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PROCESSO CIVIL EMBARGOS A EXECUÇÃO

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UNIVERSIDADE BRASIL
ASPECTOS RELEVANTES DA RESPOSTA DO EXECUTADO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO
DOS EMBARGOS A EXECUCAÇÃO – ARTIGOS 914/920 CPC
LETÍCIA SUPINI FERREIRA RA: 18205016-1	ALICE PEREIRA DO NASCIMENTO RA: 1624763-7	MAITANA MOARA ALVES ARANTES RA: 1625082-1
EMILY CRISTINA DE SOUZA MORAES RA: 1624723-1
 FERNANDÓPOLIS, 12 DE MAIO DE 2020
Aspectos relevantes da resposta do executado no processo de execução- DOS EMBARGOS A EXECUÇÃO artigos 914/920 CPC .
RESUMO
 	 	O presente trabalho possui o intuito de analisar a defesa do réu no processo de execução, que é feita através da ação autônoma de embargos à execução Para tanto, tal artigo, primeiramente, procederá à uma análise do conceito e características da referida ação para, após, analisar seus pressupostos de admissibilidade e quando será atribuído efeito suspensivo aos mesmos. Por fim, imperativo tratar sobre outras modalidades de defesa do executado na execução e, ainda, os atos feitos mediante precatória.
1. Introdução 
 	 	O presente trabalho possui o intuito de discorrer a respeito dos meios de defesa no processo executório, com ênfase nos embargos à execução, delineando o seu conceito, bem como analisando legislação e doutrina relevantes sobre o tema.
 	 	Ademais, tal artigo tratará também dos pressupostos de admissibilidade dos embargos e, ainda, acerca da possibilidade de atribuição de efeito suspensivo aos mesmos.
 	Por fim, mas não menos importante, tratar-se-á de outros modos de defesa do executado no processo de execução e dos atos realizados através de carta precatória.
2. Conceito de Embargos à execução
 	 	Embargos à execução é o nome dado a uma das defesas do devedor na Ação de Execução. Trata-se de uma ação autônoma e é distribuída por dependência à Ação de Execução, para arguição de nulidades do processo executivo, ilegitimidade, prescrição, inépcia da inicial, dentre outras teses defensivas.
 	 	É a ação própria cabível pelo devedor, para exonerar-se da execução de suas dívidas pelo credor.
 	 	“Art. 914 O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos.”
 	 	O artigo é, então, uma repetição do art. 736 e do art. 747, CPC/1973. Contudo, é importante observar que até 2006, o art. 737, CPC/1973, dispunha ser necessária a garantia do juízo para a admissão dos embargos à execução. Com a publicação da Lei 11.382/2006, revogou-se o art. 737, CPC/1973, e alterou-se a redação do art. 736 para equivalente ao caput do art. 914, Novo CPC.
3. Outras formas de defesa do executado
 	 	Sim, conforme leciona especializada doutrina sobre o tema:
 	 	“No processo de execução, o executado pode defender-se por meio de três instrumentos: a) exceção de executividade; b) objeção de executividade; c) embargos do executado”. (...)
 	 	Exceção de executividade. (...) Admitisse-a quando desnecessária qualquer dilação probatória para a demonstração de que o credor não pode executar o devedor. (...) São arguíveis por meio de exceção de executividade o pagamento e qualquer outra forma de extinção da obrigação (adimplemento, compensação, confusão, novação, consignação, remissão, sub-rogação, dação etc.) (...)
 	Objeção de executividade. Conteúdo. São matérias de ordem pública, a cujo respeito o juiz tem de manifestar-se de ofício, as enumeradas no CPC 485 IV, V e VI (CPC 485 § 3.º), bem como aquelas arroladas no CPC 337, salvo a incompetência relativa (CPC 337 II) e a alegação de convenção de arbitragem (CPC 337 X), que, para serem apreciadas, dependem de alegação da parte (CPC 337 § 5.º)." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado. 17ª ed. Editora RT, 2018. Versão ebook, Art. 914)
 	 	Pode-se citar ainda, conforme leciona Araken de Assis, as ações autônomas, ajuizadas prévia, incidental ou ulteriormente à execução, principalmente para anular atos executivos. (ASSIS, Araken. Manual da Execução. Ed. RT, 2017. 19 edição. Versão ebook, Título V - 533).
4. Previsão legal dos embargos
 	 	A interposição dos Embargos à Execução encontra seu amparo legal nos arts. 914 e seguintes (até o artigo 920) do Novo Código de Processo Civil (CPC/2015).
 	 	“O novo CPC preserva os embargos como forma de defesa do executado e dedica a eles todo um Título, o III, renomeado de ‘embargos à execução’, e não ‘embargos do devedor’, como no CPC de 1973.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 557).
5. Prazo para distribuição dos embargos
 	 	Os embargos devem ser distribuídos no prazo de 15 dias, nos termos do Art. 915 do CPC, contados na forma do art. 231 do Novo CPC/15.
 		 “Art. 915 Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231.”
 		 “O art. 915 mantém o prazo de quinze dias para apresentação dos embargos à execução – embora, no novo CPC, prazos processuais, como este, fluam apenas em dias úteis (art. 219, caput) -, observando-se, quanto ao início do prazo, a disciplina dedicada à citação.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 558).
 		 Ainda, é necessário observar que o prazo previsto na Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/1980) é diferente, conforme art. 16, LEF. Nas execuções fiscais, dessa maneira, o executado terá 30 dias para oferecer os embargos.
 	 	O parágrafo 1º do art. 915, Novo CPC, como se observa, trata da hipótese de litisconsórcio passivo. Diante da existência de mais de um executado, desse modo, o prazo deverá ser contado a partir da juntada do respectivo comprovante da citação. Ou seja, os prazos serão computados separadamente.
