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TRIBUTÁRIO - RESUMO - I UNID

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1 
 
 
 
Ponto 1 – I Unidade 
 
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
A expressão “legislação tributária” é adotada pelo CTN, em seu art. 96, para 
referir-se aos instrumentos pelos quais as normas tributárias são veiculadas (leis, 
tratados internacionais, medidas provisórias, resoluções, decretos, portarias etc.). A 
doutrina, muitas vezes, utiliza outros termos para significar o mesmo, como “fontes 
formais do direito tributário”. 
No entanto, antes de estudarmos os instrumentos a que se refere o CTN, é 
importante termos em mente que as normas básicas da tributação encontram-se 
veiculadas pela própria Constituição Federal. 
De fato, a Constituição Federal rege o sistema tributário nacional. É na 
Constituição que encontramos as normas definidoras das competências tributárias, 
como já vimos. É também a Lei Maior que dá as características básicas de todos os 
tributos, orientando a criação, modificação e extinção das normas infraconstitucionais. 
Finalmente, toda interpretação da legislação tributária dar-se-á em conformidade com 
as disposições constitucionais. 
Assim, toda normatização tributária, seja ela veiculada por leis, decretos, 
portarias, decisões judiciais ou administrativas, convênios, e mesmo tratados e 
convenções internacionais, será interpretada à luz da Constituição Federal. 
O Congresso Nacional tem competência para alterar a Constituição, mediante 
quórum qualificado, na forma do art. 60 da CF, ressalvadas as chamadas cláusulas 
pétreas (§ 4.º desse artigo). 
Como exemplo de cláusula pétrea em matéria tributária, o Supremo Tribunal 
Federal já teve a oportunidade de julgar inconstitucional Emenda Constitucional que 
pretendeu reduzir o alcance do princípio da anterioridade (trata-se de garantia 
individual) e da imunidade recíproca (garantia da forma federativa de Estado). 
CTN – Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados 
e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, 
no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. 
Abaixo da Constituição Federal e subordinadas, de certa forma, às normas 
nacionais, em específico às normas gerais veiculadas por lei complementar (veremos 
adiante), cada um dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) 
veicula normas tributárias próprias, que integram a “legislação tributária”. 
2 
 
Para rememorarmos, veja a tabela ao final do capítulo em que tratamos das 
competências tributárias. 
 
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
A expressão “fonte do direito” retrata o ponto originário de onde provém a norma 
jurídica, isto é, as formas reveladoras do Direito. Desse modo, é o lugar onde nasce 
uma regra jurídica ainda não existente. 
Material: são os atos e situações que dão origem à obrigação tributária. 
• Formal: é o conjunto de normas que incidem sobre os atos e classificam-se em: 
 • formais principais: são as leis em sentido amplo, nas suas várias formas 
legislativas; compreendem a Constituição Federal, as Emendas, leis complementares e 
ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções e tratados. 
 • formais secundárias: são os atos administrativos normativos, como decretos, 
regulamentos, atos, instruções, circulares, portarias, ordens de serviço, etc.; incluem-se 
ainda, os costumes administrativos e os convênios entre órgãos estatais. 
• formais indiretas: são a doutrina e a jurisprudência. 
 
 
FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
A s fontes formais correspondem ao conjunto das normas no Direito Tributário, 
estando inseridas no art. 96 do CTN, sob o rótulo de “legislação tributária”. Aliás, a 
expressão é o nome do Título do Livro Segundo (Normas Gerais de Direito Tributário) 
do CTN. Observe o dispositivo: 
Art. 96. A expressão “legislação tributária” 
compreende as leis, os tratados e as convenções 
internacionais, os decretos e as normas 
complementares que versem, no todo ou em parte, 
sobre tributos e relações jurídicas a eles 
pertinentes. 
É fácil perceber que o art. 96 contempla uma “cláusula aberta”, porquanto a 
“legislação tributária” deverá se revestir de todos os instrumentos introdutores de 
normas jurídicas tributárias que versem, parcial ou totalmente, sobre os tributos e sobre 
as relações jurídicas a eles conexas. 
Restringindo-se à dogmática do Direito, as fontes formais, como já se antecipou, 
dividem-se em fontes formais primárias (ou principais) ou fontes formais secundárias 
(ou complementares). 
 
 
FONTES PRIMÁRIAS 
É importante, para a boa compreensão do tema, que se traga a lume o art. 59 da Carta 
Magna: 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I – emendas à Constituição; 
II – leis complementares; 
III – leis ordinárias; 
3 
 
IV – leis delegadas; 
V – medidas provisórias; 
VI – decretos legislativos; 
VII – resoluções. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, 
alteração e consolidação das leis. 
 
• CONSTITUIÇÃO FEDERAL; 
 
• EMENDAS À CONSTITUIÇÃO: podem modificar o sistema tributário nacional, com 
limites; Não podem ser deliberadas propostas de emenda constitucional sobre as 
chamadas cláusulas pétreas. 
Artigo 60, § 4°. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: 
I – a forma federativa de Estado; 
II – o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III – a separação dos Poderes; 
IV – os direitos e garantias individuais. 
 
• LEIS COMPLEMENTARES: devem ser aprovadas por maioria absoluta dos 
membros do Congresso Nacional; Têm a função de complementar dispositivos da 
Constituição que, por sua complexidade, são enunciados de maneira genérica para, 
depois de estudados e debatidos, serem complementados por lei especial. - As leis 
complementares têm caráter nacional, isto é, se sobrepõem às leis ordinárias (federais, 
estaduais e municipais). Assim, o Código Tributário Nacional (CTN) é nossa principal 
lei complementar em matéria tributária. 
• TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS: é de competência privativa do 
Presidente da República, sujeito a referendo do Congresso Nacional através de 
Decreto Legislativo; São acordos celebrados pelos Executivos de dois Estados 
soberanos que para vigorarem em seus territórios, devem ser aprovados pelos 
Legislativos respectivos. 
Os acordos, os tratados ou as convenções internacionais, nos termos do CTN (art. 98), 
revogam ou modificam a legislação tributária interna, devendo ser observados pela 
legislação editada posteriormente à sua vigência. Esses atos internacionais passam 
por várias fases: 
*a negociação e a assinatura (Poder Executivo), 
*a aprovação (Congresso Nacional, mediante decreto legislativo), 
*a promulgação e a publicação (Poder Executivo, através de decreto presidencial) 
*a aplicação. 
 
• LEIS ORDINÁRIAS: atos especificamente criadores das principais obrigações 
tributárias; é fonte formal básica do Direito Tributário; São as leis comuns federais, 
estaduais e municipais. - Não existe qualquer tipo de hierarquia entre elas, ou seja, a 
lei federal não vale mais que a estadual, nem esta mais que a municipal e vice-versa. 
 
4 
 
No campo tributário, em geral, é a lei ordinária que institui o tributo, definindo o seu 
fato gerador, a base de cálculo, as alíquotas, os contribuintes, além de prescrever as 
penalidades aplicáveis às infrações previstas. Por exemplo: União: IR, IPI, IOF etc; 
Estados: ICMS, IPVA etc; Municípios: ISS, IPTU etc. 
• LEIS DELEGADAS: elaboradas pelo Presidente da República, que antes deve 
solicitar a delegação ao Congresso Nacional, que é dada através de Resolução; 
• DECRETOS LEGISLATIVOS: servem para o Poder Legislativo aprovar atos do 
Poder Executivo, por exemplo, tratados e convenções internacionais; 
• MEDIDAS PROVISÓRIAS: em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República pode adotar medidas provisórias, com força de lei, mesmo em matéria 
tributária. Sua vigência é condicionada à conversão em leino prazo de 60 dias a partir 
de sua publicação, prazo esse prorrogável, uma única vez, por mais 60 dias. 
É proibido o uso de MP em matéria reservada à lei complementar. No que se refere a 
impostos, sua instituição ou majoração só produzirá efeito no exercício financeiro 
seguinte, desde que a respectiva MP seja convertida em lei até o último dia do ano em 
que foi editada, observado o período da noventena (90 dias). 
• RESOLUÇÕES DO SENADO: definir alíquotas máximas do imposto sobre 
transmissão “causa mortis” e doação, por exemplo. 
• NORMAS E DECRETOS COMPLEMENTARES: atos administrativos de competência 
exclusiva dos chefes do Executivo; 
• DECRETO: é inteiramente subordinado à Lei; não pode contrariá-la, nem excedê-la 
ou restringi-la; são usados para aprovação de regulamentos; 
 
 
 
 
 
