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SUMÁRIO 1. Conceitos Fundamentais ........................................ 3 2. Avaliação do Risco .................................................... 4 3. Semiologia .................................................................... 5 4. Orientações gerais e Queixas Comuns ...........16 5. Oligoelementos .........................................................17 6. Exames complementares .....................................19 7. Vacinas .........................................................................26 Referências Bibliográficas ........................................28 3ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS A assistência pré-natal nada mais é do que um conjunto de cuidados destinados à mulher e, consequen- temente ao feto, que visa oferecer o desenvolvimento saudável da ges- tação permitindo o parto de um recém-nascido saudável sem im- pacto para a saúde materna. Vale ressaltar, que a assistência pré-natal é muitas vezes a primeira oportuni- dade que os serviços de saúde têm de abordar questões de saúde com a mulher, logo, os profissionais de saú- de não devem deixar de estabelecer uma comunicação efetiva com esta mulher abordando questões fisioló- gicas, biomédicas, comportamentais, sociais e psicológicas. CONCEITO! A assistência pré-natal é um conjunto de cuidados destinados à mulher e ao feto que tem por objetivo oferecer o desenvolvimento saudável da gestação e boa evolução do parto. Os cuidados pré-natais podem salvar vidas, uma vez que seja implementa- do oportunamente e baseado em prá- ticas adequadas. Além disso, espera- -se que tais cuidados promovam uma experiência positiva durante a gravi- dez, o que consiste em: uma gravidez saudável para mãe e feto (incluindo prevenção e/ou tratamento de riscos, doenças e morte), transição eficaz para o trabalho de parto e construção de uma maternidade positiva. Apesar de alguns autores considera- rem que a assistência pré-natal deve- ria se iniciar ao final do 1º trimestre, o maior consenso entre os estudiosos da área é que a assistência pré-natal deve acontecer o mais breve possí- vel diante do diagnóstico de gravidez, logo, recomenda-se o início precoce das consultas pré-natal. Isto por- que, o quanto antes for realizada a estratificação do risco gestacional, a gestante poderá realizar as recomen- dações necessárias diante de deter- minado risco, podendo usufruir dos benefícios concedidos pela assistên- cia pré-natal. O número mínimo de consultas é 6 conforme recomendação da Organi- zação Mundial da Saúde (OMS) e do Programa de Humanização no Pré- -natal e Nascimento do Ministério da Saúde, devendo ser realizada 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º trimestre. Já a Federação Brasilei- ra das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomenda realizar consultas mensais até as 28 semanas, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais até o termo. Porém, conforme recomendação da desta última, a segunda consulta do pré-natal deve ser realizada no má- ximo 15 dias após, pois será neces- sário avaliar resultados de exames e adotar medidas necessárias. Vale ressaltar que, algumas gestantes irão 4ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL demandar uma maior quantidade de consultas a depender de comorbida- des associadas ou intercorrências. OMS 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre 1 2 3 FEBRASGO Até 28 semanas 28-36 semanas 36-41 semanas mensais quinzenais semanais SAIBA MAIS! Aproximadamente 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gestação ou ao parto em todo mundo. Destas mortes, 99% ocorrem em países em desen- volvimento. Como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, entre 2016 e 2030 a meta é reduzir a taxa global de mortalidade materna para menos de 70 para cada 100 mil nascidos vivos. (OPAS Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde. Folha Informativa- Mortalidade Materna. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_con- tent&view=article&id=5741:folha-informativa-mortalidade-materna&Itemid=820. Agosto, 2018.) 2. AVALIAÇÃO DO RISCO O risco gestacional deve ser avaliado desde a 1º consulta pré-natal de- vendo ser reavaliado a cada retor- no na tentativa de avaliar o quanto antes possíveis anormalidades clí- nicas ou obstétricas. A caracteriza- ção do risco gravídico inicia-se com anamnese e exame clínico, aliada aos exames complementares. Atenção especial deve ser direcionada às ges- tantes que possuem critérios de risco, devendo as mesmas serem referen- ciadas para uma Unidade que reali- ze acompanhamento de pré-natal de alto risco. Porém, ainda assim a ges- tante deve continuar tendo seu se- guimento na unidade de saúde onde iniciou seu pré-natal. Inúmeros são os fatores de risco que podem indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco segundo o Mi- nistério da Saúde, entre elas pode- mos destacar: DOENÇAS SISTÊMICAS (HAS, DM, POR EXEMPLO) ABORTAMENTO HABITUAL MAU PASSADO OBSTÉTRICO GEMELARIDADE ACOMETIMENTO FETAL NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL III INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO DE REPETIÇÃO Tabela 1. 5ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL SE LIGA! Alguns fatores de risco que indicam encaminhamento à Unidades de Urgência/Emergência como forma de abordar de forma rápida o problema e em seguida realizar a conduta devida: internamento, referência ao pré-natal de alto risco ou retorno para acompa- nhamento de gestação de baixo risco. Dentre os fatores de risco que devem indicar tal encaminhamento para Uni- dade de Urgência/Emergência, pode-se destacar: síndromes hemorrágicas, sus- peita de eclâmpsia, crise hipertensiva (PA >160x110), aminiorrexe prematura, hemoglobina < 8, trabalho de parto pre- maturo, suspeita/diagnóstico de abdo- me agudo, cefaleia intensa e súbita. Fonte: BRASIL, Ministério da Saúde. Se- cretaria de Atenção à Saúde. Departa- mento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco – Brasília : Edito- ra do Ministério da Saúde, 2012. 318 p. 3. SEMIOLOGIA É de fundamental importância que a anamnese e exame físico realiza- dos, sobretudo na 1ª consulta pré- -natal, sejam detalhados e abran- gendo o maior número possível de informações englobando desde uma boa identificação da paciente, ante- cedentes (fisio e patológicos, gine- cológicos, obstétricos), interrogatório sistemático, hábitos de vida e histó- ria psicossocial. Porém, dentro desta anamnese é importante sempre re- alizar o cálculo da idade gestacional (IG) e, já na 1ª consulta, calcular tam- bém a data provável do parto (DPP). Tanto a IG, quanto a DPP podem ser calculadas por meio cálculos rápidos ou com auxílio de métodos comple- mentares como a ultrassonografia (USG) no caso da IG. • Cálculo da IG: A IG pode ser calculada pela regra de Nagele baseia-se na data da última menstruação (DUM), sendo realizada da seguinte maneira: somar o núme- ro de dias corridos desde a DUM até o dia no qual está sendo avalia- da a IG e dividir por 7. No caso do cálculo da IG por meio da USG, aquela que com base nos es- tudos representa a melhor para este cálculo é a USG do 1º trimestre. Nº de dias da DUM até a consulta 7 • Cálculo da DPP: Para este cálculo, soma-se 7 ao dia da DUM e 9 ao número referente ao mês em que a DUM ocorreu. Caso a DUM ocorra entre os meses de janei- ro e março, é possível apenas subtrair 3 do mês da DUM para encontrar o mês correspondente. Dia do parto: Dia da DUM + 7 Mês do parto: Mês da DUM + 9 6ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Ou (se a DUM ocorreu em Janeiro, Fevereiro ou Março): Dia do parto: Dia da DUM + 7 Mês do parto: Mês da DUM - 3 O exame físico deve ser completo abrangendo dados vitais e todos os sistemas sendo enfatizado para a pa- ciente aquelas alterações que são fi- siológicas da gestação e as que ainda podem surgir no decorrer da mesma. No entanto, é preciso ressaltar algu- mas particularidades que merecem atenção em se tratando de uma ges- tante: cálculo do IMC e estimativa de ganho de peso, exame físico obstétri- co e exame físicoginecológico. • Cálculo do IMC e estimativa de ganho de peso: Esta etapa do exame físico é funda- mental, pois servirá de base para fu- turas orientações relacionadas a há- bitos de vida da gestante. Isto porque apesar do ganho de peso habitual nas gestantes não é recomendado que este ganho saia dos parâme- tros esperados por representar mais riscos à saúde da gestante e, con- sequentemente, do feto. Para isso, recomenda-se saber o valor de IMC da mesma antes de engravidar para então estabelecer quanto espera-se que a mesma ganhe de peso dentro da gestação conforme tabela abaixo: CLASSIFICAÇÃO IMC PRÉ-GRAVÍDICO GANHO DE PESO (KG) Baixo <19,8 12,5 a 18,0 Normal 19,8 a 26,0 11,5 a 16,0 Elevado >26,0 a 29,0 7,0 a 11,5 Obeso >29,0 ≤ 7,0 Tabela 2. Classificação e limites de Índice de Massa Corporal (IMC), segundo ganho de peso considerado normal durante a gravidez (Fonte: FEBRASGO, 2014). • Exame físico obstétrico: O exame obstétrico inicia-se com a inspeção do abdome o qual costuma ser globoso ou ovoide às custas de útero gravídico. É possível notar al- terações na pele do abdome como o surgimento de estrias decorrente da distensão das fibras elásticas, bem como o surgimento da linha nigra de- corrente da maior pigmentação da li- nha alba em mulheres de pele mais escura. Passando para a palpação do abdome é possível realizar a palpação obsté- trica a qual tem por objetivos: avaliar o útero e suas possíveis alterações de tônus (hipertonia – descolamento prematuro de placenta) e superfície (irregularidade – miomas), determinar apresentação/situação/posição/insi- nuação fetal com auxílio das 4 ma- nobras de Leopold- Zweifel. Situa- ção fetal diz respeito à relação entre o maior diâmetro fetal e maior diâmetro 7ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL materno, podendo, portanto, ser lon- gitudinal ou transversa. A posição diz respeito ao lado do dorso fetal em relação ao lado direito ou esquer- do materno. A apresentação indica o grau de penetração do feto na bacia, podendo o mesmo apresentar-se de maneira cefálica, pélvica ou córmica (feto na situação transversa). Já a in- sinuação mostra o quanto o feto está preenchendo a pelve materna. Cada manobra de Leopold é realizada com base em uma técnica e com um obje- tivo, conforme é possível ver a seguir. 