 	 	“§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.”
 	No entanto, a situação se modifica quando o litisconsórcio passivo formar-se com o cônjuge ou companheiro do executado. Nesses casos, então, o prazo será contado a partir da juntada do comprovante de citação desses. Consequentemente, o prazo será idêntico.
 	 	Daniel Amorim Assumpção Neves, todavia, faz uma ressalva: “Não há qualquer motivo plausível para esse tratamento diferenciado, ainda que se reconheça que a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça aponta para essa regra na hipótese de penhora de bem imóvel de pessoas casadas. Entendo que a exceção só se aplica na hipótese de litisconsórcio passivo inicial, formado entre os cônjuges ou entre os companheiros, já que na hipótese de intimação do cônjuge ou companheiro não devedor da penhora de imóvel, já terá transcorrido o prazo de embargos do cônjuge ou companheiro originariamente executado.”
 	 	O parágrafo 2º do art. 915, Novo CPC, e seus incisos, portanto, tratam da contagem do prazo nas execução realizadas por carta.
 	 	“§ 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:
 	 	I – da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;
 	II – da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.”
 	O art. 229, Novo CPC, dispõe, então, que os litisconsortes com diferentes procuradores terão prazos contados em dobro para as suas manifestações. No entanto, como prevê o parágrafo 3º do art. 915, Novo CPC, a regra não se aplica aos embargos à execução.
 	 	“§ 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229.”
 	 	O parágrafo 4º do art. 915, Novo CPC, assim como o parágrafo 2º, dispõe acerca da execução realizada através de carta. Assim, nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de
ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico.
 	 	“§ 4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.”
 	 	Neves comenta que a delimitação ao meio eletrônico, todavia, implica na vedação de outros meios de comunicação. Em suas palavras, portanto:
 	 	“O art. 915, §§ 2.º e 4º, do Novo CPC consagra uma peculiaridade quanto ao termo inicial da contagem do prazo dos embargos à execução quando a citação do executado se dá por meio de carta precatória, rogatória ou de ordem. Nesse caso, o § 4º prevê que a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juízo deprecado ao juízo deprecante. Preferia o texto do art. 738, § 2º, do CPC/1973, que permitia a comunicação por qualquer meio idôneo, inclusive por meio eletrônico. Não foi feliz o legislador, pois, pela maneira que redigiu o dispositivo, inviabiliza a comunicação por outra forma que não a eletrônica. Melhor teria sido prever a comunicação por qualquer meio idôneo, preferencialmente o eletrônico.”
6. Onde são distribuídos os embargos
 		 A competência territorial, em regra, é a mesma do processo de execução, contudo, nos termos do Art. 914 do CPC, § 2º, quando se tratar de execução por carta, os embargos serão distribuídos no juízo deprecante ou no juízo deprecado. No entanto, a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo, o qual recairá sobre o juízo que determinou a penhora.
 	 O parágrafo 2º do art. 914, Novo CPC, então, dispõe acerca dos embargos à execução por carta. E se trata, como observado, de uma repetição do art. 747, CPC/1973. Nesses casos, portanto, os embargos poderão ser oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado.
 	“§ 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.”
 	Contudo, a competência para julgamento caberá ao juízo deprecante, ressalvada a hipótese de vício ou defeito da penhora, da avaliação ou da alienação. Diante dessas alegações, então, os embargos deverão ser julgados no juízo deprecado.
 	A previsão do artigo é, também, um reforço à Súmula 46 do STJ, segundo a qual “na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens”.
7. Como são distribuídos
 Os embargos à execução são distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que devem ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Art. 914 § 1º e Art. 915. CPC/15), in verbis:
 “Art. 914. (...) § 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.”
 Por dependência significa de forma autônoma e não no mesmo processo.
 O parágrafo 1º do art. 914 confirma a ideia de que os embargos à execução possuem natureza de ação. E deverão, desse modo, ser distribuídos por dependência, em autos apartados. Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves :
 É tradicional a lição de que os embargos à execução têm natureza jurídica de ação, sendo que o ingresso dessa espécie de defesa faz com que no mesmo processo passem a tramitar duas ações: a execução e os embargos à execução. A natureza jurídica dos embargos pode ser inteiramente creditada à tradição da autonomia das ações, considerando-se que no processo de execução busca-se a satisfação do direito do exequente, não havendo espaço para a discussão a respeito da existência ou da dimensão do direito exequendo, o que deverá ser feito em processo cognitivo, chamado de embargos à execução. Ainda que a tradição da autonomia das ações esteja sendo gradativamente afastada com a adoção do sincretismo processual, o legislador parece ter preferido manter a tradição de autonomia dos embargos como ação de conhecimento incidental ao processo de execução.
 Apesar disso, é essencial fazer uma ressalva. No processo de execução fiscal, o executado precisa garantir o juízo antes de oferecer os embargos à execução, nos moldes do parágrafo 1º do art. 16, LEF.
8. Diferença entre embargos a execução e embargos de terceiros
 	 	Os embargos à execução são cabíveis sempre que o Embargante for parte do processo e for discutir o mérito da execução. Já os Embargos de Terceiro cabem por quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo (Art. 674 CPC/15)
 	 	Os embargos de terceiro são uma ação de conhecimento que tem por fim livrar da constrição judicial injusta bens que foram apreendidos em um processo no qual o seu proprietário ou possuidor não é parte. Como regra, apenas os bens das partes podem ser atingidos por ato de apreensão judicial. Somente em hipóteses excepcionais, expressamente previstas, será possível atribuir responsabilidade patrimonial a quem não figura no processo, tornando lícita a apreensão de seus bens. Assim, ressalvadas essas situações, em que se atribui responsabilidade patrimonial a terceiro (Código de Processo Civil Brasileiro, Artigo 592), nenhum ato de constrição pode atingir coisa de quem não seja autor ou réu. Se isso ocorrer, a ação adequada para desconstituir a apreensão indevida são os embargos de terceiro, cujo ajuizamento pressupõe a existência de uma constrição judicial que ofenda a posse ou a propriedade de um bem de pessoa que não seja parte no processo. Seu fundamento está no Art. 1.046 e seguintes do Código de Processo Civil.
