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MÓDULO 3 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Olá, cursista! Bem-vindo(a) ao terceiro módulo Farmacologia, parada cardiorres- piratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério do curso de Atualiza- ção para enfermeiros em cuidados intensivos a pacientes críticos com Covid-19. Neste módulo você terá a oportunidade de realizar uma breve revi- são sobre os medicamentos mais frequentemente utilizados e seus respectivos cuidados, nos pacientes com Covid-19. Também conhe- cerá os principais cuidados de enfermagem durante uma parada cardiorrespiratória e as especificidades do Covid-19 na gravidez e puerpério. Como trata-se de uma doença nova, e que inúmeras pesquisas es- tão sendo realizadas, muitas informações são atualizadas frequen- temente. Desta forma, é importante ressaltar que mesmo durante a realização deste curso você deve ficar atento a novas informações científicas que podem surgir a qualquer momento. APRESENTAÇÃO Estrutura do Módulo Para este módulo inicial organizamos as unidades com os assun- tos a seguir: Unidade 3.1 – Farmacologia básica (drogas, diluições, aprazamen- tos, entre outros). Unidade 3.2 – Atendimento na PCR: protocolo, medicamentos e infusões, reanimação cardíaca e oxigenação, intubação orotraque- al; noções básicas de ECG. Unidade 3.3 – A Covid-19 na gravidez e no puerpério. SUMÁRIO Módulo 3: Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério 13 24 05 UNIDADE 3.1 – Farmacologia básica (drogas, diluições, aprazamentos, entre outros). UNIDADE 3.2 – Atendimento na PCR: protocolo, medica- mentos e infusões, reanimação cardíaca e oxigenação, in- tubação orotraqueal; noções básicas de ECG. UNIDADE 3.3 – A Covid-19 na gravidez e no puerpério. 4 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério UNIDADE 3.1 – Farmacologia básica (drogas, diluições, aprazamentos, entre outros) Nesta unidade você irá reconhecer os principais fármacos indi- cados na terapia aos pacientes suspeitos de Covid-19, bem como nos casos graves de infecção pelo coronavírus. Ainda não há evidências de ensaios clínicos randomizados (ECR) que apontem uma terapia potencial que tenha apresentado me- lhora aos resultados de pacientes com suspeita ou confirma- ção de Covid-19. Também não há dados de ensaios clínicos que apoiem qualquer terapia profilática. Mais de 300 ensaios clínicos ativos em tratamento encontram-se em andamento (SANDERS et al., 2020). A OMS declarou explicitamente que não existe evidên- cia de ensaios clínicos randomizados que recomende tratamento específico para casos suspeitos ou confirmados de infecção por Covid-19 (WHO, 2020). Até o momento, existem vários estudos em elaboração ou ainda sendo registrados, no intuito de identificar potenciais tratamentos da Covid-19. Em Março de 2020 a OMS anunciou o início de um estudo multicêntrico chamado Solidarity (Solidariedade) para tes- tar medicamentos com atividade antiviral contra o SARS-CoV-2. Esse estudo se propõe a avaliar quatro diferentes tratamentos: um composto antiviral experimental chamado remdesivir; os medica- mentos contra a malária cloroquina e hidroxicloroquina; uma com- binação de dois medicamentos para o HIV, lopinavir e ritonavir; e a mesma combinação anterior associada ao uso de interferon- -beta, um mensageiro do sistema imunológico que pode ajudar a paralisar os vírus. Introdução Terapias medicamentosas utilizadas na Covid-19 Frente ao rápido avanço da pandemia gerada pelo vírus da Síndro- me Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) pelo mundo, poucos estudos trouxeram evidências relevantes sobre o tratamento far- macológico contra o coronavírus. Diante desse fato, é necessária Se você quiser conhecer as Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da COVID- acesse no link http://rbti.org.br/ imagebank/pdf/ RBTI-0188-20- Diretrizes-18.05. pdf Aprofunde http://rbti.org.br/imagebank/pdf/RBTI-0188-20-Diretrizes-18.05.pdf http://rbti.org.br/imagebank/pdf/RBTI-0188-20-Diretrizes-18.05.pdf http://rbti.org.br/imagebank/pdf/RBTI-0188-20-Diretrizes-18.05.pdf http://rbti.org.br/imagebank/pdf/RBTI-0188-20-Diretrizes-18.05.pdf http://rbti.org.br/imagebank/pdf/RBTI-0188-20-Diretrizes-18.05.pdf 5 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério uma atenção peculiar a esse vírus, devido a sua alta transmissibi- lidade associada ao aumento das demandas de internação, prin- cipalmente em pacientes idosos e com comorbidades, podendo levar a um colapso nos sistemas de saúde, especialmente aos setores de terapia intensiva (SANDERS et al., 2020). Estudo publicado na revista The Lancet em 22 de Maio de 2020, mostrou que o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina não tra- zem benefícios aos pacientes infectados com Covid-19, além de aumentar a mortalidade pela maior probabilidade dos pacientes desenvolverem taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular. Este resultado levou a OMS a suspender temporariamente o uso de hidroxicloroquina no estudo Solidarity, até que a segurança do medicamento seja reavaliada. Para conhecer as orientações do Ministério da Saúde sobre o uso de medicamentos para tratamento precoce da Covid-19, acesse o link: https:// www.saude. gov.br/images/ pdf/2020/May/20/ orientacoes- manuseio- medicamentoso- covid19.pdf. Conheça o estudo da revista The Lancet na íntegra aqui: https://www. thelancet.com/ journals/lancet/ article/PIIS0140- 6736(20)31180-6/ fulltext Aprofunde Figura 1: Terapias medicamentosas utilizadas na Covid-19. Fonte: Pixabay (2020). Antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina) Os pacientes infectados com o novo coronavírus estão sendo re- crutados em estudos randomizados em todo o mundo, com o intuito de avaliar a eficácia de diferentes medicamentos, princi- palmente dos antivirais e antirretrovirais. Antibióticos, corticoste- roides, terapias celulares, medicamentos moduladores da respos- ta celular, antimaláricos, imunossupressores e imunoglobulinas também estão sendo avaliados em ensaios clínicos acerca de sua eficácia e segurança (WHO, 2020). Apesar da recomendação da OMS em suspender o uso da cloro- quina/hidroxicloroquina, o Ministério da Saúde divulgou orienta- ções para prescrição da cloroquina e hidroxicloroquina associados à azitromicina em pacientes adultos. O acesso a esses medica- mentos só é possível por meio de prescrição médica, sendo ne- 6 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Antimicrobianos Dentre as modalidades de terapia de suporte empregadas, os an- tibióticos estão presentes com certa frequência nos regimes tera- pêuticos testados em pacientes com Covid-19. Alguns exemplos são a azitromicina, vancomicina, ceftriaxona, cefepima e levofloxacino (BRASIL, 2020). Entretanto, na ausência de evidências, não há base para indicar antibacterianos profiláticos em pacientes com Covid-19. (FALAVIGNA M, COLPANI V, STEIN C et al., 2020). ALERTA DO PROFISSIONAL Os pacientes que forem atendidos com sinais de SRAG rece- bem esquema antimicrobiano associado ao tratamento de in- fluenza até que uma provável etiologia seja estabelecida. Nos pacientes que já estão internados e evoluem com piora clínica que exija início de antibióticos, seguir a recomendação local de tratamento baseado no perfil de sensibilidade e utilizando drogas com espectro para bactérias multirresistentes. ! Veja a seguir as opções de tratamento e as características de cada medicamento. cessária a vontade declarada do paciente por meio da assinatura, de um termo de ciência e consentimento para uso de Hidroxiclo- roquina/Cloroquina. Conforme Nota Informativa Nº 6/2020-DAF/ SCTIE/MS, estes medicamentos poderão ser utilizados em casos confirmados e a critério médico como terapia adjuvante no trata- mento de formas graves, em pacientes hospitalizados, sem que outras medidas de suporte sejam preteridas. 