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Método em Keynes

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METODOLOGIA DA ECONOMIA: O MÉTODO 
EM KEYNES 
 
 
 
Prof. Dr. Altacir Bunde 
E-mail: altacirbunde@unipampa.edu.br 
Santana do Livramento, abril de 2019 
mailto:altacirbunde@unipampa.edu.br
KEYNES 
Compreende a economia como uma ciência 
voltada para a ação e o conhecimento dos 
agentes específicos como incertos. 
Surge neste sentido, a importância da 
persuasão na impossibilidade da demonstração 
científica. 
Posição que tem sua raiz convergindo para uma 
visão dialética. 
O pluralismo metodológico. 
ABORDAGENS TRADICIONAIS SOBRE O MÉTODO DE 
KEYNES E O MÉTODO KEYNESIANO DE KREGEL. 
Compreende a economia como uma ciência 
voltada para a ação e o conhecimento dos 
agentes específicos como incertos. 
Surge neste sentido, a importância da 
persuasão na impossibilidade da demonstração 
científica. 
Posição que tem sua raiz convergindo para uma 
visão dialética. 
O pluralismo metodológico. 
ABORDAGENS TRADICIONAIS SOBRE O MÉTODO DE 
KEYNES E O MÉTODO KEYNESIANO DE KREGEL. 
Adota a exposição de Carabelli, onde fala que, até 
a década de 1930, a economia não possuía um 
método completamente codificado, e, até a década 
de 1960, os críticos de Keynes não davam 
importância à questão do método em sua obra. 
O ressurgimento deste interesse se deu a partir dos 
anos 70. 
Para Carabelli, foi a obra de Coddington sobre a 
economia keynesiana que trouxe à luz a ideia de 
que Keynes tinha um método próprio. 
 Sistematizando as abordagens tradicionais que 
conduziram à desconsideração do que seria o 
método próprio em Keynes, Carabelli aponta 
três origens da questão: 
1) A alta concentração dos analistas de Keynes 
apenas na Teoria Geral (1936); 
2) A tentativa de rápida assimilação das ideias 
econômicas à nova ortodoxia (síntese 
neoclássica); 
3) A separação da doutrina de Keynes de seu 
método. 
 Completando as três alternativas expostas 
anteriormente e referidas por Carabelli, a 
autora referencia o trabalho sobre o método 
keynesiano de Kregel (1976). 
 Kregel afirma que a metodologia adotada por 
Keynes para analisar um mundo incerto foi a 
de fazer hipóteses alternativas sobre os 
efeitos da incerteza e da frustração de 
expectativas, e não em termos de seu 
questionamento. 
 A discussão sobre o método em Keynes só 
prosperou quando as interpretações da 
síntese neoclássica foram afastadas, pois 
esta eliminou o conceito chave da 
construção teórica da Teoria Geral. 
 Verificam-se também rupturas no campo 
epistemológico da filosofia da ciência 
neopositivista. 
 Tal ambiente conduz a uma retomada do tema 
e, para isto, foram fundamentais as 
contribuições de Kuhn, Lakatos, Musgrave e, 
mais recentemente, Feyerabend. 
 Atualmente, busca-se no movimento do 
“keynesianismo filosófico” (Andrade, 2000) um 
novo tratamento para a questão do “método” 
de Keynes, enquadrando os seus principais 
conceitos, todos relacionados com a questão 
do conhecimento sob a incerteza, do ponto de 
vista filosófico. 
O MÉTODO DE KEYNES E AS 
CONTROVÉRSIA ATUAIS - MÉTODO 
Não é fácil identificar afirmações que remetem a 
metodologia nas teorias de Keynes. 
É preciso recorrer a escritos anteriores para 
perceber uma preocupação ao método, como 
em seu “Tratado sobre a probabilidade”. 
Tal trabalho foi considerado, por Carabelli, a 
origem da metodologia econômica de Keynes. 
 Contém uma proposta metodológica 
coerente e original, em contraste com a 
natureza e os desenvolvimentos do 
positivismo lógico de Russel. 
 A evolução entre as primeiras versões e sua 
versão final de o “Tratado sobre a 
Probabilidade”, segundo a autora, foi uma 
opção de Keynes de não entrar em conflito 
com a corrente lógica hegemônica. 
 “ Se o método era tão importante para Keynes, por 
que não tratou dele explicitamente em seus 
escritos econômicos? ” 
 Sendo o método o mesmo usado em “Tratado 
sobre a Probabilidade”, Keynes não achou 
necessário aprimorá-lo, pois era avançado em 
relação ao padrão da época. 
Na medida em que a conexão entre a teoria e a 
prática era um princípio do próprio método, a 
declaração de posições de métodos exclusivos 
seria uma contradição. 
 “ Em contraste com com o padrão positivista, para 
keynes, era impossível isolar a prática real e de 
seu contexto, valendo o mesmo para a prática. 
Carabelli ainda aponta a continuidade clara 
da metodologia que foi aplicada no 
“Tratado sobre a Probabilidade” em obras 
posteriores: 
 
