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#19 A/W 2018
Plastic 
Dreams 
#19
Mente Aberta
02-03
On the Road
04-61
Mindfulness
62-63
Como Viver Junto?
64-67
Minas Open Vibes
68-73
Terra em Transe
74-75
Moda Desencanada
76-77
Trans-formação
78-83
Salada Mística
84-87
Pura Sorte
88
direção geral 
Erika Palomino
editora 
Patrícia Favalle
coordenação 
Rodolfo Beltrão
projeto gráfico 
e direção de arte 
Gabriel Finotti
coordenação 
Rodolfo Beltrão
assistente de design 
Timothé Gourdin
revisão 
Cícero Oliveira
tradução 
Duda Trindade
++
colaboradores 
Alexia Von Igel, Ana Flavia, 
Ana Pinho, Ariel Bernardes, 
Bia Amaral, Bill Macintyre, 
Bruno Rezende, Carlos Rosa, 
Edson Luciano, Fátima Sosa, 
Gael Sonkin, George Krakowiak, 
Giuliana Mesquita, 
Grazih Oliveira, Heloisa Muniz, 
Hick Duarte, Jake Falchi, 
Laura Artigas, Lucas Rehnman, 
Mangaba, Melissa Baseman, 
Naelson De Castro, 
Niege Borges, Otávio Almeida, 
Paula Borghi, Pedro Pinho, 
Priscila Paciello, Robert Estevão, 
Silvia Nascimento, Victor Affaro, 
Vivi Bacco, Vivian Whiteman e 
Wesley Teodoro
2
por
ÖPĒN V ĬB£§
ERIKA PALOMINO
Conheça as bases do tema de 
inverno 2018 da Melissa: 
um verdadeiro convite para que 
a gente encare a vida com mais 
simplicidade e afeto
MENTE 
ABERTA
3 Open Vibes é mais do que uma coleção. É um convite a 
uma mudança de atitude. Neste inverno 2018, a 
proposta é descomplicar. O tema vem inspirado na 
necessidade (super) urgente de nos reconectarmos, de 
desacelerar, e encarar tudo com mais leveza. Se lá fora 
as coisas parecem confusas, aqui é alto-astral, mente 
aberta e coração quente. 
O I-ching, livro chinês que serve de guia para 
interpretarmos o mundo ao redor, explica o universo 
como sendo constituído por cinco tipos de energias, 
representadas por elementos da natureza que 
interagem entre si, de forma cíclica e constante. São 
elas: metal, água, madeira, fogo e terra. Esse fluxo é a 
vida. Nesse caminho para nos entendermos, e até 
mesmo para tentar relaxar, a proximidade com a 
natureza se mostra essencial. A ideia não é largar tudo 
e viver no mato, mas conseguir um equilíbrio e trazer 
essa calma para o cotidiano – e com menos ansiedade. 
Daí a importância da dualidade do natural versus o 
urbano, passando pelas questões sociais e culturais 
relacionadas a esse secular embate. Do Oriente nos 
inspiramos também na sabedoria da mentalidade 
japonesa do wabi-sabi, que cultiva a beleza da 
imperfeição, a busca pela simplicidade e pela essência 
– das coisas e dos seres vivos.
Tudo isso aparece na nova coleção Open Vibes inverno 
2018, que tem muito de conforto, de esportivo, de um 
design limpo, de linhas definidas, que trata também de 
uma nova feminilidade, ao mesmo tempo em que 
aborda a tendência do genderless – produtos que 
refletem esses questionamentos e suas interações. 
Nesse caminho de descobertas e na busca pelo 
autoconhecimento, tão importantes para a construção 
de uma sociedade melhor para todos, está a 
consciência do que somos e, principalmente, do que 
queremos ser. Para isso, o grande lance é a forma como 
a gente se relaciona, e fazer das experiências que 
vivemos um processo tão rico quanto diverso.
Para mostrar a nova coleção ÖPĒN VĬB£§, 
fizemos uma viagem ao deserto do Atacama, 
no Chile, cenário perfeito para se conectar 
com a extraordinária força da natureza
Alexia de vestido GIULIANA ROMANO camiseta FOREVER 21
Helô veste calça MINHA AVÓ TINHA casaco PAULA RAIA
Melissa veste moletom ADIDAS vestido HELÔISA FARIA
ON THE
foto HICK DUARTE
styling GEORGE KRAKOWIAK
beleza ROBERT ESTEVÃO
direção de arte GABRIEL FINOTTI
direção criativa ERIKA PALOMINO
produção executiva MANGABA
coordenação RODOLFO BELTRÃO
modelos ANA FLAVIA (FORD), ALEXIA VONIGEL (FORD),
MELISSA BASEMAN (WAY), HELOÍSA MUNIZ (SQUAD),
GAEL SONKIN (PRIME) e ARIEL BERNARDES (JOY)
tratamento de imagem BRUNO REZENDE
produção de moda BIA AMARAL
assistentes de beleza CARLOS ROSA e OTÁVIO ALMEIDA
assistentes de foto EDSON LUCIANO E NAELSON DE CASTRO
ROAD
Alexia veste bermuda ALCAÇUZ vestido AIR 
MELISSA ESPADRILLE + JASON WU
Ana Flavia veste casaco MINHA AVÓ TINHA 
camiseta B.LUXO saia FROU FROU MELISSA BE II 
Melissa veste saia ADIDAS ORIGINALS blusa MINHA AVÓ TINHA 
casaco ZHOI bolsa MELISSA WALLET
Alexia de vestido GIULIANA ROMANO camiseta FOREVER 21 
MELISSA VIVIENNE WESTWOOD ANGLOMANIA + MELISSA DOLL
Melissa veste camiseta B.LUXO saia COVEN
MELISSA PREPPY
Ariel veste blusa A MULHER DO PADRE calça LEVI’S PARA FROU FROU
MELISSA BILLY CREEPERS
Melissa veste body FILA x HAIGHT vestido COVEN
MELISSA GIRL SANDAL + JASON WU
Helô veste look total MINHA AVÓ TINHA
MELISSA CREATIVES WEARABLE
e MELISSA POSSESSION
Melissa veste top AGUSTINA GUTIERREZ
Helô veste calça TOMMY HILFIGER 
blusa MODEM MELISSA CLASSY HIGH
Melissa veste calça DIANE VON FURSTENBERG 
cinto ANOTHER PLACE top AGUSTINA GUTIERREZ 
MELISSA ENERGY
Gael veste jaqueta LEVI’S calça FARM
MELISSA DESERT BOOT PHYTON + BAJA EAST
Helô veste blusa MINHA AVÓ TINHA 
saia TOPSHOP MELISSA BEND
Ariel veste calça LEVI’S
Helô veste blusa MINHA AVÓ TINHA saia TOPSHOP
Melissa veste camiseta A MULHER DO PADRE saia LETAGE
Gael veste blusa FOREVER 21 calça COTTON PROJECT
Alexia veste jaqueta de couro sintético B.LUXO 
Melissa veste blusa COVEN saia ADIDAS 
ORIGINALS jaqueta ZHOI
Ana Flavia veste casaco MINHA AVÓ TINHA 
camiseta B.LUXO saia FROU FROU
Helô veste casaco LACOSTE    
Ariel veste blusa PRIMITIVE SKATEBOARD 
Gael veste casaco COTTON PROJECT
MELISSA CREATIVES WEARABLE
Alexia veste casaco HUMANS AND ALIENS 
cueca como short HUF 
MELISSA FULLNESS
Ana Flavia veste casaco MINHA AVÓ TINHA 
MELISSA BACK PACK + THE CAMBRIDGE SATCHEL CO. 
