 
com uma das extremidades fechada; 
2. O Comandante do navio não deveria ter autorizado 
o ingresso no tanque com uma extremidade fechada 
sem analisar a qualidade do ar; 
3. Nem o vistoriador nem o Imediato tinham meios de 
comunicação com o Superintendente que não fosse 
o chamado por voz; 
4. Um tripulante adestrado e equipado deveria estar a 
postos na entrada do tanque. O Superintendente não 
estava equipado para o resgate e não tinha conheci-
mento de como orientar-se dentro do tanque; 
5. O vistoriador errou por excesso de confiança. 
 
Nota: o excesso de confiança opera de forma perniciosa: 
começa por pequenas exceções em relação aos procedi-
mentos recomendados. Enquanto nada acontece, essas 
exceções vão aumentando e podem culminar em acidente, 
caso a pessoa não seja alertada sobre seu procedimento. 
 
Caso 6 – Um encontro inusitado no interior do duplo 
fundo de uma barcaça nas margens do Rio Tietê 
 
Um inspetor de Classificadora escolheu o período da ma-
nhã para inspecionar o interior dos tanques de lastro late-
rais e de fundo de uma barcaça graneleira de casco duplo. 
Ao entrar no tanque com o encarregado do Estaleiro cons-
trutor o inspetor ouviu um ruído semelhante ao de um 
chocalho. Com o auxílio das lanternas, localizaram uma 
cobra cascavel enrodilhada em um canto do tanque. A 
barcaça estava flutuando, e a cobra deve ter entrado pela 
amarra num horário de calor, buscando o local frio e escu-
ro apresentado pelo tanque. Foi grande a dificuldade para 
remover a cobra. 
 
Análise do Caso 6 
 
Não há muito a ser analisado, pois a única forma de impe-
dir a entrada de cobras em situações semelhantes é manter 
a abertura de acesso fechada. Se já existir porta de visita 
instalada, deixando a tampa posicionada nos parafusos; se 
ainda não existir, colocando uma chapa sobre a abertura. 
Rateiras nos cabos de amarração não são suficientes para 
impedir cobras de subir a bordo. 
 
Caso 7 – Exemplo de eficiência em Paranaguá 
 
Ao contrário dos casos 1 a 6 relatados, o presente descreve 
um padrão para entrada em tanques. 
 
Um navio graneleiro estava em operação no porto de Pa-
ranaguá, com tripulação indiana, e os vistoriadores deveri-
am realizar vistoria de condição para ingresso do navio no 
Clube de P&I (seguro contra terceiros) do Armador. De-
ram ciência ao Comandante, que se comunicou com o 
Imediato, o qual procedeu à abertura dos tanques e depois 
de 4 horas realizou a medição do conteúdo de oxigênio no 
interior dos mesmos. Um relatório foi preenchido e entre-
gue ao Comandante e apresentado aos vistoriadores. O Co-
mandante autorizou a entrada no tanque com o seguinte 
esquema montado: 
 
1. A área ao redor da entrada do tanque estava sinaliza-
da; 
2. Na entrada do tanque, havia dois tripulantes: um 
deles pronto para entrada com uma corda de segurança 
(“life line”), e o outro com um aparelho ressuscitador 
de oxigênio. 
3. O Comandante estava em rádio comunicação perma-
nente com os tripulantes; 
4. Todos os tripulantes envergavam EPI (equipamento 
de proteção individual) completo, com fitas retro-
refletoras; 
5. O Imediato certificou-se de que o vistoriador estava 
também envergando EPI completo e portava lanterna; 
6. O Imediato comunicou ao Comandante que estava 
entrando no tanque juntamente com o vistoriador; 
7. A cada 2 minutos, o Imediato era chamado a infor-
mar se tudo estava bem; 
8. Na saída, o Imediato comunicou ao Comandante o 
encerramento da operação, ordenou o fechamento ime-
diato da porta de visita e solicitou ao vistoriador a assi-
natura de relatório. 
 
Análise do Caso 7 
 
É fácil perceber que a maior parte dos acidentes descritos 
nos casos de 1 a 6 teria sido evitada caso os procedimentos 
acima tivessem sido adotados. 
 