4 manobras de Leopold-Zweifel 1. Situação: Longitudinal ou transversa 3. Apresentação Fetal: Cefálica, pélvica ou cómica 2. Posição fetal: Diz respeito ao lado do dorso fetal em relação ao lado D ou E materno 4. Insinuação: Mostra o quando o feto está preenchendo a pelve materna Uma vez que sejam realizadas as ma- nobras a seguir, torna-se mais fácil a ausculta dos batimentos cardiofe- tais (BCF), pois o direcionamento dos parelhos de ausculta, sejam ele Pinard ou sonar, são mais bem escutados na região dorsal do feto sendo melhor guiar-se pela posição fetal. Os BCF são geralmente ouvidos entorno das 12 semanas com o sonar e entorno das 20 semanas com o Pinard, sen- do considerada normal a frequência entre 120-160 bpm. A presença dos BCF é um dos sinais de certeza da gestação e, sua ausência, indica in- vestigação de óbito fetal inicialmente afastando condições que prejudicam a ausculta como obesidade materna e dificuldade em encontrar o dorso e, mantendo-se a ausência de BCF de- ve-se investigar com auxílio da reali- zação de um exame de USG. 8ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Figura 1. Manobras de Leopold- Zweifel (Fonte: REZENDE, 2011) 1ª manobra: Avalia situação fetal 2ª manobra: Avalia posição fetal 3ª manobra: Avalia apresentação fetal 2ª manobra: Avalia insinuação fetal 9ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Em seguida, procede-se com a men- suração da altura uterina, a qual tem por objetivo avaliar o crescimento fetal de acordo com a IG, diagnosti- cando crescimentos acima ou abaixo do esperado para determinado perío- do da gestação. Tal medida deve ser realizada seguido a seguinte técnica: posicionar a gestante em decúbito dorsal com abdome descoberto, de- limitar a borda superior da sínfise pú- bica e fixar a extremidade 0 cm da fita métrica na mesma, com a outra mão posiciona-se a fita entre os de- dos indicador e médio procedendo a leitura da fita até a fossa cubital desta mão atingir o fundo uterino (conforme imagem abaixo). Figura 2. Medida do fundo uterino (Fonte: FEBRASGO, 2014). Vale lembrar que a medida verificada (em centímetros) deve ser anotada no cartão da gestante e colocada na curva de valores da altura uteri- na. Além disso, é importante que a mesma técnica seja seguida em cada consulta para que não haja mensura- ções equivocadas nas medidas. Existe uma correlação entre as me- didas de altura uterina e a IG, o que não significa que tal medida deva ser referência para calcular IG, po- rém, é possível avaliar se o cresci- mento fetal está adequado quando relacionado a respectiva IG. 10ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL IDADE GESTACIONAL ALTURA UTERINA 12 SEMANAS Sínfise púbica 16 SEMANAS Entre s sínfise púbica e a cicatriz umbilical 20 SEMANAS Cicatriz umbilical 20 - 32 SEMANAS Crescimento de 1cm/ semana > 32 SEMANAS Crescimento de 0,5cm/ semana Tabela 3. Com isso, é possível diagnosticar al- terações que desencadeiam aumen- to da altura uterina: polidrâmnio, ge- melaridade, macrossomia, etc. Bem como, uma reduzida correlação auxi- lia no diagnóstico de patologias como: oligodrâmnio, restrição de crescimen- to, óbito fetal, etc. Figura 3. Altura do fundo do útero durante o envolver da gestação (Fonte: REZENDE, 2011). 11ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Exame físico ginecológico Assim como em toda mulher, toda gestante deve ter avaliado seu exame físico ginecológico, compreendendo todas as etapas do mesmo: mama, abdome ( já verificado no exame obs- tétrico), inspeção da vulva, toque va- ginal e exame especular. As consul- tas de assistência pré-natal são uma grande oportunidade de cuidar da saúde dessa mulher que muitas ve- zes não chega a acessar os serviços de saúde antes de estar grávida. Mamas: Na inspeção nota-se aumen- to de volume em decorrência da hi- pertrofia e outras alterações que vão ocorrendo na preparação da mama para a amamentação. Além disso, nota-se alguns sinais nas mamas, os quais são todos sinais de presunção de gravidez. Um destes sinais é o de sinal de Hunter ou aréola gravídi- ca (imagem abaixo) que consiste no surgimento aréola secundária menos pigmentada e de limites imprecisos. Na aréola primitiva notam-se tubér- culos de Montgomery decorrentes glândulas mamárias acessórias ou sebáceas hipertrofiadas. Além dis- so é possível notar a rede de Haller a qual é a trama de vasos venosos da pele melhor percebida em decor- rência de uma melhor circulação que acompanha o desenvolvimento des- tas mamas. Figura 4. Alterações fisiológicas nas mamas (Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/do- cument/pontificia-universidade-catolica-de-campinas/ginecologia-e-obstetricia/resumos/ anamnese-obstetrica-resumo-baseado-em-livro-de-ginecologia-e-obstetricia/4692905/view). 12ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL A pelvimetria auxilia na compreensão do prognóstico de ter um parto nor- mal, calculando os diâmetros da pel- ve da gestante. É possível determinar a conjugata diagonal (aproximada- mente 12 cm) da borda inferior da sínfise púbica até o promontório, tal conjugata é medida para ser possível encontrar a conjugata obstétrica (ou vera obstétrica) que representa esse diâmetro verdadeiro da pelve. Como a vera obstétrica tem como ponto de partida a borda interna da sínfise pú- bica, para encontrar a mesma basta subtrair 1,5cm da conjugata diagonal, logo, a conjugata obstétrica costuma ter em média 10,5 cm. Caso não seja possível atingir o promontório da pa- ciente, significa que a conjugata dia- gonal é maior do que 12 cm, conse- quentemente a obstétrica também é maior do que 10,5 cm o que não representa nenhuma preocupação uma vez que isto representa um bom prognóstico para o parto normal da respectiva gestante.Em caso de mamilos invertidos ou pouco desenvolvidos, é necessário orientar a paciente a exercitar a ex- pressão dos mesmos na tentativa de facilitar o momento da amamentação. Uma vez que ao decorrer da palpação sejam notadas nodulações, é impor- tante proceder com a investigação. SE LIGA! Em um grande número de ges- tantes é possível notar um aumento da pigmentação da pele de áreas expostas à luz, como nariz e região zigomática, de tonalidade mais escura e fazendo uma mancha chamada de cloasma gravídi- co. Essa hiperpigmentação da gestante parece ser consequência da hiperfunção do lobo anterior da hipófise que resulta na secreção do hormônio melanotrófico. Por este motivo, é fundamental sempre lembrar à gestante da importância do uso de filtro solar como forma de um au- mento desta hiperpigmentação. Fonte: REZENDE, 2011. Toque vaginal: Esta etapa do exame é tão importante quanto as outras, devendo ser realizado apenas quan- do necessário e, lembrando de expli- car para a gestante que tanto o toque como o exame especular (a seguir) não representam riscos à saúde fetal. O toque vaginal tem alguns objetivos dentro do exame da assistência pré- -natal: importante para o diagnóstico de gestação, analisar a pelvimetria in- terna, analisar esvaecimento e dilata- ção do colo uterino. 13ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Figura 5. Determinação digital da conjugata diagonal (Fonte: https://medpri.me/upload/texto/texto-aula-705.html). O menor diâmetro da pelve é aquele que corresponde à distância entre as duas espinhas isquiáticas da pacien- te, que nada mais é do que o diâmetro pelo qual o bebê irá passar durante o parto. Esta costuma medir em torno de 10 cm. 14ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Figura 6. Mensuração do diâmetro bituberoso. Para avaliação do estreito médio, é importante obter a medida de seu diâmetro transverso (bi-isquiático), que, clincamente, na maioria das vezes coincide com o diâmetro bituberoso e, portanto, pode ser inferido pela mensuração deste. Para se obter a medida do bituberoso, deve-se localizar a borda in- terna das tuberosidades isquiáticas e medir a distância entre estas com fita métrica aplicada tangencialmente à borda superior do ânus. É importante ressaltar que as mensurações do bituberoso e do bi-isquiático não coincidem em todos os casos (Fonte: https://medpri.me/upload/texto/texto-aula-705.html). Exame especular: Deve ser realizado na 1ª consulta e sempre que houver queixa de perda de líquido amniótico, leucorreia ou sangramento. Através deste é possível caracterizar a pare- de vaginal e uterina, podendo perce- ber conteúdo vaginal decorrente de infecções ginecológicas e, caso a pa- ciente não tenha realizado preventivo (citologia oncótica) recentemente, fa- z-se necessário a realização do mes- mo com devido seguimento em caso de lesão cervical. 15ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Antecedentes patológicos e familiares Antecedentes obstétricos Antecedentes ginecológicos/sexuais Avaliação nutricional Sinais vitais EXAME OBSTÉTRICO ANAMNESE SOMATOSCOPIA Orientar a gestante e os familiares Avaliar o risco da gestaçãoNº mínimo: 6 CONSULTAS Inspeção vulvar Mamas GeralGinecológico Toque vaginal Exame especular Inspeção, estática e dinâmica Palpação Expressão mamilar EXAME FÍSICO Acompanhar a gestação Sintomas associados Exame físico do abdome Pesquisar edemas SEGUIMENTO Manobras de Leopold Ausculta do BCF Inspeção A partir das 12 semanas Registro dos movimentos fetais Altura uterina Situação fetal Apresentação fetal Insinuação fetal EXAME DO ABDOME GRAVÍDICO 16ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 4. ORIENTAÇÕES GERAIS E QUEIXAS COMUNS Este momento da primeira consulta pré-natal é muito importante e pode se repetir nas consultas subsequen- tes uma vez que a gestante necessite tirar dúvidas gerais sobre sua gravi- dez. Como dito no início deste mó- dulo, a assistência pré-natal é uma excelente oportunidade para dialogar com a mulher acerca de questões de saúde na sua perspectiva mais am- pla, sendo inclusive fundamental um diálogo breve sobre no que consis- te a gravidez no seu aspecto de al- terações fisiológicas como forma de promover um melhor entendimento acerca de queixas comuns que cos- tumam surgir no período. Além disso, o diálogo acerca de algumas orienta- ções básicas sobre a gestação auxilia a mulher na adesão ao pré-natal. As queixas mais comuns são relati- vas a: náuseas, azia, cãibras nas per- nas, dores lombares e pélvicas, obs- tipação, veias varicosas e edemas. A OMS, em sua recomendação sobre “Cuidados pré-natais para uma ex- periência positiva na gravidez” lança uma série de intervenções para estes sintomas fisiológicos mais comuns, conforme tabela abaixo: Náuseas