 
5 
 
LEIS ORDINÁRIAS E COMPLEMENTARES 
As leis (ordinárias, em regra), produzidas pelos Legislativos da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, são o veículo básico de instituição, modificação e 
extinção de tributos. 
Trata-se de postulado do princípio da legalidade estrita (art. 150, I, CF). 
Assim, os aspectos básicos dos tributos, como fato gerador, sujeito passivo, sujeito 
ativo, alíquota e base de cálculo devem ser definidos por lei, conforme o art. 97 do 
CTN. Da mesma maneira, majorações de alíquotas, reduções, perdões (anistias e 
remissões), parcelamentos, compensações etc. devem ser previstos por lei. 
Embora haja alguma discussão doutrinária e jurisprudencial, entende-se que as 
obrigações acessórias (escriturar livros, apresentar declarações etc.) também devem 
ser previstas por lei, embora se admita que os detalhes (tamanho do livro, formulários, 
padronização das declarações etc.) sejam veiculados por normas infralegais (decretos, 
portarias etc.). 
Em regra, basta lei ordinária para tratar das matérias tributárias. No entanto, há 
exceções em que a Constituição Federal exige lei complementar, de natureza federal 
(relativa à competência da União), para instituição, alteração e extinção de 
determinados tributos federais (nunca para estaduais ou municipais). É o caso dos 
empréstimos compulsórios (art. 148), impostos da competência residual (art. 154, I) e 
contribuições sociais adicionais às previstas na Constituição (art. 195, § 4.º). Entende-
se que o imposto sobre grandes fortunas exige lei complementar para definir o que são 
grandes fortunas, para que a União possa instituí-lo, posteriormente, por lei ordinária. 
Cabe, ainda, à lei complementar cumprir a função de veicular norma nacional, a 
que se subordinam todos os entes federados. 
É importante ter bem claro este conceito: o Congresso Nacional pode produzir leis 
complementares de natureza federal, que se referem à competência tributária da 
União, mas também pode aprovar leis complementares de natureza nacional, a que se 
submetem todos os entes federados (União, Estados, DF e Municípios). 
Quando a União aprova uma lei complementar instituindo um empréstimo 
compulsório, por exemplo, está criando uma norma federal. Significa que a União 
exerceu sua competência tributária, prevista constitucionalmente. Os Estados, o DF e 
os Municípios não têm qualquer relação com esta norma federal, que não diz respeito 
às suas próprias competências. 
Por outro lado, quando a União aprova uma lei complementar que altera o CTN, 
incluindo uma nova regra geral relativa à definição da prescrição, por exemplo, trata-se 
de norma nacional. Ou seja, essa norma é aplicada não apenas à tributação federal, 
mas também aos Estados, DF e Municípios. 
As funções da lei complementar, enquanto norma nacional, estão relacionadas, 
principalmente, nos arts. 146 e 146-A da Constituição Federal. É importante o estudo 
destes dispositivos, dada a sua relevância para o sistema tributário nacional: 
 
6 
 
CF – Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria 
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios; 
II – regular as limitações constitucionais ao poder de 
tributar; 
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação 
tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, 
em relação aos impostos discriminados nesta 
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de 
cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e 
decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo 
praticado pelas sociedades cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para 
as micro-empresas e para as empresas de pequeno porte, 
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do 
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições 
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a 
que se refere o art. 239. 
(...) 
É lei complementar, nos termos do art. 146 da CF, que: 
(i) dispõe sobre conflitos de competência, 
(ii) regula as limitações constitucionais ao poder de tributar e 
(iii) fixa as normas gerais em direito tributário. 
Assim, cabe à lei complementar fixar as regras tendentes a afastar os conflitos de 
competência entre os entes políticos. É o CTN (criado como Lei Ordinária e 
recepcionado pela CF/88 como lei complementar) que, por exemplo, define o que são 
imóveis urbanos, a serem tributados pelos Municípios (IPTU), distinguindo-os dos 
imóveis rurais, que se subordinam à tributação federal (ITR). Note-se que, caso não 
houvesse essa norma nacional tratando do assunto, haveria atrito entre os entes 
federados na delimitação e no exercício de suas competências tributárias (= conflito). 
Os princípios constitucionais e as imunidades previstas nos arts. 150 a 152 da CF 
estão situados na seção denominada “das limitações constitucionais ao poder de 
tributar”. De fato, as imunidades, como vimos, são normas negativas de competência, 
ou seja, afastam a possibilidade de os entes políticos tributarem determinadas 
situações. De maneira semelhante, os princípios da legalidade e anterioridade, por 
exemplo, impõem um forte limite à pretensão tributária da União, dos Estados, do DF e 
dos Municípios. Ocorre que determinados princípios e imunidades, previstos 
constitucionalmente, dependem de normas infraconstitucional para terem eficácia, ou 
7 
 
seja, precisam ser regulamentados. Cabe à lei complementar veicular tais normas 
regulamentadoras. 
Como exemplo, o art. 150, VI, “c”, prevê a imunidade de instituições educacionais e 
de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Esta lei será, 
necessariamente, lei complementar (atualmente, o art. 14 do CTN). 
A CF prevê que cabe à lei complementar veicular as normas gerais em direito 
tributário. 
Dentre elas, o art. 146 da CF especifica, em seu inciso III, a definição dos fatos 
geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos definidos na Constituição 
Federal. O inciso III prevê também, como norma geral, a legislação acerca da 
prescrição e da decadência, e do adequado tratamento tributário à atividade das 
cooperativas. 
Quanto à prescrição e à decadência (art. 146, III, “b”, in fine, da CF), o STF 
recentemente confirmou que não cabe à lei ordinária tratar do assunto (Súmula 
Vinculante 8 do STF). Assim, os prazos prescricionais e decadenciais são de cinco 
anos, previstos pelos arts. 173 e 174 do CTN (lembre-se de que o CTN vige com força 
de lei complementar). Não subsistem prazos prescricionais e decadenciais veiculados 
por simples lei ordinária, como é o caso daqueles fixados pela legislação previdenciária 
(de dez anos). 
Reiteramos: embora a Constituição Federal fixe as competências tributárias da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e que essas pessoas 
políticas, no exercício dessas competências, instituam os tributos, alterem-nos e 
extingam-nos por lei ordinária (em regra), há uma categoria de normas produzidas pelo 
Congresso Nacional que se aplicam a todos os entes federados (normas nacionais),numa posição intermédia, entre a Constituição Federal e as legislações da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. É nessa posição de norma nacional que 
se encontram as leis complementares que determinam as bases de cálculo e os 
contribuintes dos impostos previstos na CF. 
Exemplificando, o art. 155, inciso II, da CF fixa a competência estadual para 
tributar as circulações de mercadorias (ICMS). A Lei Complementar 87/1996 veicula as 
normas gerais relativas ao ICMS, vinculando todos os Estados (é norma nacional), 
definindo, em especial, o fato gerador, a base de cálculo e o contribuinte do imposto, 
em conformidade com o art. 146, III, da CF. Finalmente, cada Estado da federação, por 
lei ordinária estadual, institui o ICMS, fixando as regras específicas para a tributação 
das circulações de mercadorias dentro de seu território (observando as regras gerais 
da LC 87/1996). 
Como outro exemplo, o art. 156, I, da CF prevê a competência municipal para 
tributar a propriedade imobiliária urbana (IPTU). No entanto, são os arts. 33 e 34 do 
CTN (natureza de lei complementar federal) que definem a base de cálculo e os 
contribuintes do tributo. Cada Município pode instituir seu IPTU por lei ordinária 
municipal, respeitando sempre as definições gerais fixadas pela norma nacional (CTN). 
Considera-se norma geral de direito tributário, a ser veiculada por lei 
complementar, a definição de tratamento diferenciado para as microempresas e 
empresas de pequeno porte, inclusive com previsão de regime especial ou simplificado 
8 
 
para pagamento do ICMS e contribuições sociais a cargo do empregador e 
equiparados, além do PIS. 
CF, art. 146, parágrafo único . A lei complementar de que 
trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime 
único de arrecadação dos impostos e contribuições da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
observado que: 
I – será opcional para o contribuinte; 
II – poderão ser estabelecidas condições de 
enquadramento diferenciadas por Estado; 
III – o recolhimento será unificado e centralizado e a 
distribuição da parcela de recursos pertencentes aos 
respectivos entes federados será imediata, vedada 
qualquer retenção ou condicionamento; 
IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão 
ser compartilhadas pelos entes federados, adotado 
cadastro nacional único de contribuintes. 
O art. 146-A, por sua vez, prevê que lei complementar poderá estabelecer critérios 
especiais de tributação para intervir no ambiente concorrencial (prevenindo 
desequilíbrios da concorrência), sem prejuízo da legislação federal específica. 
Pode ocorrer de o Congresso Nacional aprovar uma lei complementar para alterar 
um tributo federal quando, pela Constituição, bastaria uma lei ordinária. Seria uma lei 
formalmente complementar, mas materialmente ordinária. O entendimento pacificado 
pelo STF é de que essa lei formalmente complementar pode ser modificada ou extinta 
por simples lei ordinária posterior. 
Finalmente, cabe referirmo-nos às leis delegadas, previstas pelo art. 68 da CF. O 
Congresso Nacional pode, atendendo à solicitação do Presidente da República, 
delegar-lhe (por meio de resolução) o poder para produzir leis, inclusive em matéria 
tributária. Importante salientar que essa delegação somente pode se referir a matérias 
que exijam simples lei ordinária, nunca complementar. 
 
