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O ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS DE FONTES ALTERNATIVAS Alef Guilherme Zangari da Silva (UEM) Emerson Silva de Sousa (UEM) O objetivo deste trabalho é analisar como está sendo discutida a temática de trabalhar a música nas escolas, com ênfase nas aulas de História. Nele pretendemos analisar experiências de professores e também a nossa, baseada em atividades realizadas no Colégio Estadual Idália Rocha, da cidade de Ivaiporã/PR, pelo projeto PIBID. Este texto traz a importância das chamadas linguagens alternativas que se tornam grandes aliadas no ensino de Historia, pois através delas podemos mostrar conceitos e símbolos culturais e sociais de um contexto histórico, representando certa imagem de mundo, além de despertar o interesse dos alunos pelo conteúdo que trabalhamos. Trabalhamos a música de Noel Rosa “Três Apitos”, que explica o processo de industrialização do Brasil e a ingressão do trabalho feminino nas fábricas na década de 1930. Pretende-se com isso chamar a atenção para a importância de educadores a usar outras ferramentas além das convencionais, fazendo com que professores e alunos estejam cada vez mais entrelaçados e proporcionando que as aulas fiquem mais dinâmicas, trazendo melhorias para o processo de aprendizagem dos alunos. Argumento que pode ser afirmado por nós mesmos, já que percebemos tal efeito em nossas atividades nas escolas e com os professores entrevistados sobre o uso da linguagem alternativa no ensino de história. Palavras-chave: Música; Aluno; PIBID. Financiamento: CAPES/PIBID. Introdução Aos poucos a música vem ganhando espaço nas salas, principalmente nas aulas de história. Isso proporciona que as aulas fiquem mais dinâmicas, trazendo melhorias para o processo de aprendizagem do aluno. Através da música podemos trabalhar o que a letra e o ritmo nos mostra, e até mesmo o contexto em que foi escrita. Assim professores e alunos estão cada vez mais fazendo uso dessa linguagem alternativa. Podemos perceber isso pelas nossas experiências (através do PIBID) em sala aula, quando trabalhamos com a música como fonte histórica. A música dentro das aulas de História Na sociedade contemporânea na qual estamos inseridos, as chamadas linguagens alternativas se tornam grandes aliadas no ensino de Historia, pois através delas podemos mostrar conceitos e símbolos culturais e sociais de um contexto histórico, representando certa imagem de mundo (FERREIRA; e PAVIANI, 2012). Utilizar as artes visuais, o cinema, o teatro nas aulas pode proporcionar um resultado positivo no processo de ensino-aprendizagem. A música também pode ser utilizada com esse fim, se for apresentada com responsabilidade pelo professor. Para que isso aconteça, é necessário que o profissional, ao utilizar tal recurso, tenha conhecimento dos principais conceitos que envolvem a História da Música Ocidental, e que tenha ciência de que a música interagiu e interage com o seu momento histórico (GÓES, 2011). Tais linguagens auxiliarão os alunos na construção do conhecimento histórico como: transmissão de uma memória coletiva, formação da capacidade de julgar, análise de uma situação ou acontecimento e formação da consciência política. As chamadas linguagens alternativas para o ensino de história mobilizam conceitos e processam símbolos culturais e sociais, mediante os quais apresentam certa imagem do mundo. [...] as linguagens exigem uma proposta didática adequada para sua exploração nas aulas de história (ABUD, 2005). Podemos entender a consciência histórica como as operações mentais que fazem os homens interpretarem a evolução temporal do mundo e de si, podendo orientar sua vida no tempo. O uso da música no ensino de História no Brasil, não é algo novo nos profissionais da área. No próprio livro didático são trazidas algumas canções e explicações de movimentos musicais que marcaram o tempo. No entanto é preciso aprofundar no tema para entendermos a possibilidade, a metodologia e a didática para trabalhá-la em sala de aula. Quando pensamos a música como fonte histórica, devemos tratá-la como documento histórico, que pode ser explorado pelo historiador (o tratamento que se dá a uma letra de música deve ser o mesmo que a um documento histórico). A partir do