e vômitos Gengibre, camomila, vitamina B6 e/ou acupunctura são recomendados para aliviar as náuseas no início da gravidez, com base nas preferências da mulher e nas opções disponíveis. Azia Recomenda-se aconselhamento sobre dieta e estilo de vida para evitar e ali- viar a azia na gravidez. Podem ser oferecidos preparados antiácidos às mu- lheres com sintomas incómodos que não possam ser aliviados pela mudança de estilo de vida. Cãibras nas pernas Pode usar-se magnésio, cálcio ou opções de tratamento não farmacológico para alivio das cãibras nas pernas na gravidez, com base nas preferências da mulher e nas opções disponíveis. Dores lombares e pélvicas Recomenda-se exercício regular durante toda a gravidez, para evitar as do- res lombares e pélvicas. Existem várias opções de tratamento que podem ser usadas, como a fisioterapia, cintas de suporte e acupunctura, com base nas preferências da mulher e nas opções disponíveis. Obstipação A sêmola de trigo ou outras podem ser usadas para aliviar a obstipação du- rante a gravidez, se não houver resposta à modificação da dieta, com base nas preferências da mulher e nas opções disponíveis. Veias varicosas e edema Opções não farmacêuticas, como meias de descanso, elevação das pernas e imersão em água podem ser usadas para o tratamento das veias varicosas e edemas na gravidez, com base nas preferências da mulher e nas opções disponíveis. Tabela 4. Fonte: OMS, 2016 17ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL É possível abordar algumas orienta- ções gerais para as gestantes: evi- tar duchas vaginais por aumentar as taxas de vaginose bacteriana, evitar esforço físico extenuante, evitar ra- diação ionizante, ressaltar que não há restrição para atividade sexual, dro- gas ilícitas/álcool/tabaco devem ser suspensos, assim como medicamen- tos devem apenas ser utilizados sob prescrição médica. Uma orientação de extrema impor- tância que deve ser feita é referente aos sinais de alarme, os quais essa gestante deve estar atenta para que na presença de qualquer um dos mesmos procure um serviço de saú- de para que seja feita a devida avalia- ção com encaminhamentos devidos subsequentes. SINAIS DE ALARME PERDA DE LÍQUIDO SANGRAMENTO GENITAL REDUÇÃO DOS MOVIENTO FETAIS 5. OLIGOELEMENTOS Dentro do campo de estímulo a boas práticas nutricionais e orientações quanto aos macronutrientes para as gestantes, é fundamental também inserir orientações e prescrição de suplementação do que tange os mi- cronutrientes (ou oligoelementos) os quais contribuem para uma boa saú- de tanto da gestante, quanto do feto. Aqui, abordaremos as mais reco- mendadas suplementações desses oligoelementos. • Ferro: É recomendado o aumen- to do consumo de ferro durante a gravidez, pois inúmeras revisões sistemáticas têm mostrado que a suplementação de ferro reduz em 70% o risco de anemia na gesta- ção e no puerpério. O Ministério da Saúde recomenda a ingesta de 40mg/dia de ferro elementar (200mg de sulfato ferroso) sempre 1 hora antes das refeições devendo a mesma ser mantida por 3 me- ses no pós-parto ou pós-aborto. • Ácido fólico (vitamina B9): Esta vitamina contribui para o fecha- mento do tubo neural que acon- tece na 6ª semana de gestação, sendo fundamento da prevençãode defeitos de fechamento de tubo neural como espinha bífida, me- ningomielocele, acrania, anencefa- lia, meningocele, encefalocele. Nas populações de baixo risco para tal patologia recomenda-se o uso de 18ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 0,4-0,8mg/dia de ácido fólico 1 mês antes da gravidez até a 12ª semana de gestação. Para aque- las populações de alto risco reco- menda-se a dose de 5mg/dia. • Cálcio: Recomenda-se a suple- mentação deste oligoelemento em populações que possuem de- ficiência do mesmo e, naquelas mulheres que tem risco de desen- volver hipertensão e pré-eclâmp- sia. A suplementação pode ser feita com 1,5-2g de cálcio diaria- mente, ressaltando que a gestante precisa ter cerca de 30g de cálcio por dia para garantir uma boa for- mação do esqueleto fetal. SUPLEMENTAÇÃO DE OLIGOELEMENTOS CÁLCIO Se deficiência: 1,5g/dia. FERRO ÁCIDO FÓLICO 40mg de ferro elementar, 1h antes do almoço, até 3 meses pós-parto/pós-aborto Baixo risco Alto risco 5mg/dia0,4-0,8mg/dia de ácido fólico 1 mês antes da gravidez até a 12ª semana de gestação. 19ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 6. EXAMES COMPLEMENTARES A solicitação de exames complemen- tares durante a gestação tem como objetivo proporcionar um nascimen- to saudável do bebê sem risco para a mãe, pois quanto antes um proble- ma for diagnosticado, maiores são as possibilidades de abordá-lo, alcan- çando uma solução. Para isto, vamos sintetizar de forma simples os exames que devem ser pedidos no 1º, 2º e 3º trimestre de acordo com a FEBRAS- GO (2014). Em seguida, será tratada da interpretação de cada um destes exames. PRIMEIRO TRIMESTRE SEGUNDO TRIMESTRE TERCEIRO TRIMESTRE • Tipagem sanguínea (ABO/Rh) e Teste de Coombs indireto se indicado; • Hemograma completo; • Glicemia de jejum; • Urina I com urocultura/ antibiograma; • Sorologias: rubéola, toxoplas- mose, sífilis, citomegalovírus, hepatite B, hepatite C e HIV; • TSH; • Protoparasitológico de fezes (PPF); • Colpocitologia