 	Já o embargo à execução é uma ação independente, ou seja, autônoma, em que o executado se manifesta, apresentando sua discordância referente ao valor cobrado e/ou em relação ao teor da ordem requerida na Ação de Execução. Pode-se dizer, de maneira rústica, que se equivale a uma "Contestação" à Execução. Os Embargos à Execução são propostos em face do autor da Execução principal, ou seja, em face do vencedor. Sua fundamentação está nos artigos 736, 738 a 740, 745, 746 e 791 do Código de Processo Civil.
9. Não exigibilidade de garantia para protocolo dos embargos
 	 	A garantia do juízo nos embargos à execução se era justificada porque somente com a constrição judicial, o executado passaria a correr algum risco, demandando-se, portanto, que tal ato fosse realizado para que se permitisse o ingresso dos embargos. (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 11. ed. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019. p. 1330).
 	 	Porém, com o advento do novo CPC/2015, fora afastada a garantia do juízo como garantia de admissibilidade da defesa, conforme dispõe no art. 914, caput.
 	Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos.
 	Contudo, nos casos de execução fiscal, par o STJ, persiste na exigência da garantia do juízo como condição de admissibilidade dos embargos à execução, pelo princípio da especialidade da lei, por estar prevista no art. 16, §1º, da Lei 6.830/1980, não revogado.
10. Efeitos dos embargos a execução
 		 Em regra, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo.
 	 Dispõe o Novo Código de Processo Civil, em seu art. 919, §1º que cabe efeito suspensivo "quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes."
 		 Ou seja, a requerimento do embargante, pode o juiz atribuir efeito suspensivo aos embargos, se forem relevantes seus fundamentos, bem como, diante da demonstração de que o prosseguimento da execução possa causar ao executado grave dano de difícil reparação. Exige-se para tanto, que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
 	“Sobre a presença dos elementos da tutela provisória para a concessão do efeito suspensivo aos embargos à execução, cabe lembrar que a tutela provisória pode ser fundamentada na urgência e na evidência (art. 294, caput), não havendo razão nenhuma para descartar, aprioristicamente, que o embargante não possa trazer, com as adaptações cabíveis, a conhecimento do magistrado, nenhuma das hipóteses do art. 311 sobre a tutela da evidência. (…) A diferença do § 5º do art. 919, quando comparado com o seu congênere no § 6º do art. 739-A do CPC de 1973, é justificada pela correta previsão do § 1º do art. 919: a concessão de efeito suspensivo pressupõe prévia garantia de juízo, e, por isso, não há porque admitir, como faz o CPC de 1973, que a despeito dele, a penhora seja permitida. O que é permitido, lê-se pertinentemente da nova regra, são os ajustes necessários à penhora, à substituição do bem penhorado e à avaliação. Importa extrair do § 5º do art. 919, portanto, que a atribuição de efeito suspensivo aos embargos só impede a alienação do bem, mas não a prática de todos os atos imediatamente anteriores ao início da fase expropriatória (art. 875). O Projeto da Câmara trazia, ainda, um parágrafo (§ 6º do art. 935) evidenciando o cabimento do agravo de instrumento contra a decisão que concedia, modificava ou revogava o efeito suspensivo, ou seja, as hipóteses expressamente admitidas pelo § 2º do art. 919 do novo CPC. A regra foi transportada, pelo Senado, na derradeira etapa dos processos legislativos, para o rol do art. 1.015, que prevê a recorribilidade imediata daquelas decisões por agravo de instrumento em seu inciso X. Não há expressa previsão, contudo, para a recorribilidade da decisão que indefere o pedido de atribuição de efeito suspensivo aos embargos formulado pelo embargante. Sua recorribilidade imediata, contudo, decorre da correta compreensão daquele efeito como manifestação da ‘tutela provisória’, a justificar a incidência na espécie do inciso I do referido art. 1.015. Até porque, não fosse assim, o embargante poderia agravar de instrumento do pedido reformulado com base no § 2º do art. 919, com fundamento no inciso X do art. 1.015.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 562-563).”
 	 	Abaixo os Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que se referem a este artigo:
 	 	– Enunciado n.º 80 do FPPC: A tutela antecipada prevista nestes dispositivos pode ser de urgência ou de evidência.
11. Principais argumentos de defesa
 	Nos termos do Art. 917 do CPC, nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
 	I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
 	II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
 	 	III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
 	IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa;
 	 	V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
 	 	VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.
 	 Destaca-se que tais alegações devem ser fundamentadas, sob pena de configurar pleito meramente protelatório da apresentação da defesa, com o risco de multa pela configuração de ato atentatória à dignidade da justiça.
 	 	Além disso, quando alegado o excesso a execução, deve se observar as hipóteses prescritas na disposição processual, ao dispor que há excesso de execução quando:
 		 I - Tratar-se de valor executado superior ao do título;
 	II - A execução recair sobre bem diferente daquele previsto no título, configurando penhora incorreta;
 	 	III - A execução se processar de forma distinta daquela prevista no título;
 	 	IV - Não houver cumprimento da obrigação assumida pelo exequente;
 	 	V - Não houver prova de que a condição para tornar-se exigível o pagamento se realizou.