Helô veste casaco PAULA RAIA 
calça MINHA AVÓ TINHA
MELISSA ZEN
Ariel veste blusa A MULHER DO PADRE 
calça LEVI’S à venda na FROU FROU
Melissa veste short ANORTHER PLACE blusa DEBORA 
MANGABEIRA casaco MONCLER MELISSA MAR SANDAL
Helô de vestido B.LUXO 
MELISSA BILLY CREEPERS
Melissa veste blusa COVEN 
saia ADIDAS ORIGINAL jaqueta ZHOI 
MELISSA BROGUE HIGH
Melissa veste blusa DEBORA MANGABEIRA
short ANOTHER PLACE
Gael veste calça COTTON PROJECT
camiseta ACERVO
Helô veste casaco HANGAR 33 saia FROU FROU 
blusa MINHA AVÓ TINHA MELISSA VIVIENNE 
WESTWOOD ANGLOMANIA + MELISSA 
BRIGHTON SNEAKER
Melissa veste calça HELÔISA FARIA body COBE 
camisa MAZE SKATESHOP
MELISSA SOUL
Alexia veste blusa DEBORA MANGABEIRA 
calça B.LUXO MELISSA PRANA 
Ana Flavia veste body A MULHER DO PADRE
e MELISSA + ASCORDINHAS
Ana Flavia veste body A MULHER DO PADRE 
camisa AMIR SLAMA calça LEVI’S
MELISSA VIVIENNE WESTWOOD 
ANGLOMANIA + MELISSA FLOX
Helô veste moletom ELESSE 
saia B.LUXO
MELISSA FUSION 
Melissa veste moletom ADIDAS ORIGINALS 
MELISSA CUTE BAG
Ana Flavia veste top FOREVER 21 casaco 
BURBERRY saia NOVO LOUVRE 
MELISSA BELIEVE
Melissa veste moletom ADIDAS ORIGINALS
vestido HELÔISA FARIA
Alexia veste top TOP 21 calça ADIDAS 
ORIGINALS MELISSA IN THE FLOW
Desde as primeiras horas do dia até o entardecer 
cor de rosa, a luz do sol serve como fio condutor 
da viagem, desenhando momentos e as paisagens 
de vulcões, lagunas e rochas
Alexia veste top FOREVER 21
coat BURBERRY
Melissa veste moletom ADIDAS ORIGINALS
vestido HELÔISA FARIA
Ana Flavia veste camisa MAX MARA
top FOREVER 21 calça ANOTHER PLACE
MELISSA BELIEVE
Ana Flavia veste blusa B.LUXO
Helô veste camisa MAX MARAHelô wears shirt MAX MARA
Melissa veste jaqueta LUPO calça ADIDAS 
ORIGINALS MELISSA COMFY
Alexia veste saia MINHA AVÓ TINHA
body FILA X HAIGHT MELISSA SHIFT
Ariel veste jaqueta LEVI’S calça LEVI’S
Gael veste calça COTTON PROJECT 
MELISSA ULITSA 
Ana veste saia e blusa B.LUXO 
MELISSA ULITSA SNEAKER
Helô veste body BEN_12345678910
Alexia veste body FILA X HAIGHT
Melissa veste jaqueta LUPO
Ariel veste jaqueta LEVI’S
Helô veste blusa TOMMY HILFIGER 
calça FOREVER 21
MELISSA ENERGY 
Ana Flavia veste blusa HUMANS 
AND ALIENS saia NOVO LOUVRE
MELISSA BELIEVE
Ana Flavia veste polo MINHA AVÓ TINHAbermuda OCKSA
Gael veste capa BEN_12345678910
Helô veste body BEN_12345678910
Melissa de vestido CAJÁ 
Alexia de blusa MINHA AVÓ TINHA
*Alguns produtos podem sofrer alteração de cor ou não estarem disponíveis para venda
Melissa de vestido CAJÁ
Protegidos pelas estrelas, junto ao fogo, vivemos 
experiências inesquecíveis, pura emoção e alto astral
Alexia veste blusa MINHA AVÓ TINHA
Quem nunca teve a sensação de sair de casa e 
pensar: “Como cheguei aqui?”, ou pedir aquele 
prato preferido no restaurante e, quando se dá 
conta, a comida acabou, mas a impressão é de 
como se você não tivesse comido. Esses são 
exemplos de situações em que o corpo está 
presente, porém a mente dispersa em preocu-
pações ou distrações, como o smartphone. 
É como se vivêssemos no piloto automático, 
passando as horas do dia semiconscientes. 
Infelizmente, essa falta de atenção ao presen-
te, ao que estamos fazendo naquele momento, 
atinge mais e mais pessoas, e de todas as ida-
des. A boa notícia é que muitos profissionais 
da área da saúde que estudam a mente estão 
desenvolvendo técnicas para despertar essa 
atenção total ao agora, caso da badalada 
Mindfulness. 
“O estado de Mindfulness, atenção plena, 
pode ser definido como uma condição mental 
contrária ao viver desatento ou sempre muito 
reativo aos estressores do dia a dia. As prin-
cipais metodologias para o desenvolvimento 
dessa prática são exercícios derivados de al-
gumas ações meditativas que usam o próprio 
corpo (respiração e sensações corporais) como 
âncoras para o treinamento da atenção”, expli-
ca Malu Favarato, Mestranda em Saúde Cole-
tiva na Unifesp, e responsável pelo Núcleo de 
Avaliação Clínica no Centro Mente Aberta – 
Mindfulness Brasil. 
