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Educação na Antiguidade Clássica

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EFINIÇÃO
A Antiguidade Clássica é um período fundamental da História. Estudaremos esse longo período, do século VIII a.C. ao século VI d.C., que representa as bases para a compreensão da educação ocidental. Você perceberá que os mundos grego e romano, às margens do mar Mediterrâneo, têm muito a ver com nossa sociedade e com a Educação atual.
PROPÓSITO
Você, que estudou História, já deve ter se perguntado: é tão importante assim olhar para o passado? Provavelmente, encontrou algumas respostas ao longo de sua vida escolar. Neste conteúdo, você verá como a Educação foi concebida pelas sociedades do período clássico. Além disso, analisaremos suas heranças e fundamentos como influência na Educação contemporânea.
OBJETIVOS
1º MÓDULO
• Explicar as características da Educação na Grécia Clássica.
2º MÓDULO
• Descrever os elementos que marcaram a Educação na Roma Clássica.
3º MÓDULO
• Identificar traços da Educação na Antiguidade Clássica na Educação contemporânea.
Explicar as características da Educação na Grécia Clássica.
INTRODUÇÃO
Antes de tratar especificamente sobre a Educação na Grécia Clássica, você precisa conhecer as características e fatos que levaram a formação do que chamamos de mundo grego.
Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) entendia a Filosofia como a procura da verdade, trilhando o caminho da sabedoria.
Com a famosa frase “Conhece a ti mesmo”, o filósofo ateniense impulsionou a busca das verdades universais: o caminho para a prática do bem e da virtude. Em resumo, ele almejava que as pessoas se livrassem das falsas certezas para alcançar a verdade própria do ser humano.
Assim, no século IV a.C., Sócrates criou a Maiêutica, método de ensino investigativo que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento.
Maiêutica
Esse método tinha duas etapas que destruíam as falsas verdades para criar a universal. São elas:
1ª etapa - De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar.
2ª etapa - Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento.
A teoria do conhecimento desenvolvida por Platão (429 a.C. – 348/347 a.C.) tem como base a convicção de que o mundo sensível em que vivemos é apenas um mundo aparente, incapaz de nos oferecer conhecimento verdadeiro.
Para chegarmos a esse tipo de conhecimento, necessitamos buscar o mundo inteligível, onde está a verdadeira essência das coisas. Assim, o conhecimento se dá a partir da ideia até a realidade.
Mito da Caverna
Para ratificar suas concepções intelectuais, Platão criou o Mito da Caverna, cuja história é a seguinte:
Prisioneiros acorrentados em frente a uma parede podiam ver apenas sombras. Quando um deles, enfim, se liberta, encontra uma realidade diferente. Impressionado, o preso volta para contar aos demais sobre o mundo que existia fora da caverna. A intenção dele era livrá-los da escuridão. Mas os outros prisioneiros não só se recusaram a acreditar no homem, como o mataram.
Para Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), somente na pólis, o homem se realizava plenamente em busca do bem supremo.
No entanto, essa realização não era definitivamente alcançada, pois não estava presa a um tempo específico, mas se refazia – inclusive como sensação –, à medida em que o homem decidia por novas determinações em seu ato constitutivo e reconstitutivo.
O Conhecimento segundo Aristóteles
Aristóteles propõe uma teoria do conhecimento praticamente inversa à teoria de Platão (que foi seu mestre) ao defender que a relação de nossos sentidos com o mundo visível nos possibilita a chegada ao conhecimento. As etapas desse processo de chegada ao conhecimento seriam as seguintes:
Para o pensamento aristotélico, o aprendizado era visto como uma prática política. Somente pelo entendimento do conceito de pólis seria possível compreender seu projeto de educação como canal capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado. A Educação, para Aristóteles, deveria ocupar toda a vida do cidadão desde sua concepção.
Ao Estado, cabia:
1 - Guiar os cidadãos à prática das virtudes.
2 - Ocupar-se da educação dos jovens.
3 - Estabelecer leis que promovessem a educação conforme a moral, voltada à vida política, o que estabelecia seu equilíbrio.
4 - Tornar a educação um assunto público.