 
 
 
MEDIDAS PROVISÓRIAS 
CF – Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o 
Presidente da República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las 
de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 2.º Medida provisória que implique instituição 
ou majoração de impostos, exceto os previstos 
nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II [Imposto de 
Importação, Imposto de Exportação, IPI, IOF, 
9 
 
extraordinários] só produzirá efeitos no 
exercício financeiro seguinte se houver sido 
convertida em lei até o último dia daquele em 
que foi editada. 
Hoje, com o § 2.º do art. 62 da CF (redação dada pela Emenda Constitucional 32 de 
2001), não há maior discussão quanto à possibilidade de a União instituir ou majorar 
impostos por meio de medida provisória. Conforme o dispositivo constitucional, no 
caso de majoração do imposto de renda por medida provisória, por exemplo, somente 
poderá ser exigido o valor correspondente ao aumento se a MP for convertida em lei 
até o último dia do exercício em que foi editada, produzindo efeitos a partir do ano 
seguinte. 
Bom destacar que a restrição do § 2.º do art. 62 aplica-se apenas à instituição ou à 
majoração de determinados impostos. Assim, a instituição ou a alteração de uma 
contribuição, por exemplo, não se submete a tal regra. Da mesma forma, a redução de 
um imposto tampouco se limita à anterioridade prevista pelo dispositivo constitucional. 
Finalmente, o entendimento jurisprudencial é de que os Estados e o DF podem ter suas 
medidas provisórias (pelo princípio da simetria), desde que previstas em suas 
respectivas Constituições e Lei Orgânica. 
 
ATENÇÃO: A MP será eficaz na data da sua edição quando tratar sobre: 
 
II- Imposto de Importação 
IE- Imposto de Exportação 
IPI- Imposto sobre Produto Industrializado 
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras 
IEG- Imposto Extraordinário de Guerra 
 
 
 
RESOLUÇÕES DO SENADO 
No sistema tributário nacional, o Senado Federal, além de participar da 
elaboração das leis federais (ordinárias e complementares) compondo o Congresso 
Nacional com a Câmara dos Deputados, expede resoluções que têm força de norma 
nacional, aplicando-se a toda a federação. 
Cabe ao Senado, por resolução, fixar alíquotas máximas do ITCMD (art. 155, § 
1.º, IV, CF), definir alíquotas interestaduais, mínimas e máximas de ICMS (art. 155, § 
2.º, IV e V, CF) e definir alíquotas mínimas do IPVA (art. 155, § 6.º, I, CF). 
 
 
 
 
DECRETOS LEGISLATIVOS 
CTN – Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis 
em função das quais sejam expedidos, determinados com a observância das regras de 
interpretação estabelecidas nesta Lei. 
10 
 
Abaixo das leis, o instrumento normativo mais comum é o decreto. Pelo decreto, 
que é produzido pelo chefe do Executivo, regulamenta-se a lei, dentro de seus estritos 
limites. O decreto pode, por exemplo, regulamentar o preenchimento de guias para o 
recolhimento do tributo, a forma como os recursos administrativos serão 
encaminhados, os vencimentos das obrigações etc. 
O decreto não pode criar, alterar ou suprimir direitos e obrigações, apenas regular 
a matéria veiculada pela lei tributária. 
Excepcionalmente, o decreto pode, dentro de limites legais, alterar alíquotas de 
determinados tributos (art. 153, § 1.º, da CF – II, IE, IPI, IOF, e art. 177, § 4.º, I, b, da 
CF – CIDE sobre combustíveis). 
Caso o chefe do Executivo extrapole os limites de sua competência, expedindo 
um decreto que invada a competência legislativa, alterando a base de cálculo de um 
tributo ou modificando o fato gerador, como exemplo, este ato será inconstitucional e 
ilegal. O Legislativo deverá sustar a aplicação desse decreto, nos termos do art. 49, V, 
da CF. 
Por fim, destaca-se que o art. 212 do CTN prevê que cada ente político publicará 
anualmente decreto consolidando sua legislação tributária. 
 
 
 
 
FONTES SECUNDÁRIAS 
 
Art. 100. São normas complementares das leis, dos 
tratados e das convenções internacionais e dos decretos: 
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades 
administrativas; 
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de 
jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia 
normativa; 
III - as práticas reiteradamente observadas pelas 
autoridades administrativas; 
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
Parágrafo único. A observância das normas referidas 
neste artigo exclui a imposição de penalidades, a 
cobrança de juros de mora e a atualização do valor 
monetário da base de cálculo do tributo. 
 
11Ponto 2 – I Unidade 
 
PRINCIPIOLOGIA 
 
LEGALIDADE 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5.º, II, estabeleceu que “ninguém será 
obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Como o tributo é uma prestação pecuniária compulsória, obrigando ao pagamento 
independentemente da vontade do sujeito passivo, o dispositivo constitucional transcrito 
bastaria para que a criação ou aumento de tributo estivesse sob os domínios do princípio da 
legalidade. 
Todavia, referindo-se especificamente à matéria tributária, o art. 150, I, da Magna Carta 
proíbe os entes federados de “exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Além 
disso, recorde-se que o tributo, por definição legal (CTN, art. 3.º), é prestação “instituída em 
lei”. 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas 
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...) 
 
Apesar de o art. 150, I, da CF falar em “exigir ou aumentar tributo”, o princípio da 
legalidade 
mais amplo. Na verdade, exige-se lei também para reduzir, extinguir, perdoar tributos, já que 
o Poder Público não pode abrir mão de receita pública, exceto por meio de lei. 
A palavra “exigir”, constante do transcrito art. 150, I, da CF, possui o sentido de cobrar o 
tributo. Como a cobrança depende, por óbvio, da prévia instituição da exação, o dispositivo 
acaba por impor que o tributo só pode ser criado por lei, seja ordinária, casos em que 
pode haver a utilização de Medida Provisória, ou complementar (somente no caso de 
Empréstimos Compulsórios, do Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, e dos 
Impostos ou Contribuições Residuais – conforme os arts. 148; 153, VII; 154, I e 195, § 
4.º, todos da CF). 
Enfim, o conjunto de matérias submetidas à reserva legal se encontra resumido no art. 
97 do Código Tributário Nacional, conforme enumeração abaixo: 
“I – a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II – a majoração de tributos, ou sua redução; 
III – a definição do fato gerador da obrigação tributária 
principal e do seu sujeito passivo; 
12 
 
IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de 
cálculo; 
V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões 
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela 
definidas; 
VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de 
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades”. 
Quando dizemos que a tributação se submete ao princípio da legalidade, significa que 
somente a lei pode definir os sujeitos passivos e ativos, bases de cálculo, alíquotas, fatos 
geradores, isenções, além de remissões, anistias, penalidades etc., resguardadas as 
competências da lei complementar (art. 146 da CF). Salientamos que elementos não 
essenciais dos tributos podem ser previstos por normas infralegais, como decretos 
regulamentadores (é o caso do vencimento do tributo, preenchimento de guias, forma de 
recursos etc.). 
A majoração de tributo que exige lei é a efetiva, que corresponde ao aumento real da 
base de cálculo ou da alíquota. A simples atualização monetária da base de cálculo, nos 
limites dos índices de inflação no período, não é majoração, mas simples manutenção do 
valor tributado, e pode ser veiculada por norma infralegal (art. 97, § 2.º, do CTN). É o caso, 
por exemplo, da atualização monetária da base de cálculo do IPTU ou do IPVA por 
decreto do Executivo, que é plenamente válida, ou a fixação do prazo para recolhimento 
Entretanto, deve-se tomar cuidado para não confundir a atualização do valor monetário 
da base de cálculo com o aumento desta mesma base de cálculo (este reservado à lei). 
O exemplo mais marcante é o IPTU. Tendo por base de cálculo o valor venal do imóvel, 
o IPTU é calculado tomando por referência tabelas que estipulam o valor do metro quadrado 
de área construída do imóvel nas diversas zonas do Município. Os valores estipulados são 
corroídos pelo fenômeno inflacionário e quando o Município, utilizando-se de índices 
uniformes, resolve atualizá-los, pode fazê-lo por meio de Decreto do Prefeito, pois não se 
está a aumentar a base de cálculo, mas apenas a se impedir que ela seja artificiosamente 
diminuída. 
Digno de nota é que, conforme já decidido pelo STF, como a legislação sobre direito 
financeiro encontra-se no âmbito da legislação concorrente (CF, art. 24, I), os entes 
federados podem utilizar-se de índices locais para a correção monetária dos seus tributos. 
No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, têm-se entendido que a liberdade para que os 
Municípios estipulem o índice de correção monetária para o IPTU é relativa, tendo por limite 
o “índice oficial de correção monetária”. (Súmula 160, STJ) 
Apesar de o princípio da legalidade não possuir exceções quanto à criação de tributos, 
contempla-as, todavia, para sua majoração. 
 