4. CONSIDERAÇÕES REFERENTES AOS CASOS 
ACIMA DESCRITOS 
 
Os casos aqui descritos não constituem exceção no panora-
ma mundial. Segundo o Instituto Norte-americano de Saúde 
e Segurança do Trabalho, 179 pessoas perdem a vida anual-
mente nos USA em acidentes ocorridos em espaços confina-
dos. 
 
Por isso, tais acidentes tem sido objeto de diversos estudos, 
normas e publicações, das quais citamos algumas: 
 
1. No Brasil há uma norma da ABNT, a NB-1318-1990 
– Prevenção de Acidentes em Espaços Confinados– e 
a NR-33 do Ministério do Trabalho. 
 
2. A IACS – Associação Internacional das Sociedades 
Classificadoras – publicou em seu livro sobre inspe-
ções em graneleiros que posteriormente foi transfor-
mada em um guia para entrada em espaços confinados. 
 
3. As Sociedades Classificadoras normalmente possuem 
normas e listas de verificação para orientar seus visto-
riadores quanto à entrada em espaços confinados. Co-
mo exemplo a do RBNA. 
 
4. Os Manuais do ISM Code, Seção VII, requerem um 
sistema de autorização para operações envolvendo ris-
cos a bordo: serviços a quente; a frio; em instalações 
elétricas e entrada em espaços confinados, manual esse 
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de navios e aeronaves 
 
 1 - 21 
que não só existia a bordo como também foi seguido 
à risca no navio de tripulação indiana citado no Caso 
7 acima. 
 
5. A Resolução IMO A.864(20) traz requisitos para 
entrada em espaços confinados. 
 
Essas normas, procedimentos, guias e manuais, no entan-
to, nem sempre são seguidos, não só a bordo de navios 
como também nos Estaleiros de construção e reparos. Se 
quisermos diminuir a ocorrência de acidentes e mortes 
relacionados à entrada em espaços confinados deveremos 
estudá-las, divulgar as medidas preventivas e aplicá-las. 
 
Nota: 
 
Conforme estudos recentes, da MAIF, Marine Accident 
Invertigator’s International Fórum, os principais fatores 
causadores de acidentes em espaços confinados são: 
 
.1 lack of knowledge, training and understanding of the 
dangers of entering enclosed spaces; 
 
.2 Personal Protective Equipment (PPE) or rescue equip-
ment not being used, not available, of inappropriate type, 
improperly used, or in disrepair; 
 
.3 inadequate or non-existent signage 
; 
.4 inadequate or non-existent identification of enclosed 
spaces on board; 
 
.5 inadequacies in Safety Management Systems; and 
 
.6 poor management commitment and oversight. 
 
 
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ANEXO 2 - Permissão de Entrada e Trabalho – PET conforme NR33 
Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço Confinado 
 
 
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 1 - 24 
 
ANEXO 3 - FORMDVIN 79_00 LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
Check List for entrance into confined spaces 
 
Preencher com “X” ou “NA” 
 
PROCEDIMENTOS GERAIS PARA ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS 
 
1 Geral General Descrição Description 
1.1 Nome do navio Vessel’s name 
1.2 Local ou espaço confinado Confined space 
1.3 Data e horário da entrada Date and time of entrance 
1.4 Trabalho a ser realizado Job to be carried out 
1.5 Nome do vigia Name of watcher 
1.6 Nome do supervisor de entrada Name of responsible Officer 
1.7 Data e horário da saída Date and time of leave 
1.8 Existe equipe de resgate? (Sim / Não) Is there a trained rescue 
team? 
 
