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Mini Projeto de Barragem de Orós Traçado de Redes de Fluxo 2 Sumário 1. Barragem de Orós ................................................................................ 3 1 1. Considerações .................................................................................... 5 1.2. Dados utilizados ................................................................................. 7 1.3. Metodologia do traçado da rede de fluxo da barragem .................... 10 1.4. Cálculo da vazão de água percolada por metro de barragem .......... 19 1.5. Diagrama de poropressões ............................................................ 20 1.6. Análise da ruptura hidráulica ........................................................... 22 1. Barragem de Orós 3 O reservatório Açude Presidente Juscelino Kubitschek ou Açude Orós como é conhecida, é uma barragem nordestina, construída no século passado (a partir de 1958) e inaugurada em 11 de janeiro de 1961 pelo então presidente da república Juscelino Kubitschek. Localizada no estado do Ceará, na cidade de Orós, possui 450 Km de extensão, sendo projetada e construída pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS. Figura.1. Região onde se localiza o Açude Orós. (Google Earth) Sua construção objetivou a perenização do Rio Jaguaribe, uma bacia hidrográfica muito importante para a região, drenando uma área de 25.000 Km². Sua construção proporcionou condições para o desenvolvimento da irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe, piscicultura, turismo, culturas agrícolas e aproveitamento hidrelétrico. 4 Figura.2. Imagem disponível da época de construção. (DNCOS) Durante sua construção ocorreram problemas devidos às condições climáticas inconstantes da época: estiagens, baixas precipitações e chuvas torrenciais. Tais condições provocaram transbordamento da barragem (que ainda não havia atingido sua cota final), acarretando em desgaste do topo da barragem e limitada erosão no maciço. Contudo, tais problemas foram contornados na época e, até os dias de hoje, não há registro de outros sérios problemas na mesma. Atualmente existem projetos inconclusos para aproveitamento total da obra e aprimoramento da barragem. 5 Figura.3. Represamento do Rio Jaguaribe. 1.1. Considerações Com base nos dados disponíveis a respeito da barragem, podemos notar que esta construção pode ser classificada como barragem de zoneamento, decorrente de suas características construtivas. Figura.4. Representação da barragem de Orós na época de sua construção. (DNCOS) 6 Segundo informações obtidas no site do DNOCS, a barragem possui um núcleo argiloso impermeável (1), constituído de uma mistura de argila, silte e areia (com alguns pedregulhos), compactada em camadas de 15cm. A região (2) é composta de uma areia com pedregulhos obtida do leito do rio e de outras jazidas dos seus afluentes, adensada com rolos vibratórios em camadas de 30cm. A zona (3) é composta de um material pedregulhoso, lançado em camadas de 1m, constituindo um enrocamento em ambos taludes de montante e jusante da barragem. A região (4) trata-se de uma região xistosa que recebeu tratamento de injeção de cimento sendo, portanto, impermeável. A região (5) trata-se de um depósito de areia. De acordo com o exposto no site do DNOCS, “Adotou-se a hipótese de que o material da zona 1 é inteiramente impermeável, isto é, k = 0, durante o período da construção da obra. O material da zona 2 é permeável, bem como o da zona 3. O material da zona 2 é permeável, bem como o da zona 3. Por sua vez, a fundação entre o