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PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Gestão Hospitalar ...................................................... 4 3 Elementos da Prescrição .......................................... 6 4. Estratégias para Evitar o Erro ao Prescrever .... 13 Referências Bibliograficas .........................................16 3PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO A prescrição médica permeia a rela- ção médico-paciente. É fruto da boa anamnese e do adequado exame fí- sico, possibilitando o alcance da hi- pótese diagnóstica mais precisa, com adoção de intervenção terapêutica mais eficaz. Para tanto, é imprescindí- vel o estabelecimento de uma relação de confiança, reciprocidade, empatia e respeito a autonomia do paciente. A prescrição pode ser entendida tan- to como o início de um processo, de- finindo fluxos e responsabilidades, como o fim, o produto obtido a partir da relação médico-paciente. Consis- te em uma espécie de manual, o qual explicita como proceder com a tera- pêutica do paciente, objetivando sua melhora. A prescrição é um ato mé- dico, mas envolve o trabalho de toda equipe multidisciplinar, que se ocupa- rá da execução dos comandos apon- tados (Fluxograma 1). Fonte: Pazin-Filho, 2013 Prescrição Transcrição Dispensação Administração Transcrição – ato no qual as orientações da prescrição são transcritas para formulários pelos enfermeiros para que possam ser solicitados da farmácia Prescrição – ato médico; define quais e como os medicamentos serão ofertados para o paciente Dispensação– fase na qual os medicamentos são separados na farmácia e enviados para a enfermagem Administração – corresponde à aplicação do medicamento no paciente pela enfermagem, vindo a anotar na folha da prescrição que a etapa foi concluída Fluxograma 1. A dispensação de medicamentos no ambiente hospitalar envolver as etapas da prescrição, transcrição, dispensação e administração. Criamos uma espécie de FAQ (Fre- quently Asked Questions) acerca da prescrição para te ajudar a enten- der este componente: Por que a prescrição é tão importante? A prescrição hospitalar orienta a ação de toda equipe envolvida no cuidado 4PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR ao paciente. Serve ainda para que outros médicos e internos saibam o que já foi feito, orientando o raciocínio clínico. Funciona também como um recordatório para o médico prescritor, evitando o esquecimento de itens. Quem utiliza? Todos os profissionais envolvidos no cuidado ao paciente. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionis- tas, fisioterapeutas, farmacêuticos, médicos e estudantes. Quantas vias são necessárias? Diferentemente da evolução, são de- mandadas a impressão de duas vias! Uma, seguirá para a farmácia do hos- pital, que dispensará o medicamento do paciente, conforme a prescrição. E outra, será anexada no prontuário do paciente. Esta auxiliará a enfermagem a organizar as condutas descritas. Onde e quando utilizamos? A prescrição se dá a partir da entra- da do paciente no serviço, em qual- quer local que receba o paciente para internamento, incluindo UPA, UTI e hospitais. Qual serviço precisa estar prescrito? Serviços de prestação passiva, como por exemplo, leito, roupa de banho, alimentação, água para banho, não precisam ser prescritos. Estes, que fazem parte da hotelaria, já são natu- ralmente oferecidos pelo hospital no internamento de um paciente. Porém, serviços classificados como de pres- tação ativa, devem constar no docu- mento. Gases, diálise, medicação en- dovenosa, sangue e hemoderivados, e acesso central, são ordens de servi- ços, que se não estiverem na prescri- ção, não serão ofertados ao paciente. Como organizar? Discutiremos em detalhes mais à frente. Embora possa variar estetica- mente de hospital para hospital, ge- ralmente a prescrição é organizada em 3 componentes: Segurança do paciente; Esquema terapêutico; Se- gurança do profissional. Lembre-se que não estamos tratando aqui da prescrição ambulatorial, a re- ceita simples. A discussão baseia-se na prescrição hospitalar do paciente internado! 