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
1. II – Imposto de importação; 
2. IE- Imposto de exportação; 
13 
 
3. IPI – Imposto sobre produto industrializado; 
4. IOF: Imposto sobre operações financeiras. 
 
Na prática, a alteração de alíquotas destes impostos é feita por DECRETO 
PRESIDENCIAL ou PORTARIA DO MINISTE´RIO DA FAZENDA. 
Os 4 impostos acima mencionados, possuem natureza extrafiscal – movimentam a 
economia do país. 
5. Redução e Restabelecimento de alíquota da CIDE Combustível 
6. Fixação de alíquotas do ICMS Monofásico Combustível. 
As duas últimas exceções, foram incluídas pela Emenda Constitucional 33/2001. Ambas 
se referem à tributação de combustíveis. 
A primeira permite ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE 
combustíveis (o Presidente da República tem usado o Decreto como via normativa para o 
exercício da competência prevista no art. 177, § 4.º, I, b, da CF/1988). 
A segunda permite aos Estados e ao Distrito Federal, mediante convênio (realizado no 
âmbito do CONFAZ, conforme será estudado em momento oportuno), definir as alíquotas 
do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis definidos em Lei Complementar 
(CF, art. 155, § 4.º, IV). 
Percebe-se que, no caso da CIDE-combustíveis, a liberdade é menor que a prevista 
para a alteração das alíquotas de II, IE, IPI e IOF, pois se restringe à redução e ao 
restabelecimento. A palavra “restabelecer” tem amplitude menor que a palavra 
“aumentar”, pois no restabelecimento a alíquota não pode superar o percentual 
anterior a uma redução porventura realizada. 
Assim, se uma alíquota de 20% foi reduzida a 10%, o restabelecimento, sem sujeição ao 
princípio da legalidade, só permite a volta a 20%. Para que se ultrapasse este percentual, é 
necessária a edição de lei em sentido estrito ou medida provisória. 
Já no caso do ICMS-monofásico, a alíquota é fixada diretamente por convênio, de forma 
que tanto a redução quanto o aumento podem ser feitos por convênio, sendo exceções à 
legalidade. 
Em resumo, quanto à CIDE-combustíveis, a redução e restabelecimento de 
alíquotas podem ser feitos por decreto, sem obediência à legalidade nem à 
anterioridade. Já quanto ao ICMSmonofásico, incidente sobre combustíveis definidos 
em Lei Complementar, a definição (inclusive redução e aumento) de alíquotas pode 
ser feita por convênio, sem obediência à legalidade, mas se o aumento ultrapassar o 
mero restabelecimento de patamar anteriormente fixado, deve-se obedecer à anterioridade. 
 
LEGALIDADE E MEDIDA PROVISÓRIA: Em sede jurisprudencial, o STF não 
demorou a definir que, em se tratando de matéria tributária, o uso da medida 
14 
 
provisória era plenamente possível, desde que observados os seus requisitos 
constitucionais (relevância e urgência). 
Com o advento da Emenda Constitucional 32/2001, a Constituição Federal passou a 
prever que, ressalvados o II, o IE, o IPI, o IOF e os impostos extraordinários de guerra, a 
medida provisória que implique majoração de impostos só produzirá efeitos no exercício 
financeiro seguinte se for convertida em lei até o últimodia daquele em que foi editada (CF, 
art. 62, § 2.º). 
Ressalte-se que a restrição relativa à necessidade da conversão em lei no exercício da 
edição da medida provisória aplica-se exclusivamente aos impostos, de forma que, no 
tocante às demais espécies tributárias, a regra da anterioridade deve ser observada, 
tomando como referência a data da publicação da MP e não de sua conversão em lei. 
 
 
PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
Tornou-se célebre a lição dada por Rui Barbosa quando afirmou, na sua Oração aos 
Moços: 
“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na 
medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade 
natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do 
orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, 
seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”. 
 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas 
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: (...) 
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer 
distinção em razão de ocupação profissional ou função por 
eles exercida, independentemente da denominação jurídica 
dos rendimentos, títulos ou direitos; (...) 
 
Essa regra aplica-se não somente à administração tributária, mas também ao próprio 
legislador, que não pode criar lei discriminatória. 
 
Isonomia e capacidade contributiva 
Em matéria de tributação, o principal parâmetro de desigualdade a ser levado em 
consideração para a atribuição de tratamento diferenciado às pessoas é, exatamente, sua 
capacidade contributiva. 
O princípio da isonomia, no entanto, não afasta a pessoalidade e a graduação segundo 
a capacidade econômica do contribuinte que devem ser sempre perseguidas pelos tributos, 
em especial os impostos, em conformidade com o art. 145, § 1.º, da CF. 
15 
 
É exato, portanto, afirmar que o princípio da capacidade contributiva está 
umbilicalmente ligado ao da isonomia, dele decorrendo diretamente. 
Quem ganha pouco é isento do imposto de renda porque o Estado reconhece que 
praticamente todos os seus rendimentos estão comprometidos com suas necessidades 
básicas (ausência de capacidade contributiva). Quem tem rendimentos maiores contribui na 
medida destes, pois tem capacidade contributiva para fazê-lo. 
Assim, a imposição constitucional de progressividade do imposto de renda é 
exemplo de regra teleologicamente (finalisticamente) ligada aos princípios da 
capacidade contributiva e da isonomia. 
A própria CF prevê a progressividade no caso do IR e do ITR (alíquotas maiores 
conforme maior for a base de cálculo), a seletividade das alíquotas do ICMS e do IPI 
(alíquotas menores para bens essenciais – como produtos da cesta básica – e alíquotas 
maiores para bens supérfluos – como vestidos de luxo), impacto reduzido do IPI sobre 
aquisição de bens de capital pelo contribuinte e diferenciação de alíquotas conforme o uso e 
tipo do automóvel, para o IPVA (por exemplo, alíquotas maiores para carros de luxo e 
menores para veículos utilitários). 
As isenções fixadas por lei, beneficiando determinados setores da sociedade ou da 
economia, tampouco violam o princípio da isonomia, desde que sejam justificadas pela 
reduzida capacidade contributiva dos beneficiados (por exemplo, isenção de IPTU para 
pequenos imóveis residenciais), ou por relevante interesse público no fomento de alguma 
atividade (como exemplo, isenção a setor industrial essencial, que se pretende incentivar). 
 
Discriminação com base na função ou ocupação exercida 
Situação em que o STF entendeu haver tratamento discriminatório sem fundamento em 
desigualdade que justificasse a diferenciação foi quando entendeu insubsistente pretensão 
de contribuinte que, fundamentado em lei do Município de Niterói-RJ, pretendia ver 
reconhecida isenção do IPTU exclusivamente como decorrência de sua qualidade de 
servidor público (AI 157.871-AgR). 
Veja-se que não existe uma diferença intrínseca de capacidade contributiva ou de 
qualquer outro parâmetro relevante que justifique um tratamento tributário diferenciado – 
seja melhor ou pior – tomando por base o exercício de cargo público. 
Neste ponto, ressalte-se que, no mesmo dispositivo em que enuncia o princípio da 
isonomia, o legislador já estipula que a ocupação profissional ou função exercida pelo 
contribuinte não pode ser tomada como parâmetro para diferenciação. 
 
 
 
PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA 
 
O princípio da capacidade contributiva ganhou previsão 
expressa na Constituição Federal, figurando no § 1º do art. 
145 da Carta Política, que possui a seguinte redação: 
16 
 
“§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter 
pessoal e serão graduados segundo a capacidade 
econômica do contribuinte, facultado à administração 
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e 
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as 
atividades econômicas do contribuinte.” 
 
O princípio da capacidade contributiva, igualmente denominado princípio da capacidade 
econômica, é um desmembramento do princípio da isonomia no Direito Tributário, 
representando a materialização do mesmo em prol de uma justiça social. 
O intuito do princípio da capacidade contributiva na ordem jurídica tributária é a busca de 
uma sociedade mais justa onde a maior tributação recaia sobre aqueles que possuam maior 
riqueza. 
Este princípio consta do art. 145, parágrafo primeiro da CF. Devendo ser observado 
sempre que possível, é substancialmente ponto de equilíbrio entre a tributação, seu papel 
social e a liberdade individual de cada contribuinte. 
 
PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA 
A segurança jurídica é, ao lado da justiça, um dos objetivos fundamentais do direito. 
Em matéria tributária, não basta a segurança com relação aos fatos passados 
(irretroatividade da lei), também se faz necessário um mínimo de previsibilidade quanto ao 
futuro próximo. 
Em suma, é lícito afirmar que o princípio da segurança jurídica traduz-se, em matéria 
tributária, no princípio da não surpresa, que traz como corolários os princípios da 
irretroatividade, da anterioridade e da noventena. 
 
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas 
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: (...) 
III – cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da 
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; (...) 
 
A lei relativa à cobrança de tributos atinge eventos ocorridos apenas após o início de sua 
vigência. Significa dizer que não atingirá fatos passados. 
17 
 
Trata-se de garantia já prevista no inciso XXXVI do art. 5.º da CF, que determina que a 
lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 
Entende-se que fatos jurídicos continuados, cuja consumação não seja imediata 
(definição muito criticada por parte da doutrina), submetem-se à lei vigente apenas no 
momento dessa consumação. Isso significa que, no caso do Imposto de Renda cujo fato 
gerador inicia-se no dia 1.º de janeiro de cada exercício, mas apenas se conclui no último dia 
do ano-base, se houver um aumento de alíquota, por exemplo, no dia 30 de dezembro deste 
ano, tal aumento se aplicará ao fato gerador que se conclui no dia seguinte (31 de dezembro 
deste ano-base), podendo ser exigido no ano seguinte (a partir de 1.º de janeiro do ano da 
declaração), conforme Súmula 584 do STF (apesar de crítica de boa parte da doutrina a 
essa interpretação). 
Caso uma lei reduza ou extinga uma multa, esta lei retroage para beneficiar os infratores 
(= lex mitior). Importante: esta retroatividade somente se aplica às penalidades, nunca às 
regras relativas ao próprio tributo. 
Pois bem, com relação ao tributo (nãoé penalidade!), a alíquota é sempre aquela vigente na 
época do fato gerador. 
ATENÇÃO: A lei tributária só é aplicada aos fatos geradores pendentes e futuros. 
 
