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Análise da Compatibilização de Projetos

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS 
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
BRUNO DAPPER SOARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: 
Estudo de Caso em uma Edificação Residencial Multifamiliar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Leopoldo 
2020
 
 
 
 
 
 
BRUNO DAPPER SOARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: 
Estudo de Caso em uma Edificação Residencial Multifamiliar 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em 
Engenharia Civil, pelo Curso de 
Engenharia Civil da Universidade do Vale 
do Rio dos Sinos – UNISINOS 
 
Orientadora: Profa. Mª. Fabiana Pires Rosa 
 
 
 
 
 
 
 
São Leopoldo 
2020
 
AGRADECIMENTOS 
A formatura é o fim de um ciclo muito importante e o início de outro com 
desafios ainda maiores. E chegar neste momento, não seria possível se não fossem 
algumas pessoas essenciais na minha vida. 
Primeiramente, gostaria de agradecer à minha mãe Ataíse, por tudo que ela é 
e representa na minha vida. Sempre foi uma guerreira, lutou muito para que eu 
tivesse a oportunidade de chegar até esse momento. É uma fonte de inspiração e 
conselhos. Te amo e obrigado por tudo. 
Gostaria de agradecer também ao meu pai Lavosir, que teve um papel 
fundamental na minha formação, sempre me apoiou e incentivou. Te amo e 
agradeço por tudo que fez por mim. 
Agradeço à minha namorada Karina, por me acompanhar desde o início 
dessa trajetória, por passar todos os momentos, mesmo os mais difíceis, ao meu 
lado. Por me apoiar e acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava. 
Obrigado por tudo, te amo. 
Também agradeço à minha irmã Laís, minha tia Sheila e minha vó Marli. 
Vocês significam muito para mim, tenho a melhor família que alguém poderia ter, 
nossos momentos juntos são únicos. Obrigado por acreditarem e me apoiarem 
incondicionalmente. Amo vocês. 
Quero agradecer à minha bisa Nilsa (em memória) e minha vó Eurides (em 
memória), que mesmo não estando mais presentes foram fundamentais em toda 
minha vida, e as amo imensamente. 
Gostaria de agradecer também a todos que participaram desta trajetória 
acadêmica na engenharia civil, aos professores, colegas e amigos que pude fazer 
no decorrer do curso. Aos colegas de trabalho das obras, que muito me ajudaram, 
em todos os momentos. 
À minha orientadora, Profa. Mª. Fabiana, por todo apoio, dedicação e 
contribuições, para que o trabalho fosse desenvolvido da melhor maneira possível. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O desenvolvimento de projetos para empreendimentos da construção civil está cada 
vez mais complexo. Essa realidade, somada aos curtos prazos de execução e 
orçamentos enxutos, tornam a etapa essencial para o sucesso da edificação. A 
importância desse processo já foi percebida, no entanto, projeto é visto como uma 
obrigação legal e não uma ferramenta de otimização, que poderia reduzir grande 
parte dos desperdícios do processo construtivo. Com isso, é necessário esclarecer 
que uma das principais causas das perdas pode ser explicada pela 
incompatibilidade entre as disciplinas de projetos. Portanto, este estudo de caso, se 
propôs a analisar a incidência de incompatibilidades em uma edificação residencial 
multifamiliar. As informações foram coletadas durante a fase de execução do 
empreendimento, sendo realizada a análise de projetos e seus pares, através da 
inspeção visual. As incompatibilidades foram classificadas quanto ao projeto de 
origem, local do empreendimento, número de ocorrências, se identificadas antes ou 
após a execução do serviço, e se geraram retrabalho. Como resultado, a pesquisa 
apontou que 70% das incompatibilidades e 96% das ocorrências estão ligadas aos 
projetos arquitetônico, estrutural e hidrossanitário. De forma geral, 59% das 
incompatibilidades foram identificadas após a execução, e 57% geraram retrabalho. 
No entanto, quando o retrabalho é separado em função do momento de 
identificação, 85% das que foram identificadas após a execução tiveram retrabalho, 
enquanto, das que foram identificadas antecipadamente, 16% apresentaram o 
mesmo resultado. O projeto elétrico apresentou somente 8% das incompatibilidades 
e 0,25% das ocorrências, não sendo números expressivos, quando comparado às 
disciplinas citadas anteriormente. Os resultados apontam para a importância da 
compatibilização, não só para o processo de projeto, mas também para a execução, 
visto que reduz consideravelmente o retrabalho no canteiro de obras. 
 
Palavras-chave: Incompatibilidade de projeto. Compatibilização. Processo de 
projeto. Construção civil. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Relação de tempo e custo do empreendimento, com investimentos 
diferentes na fase de projeto ..................................................................................... 16 
Figura 2 – Curva de MacLeamy ................................................................................ 17 
Figura 3 – Etapas básicas do processo de produção de edifícios............................. 19 
Figura 4 – A natureza variável do processo de projeto ............................................. 20 
Figura 5 – Fluxo das etapas do processo de projeto ................................................. 22 
Figura 6 – Proposta de sequência do processo de projeto ....................................... 23 
Figura 7 – Diferença do fluxo de informação entre o modelo de processo tradicional 
e o modelo de processo BIM ..................................................................................... 24 
Figura 8 – Processo tradicional – sequencial ............................................................ 24 
Figura 9 – Processo BIM – simultâneo ...................................................................... 25 
Figura 10 – Coordenação entre disciplinas ............................................................... 27 
Figura 11 – Disciplinas envolvidas nos apontamentos .............................................. 30 
Figura 12 – Representação em BIM .......................................................................... 31 
Figura 13 – Comparação CAD x BIM ........................................................................ 33 
Figura 14 – Fluxo do estudo de caso ........................................................................ 36 
Figura 15 – Modelo de quadro intradisciplinar........................................................... 38 
Figura 16 – Modelo de quadro interdisciplinar........................................................... 39 
Figura 17 – Projeto de implantação da obra.............................................................. 42 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 – Classificação das incompatibilidades ...................................................... 45 
Gráfico 2 – Comparativo número de ocorrências ...................................................... 45 
Gráfico 3 – Comparativo do momento de identificação em relação a execução ....... 46 
Gráfico 4 – Comparativo do retrabalho gerado ......................................................... 46 
Gráfico 5 – Locais das incompatibilidades ................................................................ 47 
Gráfico 6 - As incompatibilidades foram identificadas antes da execução? .............. 47 
Gráfico 7 – As incompatibilidades geraram retrabalho? ............................................ 48 
Gráfico 8 – Retrabalho das incompatibilidades identificadas antes da execução. .... 48 
Gráfico 9 – Retrabalho das incompatibilidades não identificadas antes da execução.
 .................................................................................................................................. 48 
Gráfico 10 – Incompatibilidades por disciplina / pares de disciplina .......................... 49 
Gráfico 11 – Disciplinas envolvidas nas incompatibilidades ......................................49 
Gráfico 12 – Número de ocorrências por disciplina envolvida ................................... 50 
Gráfico 13 – Número de ocorrências por local .......................................................... 50 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 – Quadro auxiliar dos projetos intradisciplinares ....................................... 43 
Quadro 2 – Quadro auxiliar dos projetos interdisciplinares ....................................... 44 
Quadro 3 – Incompatibilidade 1 ................................................................................. 61 
Quadro 4 – Incompatibilidade 2 ................................................................................. 62 
Quadro 5 – Incompatibilidade 3 ................................................................................. 63 
Quadro 6 – Incompatibilidade 4 ................................................................................. 64 
Quadro 7 – Incompatibilidade 5 ................................................................................. 65 
Quadro 8 – Incompatibilidade 6 ................................................................................. 66 
Quadro 9 – Incompatibilidade 7 ................................................................................. 67 
Quadro 10 – Incompatibilidade 8 ............................................................................... 68 
Quadro 11 – Incompatibilidade 9 ............................................................................... 69 
Quadro 12 – Incompatibilidade 10 ............................................................................. 70 
Quadro 13 – Incompatibilidade 11 ............................................................................. 71 
Quadro 14 – Incompatibilidade 12 ............................................................................. 72 
Quadro 15 – Incompatibilidade 13 ............................................................................. 73 
Quadro 16 – Incompatibilidade 14 ............................................................................. 74 
Quadro 17 – Incompatibilidade 15 ............................................................................. 75 
Quadro 18 – Incompatibilidade 16 ............................................................................. 76 
Quadro 19 – Incompatibilidade 17 ............................................................................. 77 
Quadro 20 – Incompatibilidade 18 ............................................................................. 78 
Quadro 21 – Incompatibilidade 19 ............................................................................. 79 
Quadro 22 – Incompatibilidade 20 ............................................................................. 80 
Quadro 23 – Incompatibilidade 21 ............................................................................. 81 
Quadro 24 – Incompatibilidade 22 ............................................................................. 82 
Quadro 25 – Incompatibilidade 23 ............................................................................. 83 
Quadro 26 – Incompatibilidade 24 ............................................................................. 84 
Quadro 27 – Incompatibilidade 25 ............................................................................. 85 
Quadro 28 – Incompatibilidade 26 ............................................................................. 86 
Quadro 29 – Incompatibilidade 27 ............................................................................. 87 
Quadro 30 – Incompatibilidade 28 ............................................................................. 88 
Quadro 31 – Incompatibilidade 29 ............................................................................. 89 
Quadro 32 – Incompatibilidade 30 ............................................................................. 90 
7 
Quadro 33 – Incompatibilidade 31 ............................................................................. 91 
Quadro 34 – Incompatibilidade 32 ............................................................................. 92 
Quadro 35 – Incompatibilidade 33 ............................................................................. 93 
Quadro 36 – Incompatibilidade 34 ............................................................................. 94 
Quadro 37 – Incompatibilidade 35 ............................................................................. 95 
Quadro 38 – Incompatibilidade 36 ............................................................................. 96 
Quadro 39 – Incompatibilidade 37 ............................................................................. 97 
Quadro 40 – Incompatibilidade 38 ............................................................................. 98 
Quadro 41 – Incompatibilidade 39 ............................................................................. 99 
Quadro 42 – Incompatibilidade 40 ........................................................................... 100 
Quadro 43 – Incompatibilidade 41 ........................................................................... 101 
Quadro 44 – Incompatibilidade 42 ........................................................................... 102 
Quadro 45 – Incompatibilidade 43 ........................................................................... 103 
Quadro 46 – Incompatibilidade 44 ........................................................................... 104 
Quadro 47 – Incompatibilidade 45 ........................................................................... 105 
Quadro 48 – Incompatibilidade 46 ........................................................................... 106 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
BIM Building Information Modeling 
CAD Computer Aided Design 
CBCS 
CBIC 
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável 
Câmara Brasileira da Indústria da Construção 
MCMV 
QGBT 
PNE 
PPCI 
Minha Casa Minha Vida 
Quadro Geral de Baixa Tensão 
Portador de Necessidades Especiais 
Plano de Prevenção Contra Incêndios 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 
1.1 Tema ................................................................................................................... 12 
1.2 Delimitação do Tema ........................................................................................ 12 
1.3 Problema ............................................................................................................ 12 
1.4 Objetivos ............................................................................................................ 13 
1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 13 
1.4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13 
1.5 Justificativa ........................................................................................................ 13 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15 
2.1 Projetos de Edificações .................................................................................... 15 
2.2 Etapas de elaboração de Projetos ................................................................... 19 
2.3 Gestão e Coordenação de Projetos ................................................................. 25 
2.4 Compatibilização de Projetos .......................................................................... 27 
2.5 Tecnologia BIM em Projetos ............................................................................ 30 
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 35 
3.1 Roteiro ................................................................................................................36 
3.1.1 Verificação de Projetos Intradisciplinares ......................................................... 37 
3.1.2 Verificação de Projetos Interdisciplinares ......................................................... 38 
3.1.3 Análise dos dados ............................................................................................ 39 
3.2 Caracterização do Estudo de Caso ................................................................. 40 
3.2.1 A Empresa ........................................................................................................ 40 
3.2.2 A Obra .............................................................................................................. 41 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 43 
4.1 Análise Comparativa Intradisciplinar x Interdisciplinar ................................. 44 
4.2 Análise Geral ..................................................................................................... 47 
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 51 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 54 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 
APÊNDICE A – INCOMPATIBILIDADES INTRADISCIPLINARES ......................... 61 
APÊNDICE B – INCOMPATIBILIDADES INTERDISCIPLINARES ......................... 83 
 