7 Farmacologia, parada cardiorrespiratóriae a Covid-19 na gravidez e puerpério Disfosfato de Cloroquina (cp. de 150 mg) Tem atividade In vitro contra diversos vírus, incluindo o Coronavírus. Dose de Ataque: 450 mg 2x ao dia Próximos 4 dias: 450 mg 1x ao dia Com Azitromicina pode ser cardiotóxica (prolongamento intervalo QT). Atenção para possibilidades de oftalmopatias e discrasias sanguíneas. Fármaco Características Posologia recomendada Observações Hidroxicloroquina (cp. de 400 mg) Derivado hidrossolúvel da cloroquina com características farmacológicas semelhantes, porém menos tóxica. Dose de ataque: 400 mg 2x ao dia Próximos 4 dias: 400 mg 1x ao dia Com Azitromicina pode ser cardiotóxica (prolongamento do intervalo QT). Atenção para possibilidades de oftalmopatias e discrasiassanguíneas. Azitromicina (cp de 250 e 500 mg) Suspensão de 600 mg/15mL Antimicrobiano indicado no tratamento inicial de pacientes com PNM bacteriana comunitária. Dose de ataque: 500 mg 1x ao dia Próximos 4 dias: 250 mg 1x ao dia Com cloroquina ou hidroxicloroquina pode ser cardiotóxica (prolongamento do intervalo QT) Oseltamivir (cápsulas de 30, 45 e 75mg) Antiviral com alto potencial no tratamento de infecções por Influenza, entretanto sem ação contra o Covid-19. Acima de 40Kg: 75 mg, 2x ao dia 5 dias Em pacientes nefropatas, deve-se corrigir a dose. 30mg, 1x ao dia. Sob Hemodiálise: 30 mg após a sessão. Devem ser seguidas as diretrizes de cada serviço de saúde, de acor- do com a disponibilidade atual de fármacos, principalmente naque- les casos onde há suspeita de infecção relacionada à assistência à saúde, baseando-se na microbiota local (SANDERS et al., 2020). Antivirais Os estudos com resultados publicados até o momento avaliaram os antivirais lopinavir/ritonavir, remdesivir e umifenovir. Cabe res- saltar que o remdesivir ainda está em teste/uso compassivo e não possui registro na ANVISA. O umifenovir também não possui regis- tro para uso no Brasil. A não ser em um contexto de uso compas- sivo ou de pesquisa clínica devidamente registrada no país, o uso rotineiro de antivirais não é indicado para o manejo de pacientes com Covid-19 (BRASIL, 2020). Não é recomendado o uso de lopinavir/ritonavir de rotina. O tra- tamento empírico com oseltamivir é recomendado em pacientes com síndrome respiratória aguda grave, ou em síndrome gripal com fatores de risco para complicações, onde não se possa des- cartar o diagnóstico de influenza (FALAVIGNA M, COLPANI V, STEIN C et al., 2020). Figura 2: Opções de tratamento para Covid-19 e características das drogas. Fonte: Nota Técnica Covid-19 Nº 25/2020, adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 8 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Uso compassivo é caracterizado por ser uma demanda individual. É a disponibilização de medicamento novo promissor, em desenvolvimento, ainda sem registro na Anvisa, destinado ao uso pessoal de pacientes não participantes de programa de acesso expandido ou de pesquisa clínica. É destinado a portadores de doenças debilitantes graves e/ou que amea- cem a vida e sem alternativa terapêutica satisfatória com produtos regis- trados no país. Para tanto, é necessário um parecer técnico de um médico que ateste que o paciente tem a indicação de uso do medicamento. Saiba mais lendo a RDC 38, de 2013, disponível nesse link. Agora, apresentaremos outros tipos de terapias usadas para o tra- tamento da Covid-19. Além das terapias medicamentosas outras terapias estão sendo estudadas para o tratamento da Covid-19, como veremos adiante. A lógica para o uso de corticosteroides é diminuir as respostas inflamatórias do hospedeiro nos pulmões. No entanto, esse bene- fício pode ser superado por efeitos adversos, incluindo aumento da carga viral, do tempo de internação e do risco de infecção se- cundária (SANDERS et al., 2020). A utilização de corticosteroides no tratamento da Covid-19 ainda é controversa. Dados clínicos até o momento não demonstraram benefício no tratamento da SARS, MERS ou Covid-19, mas demonstraram evidências de aumento do risco de danos, incluindo ventilação mecânica prolongada, necro- se avascular, depuração viral atrasada e infecções secundárias. As indicações de uso no paciente crítico devem seguir as mesmas recomendações dos guidelines de manejo de sepse (ABIH, 2020). A OMS e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA recomendam que os corticosteroides não sejam utilizados no tratamento de SRAG por Covid-19, a menos que haja outra indi- cação em que seu uso é preconizado, como em episódios de exa- cerbação de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) ou em casos de choque séptico (BRASIL, 2020). Nesse sentido, a OMS e outras instituições como o Ministério da Saúde brasileiro não recomendam o uso rotineiro de corticosteroides sistêmicos (WHO, 2020; BRASIL, 2020). Outras terapias utilizadas na Covid 19 Corticosteroides http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0038_12_08_2013.html 9 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Imunoglobulina humana intravenosa Soro de convalescente Não há evidências de que seu uso tenha algum benefício no tratamento da in- fecção pelo novo Coronavírus (ABIH, 2020). O mecanismo proposto de benefício do plasma humano convalescente deriva- do de sobreviventes do coronavírus é a transferência de imunidade passiva, em um esforço para restaurar o sistema imunológico durante doenças críticas e neutralizar o vírus para suprimir a viremia. A justificativa para esse tratamento é que os anticorpos de pacientes recuperados podem ajudar com a liberação imune de vírus livre e de células infectadas (SANDERS et al., 2020). Dados pre- liminares da terapia com plasma convalescente no surto de Covid-19 sugerem melhora nos sintomas clínicos com efeitos adversos pouco frequentes (ABIH, 2020), tais como lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI, do in- glês Transfusion Related Acute Injury) e reação anafilática (BRASIL, 2020). No Brasil, a coleta e transfusão de plasma de convalescentes para uso expe- rimental no tratamento de pacientes com Covid-19 foram