pé de montante do enrocamento e o pé de jusante da zona 1 é impermeável e nas porções seguintes é permeável. (...) (...) Os coeficientes de permeabilidade nas direções vertical e horizontal da zona impermeável foram calculados na razão de 1:4 (...)” Com base nessas informações, procurou-se na literatura intervalos admissíveis para os coeficientes de permeabilidade de ambos solos. Observando os valores apresentados por Pazzeto (2009), Marangon (2009) e Souza Pinto (2006), decidiu-se adotar o valor de permeabilidade vertical do núcleo argiloso de 1 𝑥 10−8𝑐𝑚/𝑠, devido às questões construtivas (represamento a montante), distribuição granulométrica descrita e impermeabilidade citada no site do DNOCS. Ressalvamos a impossibilidade de possuirmos um núcleo impermeável neste caso, uma vez que a barragem se apoia sobre uma rocha impermeável, a água certamente deve percolar através do maciço de terra. Para o valor de permeabilidade do núcleo argiloso horizontal, adotamos 4 𝑥 10−8𝑐𝑚/𝑠, correspondente à relação citada no referido trabalho. 7 De maneira análoga, foi consultada nestas referências os intervalos admissíveis para a permeabilidade da areia. Devido a sua constituição granulométrica, verificamos que grande parte desse material possui diâmetro superior a 3mm, por se tratar de uma areia grossa com pedregulhos. Dessa forma, espera-se que sua permeabilidade apresente um valor médio do característico de areias grossas e pedregulhos, adotando assim, os valores de 1 𝑥 10−1𝑐𝑚/𝑠 e 4 𝑥 10−1𝑐𝑚/𝑠, para as permeabilidades verticais e horizontais, respectivamente. Nota-se que ambos solos possuem a mesma relação de anisotropia (horizontal 4 vezes vertical). Esta convenção utilizada justifica-se por base nos exemplos discutidos em sala de aula na disciplina Mecânica dos Solos B. Contudo, espera-se que tal comportamento ocorra devido a forma de execução dessas zonas. A argila foi compactada em camadas de 15cm e a areia adensada em camadas de 30cm, com a acomodação teórica destes grãos, estima-se que os efeitos anisotrópicos para permeabilidade sejam reduzidos, ficando próximos dos adotados para o núcleo argiloso. Adotou-se como metodologia de cálculo a ação do enrocamento a montante como superfície de drenagem livre, desprezando sua influência na percolação da água. A jusante, adotou-se que o enrocamento atua como um filtro para a região do talude de areia. Observamos que para o caso em questão, poderíamos adotar que a região de areia também atua como filtro para o núcleo argiloso, devido a diferença de permeabilidade e granulometria dos grãos, esta hipótese é justificada em virtude das características de barragens de zoneamento (Souza 2006, Azevedo 2005). No referido trabalho, optou-se por desprezar este efeito da areia sobre a argila, a fim de considerarmos a heterogeneidade presente nesta transição da barragem. Por fim, foi considerado que o nível d’água a jusante é 155m, em virtude da especificação do projeto. 1.2. Dados utilizados No site do DNOCS encontrasse uma tabela com informações técnicas sobre a barragem de Orós; Tabela 1 – Características Técnicas da Barragem de Orós 8 CARACTERISTICAS TÉCNICAS CAPACIDADE 2.100.000.000m³ LARGURA 180m LOCALIZAÇÃO Icó-CE REVANCHE 9,56m SISTEMA VOLUME DO CORTE 860.000m³ RIO Jaguaribe DESCARGA MÁXIMA PREVISTA 5.100m³/s BACIA HIDROGRÁFICA 25.000m² TOMADA D´ÁGUA BACIA HIDRÁULICA 35.000ha SEÇÃO DO TÚNEL 22,10M² CHUVA MÉDIA ANUAL 860 mm DIÂMETRO DO TÚNEL 5,35m COEFICIENTE DE RENDIMENTO 7% COMPRIMENTO DO TÚNEL 260m DESCARGA MÁXIMA 5.200m³/s TORRE BARRAGEM VOLUME DE CONCRETO 1.800m³ TIPO Terra zoneada ALTURA 43m RAIO DE