PRINCÍPIO DA ANTERIODADE 
 
Aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) 
III – cobrar tributos: (...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou. 
(...) 
 
A norma tributária que institui ou aumenta tributo tem eficácia no ano seguinte ao da 
publicação. 
Importante fixar que a anterioridade anual refere-se apenas à criação e à majoração de 
tributos, mas não à redução ou à extinção. 
O princípio da anterioridade deriva do princípio da segurança jurídica, garantindo, 
inicialmente, que o contribuinte não seja surpreendido por uma nova exigência tributária. 
EXCEÇÕES 
➜ II – Imposto de importação; 
➜ IE- Imposto de exportação; 
➜ IPI – Imposto sobre produto industrializado; 
➜ IOF: Imposto sobre operações financeiras. 
➜ Imposto Extraordinário de Guerra 
➜ Empréstimo Compulsório – apenas nos casos de guerra e calamidade pública. 
➜ CIDE Combustível – redução e restabelecimento de alíquota. 
➜ ICMS Monofásico Combustível. 
18 
 
Outra exceção importante é a das contribuições sociais, que se submetem apenas à 
anterioridade noventária ou nonagesimal, ou seja, são exigidas após noventa dias da 
publicação da lei que a instituiu ou modificou (art. 195, § 6.º, da CF). 
É possível, como vimos, fixar regras tributárias por meio de Medida Provisória. 
Atualmente, com a redação do art. 62, § 2.º, da CF, no caso dos impostos (exceto os 
impostos de importação, exportação, IPI, IOF e imposto extraordinário de guerra externa ou 
iminência), a norma tributária veiculada por MP somente terá eficácia a partir do exercício 
seguinte ao da publicação, desde que seja convertida em lei até o final do ano em que foi 
editada. Importante salientar que esta regra de anterioridade das MPs somente se aplica aos 
impostos (não às taxas e contribuições), observadas as exceções indicadas. 
 
NOVENTENA OU ANTERIODADE NONAGEZIMAL 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas 
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: (...) 
III – cobrar tributos: (...) 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja 
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, 
observado o disposto na alínea b; (...) 
Este princípio da anterioridade nonagesimal não exclui a anterioridade anual da alínea b 
do mesmo dispositivo constitucional. 
Em regra, a norma tributária que institui ou aumenta tributos vale apenas depois de 90 
dias de sua publicação (anterioridade nonagesimal), mas não antes que o primeiro dia do 
exercício seguinte (anterioridade anual). 
Como exemplo, se um Estado resolve aumentar a alíquota do ICMS, publicando uma lei 
em fevereiro deste ano, esta majoração somente valerá a partir de 1.º de janeiro do ano 
seguinte (data posterior aos noventa dias da anterioridade nonagesimal). No entanto, se 
este mesmo Estado publicar a lei majorando do ICMS apenas em novembro deste ano, a 
nova alíquota somente se aplicará a partir de fevereiro do ano seguinte (os noventa dias da 
anterioridade nonagesimal terminam em data posterior a 1.º de janeiro do exercício 
seguinte). 
Importante reiterar: assim como a anterioridade anual (da alínea “b”), a anterioridade 
nonagesimal somente se aplica à criação ou majoração de tributos. As reduções e extinções 
aplicam-se sempre imediatamente. 
EXCEÇÕES 
➜ II – Imposto de importação; 
➜ IE- Imposto de exportação; 
➜ IR – Imposto de renda 
➜ IOF: Imposto sobre operações financeiras. 
➜ Imposto Extraordinário de Guerra 
19 
 
➜ Empréstimo Compulsório – apenas nos casos de guerra e calamidade pública. 
➜ Base de cálculo do IPTU 
➜ Base de Cálculo do IPVA 
PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO 
 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas 
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: (...) 
IV – utilizar tributo com efeito de confisco; (...) 
 
O tributo confiscatório seria um tributo que servisse como punição; já tributo com efeito 
confiscatório seria o tributo com incidência exagerada de forma que, absorvendo parcela 
considerável do patrimônio ou da renda produzida pelo particular, gerasse neste e na 
sociedade em geral uma sensação de verdadeira punição. Não se pode utilizar o tributo para 
eliminar a propriedade do particular. A tributação há de ser razoável. 
As duas situações estão proibidas, a primeira (confisco) pela definição de tributo 
(CTN, art. 3.º); a segunda (efeito de confisco) pelo art. 150, IV, da CF/1988. 
Não obstante as diferenciações terminológicas, as expressões (“vedação ao confisco” e 
“vedação ao efeito de confisco”) têm sido usadas como equivalentes e, em provas de 
concurso público, a distinção somente pode ser feita quando o candidato perceber que o 
examinador está utilizando a tese aqui esposada (ex. quando nas alternativas de uma 
questão aparecem ambas as expressões em sentidos claramente diversos). 
O princípio da vedação ao efeito confiscatório também poderia ser denominado de 
princípio da razoabilidade ou proporcionalidade da carga tributária. A ideia subjacente 
é que o legislador, ao se utilizar do poder de tributar que a Constituição lhe confere, deve 
fazê-lo de forma razoável e moderada, sem que a tributação tenha por efeito impedir o 
exercício de atividades lícitas pelo contribuinte, dificultar o suprimento de suas necessidades 
vitais básicas ou comprometer seu direito a uma existência digna. 
Ao julgar a ADI 551 (item 2.8.1),o STF apesar de o texto literal do art. 150, IV, 
constitucional anunciar o não confisco como princípio a ser aplicado aos tributos, a restrição 
é também aplicável às multas tributárias.Ou seja, Entende-se que a vedação de confisco, 
derivando do princípio constitucional de garantia à propriedade, aplica-se também às 
penalidades pecuniárias em geral (uma multa não pode ser desproporcionalmente alta de 
modo a representar confisco). 
 
PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO / LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
20 
 
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou 
de bens, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio 
pela utilização de vias conservadas pelo Poder 
Público; (...) 
O inciso V do art. 150 da CF proíbe os entes federados de “estabelecer limitações ao 
tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, 
ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”. 
O objetivo do legislador constituinte foi evitar que os entes políticos criassem tributos 
(normalmente taxas) incidentes sobre a passagem de pessoas e bens em seus territórios. A 
situação era relativamente comum no passado; os tributos eram criados com finalidade 
arrecadatória, mas acabavam por constituir restrições ao direito que possuem as pessoas de 
se locomover livremente no território nacional de posse dos seus bens (hoje previsto no art. 
5.º, XV, da CF/1988). 
 
EXCEÇÕES: 
 
1. POSSIBILIDADE DE COBRANÇA DO ICMS INTERESTADUAL: Não se admite que o 
tributo seja utilizado para limitar a liberdade das pessoas de ir e vir com seus bens (art. 5.º, 
XV, da CF), o que não impede as tributações previstas na própria Constituição, quanto à 
circulação de mercadorias e serviços entre Estados (ICMS), nos termos da lei. 
Como um gravame incidente também sobre operações que destinam a outro Estado 
determinados bens e sobre a prestação de determinados serviços, o tributo interestadual 
acaba por constituir uma limitação ao tráfego de bens pelo território nacional. Como a 
cobrança tem fundamento constitucional, é plenamente válida, não havendo que se 
discutir sua legitimidade. 
2. PEDÁGIO: a questão é bastante controversa,principalmente com relação a sua natureza 
jurídica (tributária ou não). O Supremo Tribunal Federal entende que o pedágio-tributo 
tem natureza de taxa de serviço (RE 181.475-6). O fato gerador seria a utilização (efetiva) 
da rodovia. A base de cálculo deve ser fixada em lei, de forma que guarde relação direta 
com o custo do benefício prestado ao contribuinte, devendo levar em consideração, 
portanto, elementos como peso e dimensões do veículo, número de eixos e a distância 
percorrida. 
 
PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA / PACTO FEDERATIVO 
 
CF – Art. 151. É vedado à União: 
I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o 
território nacional ou que implique distinção ou 
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal 
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a 
concessão de incentivos fiscais destinados a 
promover o equilíbrio do desenvolvimento 
socioeconômico entre as diferentes regiões do País; 
(...) 
 
21 
 
Este é um princípio que, diferentemente dos anteriormente vistos, direciona-se 
especificamente à União. O destinatário é o legislador federal (e não o dos Estados, DF e 
Municípios).O claro objetivo do dispositivo é proteger o pacto federativo, impedindo ao ente 
que tributa em todo o território nacional a utilização deste poder como meio de submeter os 
entes menores à sua vontade, tolhendo-lhes a autonomia. 
São regras protegidas por cláusula pétrea, em virtude de se configurarem como 
verdadeiras garantias da Federação (CF, art. 60, § 4.º, I). 
Isso significa que a tributação federal deve tratar igualmente as unidades da federação, 
o que não impede, como destacado ao final do inciso, diferenciações destinadas a promover 
o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. 
Não pode a União, portanto, estipular diferentes alíquotas do imposto sobre a renda, nos 
distintos Estados da federação. Caso a alíquota fosse menor, a título de exemplo, no Estado 
de São Paulo, os demais Estados estariam sendo ilegitimamente diferenciados, o que poria 
em risco a federação. 
 