 
10 
1 INTRODUÇÃO 
Tanto no Brasil como no mundo, a tendência das indústrias é a busca de uma 
maior eficiência produtiva, que possa aumentar os lucros a partir da redução de 
perdas durante o processo. Essa propensão impacta diretamente em fatores 
ambientais por reduzir o consumo de matéria prima. E, dentre outros fatores, se 
torna fundamental por conta da necessidade de preservação de recursos naturais, já 
que a indústria da construção civil é responsável pela extração de mais da metade 
desses recursos. (CBCS, 2014). Além disso, cerca de 35% dos resíduos sólidos do 
planeta também têm como origem a construção civil. (HENDRIKS; PIETERSEN, 
2000). 
Diversos aspectos ao longo de um projeto podem gerar perdas. Entre eles, é 
possível destacar o aumento da complexidade dos empreendimentos, que, somado 
às incertezas e ao grande número de processos envolvidos, acarreta em enormes 
prejuízos na área da construção civil. (SOUZA, 2013). Outros itens que podem ser 
citados são: a falta de planejamento; a ausência de mão de obra qualificada; os 
problemas com subcontratação; a indisponibilidade e as falhas de equipamentos; 
falhas de comunicação entre os envolvidos; e os erros executivos. (MOTA et. al., 
2010). 
Como destaca Nascimento (2014), o conceito de perda na construção civil é 
frequentemente ligado apenas aos desperdícios de materiais. Contudo, essa pauta 
abrange todas as ineficiências do processo, como mão-de-obra e equipamentos, 
além de englobar a execução de atividades dispensáveis – que geram custo e não 
agregam valor. 
As perdas, causadas pela baixa qualificação do processo, resultam em um 
aumento de custos e na entrega de um produto não conforme. Esse cenário poderia 
ser evitado caso fosse analisado de forma mais completa durante a elaboração dos 
projetos e acompanhado de uma compatibilização adequada. (NASCIMENTO, 
2014). 
Na indústria da construção civil a realidade não é diferente. As mudanças que 
vêm ocorrendo exigem uma produção eficiente, elevando o nível do processo 
construtivo e agregando valor ao empreendimento. Com este cenário montado, o 
processo de desenvolvimento do projeto se torna determinante para o desempenho 
11 
adequado da edificação, mostrando a necessidade de uma estrutura eficiente no 
gerenciamento da elaboração dos projetos. (ROMANO, 2003). 
Para Ávila (2011), mesmo que o processo de projeto tenha se mostrado 
essencial para o desenvolvimento de um empreendimento, as empresas do setor a 
deixam em segundo plano. Na maioria dos casos, o serviço é prestado por uma 
instituição terceirizada, que teve o preço cobrado pelo projetista como fator decisivo 
para a contratação. 
Ávila (2011) explica ainda que os projetos nesta área têm como característica 
a apresentação de diversas definições que não priorizam a execução da solução 
proposta. Eles possuem especificações e detalhamentos falhos ou incompletos, que 
inviabilizam o andamento da obra sem a necessidade de alterações e/ou definições 
não previstas anteriormente. 
Com isso, se faz necessário a elaboração de projetos eficazes que, 
concomitantemente, atendam questões econômicas, visto que elas impactam 
diretamente no alcance das metas estabelecidas para a construção. (RODRIGUES 
et al., 2018). Esse aspecto é destacado por Monteiro et al. (2017), que ressalta que 
caso seja investido um maior valor na fase de projeto e compatibilização do que 
habitualmente é aplicado, este custo representaria uma pequena porcentagem do 
que futuramente seria gasto reparando os erros de projetos. 
Assim, o processo de gerenciamento se torna uma ferramenta indispensável, 
que possibilita a discussão dos elementos, e acesso às informações necessárias por 
todas as partes envolvidas. Desta forma, são reduzidas falhas construtivas 
decorrentes de um planejamento deficiente. (CORREIA et al., 2017). 
O Building Information Modeling (BIM) surge desse processo de otimização 
como um dos conceitos mais promissores dentro da indústria da construção civil. 
Quando implementado de forma correta, se torna um facilitador de todos os 
processos inerentes ao empreendimento – integrando não somente os projetos, mas 
também a construção como um todo –, e resultando em redução de custos e prazos 
na execução, ao mesmo tempo que aumenta a qualidade da obra. (EASTMAN et al., 
2014). 
12 
1.1 Tema 
O presente trabalho analisa as incompatibilidades entre projetos, de um 
empreendimento residencial multifamiliar. Para Monteiro et al. (2017), a 
compatibilização tem por objetivo identificar as possíveis interferências na execução 
da obra, sendo uma forma de interação entre os projetos envolvidos na edificação. A 
partir da eliminação destas interferências, é possível diminuir o retrabalho. 
A compatibilização se torna uma peça fundamental no processo de projeto, 
pois detecta e soluciona problemas futuros, ainda na fase de concepção do projeto. 
O que além de diminuir retrabalho, custo e prazo da construção, aumenta a 
qualidade do empreendimento e a sua competitividade no mercado. (NASCIMENTO, 
2014). 
1.2 Delimitação do Tema 
O estudo foi desenvolvido em um empreendimento residencial multifamiliar, 
de padrão popular. Sendo analisadas somente as incompatibilidades dos projetos, 
sem análise crítica – que seria a avaliação do conteúdo do projeto. 
Não houve limitação quanto as disciplinas neste estudo. Com isso, todas as 
disciplinas envolvidas no empreendimento foram analisadas, tanto sozinhas como 
em pares. 
Todas as informações deste trabalho, referente aos projetos, estavam 
disponíveis no canteiro de obras, física e/ou eletronicamente. 
1.3 Problema 
A grande incidência de incompatibilidades em projeto, tem gerado um 
empecilho para o alcance da eficiência na construção civil. (RODRIGUES et al., 
2018). Com isso, Monteiro et al. (2017) aponta a necessidade da otimização do 
processo de projeto, sendo a compatibilização essencial neste meio – justamente 
pela grande capacidade de detectar interferências entre os projetos, melhorando o 
desenvolvimento do empreendimento. 
Neste mesmo sentido, Correia et al. (2017) indica que os problemas de 
compatibilização estão presentes na maioria das construtoras, sendo descobertos 
13 
normalmente, no momento da execução. Para ele, tal situação ocorre devido ao 
distanciamento entre o processo de projeto e a execução. 
1.4 Objetivos 
1.4.1 ObjetivoGeral 
O objetivo geral é identificar e analisar as incidências de incompatibilidades 
de projeto, durante a fase de execução de um empreendimento multifamiliar. 
1.4.2 Objetivos Específicos 
Para que o objetivo geral seja atingido, foram estabelecidos os seguintes 
objetivos específicos: 
 
a) verificar a compatibilidade de projeto da obra em estudo; 
b) classificar as incompatibilidades encontradas de acordo com o momento 
de identificação (antes ou após a execução) e o retrabalho; 
c) identificar as soluções adotadas na resolução dos problemas apontados; 
d) sintetizar as informações obtidas, gerando dados das incompatibilidades 
presentes no empreendimento; 
e) propor soluções que possam contribuir para uma maior eficiência em 
relação aos projetos e execução de obra. 
 