regulamentadas por meio da Nota Técnica Nº21/2020, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde. Anticoagulantes A síndrome respiratória aguda grave é uma das complicações mais comuns na Covid-19. O tratamento com heparina pode auxiliar na mitigação da coagulo- patia pulmonar. Outro conceito é a propriedade antiviral da heparina, estudada em modelos experimentais, através da sua natureza polianiônica, ligando-se a várias proteínas e inibindo a adesão viral (ABIH, 2020). Microtrombose e eventos isquêmicos associados são muito comuns pacientes com Covid-19. Os níveis do dímero D devem ser monitorados com frequência. A profilaxia para tromboem- bolismo venoso de rotina é recomendada em pacientes hospitalizados com Co- vid-19 conforme estratificação de risco de acordo com protocolos hospitalares locais; entretanto não deve ser realizada anticoagulação na ausência de indica- ção clínica específica (FALAVIGNA M, COLPANI V, STEIN C et al., 2020). Pacientes com COVID-19 parecem possuir risco aumentado de eventos tromboembólicos e a(o) enfermeira(o) deve estar atenta para o desen- volvimento de sinais e sintomas de trombose venosa profunda como: dor espontânea ou à palpação de membro inferior, sinal de Homans, edema assimétrico e depressível de membro inferior, dilatação venosa superficial (rubor local), empastamento e dor local. Já a tromboembolia pulmonar manifesta-se por dispnéia súbita, taquicardia, dor pleurítica, dor subesternal, tosse, taquipneia e taquicardia. 10 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Drogas vasoativas Comumente empregadas nos pacientes graves, as drogas vaso- ativas são de uso corriqueiro em UTI. As drogas vasoativas (DVA) mais empregadas são as catecolaminas, também denominadas aminasvasoativas ou drogas simpatomiméticas. Entre as DVA não pertencentes as aminas vasoativas, destaque para a vasopressina, indicada a pacientes com distúrbios plaquetários, choque séptico refratário, entre outros. No suporte hemodinâmico para o paciente com choque, a noradrenalina é a primeira escolha, sendo utilizada vasopressina ou epinefrina se a noradrenalina não estiver disponível. (ESMAOĞLU, 2020). Veja a seguir as opções de drogas vasoati- vas, posologia, diluição e administração ao suporte hemodinâmico para o paciente em tratamento da Covid-19. Droga Indicação Apresentação / Preparo Dose Recomendada Noradrenalina Droga de escolha no choque séptico. Capaz de elevar a PAM em pacientes que não respondam a reposição volêmica e ao uso da dopamina. Dose inicial: 0,05 a 0,1 µg/kg/min Dose máxima: 1,5 a 2,0 µg/kg/min. Diluir: SF0,9% ou SG5% Ampola: 4mg (1mg/mL) Usar 4 ampolas em 234 mL da solução escolhida (250 mL de solução final; concentração final 64 µg/ml). Dopamina Baixo débito com volemia controlada. Possui efeito vasodilatador renal para pacientes estáveis hemodinamicamente, porém com oligúria. De acordo dom o efeito desejado: Varia entre 2,5 a 20µg/kg/min. Diluir: SF0,9% ou SG5% Ampola: 50mg (5mg/mL) Usar 5 ampolas em 200 mL da solução escolhida (250 mL de solução final; concentração final 1.000 µg/mL. Dobutamina Droga indicada para ICC grave e Choque Cardiogênico, delimitando o aumento da FC e do DC. Idealmente entre 3,0 e 15,0 µg/kg/min. Dose máxima: 20,0 µg/kg/min. Diluir: SF0,9% ou SG5% Amp.:250mg (12,5mg/mL). Usar 1 ampola em 230 mL da solução escolhida (250 mL de solução final; concentração final 1.000 µg/mL. Vasopressina Choque vasoplégico refratário a vasopressores adrenérgicos. Dose recomendada: 0,03 U/min. Diluir em 250 mL SG 5% 1 ampola com 20U/ml. Figura 3: Opções de drogas vasoativas Fonte: Condutas no paciente grave. Elias Knobel, 2016, adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 11 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério As infusões de Noradrenalina devem ser administradas preferen- cialmente através de veia central em bomba de infusão contínua (BIC). Se for necessário iniciar infusão da droga por veia periférica até passagem de acesso central, utilizar veia de bom calibre e manter atenção quanto ao extravasamento da droga até transfe- rência da infusão para veia central. Sedativos e analgésicos As equipes multiprofissionais das UTI responsáveis pelos pacientes com síndrome aguda respiratória grave (SRAG), devido ao corona- vírus (SARS-CoV-2), enfrentam alguns desafios, como: melhora da troca gasosa, transporte de oxigênio e oxigenação tecidual usando ventilação mecânica (VM). Para isso ocorrer de maneira eficaz, é necessária a utilização de sedação profunda associada ou não ao uso de bloqueadores neuromusculares (BNM). O objetivo da tera- pêutica se deve ao fato da sedação profunda, com ou sem o uso de BNM, melhorar a complacência pulmonar e suprimir acionamento ventilatório para facilitar a adaptação do paciente ao ventilador. Porém, o uso de sedação profunda e prolongada (por 2 semanas) com BNM pode não ser necessário para todos os pacientes com Covid-19 (PAYEN et al., 2020). Na figura a seguir observe as opções de drogas sedativas e analgésicas quanto a: posologia, diluição e administração para o paciente em tratamento do Covid-19 . Midazolam Inicia 0,05 mg/kg/h e titula entre 0,02 – 0,1 mg/kg/h) Diluir: SF0,9% ou SG5% Ampola: 10 ml (5mg/mL) Usar 5 ampolas em 200 mL da solução escolhida (250 mL de solução final; concentração final 1mg/mL. Acúmulo, Agitação, Delirium. Droga Apresentação / PreparoDose recomendada Desvantagens Propofol 5 – 50 mcg/kg/min Frasco 20ml 1% = solução 10mg/ml (=10.000 mcg/ml) 250 mL de solução final; concentração final 1.000 mcg/mL. Depressão cardíaca, Reações alérgicas. Fentanil Infusão 0,7 – 1,0 mcg/kg/h) Diluir: SF0,9% ou SG5% Frasco: 10 ml (50 mcg/mL) Usar 5 frascos em 200 mL da solução escolhida (250 mL de solução final; concentração final 10mcg/mL. Hipotensão, Rigidez torácica, Alteração da motilidade intestinal. Figura 4: Opções de drogas sedativas e analgésicas. Fonte: Condutas no paciente grave. Elias Knobel, 2016, adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 12 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério O uso de BNM na UTI requer cuidados para evitar uma série de com- plicações. As atuais recomendações são para que os BNM sejam utilizados para auxiliar a adaptação à ventilação mecânica (princi- palmente quando são empregadas modalidades desconfortáveis, como a ventilação em posição prona e a hipercapnia permissiva) e o uso de altos níveis de pressão expiratória final positiva (PEEP). Vale salientar ainda a importância do uso do BNM na intubação do paciente suspeito ou confirmado para Covid-19, para facilitar a in- tubação, evitar tosse do paciente durante o procedimento e conta- minação da equipe por aerossóis. (PAYEN et al., 2020). Fechamento As orientações atuais dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças para atendimento clínico de pacientes com Covid-19 destacam que não há tratamento específico para Covid-19 e en- fatizam que o manejo deve incluir implementação imediata das medidas de prevenção e controle da infecção, bem como o ge- renciamento e suporte de possíveis complicações. Essas orien- tações enfatizam ainda, a importância dos cuidados de suporte com base na gravidade da doença, variando de tratamento sinto- mático para doença leve a manejo ventilatório baseado em evi- dências para SRAG, bem como o reconhecimento e tratamento precoces nos casos graves. A pandemia de Covid-19 representa a maior crise global de saú- de pública na atualidade, desde o surto de gripe pandêmica de 1918. A velocidade e o volume de ensaios clínicos desenvolvidos para investigar possíveis terapias para o Covid-19 destacam a ne- cessidade e capacidade de produzir evidências de alta qualidade, mesmo no meio de uma pandemia. Nenhuma terapia utilizada nos estudos apresentados demonstrou total eficácia até o momento e qualquer tratamento em uso poderá ser modificado a qualquer momento, a depender de novas evidências científicas. 