EXCEÇÃO: permissão da diferenciação com a finalidade extrafiscal de diminuir as 
diferenças de desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. A 
possibilidade está em plena consonância com o art. 3.º da Magna Carta, que inclui, entre os 
objetivos da República Federativa do Brasil, o de reduzir as desigualdades sociais e 
regionais. 
Há alguns casos em que o benefício concedido parece caminhar na contramão do 
princípio da isonomia. A situação é praticamente inevitável, pois, ao conceder benefícios 
fiscais com o objetivo de atrair grandes empresas para regiões menos desenvolvidas do 
País, acaba-se por negar o mesmo tratamento a empresas de menor potencial econômico 
que estejam instaladas nas regiões mais prósperas. 
O Supremo Tribunal Federal entende que a concessão de isenção se funda no juízo de 
conveniência e oportunidade de que gozam as autoridades públicas na implementação de 
suas políticas fiscais e econômicas. Portanto, não cabe ao Poder Judiciário, que não 
pode se substituir ao legislador, estender isenção a contribuintes não contemplados 
pela lei, a título de isonomia. 
 
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO EM RELAÇÃO A ORIGEM 
OU DESTINO 
 
CF – Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios estabelecer diferença 
tributária entre bens e serviços, de qualquer 
natureza, em razão de sua procedência ou 
destino. 
ATENÇÃO: Este princípio é direcionado especificamente aos Estados, DF e 
Municípios (não à União). 
22 
 
Também aqui se tem uma importante regra protetiva do pacto federativo, visto que se 
proíbe que os entes locais se discriminem entre si. 
Um Estado não pode, portanto, tributar mais pesadamente uma mercadoria pelo fato de 
ela ser originária de outro Estado, ou um Município tributar mais onerosamente um serviço 
prestado a tomador localizado em outra localidade. 
Por conta desse princípio, seria inconstitucional uma lei estadual que fixasse alíquota 
maior de ICMS para as mercadorias fabricadas em outros Estados. Como outro exemplo, 
seria inconstitucional uma lei municipal que determinasse alíquota de ISS superior para 
prestadores de serviço domiciliados em outros municípios. 
Relembre-se, entretanto, que a União – e somente ela – está autorizada a estipular 
tratamento tributário diferenciado entre os Estados da federação tendo por meta diminuir as 
desigualdades socioeconômicas tão comuns no Brasil. Providências semelhantes, portanto, 
não são lícitas aos Estados e Municípios, sob pena de grave risco ao pacto federativo. 
*Cláusula do Tratamento Nacional: prevê a equivalência de tratamento entre o produto 
importado, quando este ingressa no território nacional, e o produto similar nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Ponto 3 – I Unidade 
 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 
A imunidade é uma regra negativa de competência. A Constituição Federal fixa 
competências tributárias de maneira positiva, prevendo os tributos que cada ente 
federado poderá instituir e, de maneira negativa, afastando a possibilidade desses 
mesmos entes tributarem determinadas situações. 
Por exemplo, a CF fixa a competência de os Estados tributarem a propriedade de 
veículos automotores – IPVA. De fato, o art. 155, III, da CF traz uma regra positiva de 
competência. No entanto, a mesma Constituição impede que os Estados cobrem IPVA 
com relação aos automóveis de propriedade da União e dos Municípios, pelo seu art. 
150, VI, “a” (imunidade recíproca), o que representa uma norma negativa de 
competência ou, nos termos da CF, uma limitação constitucional ao poder de tributar 
dos Estados. 
A imunidade é regra constitucional, não se confundindo com a isenção, que é 
benefício fiscal dado pelo próprio ente tributante, por meio de lei ordinária. Quando há 
imunidade, não há competência tributária. Quando há competência, o ente político 
competente pode excluir, por lei própria, determinadas situações do âmbito da exação: 
é a chamada isenção. Naquele mesmo exemplo, haveria isenção se o Estado, tendo a 
competência para tributar os veículos automotores, resolvesse aprovar uma lei 
afastando a cobrança no caso de caminhões. 
O constituinte nem sempre segue a melhor técnica no texto da CF. Assim, há 
casos em que a Constituição fixa imunidade, mas usa termos como “isenção” ou “não 
incidência”. Para que fique claro: independentemente das palavras utilizadas, sempre 
que a Constituição afastar a possibilidade de se tributar uma determinada situação, 
estaremos diante de uma imunidade. 
As principais imunidades tributárias (ou, pelo menos, as mais amplas) encontram-
se descritas no art. 150, inciso VI, da CF: 
 
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) 
VI – instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, 
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos 
trabalhadores, das instituições de educação e de 
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os 
requisitos da lei; 
24 
 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua 
impressão. (...) 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos 
no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de 
autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas 
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais 
ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa 
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a 
laser. 
§ 2.º A vedação do inciso VI, a, é extensiva às 
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo 
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e 
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais 
ou às delas decorrentes. 
§ 3.º As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior 
não se aplicam ao patrimônio,à renda e aos serviços, 
relacionados com exploração de atividades econômicas 
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos 
privados, ou em que haja contraprestação ou 
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem 
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar 
imposto relativamente ao bem imóvel. 
§ 4.º As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, 
compreendem somente o patrimônio, a renda e os 
serviços, relacionados com as finalidades essenciais 
das entidades nelas mencionadas. (...) 
 
1. IMUNIDADE RECÍPROCA 
Decorre do princípio federativo, da não interferência entre os entes federados, que são 
autônomos. 
Assim, a União não pode cobrar imposto de renda do Município. O Município não pode 
cobrar IPTU da União, o Estado não pode cobrar IPVA do Município etc. 
 
 
 
2. IMUNIDADE GENÉRICA 
 
2.1. A IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO, prevista pelo art. 150, 
VI, b, da CF, serve ao princípio de liberdade ao culto religioso, prevista no art. 5.º, 
inciso VI, da Constituição, não cabendo à Administração tributária pretender avaliar, no 
reconhecimento de tal imunidade, o mérito social (muito menos religioso) desse ou 
daquele templo. 
Essa imunidade abarca não apenas os prédios onde ocorrem os cultos, mas também 
aqueles necessários à ocorrência de tais cultos, como a casa do padre, do pastor, a 
secretaria, o estacionamento para os fiéis etc. Ademais, embora a CF fale em templos, 
as atividades da entidade religiosa relacionadas estritamente ao culto são também 
imunes (venda de imagens, serviços religiosos etc.). 
25 
 
2.2. PATRIMÔNIO, RENDA E SERVIÇOS DOS PARTIDOS POLÍTICOS: Quanto à 
imunidade do patrimônio, da renda e dos serviços dos partidos políticos, inclusive 
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos (CF, art. 150, VI, c), o CTN traz 
os termos em que ela será reconhecida: 
CTN – Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do art. 
9.º é subordinado à observância dos seguintes 
requisitos pelas entidades nele referidas: 
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio 
ou de suas rendas, a qualquer título; 
II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos 
na manutenção dos seus objetivos institucionais; 
III – manterem escrituração de suas receitas e despesas 
em livros revestidos de formalidades capazes de 
assegurar sua exatidão. 
§ 1.º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, 
ou no § 1.º do art. 9.º, a autoridade competente pode 
suspender a aplicação do benefício. 
§ 2.º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV 
do art. 9.º são exclusivamente os diretamente 
relacionados com os objetivos institucionais das 
entidades de que trata este artigo, previsto nos 
respectivos estatutos ou atos constitutivos. 
Ainda com relação à imunidade dos partidos políticos, entidades sindicais, instituições 
de assistência social e educação sem fins lucrativos, o STF sumulou o entendimento 
de que ela abarca o IPTU de imóveis alugados a terceiros, desde que o valor dos 
aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades (Súmula STF 724). 
A imunidade recíproca, a dos templos e a dos partidos políticos, sindicatos etc. (CF, art. 
150, VI, a, b e c) não afasta a responsabilidade por retenção na fonte e as obrigações 
acessórias (CTN, art. 9.º, § 1.º). Assim, mesmo uma igreja deve, por exemplo, reter o 
imposto de renda relativo a rendimentos por ela pagos, sob pena de responder pelo 
débito, na forma da legislação específica. 
 