1.5 Justificativa 
Nas últimas décadas a construção civil brasileira passou por uma série de 
evoluções – desde o aperfeiçoamento de materiais até uma maior qualificação dos 
profissionais. Mesmo assim, algumas barreiras são encontradas nesse processo, 
como é o caso da falta de integração entre o projeto e o desenvolvimento do 
produto. Essas divergências são chamadas de incompatibilidades e podem causar 
desperdícios, patologias, retrabalhos e improvisações por conta da deficiência de 
detalhes nos projetos. (ARROTÉIA; AMARAL; MELHADO, 2014). 
14 
Como aponta John (2000), muitas das perdas vistas durante a fase de 
execução ocorrem em virtude de decisões incorretas das etapas anteriores – 
momento em que recursos estão sendo aplicados e que se tem a dimensão física do 
objeto que será construído. Conforme Jaques (1998), uma parte considerável dos 
retrabalhos e resíduos gerados na construção civil são decorrentes das falhas de 
projeto. Estudos apontam ainda que decisões equivocadas nesta fase são 
responsáveis por 35% a 50% das falhas em edificações. (PICCHI, 1993); (SOLANO, 
2000). 
Portanto, o estágio de projeto é o que possui a maior capacidade de alterar os 
custos totais de um empreendimento. As soluções adotadas, no sentido de diminuir 
as incompatibilidades de projeto, favorecem a execução da obra, reduzindo 
desperdícios do processo e evitando o aumento de custos. (SOUZA, 1997). 
O planejamento correto de projetos tem, então, um papel fundamental na 
construção civil, visto que informações necessárias deixam de chegar ao canteiro de 
obras, criando lacunas na execução. Em diversos momentos, essas falhas são 
preenchidas inadequadamente por conta da diferença de velocidade que a fase de 
execução da obra exige da equipe – o que diminui o tempo hábil para decisões mais 
apropriadas. 
Este cenário resulta em não conformidades que podem refletir negativamente 
em diversos aspectos, como a qualidade, o custo e o prazo do empreendimento. 
 
 
15 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Neste capítulo são apresentados conceitos que apoiaram o desenvolvimento 
da pesquisa. Ele aborda assuntos relacionados ao processo de desenvolvimento de 
projeto, o respectivo impacto deles sobre o empreendimento, e a importância dessa 
fase frente às novas demandas da indústria da construção civil. Além disso, são 
relacionados também fatores de custo e prazo das obras, apresentando 
considerações a respeito da compatibilização entre as disciplinas, engenharia 
simultânea e BIM. 
2.1 Projetos de Edificações 
De acordo com Souza et al. (1995), há na construção civil uma grande 
necessidade de evolução referente ao processo de elaboração dos projetos de 
edificações. Para isso, é necessário que projeto e execução andem juntos, no 
sentido de agregar valor ao empreendimento. Ou seja, na concepção dessa ideia, a 
valorização do projeto é colocada como elemento fundamental. 
Alencastro (2006) destaca que, para que as construtoras e incorporadoras 
tenham competitividade no mercado, se faz necessário, além de qualidade e 
produtividade, uma gestão eficiente do processo de projeto – que impacta 
significativamente no resultado. Essa influência ocorre devido à exigência do 
consumidor e às margens de lucro cada vez mais apertadas. Bertezini (2006) reforça 
que a fase de projeto é um ponto fundamental no sucesso das empresas e 
empreendimentos, potencializando o desenvolvimento das etapas posteriores a ela. 
Peralta (2002), Alencastro (2006) e Costa (2013) trazem a visão singular que 
os profissionais e empreendedores do Brasil tem a respeito dos projetos. A 
conclusão é de que o seu papel é subestimado e visto apenas como uma parte 
burocrática do empreendimento, sendo priorizada a minimização de custos nesta 
etapa. 
No entanto, para estes mesmos autores, a elaboração de projetos é muito 
mais complexa e impacta diretamente em diversos fatores da obra, como os custos, 
a qualidade e o prazo de execução. Portanto, o projeto é responsável por agregar 
eficiência ao empreendimento e está ligado de forma direta ao resultado. 
16 
Melhado (2005), Cruz (2011) e Costa (2013) tem visões semelhantes a 
respeito da fase inicial da elaboração de projetos. Para os autores, esse estágio 
deveria receber mais investimentos, tanto de recursos financeiros quanto de tempo. 
Dessa forma, seria possível aplicar uma lógica inversa durante o período de 
execução da obra, diminuindo custos e prazos, conforme a Figura 1. 
Figura 1 – Relação de tempo e custo do empreendimento, com investimentos 
diferentes na fase de projeto 
 
Fonte: Barros e Melhado (1997). 
Melhado e Violani (1992) afirmam que o desenvolvimento de projeto é 
frequentemente dissociado da construção. Os autores relatam que é comum 
considerar essa etapa como um simples instrumento utilizado para aprovações 
legais, no qual tenta-se dizimar prazos e custos. Sendo assim, o projeto é 
subaproveitado e se torna algo praticamente indicativo – deixando diversas decisões 
para a etapa da obra. Assim como esses autores, Alencastro (2006) enfatiza que 
para a qualidade da execução e alcance dos requisitos de desempenho necessários, 
os projetos e memoriais devem ser elaborados para cada etapa executiva, 
discutindo os processos construtivos e evitando procedimentos improvisados no 
canteiro de obras. 
Cruz (2011) e Costa (2013) entendem que essa fase é extremamente 
relevante, sendo necessário o empenho para que se otimize os futuros processos, 
transformando-o em um guia a ser seguido. Dele é possível extrair informações 
17 
como custos, prazos e sequenciamento de execução, e elaborar um planejamento 
que minimize falhas na obra. Costa (2013) complementa, ainda, que a 
compatibilização de projetos possui a capacidade de prevenir e eliminar os erros, 
aumentando consequentemente a qualidade e a racionalização – o que transmite ao 
empreendimento eficiência e controle. 
Segundo a CBIC (2016), as etapas iniciais do empreendimento impactam 
diretamente no custo da obra e suas características. No entanto, essa capacidade 
vai diminuindo conforme ocorre o avanço nos estágios do ciclo de desenvolvimento 
do projeto. Logo, quanto mais adiantado estiver neste ciclo, maiores serão os custos 
para eventuais alterações, conforme demonstra a Figura 2. 
Figura 2 – Curva de MacLeamy 
 
Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2016). 
A Figura 2 indica, ainda, a comparação entre o processo tradicional de 
desenvolvimento de projetos (curva 3) e o desenvolvimento utilizando BIM (curva 4), 
evidenciando a capacidade do BIM de reduzir custos e aumentar a qualidade do 
empreendimento no decorrer dos estágios. (CBIC, 2016). 
18 
Melhado (2005) entende que as disciplinas que compõe o processo 
tradicional de projeto são divididas para constituir o empreendimento, mas que as 
pessoas que a executam estão atentas apenas para a sua parte específica, não 
considerando as outras partes envolvidas. Assim, os impactos que são gerados nas 
demais disciplinas são desprezados, o que gera um produto final insatisfatório. 
Uma das soluções para o problema da fragmentação do projeto seria acompatibilização, que reduz consideravelmente as falhas, como afirma Sousa 
(2010). O autor cita também a importância das ferramentas de gerenciamento e 
manipulação de dados, geométricos ou não, na integração dos processos, 
facilitando todas as fases de execução. Ainda de acordo com Souza (2017), diversos 
autores atestam que deve haver uma maior comunicação entre as disciplinas, 
inclusive propondo modelos para a coordenação da gestão simultânea de todas as 
especialidades dentro do projeto. A medida facilitaria a troca de informações, 
diminuiria falhas no gerenciamento e reduziria perdas e ajustes não previstos. 
Alencastro (2006) contribui para a discussão destacando a relevância das disciplinas 
de projeto serem desenvolvidas simultaneamente. Assim, possibilidades 
tecnológicas e construtivas poderiam ser verificadas através de uma ferramenta de 
análise mais profunda. 
Callegari (2007) explica que o diferencial da engenharia simultânea é o 
destaque concebido não somente ao projeto, mas também às fases iniciais do 
empreendimento, dando relevância e eficiência ao processo e buscando a qualidade 
do produto. Ele acrescenta, ainda, que a integração dos mais diversos pontos de 
vista em relação ao início do desenvolvimento é a grande diferença do método. 
Assim, através de equipes multidisciplinares e multiempresariais, as necessidades 
técnicas do empreendimento e o desempenho do produto junto ao consumidor são 
alinhados. 
Para Manzione (2013), a complexidade no desenvolvimento de projetos 
demanda que os processos interativos e interdependentes apresentem sucessões 
de ações reciprocas, sendo essa a base para boas soluções. Uma dessas saídas, 
conforme CBIC (2016), é apresentada pelo BIM, que oferece a partir da modelagem 
do empreendimento uma resposta mais eficaz em relação aos demais métodos de 
projeto. Ele consiste, basicamente, em um processo progressivo que possibilita a 
modelagem, o armazenamento, a troca, a consolidação e o fácil acesso à todas as 
19 
informações a respeito da edificação. Ou seja, pode atender todo o ciclo de vida do 
empreendimento. 
Eastman et al. (2014) cita que o BIM melhora a disponibilidade de informação 
através da facilidade nas interações entre diferentes ferramentas do projeto. 
Permite, ainda, que análises e simulações realimentem o projeto, mudando o modo 
de pensar dos projetistas e, consequentemente, os processos a serem 
desenvolvidos. Provavelmente, a integração promovida pelo BIM redistribuirá o 
tempo e os esforços gastos nas diferentes fases do projeto. 
2.2 Etapas de elaboração de Projetos 
Segundo Souza (2017), pelo fato de o processo produtivo de edificações 
apresentar alta complexidade, singularidade entre empreendimentos e tomadas de 
decisões nos mais diversos níveis, a literatura não encontra um consenso sobre as 
subdivisões deste processo – nem em números, nem no conteúdo das ações ou 
informações definidas. A Figura 3 apresenta um modelo para as etapas do processo 
da produção de edifícios. 
Figura 3 – Etapas básicas do processo de produção de edifícios 
 