 	Outras teses estão relacionadas também à arguição de impedimento ou suspeição, que observará o disposto nos arts. 146 e 148 do CPC.
 	 	“O art. 917 volta-se às matérias arguíveis nos embargos à execução, observando, na substância, o que vigora nos arts. 739-A, § 5º, 743 e 745 do CPC de 1973, com redação mais apurada e com a resolução de questões tais como a hipótese de rejeição parcial dos embargos quando um de seus fundamentos for o excesso de execução não comprovado desde logo (§§ 3º e 4º). Há também necessárias adaptações sistemáticas com o novo CPC, razão de ser do inciso V, segundo o qual os embargos veicularão indistintamente a alegação de incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, e o § 6º, que remete a arguição de impedimento e suspeição aos arts. 146 e 148, descartadas, para aquele fim, as exceções referidas no art. 742 do CPC de 1973, abolidas (não sem tempo) pelo novo CPC. Novidade que merece ser evidenciada está no § 1º, que autoriza expressamente que eventuais questionamentos da penhora e da avaliação sejam realizados por meras petições, independentemente dos embargos. Para tanto, o executado deve observar o prazo de quinze dias da ciência do ato. A previsão harmoniza-se com a regra do caput do art. 914, pela qual a apresentação dos embargos não pressupõe penhora prévia. Assim pode acontecer que a penhora realize-se apenas quando rejeitados os embargos (na hipótese de a eles ser concedido efeito suspensivo) ou, na hipótese oposta, após eles terem sido apresentados. O dispositivo evidencia que, em ambas as situações, caberá ao executado manifestar-se sobre o que é novo no processo, desde que o faça no prazo destacado.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 561).
12. Requisitos que devem ser observados
 		 Alguns requisitos devem ser observados:
 		 Observância dos requisitos da petição inicial previsto no Art. 319 do CPC;
 	 	No caso de excesso de execução, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento.	
 	 	Fundamentação de cada argumento, evitando-se a compreensão de tratarem-se de embargos protelatórios;
13. A quem cabe o ônus da prova
 	Conforme assevera especializada doutrina, cabe ao Embargante o ônus da prova. especialmente por tratar-se de uma nova ação de conhecimento que o Autor (Embargante) deve observar os requisitos dos Art. 319 e 320 do CPC:
 	"Daí se infere que cabe ao embargante o ônus da prova de suas alegações, incumbindo-lhe provar a alegada insubsistência do crédito exequendo. Não é o embargado quem tem de provar a subsistência do crédito; ao embargante é que cabe comprovar sua insubsistência, o que reafirma que os embargos são substancialmente uma defesa."(DIDIER JR, Fredie. Curso Processual Civil. Vol. 5. 7ª ed. Editora JusPodivm, 2017. p. 762)
14. O que acontece após recebidos os embargos, nos termos do Art. 920 do CPC:
 	I - No prazo de 15 dias o exequente pode impugnar os embargos;
 		 II - Após recebimento da impugnação ou escoado o prazo, o juiz julgará o pedido ou designará audiência;
 		 III - Por fim, após a instrução, o juiz profere sentença.
 	 	Nesse sentido, o embargante há que se atentar para o disposto no art. 916 e parágrafos seguintes, que diz respeito das propostas e formas de pagamento, como formas de defesa nos embargos apresentados. 
 	 	“A regra, ao preservar o procedimento do CPC de 1973, silencia sobre o comparecimento das partes para a audiência de conciliação ou de mediação do art. 334. A ausência de previsão deve ser interpretada como
tomada de opção consciente do legislador de não submeter os embargos à execução ao procedimento comum, o que não impede, de qualquer sorte, que o magistrado, entendendo-a oportuna, designe audiência para aquele fim, fazendo-o com fundamento no inciso V do art. 139.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 564).
15. Pode o exequente impugnar a execução
 		 O exequente pode impugnar a execução para contestar os argumentos trazidos nos embargos como exposto no inciso I do art. 920 do CPC/2015
16. Embargos à execução. Ausência de impugnação - Efeitos da revelia.
 		 Doutrinadores digladiam-se em razão do enfoque que conferem à aplicação dos efeito da revelia no processo de Embargos à Execução. Para uma corrente, a não impugnação dos embargos enseja a aplicação dos efeitos da revelia; já para outros pensadores do direito a não apresentação da peça de impugnação aos embargos à execução não acarreta a aplicação dos efeitos da revelia.
 	 	 O grande processualista pátrio Humberto Theodoro Júnior5 apregoa que não ocorre, perante os embargos ao devedor, os efeitos da revelia, nos termos do art. 319, se o credor deixa de produzir sua impugnação no prazo do art. 740. Assim vejamos os argumentos que expõe 6 para justificar sua tese: “Primeiro, porque o credor não recebe uma citação tal como se dá no processo de conhecimento, em que lhe é feita a convocação para se defender, sob expressa cominação de presumirem-se verdadeiros os fatos articulados pelo autor, caso não seja contestada a ação (arts. 285 e 224, nº II).