A atividade chegou ao Brasil em 2015, e há 
várias iniciativas para levar o Mindfulness para 
pacientes do SUS, que têm menos condições 
financeiras de frequentar os centros de estu-
dos. “No Brasil, o conceito foi trazido pelos 
pioneiros que estudaram fora do país. Somos 
nós, psicólogos, quem começamos a inserir as 
práticas na saúde pública brasileira”, relata 
Daniela Sopezki, primeira brasileira a se certifi-
car no método da Breathworks – escola inglesa 
de Mindfulness. Ela também é doutora em 
Saúde Coletiva pela Unifesp.
Mas Mindfulness é para todo mundo? Não. 
Em casos muito extremos de ansiedade e de-
pressão, o procedimento não é indicado. Malu, 
do centro Mente Aberta, explica: “É preciso ter 
ação especial no caso de pacientes com sinto-
mas agudos e intensos, ou em condições espe-
ciais, como pessoas com esquizofrenia. Nesses 
casos, a indicação é pelo acompanhamento de 
um profissional da saúde, além de um professor 
de Mindfulness certificado e competente.”
De acordo com os especialistas, a vantagem 
de viver no presente de forma intensa é a me-
texto SILVIA NASCIMENTO
62 MINDFULNESS :
nor irritação com os problemas que causam as 
típicas amolações cotidianas, como trânsito, 
ambiente profissional desarmônico, problemas 
com a família e vida acadêmica atribulada. 
A sensação é de um estado de bem-estar mais 
sustentável, com reflexos psicológicos (mais re-
siliência, atitude positiva, tomadas de decisões 
funcionais) e corporais (menos efeitos nocivos 
do estresse em nossas funções vitais, como nas 
respostas imunológicas e inflamatórias).
NÃO É MEDITAÇÃO 
As práticas de atenção plena não têm fundo 
religioso e nem podem ser definidas como medi-
tação, avisa Daniela Sopeski. “Mindfulness não 
é meditação. Ela é um aprendizado que pode 
acontecer em absolutamente qualquer instante. 
É a consciência de estar presente no momento – 
mas, em qual momento? Em qualquer um! Toda 
hora é uma oportunidade para estar ‘mindful’”. 
O excesso do uso de tecnologia também tem 
causado estragos na percepção das pessoas. 
Na hora de dormir, durante as refeições ou 
dirigindo, o celular tem substituído o foco do 
presente real por entretimento digital, e esse 
é considerado até um recurso de escape para 
quem tenta fugir da realidade. A tecnologia 
não é inimiga, o importante é saber quem 
controla quem. 
“O Mindfulness ajuda no primeiro momento 
para essa tomada de consciência: eu faço um 
uso útil e consciente da tecnologia? O que está 
agregando à minha vida? Os praticantes notam 
os puros automatismos, como pegar o celular 
sem intenção consciente, a fobia de ficar sem 
bateria, a inquietação de passar horas desco-
nectado. Também passam a dialogar, a interagir 
nas redes e com os recursos de maneira mais 
otimizada, se apropriando realmente dessa 
ferramenta, para que ela agregue algo que ver-
dadeiramente se está necessitando e não o que 
a mente, distraída e habituada, diz que precisa-
mos”, finaliza Daniela. 
ilustrações LUCAS REHNMAN
traga sua mente para o agora
LAURA ARTIGAS
VICTOR AFFARO
texto
fotos
64 COMO VIVER JUNTO?
1. Rita Retz 
posa em frente 
à sua casa-ateliê, 
em Botucatu. 
Na sequência, 
imagens do 
interior da 
construção
É cada vez mais comum o êxodo para 
cidades menores e vilarejos comunitários 
– alternativa de moradia que começou na 
década de 1970 e ganha novos contornos 
para atrair os millenials
1.
Dois filhotinhos de beija-flor se assa- 
nham com o pouso da mãe no ninho 
perto de um pequeno lago vigiado por 
libélulas. Um pé de jabuticaba osten-
ta numerosos frutos e atrai cachorros 
sem guia correndo em um espaço sem 
grades. Os carros rasgando a estrada de 
terra são ouvidos em longos intervalos 
de tempo. Neste cenário bucólico, uma 
designer conecta seu celular à internet e 
faz negócios por e-mail.
Há dois anos, Rita Retz se instalou no 
bairro Demétria, a cerca de 13 km do 
centro de Botucatu, no interior de São 
Paulo. Depois de uma temporada na 
capital paulista para cursar artes plásti-
cas, ela decidiu montar sua casa-ateliê 
no lugar onde nasceu e foi criada. “Aqui 
consigo ter mais concentração para criar 
e fico perto da minha família”, comen-
ta. Rita faz parte da primeira geração 
de pessoas estabelecidas na locali-
dade fundada por holandeses no final 
dos anos 1970. “Quando fui a São Pau-
lo, achava que todo mundo era bom”, 
relembra, gargalhando. 
Um perfuminho hippie ainda pode ser 
sentido no bairro, mas bem de leve. 
“Talvez isso aconteça graças ao sen-
so de coletividade, à proximidade e ao 
respeito pela natureza. Toda vez que 
alguém está indo para a cidade, por 
exemplo, manda uma mensagem para 
o grupo de WhatsApp dos moradores 
só para oferecer carona”, justifica. Na 
área verde do bairro encontram-se casas 
com arquitetura arrojada, redes de wi-fi 
e uma filial da conceituada escola de 
pedagogia Waldorf, que atrai estudantes 
de todas as classes sociais, inclusive 
de fora do perímetro urbano. A designer 
aprecia a chance de viver entre o campo 
e a cidade: “São mundo complementa-
res”, reflete. No caso de Rita, o DNA da 
vida tranquila veio de berço, mas essa 
tendência está em alta entre aqueles 
que repensam o estilo de vida frenético 
nas grandes metrópoles. 
Há quem já incorpore os hábitos 
saudáveis e éticos com a natureza e à 
sociedade mesmo vivendo no coração 
das megalópoles, mas há os que se ar-
riscam em uma mudança mais radical, 
como fez Fernanda Hari, que, aos 26 
anos, formada em administração de em-
presas, partiu de mala e cuia para a eco-
vila Osho Rachana, localizada na cidade 
de Viamão, a 16 km de Porto Alegre. “Fui 
criada para ser competitiva, para garantir 
o meu sustento”, diz. 