Fonte: Souza (2017). 
20 
Souza (2017) classifica o processo de projeto como um subprocesso da 
produção de edifícios. Mas, ele mesmo também apresenta subprocessos, que 
igualmente não possuem um consenso na determinação das etapas e conteúdo. 
Para Tzortzopoulos (1999), essa etapa é de suma importância na construção 
civil, já que para uma melhora contínua, se faz necessária a identificação das 
relações com os demais processos presentes no empreendimento. Com isso, é 
gerado um maior entendimento das relações e das interdependências existentes, 
que destacam o papel fundamental da visão sistêmica do processo. Já Manzione 
(2006) mostra (Figura 4) que a natureza do processo do projeto é variável, ou seja, 
nas fases iniciais do desenvolvimento, as definições possuem um alto impacto na 
solução final. E no decorrer deste processo, à medida que se avança para as fases 
finais, diminuem as incertezas e aumentam as complexidades do fluxo de 
informações. Isso ocorre pelo projeto estar mais estruturado e englobando não mais 
definições, mas, sim, ajustes do que foi aplicado nas mais diversas disciplinas. 
Figura 4 – A natureza variável do processo de projeto 
 
Fonte: Austin et al. (1999). 
Dentre os autores, existem opiniões divergentes quanto aos subprocessos do 
desenvolvimento de projeto. Para Picchi (1993), o processo de projeto possui três 
etapas: estudos preliminares, anteprojeto e projeto definitivo. Já Melhado (1994) 
defende a progressão de etapas durante o processo. Ele apresenta uma subdivisão 
maior, de sete etapas: idealização do produto, estudo preliminar, anteprojeto, projeto 
executivo, projeto produtivo, planejamento e execução e entrega. 
21 
Tzortzopoulos (1999) definiu essa fase em 5 etapas: planejamento e 
concepção do empreendimento, estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal e 
projeto executivo. Além disso, ele traz recomendações em relação ao 
acompanhamento após o projeto do empreendimento, que seria necessário tanto na 
fase de obra quanto de uso, retroalimentando o processo. Já Melhado (1994) e 
Souza (2017) apontam que as relações entre as fases do desenvolvimento do 
projeto e as demais do processo da edificação apresentam falhas, mas que entre as 
diversas ações que são realizadas para otimizar o processo, a maioria delas é 
focada em melhorar a interação projeto-obra. 
Nesta discussão, Tzortzopoulos (1999) acrescenta que o sistema escolhido 
para o desenvolvimento das disciplinas de projeto, juntamente com as necessidades 
de cada etapa, tornam-se fatores importantes na otimização do processo 
construtivo. Ele considera, ainda, a segmentação desses problemas parte essencial 
na delegação de responsabilidade entre os componentes do processo, permitindo 
controle e resoluções mais eficientes. 
Essa fase seria, portanto, responsável por promover diversas mudanças e 
tomadas de decisões no desenvolvimento do empreendimento, que podem impactar, 
inclusive, no aumento da produtividade da obra. (BERTEZINI, 2006). 
Jack (2013) contextualiza que a equipe utiliza como informação de entrada do 
projeto detalhado, o resultado obtido através do processo de projeto conceitual e, 
que ao término da fase de detalhamento, ele deve estar finalizado para ser 
construído e testado. Caso haja sugestão de modificação do projeto nesse período, 
a equipe é responsável por avaliar e determinar se os requisitos previstos 
originalmente serão mantidos ou não. 
Fabrício, Bahia e Melhado (1999) apresentam um fluxo para as etapas do 
processo. Conforme a Figura 5, citam que há divergências em relação ao modelo e 
que não há consenso nas definições da nomenclatura e do escopo de cada uma 
delas. Eles também acrescentam que este modelo possui limitações de interações 
entre os projetistas, visto que determinadas soluções podem esbarrar em saídas 
encontradas por outras disciplinas. 
22 
Figura 5 – Fluxo das etapas do processo de projeto 
 
Fonte: Fabrício, Bahia e Melhado (1999). 
No entanto, Fabrício, Bahia e Melhado (1999) propõem uma sequência de 
processo de projeto a partir do conceito de engenharia simultânea, que pode ser 
visto na Figura 6 – sequenciamento correspondente às etapas II e III da Figura 5. 
Com isso, a tendência é de que se tenha uma discussão interdisciplinar nas 
decisões que estão sendo tomadas. A partir de diferentes pontos de vista, é possível 
encontrar a melhor solução de algum problema para o empreendimento, deixando 
de olhar para as disciplinas de maneira isolada. 
23 
Figura 6 – Proposta de sequência do processo de projeto 
 
Fonte: Fabrício, Bahia e Melhado (1999). 
Manzione (2013), no entanto, diz que o processo de projeto é ineficaz e que 
necessita de uma evolução. Com isso, a CBIC (2016) cita a utilização do BIM na 
mudança do processo de projeto, alterando o fluxo de informações entre os 
envolvidos, conforme aFigura 7. 
24 
Figura 7 – Diferença do fluxo de informação entre o modelo de processo tradicional 
e o modelo de processo BIM 
 
Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2016). 
Para Manzione (2013), o BIM, através do trabalho em paralelo dos 
envolvidos, significa um grande avanço para o advento da Engenharia Simultânea. 
Segundo o autor, por acelerar o processo de trabalho e possuir capacidade de 
simulação, o BIM pode incentivar a colaboração dos envolvidos – que possuem 
visões singulares – e resultar em um melhor empreendimento. 
As Figura 8 e Figura 9 mostram, respectivamente, as diferenças entre o 
processo convencional e o processo BIM. 
Figura 8 – Processo tradicional – sequencial 
 
Fonte: Manzione (2013). 
25 
Figura 9 – Processo BIM – simultâneo 
 
Fonte: Manzione (2013). 
2.3 Gestão e Coordenação de Projetos 
Cruz (2011) afirma que dentre as gestões presentes em um empreendimento, 
a de projeto seria uma das mais importantes. O autor destaca que as empresas no 
Brasil já sinalizam a importância desta área, mas os investimentos ainda são 
modestos. 
Conforme Kardes et al. (2013), o gerenciamento dos projetos é primordial 
para que os objetivos sejam alcançados, visto que a complexidade é inerente aos 
grandes projetos. Para Romano (2006), o aumento da complexidade desses projetos 
está ligado, também, à evolução tecnológica dos empreendimentos. Isso seria 
explicado pelo aumento do fluxo de informações que, somado à redução prazos, 
eleva ainda mais a dificuldade da tarefa nas esferas técnicas e gerenciais. 
Escritórios já têm reconhecido a coordenação como umas das alternativas 
para melhorar a prestação de serviço que, por consequência, eleva o nível do 
produto final. (CALLEGARI, 2007). O impacto relevante dela na construtibilidade, 
produtividade e na diminuição do retrabalho, também é reforçado por Picchi (1993), 
que garante a maior qualidade do empreendimento como um todo. 
Segundo Melhado (1994), o trabalho da coordenação é justamente orientar 
simultaneamente todos os profissionais envolvidos, estabelecendo um fluxo contínuo 
e adequado de informações entre eles e conduzindo discussões e definições. O 
autor complementa que é de competência do coordenador também garantir que 
todas as disciplinas convirjam para o mesmo ponto, a partir das diretrizes definidas 
26 
para o empreendimento. Além disso, a eficiência dessa complexa tarefa dependerá, 
diretamente, da qualidade do projeto final. 
Souza (2017) aborda que os estudos realizados na engenharia simultânea 
mostram a dependência da gestão e coordenação durante o desenvolvimento das 
disciplinas que compõe o projeto. O autor acrescenta, ainda, que é necessário haver 
uma mudança de cultura dentro das construtoras, para que ocorra essa cooperação 
entre todos os participantes do processo, e indica a utilização da tecnologia da 
informação para auxiliar na comunicação e gestão. 
Esse assunto também é levantado por Tzortzopoulus (1999), que comenta 
que uma das áreas mais “esquecidas” durante a realização de um empreendimento 
é o gerenciamento dos projetos e serviços, sendo que eles são os pilares 
responsáveis pelo planejamento e controle das atividades. Além disso, asseguram o 
fluxo e a qualidade da informação, o gerenciamento do tempo disponível e as 
alterações necessárias para que o objetivo seja alcançado. 
Nóbrega Junior e Melhado (2013) e Souza (2017) apontam que o 
coordenador de projetos, devido ao aumento da complexidade e diversidade dos 
empreendimentos – tanto em serviços quanto em materiais e tecnologias – têm um 
papel não só de ligação entre todos os envolvidos, mas também de apresentar bons 
resultados nas soluções técnicas e comerciais adotadas. Para Souza et al (1995), 
essa responsabilidade de gerência é aplicada também na qualidade do projeto e na 
garantia de que as escolhas feitas durante o processo foram adequadas. 
Essa ideia é reforçada por estudos de Owen e Koskela (2006) e de Chen et 
al. (2007), que demonstram que projetos coordenados e gerenciados 
adequadamente geram melhores resultado em relação aos que apresentaram falhas 
no planejamento. Estimativas apresentadas por Rodríguez e Heineck (2001) 
explicam também que obras coordenadas apresentam uma redução de custos de 
6% em relação a empreendimentos similares não coordenados. Portanto, 
considerando os aspectos das etapas de execução do canteiro de obras, os projetos 
racionalizados tendem a elevar o desempenho como um todo. 
Para Manzione (2013), o BIM oferece grande vantagem na gestão e 
coordenação de projetos, pois, no decorrer do processo, as informações das 
disciplinas geram sucessivos ciclos de interações – onde modelos virtuais são 
mesclados, interferências podem ser detectadas, novas informações anexadas e 
problemas identificados, conforme a Figura 10. 
27 
Figura 10 – Coordenação entre disciplinas 
 