século XX com a Escola dos Annales, há o rompimento da idéia de que documentos históricos eram apenas escritos de cunho oficial. Assim cabe ao historiador dar vida ao documento, fazendo perguntas e conhecendo sua origem e o contexto em que foi produzido. O documento em sala de aula ajuda a representação do passado e do presente, através dele aluno e professor estabelece esse dialogo entre passado e presente (FERREIRA; e PAVIANI, 2012). O uso de documento não pretende fazer do aluno um historiador, mas sim impulsioná-lo para o conhecimento histórico. Mais do que entender a musica temos que fazer o aluno pensar e interpretar. Para serem trabalhadas nas aulas de história as letras de músicas devem ser apresentadas como evidencias de fatos históricos, já que são representações que mostram como em diferentes lugares em determinados tempos era construída e pensada a realidade social. Também são de importância para a construção da representação social do aluno, e para retratarem como vários grupos formam a realidade social. Além de o professor trabalhar a letra da música como documento, há outros cuidados que o professor deve tomar, um deles se refere ao professor estabelecer a relação entre a música com o conteúdo que está sendo trabalhado em sala de aula. A música não representa somente o momento histórico de sua criação, ela recebe outras inúmeras influencias, é preciso aprofundar em seu estudo para entendê-la. Ao mesmo tempo se torna necessário ir além do documento, extrapolar o gênero musical que ela pertence, o que ele representa; avaliar a biografia do cantor e compositor, sua formação. São informações essenciais que podem responder o porquê da música ser escrita. Assim através da música podemos relacioná-la com o cotidiano das pessoas, contexto político e econômico, enfim mostrar o que acontecia ao redor do sujeito que escreve e interpreta a letra. Tal documento histórico possibilita o desenvolvimento de conceitos para a formação histórica dos alunos. Para utilizarmos adequadamente a música no ensino de História, é necessário que o professor conheça, pelo menos, as principais características dos períodos da história da música para que possa fazer a devida correlação com o assunto que ele esteja ensinando. Assim, o aluno poderá entender melhor que determinado estilo artístico fez parte da vida de um grupo de pessoas de tal época, ou seja, que, para cada época, existiu um público específico. Importa, também, discutir com os alunos sobre as diversas funções da música: política, religiosa, etc (GÓES, 2011). De acordo com Góes (2011), o professor não deve simplesmente apresentar a música, se torna necessário todo um conhecimento a priori. Ele deve levar em consideração o estilo musical de diferentes épocas e diferentes sociedades, pois a música é a expressão da cultura de um povo, assim o aluno terá melhor compreensão sobre quais estilos musicais representavam determinados povos. Antes de se aplicar tal aula o professor deve apresentar segurança na atuação, mas sem ser de forma autoritária. Além disso, o professor deve cuidar-se para que sua fala não se torne uma doutrinação para os alunos. Também se torna útil, antes de ser trabalhado tal tema, o professor organizar um questionário pra obter informações sobre o que os alunos sabem sobre o tema ou ate mesmo sobre a música que será trabalhada (FERREIRA; e PAVIANI, 2012). Uma aula trabalhada com música foge daquela rotina em sala de aula. E ela tem o propósito de que o aluno adquira conhecimento histórico através de documentos diferentesdos que já estão acostumados, por isso ao trabalhá-los o professor terá novas alternativas na organização de conteúdos. Pois uma única musica pode trabalhar temas como: trabalho, disciplina, cotidiano, mentalidade, moda, etc. Que sugerem ao professor novos roteiros de conteúdos, podendo fugir das velhas propostas presentes nos manuais didáticos (ABUD, 2005) O professor sabendo administrar a música na sala de aula ele terá um resultado muito além do esperado, pois é o tipo de trabalho que cria empatia entre aluno e professor, sem levar em conta o forma de uma referencial de memória para os estudantes, e facilitando sua relação com o conteúdo. Para Milton Joeri Fernandes Duarte as linguagens alternativas auxiliam no aprendizado do