13 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério UNIDADE 3.2 Atendimento na PCR: protocolo, medicamentos e infusões, reanimação cardíaca e oxigenação, intubação orotraqueal; noções básicas de ECG Nesta unidade você irá compreender como deve ser realizado o atendimento da parada cardiorrespiratória em adultos com sus- peita ou confirmados de Covid-19, os cuidados com a intubação orotraqueal, bem como os ritmos que integram as modalidades de parada cardiorrespiratória. Resultados recentes, de uma revisão sistemática, com 53 mil pa- cientes da Covid-19, indicou que 80% dos pacientes apresentaram doença leve, 15% tiveram doença moderada e cerca de 5% doença grave, exigindo admissão em unidade de terapia intensiva ((UTI), com taxa de mortalidade de 3,1%. A principal causa de parada car- díaca foi a hipóxia pelos problemas respiratórios. Contudo, em uma série de casos de 136 pacientes, as modalidades de parada cardíaca foram: a assistolia em 122 (89,7%) pacientes, atividade elétrica sem pulso (AESP) em 6 (4,4%) pacientes e fibrilação ven- tricular/taquicardia ventricular sem pulso (FV/TVP) em 8 (5,9%) pacientes (ILCOR, 2020; COUPER et al., 2020). Introdução Figura 5: Coronavírus. Fonte: Pixabay (2020). 14 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Em outra série de casos de estudos com 138 pacientes hospitali- zados com a Covid-19, 16,7% dos pacientes desenvolvem arritmias e 7,2% apresentam lesão cardíaca aguda. Assim, embora a maio- ria das paradas cardíacas nesses pacientes apresentou ritmo não chocável, causado por hipoxemia, alguns apresentaram ritmo cho- cável, que pode estar associadoa medicamentos que prolongam o intervalo QT do ECG (por exemplo, a cloroquina, a azitromicina) ou causada por isquemia do miocárdio (PERKINS et al., 2020). Nosso estudo está focado na aprendizagem em suporte avançado de vida em cardiologia - SAVC. Contudo, lembramos que o suces- so da reanimação, depende da adequada cadeia de atendimento (AHA,2020), com o suporte básico de vida (SBV) eficiente. Conheça, agora o processo do suporte básico de vida. Suporte básico de vida em cardiologia (SBVC) De acordo com estudos (ILCOR, 2020), não há evidências suficientes de que as compressões torácicas e a reanimação cardiopulmonar tenham potencial de gerar aerossóis. Contudo, mesmo que não haja evidências suficientes, recomendamos que os profissionais de saúde façam o uso de equipamentos de proteção individuais - EPIs para procedimentos de geração de aerossóis durante a reanimação. Cadeia de atendimento de reanimação cardiopulmonar (RCP). Fonte: American Heart Association (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Cubra a sua boca e nariz com uma máscara facial. CuuCuCuCuCuuCuCuCuCuuCuCuCuuCuCuuuCuCuCuCuCCuCuCuCuCuCuCuCuCuCuCCuCuuuCCCuuCCuCCuuCCCuubrbrbbrbbbrbrrbbbrbrbbbrbbrbrbrbrbbbrbrbrbrbbrbbrrbrbrbbbrbbrrrrbb a aaaaaaaaaaaaaaa a aaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa sususussususussssusuuuuususususussuuuusussussusssususuuuuususuuussuusuuuuuuussss aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa bobobbbbobobobobbbobobobobobbobbbbobbbboobobbobbbbbobooobooooobbbobooobboooocacacaccacacacacacaacacacacacaccacaacacacacacaaccacccacaaccaacacaca eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnaaaaraararararararrraraaaraaraaraaraaraarararaararaararaarraaaarrrrizizizizizzizziizizizizizizziziiizizizizizzzzzizzzzzziizzizzzzzz com uma máscara facial. Disque 190 e obtenha um DEA (Desfibrilador Externo Automático). Cubra a sua boca e nariz com uma máscara facial. Cubra a boca e o nariz do paciente com uma máscara ou pano. Faça RCP somente com as mãos. Empurre com força e rapidez o centro do peito a uma taxa de 100 a 120 compressões por minuto. Use uma DEA (Desfibrilador Externo Automático) tão logo esteja disponível. PCR no Adulto e COVID 19 Se você presenciar uma parada cardíaca e está preocupado que a pessoa possa ter COVID-19, você ainda pode ajudar executando a RCP (Reanimação Cardiopulmonar) somente com as mãos. 15 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Agora, vamos conhecer as recomendações atualizadas do Conse- lho Europeu de Reanimação (2020) relacionadas com as altera- ções no suporte básico de vida (SBV) ILCOR (2020). Recomendamos assistir ao vídeo sobre a reanimação somente com as mãos, no link. Aprofunde Acompanhe a seguir as alterações no suporte básico de vida, de acordo com as recomendações do Conselho Europeu de Reanima- ção (2020), com base em recente revisão e evidências do ILCOR. A orientação é que as equipes de atendimento dos pacientes em parada cardiorrespiratória, tanto dentro quanto fora do hospital, devem ser compostas apenas por profissionais de saúde com acesso e treinamento no uso dos EPIs. Mesmo que a aplicação das pás do desfibrilador e a aplicação do choque pelo Desfibrilador Externo Automático (DEA), seja um proce- dimento que não gera aerossol, deve ser priorizado pelo profissional de saúde o uso de EPIs adequados, como máscara cirúrgica resis- tente a líquidos, proteção para os olhos, avental de manga longa e luvas. Ou seja, constatada a parada cardiorrespiratória use os EPIs. Suporte básico de vida (SBV) aos profissionais de saúde em adultos com suspeita ou confirmados de Covid-19 Figura 6: Profissional de enfermagem com os EPIs. Fonte: Freepik (2020). https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=s_SAJo2B_x0&feature=emb_logo 16 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Faça compressões torácicas e a ventilação com uma bolsa máscara com reservatório de oxigênio numa relação 30:2 (30 compressões e 2 ventila- ções), interrompendo minimamente as compressões torácicas durante as ventilações para minimizar o risco de geração de aerossol. Ainda, seguindo as orientações, reconheça rapidamente a parada cardiorrespiratória, procurando a ausência de sinais de vida e a ausência de respiração normal (gasping ou respiração agônica). Essa identificação deve levar no máximo 10 segundos. Para minimizar o risco de propagação do vírus, use um filtro de ar particulado de alta eficiência (HEPA) ou um