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Compliance e contratos 
 
 Em primeiro lugar, perceba que compliance é o conjunto de disciplinas a fim de 
cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as 
diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição ou empresa, 
bem como evitar, detectar e tratar quaisquer desvios ou inconformidades que possam 
ocorrer. 
 O termo compliance tem origem no verbo em inglês to comply, que significa agir de 
acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido. 
 As recentes crises globais demonstram como os riscos podem se espalhar 
rapidamente. O ambiente regulatório internacional está cada dia mais complexo e 
prevê punições rigorosas para quem desrespeitar as regras. Ao mesmo tempo, os 
sistemas de gerenciamento de riscos usados atualmente deixam as empresas mais 
vulneráveis. Os recentes casos de exposição negativa da imagem de empresas 
gerados por fatos associados à corrupção, assédio moral, condutas antiéticas, 
fraudes, impactos ambientais e outras várias falhas de compliance levam reguladores, 
investidores e o público em geral a prestar mais atenção do que nunca às práticas 
corporativas voltadas ao atendimento das questões regulatórias. Uma falha de 
compliance pode resultar também em litígios, multas financeiras, restrições 
regulatórias e danos à reputação. 
 Um bom exemplo é a Lei 12.846/13 (Lei Anticorrupção), regulamentada pelo 
Decreto 8.420/15, traz novas preocupações às empresas, em especial no que diz 
respeito às suas relações com terceiros. De acordo com a lei, a empresa não precisa 
autorizar ou anuir com a prática indevida, bastando, para sua condenação, a 
comprovação de que se beneficiou, de alguma forma, do ato ilícito. Os riscos são 
ainda maiores em razão do segmento do qual a empresa faz parte, da natureza da sua 
atividade e do nível de interação com agentes públicos, sejam eles nacionais ou 
estrangeiros. 
 Assim, as empresas correm o risco de responsabilização pela prática de atos 
ilícitos cometidos por terceiros (fornecedores, representantes comerciais, empresas 
consorciadas, etc.) a ela vinculados, quando estiverem atuando em seu benefício. E, 
ao contrário do que muitos pensam, um dos meios mais eficazes de proteção para a 
companhia não é a mera ratificação, pelo terceiro, de seu código de conduta, mas sim 
a inclusão de cláusulas anticorrupção nos contratos firmados entre as partes. 
 Sendo o contrato o cerne da vida dos negócios, recomendável que a empresa 
inclua em seu “Procedimento para Assinatura de Contratos”, além do atendimento aos 
requisitos de validade do art. 104 do Código Civil, cláusulas anticorrupção que proibam 
a realização de pagamento impróprio, fraude em licitação e contratos públicos, o uso 
de recursos, bens e valores de origem ilícita, além da previsão de realização de 
auditoria interna em caso de suspeita de fraude, dentre outras coisas. O contratante 
deverá, também, inserir cláusulas prevendo modalidades de indenização e direito de 
regresso em caso de ações ilícitas unilaterais. 
Certo é que o vínculo obrigacional estabelecido com base nestas premissas trará mais 
segurança à relação com terceiros. Contudo, isso não exclui a importância da 
verificação da integridade deste, realizada por meio de due diligence e constante 
monitoramento das suas atividades. 
 É dizer que Compliance é a perseguição obsessiva pelo que é correto, é a busca 
constante da observância das regras, sejam elas normas legais públicas ou códigos 
de ética ou de conduta - privados. 
 Referindo-se especificamente às empresas privadas, elas passaram a dar maior 
atenção ao Compliance quando passaram a sofrer as primeiras punições 
administrativas pela Lei de Licitações, mas principalmente quando sofreram as 
primeiras investigações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico - SDE e 
julgados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE, através da Lei 
Antitruste, que prevê multas pesadíssimas baseada no faturamento bruto da empresa. 
Ato contínuo às multas administrativas, iniciaram-se as primeiras investigações 
criminais envolvendo seus gestores e dirigentes. 