Tudo começou a mudar quando ela se 
interessou por meditação e há quatro 
anos passou a preferir destinos de via-
gens nos quais podia ficar mais próxima 
do meio ambiente. Nesse momento, ela 
encara a nova moradia como uma fase 
de aprendizado. “Não marquei data de 
volta. Tem um lado meu que diz que não 
vou ficar aqui para sempre. Pode ser que 
isso mude. Estou experimentando outra 
forma de viver”, explica. 
Por ali, ela trabalha na comunidade (que 
tem mais de setenta residentes) e pro-
move cursos e vivências. Porém, avisa 
que o maior atrativo para encarar esse 
estilo de vida é o relacionamentocom 
as pessoas. “Aqui não tem muito espaço 
para viver um personagem – todos te 
enxergam o tempo inteiro”, alerta.
O biólogo carioca Diogo Alvim se ques-
tionou sobre a mudança há pouco mais 
de uma década. “Será que só existe 
uma maneira de levar a vida? Tem que 
se formar em alguma profissão, encon-
trar um emprego, planejar uma família e 
trabalhar duro para manter o padrão?”. 
Para ele, a resposta foi não! E aí, a alter-
nativa foi convocar os amigos e montar 
a ecovila Terra Una, na pequenina Liber-
dade, em Minas Gerais. Em sua rotina, 
Diogo se divide entre a carreira de pro-
fessor na escola local e as atividades 
no vilarejo. “É uma experiência que 
está dando certo, mas já passamos por 
várias fases”, confessa. 
No endereço convivem 16 habitantes, 
que moram tanto em casas individuais 
quanto em coletivas. Apesar de a im-
agem para a redenção da vida urbana 
figurar no contato com a natureza, ele 
desmistifica o clichê citando a autora 
norte-americana Diane Leaf, autora do 
livro “Creating a Life Together” [Criando 
uma Vida Juntos]: “Iniciativas de vida em 
comunidade costumam terminar antes 
de três anos. O segredo da longevidade 
é o comprometimento coletivo”, pontua.
Se em pequena escala já é difícil com-
partilhar, imagine em um centro comer-
cial. Urbanistas de todo o mundo já 
estão testando soluções viáveis. Uma 
das teorias de maior visibilidade no 
momento é o “New Urbanism” [Novo 
Urbanismo]. “Começamos a notar um 
interesse comum por mudanças, e é isso 
que tende a acontecer”, frisou o arquite-
to Peter Calthorpe durante a sua pales- 
tra no TED Talks. Entre as resoluções 
sugeridas pelo grupo a ideia é refazer a 
área rural nas bordas das cidades, e, as-
sim, reaproximar a natureza do ambiente 
urbano trazendo a produção de alimen-
tos para perto das pessoas e construir 
áreas mistas nas quais comércio, serviço 
e residências se misturam, priorizando 
trajetos a pé ou de bicicleta, reduzindo a 
poluição e oferecendo maior contato hu-
mano. “A maneira como construímos as 
urbes demonstra o tipo de humanidade 
que queremos ser”. 
A ex-publicitária, e agora facilitadora de 
projetos Nathalia Manso, 30 anos, en-
grossa o coro dos especialistas. “Venho 
tentando mudar o meu estilo de vida. 
Reduzir o consumo e priorizar os alimen-
tos orgânicos cultivados por produtores 
próximos da cidade. Quando você se 
alimenta melhor, gasta menos dinheiro e 
diminui o lixo. Ah! Também fabrico o meu 
próprio desodorante”, avisa. Ela também 
faz parte do grupo que opta por dividir 
a casa com outras pessoas – Nathalia 
divide o lar com duas amigas. “Tem até 
famílias com filhos que escolheram repar-
tir as residências. As antigas repúblicas 
de estudantes são uma realidade na vida 
adulta contemporânea”. 
No fim, as diretrizes para contornar os 
problemas de se usufruir dos espaços 
coletivos serão encontradas por meio de 
experiência e muita disponibilidade para 
conviver. Afinal, como disse o premiado 
arquiteto Paulo Mendes da Rocha: “Fize-
mos a cidade para poder conversar”.
2. Rita Retz 
em momento de 
criação em sua 
casa-ateliê
2.
68
São mulheres que ganharam os holofotes graças a seus 
projetos de vida. Avessas às diferenças, que muitas vezes 
determinam os padrões sociais, Juliana Luna, Bruna 
Arcangelo, Eliane Medeiros, Talitha Barros, Amanda 
Rhara e Nina Weingrill apostaram em um estilo nada 
ortodoxo – e de boas vibrações – para conquistar voz e 
vez entre os “comuns”. O resultado pode ser constatado 
no sucesso que esse time imprime por aí: do uso dos 
turbantes afro como parte da construção da autoestima 
ao jornalismo difundido por crianças e adolescentes nas 
periferias da Pauliceia, passando pelo estudo de sabores e 
de culturas que arrematam uma multidão de seguidores.
MINAS
ÖPĒN VĬB£§
textos
ilustrações
SILVIA NASCIMENTO
ANA PINHO
LAURA ARTIGAS
NIEGE BORGES
por Silvia 
 Nascimento
@
ju
lia
na
lu
na
Ela é uma das brasileiras mais influentes do Instagram, presta consulto-
ria para marcas que querem conhecer mais sobre a cultura negra e viaja 
muito. Juliana Luna não tem apego às coisas materiais, pelo menos não 
como antes. “Os valores espirituais me libertaram do consumismo. Em 
meu corpo, só se manifesta algo que meu espírito já sentiu, que já foi 
processado em minhas emoções; se não cuidei disso, há um efeito direto 
em meu físico”, explica a embaixadora cultural, que ensina mulheres a 
usar turbantes, e que também cuidou do time dos refugiados durante as 
Olimpíadas no Brasil. “É importante estarmos presentes dentro de nós 
mesmos, porque é possível ver quando tem algo que não está balanceado 
em nosso espírito. Ser espiritual é ser humano.” 
O equilíbrio está no olhar interno 
69 JULIANA LUNA 
por Laura 
 Artigas
@
br
un
aa
to
le
do
Há três anos, Bruna Arcangelo Toledo mudou radicalmente de vida. 