2. GESTÃO HOSPITALAR Antes de discutirmos sobre os ele- mentos da prescrição, é importante ter em mente alguns aspectos des- te documento. Ele determina gastos hospitalares, direciona o trabalho da equipe e sofre influência das condi- ções do meio, ou seja, dos serviços disponíveis, desde mão-de-obra a insumos. 5PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR Dessa forma, o médico é um ordena- dor de serviços e de despesas, de- vendo sua prescrição estar baseada em evidências científicas, gerindo os recursos da melhor forma. É reco- mendado que se questione se exis- te evidência científica subsidiando a solicitação de determinado exame ou medicamento, visto que envolve- rá a mobilização da equipe, podendo ainda onerar desnecessariamente o sistema. Por exemplo, uma curva térmica. Em- bora estejamos diante de um pacien- te com febre, esta não é necessária para todo paciente. Porém, tratan- do-se de uma gestante, com ruptura prematura de membranas ovulares, a curva térmica pode ser um marcador importante para determinar se está ocorrendo ou não uma corioamnioni- te secundária. SE LIGA! Nem sempre é necessário assinalar na prescrição a solicitação do médico plantonista. É bem sabido pela enfermagem em quais demandas é necessário chamar este profissio- nal. Sugere-se então que se escreva esta demanda na prescrição em casos muito objetivos, em que a não presen- ça do plantonista coloque em risco a segurança do paciente e o sucesso da terapêutica. A depender do suporte ofertado pelo hospital, a prescrição poderá ser fei- ta à mão ou de modo eletrônico. Em hospitais mais novos, as prescrições são feitas de maneira de eletrônica, onde cada médico possui seu token (uma espécie de pen drive especial), conectando-o nos computadores, constando na prescrição a assinatu- ra eletrônica dele, visto que há certi- ficação digital. Assim, as prescrições não precisam ser impressas, sendo o prontuário digital e de acesso a toda equipe por meio do token pessoal de cada membro. A maioria dos hospitais, no entanto, embora apresentem suporte para a prescrição eletrônica, não apresen- tam certificação digital. Desta forma, no fim do processo, é necessário im- primir o documento e assiná-lo no final. Para que você comece a se familiari- zar com a prescrição, vamos te apre- sentar ao modelo abaixo: 6PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR 3 ELEMENTOS DA PRESCRIÇÃO COMPONENTE A: Segurança do Paciente Este elemento se destina a identifica- ção do paciente alvo da prescrição e da hora e data em que esta foi feita, além do dia e horário que o paciente foi admitido. Apresenta nome com- pleto do paciente, setor, leito e nú- mero de prontuário. Lembre-se que é comum em uma mesma enfermaria ter pacientes como o mesmo nome, sendo importantíssimo a distinção destes para que se evite erros. Nesta área ainda, costuma-se destacar as alergias do paciente. SE LIGA! O horário da prescrição impac- ta na dinâmica da enfermaria! Lembre- -se que as condutas a serem tomadas dependem do que será prescrito, e só mediante este documento, poderão ser executadas pela equipe. Assim, nada de colocar o despertador no modo soneca, porque não vai dar para atrasar!!] COMPONENTE B: Esquema terapêutico Trata-se do preenchimento das con- dutas propriamente ditas: repouso, dieta, medicamentos, controles gerais e cuidados específicos. Deve ser pre- enchida com clareza, evitando siglas, jargões ou abreviaturas. Para facilitar os processos, os elemen- tos prescritos seguem uma hierarquia Figura 1. Observe a localização dos componentes da prescrição: A, segurança do paciente; B, esquema terapêutico; C, segurança do profissional. Fonte: SANAR. A B C Nesta área você deverá prescrever as condutas terapêuticas do paciente Esta área geralmente é de preenchimento da enfermagem. Também poderáaparecer com o nome “observações da enfermagem” 7PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR (Tabela 1). Inicia-se com o repouso, seguido