oncológica; • Ultrassonografia morfológica de 1º trimestre com perfil • Bioquímico. • Hemograma completo; • Teste de tolerância oral à glico- se (TTOG) de 75 g; • Sorologias: toxoplasmose e sífilis; • Ultrassonografia morfológica de 2º trimestre com Doppler- fluxometria colorida das arté- rias uterinas maternas e avalia- ção do colo por via vaginal. • Hemograma completo; • Sorologias: sífilis, toxoplasmo- se, hepatite B e HIV; • Urina I com urocultura/ antibiograma. • Cultura seletiva para estrep- tococo hemolítico de introito vaginal e perianal; • Ultrassonografia obstétri- ca com Dopplerfluxometria colorida; • Ecocardiografia fetal; • Cardiotocografia basal. Tabela 5. Exames subsidiários recomendados de acordo com o trimestre da gestação (Fonte: FEBRASGO, 2014). • Tipagem sanguínea (ABO e Rh): Este exame é de extrema impor- tância para selecionar pacientes com risco de isoimunização Rh. Em gestantes Rh negativo com parcei- ro Rh positivo, ou em se tratando de um casal que não sabe seu Rh, deve-se solicitar o Coombs indi- reto. Uma vez que este resultado seja negativo, é necessário repetir o exame a partir de 20 semanas, caso seja positivo, a gestante deve ser encaminhada para o pré-natal de alto risco. 20ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL SAIBA MAIS! A imunoglobulina anti-D deve ser administrada entre 28 e 34 semanas de gravidez, em todas as mulheres com coombs indireto negativo e parceiros Rh positivo. Além disso, no puerpério até 72h após o parto, recomenda-se a profilaxia com imunoglobulina anti-Rh, na dose de 300 mcg, para aquelas Rh negativo que tiveram resultado de coombs indi- reto negativo e recém-nascido Rh positivo. A imunoglobulina também está indicada dentro de 72h após: abortamento, gestação ectópica, gestação molar, sangramento vaginal ou após procedimentos invasivos. Fonte: Apoio ao Tratamento, Núcleo de Telessaúde Espírito Santo: “Em que situações e momento da gestação uma mulher Rh negativo deve receber imunoglobulina anti-Rh?”. 10 de janeiro de 2017. Disponível em: https:// aps.bvs.br/aps/em-que-situacoes-e-momento-da-gestacao-uma-mulher-rh-negativo-deve-receber-imuno- globulina-anti-rh/. • Hemograma: Quanto ao eritrogra- ma, considera-se normal valor de hemoglobina (Hb) ≥ 11g/dL, entre 11 e 8 g/dL anemia leve a modera- da e, Hb < 8 por ser anemia grave orienta-se o encaminhamento da gestante para o pré-natal de alto risco. O leucograma costuma ser aumentado na segunda metade da gravidez, enquanto as plaquetas apresentam tendência de queda. • Glicemia em jejum e Teste Oral de Tolerância à Glicose (75g): Na primeira consulta pré-natal deve ser solicitada a glicemia em jejum para todas as gestantes. Segue abaixo um fluxograma para melhor compreender o seguimento a ser dado para cada gestante, tomando como base o Consenso “Diabetes Gestacional” Atualização 2017: 21ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL rastreio negativos Glicemia em jejum e TOTG (75g) Legenda: DG: Diabetes na Gravidez; DM prévio: Diabetes Mellitus prévio; DMG: Diabetes Mellitus Gestacional (Fonte: Consenso “Diabetes Gestacional”/ Atualização 2017. Organizado pela autora). Glicemia em Jejum (solicitada na 1ª consulta) ≥ 92 mg/dL e < 125 mg/dL ≥ 126 mg/dL< 92 mg/dL Fazer TOTG com 24-28 semanas DMG Repetir glicemia Se na 2ª hora > 200mg/dL TOTG (75g): 0h: < 92 mg/dL 1h: < 180 mg/dL 2h: < 153 mg/dL (DM prévio) ≥ 126 mg/dL DG (DM prévio) Um ou mais destes valores alterados diagnostica DMG. • Urina tipo I e Urocultura: O Mi- nistério da Saúde recomenda apenas a solicitação de urina tipo I no pré-natal de baixo ris- co, resguardando a solicitação de urocultura apenas para situações de piúria, bacteriúria ou hematúria. No entanto, a FEBRASGO reco- menda a solicitação da urocultura no intuito de rastrear bacteriú- ria assintomática, a qual em 30% dos casos evolui para pilonefrite durante a gestação, podendo ser tratada. • Rubéola: Considerando a realida- de brasileira em que não há um ras- treio de rubéola nas mulheres em período reprodutivo, a orientação 22ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL solicitar testes treponêmicos como FTA-Abs que confirma a infecção. • Citomegalovírus: Não há consen- so para solicitação desta sorologia uma vez que o diagnóstico é difícil, bem como a maior parte das in- fecções ocorre por reativação em mulheres previamente infectadas, além do fato de não haver trata- mento que previna a infecção fetal. • Hepatites B e C: Deve-se realizar a dosagem de HBsAg que uma vez negativo deve ser repetido do 3º trimestre, mas se positivo devem ser pesquisados os outros antíge- nos e anticorpos. O rastreio para o vírus C é reservado para gestante de risco: usuárias de drogas injetá- veis, presidiárias, HIV positivas ou com parceiros HIV positivo, expos- tas a hemoderivados ou que rece- beram transfusão, gestantes com múltiplos parceiros, tatuadas ou com alteração da função hepática. • HIV: O Ministério da Saúde reco- menda rastreio apenas uma soro- logia durante o pré-natal, porém a FEBRASGO considera a repetição da sorologia no final da gravidez por considerar que a mulher pode estar na “janela imunológica”. • TSH: O diagnóstico clínico das do- enças da tireoide é complicado por muito dos sintomas