 
2 - Procedimentos antes da entrada no tanque Procedures before entering the tank 
 
Item Procedimento Sim 
Yes 
Não 
No 
2.1 O compartimento está isolado ? Has the compartment been isolated? 
2.2 Foi realizado teste da atmosfera? Has the inner atmosphere beeh checked? 
Horário do teste Time of checking 
Leituras das condições ambientes antes da entrada Pré-entry atmosphere test readings: 
Oxigênio (% em volume > 19,5% e menor que 23,0%, requisito do RNBA 20,8% mí-
nimo Oxygen content (% volume > 19,5% and < 23,0%, RBNA requirement 20.8% 
minimum) 
 
Hidrocarbonetos hydrocarbons LII (limite inferior de inflamabilidade) menor que 1% 
LFL (lower flamability limit) less than 1% 
 
Gases / vapores tóxicos Gases / vapours concentration 
Poeiras, / fumos / névoa / tóxicos ppm (gás específico e PEL) presence of dust / fumes 
/ fog / toxic residues ppm (specific gás and PEL) 
 
Rubrica do supervisor dos testes Signature of the responsible Officer 
2.3 Foram bloqueadas as admissões de gases ou líquidos para a inspeção (entradas de las-
tro, gás inerte, redes de carga)? Have any points of admission of gases and/or liquids 
(ballast, inner gas, cargo pipint) been blocked? 
 
Bloqueios, travamento, etiquetagem Bolcking, locking, labelling 
Purga e/ou lavagem Purge / washing 
2.4 Ventilação Ventilation 
O compartimento foi ventilado ou deixado com todos os acessos abertos por 24 horas ? 
Has the compartment been ventilated or had all access been left open for 24 hours? 
 
Existem meios de ventilação contínua durante a inspeção? Are there any means of 
ventilation during the inspection? 
 
2.5 Iluminação geral General illumination 
Instalação adequada, com isolamento e sem riscos de choque elétrico? Is the installa-
tion adquate, isolated and free from risks of electrical shock? 
 
Existem resíduos de água no fundo do tanque que possam causar choques elétricos? 
Are there water residues at the bottom of the tank which may serve as means for an 
electrica shock? 
 
2.6 Existem resíduos de lastro ou lama que possam gerar gás sulfídrico ou constituir-se em 
risco de queda? Are there mud residues which may generate sulphric gas repreent a 
risk of slipping? 
 
2;7 Existe equipamento de ressuscitar disponível para uso imediato na entrada do compar-
timento: Is rescue and resuscitation equimento available for immediate use by the 
entrance to the space? 
 
2.8 O Oficial de quarto (no passadiço, Praça de Máquinas, Compartimento de Controle de 
Máquinas, Compartimento de Controle de Carga) notificado da entrada planejada? Hás 
 
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Item Procedimento Sim 
Yes 
Não 
No 
the Officer of the watch (bridge, engine room, engine control room, cargo control 
room) 
2.9 Todo o equipamento está em boas condições de operação e foi inspecionado antes da 
entrada? All equipment used in good working condition and inspected prior to entry? 
 
 
3. Procedimentos de comunicação e resgate Procedures for communication and rescue 
 
3.1 Acompanhamento e resgate Monitoring and rescue: Sim 
Yes 
Não 
No 
Vigia na entrada do compartimento is there a watch being kept by the entrance to the 
compartment? 
 
Uma pessoa responsável acompanhando o vistoriador durante toda a inspeção? Is there 
a responsible crew memeber to escort the surveyor during the inspection? 
 
 
Equipe de resgate treinada? Is there a trained rescue team on board? 
Meios de remoção em caso de acidente? Are there means of removal in case of an 
accident? 
 
3.2 Comunicação Communication 
Meios de comunicação entre o pessoal do tanque e o vigia? Are there means of com-
munication between the persons inside the tank and the entrance watch man? 
 
Meios de comunicação entre todas as unidades sendo testadas? Hás a system of com-
munication between all parties been tested? 
 
Sinal de alarme pré-combinado? Are there pré-arranged signals? 
Procedimentos de evacuação e emergência estabelecidos e entendidos por todos? Are 
emergency and evacuation procedures established and understood by all personnel 
involved with the enclosed space entry? 
 
3.3 Autorização Authorization 
 A entrada foi autorizada pelo oficial responsável pela segurança a bordo? Has the en-
trance to the tank been duly authorized by the repsonsible Officer on board? 
 
 Recebi instruções ou permissão do Comandante ou Pessoa Responsável para entrar no 
espaço fechado I have received instructions

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