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Aula 3 - Princípios do direito do consumidor

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Princípios do direito do 
consumidor
Prof. Letycia Luz Azeredo
Conceito 
 o princípio é a base da norma, a razão de seu existir, o norte a ser seguido pelo ordenamento
jurídico.
 Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Melo, princípio é definido como:
 Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se
irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e sentido servido de critério para sua
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do
sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.”
 Em sentido estrito, para o direito do consumidor, os princípios são os fundamentos
que sustentam o sistema de proteção do consumidor, parte vulnerável na relação de
consumo.
 O Código de Defesa do Consumidor adotou um sistema aberto de proteção, os princípios
desempenham importante função nesse sistema. Isso porque, possibilitam a melhor adequação
do texto legal aos casos concretos.
CAPÍTULO II
Da Política Nacional de Relações de Consumo
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores,
o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela
Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor
com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do
mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços,
assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência
desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam
causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público
com os seguintes instrumentos, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério
Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas
de infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a
solução de litígios de consumo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do
Consumidor.
§ 1° (Vetado).
§ 2º (Vetado).
Princípio da vulnerabilidade do consumidor
 reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor faz com que a lei trate o consumidor de modo
diferenciado. Podem ser considerados aspectos econômicos, físicos, informativos, técnicos e
científicos.
* técnica (ausência de conhecimento e informação);
* socio- econômica (maior poderio econômico e posição de monopólio).
* Jurídica ou cientifica ( ausência de conhecimento em determinada área de conhecimento)
 Exemplos: a) O artigo nº 47 do CDC diz que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de 
maneira mais favorável ao consumidor”;
 b) O artigo nº 49 explica que o consumidor pode desistir do contrato feito fora do 
estabelecimento.
 Obs: diferença entre vulnerabilidade e Hipossuficiência. 
Principio a igualdade
 exige o permanente equilíbrio das partes. Trata-se da proteção ao
consumidor, ao exigir boa-fé objetiva na atuação por parte do
fornecedor, para garantir o equilíbrio entre as partes, tem o
consumidor o direito de informação, à revisão contratual, e à
conservação do contrato, sempre com o intuito de estar em par de
igualdade nas contratações.
Princípio da confiança
 Intimamente ligado ao princípio da transparência tem-se o princípio da
confiança, que consiste na credibilidade depositada pelo consumidor no
produto ou contrato a fim de que sejam alcançados os fins esperados
Principio da qualidade e segurança
 prepondera a necessidade de que o fornecedor deve agir com lealdade para 
com o consumidor.
Principio da harmonia das relações de 
consumo
 Pelo princípio da harmonia o legislador veio positivar a
necessidade se balancear o desenvolvimento da economia
de mercado com a proteção do consumidor. A política
nacional das relações de consumo deve orientar-se no
sentido de criar condições para o desenvolvimento
econômico sem, ao mesmo tempo estabelecendo limites e
regras para esta atividade em benefício do consumidor
considerado vulnerável
Princípio da intervenção estatal (princípio 
do dever governamental)
 O Estado tem o dever de promover a defesa do consumidor, atuando tanto na elaboração das normas
que atendam ao interesse coletivo, quanto na entrega da efetiva prestação jurisdicional.
 Indica que o Estado deve sair da posição passiva de assistente da exploração do consumidor e atuar na
 limitação dos abusos praticados no mercado. principalmente em relação aos monopólios, cartéis e grande
 grupos econômicos que controlam setores do importantes do mercado.
 A ação governamental pode se dar por:
- Iniciativa direta;
- Incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
- Presença do Estado no mercado de consumo;
- Garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
Princípio da boa-fé objetiva
 Previsto no art. 4º, III, da Lei 8.078/90, o principio da boa fé exige no
contrato de consumo o máximo de respeito e colaboração entre os
negociantes. Portanto, eles devem agir pautados em comportamento leal,
cooperativo e respeitoso, em todas as fases do negócio.
Princípio da informação
 O quinto item entre os princípios do direito do consumidor está previsto no nosso ordenamento
jurídico no art. 4º, IV, do Código do Direito do Consumidor: IV – educação e informação de
fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do
mercado de consumo”
 E no art. 6º, III, do CDC: III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”
 Enquanto o fornecedor possui o dever de informar, o consumidor tem o direito de ser informado.
 abe destacar, ainda, que, conforme o parágrafo único do art. 6º do CDC, as informações prestadas
aos consumidores devem estar acessíveis às pessoas com deficiência, observado o disposto em
regulamento: Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.”
https://www.aurum.com.br/blog/ordenamento-juridico/
Princípio da transparência
 o fornecedor temobrigação de informar quanto aos riscos do negócio, para
que o consumidor tenha inteira consciência do que contrata. Logo, entende-
se este princípio como um dos pilares da boa-fé objetiva, impondo ao
fornecedor o dever de informar de modo adequado, suprindo-se assim todas
as informações tidas essências para o melhor aperfeiçoamento da relação de
consumo.
Princípio da função social do contrato
 Após leitura do art. 51 do CDC, podemos afirmar que a lei consumerista
representa forte mitigação ao pacta sunt servanda (acordos devem ser
mantidos). Ela prevê, embora tacitamente, a função social do contrato,
equilibrando a relação entre consumidor e fornecedor, para afastar a
aplicabilidade de cláusulas consideradas abusivas
 É de se ressaltar que a nulidade de uma cláusula contratual não invalida
todo o negócio jurídico, já que da interpretação do § 2º do mencionado
artigo extrai-se o sentido da conservação contratual.
Princípio da adequação
 O oitavo item da lista de princípios do direito do consumidor tem como
fundamento legal o art. 4o, II, d e V do CDC, art. 8o, e parágrafos e art. 10o e
parágrafos do mesmo diploma legal.
 O princípio da adequação considera o binômio qualidade e segurança, na
busca pela uniformização dos interesses nas relações de consumo.
 Neste passo, é responsabilidade do fornecedor a produção e fornecimento de
produtos e serviços que equalizem a qualidade com a segurança. Isso sob
pena de responsabilização nos termos da legislação consumerista.
Princípio da reparação integral
 O princípio da reparação integral encontra suporte no inciso VI, do art. 6º, do
CD. Consiste na efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos, causados ao consumidor. Por meio
deste princípio, o mesmo deve ser ressarcido ou compensado de forma
integral.
Principio da Dignidade da Pessoa 
humana
 a defesa dos consumidores e a tutela de seus interesses nada mais são do que 
uma das faces da defesa da dignidade da pessoa humana
 elencado no inciso III do artigo 1º da Constituição Federal
 Liberdade e livre consciência
 Eficiência
 igualdade
Princípio do acesso à justiça
 Os incisos VII e VIII, do art. 6º da lei consumerista preveem como direitos
básicos do consumidor: VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos
com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados
 VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências”

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