2.3. LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA 
IMPRESSÃO: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF, referente a livros, 
jornais, periódicos (além do papel no qual são impressos), serve como incentivo à 
difusão de informações e cultura. 
Essa imunidade abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à sua publicação 
(Súmula STF 657). O Judiciário tem entendido que outros bens, como tintas e 
equipamentos, não estão abarcados pela imunidade (é uma interpretação bem literal, 
pois a CF refere-se ao “papel” utilizado na impressão). 
A imunidade dos livros e periódicos é objetiva (relativa ao objeto – livros, periódicos) e 
não subjetiva (relativa ao sujeito – editor, autor do livro), não abarcando, portanto, o 
26 
 
imposto de renda devido pelo editor, por exemplo, mas apenas os impostos incidentes 
sobre a produção e a circulação do bem. Assim, a imunidade abrange o IPI incidente 
sobre a produção industrial, o ISS referente a serviços prestados pela gráfica, o 
imposto de importação do papel a ser utilizado na impressão etc. Por outro lado, não 
há imunidade, devendo ser pago o IR sobre o lucro da gráfica, IR sobre os direitos 
autorais, o IPTU relativo ao imóvel em que são impressos os livros e periódicos etc. 
Parece-nos que, sendo a intenção do constituinte beneficiar a difusão de informações e 
cultura, a mídia utilizada é pouco relevante. Desta forma, a melhor interpretação é de 
que essa imunidade abarcaria os livros e periódicos veiculados por meios eletrônicos 
(internet, “download”, e-book, CD-ROM ou outro que venha a ser criado), embora seja 
questão ainda não pacífica na jurisprudência. 
Recentemente, o Constituinte derivado incluiu nova imunidade no texto constitucional, 
em favor dos músicos brasileiros (art. 150, VI, e, da CF). O intuito é fomentar e proteger 
relevante aspecto cultural brasileiro, afastando a incidência de impostos sobre a 
produção musical de artistas nacionais, especificamente sobre as gravações, sejam 
elas veiculada por CD, DVD ou simples arquivo digital. Ressalvou-se a tributação sobre 
a produção industrial das mídias ópticas (CD e DVD). 
Importante salientar que todas essas imunidades do art. 150, VI, da CF referem-se 
exclusivamente a impostos. Assim, as imunidades recíprocas dos templos, dos 
partidos, dos sindicatos de trabalhadores, das entidades educacionais e de assistência, 
e dos livros e periódicos não afastam a incidência de taxas, contribuições de melhoria, 
empréstimos compulsórios ou contribuições especiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Ponto 4 – I Unidade 
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
 
CLASSIFICAÇÃO QUINPARTITE CF/88 
1. Imposto; (competência privativa) 
2. Taxa; (competência comum) 
3. Contribuição de melhoria; (competência comum) 
4. Empréstimo Compulsório; (competência exclusiva da União) 
5. Contribuições Especiais; (competência exclusiva da União) 
 
ATENÇÃO: Competência Comum se distingue de competência corrente! Na 
competência comum prevalece o princípio do interesse – onde cada ente institui suas 
taxas e contribuições de melhoria. 
 
 
1. IMPOSTOS 
É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de 
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (ATIVIDADE 
DESVINCULADA). 
O fato gerador do imposto é uma situação (por exemplo, aquisição de renda, 
prestação de serviços etc.) que não supõe nem se conecta com nenhuma atividade do 
Estado especificamente dirigida ao contribuinte. Ou seja, para exigir imposto de certo 
indivíduo, não é preciso que o Estado lhe preste algo determinado. 
Se o fato gerador do imposto não é um ato do Estado, ele deve configurar uma 
situação à qual o contribuinte se vincula – um fato do contribuinte. .O legislador deve 
escolher determinadas situações materiais (por exemplo, aquisição de renda) 
evidenciadoras de capacidade contributiva, tipificando-as como fatos geradores da 
obrigação tributária. As pessoas que se vinculam a essas situações (por exemplo, as 
pessoas que adquirem renda) assumem o dever jurídico de pagar o imposto em favor 
do Estado. 
Essa situação típica pode já estar esboçada na norma constitucional definidora da 
competência tributária (no caso dos impostos nominados) ou não (impostos da 
“competência residual” e impostos de guerra). 
Os impostos podem ser: 
REAIS: É o imposto baseado em bens reais (físicos), são os denominados "Impostos 
sobre o Patrimônio",como IPTU, IPVA e ITR. 
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostos_iptu.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributario/imposto_ipva.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributos/itr.htm
28 
 
PESSOAIS: Pessoal é o imposto que estabelece diferenças tributárias em função de 
condições inerentes ao contribuinte. Tributa-se de acordo com sua capacidade 
econômica (Imposto de Renda das pessoas físicas e jurídicas) 
As alíquotas dos impostos podem ser: 
FIXAS: percentual da alíquota pré-determinada (regra); 
AD VALOREM: progressividade de alíquota na medida que se modifica na base de 
calculo. “Ad valorem”: Percentual aplicado sobre o preço do bem. 
 
2. TAXAS 
As taxas são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal 
específica, referível ao contribuinte (ATIVIDADE VINCULADA) que pode consistir: 
a) no exercício regular do poder de polícia; ou 
b) na prestação ao contribuinte, ou colocação à disposição deste, de serviço 
público específico e divisível. 
Como se vê, o fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte, mas um fato do 
Estado. O Estado exerce determinada atividade e, por isso, cobra a taxa da pessoa a 
quem aproveita aquela atividade. 
As diversas teorias sobre as taxas ora sublinham a existência de um benefício ou 
vantagem para o contribuinte, dando a elas um caráter contraprestacional, ora as veem 
como reembolso do custo da atuação estatal, ora as caracterizam meramente como 
tributo ligado à atuação específica do Estado, abstraídas eventuais vantagens que 
possam ser fruídas pelo contribuinte. 
O que está assente é que, se as atividades gerais do Estado devem ser 
financiadas com os impostos, arrecadados de toda a coletividade, há outras atividades 
estatais que, dada sua divisibilidade e referibilidade a um indivíduo ou a um grupo de 
indivíduos determinável, podem (e, numa perspectiva de justiça fiscal, devem) ser 
financiadas por tributos pagos pelos indivíduos a que essas atividades estatais se 
dirigem. 
Nossa Constituição claramente adota esse critério, ao atrelar as taxas ao 
exercício do poder de polícia e à execução de serviço público divisível, permitindo 
estremá-las dos impostos, não vinculados a nenhuma atuação estatal divisível. 
Contribuinte da taxa será, portanto, a pessoa que provoca a atuação estatal 
caracterizada pelo exercício do poder de polícia, ou a pessoa a quem seja prestada (ou 
à disposição de quem seja colocada) a atuação do Estado traduzida num serviço 
público divisível. Temos, assim, taxas de polícia e taxas de serviço. 
 
29 
 
TAXAS DE POLÍCIA: Há certos direitos cujo exercício deve ser conciliado com o 
interesse público, cabendo ao Estado policiar a atuação do indivíduo. A construção de 
um prédio ou a instalação de uma empresa devem obedecer às leis de zoneamento, de 
segurança etc. Cabe à administração pública verificar o cumprimento das normas 
pertinentes e conceder a autorização, licença ou alvará. Do mesmo modo, se um 
indivíduo deseja portar uma arma, ele deve solicitar a licença do Estado; se quer viajar 
para o exterior, compete-lhe obter passaporte. 
Esses direitos (de construir, de portar arma, de viajar etc.), porque podem afetar o 
interesse da coletividade, sofrem limites e restrições de ordem pública. A taxa de 
polícia é cobrada em razão da atividade do Estado, que verifica o cumprimento das 
exigências legais pertinentes e concede a licença, a autorização, o alvará etc. 
 
TAXAS DE SERVIÇO: têm por fato gerador uma atuação estatal consistente na 
execução de um serviço público, específico e divisível, efetivamente prestado ou posto 
à disposição do contribuinte. 
A divisibilidade (presente na taxa de serviço) não está ausente da configuração da já 
referida taxa de polícia, que também corresponde a uma atuação do Estado divisível e 
referível ao contribuinte. 
 
IMPORTANTE: 
Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços 
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos 
provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal. 
Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um 
ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não 
haja integral identidade entre uma base e outra. 
 
ATENÇÃO: 
➜ Decretação de inconstitucionalidade da TIP – Taxa de Iluminação Pública; 
Atualmente cobra-se a COSIP (art 149A) que é de competência dos Municípios. 
➜ Decretação de inconstitucionalidade da TLP – taxa de Limpeza Pública; Porém a 
taxa de coleta de lixo domiciliar é constitucional (específico de cada imóvel). 
➜ As taxas NÃO podem ter base de calculo ou fato gerador idêntica a dos impostos. 
 
 
TAXAS E PREÇOS PÚBLICOS 
30 
 
As taxas são cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou pela 
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição. Existem, portanto, taxas de polícia e taxas 
de serviço. 
Ocorre que os serviços públicos também podem ser remunerados por preços 
públicos (tarifas), o que poderia gerar uma confusão conceitual entre as taxas de 
serviço e os preços públicos. Ambos possuem caráter contraprestacional, 
remunerando uma atividade prestada pelo Estado. Nos dois casos, há a exigência de 
referibilidade, ou seja, há de ser possível a perfeita identificação do beneficiário do 
serviço, que é devedor da taxa ou do preço público. 
As semelhanças, contudo, param por aí. O regime jurídico a que estão 
submetidas as taxas é o tributário, tipicamente de direito público. Já as tarifas estão 
sujeitas a regime contratual, ineludivelmente de direito privado. Dessa diferença 
fundamental decorrem as demais. 
Como receita decorrente de uma exação cobrada em regime de direito público, o 
produto da arrecadação da taxa é receita derivada; enquanto que a receita oriunda 
de preço público é originária, decorrendo da exploração do patrimônio do próprio 
Estado. 
Como tributo, a taxa é prestação pecuniária compulsória, não havendo 
manifestação livre de vontade do sujeito passivo para que surja a obrigação de pagar. 
Isto é claramente percebido com a leitura do art. 79, I, a e b, do Código Tributário 
Nacional, que permite a cobrança da taxa não só pela utilização efetiva do serviço 
público, mas também pela utilização potencial, desde que, sendo definido em lei como 
de utilização compulsória, o serviço seja posto à disposição do contribuinte mediante 
atividade administrativa em efetivo funcionamento. 
No preço público a relação é contratual, sendo imprescindível a prévia 
manifestação de vontade do particular para que surja o vínculo obrigacional. A prestação 
pecuniária é facultativa. 
A título de exemplo, tem-se o preço público para a utilização do serviço público de 
telefonia. Os particulares que desejarem obter a prestação domiciliar do serviço 
manifestarão sua vontade mediante a assinatura de um contrato com uma companhia 
concessionária e, a partir daí, nascerão as respectivas obrigações. 
Como o regime das taxas é legal, não é possível rescisão, que pode ocorrer 
somente no regime contratual do preço público. 
Também há de se destacar que, segundo expressas disposições legais (CTN, arts. 
7.º e 119), só podem figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária pessoas 
jurídicas de direito público, o que é integralmente aplicável às taxas. Já no que 
concerne aos preços públicos, é comum o sujeito ativo ser uma pessoa jurídica de 
direito privado, como sempre ocorre nos serviços públicos delegados (concedidos, 
permitidos ou autorizados). 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: 
 