Largou o emprego de estilista e ganhou o mundo com sua câmera. 
“Comecei registrando o meu cotidiano por curiosidade. Um dia, joguei 
tudo no programa de edição de vídeo e, quando percebi, havia passa-
do sete horas trabalhando”, relembra. A epifania, somada à insatisfação 
com a vida restrita a quatro paredes, a levaram a gastar suas economias 
em viagens e vencer a timidez para viabilizar seus filmes. A escolha teve 
um preço: “Aprender a conviver com a instabilidade”, avisa. Da moda, 
ela trouxe o senso estético apurado, e hoje é uma das grandes apostas do 
canal a cabo OFF. Depois de uma jornada na Austrália, Bruna já desenha 
seus próximos destinos – Etiópia, Havaí e Cabo Verde.
70
Uma câmera na mão...
BRUNA ARCANGELO por Ana Pinhopor Laura Artigas
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el
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Razão e sensibilidade
71 ELIANE MEDEIROS
“Buscamos alguém com o seu perfil”. Para Eliane Medeiros, a mensagem 
de uma agência paulista foi uma surpresa. Tocantinense radicada em 
Goiânia, a modelo – que também é musicista e estuda direção de arte –, 
nunca tinha visto uma campanha de moda brasileira com alguém com 
vitiligo. Aceitou o convite e, em 2016, virou a protagonista de um estron-
doso sucesso. Suas fotos viralizaram e ganharam elogios do público. 
“As pessoas procuram de tudo para apontar que você não se encaixa num 
padrão”, explica Eliane. “Mas estamos num período de quebra de paradig-
mas e de transformação social – e a minha arma é justamente a minha 
imagem”, finaliza. 
por Ana 
 Pinho
@
ta
lit
ha
ba
rr
os
72 TALITHA BARROS
Em 1999, Talitha Barros aproveitou uma greve universitária para ajudar 
um sushiman. A decisão mudou a sua vida. “Senti que queria ser cozinhei-
ra e jamais mudei de ideia.” Foi chef de cozinha francesa e italiana antes 
de abrir a própria casa, a Conceição Discos, em 2014. “Um dia, perguntei 
a mim mesma o que realmente me representava. Olhei para a cidade para 
depois me compreender”, diz. Das plantações aos imigrantes, estudou as 
raízes paulistanas para criar uma cozinha com pés na história – há mi-
údos, linguiça, pudim de leite-condensado, e um lugar que oferece uma 
nova relação com ela. “Emociono-me quando vejo as pessoas nos degraus 
da rua e com a comida no colo. Paulistano não é tão sisudo assim”, ri. 
A dona da banca
por Laura 
 Artigas
@
en
oi
sc
on
te
ud
o
73 ÉNÓIS
Amanda Rhara e Nina Weingrill acreditam na comunicação como agente 
transformador. Em 2009, elas fundaram a Énóis, escola de jornalismo 
voltada para jovens de 16 a 18 anos, preferencialmente moradores das 
periferias. O projeto já soma 500 formados cujas apurações podem ser 
lidas em grandes veículos de imprensa. O livro “Prato Firmeza”, um guia 
gastronômico das quebradas de São Paulo, criado pela escola, foi indicado 
ao Prêmio Jabuti (o mais importante do mercado editorial) na categoria 
gastronomia. “Foi um dos alunos que insistiu para inscrever”, relembra 
Amanda. A escola agora pretende difundir os seus métodos. “Porque o jor-
nalismo faz ter consciência de coisas que a gente não sabe”, aponta a dupla.
Diretamente das quebradas
por
Antropologia e artes visuais:a 
percepção do que nos cerca por 
meio de um olhar mais sensível
PAULA BORGHI
1. Ganimedes, 2016, 
Zé Carlos Garcia
2. Pássaro, 2010, 
Zé Carlos Garcia
3. Alísio, 2012, 
Zé Carlos Garcia
4. Porrete de 
borracha utilizado 
na obra Exaustas, 
Marcone Moreira
5. Porrete de 
madeira utilizado 
na obra Exaustas, 
Marcone Moreira
1.
2. 3.
TERRA 
EM
TRANSE
Outras naturezas, outras 
culturas: novas formas de 
ver o mundo e de conviver 
Falar das coisas que nos cercam com 
um olhar que busca compreender o que 
é natural pode nos levar automatica-
mente a ver o seu oposto, isto é, o que 
é artificial. Por que, então, não ampliar 
este espectro e pensar a natureza em 
oposição à cultura? Em uma conferência 
realizada em Paris, em 2007, e recente-
mente publicada em “Outras naturezas, 
outras culturas”, (Editora 34, 2016), o 
antropólogo francês Philippe Descola 
questiona como o homem organiza o 
mundo por meio da diferença entre aqui-
lo que é natural e aquilo que é cultural. 
Se em um primeiro momento podemos 
compreender a natureza como tudo aqui-
lo que existe no mundo sem intervenção 
do gesto humano (oceanos, montanhas, 
florestas...), a cultura é tudo aquilo que 
é afetado por ele (obras de arte, leis, 
ferramentas, cidades, idiomas...). Em um 
segundo momento, é possível observar 
que muito daquilo que nos cerca é natu-
ral e cultural ao mesmo tempo. 
Por exemplo, o porrete de madeira uti-
lizado na obra de arte “Exaustas”, de 
Marcone Moreira, é um objeto natural, 
um tronco fino de madeira encontrado 
na mata maranhense. Esse pedaço de 
madeira, contudo, é um porrete usado 
por mulheres da região para a extração 
da semente do babaçu; ele exerce, pois, 
uma atividade técnica e, logo, cultural. 
Neste caso, o objeto não é apenas 
caracterizado como cultural por ser 
uma obra de arte, pois antes de ser 
compreendido como obra de arte, ele já 
exercia uma função cultural por ser um 
instrumento de trabalho. 
Indo além, Descola incita essa ideia 
do homem ocidental como protagonista 
da cultura, questionando os parâme- 
tros que definem os humanos (nós) e os 
não humanos (plantas, animais e obje-
tos). Segundo a sua experiência como 
etnógrafo com o povo indígena Achuar, 
da Amazônia equatoriana, e, posterior-
mente, como antropólogo comparando 
povos indígenas de outros continentes, o 
estudioso critica nossa maneira de tratar 
animais e plantas como não humanos, 
ou seja, como não formadores de cultura.