trocador de calor e umidade (HME) entre a bolsa auto inflável e a máscara, conforme visualizado a seguir. A filtragem dupla aumentará a probabilidade de filtrar 100% das par- tículas virais em aerossol pelo processo de expiração do paciente. Orientamos que você use as duas mãos para segurar a máscara no paciente e garantir uma boa vedação com a ventilação máscara- -bolsa e com o reservatório, isso requer uma segunda pessoa. Em seguida, utilize um desfibrilador ou um DEA e siga as instruções. Um único filtro HEPA colocado entre a válvula do saco e o tubo endotraqueal absorverá> 99% das partículas virais. Um segundo filtro HEPA pode ser colocado sobre a porta de escape (onde uma válvula PEEP é tradicionalmente colocada) para proteção adicional usando nosso conector impresso em 3D. UM ÚNICO FILTRO HEPA UM SEGUNDO FILTRO HEPA Figura 7: Ventilação Manual com Filtro HEPA. Fonte: Rescueventilation.com (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Para conhecer mais a respeito, assista a demonstração da intubação de paci- entes com suspeita de Covid-19, nesse link. E para maiores informações sobre instalação de CPAP sem cânula nasal, clique neste link. Ative a legenda em português! Aprofunde https://www.youtube.com/watch?v=iIGAmdyZr4Y https://www.youtube.com/watch?time_continue=19&v=QEMBJXfEd2M&feature=emb_logo 17 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Suporte avançado de vida em cardiologia - SAVC aos profissionais de saúde em adultos com suspeita ou confirmados de Covid-19 Parada Cardiorrespiratória no Hospital O suporte avançado de vida deve ser realizado no hospital, nas unidades de pronto atendimento e nas ambulâncias equipadas para o transporte seguro destes pacientes ao hospital. Com os avanços dos estudos e maior conhecimento sobre a Covid-19, as orientações aqui disponibilizadas podem sofrer modificações. A seguir conheça as orientações de atendimento preconizadas pela Associação Americana do Coração (2020) e do Conselho Euro- peu de Reanimação Covid-19 (2020). Primeiramente procure identificar o mais cedo possível qualquer paciente com a doença Covid-19 que esteja em risco de deterio- ração aguda ou parada cardíaca. E, a seguir siga as medidas apro- priadas para evitar parada cardíaca e evitar RCP desprotegida. Lembramos que os equipamentos de proteção individual (EPIs) devem estar disponíveis para proteger a equipe durante as tenta- tivas de ressuscitação. Reconhecemos que isso pode causar um breve atraso no início das compressões torácicas, mas a seguran- ça da equipe é fundamental. ALERTA DO PROFISSIONAL A segurança no atendimento é fundamental e as prioridades são: 1º - a sua própria; 2º - a dos colegas; e 3º - a do paciente. O tempo necessário para atender com segurança o pacien- te é uma parte fundamental do processo de ressuscitação (AHA, 2020), (ERC, 2020). ! O uso de sistemas de rastreamento fisiológicos e de alertas permitirá a detecção precoce de pacientes agudos. 18 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Para sua segurança, utilize máscaras FFP3 (FFP2 ou N95, se FFP3 não estiver disponível), proteção para os olhos e rosto, avental impermeável de mangas compridas e luvas antes de realizar os procedimentos de RCP. A seguir vamos conhecer as etapas do procedimento RCP, confor- me demonstrado pela AssociaçãoAmericana do Coração (2020) e do Conselho Europeu de Reanimação Covid-19 (2020). ALERTA DO PROFISSIONAL Para filtrar as respirações expiradas do paciente, verifique se há um filtro viral (filtro trocador de calor e umidade - HME, ou filtro de ar particulado de alta eficiência - HEPA) entre a bolsa auto inflável e a via aérea (máscara, via supra glótica, tubo traqueal). ! Etapas Pressione o tórax com força (pelo menos 2 polegadas [5 cm]) e rápido (100-120 / min) e permita o recuo completo do tórax. Troque o profissional responsável pelas compressões a cada 2 minutos ou mais cedo se estiver cansado. Se a Pressão Parcial de CO2 ao final da expiração (Petco2) for <10 mm Hg, tente melhorar a qualidade da RCP. Se a fase de pressão de relaxamento (diastólica) da pressão intra-arterial for <20 mm Hg, tente melhorar a qualidade da RCP. Se nenhuma via aérea avançada for estabelecida (intubação orotraqueal) continue a relação 30 compressões por 2 ventilações com máscara bolsa com reservatório e filtro). Minimize as interrupções das compressões. Evite ventilação excessiva. Avalie a onda quantitativa da capnografia. Figura 8: Etapas no procedimento RCP. Fonte: AHA, ECCR (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 19 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Para este procedimento, observe as recomendações do fabricante e siga de acordo com as orientações. Verifique o protocolo a seguir de RCP hospitalar para pacientes com a Covid-19, confirmada ou suspeita, de acordo com a AHA (2020). ALERTA DO PROFISSIONAL Se o desfibrilador for de onda de desfibrilação bifásico, siga as recomendações do fabricante (por exemplo, dose inicial de 120-200 Joules); se for desconhecido, use o máximo dis- ponível de Joules. Segunda e subsequentes doses de choque devem ser com carga equivalente ou superior, nunca inferior. Se o desfibrilador for de onda de desfibrilação monofásico, administre sempre 360 Joules. Apenas os ritmos de fibrila- ção ventricular e de taquicardia ventricular sem pulso (FV/ TVSP) são chocáveis. Na parada cardiorrespiratória por Assis- tolia e por Atividade Elétrica sem pulso (AESP*) deve-se re- alizar RCP e buscar causas reversíveis, conforme ressaltado no protocolo. (AHA, 2020, ERC, 2020). ! Para conhecer mais sobre o tema parada cardior- respiratória assista ao vídeo completo do atendimento da PCR nesse link. E também ao vídeo “Ritmos de parada cardíaca, FV, TV, Assistolia e AESP”, nesse link. Ative a legenda em português! Aprofunde https://www.youtube.com/watch?v=NXLrIWSf2Y0 https://www.youtube.com/watch?v=Xq0gNFcBJXc 20 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Figura 9: Algoritmo de parada cardíaca do Suporte Avançado de Vida em Cardiologia para pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19. Fonte: AHA (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Coloque os EPIs Limitar pessoal Considere a adequação da ressuscitação Iniciar RCP Forneça oxigênio (limite de aerossolização) Conecte o monitor / desfibrilador Prepare-se para intubar Priorizar a intubação / retomar a RCP • Pausar compressões torácicas para intubação • Se a intubação atrasar, considere o dispositivo das vias aéreas supraglóticas ou a máscara de bolsa com filtro e vedação • Conecte ao ventilador com filtro quando possível 1 A 2 9 10 11 12 3 4 5 6 7 8 SIM SIMNÃO SIM, CHOQUE NÃO SIM NÃO FV OU TVSP Ritmo Chocável? Ritmo Chocável? ASSISTOLIA/AESP SIM, CHOQUE RCP por 2min. Acesso IV / IO • Epinefrina a cada 3-5 minutos • Considere dispositivo mecânico de compressão RCP por 2min Acesso IV/IO RCP por 2min. • Epinefrina a cada 3-5 minutos • Considere dispositivo mecânico de compressão RCP por 2min. Amiodarona ou