da dieta, oxigenoterapia (se necessário), medicamentos endove- nosos (iniciando pelos soros), medi- camentos orais, demais vias e, por fim, cuidados gerais. Não muda se o medicamento oral vier antes do en- dovenoso; o que se pretende é que os medicamentos sejam agrupados de acordo com sua via de administração. Para facilitar a memorização, pense: ITEM PRESCRIÇÃO OBSERVAÇÕES DA ENFERMAGEM 1 Repouso 2 Alimentação (Dieta) 3 Oxigenoterapia 4 Hidratação (SORO) 5 EV – Medicações Endovenosas 6 VO – Medicações por Via Oral 7 OUTRAS – Medicações por Outras Vias 8 Controles Gerais 9 Cuidados Específicos Tabela 1. A seta vertical ilustra a sequência da prescrição. A seta na horizontal define as características do medica- mento (DDVI: D – droga, D – dose, V – via, I – intervalo). Fonte: PAZIN-FILHO, 2013. DIETA/ EV/ VO / O U TRAS VIAS (D.E.V.O .) DROGA/ DOSE/ VIA/ INTERVALO A tabela a seguir traz as princi- pais características que devem ser observadas acerca dos medica- mentos (DDVI - Droga, Dose, Via, Intervalo). Como D.E.V.O. prescrever? D - dieta E – endovenoso V – via oral O – outras vias. 8PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR CARACTERÍSTICA CONSIDERAÇÕES DROGA Nome do medicamento Apresentação - É preferível prescrever o nome genérico da medicação; - Cuidado com nomes parecidos ao prescrever no computador; - Descreva qual a unidade da medicação prescrita e quanto há dispo- nível do medicamento nesta unidade. Por exemplo: uma ampola de cloreto de sódio 20% - 10 ml por ampola. DOSE Quantidade - Determinar a quantidade a ser administrada do medicamento. Por exemplo: 1 comprimido (10 mg) de enalapril de 12 em 12 horas. VIA DE ADMINISTRAÇÃO Via Cuidados especiais na administração - Especificar qual a via – endovenosa, via oral, subcutânea, aerossol etc.; - Cuidados que podem interferir com o efeito da medicação, por exem- plo, velocidade na aplicação de adenosina endovenosa em taquicardias supraventriculares; - Evitar misturas de substâncias em soros que precipitem quando inte- ragem entre si. INTERVALO Intervalo entre doses Quando iniciar a primeira dose - Determinar o intervalo entre as doses. É importante conhecer se há horários padronizados de aplicação de medicação pela equipe de en- fermagem para facilitar o trabalho; - Tome cuidado ao prescrever várias medicações para que elas sejam aplicadas conjuntamente se possível. Por exemplo, se prescrever duas medicações, uma com intervalo de 8/8h e outra com intervalos de 12/12h, veja se é possível conciliar pelo menos um dos horários para facilitar o trabalho e facilitar a adesão do paciente após a alta; - As instituições têm diferentes horários para quando a Prescrição começa a valer. Por exemplo, para medicações feitas no período da manhã, as instituições estabelecem que a prescrição começará a valer a partir das 16:00h. Se alguma medicação precisar ser iniciada imediata- mente, isso deverá ser assinalado na prescrição. Tabela 2. Características a serem observadas na prescrição Fonte: PAZIN-FILHO, 2013. Descrição dos itens Item 1. Repouso Você deve definir aqui o tipo de re- pouso: absoluto, em situações gra- ves; ou relativo, na maioria dos casos; a posição no leito (diversos decúbitos) e a posição da cabeceira (sem ou com elevação). Neste último caso, deter- mine o grau: 30º ou 45º, uma vez que elevações acima de 45º apresentam o risco de fechamento da via aérea. Neste item, ocorre também a deter- minação se o paciente deverá ficar ou não em isolamento. Este que de- pende da doença em questão, por exemplo, paciente com meningite bacteriana em tratamento exige 24h de isolamento; coqueluche exige 5 dias. Recomenda-se ainda que todo paciente transferido de outra unidade 9PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR hospitalar, onde tenha passado mais de 24h, seja internado em isolamen- to, até que se obtenha os resultados de cultura (cultura de vigilância). Item 2. Dieta Devido a sua complexidade, a dieta é um dos itens iniciais. Pode variar na forma de sua administração, se ente- ral (associada ou não