MPORTANTE
Não estamos resumindo o pensamento destes filósofos. Além da impossibilidade de fazer isto em poucas linhas, nosso objetivo aqui não é este, mas despertar para a influência destes autores na Educação grega.
EDUCAÇÃO GREGA
Não existia o modelo de escola como conhecemos na Grécia Clássica. O jovem cidadão estava constantemente aprendendo. A própria família tinha essa responsabilidade, conforme a tradição religiosa, e muitas atividades reuniam os gregos em comemoração: esses eram os momentos que faziam a Educação acontecer naturalmente.
O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, pois, na formação escolar, a preocupação recaía, prioritariamente, sobre a prática esportiva. 
Os gregos tratavam a educação como um processo de preparação para a vida social.
O homem era visto não só como um ser racional, mas como o centro do universo.
A A busca pelo conhecimento e o estudo da natureza, do ser humano e das artes, da observação e da investigação do mundo levaram ao desenvolvimento da Filosofia, entendida como a formação do homem, de seu espírito e de sua alma. Assim como o aspecto intelectual, a educação pelas artes era fundamental para gerar esse homem. Esse processo era resumido pela palavra paideia, que não é possível traduzir em virtude de seus inúmeros significados.
Mas segue uma boa tentativa de Werner Jaeger:
[...] a essência de toda a verdadeira educação, [o] que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito, [o que] o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento.
Jaeger, 1995.
A educação de cada pólis refletia a forma de organização e os ideais de cada sociedade.
Iremos especificar os pormenores da educação ateniense e da espartana a seguir.
EDUCAÇÃO ATENIENSE
O principal objetivo da educação em Atenas era preparar integralmente o cidadão. 
Aspectos Gerais
Na pólis ateniense, a Ágora era o principal lugar de manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana, onde o povo se reunia em assembléia para debater e deliberar sobre as questões de interesse da comunidade.
A educação de Atenas tinha como finalidade preparar os futuros cidadãos para a política, ou seja, para a retórica, de modo que fossem capazes de se expressar oralmente, prontos para o diálogo e o convencimento.
Retórica - A arte da eloquência, a arte de bem argumentar; arte da palavra.
Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa
EDUCAÇÃO ELEMENTAR
Até os sete anos de idade, a educação era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico.
As crianças atenienses eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania.
Elas iam à palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo.
Pedagogo - Termo que surgiu na Grécia Clássica, advindo da palavra παιδαγωγός, cujo significado etimológico é “preceptor, mestre, guia, aquele que conduz”. O paidagogo (paidagōgós) era o condutor que guiava a criança e o jovem até o local de ensino, ou seja, em direção ao saber.
EDUCAÇÃO POR GÊNERO
As meninas continuavam a ser educadas no ambiente familiar, especificamente no gineceu.
A educação masculina organizava-se em três níveis:
• Elementar (até os 13 anos);
• Secundário;
• Superior.
A partir da Educação Elementar, as crianças eram encaminhadas para aprender algum ofício ou continuavam estudando e frequentando os ginásios.
Inicialmente, esses lugares eram destinados apenas aos exercíciosfísicos, mas, com o tempo e as exigências da pólis, incluíram as práticas musicais e literárias.
Gineceu -Local da casa reservado aos afazeres domésticos.
ENSINO SUPERIOR
A partir dos 16 ou 18 anos, o jovem se dedicava ao Ensino Superior. Esse foi o momento em que Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas reflexões e teorias.
O ensino profissional desenvolvia-se no cotidiano, durante a própria execução do trabalho.
Assim, a educação ateniense propiciou o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia, que pode ser dividida em três fases:
1 - Período pré-socrático
Buscava-se explicar as questões da natureza e a origem do mundo.
2 - Período socrático
A reflexão residia sobre o homem. Este foi o momento em os filósofos clássicos estudados se destacaram.
3 - Período helenístico
A Filosofia ficou marcada pela visão cristã e por soluções individuais em detrimento do coletivo.
EDUCAÇÃO ESPARTANA
A educação em Esparta era mais voltada para a formação de soldados para as guerras.