Dando como exemplo uma série de es-
tudos sobre povos indígenas que enten-
dem plantas e animais como pessoas ou 
sujeitos, o antropólogo francês nos apre-
senta a uma humanidade por meio de 
sua essência, e não em virtude de aspec-
tos físicos. Segundo o autor, para os Cri 
(indígenas do norte de Québec, Canadá), 
a diferença entre animais e homens é 
mera questão de aparência, uma ilusão 
dos sentidos baseada no fato de que o 
corpo destes últimos é um tipo de fanta-
sia, a qual vestem quando os humanos 
estão por perto, a fim de enganá-los 
sobre a sua verdadeira natureza.
Em paralelo, podemos pensar no trabalho 
“Cabeça de Porco”, de Zé Carlos Garcia, 
em que uma cabeça de porco é operada 
pelo artista por intermédio de um proces-
so cirúrgico escultórico que transforma 
a feição porcina em humana. Um objeto 
contemplativo, que é também servido ao 
público como alimento, um trabalho de 
arte que nos convida a refletir exata- 
mente o que é humano, pois ao comer 
a cabeça do porco estamos comendo a 
imagem/ideia de uma cabeça humana. 
Garcia e Descola nos incitam a repensar 
a relação dos humanos com os animais 
e plantas, nosso lugar como os únicos 
seres capazes de criar cultura – eles nos 
propõem olhar a natureza não apenas 
como fonte de recursos dos quais po-
demos tirar proveito, mas que, por 
sermos humanos e produtores de cul-
tura, percebamos que estamos ligados 
a ela. Somos motivados a ver a “alma” 
da natureza e parar de tratar o mundo 
meramente como fonte de riqueza, 
buscando novas formas de viver junto. 
75
4.
5.
POR UMA MODA MAIS 
DESENCANADA
76
Em um momento de tensão e escalada para- 
noica de inimizades, a moda propõe uma tré-
gua. Não para abafar o caso nem esconder o 
óbvio, mas para um necessário momento de 
descontração. Na verdade, é mais do que isso: 
está no ar um pedido de tempo seguido de uma 
mudança de perspectiva.
Os momentos criativos de algumas marcas 
e designers, e desejos legítimos de um certo 
público jovem, mostram o caminho. Desenca-
nar de certos mandamentos e amarras visuais, 
ampliar o espectro da identidade e a busca de 
expressões mais saudáveis e não destrutivas da 
individualidade estão em pauta.
A ideia é que esse afastamento da batalha no 
gel de opiniões, mesmo que não permanente, 
nos faça olhar para a vida de outra maneira, 
enxergando o que pode, de fato, proporcionar 
momentos alegres e descontraídos. Nessas si-
tuações, a roupa não pode oprimir nem reprimir; 
tem de participar.
Trends de berço punk, na linha “fuck fashion”, 
fazem um retorno especial. Sai de cena a ansie-
dade em torno das labels, padrões de corpo e 
de vestimenta, que dá lugar a uma despreten-
são maior. Conforto, um styling muito parti- 
cular e a valorização de peças já existentes são 
ideias centrais nesse movimento.
Os códigos estéticos, é claro, fazem parte de 
um cenário mais amplo, que tem sido alimenta-
do e habitado por discussões ligadas à vida real 
e aos anseios e problemas de pessoas jovens e 
suas turmas. Mudanças na visão sobre gêneros, 
status, saúde mental, vícios virtuais, bullying 
e comunidade passeiam por essas cabeças e 
mãos, conectadas tanto às redes quanto aos 
laços afetivos do dia a dia. Brechós periféricos, 
micromarcas locais, ações entre amigos e ou- 
tros formatos alternativos completam a cena e 
vão escrevendo novas histórias.
Entre as marcas do circuito high-fashion, o boho 
continua sendo um dos estilos que mais se co-
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VIVIAN WHITEMANpor
Tendências da hora incluem meditação, 
 simbologias femininas e estética boho
necta com questões sobre o desprendimento, 
especialmente por sua ligação direta com o 
movimento hippie. A Chloé é uma brand que tem 
feito seu business com base nessa estética. 
A chegada de sua atual estilista, Natasha 
Ramsey-Levi, deu um shot de novidade ao reper- 
tório da grife, sem mudar o foco. Na versão mais 
patricinha, lembra a onda dos looks de festival 
chic. De forma mais ampla, encarna um certo 
“sem lenço, sem documento”, que se conecta 
com outros aspectos do momento atual.
Se você calçou botas que aguentam asfalto e 
lama foi para andar. Talvez para fora, talvez em 
uma grande viagem para dentro, uma trip de 
autoconhecimento. De certa forma, a coleção 
de verão da tag J.W. Anderson fala disso. Temas 
como “mindfulness”, reconexão aos valores de 
referência humanos e a necessidade de se re-
tirar da rotina de estresse e do caos midiático 
estão no discurso do estilista. Em São Paulo, 
Paula Raia também ecoa a necessidade de di-
minuir o ritmo, e procura raízes em certos 
aspectos sagrados que histórica, social ou 
intuitivamente têm sido ligados à feminilidade.  
Para as mulheres, a questão da libertação do 
corpo vem derrubando padrões opressivos e 
deixado todo mundo mais à vontade. Biquínis e 
lingeries para todos os corpos, novas grifes plus 
size de estilos variados, campanhas com cas- 
ting diversos. O fluxo é crescente, e o mercado 
já não tem como voltar atrás diante da força 
das demandas. 
Até mesmo o reinado do “contour” e dos makes 
pesadíssimos, ao menos daqueles dedicados a 
cobrir toda e qualquer marca natural, estão fi-
cando ultrapassados. A maquiagem ganha ares 
de diversão e expressão, fica menos burocrática 
e mais entregue às cores, às texturas brilhantes 
e à criatividade. 
Respirar é preciso. E desencanar um pouco de 
looks do dia e da corrida por it-peças, it-corpos 
e it-vidas fake também não parece ser má ideia.
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GIULIANA MESQUITA
VIVI BACCO
texto
fotos
A discussão de gênero vem ganhando espaço em nossas realidades, 
e a indústria da moda e da arte se mostram cada vez mais interessadas 
em diversidades. Conheça aqui algumas histórias de pessoas que 
refletem sobre seu ser e seu resistir.