aluno (ABUD, 2005). Para Duarte a música foi essencial no aprendizado de seus alunos, ele da aula desde 1987. Sua tese de doutorado é “A música e a construção do conhecimento histórico em aula” (2011), foi a partir de sua experiência em classe que ele resolve aprofundar os estudos sobre a linguagem musical, e em até que ponto ela influência no ensino de história. Para responder tais questionamentos, o pesquisador acompanhou durante o ano de 2007 as aulas de uma professora de história para alunos da quinta série da rede municipal de São Paulo. No ano seguinte, ele selecionou 8 dos alunos da turma, 4 meninos e 4 meninas. Ele os entrevistou para saber os seus gostos musicais e, principalmente, qual era a relação que eles faziam entre o conteúdo e as músicas apresentadas pela professora. “Nas entrevistas fiz o procedimento contrário ao que era feito na sala de aula. Apresentava pequenos textos que falavam sobre os conteúdos ensinados pela professora e perguntava o que aquilo os lembrava. Todos os alunos referiram-se às músicas ouvidas nas aulas e, de certa forma, isso os ajudava a lembrar partes do conteúdo”, afirma. (FERREIRA abud DUARTE, 2011). Na sala de aula, a música aproxima aluno e educador, pois o contexto musical não é criado dentro da escola, elas vêm do cotidiano popular. Por isso o professor deve estar apto para contextualizar as canções ao mostrar para os estudantes. Na entrevista feita com o professor de História e Geografia Anuar Hassun Paracat, do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, ele afirma que sempre utilizou a música como ferramenta em suas aulas, já que a partir disso conseguiu interagir mais com seus e alunos e fazer com que eles aprendessem mais. De acordo com o Anuar: "tudo o que o professor trás para escola e para sua turma é válido e enriquece sua aula; [...] proporcionam ao aluno e professor saírem daquela rotina de giz, quadro e livro didático", motiva e desperta interesse nos alunos. À exemplo do que vem sendo tratado, ele também faz um reconhecimento se a música faz relação com o conteúdo que está sendo trabalhado antes de aplicá-la em sala de aula. Por fim ele classifica o uso da música como algo muito positivo para aulas de História, pois ele consegue ensinar melhor seus alunos, além de fazer com que sintam interesse em estudar História. Essa metodologia possibilita o aluno a elaborar conceitos e entender fatos históricos. As letras de músicas mostram evidencias e registros de acontecimentos que podem ser mais bem entendido pelos alunos, permitindo que ele se aproxime de pessoas que viveram no passado, elaborando sua própria compreensão histórica. Depois de passar a música cabe ao professor determinar a atividade a ser trabalhada em sala de aula. No final da atividade os aplicadores estabelecem quais os pontos positivos da proposta apresentada de início. A música escolhida Após o levantamento da metodologia de como trabalharmos a música em sala de aula, através do PIBID, colocamos em prática o que foi estudado. Foi escolhida a música Três apitos (1933) de Noel Rosa, que mostra diversos aspectos do contexto da década de 1930 no Brasil, numa turma de 2º ano do Colégio Estadual Idália Rocha (Ivaiporã – Pr). Três Apitos Noel Rosa Quando o apito da fábrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos Eu me lembro de você Mas você anda Sem dúvida bem zangada Está interessada Em fingir que não me vê Você que atende ao apito de uma chaminé de barro Porque não atende ao grito Tão aflito Da buzina do meu carro Você no inverno Sem meias vai pro trabalho Não faz fé com agasalho Nem no frio você crê Mas você é mesmo artigo que não se imita Quando a fábrica apita Faz reclame de você Nos meus olhos você lê Que eu sofro cruelmente Com ciúmes do gerente Impertinente Que dá ordens a você Sou do sereno poeta muito soturno Vou virar guarda-noturno E você sabe por que Mas você não sabe Que enquanto você faz pano Faço junto do piano Estes versos pra você No primeiro momentos vemos uma declaração de amor, porém ela também nos mostra o processo de industrialização no Brasil. Após a primeira guerra e os anos 1930, há a expansão industrial, e as fabricas que começam a aparecer nos lugar do campo, marcando o começo do mundo urbano. Essa contradição de rural e urbano se encontra já