 		 Segundo, porque a posição do credor, na execução, é especialíssima, pois, para fazer valer seu direito nada tem que provar, já que o título executivo de que dispõe é prova cabal de seu crédito e razão suficiente para levar a execução forçada até às últimas consequências. Para pretender desconstitui-lo, diante da presunção legal de legitimidade que o ampara, toca ao devedor embargante todo o ônus da prova. Assim, a não ser nos casos em que o embargante ofereça documentos e/ou prova indiciária e circunstancial capaz de permitir o imediato julgamento da ação de embargos não impugnada, a conduta a observar pelo juiz será a do art. 324, isto é, mesmo no silêncio do embargo, mandará intimar o embargante para especificar suas provas em cinco dias.” Continuando com sua argumentação o Conspícuo Processualista arremata ao final: “A sentença dos embargos, dessa maneira, é sempre proferida com base no que prova o devedor, e nunca por decorrência de silêncio ou inércia do credor.” O Juiz Federal Vallisney de Souza Oliveira, professor de direito processual civil da faculdade de direito da Universidade do Amazonas, em trabalho intitulado “O Procedimento dos Embargos do Devedor” (Fonte: www.abami.org.br/doutrina), igualmente sustenta que os efeitos da revelia não se operam no processo de embargos. Eis os seus apontamentos: “Os efeitos da revelia, comuns no processo de conhecimento, não operam no processo de embargos. O embargador é detentor de um documento forte e hábil a satisfazer a sua pretensão. A presunção em favor do título, judicial ou extrajudicial, impede que haja efeitos da revelia nessa espécie de embargos.” 5 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Processo de Execução e Processo Cautelar. 11ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 1993, p. 278. 7
 	 	Pela trilha do entendimento ora exposto envereda Marcus Faver ao asseverar que descabe a aplicação do principal efeito da revelia (a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor – devedor embargante) na ação incidental de embargos à execução, quando a mesma não é impugnada pelo credor embargado, haja vista a existência do “choque de presunções equivalentes”. 
 		 A tese defendida por Marcus Faver repousa na sombra dos argumentos em seguida delineados: “..., na realidade, o fato constitutivo do direito do autor dos embargos (o devedor), seria a ocorrência de uma circunstância suficiente e, convicentemente, demonstrada, capaz de desfazer, anular ou cortar os efeitos do título. Se ele não demonstrar sobejamente esse fato, inevitavelmente perderá os embargos pois o ônus da prova é exclusivamente seu. A simples presunção decorrente da revelia, na hipótese, seria, no entanto, absolutamente insuficiente para tal finalidade, pois, no caso, haveria uma outra presunção, em sentido oposto, a da certeza da dívida, emanda do título. Em tal caso, o máximo que se poderia admitir era o estabelecimento de uma dúvida, o qual, no entanto, seria insuficiente para a procedência dos embargos, porque, na verdade, a dúvida militaria contra quem deveria provar e não provou. Evidentemente, existindo duas ilações iguais, da mesma magnitude, de igual natureza e do mesmo valor, em sentidos opostos, elas se anulam, tal como na regra matemática (teoria dos conjuntos), onde dois conjuntos iguais, por possuírem os mesmos elementos (A = B), impedem o estabelecimento de uma ordem ou de uma prepondêrancia entre eles (1, 2, 3) = (2, 3, 1) e, quando em confronto ou em posição, como na subtração, se anulam (2 – 2 = 0).”
 	 	Nelson Godoy Bassil Dower 7 intrega a fileira dos que defendem a não aplicação dos efeitos da revelia nos Embargos à Execução: “Realmente, nas execuções não se aplica o princípio do art. 319 do CPC. Este preceito que diz respeito exclusivamente ao processo de conhecimento, não ao processo de execução, embora o legislador processual civil defira a aplicação 6 A Inocorrência da Revelia nos Embargos de Devedor. Revista de Processo. Nº 57, ano 15, janeiro-março de 1990, pp. 55/60. 8 subsidiária das disposições regentes do processo de conhecimento às execuções. Mas, como é óbvio, impôs requisito especial de admissão: sua compatibilidade com o processo de execução. Ora, a análise do referido art. 319 (“Se o réu não contestar a ação reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor”) demonstra a incompatibilidade deste princípio e o processo especialíssimo da expropriação dos bens do devedor, onde o credor já é detentor de título de dívida líquida e certo, que, para não vigorar, precisa ser desconstituída. Aliás, essa desconstituição só se faz por prova inequívoca, a cargo do embargante.” 
 		 Em que pese esta extensa argumentação feita por Nelson Godoy Bassil Dower, este doutrinador entra em contradição quando no volume nº 03 do seu curso de processo civil, ao tratar do procedimento dos embargos, fl. 291, ensina: “Recebidos, portanto, os embargos, o juiz mandará intimar o credor, não pessoalmente, mas através de seu advogado na ação de execução, para impugná-los no prazo de 10 dias. Essa impugnação representa uma defesa, devendo o credor apresentá-la, manifestando-se precisamente sobre os fatos narrados na inicial. Enfim, o embargado deve alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do embargante e especificar as provas que pretende produzir, sob pena de se presumirem como verdadeiros os fatos não impugnados.” (destacado) Com efeito, consoante esposado, exsurge gritante a discrepância de posicionamentos, acerca da matéria sub examine, contidos na obra do Professor Nelson Godoy B. Dower. Em um volume de sua obra preserva o entendimento da inaplicabilidade dos efeitos da revelia nos Embargos à Execução, todavia em um outro volume, ressalte-se, do mesmo curso, de forma clara e textual prega a aplicabilidade dos efeitos da revelia nos Embargos. Um ponto positivo decorre da apontada contradição em que incidiu o Prof. Nelson Godoy, qual seja, o da grande divergência doutrinária da matéria objeto do presente estudo. 7 DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Curso Básico. 1ª ed. – São Paulo: Nelpa, 1994, Vol. II, p. 106. 9 
 	 Na corrente dos doutrinadores que entendem pela aplicação dos efeitos da revelia nos Embargos à Execução, de logo, merece referência os apontamentos emanados da pena do festejado Araken de Assis. Seus inexoráveis ensinamentos assim encontram-se dispostos: “Seja como for, os embargos suscitam o problema da existência de revelia e
dos seus efeitos. Natural se afigura que, inexistindo impugnação nos embargos, o embargado seja considerado revel. E isso, porque a revelia se caracteriza pelo estado objetivo da falta de resposta. A terminologia empregada pelo art. 740, caput, em nada interfere com o fato de o embargado permanecer inerte perante a demanda. A ênfase da controvérsia recai, ao revés, nos efeitos que derivam desse estado.”