Lidocaína Trate causas reversíveis RCP por 2min Trate causas reversíveis Se não houver sinais de retorno espontâneo da circulação vá para 10 ou 11. Se há sinais de retorno espontâneo da circulação vá para Cuidados pós-parada cardíaca. Vá para 5 ou 7 Ritmo Chocável? SIM, CHOQUE Ritmo Chocável? Ritmo Chocável? B 21 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Seguindo o protocolo, minimize a desconexão do circuito fecha- do de ventilação. Também recomendamos que o profissional com maior experiência deve ser o responsável pela intubação, a fim de obter maior probabilidade de sucesso na primeira tentativa, nesse caso, considere a possibilidade de videolaringoscopia. Deve ser estabelecido a intubação endotraqueal ou via aérea su- pra glótica vançada. Considere capnografia em forma de onda ou capnometria para confirmar e monitorar a colocação do tubo en- dotraqueal. Uma vez que tenha sido estabelecida via aérea avan- çada, ventile uma vez a cada 6 segundos (10 respirações/min) com compressões torácicas contínuas. A dose de epinefrina IV / IO (intravenosa ou intraóssea) deve ser: 1 mg a cada 3-5 minutos; a dose de amiodarona IV / IO deve ser: 1ª dose: bolus de 300 mg. 2ª dose: 150 mg; Se for lidocaína a dose IV / IO deve ser: 1ª dose: 1-1,5 mg / kg; 2ª dose: 0,5-0,75 mg / kg. Trate causas reversíveis 5Hs: Hipovolemia; Hipóxia; Íons hidrogê- nio (Acidose); Hipo/Hipercalemia; Hipotermia e os 5Ts: Pneumotó- rax de Tensão ou hipertensivo; Tamponamento cardíaco; Toxinas; Trombose pulmonar e Trombose coronária. Numa situação de reanimação em pacientes intubados, conheça os principais aspectos deste atendimento no momento da parada cardiorrespiratória (AHA, 2020) (ERC, 2020). Reanimação em pacientes intubados no momento da parada cardiorrespiratória ALERTA DO PROFISSIONAL Lembre-se que o retorno da circulação espontânea é obser- vado pela presença de pressão de pulso, aumento abrupto e sustentado da PetCo2 (normalmente ≥40 mmHg), ondas de pressão intra-arterial espontânea obtidas por monitoramento. ! Veja os destaques das atualizações direcionadas nas diretrizes de 2019 da American Heart Association para RCP e Atendimento Cardiovascular de Emergência, nesse link. Aprofunde https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2019/11/2019-Focused-Updates_Highlights_PTBR.pdf 22 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Use EPIs de precaução conforme ressaltado anteriormente. Em caso de parada cardíaca no paciente intubado e ventilado mecanicamente, não desconecte o circuito do ventilador ao iniciar a RCP para evitar a geração de aerossóis. Aumente o FiO2 para 100% e ajuste o ventilador para fornecer 10 respirações por minuto. 1 2 3 Figura 10: Reanimação em pacientes intubados no momento de parada cardiorrespiratória. Fonte: AHA, ECR (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). É importante que você verifique o ventilador e o circuito para ga- rantir que eles não tenham contribuído para a parada cardíaca, por exemplo: filtro bloqueado, aumento excessivo do auto-PEEP ou falha mecânica. Siga as orientações locais sobre a descone- xão do ventilador para minimizar a geração de aerossóis, como: clampear o tubo antes da desconexão, uso de filtros virais, etc. Para compreender melhor o processo de reanimação cardiorrespi- ratória, veja o alerta a seguir. ALERTA DO PROFISSIONAL Vamos alertar você sobre a reanimação cardiorrespirató- ria nos pacientes em posição prona. Os pacientes com a Covid-19 são frequentemente posicionados em decúbito ventral (posição prona), para melhorar a oxigenação. A maio- ria desses pacientes está intubado, mas em alguns casos pacientes com a Covid-19 não estão intubados, estão acor- dados e também podem ser colocados em posição prona no leito. Se ocorrer parada cardiorrespiratória no paciente nesta situação e que não estiver intubado, você deve virá-lo imediatamente para o decúbito dorsal antes de iniciar as compressões torácicas. Por outro lado, na ocorrência de parada cardíaca em um paciente intubado na posição ! 23 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19na gravidez e puerpério prona, é possível realizar as compressões torácicas, pressio- nando as costas do paciente. Comprima entre as escápulas na profundidade e velocidade usuais (5 a 6 cm, com 2 com- pressões por segundo). Isso pode fornecer alguma perfusão vital aos órgãos enquanto a equipe se prepara para colocar o paciente em decúbito dorsal. Lembre-se de fazer este pro- cedimento protegido com adequado EPI. Por fim, lembramos que o Protocolo de RCP enfatiza em detalhes os passos para o atendimento da PCR tanto para ritmos chocáveis quanto não chocáveis. Fechamento Nesta unidade vimos os passos do atendimento de uma parada cardiorrespiratória em suporte básico e avançado de vida, com destaque para o uso de equipamentos de proteção individual - EPI, usando para isso máscaras FFP3 (FFP2 ou N95, se FFP3 não esti- ver disponível), proteção para os olhos e rosto, avental de mangas compridas e luvas que devem ser utilizadas antes de realizar os procedimentos de RCP. Vimos também os cuidados que você deve ter ao interromper as compressões torácicas, aliviando a pressão no tórax duran- te as ventilações para minimizar o risco de geração de aerossol. Atentando o cuidado para os ritmos de parada cardiorrespiratória como: a fibrilação ventricular, a taquicardia ventricular sem pulso (TVSP), a assistolia e a atividade elétrica sem pulso (AESP), que integram as arritmias de parada cardiorrespiratória. 24 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério UNIDADE 3.3 – A Covid-19 na gravidez e no puerpério Ao longo desta unidade você terá a oportunidade de reconhecer os sinais de agravamento do quadro respiratório e hemodinâmico que se instalam abruptamente em gestantes e puérperas, além de com- preender a complexidade do cuidado intensivo às gestantes e puér- peras. Também veremos como aplicar as recomendações e notas técnicas para o cuidado seguro dessas pacientes, além de conhe- cer as medidas para redução da disseminação do vírus SARS-CoV-2 na atenção ao pré-natal, parto e puerpério recomendadas pelo Ministério da Saúde e demais instituições de notório saber. Diante da pandemia Covid-19, as mulheres continuam a dar à luz, agora envoltas em um sentimento de ansiedade e medo por suas vidas e de seus filhos. No Brasil, anualmente três milhões de crianças nascem, envolvendo cerca de seis milhões de pessoas. Lamentavelmente, vivemos uma situação crítica no país em re- lação aos óbitos de gestantes e puérperas, pois o vírus está se mostrando mais agressivo nas gestantes e puérperas brasileiras do que nesse mesmo grupo em outros países. Introdução Figura 1: Mulher grávida. Fonte: Freepik (2020). 