Fonte: Manzione (2013). 
A complexidade do BIM está na relação entre os modelos diferentes, como 
destacam Nederveen, Beheshti e Gielingh (2010). O projeto tem seu processo de 
desenvolvimento cíclico e interativo, e envolve, além da coordenação do processo 
de projeto, a coordenação do desenvolvimento do modelo (produto desta interação) 
simultaneamente. Manzione (2013) complementa que a geração do modelo de uma 
disciplina é complexa, sendo necessários esforços integrados – realizados de forma 
contínua e interdependente. 
2.4 Compatibilização de Projetos 
Devido ao aumento da demanda na construção civil na década de 60, os 
escritórios começaram a se especializar em disciplinas. A decisão não gerou 
grandes problemas, justamente por eles conhecerem as condicionantes necessárias 
para o desenvolvimento de um edifício. No entanto, essa segmentação foi deixando 
os projetistas cada vez mais distantes do empreendimento de forma global, o que 
resultou em incompatibilidades só percebidas na obra. Vinte anos depois, já na 
década de 80, foram iniciados esforços para que tais divergências não ocorressem. 
Isso se deu através de um aumento do valor designado a fase de projeto, que 
possibilitou que a figura do coordenador passasse a existir, trabalhando, 
principalmente, na compatibilização entre os segmentos. (COSTA, 2013). 
28 
Essa compatibilização, conforme Melhado (2005), deve ser realizada após a 
conclusão dos projetos, funcionando como um filtro para as soluções adotadas e 
detectando possíveis erros. Para isso, os projetos das diferentes disciplinas devem 
ser sobrepostos, facilitando a análise de possíveis interferências entre eles. 
Tzortzopoulos (1999) defende que é necessário um controle externo nas atividades 
de projeto, alegando que caso não seja feito deste modo, existirão interferências que 
não serão identificadas durante seu desenvolvimento. 
Callegari (2007) define a compatibilização como uma atividade de integração 
e gerenciamento entre as diversas disciplinas de projetos, obtendo, através de 
ajustes de soluções de cada segmento, um padrão de qualidade interessante. O 
autor afirma que ela visa a resolução dos conflitos que, por consequência, gera uma 
otimização de mão de obra e materiais utilizados na execução. Desta forma, a partir 
do projeto arquitetônico, é possível realizar alterações que visem a maior eficiência 
para o empreendimento. De acordo com Gus (1996), a compatibilização tem como 
principal função colocar a demanda do processo acima dos interesses individuais de 
cada disciplina. Para isso, os projetistas exercem um papel fundamental – tanto no 
desenvolvimento quanto no aprimoramento contínuo do desenvolvimento do projeto. 
Cruz (2011) cita que a não compatibilização de projetos influencia diretamente 
na fase em que certas decisões serão tomadas. Ou seja, uma solução que deveria 
ter sido encontrada no momento inicial do processo, acaba sendo discutida apenas 
durante a execução. Esse atraso aumenta a chance de erros e de custos adicionais,além de causar perda de qualidade, ineficiência no processo e inconformidade do 
resultado com a concepção original. Como afirmam Fabricio (2002) e Cruz (2011), 
umas das principais causas de problemas construtivos são decorrentes dessas 
incompatibilidades – que geram um efeito cascata em diversas áreas do 
empreendimento. São resultados disso o maior índice de retrabalho, o aumento do 
prazo previsto no cronograma, a elevação do custo esperado e a piora na qualidade 
da edificação. 
Para que essas falhas sejam evitadas, Novaes (1996) também reforça a 
importância da compatibilização para que as soluções adotadas sejam otimizadas, 
tanto na construtibilidade quanto na racionalização da obra. Assim, o 
empreendimento teria harmonia em seus aspectos físicos, tecnológicos e produtivos 
de elementos e sistemas presentes na edificação. Segundo Cruz (2011), por ser um 
processo dinâmico, a compatibilização de projetos envolve todos os participantes, 
29 
criando um ciclo contínuo de melhorias. Através das experiências de seus 
integrantes, que possuem visões diferentes a respeito das disciplinas que compõe o 
processo, é possível identificar as incongruências, analisá-las e solucioná-las de 
forma mais eficiente. 
Para que essas otimizações ocorram, Lantelme (1994) e Cruz (2011) – que 
veem nos projetos uma importância ímpar – acreditam que é necessário um esforço 
conjunto de todos os níveis hierárquicos, melhorando, inclusive, processos 
administrativos que podem travar determinadas ações e resoluções do processo. É 
necessário, então, que toda a empresa esteja envolvida e comprometida com um 
objetivo em comum. 
A compatibilização adequada, para Souza (2017), reflete em diversas 
melhorias ao empreendimento e, também, para a empresa, que replicará as ações 
em futuras edificações e otimizará a racionalização e a construtibilidade. Mas, 
apesar de ser um processo colaborativo, Manzione (2013) afirma que é necessário 
manter a responsabilidade individual dos profissionais envolvidos, tendo projetos 
com dados consistentes, soluções integradas e sem interferências geométricas. Na 
mesma linha, Cruz (2011) destaca que a compatibilização é utilizada na 
retroalimentação das etapas – aumentando a eficiência com que se corrige e indica 
novas soluções. Com isso, as incertezas construtivas de futuros empreendimentos 
são reduzidas e a qualidade dos projetos aumentam, já que a tendência é de que 
ocorra uma otimização contínua. 
Em um estudo realizado, através do histórico de compatibilização, 
Construflow e ProjetaBIM (2020) levantaram mais de 200 obras, sendo em 82% dos 
casos edifícios residenciais, casas ou mistos residencial/comercial, gerando 23 mil 
apontamentos. 
Segundo Construflow e ProjetaBIM (2020), quando os projetos haviam sido 
feitos com representações 2D – com tecnologias CAD – foi realizado a 
compatibilização fazendo sobreposição física dos desenhos de todas as disciplinas e 
analisadas suas incompatibilidades. 
Quando foi utilizado BIM, o processo foi similar, no entanto, a tecnologia 
permite a sobreposição tridimensional dos projetos, conhecida como “federação de 
modelos”. Também foram realizadas análises automatizadas, como a verificação de 
interferências – conhecido como clash detection. 
30 
Conforme a Figura 11, em torno de 94% dos apontamentos envolveram as 
disciplinas de arquitetura, hidráulica, estrutura e elétrica. 
Figura 11 – Disciplinas envolvidas nos apontamentos 
 
Fonte: Construflow e ProjetaBIM (2020) 
2.5 Tecnologia BIM em Projetos 
Eastman et al. (2014) e Catelani (2017) definem o BIM como um conjunto de 
políticas, processos e tecnologias que, quando combinadas, geram um modelo 
virtual da edificação, contendo além de precisão no projeto, seus dados relevantes. 
E, dessa forma, dando suporte a todo o ciclo de vida do empreendimento. Essa ideia 
é compartilhada por Andrade e Ruschel (2009), que, além reforçar a utilização do 
BIM para a produção, comunicação e análise dos modelos construtivos, destacam o 
direcionamento para um “modelo único” de edifício. 
Essa prática apresenta uma melhora nas fases de projeto, encontrando 
soluções que convirjam com as ideias dos clientes e integrando os processos entre 
as disciplinas e a obra, principalmente na redução dos prazos e dos custos do 
empreendimento. Para Costa (2013), a utilização do BIM não altera somente o fluxo 
de informações, mas, também, a interação entre os setores envolvidos. A concepção 
é, então, alterada, passando de algo linear e paralelo para um método integrado. 
Outro aspecto que pode ser destacado é trazido por Manzione (2013), que 
aponta que a colaboração e trocas de informações em um projeto comum ocorrem 
através de documentos e desenhos em 2D. Sendo assim, o BIM altera essa 
característica na indústria, que passa a utilizar o compartilhamento dos modelos 
virtuais ou de seus subconjuntos. Por trabalhar em todo o ciclo de vida da 
31 
edificação, as informações devem estar disponíveis a todos os envolvidos. Essa 
tecnologia, segundo Cruz (2011), permite organizar um banco de dados com todas 
as informações necessárias sobre o empreendimento (Figura 12). 
Figura 12 – Representação em BIM 
 