se encontra no próprio título, que fala do apito da fabrica, disciplina do tempo, relacionando-o com o tempo do relógio e não mais da natureza. As fabricas de tecidos foram as primeiras a se estabelecerem no Brasil, com operariado predominantemente feminino, por isso a música se dirigia a moça que fazia pano. A música também nos mostra as duas classes sociais que estavam nascendo: a burguesia e o proletariado, que surgiram após o enfraquecimento das oligarquias rurais. Assim como afirmam as fontes pesquisadas, trabalhar com música como fonte histórica, fez com que alunos interagissem com o contexto e entendessem melhor como procedeu da década de 1930 e o inicio da industrialização brasileira. Ao fim da aula perguntamos aos alunos se haviam dúvidas e todos mencionaram que por o conteúdo ter sido com música foi mais fácil entender e não houve duvidas. Deduzimos que isso aconteceu por os alunos ter criado maior expectativa com o tema e assim prestaram mais atenção e não obtiveram duvidas. Conclusão O uso da música começou ganhar espaço a partir da Escola dos Annales, que começa a tratá-la como documento histórico, então à música também engrenou em ganhar seu espaço dentro das aulas de história, como função de trazer uma maior dinâmica nas aulas. De acordo com as idéias trabalhadas no texto, tais ferramentas permitem uma aproximação entre aluno e professor, pelo fato, fazendo com o que os alunos interajam com a aula e demonstrem um interesse pelo assunto. Ouvir as opiniões, esclarecer duvidas e envolver os alunos em torno de um debate sobre o material apresentado é uma experiência que demonstra o objetivo das linguagens alternativas trabalhada em sala de aula. As linguagens alternativas realmente propõem um aprendizado melhor para os alunos, tivemos a experiência de trabalhar essa proposta no Colégio Estadual Idália Rocha na cidade de Ivaiporã/PR, atividades realizadas pelo PIBID. O fato de aliar o trabalho teórico com as linguagens alternativas na sala de aula foi uma experiência enriquecedora, tanto pessoal como profissional. Ainda percebemos que as aulas se tornam agradáveis devido ao grande interesse dos alunos a respeito do tema, fazendo com que o professor se torne estimulado a trazer outras linguagens de ensino como, música e vídeos, imagens. Em aulas assim alunos conseguem vimos que os alunos prestam atenção e aprendem mais. Por fim classificamos a aula trabalhada com linguagem alternativa como algo positivo, desde que ela seja com os devidos métodos citados no texto, seguindo tais passos, certamente professores e alunos terão os objetivos alcançados; apesar dessas ferramentas serem pouco utilizadas esperamos, através do nosso trabalho, influenciar os professores do colégio a adotaresses estilos de aula no seu cronograma. Essa foi nossa primeira aula trabalhada em tal perspectiva, no entanto pretendemos, através do PIBID, continuar trazendo metodologias novas (principalmente relacionadas a linguagens alternativas), que proporcionem um melhor aprendizado dos alunos nas aulas de História. Referências bibliográficas ABUD, K. M. Registro e representação do cotidiano: a música popular na aula de história. Cad. Cedes, Campinas, vol 25. 2005 DUARTE, M. J. F. A música e a construção do conhecimento histórico em sala de aula. Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011. FERREIRA, T. L; e PAVIANI, B. A música e a ditadura militar: como trabalhar com letras de música enquanto documento histórico. História e Ensino, Londrina, vol 18. 2012. FERREIRA, V. F. Uso de música em sala de aula facilita o aprendizado. 2011. Disponível em http://www.usp.br/agen/?p=66775. Acessado em 20/1015. GÓES, P. S. A utilização das músicas nas aulas de História com os alunos do 8º ano. São Cristovão – SE. 2011. SOUSA, R. G. O uso de música no ensino de história. S/D. disponível em http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/o-uso- musica-no-ensino-historia.htm. Acessado em 20/10/15. http://www.usp.br/agen/?p=66775 http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/o-uso-musica-no-ensino-historia.htm.%20%20Acessado%20em%2014/09/15 http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/o-uso-musica-no-ensino-historia.htm.%20%20Acessado%20em%2014/09/15
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