O Brasil vem abrindo espaço, avançando em de-
bates sobre gênero, raça e sexualidade. Estamos 
iniciando discussões que antes eram segredos 
trancados a sete chaves. Nosso país ocupa o 
topo da triste lista dos países que mais matam 
as travestis e as mulheres transexuais no mun-
do. Além disso, não existem dados oficiais sobre 
homens trans. Nesse contexto, a moda e a arte, 
quando ocupadas pela comunidade trans e por 
suas estéticas, podem ser TRANSformadoras. 
No início de 2017, foi inaugurada a Casa 1, es-
paço de acolhimento a jovens da comunidade 
LGBTI+ que foram expulsos de casa pelas suas 
famílias, idealizado por Iran Giusti. Lá, a moda 
é vista como uma forma de expressão pessoal e 
artística, onde acontecem desfiles e workshops 
de capacitação no setor. Também em fevereiro 
de 2017, a modelo brasileira Valentina Sampaio 
foi a primeira mulher transsexual a ser capa da 
Vogue Paris, alguns meses após estampar capa 
e editorial da Elle Brasil e de ser uma das estre-
las da coleção Fly Grl, da Melissa. Na esteira da 
Valents, aos 21 anos a linda Marcela Thomé (veja 
nas páginas a seguir) se destacou nas passare-
las de uma importante marca de moda praia da 
carioca Lenny Niemeyer em agosto de 2017. Ale-
xandre Herchcovitch, tanto na sua marca homô-
nima como na À La Garçonne, trata as questões 
de gênero com cuidado e leveza desde o início 
de sua carreira. Os tempos vêm mudando.
Uma dessas mudanças inclui a agência Squad, 
que escala modelos fora dos padrões vigentes. 
Alina Dörzbacher é um desses nomes. Vinda de 
Rio Brilhante, no Mato Grosso, ela veio a São 
Paulo procurar a felicidade -- e achou. Renata 
Bastos é performer e um dos nomes míticos da 
noite paulistana. De dia atua como assessora de 
imprensa, mostrando que dá sim para transitar 
entre mundos distintos. Por sua vez, a atriz do 
Teatro Oficina Wallace Ruy brilha também nas 
telas do seriado “Me Chama de Bruna”, que nar-
ra a vida de Bruna Surfistinha. Em 2018, estreia 
na minissérie “Toda Forma de Amor”, do Canal 
Brasil. Gael Badaró também foi descoberto pela 
Squad enquanto ainda seguia a carreira de pro-
dutor de publicidade, pegou o boom da visibilida-
de trans na moda e emplacou várias campanhas. 
Os tempos não são mais os mesmos. As pesso-
as Trans estão ocupando cada vez mais a moda 
e a arte promovendo Trans-formações necessá-
rias. A comunidade traz novas referências e es-
téticas renovando o cenário criativo do Brasil. E 
isso é apenas o começo de uma mudança muito 
maior. Afinal, a população Trans não é feita de 
estrelas isoladas, quando existem oportunida-
des, podem se tornar constelações diversas.
TRANS-
FORMAÇÃO
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“O meu olhar sobre o mundo é profundamente verdadeiro. Me sinto 
muito enriquecida por esse trajeto que tive e me ver exatamente 
onde estou agora me faz satisfeita. Eu chorei muito para estar aqui. 
Aprendi a ser feliz para me manter viva”
“A transformação no amar e existir. Eu sou o desejo de mim mesma, a 
vontade de existir, de amar, de ser vista e respeitada. A magia que vira 
realidade. Quando nos descobrimos trans a primeira magia acontece 
dentro de nós e a trazemos para o mundo real. Construímos nossos 
castelos não de areia, mas de vida e de amor”
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“Eu briguei com o espelho durante um bom tempo da minha vida. 
Até me conhecer. Desde pequena, vi que era diferente. Mas não sabia 
o porquê. Tempo vai; tempo vem. Me encontrei em uma alma que não 
condizia com meu corpo. A mudança foi necessária para eu me sentir 
completa. Me sentir completa não tem preço”
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“Só a antropofagia nos une, alimentar-se de outre, daquilo que é diferente 
ou para além de mim. Com todos os prazeres e pesares, minha vida é e 
sempre será real e honesta. Não me falta coragem de ser quantas eu quiser 
e até perco por várias vezes a ordem das coisas. Jamais perdendo o dom de 
achar novas possibilidades, ferida e curada pela minha ignorante e brilhante 
coragem de viver, (re)existir e ser protagonista da minha própria história”
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“Aos poucos fui abandonando a carreira por não me sentir bem com 
meu corpo. Hoje, depois de um ano em hormônios, me sinto totalmente 
livre para ser quem eu realmente sou. Não me sinto mais só rotulado 
como ‘homem trans’ mas, como sempre quis, como ser humano. Acho 
extremamente importante ter o conhecimento de que somos todos 
iguais. Genital não define gênero”
SALADA 
MÍSTICA 
O Brasil tem um pé no sagrado 
e o outro no profano – e é dessa 
mistura de crenças e amor que 
se forma a fé por essas bandas
texto SILVIA 
NASCIMENTO
Minha tia Doracy tem um altar lindo bem na 
entrada de casa. Assim que o visitante entra, 
é impossível que aquele cantinho não seja a 
primeira coisa a ser notada na sala de paredes 
azuis. Um grande quadro com a imagem de 
Iemanjá pálida, cabelos longos, estilo Monalisa, 
é o plano de fundo para a mesa que tem o Buda; 
a escultura de Nossa Senhora de Aparecida; 
uma bíblia (com o folheto da última missa fazen-
do as vezes de marcador de páginas); punhados 
de folhas de arruda; alguns pertences de paren-
tes falecidos; um calendário da Seicho-No-Ie 
apoiado numa pequena estátua de um preto 
velho; algum pedaço de doce para os erês 
(espíritos infantis cultuados nas religiões afro- 
brasileiras), um potinho com óleo trazido de um 
culto evangélico pela vizinha e um copo de água. 
O Brasil reflete em sua espiritualidade todas 
essas vertentes culturais, de um país com 
diferentes grupos étnicos dividindo o mesmo 
território. Faz parte de ser brasileiro respeitar 
a fé alheia e até incorporá-la – temporária ou 
definitivamente. Isso não é uma excentricidade 
de minha tia Dora; quem nunca ouviu falar de 
um ateu que virou espírita quando adoeceu, da 
evangélica que fez simpatia para curar o filho, 
do candomblecista que faz meditação budista? 