25 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Mesmo que as evidências não apontem gestantes e puérperas como mais propensas a adquirir a Covid-19 em comparação às demais mulheres, é importante destacar que a gravidez por si só modifica o sistema imunológico o que pode alterar a modulação da resposta às infecções virais. Fato esse já conhecido por partei- ras e obstetras. (ROYAL COLLEGE, 2020). Como o Brasil possui uma taxa de natalidade maior que a de países da Europa, esse fato parece estar relacionado ao maior número de gestantes e puérperas expostas às complicações da Covid-19. Estudos recentes apontam que o percentual de mulheres que agra- vam o quadro e necessitaram de cuidados críticos somaram 4,7% entre as gestantes contaminadas com Covid-19 (SUTTON, 2020). Diante desses dados e das pacientes que evoluíram para o pior desfecho, em abril de 2020, o Ministério da Saúde decidiu incluir as gestantes e as puérperas no grupo de risco para o SARS-CoV-2. A seguir, abordaremos a avaliação e o manejo clínico às gestantes e às puérperas diagnosticadas com Covid-19 que necessitam de cuidado intensivo. O caso apresentado adiante foi publicado por pesquisadores ira- nianos e é baseado no relato do primeiro óbito de gestante com diagnóstico de Covid-19 (PARISA et al., 2020). Ele foi adaptado para atender à necessidade de nossos estudos sobre o cuidado intensivo a gestantes e puérperas. Estudo de caso Confira as recomendações do Ministério da Saúde para atenção às gestantes e puérperas. Clique neste link para ler sobre nota técnica 09, e neste link para ler sobre a nota técnica 12. Aprofunde As recomendações nacionais e internacionais apresentadas na unidade tratam do cuidado seguro e de qualidade às grávidas e puérperas dis- poníveis até o momento e podem sofrer alterações diante da publicação de novas evidências. Paciente: JMS, 27 anos, pós-parto há 48 horas, diagnosticada com Covid-19 há 12 horas. Recém-nascido (RN) passa bem e permanece sob cuidados do pai em isolamento no Alojamento Conjunto (AC). Deu entrada no leito de isolamento da UTI com dificuldade respiratória e relato de tosse iniciado na sala de parto. Sem comorbidades, sem viagem recente, sem histórico familiar de contato com pacientes Covid-19. Figura 2: Caso de puérpera que veio à óbito. Fonte: Parisa et al. (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). https://bit.ly/2LGD4Eo https://bit.ly/3bHq63F 26 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério A avaliação inicial do caso foi a seguinte: • FR=28 irpm. • FC= 110 bpm. • PA= 110/60 mmHg. • T=39°C. • Saturação de O2= 93%. • Murmúrios vesiculares diminuídos. • Útero contraído e lóquios normais. • Checado no prontuário há 24 horas Oseltamivir, Azitromicina e Ceftriaxona, após resultados de exame laboratorial que apresen- tou leucocitose, linfopenia e Proteína C Reativa (PCR) elevada. • O raio X apresentou fracas opacidades irregulares bilaterais. A prática clínica mostra um agravamento abrupto em gestantes e puérperas que evoluem de um quadro de hipotensão para o choque e/ou de uma dispneia para uma parada cardiorrespirató- ria. Estudos apontam que na gestação ocorrem várias alterações adaptativas mecânicas e fisiopatológicas no sistema respiratório, incluindo diminuição dos volumes respiratórios, aumento do con- sumo de oxigênio e edema da mucosa do trato respiratório, o que pode torná-las intolerantes à hipóxia (WU, 2020). “Para cada mãe que morre, há uma família que sofre, uma comunidade que se torna mais fraca, um país que fica mais pobre”. Carissa F. Etienne. Diretora OPAS/OMS. Nesse sentido, gestantes e puérperas quando estão sob cuidados intensivos necessitam de maior vigilância do enfermeiro. Observe os sinais descritos na próxima figura: 27 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério FC >100 bpm FR ≥ 22 irpm PAS ≤ 100 mmHg Saturação de O2 ≤ de 94% Enchimento capilar > 2 segundos Diminuição do volume urinário < 0,5ml/kg/h Glasgow < 15Dispneia/ taquipneia Alteração da ausculta pulmonar (crépitos) Cianose Tontura/ Confusão mental/ Agitação psicomotora/ Torpor Figura 3: Sinais que requerem atenção em gestantes e puérperas. Fonte: Parisa et al. (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Foram solicitados novos exames laboratoriais, tomografia compu- tadorizada de tórax (TC). Iniciado oxigenioterapia via cateter nasal a 10 litros/minuto. A piora do quadro foi evidenciada por: • Taquipneia intensa acompanhada de retração supraesternal e intercostal; • FR= 55 irpmn. • FC= 130bcpm. • T=40°C. • PA: 135/70mmHg. 28 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério • Resultados laboratoriais: gasometria apresentou alcalose me- tabólica, padrão bioquímico demonstrou persistência da lin- fopenia, aumento das enzimas hepáticas (aspartato amino- transferase e alamina aminotransferase) e lactato e diminuição de albumina. • O resultado da TC de tórax apresentou opacidades subpleurais em vidro fosco com espessamento pleural. Imediatamente, foi iniciado o procedimento de intubação orotra- queal (IOT) com as devidas precauções para aerossóis e contato. ALERTADO PROFISSIONAL É importante lembrar que grávidas e puérperas podem des- saturar rapidamente durante a IOT. Desse modo, é necessário pré-oxigenar com FiO2 a 100% por meio de máscara facial com bolsa reservatório por cinco minutos. Recomendações nacionais indicam a intubação em sequência rápida como mais apropriada após uma avaliação de vias aéreas que des- carte sinais de intubação difícil (AMIB, 2020). ! Concluído com êxito o procedimento de IOT da puérpera JMS foi iniciada ventilação mecânica (VM) no modo pressão contro- lada, VT 350 ml, FiO² 100%, PEEP 13 cmH2O, FR: 18/ irpm e satu- ração de 85%. Vale destacar que ainda não existem evidências científicas que justifiquem o manejo diferenciado da gestante com Covid-19. O protocolo clínico vigente recomenda que a conduta seja toma- da levando em consideração os seguintes pontos: 29 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Idade gestacional Condição materna Viabilidade fetal Figura 4: Questões relevantes para o protocolo com gestantes. Fonte: BRASIL (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Ainda, esse protocolo reforça a avaliação do médico obstetra para decisão sobre o momento da interrupção da gestação de modo a melhorar a ventilação/perfusão (V/Q) pulmonar que está reduzida no último trimestre de gestação (BRASIL, 2020). Até o momento, evidências apontam que a Covid-19 apresenta ca- racterísticas trombogênicas (ROYAL COLLEGE, 2020). Parece haver uma associação entre a infecção e o risco aumentado de trombo- embolismo venoso em gestantes e puérperas. Cabe o questiona- mento aos pesquisadores se a combinação com os fatores trom- boembólicos gestacionais e puerperais pode estar se constituindo um fator de pior prognóstico nas gestantes e puérperas brasileiras. Por esse motivo, fique atento(a) aos achados clínicos e laborato- riais descritos na figura a seguir: Gestantes e puérperas em cuidado intensivo 30 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério PAM < 65mmHg Lactato > 20 mmol/ IRA SO2 < 95%, PaO2 < 70 e PCO2 > 50 mmHg, pH < 7,35 D-dímero aumentado Leucocitose PCR elevada Linfopenia Oligúria < 0,5ml/kg/h Figura 5: Achados clínicos e