 	 	No passo seguinte o renomado processualista desfecha os fundamentos que estribam seu entendimento: “De um modo geral, os motivos invocados para rejeitar o efeito material da revelia se ostentam obscuros e pouco críveis. Por exemplo, a falta de advertência do réu (art. 285, 2ª parte), a posição especial do embargado, encastelado no título executivo, e a inadmissibilidade da invocação dos arts. 319 a 322, com fundamento no art. 598, porque o art. 740, parágrafo único, representa norma explícita e diversa do art. 330, II. É verdade que o título confere certeza ao crédito e, ao credor, uma posição de nítida vantagem, ensejando a atuação dos mecanismos executivos na esfera jurídica do devedor. Mas, à toda evidência, semelhante situação se adscreve ao próprio processo executivo, e somente a ele, não se transportando, simplesmente, aos embargos, que visam desfazer o título. Assim, a certeza, reconhecível no título, é relativa. O aviso ao réu, contemplado no art. 285, 2ª parte, inexiste na reconvenção (art. 316) e, quanto a ela, se admitem os efeitos da revelia. (...). Ademais, o fato de o art. 740, parágrafo único, deixar prever a incidência do art. 319 e, conseguintemente, a do art. 330, II, nenhum relevo particular assume, no campo da aplicação subsidiária (art. 598), porque ele, decididamente, não trata da inércia do embargado. Ao contrário, a lacuna autoriza a invocação das normas gerais concernentes à revelia.” 8 Manual do Processo de Execução. 8ª ed. – São Paulo: RT, 2002, pp. 1274 e 1275. 10 
 	 	Por fim, Araken de Assis fecha seu raciocínio: “Examinando o problema dentro do sistema, conclui-se que, em tese, os efeitos apontados se produzirão nos embargos. E, na prática, um exemplo radical chancela a conclusão: alega o devedor de título judicial a nulidade de citação (art. 741, I), porque citado homônimo, e o embargado deixa de impugnar. Como é possível negar presunção de veracidade a este fato, seguida do julgamento antecipado a favor do embargante ?” Prosélitos da tese ora esboçada, todos citados por Araken de Assis, são: José Frederico Marques, Calmon de Passos, Pontes de Miranda, Moacyr Amaral Santos, Paulo Furtado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Vicente Greco Filho e Rita Gianesini. Urge por bem, ainda, fazer menção a uma terceira tese, esta situada em um terreno intermediário entre as proposições anteriormente aventadas. O saudoso Theotonio Negrão, em notas de rodapé do Código de Processo Civil9 , emite o seguinte entendimento - “parece, todavia, mais aceitável a tese de que, neste caso, as questões de fato não contestadas devem ser reputadas verdadeiras, segundo a versão do embargante (Lex-JTA 152362), com a condição de não estarem em contradição com o título executivo que deu ensejo à execução (JTA 65/252), cabendo ao julgador ‘examinar objetivamente a prova, joeirando-a apesar da confissão ficta, pois que outra presunção, não menos relevante, é a da liquidez e certeza da dívida instrumentada pelo título executivo preconstituído” (RTFR 89/103). Por outras palavras, existe uma presunção legal, relativa, de veracidade dos fatos alegados pelo embargante (RT 603/129)”. 
 	 Theotonio Negrão condiciona a aplicação do efeito previsto no art. 319 do CPC à hipótese de os fatos trazidos pelo Embargante não se posicionarem em contradição com o título executivo, já que este carrega com sigo a relevante presunção da liquidez e certeza da dívida sobre a qual calca-se o processo executivo.
17. Reconhecimento do débito e parcelamento
 
 	Quando comprovado o depósito de 30% da valor executado, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
 	 	Com o parcelamento, há expressa renúncia ao direito de oposição dos embargos.
 	 	Enquanto o Juiz não analisar o requerimento, o executado deve seguir depositando o restando dos valores que vierem a vencer, facultado ao exequente seu levantamento.
 	 	Cabe destacar que o não pagamento de alguma parcela, acarreta cumulativamente:
 	 	I - o vencimento antecipado das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos;
 	 	II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas.
 	 Cabe por fim destacar, que o parcelamento da forma que foi exposto não se aplica aos casos de cumprimento da sentença.
 	“Prevaleceu, na versão final, o modelo do CPC de 1973, de que se trata de verdadeira moratória, não subsistindo a viabilidade de o exequente opor à concessão outros elementos que não os previstos no caput do art. 916. Além disso, os parágrafos fornecem disciplina mais bem acabada querendo responder a fundadas discussões que o art. 745-A do CPC de 1973 acabou por suscitar não só na doutrina e na jurisprudência, mas também na prática do foro. (…) O § 6º, originário do Projeto do Senado, dispõe que o pedido de parcelamento significa renúncia ao direito de o executado embargar à execução. A regra é compatível com o ‘modelo constitucional’ e não atrita com o inciso XXXV do art. 5º da CF porque o pedido do art. 916 deve ser compreendido como verdadeira escolha do executado. Se optou pela moratória, não pode, depois, pretender embargar à execução. Por fim, o § 7º faz expressa (e, com o devido respeito, infeliz) opção quando à inaplicabilidade do instituto ao cumprimento de sentença. Curioso, não custa destacar, que a moratória é aplicável à ação monitória nas condições enunciadas pelo § 5º do art. 701. O Projeto da Câmara previa a recorribilidade da decisão que deferia ou da que indeferia o parcelamento por agravo de instrumento. O silêncio do artigo aqui anotado sobre o assunto é, de qualquer sorte, indiferente. À hipótese deve prevalecer o disposto no parágrafo único do art. 1.015.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 559-560).