CURVATURA 160m VÁLVULA ALTURA MÁXIMA 54m TIPO Dispersora LARGURA MÁXIMA DA BASE 278m EMPUXO MÁXIMO 87,50t EXTENSÃO PELO COROAMENTO 670m VAZÃO MÍNIMO 16m³/s LARGURA DO COROAMENTO 10m TEMPO DE FECHAMENTO 180s VOLUME TOTAL DE TERRA 3.224.220M³ DIÂMETRO 1.500mm VOLUME DE ENROCAMENTO 675.105m³ POTÊNCIA INSTAURÁVEL 38.000CV VERTEDOURO TIPO Superfície Livre 9 Como exposto no tópico 1.2), foram adotados os seguintes parâmetros para os solos:a) Núcleo Argiloso • 𝐾𝑣,𝑎𝑟𝑔 = 1 𝑥 10 −8𝑐𝑚/𝑠; • 𝐾ℎ,𝑎𝑟𝑔 = 4 𝑥 10 −8𝑐𝑚/𝑠 • 𝐾𝑒𝑞,𝑎𝑟𝑔 = 2 𝑥 10 −8𝑐𝑚/𝑠 • 𝐾𝑣,𝑎𝑟𝑔 𝐾ℎ,𝑎𝑟𝑔 = 0,25. • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 = 18,2 𝑘𝑁/𝑚³; • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 = 8,20 𝑘𝑁/𝑚³; • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 = 20,0 𝑘𝑁/𝑚³; b) Região Arenosa • 𝐾𝑣,𝑎𝑟 = 1 𝑥 10 −1𝑐𝑚/𝑠; • 𝐾ℎ,𝑎𝑟 = 4 𝑥 10 −1𝑐𝑚/𝑠 • 𝐾𝑒𝑞,𝑎𝑟 = 2 𝑥 10 −1𝑐𝑚/𝑠 • 𝐾𝑣,𝑎𝑟 𝐾ℎ,𝑎𝑟 = 0,25. • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 = 20,2 𝑘𝑁/𝑚³; • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑠𝑢𝑏𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 = 10,2 𝑘𝑁/𝑚³; • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 = 22,0 𝐾𝑔/𝑚³; c) Enrocamento • 𝐷𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒; • 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 = 26,0 𝑘𝑁/𝑚³; Onde, 𝐾𝑒𝑞 = √𝐾𝑣. 𝐾ℎ é a permeabilidade equivalente do solo. 10 1.3. Metodologia do traçado da rede de fluxo da barragem Inicialmente, observamos que a barragem em questão apresenta anisotropia e heterogeneidade. Logo, devemos proceder da seguinte maneira: a) O enrocamento a montante permite a livre percolação e drenagem da água, dessa forma, desprezamos quaisquer efeitos das rochas na percolação (ou seja, prolongamos o nível d’água a montante até o talude de areia a montante). 11 . Figura.5. Representação da barragem (Acervo próprio) 12 b) Correção da anisotropia: fixa-se o eixo y e corrige-se o eixo x através da transformação: 𝑥𝑇 = 𝑥√ 𝐾𝑣 𝐾ℎ Com os dados adotados, observamos que a transformação necessária para o eixo x em todas as regiões é 𝑥𝑇 = 0,5𝑥. Figura.6. Método da seção transformada. (Acervo próprio) c) Traçado da parábola básica de Kozeny: decorrente das características do solo já apresentadas, consideraremos que o enrocamento a jusante atua também como filtro para a barragem (além de sua função de proteção e contenção). Dessa forma, adotando o foco da parábola como o ponto F, obtemos, I) 13 Figura.7. Etapas do traçado da parábola básica (I)(II)(III). (Acervo próprio) d) Correções de entrada e saída da entrada da linha freática: Figura.8. Condições de entrada da linha freática. (Bueno e Vilar) II) III) 14 Figura.9. Condições de saída da freática. (Bueno e Villar) Figura.10. Etapas de correção de entrada e saída. (Acervo próprio). Figura.11. Linha freática corrigida. (Acervo próprio) e) Traçado das equipotenciais e linhas de fluxo com base na freática. 15 Figura.12. Rede de fluxo em situação homogênea e isotrópica. (Acervo próprio) f) Correção da heterogeneidade do solo na região de transição entre a zona de areia e o núcleo argiloso (I) e o núcleo argiloso e a zona de areia (II). No caso em questão, todos os ângulos incidentes possuíam valores maiores que 90°, resultando em tangentes de ângulos de deflexão elevadas e, consequentemente, tais ângulos tendem a 90°. Figura.13. Condições de transferência entre as linhas de fluxos em meios heterogêneos. (Bueno e Villa) II) I) 16 Figura.14. Correção da heterogeneidade. (Acervo próprio) g) Correção da anisotropia do solo: uma vez corrigidos todas as condições anteriores, procedemos de forma inversa ao item a), transformando novamente o eixo horizontal no eixo original, obtendo assim, a rede de fluxo para a barragem inicial, conforme figuras 15 e 16. 