A Constituição prevê que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
podem instituir “contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”. 
Esse tributo, a exemplo das taxas, conecta-se com determinada atuação estatal, 
qual seja, a realização de uma obra pública de que decorra, para osproprietários de 
imóveis adjacentes, uma valorização (ou melhoria) de suas propriedades (ATIVIDADE 
VINCULADA). 
A contribuição de melhoria tem caráter contraprestacional. Serve para ressarcir o 
Estado dos valores (ou parte deles) gastos com a realização da obra. É justamente por 
isso que existe um limite total para a cobrança do tributo. O Estado não pode cobrar, 
a título de contribuição de melhoria, mais do que gastou com a obra, pois se assim 
fizesse, o problema apenas mudaria de lado, uma vez que geraria enriquecimento sem 
causa do próprio Estado. 
Além do limite total, a cobrança da contribuição de melhoria encontra um limite 
individual, que é o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel 
beneficiado. Esse segundo limite se fundamenta no fato de que a contribuição de 
melhoria é vinculada a uma valorização imobiliária, de forma que, caso se cobrasse de 
determinado contribuinte mais do que seu imóvel se valorizou, a parcela excedente 
poderia ser considerada um imposto, uma vez que desvinculada de qualquer atividade 
estatal. Em virtude de a Constituição Federal de 1988 não prever tal imposto, a cobrança 
não seria legítima. 
O fundamento da contribuição de melhoria, comum às taxas, está em que a 
atuação estatal que possa ser referível a um indivíduo, ou a um grupo de indivíduos, 
deve ser financiada por tributos específicos, exigidos desses indivíduos, e não pelos 
tributos (impostos) arrecadados de toda a coletividade. Antônio Roberto Sampaio Dória 
realça as virtudes dessa espécie tributária, que evita “o locupletamento injustificado de 
proprietários favorecidos por obras (públicas)”. 
A contribuição de melhoria liga-se a uma atuação estatal que por reflexo se 
relaciona com o indivíduo (valorização de sua propriedade). Esse reflexo é eventual, já 
que da obra nem sempre resulta aquela valorização; por vezes ocorre o contrário: a obra 
32 
 
desvaloriza o imóvel, ensejando pedido de reparação do indivíduo contra o Estado, com 
o mesmo fundamento lógico que embasa a contribuição de melhoria: se a coletividade 
não deve financiar a obra que enriquece um grupo de indivíduos, também não se pode 
empobrecer esse grupo, para financiar uma obra que interessa à coletividade. 
ATENÇÃO: 
➜ No âmbito federal, as obras que são objeto de contribuições de melhorias estão 
previstas no Decreto Lei nº 195/1967. 
➜ O STJ já pacificou o entendimento de que pavimentação e colocação de manta 
asfáltica NÃO estão no conceito de obra. 
 
 
4. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: 
 
➜A competência para a criação de empréstimos compulsórios é exclusiva da União. 
Esta é uma regra sem exceções. Por mais urgente, grave, relevante que seja a situação 
concreta, não é possível a instituição da exação por parte dos Estados, dos Municípios 
ou do Distrito Federal. 
➜A instituição de empréstimos compulsórios só é possível mediante lei complementar. 
➜Os empréstimos compulsórios são tributos de arrecadação vinculada. 
 
É um ingresso de recursos temporário nos cofres do Estado, pois a arrecadação 
acarreta para o Estado a obrigação de restituir a importância que foi emprestada. 
A Constituição prevê a instituição de empréstimos compulsórios pela União em duas 
situações: 
a) despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública; e de guerra 
externa efetiva ou iminente (art. 148, I); (Constitui exceção ao princ.. da anterioridade 
e da noventena) 
b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (art. 
148,II). 
 
 
ATENÇÃO: 
➜ Os recursos arrecadados devem ser destinados ao atendimento das despesas que 
fundamentaram a instituição do empréstimo. (ATIVIDADE VINCULADA) 
33 
 
➜ O instrumento para a instituição dos empréstimos compulsórios é a LEI 
COMPLEMENTAR (art. 148, caput). Excepciona-se, desse modo, a regra geral de que 
os tributos são instituídos por lei ordinária (ou ato equivalente). Exige a Constituição o 
rigor formal da lei complementar, certamente com o propósito de evitar os abusos que 
houve no passado. 
 
➜RESTITUIÇÃO: A Lei Complementar que estipula o empréstimo compulsório, 
também deve dispor sobre prazo de devolução - O parágrafo único do art. 15 do 
Código Tributário Nacional exige que a lei instituidora do empréstimo compulsório fixe o 
prazo e as condições de resgate. Assim, a tributação não será legítima sem a previsão 
de restituição. O STF tem entendimento firmado no sentido de que a restituição do valor 
arrecadado a título de empréstimo compulsório deve ser efetuada na mesma espécie em 
que recolhido (RE 175.385/CE). Como o tributo, por definição, é pago em dinheiro, a 
restituição deve ser efetivada também em dinheiro. 
. 
 
5. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 
 
➜ As contribuições especiais estão previstas nos art. 149 e 149-A da CF. 
➜ Possui fato gerador VINCULADO. 
 
ESPÉCIES: 
a) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: são as contribuições que visam custear as 
atividades específicas do Estado no campo social. O campo social da atividade estatal, 
regra geral, é o conjunto de atividades relacionadas à saúde, assistência, previdência e 
educação. Na verdade, estão compreendidas neste campo todas as atividades ligadas à 
ordem social, definidas nos art. 193 e seguintes da CF. Estas contribuições sociais, por 
sua vez, ainda podem ser divididas em: sociais para a seguridade social e sociais gerais. 
 
b) CIDE - Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: As contribuições 
interventivas, as CIDE, são a espécies de contribuições que somente podem ser 
instituídas pela União, sendo necessária apenas lei ordinária. 
➜ São tributos de natureza extrafiscal e de arrecadação vinculada. 
➜ De competência exclusiva da UNIÃO. 
➜ Seu objetivo principal é ser um meio de intervenção na economia com o objetivo de 
garantir o respeito aos princípios da ordem econômica, previstos no art. 170 da CF. 
 
Como o próprio nome parece indicar, as CIDE são tributos extrafiscais. Essa 
conclusão decorre do fato de os tributos extrafiscais serem, por definição, exatamente 
aqueles cuja finalidade precípua não é arrecadar, carrear recursos para os cofres 
públicos, mas sim intervir numa situação social ou econômica. 
34 
 
As CIDE são, portanto, tributos criados com base no elemento teleológico ou 
finalístico, uma vez que, para serem consideradas legítimas, suas finalidades têm que 
ser compatíveis com as disposições constitucionais, principalmente com aquelas 
relativas à ordem econômica e financeira, que aparecem a partir do art. 170 da Carta 
Magna. 
Apesar de também visarem à intervenção no domínio econômico, a técnica 
utilizada nas CIDE para a consecução desse desígnio tem sido, via de regra, um pouco 
diferente daquela vislumbrada nos exemplos estudados, quando se definiu 
extrafiscalidade. Neles, a intervenção se dava pela diminuição/aumento da carga 
tributária sobre a atividade cujo estímulo/desestímulo se desejava. 
Assim, se, em determinado momento, era interesse do Estado aumentar a 
concorrência sobre a indústria nacional de bens de informática, uma das medidas 
possíveis seria a diminuição do imposto de importação incidente nas operações de 
aquisição destes bens no mercado externo. Já nas CIDE, a intervenção ocorre pela 
destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade, que, 
justamente por conta desse “reforço orçamentário”, tem-se por incentivada. 
 
c) CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS: Parafiscal significa “ao lado do fiscal”, 
algo que anda paralelamente com o Estado, apresenta-se como um quase-Estado, uma 
extensão do Estado. E ao falar das contribuições parafiscais, é imprescindível incluir a 
questão da competência e capacidade tributárias. 
A instituição das contribuições parafiscais é realizada por uma pessoa política, 
geralmente a União, e as atividades de arrecadação e fiscalização, pelo ente parafiscal 
ou parafisco. 
A contribuição parafiscal é tributo devido a entidades paraestatais, em razão de 
atividades especiais desempenhadas por elas. A titularidade delas é atribuídas a tais

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