Fonte: Téchne (2007) 
Conforme Costa (2013), o BIM traz uma concepção disruptiva sobre o jeito de 
se projetar, já que diversos relatórios são gerados a partir do modelo, sendo eles 
gráficos e/ou textuais. Nos relatórios textuais, é possível obter a documentação do 
projeto, quantitativos e materiais utilizados. Nos gráficos, por sua vez, estão inclusos 
cortes, plantas e fachadas, que são geradas automaticamente. Essa grande 
capacidade das ferramentas BIM de abordar diversas informações do projeto, é 
evidenciada por Fu et al. (2006), que dá destaque para as áreas de sustentabilidade, 
acessibilidade, eficiência energética, prevenção de acidentes e desempenho 
acústico. 
Segundo Checcucci et. al. (2011) e Costa (2013), a interoperabilidade tem o 
intuito de simplificar os padrões para permitir a integração de dados entre os 
diferentes softwares, já que para cada segmento de projeto, existem arquivos com 
32 
formatos fechados. Mesmo assim, é possível a exportação em formatos neutros. E é 
justamente neste ponto que a interoperabilidade trabalha, buscando a padronização 
de normas para que não sejam perdidos os objetos existentes e a integridade das 
informações dos arquivos. 
Cruz (2011) diz que, ao contrário dos métodos tradicionais de desenho 
(CADs), o software compreende não somente um conjunto de linhas, mas sim as 
propriedades atribuídas a cada parte do desenho (tipo de vedação e revestimentos, 
por exemplo), convertendo posteriormente essas informações em relatórios. Para 
CBIC (2016) e Catelani (2017), os objetos BIM são paramétricos e inteligentes, pois 
carregam consigo suas informações, além de dados sobre o relacionamento com 
outros objetos e o entorno no qual está inserido. Com isso, o objeto virtual percebe 
alterações, se ajustando automaticamente a elas e mantendo a consistência técnica 
e construtiva do modelo. 
Cruz (2011) ainda complementa que o diferencial da plataforma BIM é que os 
projetos são realizados diretamente em três dimensões, mesmo que a maioria dos 
que são enviados para a obra estejam em duas dimensões. No entanto, o que 
ocorre é que o desenho bidimensional já está correto, com as compatibilizações 
feitas no modelo tridimensional. Além disso, todas as informações referentes à obra 
estão ligadas em um banco de dados do empreendimento, o que significa que as 
alterações feitas serão replicadas aos demais arquivos que contenham alguma 
dependência do que foi alterando. Essa sistematização diminui consideravelmente 
as falhas de compatibilidade apresentas no processo de projeto. 
Para Eastman et al. (2014), a importância dos projetos serem realizados 
diretamente em 3D também se dá por conta da extinção das inconsistências 
encontradas nos desenhos2D e que geram os erros de projeto. As interfaces com 
diversas disciplinas, facilita as verificações, tanto sistemáticas quanto visuais, 
detectando, assim, os conflitos antes de chegarem à obra (Figura 13). 
33 
Figura 13 – Comparação CAD x BIM 
 
Fonte: Téchne (2007) 
Apesar de todos os benefícios do BIM – como a eficiência no fluxo de 
informações, identificação de interferências, reajuste automático de objetos e 
inúmeros benefícios na gestão e coordenação de projetos – Manzione (2013) alerta 
que a implantação do método tem sido lenta na prática. Campbell (2007) cita a falta 
de treinamento como uma das causas da subutilização da ferramenta que, segundo 
o autor, estaria sendo utilizada apenas como maquete eletrônica. Dentro da mesma 
linha de pensamento, Costa (2013) argumenta que o BIM, mesmo tendo capacidade 
para ser uma tecnologia poderosa na compatibilização, desenvolvimento e 
coordenação de projetos, acaba se tornando simplesmente um software de 
visualização e concepção do empreendimento, perdendo seu poder de resolução de 
conflitos no processo de projeto. 
Segundo Scheer e Azuma (2009), existem diversos estudos comprovando a 
eficiência do método no desenvolvimento de projetos. Mas, para que esses 
benefícios fossem utilizados, seria necessário fazer reestruturações de todo 
processo, incorporando um senso colaborativo entre projetistas e padronização dos 
atributos. Já para Souza (2017), é o fluxo de informação que rege a integração entre 
o processo de projeto e o executivo. A comunicação, portanto, seria fundamental, 
retroalimentando o projeto com as informações advindas da obra, bem como no 
gerenciamento, coordenação e compatibilização de projetos. 
34 
Para Eastman et al. (2014) e Catelani (2017), essa melhora no fluxo de 
informação que o BIM proporciona, tem impacto positivo no processo de projeto e 
construção, rompendo paradigmas de produtividade, elevando a assertividade e 
confiabilidade dos projetos, o que resulta em construções de melhor qualidade, com 
custo e prazos reduzidos. 
 
 
 
 
 
 
35 
3 METODOLOGIA 
Yin (2005) cita que a investigação a partir do estudo de caso torna possível a 
preservação das características mais importantes do que acontece na prática, pois 
comumente acrescenta duas fontes não utilizadas em outras pesquisas, sendo estes 
a observação direta dos fatos em estudo e a entrevista com os envolvidos. 
Para Yin (2005), os estudos de casos podem ser classificados como 
exploratórios, descritivos e explanatórios, que, mesmo apresentando diferentes 
características, possuem diversos itens em comum. Acrescenta ainda que o estudo 
de caso tem uma pesquisa complicada, e isso se deve aos procedimentos 
sistemáticos que devem ser adotados pelo pesquisador. 
Yin (2005) apresenta 5 componentes essenciais para o projeto de pesquisa, 
sendo eles: 
• Questões do estudo (como e por que); 
• Proposições (evidências relevantes a partir de uma questão teórica); 
• Unidade de análise (definir a relação com as questões da pesquisa); 
• Lógica de união entre dados e proposições; 
• Critérios de interpretação (interpretar as constatações em termos de 
comparação). 
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho foi realizada uma 
pesquisa exploratória, realizando um estudo de caso baseado na fundamentação 
teórica do capítulo anterior. 
A pesquisa conta com aspectos qualitativos e quantitativos, já que visa tanto a 
classificação das incompatibilidades encontradas quanto sua mensuração, a partir 
dos dados obtido diretamente em campo. Todos os projetos que compõe o 
empreendimento estão no escopo deste estudo. 
Na Figura 14 estão demonstradas as etapas seguidas no desenvolvimento 
deste trabalho. 
36 
Figura 14 – Fluxo do estudo de caso 
Pesquisa bibliográfica
Definição da metodologia e local a ser aplicada
Coleta de informações
Verificação de projetos intradisciplinares
Verificação de projetos interdisciplinares
Classificação das incompatibilidades e número de ocorrências
Análise dos dados obtidos
Proposta de melhorias
Conclusões sobre o trabalho desenvolvido
 
Fonte: Autor. 
3.1 Roteiro 
As informações para o estudo de caso foram coletadas no decorrer da 
execução da obra, diretamente no canteiro – visto que o autor fazia parte da equipe 
de engenharia da execução do empreendimento –, desde o início dos serviços até a 
entrega. 
A construtora não possui os projetos desenvolvidos a partir do conceito BIM, o 
mais próximo a isso é o projeto hidrossanitário das torres, que foram realizados no 
AutoCAD pelo projetista e depois convertidos para o Revit, pelo setor de projetos da 
empresa. Mas o projeto funciona como um 3D, por apresentar somente os objetos, 
sem a aplicação do conceito e metodologia BIM. Portanto, não há processo de 
compatibilização entre o projeto arquitetônico e os demais. 
37 
Os projetos estão disponíveis na obra, em formato físico e eletrônico, através 
de um software online. No entanto, nem todos os arquivos estão disponíveis em 
DWG, sendo uma grande parte em PDF. 
Com isso a análise das incompatibilidades de projeto foi realizada através da 
inspeção visual, previamente a realização do serviço, e também a partir da execução 
na obra, quando não havia sido realizada a análise prévia dos projetos, à medida 
que as incompatibilidades apareciam posteriormente a execução do serviço. Sendo 
elas identificadas tanto pelo autor quanto pela equipe de engenharia. 
As soluções para as incompatibilidades presentes neste trabalho, foram 
efetivamente tomadas em obra. Sendo estas propostas tanto pelo autor, quanto pela 
equipe de engenharia, com o aval da engenheira residente, juntamente com o setor 
de projetos e/ou projetistas externos, e quando necessário, consultada a direção da 
empresa. 
3.1.1 Verificação de Projetos Intradisciplinares 
Como em cada disciplina existem inúmeros projetos, se faz necessário a 
análise dos projetos individualmente, ou seja, se os projetos que a constituem estão 
compatibilizados entre si. Foram analisados os seguintes projetos: 
• Arquitetônico; 
• Contenção; 
• Elétrico; 
• Estrutural; 
• Fundação; 
• Hidrossanitário; 
• PPCI; 
• Segurança; 
• Telhado; 
• Terraplenagem. 
 Foi desenvolvido e preenchido um quadro – conforme Figura 15 – que aponta 
as incompatibilidades entre os projetos da mesma disciplina, contendo um número 
de identificação, a disciplina, o local, a descrição da incompatibilidade, o número de 
38 
ocorrências, o momento da identificação, se gerou retrabalho e qual a solução 
apontada para a incompatibilidade verificada. 
A partir da coleta de informações referente a compatibilidade nos projetos, 
obteve-se os quadros apresentados no apêndice A. 
Figura 15 – Modelo de quadro intradisciplinar 
 
