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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU – SÃO PAULO. CAIPIRA HORTALIÇAS ME, microempresa inscrita no CNPJ / MF sob o nº (número), sediada e estabelecida em Bauru/SP, na rua (nome da rua), n. (número), bairro (nome do bairro), Bauru-SP, com endereço eletrônico (endereço eletrônico), neste ato representada por seu procurador infra-assinado, com escritório profissional no endereço n. e endereço eletrônico (endereço eletrônico), onde recebe intimações e formalidades de estilo, sob pena de nulidade e com procuração devidamente juntada, nos termos dos artigos 319 e seguintes do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO C/C LUCROS CESSANTES Com fundamento no artigo 186 c/c artigo 927, e os artigos 402 e 403 do Código Civil, em desfavor de VIAÇÃO METEORO LTDA, (tipo de sociedade), inscrita no CNPJ/MF sob o nº (número), com sede na (Avenida/Rua/Travessa) (nome completo da rua), nº (número), Bairro (nome do bairro), na Cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, CEP: (número do cep), pelos fatos e fundamento que passa a expor: 1. DA JUSTIÇA GRATUITA Declara a parte autora não ter condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo ao seu próprio sustento e, invoca a tutela da Lei n. 1060/50 que assegura os necessitados, ou seja, aqueles que são pobres no sentido jurídico da palavra. Não obstante a condição presente, pós-acidente, o requerente já auferia como agricultor com parca quantia líquida. Neste sentido junta-se declaração de hipossuficiência e cópia dos documentos necessários para o deferimento. Pelas supramencionadas razões, requer o autor que seja deferido os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela Constituição Federal, art. 5º, LXXIV, pela lei 13.105/2015 (CPC), art. 98 e seguintes, bem como a excelsa lei 1060/50. 2. DOS FATOS Barnabé é um senhor de 50 anos de idade. Ele é agricultor e vive da colheita e do transporte das hortaliças aos mercados das cidades vizinhas a Bauru/SP. Ele possui uma micro empresa chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME, cuja sede é na mesma cidade, que utiliza para emitir notas fiscais aos comerciantes que adquirem os seus produtos. Com o esforço do seu trabalho, através da Caipira Hortaliças Ltda. – ME, Barnabé adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que utilizava para o transporte dos seus produtos. O seu veículo realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas cidades próximas. No dia 11/02/2017, o sr. Barnabé retornava a Bauru/SP conduzindo a sua Pick-up após mais um dia cansativo de trabalho. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava escorregadia, e havia também muita neblina. Ocorreu que, quando trafegava na curva do km 447 da rodovia BR-345, no município de Jaú/SP, o autor perdeu o controle do seu veículo devido à invasão do seu lado da pista pelo ônibus da empresa demandada, onde seus pneus traseiros derraparam e o fez frear drasticamente, ocasião em que o ônibus bateu de frente na pick-up. Com o impacto, a pick-up do autor foi arremessada por cerca de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista ocasionando sérios ferimentos ao mesmo, causando-se um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. O veículo pick-up ranger, único meio de trabalho do pequeno agricultor, com o impacto, ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria, tendo sua perda total. Após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, embora agradecido por ter sobrevivido, o autor estava preocupado agora com a situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento. Como ele trabalhava sozinho, não sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também como faria para transportar as hortaliças. No período de três meses, necessário ao restabelecimento da saúde do autor, sua empresa zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00 (dez mil reais), além dos proveitos econômicos que deixou de auferir em decorrência do acidente. Mesmo após incessantes tentativas de contato, a empresa demandada não se responsabilizará em arcar com os prejuízos do acidente cometido pelo seu preposto, deixando de prestar qualquer assistência ao autor, que ficou desamparado e sem condições de arcar com o seu sustento e de sua família, motivo pelo qual recorre ao Poder Judiciário na pretensão de fazer valer o seu direito, que deverá ser reconhecido como ato de mais lídima justiça! 3. DO DIREITO A responsabilidade do requerido constitui-se de forma subjetiva por ato ilícito, não obstante, as provas carreadas oportunamente nestes autos demonstram de forma cabal a necessidade das medidas pleiteadas, bem como a tutela antecipada aqui requerida. 3.1. DA INFRAÇÃO DE TRÂNSITO E O DEVER DE INDENIZAR É cediço que o universo jurídico é demandado primordialmente pelas obrigações oriundas das relações interpessoais. Conquanto, algumas advêm dos atos ilícitos que são tutelados pelo feérico dispositivo art. 186 da lei 10.406/2002 (CC). Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O caso é que a Requerida, segundo pode-se extrair do conjunto probatório carreado aos autos, com sua manutenção devidamente realizada e sem a apresentação de vícios, invadiu a pista do autor sem qualquer resquício de prudência. O Requerido não agiu de acordo com os arts. 28, 29 e 34 do Código de Trânsito Brasileiro, in verbis: Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas: I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas; II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas; III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem: a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela; b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela; c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor; IV - quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de maior velocidade; V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento; VI - os veículos precedidos de batedores terão prioridade de passagem, respeitadas as demais normas de circulação; VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes disposições: (...) Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade Ainda quanto à infração de trânsito de acordo com o art. 208, do CTB, e segundo pacífica jurisprudência, tal infração geraa obrigação de indenizar pelos danos causados. Acidente de trânsito. Avanço no sinal vermelho. Colisão. Danos materiais e morais. Ação indenizatória. 1. Resta inequivocamente comprovada a culpa do preposto da ré, que avançou o sinal vermelho e colidiu com vários veículos, conforme narra a inicial, afirmam as testemunhas, e depura-se do termo de acordo firmado pela ré com as demais vítimas, assumindo a responsabilidade pelos danos. 2. Os danos materiais passíveis de indenização devem vir suficientemente comprovados nos autos. 3. Incapacitada a vítima para o trabalho, conforme apurou a perícia médica, faz ela jus à pensão mensal vitalícia, no valor que auferia à época do acidente, não prejudicada pelo percebimento da renda previdenciária, dada a natureza distinta dos institutos. 3. Reduzida a verba a título de danos morais, os consectários legais incidirão a partir do novo arbitramento. Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça. 4. Do valor total da indenização fixada será abatido eventual valor pago a título de seguro obrigatório DPVAT. Súmula 246 do Superior Tribunal de Justiça. 5. Deram parcial provimento aos recursos das partes, para os fins constantes do acórdão. (TJ-SP – AC: 0033139-18.2009.8.26.0554 SP, Relator: Vanderci Álvares, Data de Julgamento: 15/05/2014, 25º Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo) Configurada a ilicitude do ato e os danos causados por esta, não há que se falar em dubiedade sobre a responsabilidade da Requerida. 4. DAS PERDAS E DANOS 4.1. DO PREJUÍZO MATERIAL EMERGENTE Estes decorrem do nexo de causalidade entre os fatos e os resultados, exigido pela demanda sobre a responsabilidade civil subjetiva. Quanto à questão dos valores decorrentes de orçamentos, a jurisprudência considera que deve ser cobrado o valor contido no orçamento menor dentre os três auferidos, para efeito de realização do pedido de reparação com base nos veículos. Em perícia realizada, testemunhos, vídeo, declaração policial e 3 (três) orçamentos realizados em oficinas diversas, fica evidente e incontroverso o dever de indenização pelos danos materiais causados ao veículo do autor, que sofreu perda total. Os valores do orçamento sobre o veículo são, em ordem crescente, R$XX (XXX), R$XX (XX) e R$XX (XX). Em razão disto, deverá a Requerida arcar com o prejuízo referente ao valor do veículo abalroado, cujo mínimo por orçamento perfaz a quantia de R$XX (XX). Além disto, deverá a Requerida ressarcir o prejuízo referente aos valores de locação do seu estabelecimento, bem como com os seus fornecedores, que de acordo com a prova carreada aos autos chega-se a cifra de R$10.000,00 (dez mil reais), que deverão ser devidamente corrigidos até a data do efetivo pagamento. 4.2. DOS LUCROS CESSANTES Como já largamente exposto nos autos, o autor ficou sem provimentos durante 3 (três) meses. Por este motivo é que se encontra o ensejo de pleitear os lucros que por causa do acidente cessaram, uma vez que o autor deixou de perceber seus proventos e ainda recebe quantia parcial do que vinha recebendo. Quanto a isso, a lei é clara, pois assim disciplina o Código Civil (Lei 10.406/2002): Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Para comprovar os rendimentos do autor, junta-se em anexo os comprovantes de pagamentos dos últimos 12 (doze) meses, corroborando que a quantia referente aos lucros cessantes, em 3 (três) meses perfaz o valor total de R$30.000,00 (trinta mil reais). 5. DOS PEDIDOS Ante todo o exposto requer o autor: a) a citação do réu por meio eletrônico, para que conteste o feito no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de se reputarem verdadeiros os fatos alegados na inicial, advindo em consequência os efeitos da revelia; b) designação de audiência de conciliação, para que no ato possam as partes solucionar a lide antecipadamente e, caso inexitosa proposta a conciliação, seja designada audiência de instrução e julgamento; c) deferimento do pedido a fim de que seja concedida a JUSTIÇA GRATUITA, ante a comprovação pela Requerente de que faz jus ao benefício, consoante os arts. 99 e seguintes do NCPC e a Lei nº 1.060/50; e) a procedência dos pedidos iniciais com condenação do Réu na restituição dos prejuízos sofridos pelo Autor, referentes à perda total do veículo do autor no montante de R$XX (XX), danos emergentes no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), e lucros cessantes no valor de R$30.000,00 (trinta mil reais), corrigidos monetariamente e acrescidos dos juros legais desde a data do acidente até a data do efetivo pagamento; d) protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, depoimentos de testemunhas, bem como novas provas, documentais e outras, que eventualmente venham a surgir; i) finalmente, a condenação do réu ao pagamento das custas, despesas processuais nos termos da Lei e honorários sucumbenciais; Dá-se à causa o valor de R$75.000,00 (setenta e cinco mil reais). Nestes termos pede deferimento. Bauru-SP, 24 de setembro de 2020. Natascha Ketlyn Vieira OAB/SC ***** (Assinatura do advogado)
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