17 . Figura.15. Rede de fluxo para meio heterogêneo e anisotrópico. (Acervo próprio) 18 Figura.16. Rede de Fluxo da barragem de Orós obtida através das considerações anteriores. (Acervo próprio) 19 1.4. Cálculo da vazão de água percolada por metro de barragem O cálculo da vazão em condições anisotrópicas segue raciocínio análogo ao caso de condições isotrópicas, derivada da equação de Darcy, a formulação apresentada nesta seção pode ser encontrada em Souza Pinto (2001) 𝑄 = 𝐾 . 𝐻 . 𝑛𝑓 𝑛𝑒 onde, • Q é a vazão que percola em m³/s; • K a permeabilidade do solo isotrópico; • nf é o número de canais de fluxo existentes (região delimitada por duas linhas de fluxo); • ne é o número de quedas de potenciais existentes (região delimitada por duas equipotenciais). No caso anisotrópico, podemos utilizar a relação Keq apresentada em 1.3. Contudo, a barragem em questão também apresenta heterogeneidade. Em geral, quando ocorre esta condição, deve-se separar as regiões, delimitando trechos de homogeneidade do solo. Como trabalhamos sobre as hipóteses de regime permanente de escoamento, fluxo laminar de água, dentre outras condições que norteiam as postulações de percolação de água no solo, podemos analisar cada região isoladamente, sobre a hipótese que o fluxo em cada parte homogênea de solo é sempre o mesmo. Contudo, tal procedimento torna-se inviável para o exemplo, uma vez que torna-se difícil determinar o número de quedas de carga existentes em cada região. Uma forma de contornar esta situação e determinar uma aproximação para a vazão média, é adotar um coeficiente de permeabilidade estimado Kest, ponderando-se os coeficientes dos solos existentes. De imediato, sugere-se a utilização da porcentagem das áreas dos solos para esta ponderação. Por outro lado, devido a discrepância elevada no intervalado de valores dos coeficientes de permeabilidade dos materiais, notamos que a vazão percolada será influenciada especialmente pelo núcleo argiloso. Dessa maneira conseguimos simplificar os cálculos e obter uma boa aproximação para a mesma, considerando que toda a barragem fosse feita do mesmo material desse núcleo argiloso: 20 Utilizando o número de canais de fluxo igual a 4 e o número de quedas de potencial igual a 8, obtemos 𝑄 = 2,0 ∗ 10−8 ∗ 10−2 ∗ 45 ∗ 4 8 ∗ 1 = 4,5 ∗ 10−9 m³/(s.m) Em dias, obtemos 𝑄 = 4,5 ∗ 10−9 ∗ 86400 = 3,888 ∗ 10−4~ 4 ∗ 10−4 𝑚3 𝑑𝑖𝑎. 𝑚(𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚) . Tal resultado encontra-se nos limites esperados, uma vez que a vazão diária por metro de barragem deve ser baixa, a fim de assegurar o represamento adequado a montante (sem, contudo, cessar o fluxo de água a jusante). 1.5. Diagrama de poropressões As poropressões (u) no contato entre os solos 1 (argila) e o solo 2 (areia grossa) foram calculadas através da fórmula de Bernoulli: ℎ = 𝑧 + 𝑢 ϒ𝑤 Em que h = carga total; z = carga altimética; u/ϒ𝑤 = carga piezométrica a ser determinada; ϒ𝑤 = 10 kN/m 3. Na tabela 2 tem-se a planilha de cálculo com os respectivos pontos da barragem em que a poropressão foi calculada, e, na figura 15, os diagramas de poropressões nas superfícies de contato entre os referidos solos. 