ASPECTOS GERAIS
A estrutura da Educação espartana – chamada de agogê – foi organizada por Licurgo (800 a.C.-730 a.C.). O ensino era obrigatório e estava voltado à formação militar.
O poder político-militar norteou a Educação de Esparta, que, patrocinada pelo Estado, tinha como principal objetivo preparar os futuros soldados.
A prática educacional consistia em desenvolver as habilidades físicas para a formação do guerreiro, tais como força, bravura e obediência – virtudes necessárias à guerra.
Licurgo - Legislador que também organizou o Estado espartano, fundamentado no militarismo. 
EDUCAÇÃO ELEMENTAR
Semelhante ao que ocorria em Atenas, até os sete anos, os meninos permaneciam em casa sob os cuidados das mães, que os treinavam de forma rigorosa.
Após esse período, o Estado assumia a educação: os jovens eram afastados da família e encaminhados para as casernas públicas, onde recebiam ensinamentos militares e treinavam: ginástica, saltos, natação, corrida, lançamentos de dardo e de disco.
Eles também aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto e a vestir-se de forma despojada. Além disso, estudavam as armas e manobras militares, com o propósito de se tornar hábeis, perspicazes e com autodomínio.
EDUCAÇÃO POR GÊNERO
As mulheres também se preparavam fisicamente e eram criadas para viver de maneira saudável, a fim de conceber filhos sadios. A educação sexual fazia parte da instrução feminina a partir da puberdade e era de responsabilidade da mãe.
Em torno dos 20 anos, a moça recebia autorização do governo para casar e procriar e era estimulada a engravidar, pois, quanto mais filhos nasciam, mais soldados havia na cidade.
A disciplina era um valor, e o respeito dos guerreiros a seus superiores era primordial. Assim, a educação moral espartana valorizava a obediência, a aceitação dos castigos e o respeito aos mais velhos, bem como privilegiava a vida comunitária.
ARANHA, 2000, p. 51
INTRODUÇÃO
Para compreender a Educação no Império Romano, necessitamos buscar alguns elementos entre aqueles conhecidos como seus grandes pensadores: poetas, filósofos e historiadores.
Destacaremos três destes ilustres personagens:
Horácio (65 a.C. - 27 a.C.)
Além de sua importância como poeta, pois trouxe muito da filosofia grega para Roma através de sua poesia, Horácio (65 a.C. - 27 a.C.) presenciou o nascimento do Império Romano, sendo contemporâneo de Julio Cesar, Marco Antonio, Cleópatra e Otaviano Augustus.
De sua vasta obra, que influenciou o pensamento romano, podemos destacar uma frase que será reconhecida como a marca do filósofo:
Sapere aude! Ouse saber!
Séculos mais tarde, Immanuel Kant, um dos fundadores do pensamento contemporâneo, traduziu a frase como:
“Tenha coragem de pensar por si mesmo”.
Sêneca (4 a.C - 65 d.C.)
Vivenciou eventos fundamentais na sociedade romana, foi preceptor de Nero na sua infância e seu conselheiro até se tornar imperador. Como filósofo, advogado, dramaturgo e homem público, Sêneca é considerado um dos mais importantes autores do império. Além de vasta obra, deixou como herança sua preocupação ética: coerência entre aquilo que pensava e escrevia com aquilo que vivia. Também defendia o conceito de igualdade natural entre os homens – vivia em constante combate à escravidão, tão comum em seu tempo.
Josefo (37d.C. – 100 d.C.)
Foi um historiador judeu, tornado cidadão romano. Ele testemunhou eventos fundamentais de seu tempo, todos registrados em suas obras: a expansão definitiva do Império Romano sobre a Palestina, a destruição do Templo de Jerusalém (70 d.C.) e o nascimento do Cristianismo. Vivendo permanentemente dividido, não só como historiador, mas como homem público, deixou relatos fundamentais daquele período, que ainda hoje são fontes preciosas.
Neste contexto, podemos falar em Educação Romana.
EDUCAÇÃO ROMANA
Na fase latina da Educação romana, havia resistência à influência helenística. Os pequenos camponeses do Lácio protegiam-se das inovações estrangeiras pelo respeito a uma tradição ancestral, de acordo com a qual a finalidade da educação era prática e social.