“Tratado sobre a Moeda” 
“Teoria Geral” 
CONTROVÉRSIAS ATUAIS 
Dentro do keynesianismo Filosófico, aceita a 
hipótese de existência de um método próprio. 
Discute-se se há continuidade ou ruptura em 
sua abordagem metodológica dos primeiros 
trabalhos à “Teoria Geral”. 
Adoção da hipóteses atomística ou da 
organicista na abordagem metodológica de 
Keynes. 
 Também há controvérsia sobre o estatuto da 
racionalidade keynesiana, incluindo posições 
que apontam a irracionalidade das crenças e 
outras que apelam para a noção aristotélica de 
“razão contingente”. 
 Por fim Carabelli destaca que “a abordagem 
keynesiana buscou formas de racionalidade não 
apenas no trabalho científico, mas também em 
opiniões práticas e convenções”. 
CONSIDERAÇÕES 
Tentativa de relacionar Keynes com uma visão 
de mundo dialética mostrando que modelos 
científicos não podem ser atemporais. 
Noção de probabilidade Keynesiana se 
contrapõem a probabilidade frequencial 
matemática que reduz a incerteza do risco 
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO 
PENSAMENTO DE KEYNES 
 
 GENTIL CORAZZA 
Keynes supera o individualismo 
metodológico? 
 Keynes mudou sua concepção de realidade, passando 
de uma visão atomista, herdada da tradição 
neoclássica, em que o indivíduo é o elemento 
constitutivo fundamental e irredutível da realidade, para 
uma visão organicista, em que a realidade forma um 
todo orgânico maior que a soma das partes e não 
redutível a elas. 
 O elemento mais forte para comprovar esta conclusão é 
o conceito de macroeconomia, concebida como uma 
ciência social, um campo autônomo do conhecimento, 
governado por leis próprias, que não necessita, por 
isso, de micros fundamentos. Ou seja, os resultados 
macroeconômicos não se explicam pelo somatório dos 
resultados das ações microeconômicas individuais. 
 
Método indutivo e método dedutivo 
 Qual o método mais adequado para a ciência econômica, o 
indutivo experimental ou o lógico dedutivo? 
 A complexidade do pensamento de Keynes leva-o a 
ultrapassar esta dicotomia simplista que opõe indução e 
dedução, experiência e razão. 
 Keynes evitou os extremos simplificadores do empirismo e 
do racionalismo. A experiência é fundamental para a 
formulação de hipóteses realistas, embora não se possa, 
através dela, comprovar a veracidade das mesmas. 
 Por outro lado, o caminho do racionalismo abstrato, apesar 
de coerente e lógico, mostra-se insuficiente para fundar 
uma ciência social como é a economia. 
 Keynes acusou a teoria neoclássica de ser apenas uma 
construção lógica de pouca validade para o conhecimento 
da realidade econômica e social de seu tempo. 
Modernidade e pós-modernidade da ciência 
econômica 
 A visão de conhecimento e de ciência de Keynes se 
aproxima mais da visão moderna ou da visão pós-
moderna? 
 Há elementos tanto de uma visão moderna como de 
uma visão pós-moderna. 
 Keynes viveu num período de transição entre o que se 
poderia chamar de época moderna e época pós-
moderna. 
 A teoria neoclássica, em que Keynes se formou, traduz 
as principais características de uma ciência moderna. 
 No entanto, as dificuldades associadas à questão 
central da incerteza, na teoria de Keynes, bloqueiam 
qualquer pretensão de se chegar a um tipo de 
conhecimento preciso, certo, verdadeiro e irrefutável 
Keynes lida com um tipo de “conhecimento 
incerto”, relativo, fragmentado e provisório, 
típicos de uma visão pós-modernade ciência. 
No entanto, isto não leva Keynes ao ceticismo. 
Ao contrário, ele acredita no progresso da ciência 
e da sociedade. 
Para lidar com a incerteza, ele recorre às 
instituições e para lidar com a instabilidade, ele 
recorre ao Estado, elementos da modernidade. 
 
Ciência, persuasão e retórica 
 A Retórica em Keynes não é um elemento acessório, 
mas se constituiu uma preocupação permanente e 
perpassa toda a teoria de Keynes. 
 Keynes não se preocupou unicamente em formular uma 
teoria, mas em intervir na realidade, através da política 
econômica e a retórica se constituiu num instrumento 
auxiliar para convencer economistas, governo e 
sociedade da necessidade de mudar a política. 
 Por isso, o discurso científico de Keynes é sempre 
um discurso persuasivo e retórico. 
 Quando percebia que seus argumentos não eram 
suficientemente persuasivos, reforçava os fundamentos 
teóricos de seus argumentos, a fim de poder melhor 
convencer seus interlocutores. 
 
Referencias 
CORAZZA, G. Aspectos metodológicos do pensamento de 
Keynes. Trabalho apresentado no II Encontro Internacional da Associação 
Keynesiana Brasileira – Setembro/2009. Disponível 
em: http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf 
SOUZA, M. A. G. de. Método e visão de mundo em Keynes: uma abordagem 
alternativa. In, CORRAZA, G. (org) Método da Ciência Econômica. Porto 
Alegre: UFRGS, 2003. 
Fernando Ferrari Filho Fábio Henrique Bittes Terra. Reflexões sobre o método 
em Keynes. Revista de Economia Política, vol. 36, nº 1 (142), pp. 70-90, 
janeiro-março/2016 
http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf
http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf
http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf
http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf
http://www.ppge.ufrgs.br/akb/encontros/2009/62.pdf
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