serem con- fundidos com alterações comuns na gravidez, porém é importante é que o rastreio da imunidade da gestante para rubéola no início do pré-natal. Vale ressaltar, que o Mi- nistério da Saúde não considera o rastreamento de rotina da ru- béola durante a gravidez. Ges- tantes com IgG positivo têm risco mínimo de transmissão vertical, no entanto, aquelas que possuem IgG negativo são suscetíveis devendo ser vacinadas após o parto. • Toxoplasmose: Gestantes com IgG e IgM negativos são suscetí- veis, devendo ser orientadas quan- to à prevenção, devendo repetir o exame trismestralmente. Caso seja IgG positiva e IgM negativa a paciente possui imunidade. Se IgG negativa e IgM positiva, pos- sivelmente trata-se de uma infec- ção recente, de modo que orienta--se repetir com 15 dias; se o IgG permanecer negativo fala-se em falso positivo, sendo ambos positi- vos confirma-se a infecção aguda. Sendo IgG e IgM positivas, por se tratar de infecção aguda é impor- tante solicitar teste de avidez para IgG, uma vez que este esteja alto trata-se de infecção antiga, sen- do mais baixo fala-se em infecção recente. • Sífilis: O diagnóstico de sífilis no 1º trimestre permite o tratamento até 30 dias antes do parto. O exa- me mais utilizado para diagnóstico é o VDRL, assim como é possível 23ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL buscar diagnosticar uma vez que muitas mulheres desenvolvem es- sas doenças na sua fase reprodu- tiva. Considera-se TSH < 2,0 nor- mal durante a gravidez. • Parasitológico de Fezes: De ser solicitados em pacientes com ane- mia ou para aquelas que vivem em regiões onde a prevalência de pa- rasitose é alta. • Cultura de Estreptococo do Gru- po B (GBS): Este ponto merece atenção redobrada, pois apesar desta bactéria fazer parte da flora vaginal e intestinal a mesma está associada ao aumento de morbi- mortalidade perinatal, podendo ser transmitida ao recém-nascido levando a pneumonia, septicemia e meningite. O exame deve ser realizado por volta das 35 sema- nas coletando cultura do introito vaginal e perianal para que seja realizada a profilaxia adequada intraparto. Profilaxia é indicada nas seguintes situações: Cultura positiva RN prévio infectado pelo GBS Infecção urinária pelo GBS Parto ou amniorrexe com IG<37 semanas Bolsa rota > 18h Febre inexplicada durante o traba- lho de parto Tabela 6. A antibioticoterapia de escolha é penicilina G cristalina dose de ataque 5 milhões de UI, EV, dose de manutenção 2,5 milhões UI, EV, 4/4h até o nascimento. Para pacientes alérgicas a penicilina, deve-se usar estearato de eritro- micina 500mg 6/6h ou clindamici- na 900mg 8/8h. • Rastreamento de cromossomo- patia fetal: Este rastreio é feito através do teste de DNA livre fe- tal, que corresponde a pesquisa de DNA fetal livre na corrente sanguí- nea da mãe, devendo ser realizado com pacientes com 10 semanas de gestação ou mais. É possível por meio deste rastreio identificar as síndromes de: Down, Patau e Edwards, além de identificar alte- rações nos cromossomos sexuais como nas síndromes de Turner e Kleinefelter. • Exames Ultrassonográficos: De acordo com o Ministério da Saúde, não existem estudos que compro- vem benefícios que impactem na morbimortalidade da realização de exames ultrassonográficos de ro- tina durante a gestação, de modo que a não realização dos mesmos não constitui uma omissão ou re- duz a qualidade do pré-natal, não constituindo, portanto, um exa- me obrigatório a ser realizado. Porém, ainda é possível perceber que este exame é solicitado com 24ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL relativa frequência o que não traz prejuízo algum para a saúde da gestante e do feto. Inclusive, pode- -se lançar mão deste exame em si- tuações específicas para lidar com preocupações como restrição do crescimento fetal, investigação do bem-estar fetal e na avalia- ção de complicações clínicas. Por isso, será abordado neste resumo alguns pontos relevantes quanto a realização deste exame. • USG inicial: Este, sobretudo quan- do realizada no 1º trimestre é ex- tremamente confiável para realizar a datação da gravidez, calculando a IG com maior precisão (estimada pelo comprimento da coroa-náde- ga - CCN). Além disso, é impor- tante para avaliar gestação múlti- pla e viabilidade fetal. Esta USG é fundamental para a detecção pre- coce e manejo oportuno das con- dições que se apresentarem logo no início da gravidez. Quanto as gestações gemelares, quando te- mos o sinal do T significa que tra- ta-se de gestações gemelares de placenta única, enquanto que o si- nal do Lambda significa gestação gemelar com duas placentas. • USG 1º trimestre: Deve ser rea- lizada entre a 11ª e 14ª semana, podendo realizar triagem de cro- mossomopatias, com avaliação do osso nasal o que eleva o índi- ce de detecção precoce de síndro- me de Down em 88%; além disso, também é possível avaliar a trans- lucência nucal e presença do ducto venoso inseridas na avaliação das cromossomopatias. Figura 7. Análise da translucência nucal (TN) e osso nasal (ON). À direita exame apresentando TN e ON normais, enquanto que à esquerda há aumento da TN e ausência de ON (Fonte: RAMALHO,2007). 25ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL • USG 2º trimestre: Deve ser re- alizada entre a 20ª e 24ª sema- na, pois deste modo já e possível avaliar todos os sistemas do feto podendo perceber possíveis mal- formações. O estudo do fluxo das artérias uterinas materna permi- te identificar mulheres com risco de desenvolver pré-eclâmpsia, assim como permite identificar fetos que com maior risco de crescimento restrito. Neste mo- mento, é possível também medir Avalia: osso nasal, translucência nucal e presença do ducto venoso. USG 1º TRIMESTRE: 2º TRIMESTRE: 3º TRIMESTRE: Realizada entre 11ª e 14ª semana, podendo realizar triagem de cromossomopatias. Avalia: fluxo das artérias uterinas materna, fetos que com maior risco de crescimento restrito, cervicometria (risco de parto prematuro se colo < 25mm). Realizada entre 20ª e 24ª semana, pois deste modo já e possível avaliar malformações. Avalia: crescimento fetal, quantidade de líquido amniótico e a placenta. Realizada entre 34 semanas. o colo da paciente (cervicometria) como forma de estimar o risco de parto prematuro uma vez que um colo < 25mm tem 7,7 vezes mais risco de levar a um parto prema- turo, havendo nestes casos indica- ção de uso de progesterona até as 36 semanas. • USG 3º trimestre (obstétrico): Deve ser realizada entre 34 sema- nas, com objetivo de avaliar o cres- cimento fetal, quantidade de líqui- do amniótico e a placenta. 26ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL SAIBA MAIS! Pode-se oferecer às gestantes alguns testes de rastreio para cromossomopatias que aumen- tam as chances de acerto na detecção destas doenças para além dos dados obtidos com a USG de 1º trimestre, sobretudo, para a Síndrome de Down. O teste duplo corresponde a dosagem livre de ẞHCG e da proteína plasmática associada à gravidez (PAPP-A) os quais podem ser feitos entre 11 e 13 semanas de gestação. O texto triplo contempla a alfafeto- proteína (AFP), estriol e dosagem livre de ẞHCG o qual pode ser realizado no 2º trimestre. O teste quádruplo envolve os marcadores do teste triplo associados à dosagem da Inibina A, de modo que este tem maior chance de detecção das cromossomopatias quando associadas a USG de 1º trimestre. Vamos tentar usar mnemônico: toda gestante com rastreio positivo “toma um BAC”, ou seja, deve realizar um dos exames invasivos para confirmação da cromos- somopatia Biópsia vilo corial, Amniocentese ou Cordocentese. Fonte: Aula SanarFlix e RAMALHO, C. Rastreio de Cromossomopatias: novas teorias e velhos conceitos II, Acta Obstet Ginecol Port 2007; 1 (3):134-148. 7. VACINAS A vacinação como profilaxia para do- enças infecciosas é indiscutível para todas as faixas etárias, sobretudo, para as gestantes. Porém, as vacinas que utilizam vírus vivos são contrain- dicadas pelo risco de transmissão fe- tal, já as de vírus inativado são consi- deradas mais seguras após o 4º mês de gestação. Toxoides como a vacina antitetânica são permitidos e, inclusi- ve a OMS recomenda tal vacina para todas as mulheres grávidas. No Bra- sil, temos tanto a dT (difteria-tétano), como a DTPa (tríplice bacteriana: dif- teria+ tétano+coqueluche) que fazem essa prevenção para tétano, mas que precisam de uma atenção durante a gestação quanto as doses das mes- mas seguindo orientação do fluxo- grama abaixo. 27ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Abaixo, segue quadro sistematizan- do as vacinas recomendadas de 01 dose de DTPa na 20ª semana de gestação Esquema de vacinação da dT/DTPa Paciente com esquema de dT completo e/ou receberam DTPa na gestação anterior Paciente que foivacinada com 01 dose de dT Pacientes com apenas 2 doses de dT na vida Paciente que nunca foi vacinada contra difteria/ tétano/coqueluche 01 dose de dT antes da 20ª semana de gestação seguida de 01 dose de DTPa 60 dias depois (esta preferencialmente após as 20 semanas de gestação) Faz-se 02 doses de dT com intervalo de 60 dias entre ambas e 01 dose de DTPa após as 20ª semana de gestação VACINAÇÃO DE ROTINA Hepatite A Hepatite B Influenza (inativada) dT (difteria+tétano) DTPa (tríplice bacteriana: difteria+ tétano+coqueluche) VACINAÇÃO ESPECIAL Meningocócica Raiva Vacinas recomendadas para gestantes (Fonte: FEBRASGO, 2014- adaptado). rotina ou para vacinação especial em gestantes: 28ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FEBRASGO, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de assistência pré-natal / Sérgio Peixoto. 2ª. ed. – São Paulo, 2014. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32) OMS, Organização Mundial da Saúde. Recomendações sobre atendimento pré-natal para uma experiência gestacional positiva. 2016. Disponível em: http://www.who.int/repro- ductivehealth/publications/maternal_perinatal_health/anc-positive-pregnancy-experience/ en/. ALMEIDA, M. C. et al. Consenso “Diabetes Gestacional”: Atualizações 2017. Revista Portu- guesa de Diabetes. 2017; 12 (1): 24-38. REZENDE. Obstetrícia Fundamental/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de Re- zende Filho. 12ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. RAMALHO, C. Rastreio de Cromossomopatias: novas teorias e velhos conceitos II. Acta Obstet Ginecol Port 2007; 1 (3):134-148. 29ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
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