Fonte: Autor. 
3.1.2 Verificação de Projetos Interdisciplinares 
Após a análise de cada disciplina individualmente, foi analisada a 
compatibilidade entre as diferentes disciplinas que compõe o empreendimento. Essa 
comparação se deu por pares. Foram analisados os seguintes pares de projetos: 
• Arquitetônico x Contenção; 
• Arquitetônico x Elétrico; 
• Arquitetônico x Estrutural; 
• Arquitetônico x Hidrossanitário; 
• Arquitetônico x PPCI; 
• Arquitetônico x Terraplenagem; 
• Elétrico x Estrutural; 
• Elétrico x Hidrossanitário; 
• Elétrico x PPCI; 
• Estrutural x Hidrossanitário; 
• Estrutural x Segurança; 
• Estrutural x Telhado; 
• Fundação x Hidrossanitário; 
• Hidrossanitário x Terraplenagem. 
39 
Foi desenvolvido e preenchido um quadro – conforme Figura 16 – que aponta 
as incompatibilidades entre os projetos de diferentes disciplinas, contendo um 
número de identificação (sequencial as incompatibilidades de mesma disciplina), os 
pares de disciplinas, o local, uma descrição da incompatibilidade, o número de 
ocorrências, o momento da identificação, se gerou retrabalho e qual a solução 
apontada para a incompatibilidade verificada.A partir da coleta de informações referente a compatibilidade nos projetos, 
obteve-se os quadros apresentados no apêndice B. 
Figura 16 – Modelo de quadro interdisciplinar 
Fonte: Autor. 
3.1.3 Análise dos dados 
Após a montagem dos quadros com as informações coletadas (apêndice A e 
apêndice B), foram gerados quadros auxiliares. A partir deles, foram realizadas duas 
análises. 
A primeira é comparativa, entre as incompatibilidades intradisciplinares e 
interdisciplinares. Nas quais, através dos quadros auxiliares foram obtidos os 
seguintes gráficos: 
• Classificação das incompatibilidades; 
• Comparação do número de ocorrências; 
• Comparação do momento de identificação em relação a execução; 
• Comparação do retrabalho gerado. 
A segunda análise foi em relação ao panorama geral, agrupando as 
incompatibilidades intradisciplinares e interdisciplinares. Logo, a partir dos quadros 
auxiliares foram obtidos os seguintes gráficos: 
40 
• Local da incompatibilidade; 
• As incompatibilidades foram identificadas antes da execução?; 
• As incompatibilidades geraram retrabalho?; 
• Retrabalho das incompatibilidades identificadas antes da execução; 
• Retrabalho das incompatibilidades não identificadas antes da 
execução; 
• Incompatibilidades por disciplina; 
• Disciplinas envolvidas nas incompatibilidades; 
• Número de ocorrências por disciplina envolvida; 
• Número de ocorrências por local. 
A partir dos dados sintetizados nos gráficos, foi possível analisar as 
informações obtidas ao longo do estudo de caso. 
3.2 Caracterização do Estudo de Caso 
São apresentadas algumas informações sobre a empresa e o 
empreendimento analisado. Cabe ressaltar que os projetos desenvolvidos para o 
empreendimento estão em DWG ou PDF. 
3.2.1 A Empresa 
A construtora possui experiência no segmento de habitações populares, do 
mercado imobiliário na região metropolitana de Porto Alegre/RS, contando com mais 
de 15 empreendimentos entregues nos últimos 15 anos. No ano de 2020 foram 
entregues 3 obras até o mês de junho, tendo 2 obras em execução e a previsão de 
lançamento de 2 novos empreendimentos até o final do ano. Estes 
empreendimentos estão compreendidos entre a faixa 1 e 3 do programa MCMV 
(Minha Casa Minha Vida). A empresa possui projeto padrão de bloco, sendo um 
para cada faixa do programa MCMV. 
O setor de projetos da empresa era composto inicialmente por um arquiteto, e 
duas estagiarias. No entanto, praticamente no final da obra, o mesmo passou a ser 
composto por um arquiteto, uma assistente e duas estagiarias. 
41 
Este setor é responsável, pela coordenação dos projetos das obras em 
andamento, e elaboração do projeto arquitetônico, bem como alguns detalhes 
construtivos, visto que a grande maioria dos projetos são contratados de escritórios 
externos. 
Além disso, o setor de projetos também é responsável pelo estudo de 
viabilidade dos terrenos a serem adquiridos, para explorar ao máximo o potencial do 
futuro empreendimento. Ou seja, apresentar uma proposta arquitetônica, contendo o 
número de torres, o tipo de torre (de acordo com a faixa do MCMV), áreas de lazer, 
etc. 
O processo de projeto da empresa possui uma estrutura para aprovação e 
liberação dos projetos para obra, através de um software. O projeto após recebido 
ou elaborado pelo setor de projetos, é lançado na nuvem, mas para poder ser 
enviado a obra, ou acessado por todos, é necessário a aprovação por parte do 
responsável pelo setor de projetos, do setor de planejamento, do diretor de obras e 
do engenheiro responsável pela obra. Este processo ocorre tanto para projetos 
novos quanto para revisões dos já existentes. 
3.2.2 A Obra 
O estudo de caso foi realizado em um empreendimento residencial 
multifamiliar de 180 unidades enquadrado na faixa 1,5 do programa de 
financiamento MCMV. O terreno possui 11.425 m², tendo ao fundo uma área de 
preservação ambiental que não pode ser edificada. 
O sistema construtivo da obra é a alvenaria estrutural. O condomínio possui 9 
blocos, cada um com 20 apartamentos – que estão distribuídos em 5 pavimentos, 
sendo 4 por andar. Como infraestrutura de apoio, tem-se uma portaria, um salão de 
festas, um playground e estacionamento com 180 vagas. 
O empreendimento tem custo de R$ 10.240.000,00, com prazo de entrega 
igual a 36 meses. 
42 
Figura 17 – Projeto de implantação da obra 
 
Fonte: Autor. 
43 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 
Neste capítulo são apresentados os dados obtidos através da análise do 
estudo de caso, conforme a metodologia descrita no Capítulo 3. 
O Quadro 1 sintetiza as informações contidas no apêndice A, facilitando a 
compreensão e verificação dos dados que serão apresentados neste estudo de 
caso. 
Quadro 1 – Quadro auxiliar dos projetos intradisciplinares 
Sim Não Sim Não
1 Arquitetônico Salão de Festas 1 X X
2 Arquitetônico Bloco 180 X X
3 Arquitetônico Bloco 180 X X
4 Elétrico Externo 1 X X
5 Elétrico Externo 1 X X
6 Elétrico Externo 3 X X
7 Estrutural Salão de Festas 1 X X
8 Estrutural Bloco 180 X X
9 Estrutural Bloco 180 X X
10 Estrutural Bloco 9 X X
11 Estrutural Bloco 9 X X
12 Estrutural Bloco 9 X X
13 Estrutural Bloco 144 X X
14 Estrutural Bloco 180 X X
15 Hidrossanitário Bloco 180 X X
16 Hidrossanitário Bloco 144 X X
17 Hidrossanitário Bloco 180 X X
18 Hidrossanitário Bloco 36 X X
19 Hidrossanitário Externo 3 X X
20 Hidrossanitário Externo 1 X X
21 Terraplenagem Externo 1 X X
22 Terraplenagem Externo 1 X X
Total - - 1624 13 9 8 14
Número 
geral
Gerou 
retrabalho?
Identificado 
antes da 
execução?
Número de 
ocorrências
LocalDisciplina
 
Fonte: Autor. 
O Quadro 2 sintetiza as informações contidas no apêndice B, facilitando a 
compreensão e verificação dos dados que serão apresentados neste estudo de 
caso. 
44 
Quadro 2 – Quadro auxiliar dos projetos interdisciplinares 
Sim Não Sim Não
23 Arquitetônico x Conteção Externo 1 X X
24 Arquitetônico x Conteção Externo 1 X X
25 Arquitetônico x Estrutural Portaria 1 X X
26 Arquitetônico x Estrutural Portaria 7 X X
27 Arquitetônico x Estrutural Salão de Festas 1 X X
28 Arquitetônico x Estrutural Salão de Festas 1 X X
29 Arquitetônico x Estrutural Bloco 144 X X
30 Arquitetônico x Hidrossanitário Bloco 144 X X
31 Arquitetônico x Terraplenagem Externo 1 X X
32 Arquitetônico x Terraplenagem Portaria 1 X X
33 Elétrico x Estrutural Portaria 1 X X
34 Elétrico x PPCI Salão de Festas 1 X X
35 Estrutural x Hidrossanitário Bloco 180 X X
36 Estrutural x Hidrossanitário Bloco 36 X X
37 Estrutural x Hidrossanitário Bloco 144 X X
38 Estrutural x Hidrossanitário Bloco 3 X X
39 Estrutural x Hidrossanitário Bloco 36 X X
40 Estrutural x Segurança Bloco 9 X X
41 Estrutural x Segurança Bloco 36 X X
42 Estrutural x Telhado Bloco 9 X X
43 Fundação x Hidrossanitário Bloco 36 X X
44 Fundação x Hidrossanitário Bloco 2 X X
45 Hidrossanitário x Terraplenagem Externo 1 X X
46 Hidrossanitário x Terraplenagem Externo 1 X X
Total - - 797 6 18 18 6
Gerou 
retrabalho?
Número 
geral
Par de disciplinas Local
Número de 
ocorrências
Identificado 
antes da 
execução?
 