 	Abaixo os Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que se referem a este artigo:
 		 – Enunciado n.º 331 do FPPC: O pagamento da dívida objeto de execução trabalhista pode ser requerido pelo executado nos moldes do art. 916.
 
18. Da Jurisprudência
 	Ao revés da doutrina, na jurisprudência não encontramos discrepâncias em volta da matéria dos efeitos da revelia em sede de embargos à execução. Os tribunais pátrios, merecendo entre estes realces o STJ, em uníssona voz, proclamam a inexistência dos efeitos da revelia em embargos. Os arestos em seguida transcritos descrevem bem o pensamento jurisprudencial. “EMBARGOS À EXECUÇÃO. REVELIA. - A não impugnação aos embargos do devedor não faz presente o efeito da revelia estampado no art. 319 do Código de Processo civil. - Recurso especial não atendido.” (REsp nº 23177/PR, DJ de 03/05/1993, por unanimidade, p. 7800, STJ, Rel. Min. PONTES DE ALENCAR) 
 	 “PROCESSO CIVIL – CORREÇÃO MONETÁRIA – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – CERCEAMENTO DE DEFESA – ART. 611 DO CPC – PRELIMINAR –APLICAÇÃO DO ART. 319 DO CPC – HONORÁRIOS. 1. Em execução e nos embargos não há revelia, e, como tal, não se aplica ao ausente a pena de confesso. (...).” (AC nº 01000176278, DJ de 24/09/1999, à unanimidade, p. 930, TRF – 1ª Região, 4ª Turma, Relª. Desembargadora Federal ELIANA CALMON) 
 	 	“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO ACOLHIDOS. INADMISSIBILIDADE DA EXTINÇÃO DO RPOCESSO EXECUTIVO PELO 9 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 33ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002, p.401. 12 PAGAMENTO PARCIAL. É DEVIDA A CORREÇÃO MONETÁRIA ENTRE A DATA DO CÁLCULO E O EFETIVO PAGAMENTO
DO PRECATÓRIO. OS EFEITOS DA REVELIA NÃO SE PRODUZEM EM SEDE DE EMBARGOS À EXECUÇÃO. (...); 2 - A ausência de impugnação por parte do Embargado não importa em reconhecimento tácito da procedência do pedido, pois os efeitos da revelia não se produzem no âmbito dos Embargos à Execução diante da presunção inerente ao título executivo, mormente em se tratando de matéria de direito, em razão do princípio do iuri novit curia. (...).” (EDAC nº 126746/RJ, DJ de 16/06/2003, decisão unânime, p. 159, TRF – 5ª Turma, Rel. Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA) 
 	 	“PROCESSUAL CIVIL – EMBARGOS À EXECUÇÃO – FALTA DE IMPGUNAÇÃO – INOCORRÊNCIA DE REVELIA – PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO. I - Não se verificam os efeitos da revelia no processo de embargos à execução. II - Sendo a execução contra a qual se opõem os embargos fundada em título executivo pré-constitiuído, dotado dos requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade, não há como se presumir como verdadeiros os fatos alegados pelo embargante, sem a apreciação de suas alegações em cotejo com o título executivo que ensejou a execução. (...).” (AC nº 277992/RJ, DJ de 31/05/2002, por unanimidade, TRF – 2ª Região, 1ª Turma, Rel. Desembargador Federal NEY FOSNECA)
 	 	Frente ao exposto, às escâncaras, sobressai indene a toda dúvida o posicionamento pacífico da Jurisprudência, no sentido de que, em sede de embargos à execução, a falta de impugnação não dar ensejo a aplicação da pena de confesso prevista no art. 319 do CPC. 13 Há, no entanto, que se ponderar que muitas destas decisões referem-se a casos em que a Fazenda Pública figurava na condição de Exeqüente/Embargada, e obviamente, em obediência ao comando inserto no art. 320, II, do CPC, não se aplica o efeito estatuído no art. 319. A não incidência dos efeitos da revelia em face da Fazenda Pública foi inclusive matéria sumulada pelo ex-TFR ao dispor que “a falta de impugnação dos embargos do devedor não produz, em relação à Fazenda Pública, os efeitos da revelia”.
 19. Confronto de teses quanto ao efeito revelia em embargos a execução
 	Os adeptos da corrente doutrinária que perfilha o entendimento de que em sede de Embargos à Execução inocorre a revelia, assim o fazem basicamente calcados nos seguintes argumentos: 1º) ausência de citação do credor para apresentar defesa, com a advertência da aplicação da pena de confesso caso não seja contestada ação; 2º) posição privilegiada do credor na execução, uma vez ser portador de título líquido, certo e exigível; 3º) a sentença dos embargos é prolatada com espeque na prova produzida pelo devedor/embargante, e jamais em função do silêncio do credor/embargado; 4º) a presunção em favor do título, judicial ou extrajudicial, põe óbice a aplicação dos efeitos da revelia nos embargos; 5º) o art. 319 do CPC é preceito que diz exclusivamente ao processo de conhecimento.
 	Por outro lado, aqueles que entendem pela aplicação dos efeitos da revelia utilizam os argumentos em seguida expostos como sustentáculos da tese que advogam, vejamos então: 1º) a falta de resistência a uma pretensão posta em juízo suscita a existência de revelia e dos seus efeitos, não sendo, portanto, os Embargos exceção à regra; 2º) o emprego pelo art. 740, caput, do CPC da expressão “impugnação”, ao invés de citação, em nada interfere com o fato de o Embargado permanecer inerte perante a demanda; 3º) relatividade dos atributos da certeza, liquidez e exigibilidade do 14 título de crédito; 4º) previsão contida no art. 598 do CPC autoriza aplicar subsidiariamente, no processo de execução, as disposições que regem o processo de conhecimento.