 A primeira providência de um Comitê de Compliance é desenvolver uma referência 
de onde os colaboradores, empregados diretos e terceiros, deverão pautar suas ações 
e atitudes. A elaboração de um Código de Conduta claro e objetivo é essencial para o 
início de um trabalho de Compliance. A partir dele estarão definidas as regras do jogo 
de contratação e de gestão dos contratos celebrados. 
 Nesse ponto faz-se necessário abrir um parêntesis para analisar a essência do 
Compliance sob o aspecto contratual. Por um lado, pode ser compreendido 
especificamente como o instituto que determina a obrigação de cumprimento de leis, 
conforme anteriormente mencionado, o que traria para o lado de se respeitar a relação 
em qualquer que seja o aspecto do Direito, podendo ser aplicado no âmbito tributário, 
ambiental, trabalhista, criminal, etc. Ou seja, poderia se falar em Compliance de uma 
forma geral. Por outro lado, e o que mais interessa no presente estudo, ele pode ser 
compreendido e analisado como instrumento de integridade, com aplicação específica 
na relações de contratação, no que diz respeito à ferramenta utilizada para guiar 
eticamente a condução dos negócios da empresa e proteger seus interesses e de 
seus colaboradores, clientes, terceiros e principalmente sua reputação. 
 Como mencionado anteriormente, pode-se considerar que há dois momentos 
distintos a serem analisados quando se fala de Compliance em âmbito contratual. O 
primeiro deles é o momento que antecede a celebração do contrato. É a fase de 
escolha do parceiro comercial, chamada de fase pré-contratual. O segundo é a gestão 
da relação contratual com o parceiro contratual escolhido, denominada de fase 
contratual. Vale insistir que essa análise serve tanto para a contratação do poder 
público quanto na esfera privada. 
 Portanto, o que se espera das partes contratantes é que haja uma boa condução 
nas relações contratuais, mesmo que seja na fase pré-contratual. Retomando o 
questionamento acima, como deveria agir a empresa? Em nosso entendimento o 
princípio é desrespeitado quando uma das partes rescinde a relação contratual ou 
encerra as tratativas sem qualquer motivo. Nesse caso essa poderia ser obrigada a 
ressarcir a outra parte pelos danos que causou – como por exemplo – eventuais 
custos e investimentos incorridos. Entretanto, no caso ora em análise houve fato novo, 
anteriormente desconhecido e não informado pelo parceiro comercial, excluindo a 
nosso ver, a responsabilidade da empresa que decide por encerrar a relação. 
 A fase contratual, como já dito, é a fase posterior à assinatura do contrato. É a fase 
que passa a não se ater apenas no instrumento contratual, mas sim na relação 
comercial consequente da celebração daquele instrumento. Essa relação comercial é 
o contrato propriamente dito. É natural que iniciada a relação, inicie também a 
possibilidade de quebra de integridade nessa relação, entrando em cena a 
necessidade de uma firme fiscalização. E há déficit de fiscalização na fase contratual 
tanto na esfera pública quanto na privada. Por mais que os Tribunais de Contas e os 
Departamentos de Auditoria envidem seus melhores esforços, não é possível realizar 
uma fiscalização cem por cento eficiente e concomitante à execução contratual, o que 
abre brecha para eventuais desvios éticos. 
 Em suma, o objetivo do presente estudo era trazer uma análise das peculiaridades 
da relação entre Compliance e os contratos, sejam eles públicos ou privados. 
 Sua aplicação é primordial no âmbito das relações comerciais, seja na fase pré-
contratual, como método de busca pela plena integridade no processo concorrencial, 
ou seja, na fase contratual como fiscalização e gestãoda relação comercial 
propriamente dita, também em busca da plena integridade nas ações envolvidas. 
 A tendência é que os estados e municípios desenvolvam suas leis obrigando as 
empresas a criarem seus programas de integridade como condição de permanecerem 
com seus contratos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Direito Tributário 
Professora: Carolina Gondim 
Alunas: Emanuelle Alves 
Luciana S. Gonçalves 
Turma: A 
Sala: 311

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