Se a natureza serve de canal condutor para algo 
maior, como a espiritualidade, o Brasil é real-
mente abençoado, como diz Gilberto Gil. E a 
riqueza natural do país apresenta propriedades 
de curas milenares feitas por meio das folhas, 
água e minerais. Dessa receita também surgiram 
outras doutrinas praticadas por quem mistura 
cristianismo e paganismo ou pega carona nos 
cultos africanos com tempero indígena. 
Quando falamos dos povos nativos do Brasil, 
os que estiveram aqui antes dos outros, nosso 
imaginário nos remete ao encantamento das 
florestas, ao transe das danças e, mais recen-
temente, ao uso do chá de Ayahuasca pelos 
adeptos do Santo Daime (que tem sido usado 
também como tratamento contra o vício em dro-
gas e depressões severas). A bebida servida em 
bules de café por senhores e senhorinhas ves-
tidos com roupas brancas bem ornamentadas 
é uma mistura de plantas amazônicas, usadas 
em rituais xamânicos na região do Acre, Peru e 
Equador. Seria preconceito descartar o caráter 
científico e o conhecimento dos curandeiros da 
mata, mas a magia está lá.
Quem viaja para o litoral para comemorar a 
virada de ano sempre acaba presenciando os 
rituais da umbanda e do candomblé. As oferen-
das para Iemanjá, rainha do mar, são tão tradi-
cionais quanto a queima de fogos. O lado afro 
de nossa espiritualidade, o axé (presente até 
na acinzentada e brutalista São Paulo), carrega 
elementos de diversas culturas em seus ceri-
moniais, sempre recheados de comidas, danças 
e pessoas incorporadas falando dialetos que 
dificilmente entendemos. 
Feliz é quem conhece a fartura da mitologia dos 
orixás, com narrativas e personagens dignos de 
filme de Hollywood. Saber qual é o seu santo é 
quase tão interessante quanto saber detalhes 
sobre o seu signo e entender de horóscopo.O orixá que te rege tem cores, sabores favoritos, 
dia da semana mais propício para o amor ou 
para os negócios, e arquétipos que são muito 
compatíveis com os seus filhos. No caso, eu, 
por exemplo, sou guiada por Oxum. Tenho um 
lado maternal apurado, gosto da beleza, adoro 
cozinhar... Tenho em mim muitas das caracte-
rísticas dela – que é um orixá feminino, com a 
diferença que não sou fã do dourado. 
Pessoas que “recebem o santo”, sempre me 
fascinaram – minha mãe é uma delas. A incor-
poração mediúnica é a soma da parte de ener-
gia magnética que está ao nosso redor e que 
as divindades também possuem. Os guias são 
ancestrais ilustres, que mesmo do “outro lado”, 
se mostram caridosos com quem está por aqui. 
Voltando ao altar da minha tia Doracy, julgo 
importante falar sobre o kardecismo, um pre-
ceito espírita que dialoga melhor com religiões 
que não acreditam na vida após a morte. 
A peça de roupa da minha avó falecida vai 
sempre para o colo da minha tia quando a 
saudade aperta. É a crença de que morte é 
apenas a mudança entre os planos. Os karde-
cistas tradicionais usam apenas a oração para 
se aproximar dos “amigos espirituais”, mas há 
outras filosofias que agregam o uso da água, 
das velas e da cromoterapia para tratamentos 
de cura de doenças físicas ou da alma. 
Os rituais são atividades que agradam aos 
brasileiros por que tornam a atividade religiosa, 
em um campo sensorial, mas completa que a 
oração. Seja por meio da Wicca, do candomblé, 
da umbanda, na tradição indígena ou na medi-
tação, faz parte de nós confiar um pouco naqui-
lo que é invisível. Somos um povo de muita fé 
e gostamos do inexplicável. Como diz Pai 
Logunwa, com quem me consulto quando a 
psicanálise não dá conta do meu caos interno: 
“Não há receita para o ritual perfeito. Se você 
ofertou oito rosas em vez de doze, não importa, 
desde que a sua fé seja sincera. É isso que o 
outro lado quer ver, a sua verdade”. 
colagens GABRIEL FINOTTI
Minha história com a Melissa começou na adoles-
cência, quando me apaixonei já no primeiro par, 
um Magic na cor preta. Foi amor à primeira vista! 
Quando conheci os detalhes de cada coleção, vi que 
ali existia uma conexão diferente! Meu amor pela 
Melissa não se resume à quantidade de pares que 
tenho (ou em como eles são lindos). Está nos instan-
tes mágicos que só outra melisseira entende. Aliás, 
melisseira é bicho doido, né?
Tenho uma coisinha chamada sorte, e ela me propor-
ciona momentos inesquecíveis. Num deles, fui a São 
Paulo para visitar a Galeria Melissa juntamente das 
muitas amigas apaixonadas por essa tribo gigante do 
Real Plastic. Foi uma sensação única, um friozinho na 
barriga do início ao fim. 
Que lugar! Um dos endereços mais fabulosos que 
conheci. Nesse dia em especial, eu estava usando o 
modelo Be, que é rei em questão de conforto, além de 
ser fofinho (amo da mesma forma a Beach Slide, OK?). 
Melissa para mim é isso: é amor, é sonho, é surpresa. 
Quantas vezes já ouvimos e, certamente, já dissemos: 
“Dinheiro não compra felicidade, mas compra um belo 
par de Melissa!”?
E tudo começou num encontro casual. O que eu não 
sabia era o quanto isso seria determinante em minha 
vida. Se eu pudesse criar a minha Melissa, ela teria 
uma pegada superempoderada, com algo relaciona-
do ao universo feminino, com essa levada bacana de 
cores surreais. 
Quero aprender cada vez mais sobre a marca, des- 
cobrir o que as outras Galerias espalhadas pelo mundo 
estão aprontando! Em 2018, meu desejo é me conectar 
com tudo aquilo que agrega uma vibe boa para o meu 
coração, afinal, tenho as melhores amizades conquista-
das graças à marca. Então, turma, não pare nunca de 
acreditar! @olhosverdesue
PURA SORTE
Acompanhe os instantes mágicos vividos pela melisseira Grazi 
Oliveira, pernambucana de 22 anos, estudante de Serviço Social 
e maravilhada por música, fotografia, e, sobretudo, pela Melissa
por GRAZIH OLIVEIRA ilustraçãoNiege Borges
sigamelissa
shoesmelissa
MelissaBrOficial
OfficialMelissa
melissaoficial
shoesmelissa
melissachannel
melissachannelwww.melissa.com.br

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