 	 	Das teses doutrinárias esposadas, entendo que a que empunha a bandeira da aplicação dos efeitos da revelia, em sede de Embargos à Execução, melhor se posiciona dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
 	 	A vulnerabilidade da corrente que sustenta a impossibilidade de aplicação dos efeitos da revelia é tanta que não subsiste às mais singelas críticas. Vejamos, então, de per si, cada um dos pontos que embasam a cogitada tese:
 	 	a) falta de citação do credor para apresentar defesa, com a admoestação da aplicação da pena de confesso em caso de inércia. - Não vejo como possa a ausência de citação pôr óbice à aplicação dos efeitos da revelia. É que o procedimento dos Embargos à Execução não contempla essa espécie de comunicação de ato judicial, pois o Código de Processo Civil, por seu art. 740, estabeleceu que o Embargado/Credor será tão somente intimado. Ademais, vejo que por ser a Ação de Embargos à Execução um incidente do processo de execução, despiciendo se torna comunicar a parte adversa do ajuizamento dos embargos via ato de citação, sendo suficiente apenas mero ato de intimação, como preconizado, uma vez que o Credor ao dar início ao processo de execução obviamente já prevê uma possível interposição de Embargos, sem olvidar ainda do fato de que o Credor já se encontra devidamente representado por advogado.
 	 	b) posição privilegiada do credor no processo de execução, por portar título líquido, certo e exigível. – Os atributos da liquidez, certeza e exigibilidade ostentam presunção juris tantum. Sob este prisma, a cogitada posição privilegiada do Credor afigura-se relativizada. O mero fato de o Credor carregar com sigo um título executivo não lhe outorga o sacrossanto direito de submissão do Devedor a todas as suas vontades, pois se tal fato fosse verdadeiro nosso ordenamento jurídico sequer admitiria a exceção de pré-executivade e os próprios Embargos à Execução. Sendo os Embargos à 15 Execução um instrumento de defesa de que lança mão o Devedor, já que tem por objeto desconstituir o título, sinaliza o ordenamento jurídico no sentido da relativização dos atributos do título que embasa o processo de execução, pois do contrário, se fosse para tê-los como absolutos, é certo que a Ação de Embargos à Execução não encontraria espaço dentro do nosso direito. 
 	c) aplicação exclusiva do art. 319 do CPC ao processo de conhecimento. – Este fundamento não prospera, haja vista que em nenhum momento o Código de Processo Civil fez essa previsão. É lição comezinha da hermenêutica jurídica a regra que estabelece que “onde a lei não distingüiu não cabe ao intérprete distingüir”. Com efeito, inexistindo exclusão legal da aplicação do art. 319 do CPC ao processo de Embargos, não vinga a afirmativa de sua inaplicabilidade nos Embargos à Execução. Por outro lado, a incidência do comando contido no art. 319 ganha fôlego ao recorremos ao art. 598, igualmente do CPC, que determina a aplicação subsidiária das disposições que regem o processo de conhecimento ao processo de execução. 
 	 	 d) a sentença dos Embargos é prolatada com esteio na prova produzida pelo Embargante. – Esta afirmativa espelha a verdade apenas na hipótese quando o Embargado apresenta a peça de impugnação, posto que a prova cabe a quem algo alega. Entrementes, havendo inércia do Embargado quanto ao oferecimento de impugnação, tal prova já não mais se mostra tão necessária, já que o silêncio do Credor leva o julgador a aplicar a pena de confesso, face ao descumprimento de um ônus processual que toca a todo aquele que é demandado em Juízo, sem exceções. Aqui, ainda corrobora o pertinente aforismo “quem cala consente”. À vista do exposto, exsurge indene a toda dúvida a aplicação dos efeitos da revelia nos Embargos à Execução, em especial o seu principal efeito, a presunção da veracidade dos fatos alegados quando não contestada a ação, comando este contido no art. 319 do CPC.
 	 	Conclusão
 	 	Em vistas do conteúdo exposto, os embargos são utilizados como defesa por quem sofre um processo de execução forçada, até mesmo quando se tratar de uma execução promovida pela fazenda pública. No segundo caso, há de se atentar para as diferenças procedimentais que, embora sutis, trazem consequências práticas importantes.
 	 	Concluímos, portanto que a ação de execução é baseada em título executivo que tem presunção de certeza. Apesar desta presunção, deve ser oportunizados meios para que o
réu possa contraditar tal título.
 	 	O principal meio são os embargos à execução, que, em alguns casos, poderão até mesmo suspender o processo de execução.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFRICAS:
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DOWER, Nélson Godoy Bassil. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Curso Básico. 1ª edição. São Paulo: Nelpa, 1994, Vols. II e III.
MARQUES, José Frederico. Manual de Direito Processual Civil. 2ª edição atualizada. São Paulo: Millennium, 1998, Vol. II. 
NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil. 33ª edição. São Paulo: Saraiva, 2002.SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 9ª edição. São Paulo: Saraiva, 1984.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL.Processo de Execução e Processo Cautelar. 11ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 1993, Vil. II.
ALVES, Renato de Oliveira. Execução fiscal: comentários à Lei nº 6.830, de 22/09/1980. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.
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FAVER, Marcus. A Inocorrência da Revelia nos Embargos de Devedor. Revista de Processo. Nº 57, ano 15, janeiro-março de 1990.
FERNANDES, Raimundo Nonato. Revelia e outros problemas de processo civil. Revista de Processo. Nº 20, ano 05, outubro-dezembro de 1980.

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