Esperava-se que se proporcionasse à criança o saber necessário para o exercício de sua profissão de soldado ou de proprietário rural.
“Nesse período, a educação da criança era de responsabilidade da família, do pater familias [...]. Isso significa que, desde os primeiros tempos da cidade, a autonomia da educação paterna era uma lei do Estado – o pai é dono e artífice de seus filhos.”
Manacorda, 2006, p. 74.
No século II a.C., o pater familias concedeu à mãe os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, incluindo as meninas, que também aprendiam os elementos iniciais do alfabeto. A criança crescia em casa, com os colegas, entre os brinquedos e as aprendizagens básicas.
A mulher adquiriu uma autoridade desconhecida na Antiguidade grega. Essa tradição permaneceu por muito tempo, inclusive no século I d.C., conforme destaca Manacorda (2006, p. 75):
“Quintiliano também atribui à mãe a tarefa de ensinar aos filhos os primeiros elementos do falar e do escrever”.
Manacorda, 2006, p. 74.
Resumindo, então, a formação da criança na Roma Antiga:
· Por volta dos sete anos de idade, o pai deveria proporcionar ao filho a educação moral e cívica, baseada na tradição, bem como na aprendizagem de noções jurídicas e de conceitos estabelecidos na Lei das XII Tábuas, a fim de desenvolver sua consciência histórica e o patriotismo. Para isso, a Educação romana compreendia, também, os exercícios físicos e militares.
· Em torno de 16 anos, finalmente livre da infância, o jovem dava início à aprendizagem da vida pública, militar ou política, acompanhado do pai ou, se necessário, de um parente e, até mesmo, de um escravo instruído, com o objetivo de se inserir na sociedade. Durante cerca de um ano, antes de cumprir o serviço militar, adquiria conhecimentos de Direito, de prática pública e da Eloquência (baseada diretamente nos estudos gregos em Retórica).
Lei das XII Tábuas - Antiga legislação, origem do Direito romano, que formava a essência da constituição da República de Roma, bem como do mos maiorum (antigas leis não escritas e regras de conduta).
Disponível em: http://www.stf.jus.br. Acesso em: 20 jun. 2018
Eloquência - Na concepção romana, a arte do dizer.
INFLUÊNCIA GREGA NA EDUCAÇÃO ROMANA
No início da República, o crescimento do comércio e a expansão de Roma propiciaram transformações na organização da sociedade. Inclusive, aos poucos, consolidou-se outro modelo de educação mais coerente com o novo momento vivido pelos romanos.
“Provavelmente, a evolução histórica foi do escravo pedagogo e mestre da própria família ao escravo mestre das crianças de várias famílias e, enfim, ao escravo libertus, que ensina na sua própria escola.”
Manacorda, 2006, p. 78.
E quem eram esses escravos?
A maioria deles veio da Grécia conquistada pelos romanos.
Em Roma, os escravos gregos ensinaram a própria língua e transmitiram sua cultura aos romanos. Além disso, os etruscos (povo da Etrúria, uma terra antiga da Península Itálica)também foram influenciados pelos gregos, com quem aprenderam o alfabeto.
De modo gradual, a Educação tornou-se um ofício praticado, inicialmente, por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola.
Nesse período, os mestres eram mais desprezados do que estimados e, muitas vezes, lembrados pelos castigos corporais e pela pobreza. Apesar de sua severidade, é comum encontrarmos relatos de revoltas por parte dos alunos, que até os agrediam fisicamente.
Em seguida, foram criadas as cátedras de Retórica nas grandes cidades. Além disso, houve favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias.
Então, pela primeira vez, os romanos desenvolveram um sistema de ensino: um organismo centralizado que coordenava inúmeras instituições escolares espalhadas por todas as províncias do império, constituídas em caráter oficial pela intervenção do Estado.
IMPORTANTE
Observamos a influência grega e etrusca sobre a origem de uma forma de educação não familiar, mas institucionalizada na escola. Logo, a cultura grega converteu-se em patrimônio comum dos povos do Império Romano e, depois, foi repassada durante muito tempo à Europa medieval e moderna, chegando, assim, à nossa época.
dentificar traços da Educação na Antiguidade Clássica na Educação contemporânea.