21 Tabela 2 - Planilha para o cálculo das poropressões Ponto Δh (m) z (m) u/ϒw (m) u (kPa) A 2,64 197,36 0,00 0,00 B 7,49 186,91 5,60 55,98 C 9,81 175,66 14,52 145,24 D 8,80 155,00 36,20 362,03 E 16,11 183,89 0,00 0,00 F 20,00 178,18 1,82 18,19 G 25,00 167,74 7,26 72,60 H 30,00 158,55 11,45 114,54 I 31,15 155,00 13,85 138,52 Figura.17. Diagramas de poropressões (Acervo próprio) 22 1.6. Análise da ruptura hidráulica Foram calculados os seguintes gradientes hidráulicos para a barragem: 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡(𝑎𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎) = ϒ𝑠𝑢𝑏 ϒ𝑤 = 18,20 − 10 10 = 0,82 𝑖𝑐𝑟𝑖𝑡(𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎) = ϒ𝑠𝑢𝑏 ϒ𝑤 = 18 − 10 10 = 0,80 𝑖𝑚𝑎𝑥(𝑎𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎) = ∆ℎ 𝑙 = 5 14,38 = 0,35 𝑖𝑚𝑎𝑥(𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎) = ∆ℎ 𝑙 = 5 12,01 = 0,42 Na situação apresentada, não se constatou a possibilidade de ocorrência de ruptura hidráulica por formação de areia movediça, uma vez que não há fluxo ascendente na barragem, como pode ser observado nas direções das linhas de fluxo. Observa-se também que os máximos gradientes de saída na barragem são menores que os gradientes críticos. Considerando-se que cada camadaé homogênea em seu interior, tal fato indica que provavelmente não ocorre ruptura hidráulica. Como há enrocamento, o peso aplicado sobre as camadas de solo da barragem é muito grande, acarretando grandes tensões efetivas que dificilmente se anulariam com as poropressões apresentadas. Os gradientes máximos calculados provocam forças de percolação críticas, ou seja, seus respectivos trechos, ambos a jusante da barragem, seriam os mais prováveis de apresentar areia movediça ou “piping”. Apesar disso, não é possível determinar com precisão se os fenômenos acontecerão ou não, pois eles dependem ainda de diversos fatores não abordados no projeto, como a coesão entre partículas e o nível de heterogeneidade dos solos em cada camada. Como os solos não são perfeitamente homogêneos na natureza, pode ocorrer a formação de zonas mais permeáveis dentro do maciço, acarretando alguns pontos de tensões efetivas nulas na superfície de descarga. Assim, poderia ocorrer erosão em alguns pontos, fato que ocasionaria um aumento do gradiente hidráulico, causando cada vez mais erosão (progressiva), e podendo provocar um furo que progride regressivamente dentro da barragem, fenômeno conhecido como “piping”. 23 2. Referências bibliográficas MARANGON, M. Unidade 1 - HIDRÁULICA DOS SOLOS. Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia, 2009. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/ms2_unid01.pdf>. Acesso em: 27 abr 2015. SOUZA, M. M. de. Estudo para o projeto geotécnico da barragem de Alto Irani, SC. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10006346.pdf>. Acesso em: 27 abr 2015. BUENO, Benedito de Souza; VILAR, Orêncio Monje. Mecânica dos Solos. Vol II. 1 ed. São Carlos; EESC, 2004, 155p. AZEVEDO, M. da P. N. Barragens de terra – sistemas de drenagem interna. Universidade Anhembi Morumbi, 2005. Disponível em: <http://engenharia.anhembi.br/tcc-05/civil-22.pdf>. Acesso em: 27 abr 2015. PAZZETO, M. B. Estudo da permeabilidade de solos argilosos disponíveis para recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão no sul de Santa Catarina, 2009. Disponível em: <http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00003E/00003EA7.pdf>. Acesso em: 28 abr 2015. PINTO, C. de Sousa. Curso básico de Mecânica dos Solos. Oficina de textos, 3ª ed, 2006. Revisão bibliográfica. Maxwell, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/4261/4261_3.PDF>. Acesso em: 28 abr 2015. 24 Barragem de Orós. Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNCOS). Disponível em: < http://www.dnocs.gov.br/barragens/oros/oros.htm>. Acesso em: 28 abr 2015.
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