Fonte: Autor. 
4.1 Análise Comparativa Intradisciplinar x Interdisciplinar 
A partir dos quadros auxiliares apresentados, foi realizada uma análise 
comparativa, entre as incompatibilidades geradas por projetos da mesma disciplina, 
e aquelas que tem como origem um par de disciplinas. 
Dito isso, foi possível classificar as incompatibilidades em intradisciplinares – 
com 22 incompatibilidades – e, interdisciplinares – com 24 incompatibilidades –, 
conforme Gráfico 1. 
45 
Gráfico 1 – Classificação das incompatibilidades 
Intradisciplinares
48%
Interdisciplinares
52%
 
Fonte: Autor. 
O número de ocorrências geradas a partir das incompatibilidades 
intradisciplinares foi de 1624, enquanto das interdisciplinares foi de 797. No Gráfico 
2, estes valores foram expressos em percentuais com relação ao total de 
ocorrências.Gráfico 2 – Comparativo número de ocorrências 
Intradisciplinares
67%
Interdisciplinares
33%
 
Fonte: Autor. 
Das incompatibilidades intradisciplinares, 13 foram identificadas antes da 
execução, e 9 após. Enquanto das interdisciplinares, 6 foram identificadas antes da 
execução, e 18 após o serviço ser executado. Conforme apresentado no Gráfico 3. 
46 
Gráfico 3 – Comparativo do momento de identificação em relação a execução 
59%
41%
25%
75%
Antes Após Antes Após
Intradisciplinares Interdisciplinares
 
Fonte: Autor. 
Entre as incompatibilidades intradisciplinares, 8 geraram retrabalho, e 14 não. 
Já das interdisciplinares, 18 geraram retrabalho, e apenas 6 não. Estes dados são 
apresentados no Gráfico 4. 
Gráfico 4 – Comparativo do retrabalho gerado 
36%
64%
75%
25%
Com
Retrabalho
Sem
Retrabalho
Com
Retrabalho
Sem
Retrabalho
Intradisciplinares Interdisciplinares
 
Fonte: Autor. 
47 
4.2 Análise Geral 
Após a comparação entre as disciplinas e pares das incompatibilidades, foi 
realizado uma análise global, gerando um panorama do empreendimento. 
A incidência das incompatibilidades por local do empreendimento está 
apresentada no Gráfico 5. O bloco se destaca entre os demais, concentrando 25 
incompatibilidades, o que corresponde a 53% do total. 
Gráfico 5 – Locais das incompatibilidades 
Bloco
53%
Portaria
8%
Salão de 
Festas
13%
Externo
26%
 
Fonte: Autor. 
O momento de identificação das incompatibilidades está evidenciado no 
Gráfico 6. Dito isso, 27 incompatibilidades foram identificadas após a execução do 
serviço, equivalente a 59%. 
Gráfico 6 - As incompatibilidades foram identificadas antes da execução? 
Sim
41%
Não
59%
 
Fonte: Autor. 
A geração de retrabalho das incompatibilidades encontradas no estudo de 
caso é apresentada no Gráfico 7. Dentre elas, 26 geraram retrabalho, proporcional a 
57%. 
48 
Gráfico 7 – As incompatibilidades geraram retrabalho? 
Sim
57%
Não
43%
 
Fonte: Autor. 
Das 19 incompatibilidades identificadas antes da execução, 16 não tiveram 
retrabalho, equivalente a 84%, conforme Gráfico 8. 
Gráfico 8 – Retrabalho das incompatibilidades identificadas antes da execução. 
Sem retrabalho
84%
Com retrabalho
16%
 
Fonte: Autor. 
Das 27 incompatibilidades não identificadas antes da execução, 23 resultaram 
em retrabalho, correspondendo a 85%, conforme Gráfico 9. 
Gráfico 9 – Retrabalho das incompatibilidades não identificadas antes da execução. 
Sem retrabalho
15%
Com retrabalho
85%
 
Fonte: Autor. 
49 
Foram examinadas as incompatibilidades por disciplina e seus pares, 
conforme Gráfico 10. 
Gráfico 10 – Incompatibilidades por disciplina / pares de disciplina 
6,52%
4,35%
10,87%
2,17%
4,35%
6,52%
2,17% 2,17%
17,39%
10,87%
4,35%
2,17%
4,35%
13,04%
4,35% 4,35%
 
Fonte: Autor. 
Foram analisadas quais disciplinas estão mais envolvidas nos apontamentos, 
conforme Gráfico 11. Destacando que os projetos estruturais, arquitetônicos e 
hidrossanitários, compreendem 70% dos projetos envolvidos em incompatibilidades. 
Gráfico 11 – Disciplinas envolvidas nas incompatibilidades 
33,85%
20,00%
16,92%
9,23%
7,69%
3,08% 3,08% 3,08%
1,54% 1,54%
Estrutural Arquitetônico Hidrossanitário Terraplanagem Elétrico Contenção Fundação Segurança PPCI Telhado 
Fonte: Autor. 
50 
As disciplinas que estão mais envolvidas no número de ocorrências foram 
verificadas, como aponta o Gráfico 12, concentrando 2711 ocorrências, equivalente 
a 96%, nas disciplinas de estrutura, arquitetura e hidrossanitário. 
Gráfico 12 – Ocorrências por disciplina envolvida 
46,83%
25,82%
23,52%
1,60% 1,35%
0,32% 0,25% 0,21% 0,07% 0,04%
Estrutural Hidrossanitário Arquitetônico Segurança Fundação Telhado Elétrico Terraplanagem Contenção PPCI 
Fonte: Autor. 
Foram analisados quais locais apresentaram maior incidência de ocorrências, 
de acordo com Gráfico 13. Tendo o bloco 2390 ocorrências, concentrando mais de 
98% do total. 
Gráfico 13 – Ocorrências por local 
98,7%
0,4% 0,2% 0,7%
Bloco Portaria Salão de Festas Externo 
Fonte: Autor. 
51 
5 DISCUSSÃO 
A pesquisa aponta que as disciplinas de projeto estrutural, projeto 
arquitetônico, e projeto hidrossanitário, estão envolvidas em 70% das 
incompatibilidades e 96% das ocorrências. O resultado vai ao encontro de 
Construflow e ProjetaBIM (2020), em que 78% dos apontamentos envolviam as 
mesmas disciplinas. Logo, há necessidade de uma maior integração do processo, 
visto que essas disciplinas, juntamente com a elétrica, são essenciais em qualquer 
projeto. 
Um fator interessante está na localização das incompatibilidades, visto que 
53% estão no bloco, no entanto, quando analisado o número de ocorrências por 
localização, este valor aumenta para 98,70% – indicando o ponto mais crítico dos 
projetos, não por acaso, é onde se tem a maior interação entre eles. Portanto, sendo 
o bloco um projeto padrão – já que não apresenta grande variabilidade entre 
empreendimentos da mesma faixa da construtora – seria interessante a implantação 
do BIM, eliminando a maioria das incompatibilidades citadas neste trabalho. Além do 
mais, não seria um gasto recorrente, pois o bloco já estaria modelado. 
No geral, 59% das incompatibilidades foram identificadas somente após a 
execução, e 57% geraram retrabalho. É importante destacar que das 
incompatibilidades que foram identificadas antes do serviço ser executado, somente 
16% geraram retrabalho, enquanto as que foram identificadas posteriormente, 85% 
apresentaram o mesmo resultado. 
Mesmo que identificado antes da execução em obra, a incompatibilidade pode 
gerar retrabalho, por já estar avançado no processo do empreendimento. Esse 
retrabalho, pode ser explicado devido a dependência das etapas anteriores do 
processo executivo. Ou seja, mesmo que a incompatibilidade no projeto seja 
identificada antes da execução deste serviço, os serviços anteriores a ele podem 
fazer com que mesmo assim se tenha o retrabalho. 
A partir disso, é demonstrado o que foi sinalizado por Fabricio (2002) e Cruz 
(2011), onde indicaram que as incompatibilidades têm como resultado um maior 
índice de retrabalho. Vai ao encontro também com Costa (2013), que afirmou a 
capacidade da compatibilização na prevenção e eliminação dos erros. Os projetos 
nesta área possuem erros que inviabilizam a execução sem a necessidade de 
alterações e/ou definições não previstas, segundo Ávila (2011). 
52 
Não houve diferença significativa sobre a origem das incompatibilidades, no 
quesito de estarem ligadas somente a uma disciplina, ou um par de disciplinas. Isto 
de certa forma explica-se pela grande variedade de projetos dentro da mesma 
disciplina, evidenciado o fato de os erros de comunicação e compatibilização não 
estarem somente ligados a diferentes projetistas, mas presente também dentro de 
cada equipe. 
Como destaca também Construflow e ProjetaBIM (2020), os problemas de 
projeto ocorrem tanto na divergência de informações entre disciplinas, quanto pela 
falta de disseminação da informação em uma mesma disciplina. 
Mesmo as incompatibilidades apresentando equilibro quanto a origem, 
intradisciplinar ou interdisciplinar, quando são dissecados os dados separadamente, 
apresentam diferenças interessantes. As incompatibilidades intradisciplinares 
apresentaram uma maior incidência de ocorrências, sendo o dobro das 
interdisciplinares. No entanto, em 59% das vezes foi identificada antes da execução, 
contra apenas 25% das interdisciplinares. Em relação ao retrabalho, também houve 
uma divergência grande, as intradisciplinares apresentaram 36% de retrabalho, 
diante de 75% das interdisciplinares. 
Mas, ainda com essa disparidade, quando comparado o número de 
ocorrências multiplicado pela taxa de retrabalho – gerando as ocorrências que 
geraram retrabalho –, elas possuem um valor praticamente igual, com 585 
ocorrências intradisciplinares, contra 598 das interdisciplinares. 
Um fato

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