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LEGISLAÇÃO PARA ASSISTENCIA SOCIAL


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LEGISLAÇÃO PARA ASSISTENCIA SOCIAL
O sistema de proteção social vigente até a CF/88 tinha caráter exclusivamente contributivo e, destinava a atenção àqueles que formalmente se colocavam no mercado de trabalho, mantendo os demais no voluntarismo da sociedade.
Entretanto, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, onde a Assistência Social é enquadrada como Política Pública de Direito do cidadão e dever do Estado, inúmeros avanços foram considerados no conceito de proteção social.
No decorrer dos últimos 20 anos, a política voltada para a assistência social recebeu uma regulamentação viável. 
Em 1993, cinco anos após a Constituição Federal, foi aprovada a LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), que instituiu a Assistência Social como um direito social não contributivo, e estabeleceu princípios e diretrizes, bem como a proteção social a ser garantida por meio de serviços e benefícios, organizando-se posteriormente outras regulações, especialmente a PNAS – Política Nacional de Assistência Social e as NOB/SUAS, Norma Operacional Básica. 
Em sua versão original, a LOAS não apresenta com clareza a forma de organização da Assistência Social, que foi posteriormente estabelecida na PNAS – Política Nacional de Assistência Social (2004). No entanto aponta para a implantação do benefício de prestação continuada – BPC, previsto na CF, e importantes diretrizes que impactam nos aspectos da gestão e do financiamento da Política, instituindo obrigações aos Estados e Municípios para o recebimento de recursos federais.
Ao se fazer uma leitura sobre o Benefício de Prestação Continuada, nota-se como é importante o benefício de caráter monetário e continuado, destinado ao idoso e pessoa com deficiência que comprove impossibilidade de manter a própria subsistência ou tê-la mantida por sua família, independente de contribuição, ele é constitutivo da Pnas (Política Nacional de Assistência Social) e integrado às demais políticas setoriais, e visa ao enfrentamento da pobreza, à garantia da proteção social, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais, nos moldes já definidos no art. 2º, parágrafo único, da Lei 8.742/1993.
Ainda falando sobre benefícios, a LOAS estabeleceu a concessão dos benefícios eventuais, inicialmente com o intuito de garantir o pagamento do auxílio por natalidade ou morte, retirados então, da Previdência Social e, posteriormente com seu conceito ampliado, para atender necessidades emergenciais, de caráter suplementar e provisório, dando caráter institucional e público à tradicional pratica de concessão voluntária e esporádica de recursos materiais em forma de ajuda.
Benefícios eventuais foram regulados pelo Decreto nº 6.307, de 14 de dezembro de 2007, que passa aos Municípios a competência de sua regulação em âmbito local, de acordo com as diretrizes federais.
Quanto aos aspectos relativos à gestão da política, a LOAS dispõe a descentralização da assistência social, definindo obrigações entre a União, Estados, Municípios e Distrito Federal, e demarcando o Município como ponto privilegiado das ações e atenções a ser oferecidas aos cidadãos.
Nas diretrizes estabelecidas no art. 5º da LOAS, é viável destacar o Art. 5º, que em seu texto traz a organização da Assistência Social segue algumas diretrizes, como a descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e a participação da população na formulação das políticas sociais, e para tanto, a LOAS propõe a criação dos Conselhos de Assistência Social: Nacional, Estadual, Distrito Federal e Municipal, tendo como função, dentre outras, a aprovação de planos de ação sendo executado pelo órgão gestor da política, a fiscalização da execução, a aprovação de utilização dos recursos, que deverão estar depositados Fundos de Assistência Social.
É de suma importância ressaltar que os Conselhos de Assistência Social são domínios deliberativos do Sistema Único da Assistência Social, respaldado em lei, formados por representantes do Governo, da sociedade civil, dos trabalhadores da política e dos usuários, e desempenha o controle social da política de assistência social. 
Vale ressaltar, ainda, a relevância da Lei 12.435 de 2011, que alterou de forma importante a LOAS, incluindo nela o SUAS, as unidades de referência, a organização de serviços e programas socioassistenciais na legislação nacional, conferindo a ele o caráter de Política de Estado. 
Mesmo sendo criado anteriormente pela Política Nacional de Assistência Social – PNAS em 2004, o SUAS não possuía força de lei, para vincular Estados e Municípios à sua implementação. A PNAS foi proposta pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovada por meio de resolução do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, mesmo sendo este órgão legalmente instituído para este fim. 
Entre tantos eixos estruturantes, a territorialização e a descentralização das ações são responsabilidades dos Municípios, propondo um rompimento de ações fragmentadas focando no indivíduo, possibilitando uma nova concepção de família dentro de um espaço privilegiado de proteção social com o auxilio do Estado, buscando um fortalecimento de sua capacidade protetiva.
A PNAS ainda confere à LOAS a organização das formas de financiamento da política e o controle social, buscando o fortalecimento em caráter público da política, apontando para planejamento e diagnostico, de forma a dar subsídios para sua ação preventiva, instituindo a Vigilância Social, que tem por finalidade a produção, sistematização de informações, de indicadores territorializados das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre famílias e indivíduos. 
Por fim, reconhece o caráter da profissionalização da política, rompendo com o voluntarismo e ações sem direcionamento técnico, e para tanto aponta para a necessidade de uma política de capacitação que promova educação permanente e qualificação continuada dos quadros de Recursos Humanos do SUAS, privilegiando e valorizando o serviço público e seu acesso por meio de concurso, como forma de garantir construção de vínculos, continuidade do trabalho e redução da precarização na prestação dos serviços.
Ao analisar os instrumentos de aprimoramento de gestão do SUAS, nota-se a fixação dos prazos para elaboração dos planos de assistência social, que deverão estar vinculados aos Planos Plurianuais (PPA), definindo ainda a estrutura mínima para sua elaboração. Como forma de dar efetividade aos planos e acompanhar sua execução, a NOB cria os pactos de aprimoramento que devem ser firmados entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de forma a acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas de cada ente federado.
De fato a Constituição Federal, onde rompe com o ciclo de ausência de Ações Pública na atenção ao cidadão, ganha a LOAS, que com princípios orgânicos, mas não menos significativos, considerando seu momento histórico, rompe com a prática assistencialista, trazendo a assistência social ao patamar de política pública.
O destaque a esta trajetória acontece, mesmo em 2004, 16 anos depois da Constituição Federal, que ainda que tardia, avança para dar executoriedade à política, com a criação do SUAS, estabelecendo definitivamente a vocação da Assistência Social, sua operacionalização, financiamento e formas de organização dos serviços. Apesar de não ter sido aprovada como lei, foi importante e necessária para que a Política de Assistência Social assumisse sua própria identidade, saindo da transversalidade das demais políticas, como atenção subsidiária aos pobres.

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