laboratoriais. Fonte: Parisa et al. (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). A PCR é um importante marcador e indicador de inflamação, en- quanto o D-dímero é um dos marcadores procoagulantes mais im- portantes, que podem se elevar nas infecções virais. O monitora- mento rigoroso da contagem de leucócitos, linfócitos e da PCR pode ser útil para a prevenção, diagnóstico e tratamento precoce das complicações identificadas na gestação e no puerpério (WU, 2020). Nos casos graves em que a ventilação mecânica não é suficiente para uma oxigenação adequada às células, o suporte pela oxigena- ção por membrana extracorpórea – ECMO pode ser utilizada. Existe pouca literatura científica a respeito de seu uso em gestantes e puérperas, mas, nos casos relatados por pesquisadores chineses, houve redução das taxas de mortalidade nesse grupo, sendo esse o dispositivo de suporte à vida mais utilizado nos dias atuais. Entretanto, esses pesquisadores alertam que a ECMO deve ser considerada apenas por centros com experiência nessa prática (RASMUSSEN et al.,2020). ECMO Circuito fechado de circulação extracorpórea, composto por um conjunto de tubos, membrana de oxigenação artificial e bomba propulsora com objetivo de manter a perfusão dos tecidos com sangue oxigenado, enquanto ocorre a recuperação do parênquima pulmonar, redução da resposta inflamatória e melhoria da V/Q. (AMIB, 2020). 31 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Cuidados de enfermagem específicos Além dos cuidados com ventilação mecânica, recomendados pelo Cofen e já citados, na figura seguinte apresentaremos os cuida- dos de enfermagem específicos para gestantes e puérperas com Covid-19 admitidas em unidades de terapia intensiva. Verifique: Avaliar padrão ventilatório (sincronismo, alarmes, PEEP, PPI, FIO2, volume corrente) e comparar com resultados de gasometria. Manter vigilância constante: nível de consciência, coloração da pele, expansão pulmonar, sinais vitais, diurese e sinais de retenção hídrica. Realizar ausculta pulmonar e comparar com achados de exames de imagens. 1 2 3 Observar sinais de sangramento: (lóquios, punção arterial, hematúria). Avaliar perfusão e saturação periférica (extremidades, lábios, olhos, lóbulo da orelha). Posicionar paciente no leito semi-fowler 30°. 4 5 6 Posicionar puérpera em posição prona SN.7 Administrar drogas sedativas e relaxantes musculares conforme prescrição médica. 8 Discutir com a equipe multiprofissional o protocolo de desmame da ventilação mecânica. 9 32 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Figura 6: Cuidados específicos para gestantes e puérperas com Covid-19. Fonte: ASHOKKA et al (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Pratique esses cuidados com pacientes gestantes e puérperas, mas lembre de sempre buscar novas informações no caso de atualizações nas recomendações destes procedimentos em pacientes grávidas. Após acessarmos as informações anteriores, podemos voltar ao caso de JMS, puérpera de 27 anos, em pós-parto há 48 horas e diagnosticada com Covid-19 há 12 horas. Como vimos, a paciente deu entrada no leito de isolamento da UTI com dificuldade respi- ratória e relato de tosse iniciado na sala de parto. Apresentou na avaliação inicial: FR=28 irpm; FC= 110 bpm; PA= 110/60mmHg; T=39°C; Saturação de O2= 93%; e evoluiu abrup- tamente para insuficiência respiratória. A partir desse quadro, foi realizado IOT e JMS foi submetida à VM, recebendo suporte ven- tilatório invasivo por quatro dias. A paciente foi extubada e permaneceu sob cuidados intensi- vos por mais dois dias. Com melhora nos padrões respiratório, hemodinâmico, bioquímico e de imagem teve alta da UTI para quarto privativo no AC, em que permaneceu em isolamento com o seu marido e filho. Retomando o caso da puérpera JMS Aprofunde seu conhecimento sobre cuidados com pacientes em ventilação mecânica no ambiente extra e intra-hospitalar acessando a Resolução 639 do Cofen, no link. Aprofunde Monitorar padrão respiratório após extubação, com ventilação por cateter de O2 ou macronebulização. Pactuar com a equipe o melhor momento para a visita do acompanhante. 10 11 Estabelecer protocolos para redução de pneumonia causada por ventilação mecânica, trombose venosa profunda e úlcera por pressão 12 Avaliar ingurgitamento mamário e solicitar apoio ao banco de leite para coleta de leite materno. 13 https://bit.ly/2X5SJlO 33 Farmacologia, parada cardiorrespiratória e a Covid-19 na gravidez e puerpério Considerando que até o momento não há evidências de transmis- são vertical pelo leite materno, a Organização Mundial da Saúde recomenda, com as devidas medidas de precaução, a manuten- ção do aleitamento materno diante dos inúmeros benefícios para o desenvolvimento infantil e redução das taxas de morbidade e mortalidade na infância. É importante destacar que, no momento da alta, as enfermeiras da UTI, aleitamento conjunto, banco de leite, em comunicação com a enfermeira da atenção primária, estabeleceram o plano de alta segura à puérpera. Orientações para o cuidado da mulher e do RN foram asseguradas, bem como ofertadas medidas de contracepção, reforçando que o momento da pandemia Covid-19 é inoportuno para as mulheres que desejarem engravidar. Nesta unidade vimos o caso clínico de uma puérpera que, mesmo assintomática na sua internação, evoluiu para piora de um quadro respiratório, agravado pela Covid-19. A partir desse cenário, chama- mos atenção dos enfermeiros obstetras e intensivistas para mo- nitoramento rigoroso de gestantes e puérperas, pois, no cenário nacional, elas têm representado importante grupode risco que abruptamente evolui com complicações respiratórias e hemodinâ- micas severas, necessitando de cuidado intensivo. Como mostrado, estudos relataram melhores resultados na redu- ção da mortalidade em gestantes chinesas que se beneficiaram do suporte da ECMO. Também trouxemos recomendações que tratam da detecção precoce de sinais e sintomas, alterações no padrão bioquímico e nos exames de imagem. Por fim, destacamos que, mesmo diante de tantos artigos publica- dos semanalmente em bases internacionais, há escassez de estu- dos sobre a morbidade e mortalidade da Covid-19 em gestantes e puérperas. Este fato dificulta a melhor compreensão sobre o com- portamento do vírus nessas mulheres, pois este tem se mostrado mais agressivo entre elas. Assim, sugerimos aos colegas enfermei- ros obstetras e intensivistas que invistam em pesquisa clínica de modo a preencher essa lacuna e assim contribuir com a qualidade do cuidado e a redução da mortalidade nesse grupo. Leia o Protocolo de Manejo Clínico de Gestantes com suspeita ou confirmação de Covid-19 no link. Aprofunde Fechamento https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Protocolo-Manejo-Gestante-e-Covid-UNICAMP.pdf https://bit.ly/2zRNnCB 34 REFERÊNCIAS ALAVIGNA M., COLPANI V., STEIN C. et al. Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da COVID-19. 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