AHERANÇA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA
MUNDO INTELIGÍVEL (PLATÃO)
É preciso conhecer as formas, a verdade e a razão de tudo o que existe no mundo sensível. Tudo o que nasce e desaparece não pode ser considerado o ser de maneira plena. Neste mundo, tudo é instável, pois se transforma com o tempo. A verdade é o lugar para onde devemos retornar, pois viemos dela, das formas inteligíveis e das essências.
EDUCAÇÃO: MISSÃO
A instrução deve culminar na formação do cidadão e da cidade dos justos. Por isso, é necessário haver equilíbrio entre as três almas presentes no homem: animal, passional e intelectual. O intelecto (razão) tem de dominar as paixões e os instintos.
PRÁTICA DIALÉTICA
Embora nossa legislação educacional, nos últimos anos, tenha passado por muitas alterações, é fácil perceber que alguns dos pontos definidos como essenciais por Platão estão presentes ainda hoje. Sim, a dialética ainda permanece nos discursos, mas é fundamental para que haja, verdadeiramente, Educação.
O MITO DA CAVERNA
Provavelmente você já percebeu, mas é importante destacar que não há nada mais emancipador para o ser humano que a Educação. Ela que permite ao homem “ter coragem de pensar por si mesmo” (uma conclusão também romana).
Moral da história: a educação liberta, ilumina os que estão no mundo das sombras e leva à verdade.
FORMAÇÃO CIDADÃ
Outro ponto em que esta influência é perceptível corresponde à preocupação da formação do cidadão. Ou melhor: a Educação é uma prática social, no seio da pólis. Portanto, representa uma prática política.
A educação era, portanto, uma condição da pólis e não podia ser negligenciada. Para Aristóteles, a política era a ciência mais importante, e, apenas por meio da educação, o homem desenvolvia a prática do bem-estar comum. Mas, para que a educação alcançasse seus objetivos, era necessário um conjunto de atividades pedagógicas e coordenadas, que visassem a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz.
O filósofo grego também deixou de herança o método peripatético, que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à Física e à Lógica.
EDUCAÇÃO ROMANA
A crítica a esse modelo de educação se fez presente e partiu de dentro da própria sociedade, que, por meio de seus importantes pensadores ou filósofos, não só condenou como também externou proposições a respeito da escola. Veremos uma dessas colocações a seguir.
"A memorização e a repetição marcaram fortemente essa escola inicial. Certamente, o tédio de tal didática, o medo das varas e dos chicotes, e os conteúdos muito distantes da vida diária e dos interesses reais dos jovens e da sociedade não encorajaram a frequência aos estudos.
[...] em Roma, encontramo-nos, pela primeira vez, perante uma crítica fundamental da escola pelo que ela é, e não pelos acidentes de sua vida diária – assistimos, enfim, ao nascimento de uma consciência crítica sobre a escola e a educação."
Manacorda, 2006, p. 93-94.
PERCEPÇÕES GERAIS SOBRE O ATUAL MODELO DE ENSINO
Precisamos superar a visão de que a escola não tem conseguido educar porque estamos muito mal posicionados na classificação mundial de desempenho. Devemos assumir nossa responsabilidade, como sociedade, para realizarmos uma educação plena.
Dentre os inúmeros passos que podemos dar, além de oferecer formação acadêmica de qualidade, é preciso investir esforços para termos um relacionamento sadio e respeitoso entre escola e sociedade e entre professores e alunos.
CONCLUSÃO
Se quisermos resumir a importância da Educação Clássica para o desenvolvimento das práticas educacionais atuais, seja em seu período específico ou através da herança deixada a nós, devemos nos concentrar na valorização e no respeito ao conhecimento, ou seja, há algo a ser aprendido.
Daí o grande papel da Filosofia naquele contexto. Assim, formar o cidadão, nos tempos clássicos da Grécia e de Roma ou atualmente, é permitir a ele o acesso ao conhecimento e às condições para posicionar-se frente a este mesmo conhecimento e, consequentemente, frente à sociedade em que vive.

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