ao uso de son- da enteral nasogástrica ou nasoenté- rica), ou se parenteral (endovenosa). Varia ainda na apresentação (líquida, branda, pastosa ou geral), na compo- sição (quando para diabéticos, hiper- tensos ou intolerantes à lactose) e no fracionamento (número de refeições, ou ainda ênfase em alguma refeição, como por exemplo, lanche noturno para diabéticos). O nutricionista deve sempre ser consultado para casos mais complexos. Atente-se ainda que o ideal é não dei- xar o paciente em dieta zero por mais de 12h, ou no máximo, por 24h. De- pois disso, diante da impossibilidade de via oral, uma outra via deve ser es- colhida (sonda nasogástrica, nasoen- teral ou parenteral). Considere ainda a capacidade gástrica de 20 a 40 mL/ kg, iniciando a dieta com quantidade mínima, escalonando-a conforme a necessidade do paciente (o que torna possível aumentá-la ou reduzi-la). SE LIGA! Pacientes com alteração no sensório (irritabilidade, sonolência, tor- por, coma) ou ainda com frequência respiratória (FR) acima de 60 rpm, para crianças de até 5 anos, e pacientes > 5 anos de idade com FR > 40 rpm, não de- vem receber alimentar por via oral, uma vez que estas condições aumentam o risco de broncoaspiração. As opções para realimentação de um paciente após dieta zero incluem: • Via oral progressiva: aqui, inicia- -se a reintrodução alimentar com alimentos de diferentes consistên- cias; líquido, pastoso e sólido. • Sonda nasogástrica: empregada quando a sonda nasoenteral não está disponível. O paciente pode permanecer com a sonda por 3 a 5 dias, sendo 4 dias o ideal. • Sonda nasoenteral: é mais utiliza- da, pois o paciente pode utilizá-la por mais tempo (até 8 semanas). Deve ser considerada quando o paciente se encontra em dieta zero por 12h a 24h, e a condição que delimita sua restrição alimen- tar não será solucionada em bre- ve. Recomenda-se a realização de radiografia após a passagem da sonda, para verificação do seu posicionamento pós-pilórico. Esta apresenta uma ponta de mental, o que facilita sua visualização ao exame de imagem. A sonda deve estar localizada 4 vértebras acima 10PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR da cúpula diafragmática e deve passar 2-4 cm da linha média. • Nutrição parenteral total: reserva- da para pacientes muito graves. Item 3. Oxigenoterapia A oxigenoterapia deve ser adminis- trada apenas se necessário. Você deve se basear em dados clínicos do paciente, além da oximetria pulso e gasometria. Esta terapêutica deve ser instituída para pacientes com satura- ção < 93%. Algumas opções de administração de medicamentos são (Tabela 3): CATETER NASAL CÂNULA NASAL MÁSCARA DE VENTURI MÁSCARA NÃO REINALANTE AMBU FIO2 de até 35% 3-5L/min Quadros moderados FIO2 de 24-40% 3-5L/min Quadros moderados FIO2 de 24-50% 3-15L/min Quadros graves FIO2 de 95-100% 10-15L/min Quadros muito graves FIO2 de até 100% 10-15L/min Quadros de PCR, Gasping, apneia Tabela 3. Opções para administração de oxigênio. Fonte: SANAR. • Cateter nasal: Inicia com o máxi- mo, diminuindo progressivamente. Indicado para doentes em quadros moderados, já que a oferta máxi- ma de oxigênio é de 35%. • Cânula nasal: Indicada também para pacientes com quadros moderados. • Máscara de Venturi: Quanto menor for o orifício da máscara, menor é o FIO2. Inicia-se com 50%, reduzin- do o fluxo progressivamente. Usa- da em pacientes graves. • Máscara não reinalante: Melhor opção para pacientes muito gra- ves. Para pacientes com saturação < 90% ou cianose central na emer- gência, inicia-se com máscara não reinalante, enquanto se prepara o material para IOT. • Máscara de administração de oxigênio com pressão positiva (AMBU): Indicada nos casos de PCR, apneia, gasping e outros. Doente muito graves,em curso de falência cardiopulmonar, ventila- -se com pressão positiva, e intuba posteriormente. Os próximos dois itens dependem de venóclise, por isso, vamos nos dedi- car brevemente a discutir sobre aces- so (Tabela 4). 11PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR CENTRAL PERIFÉRICO INTRAÓSSEO Veias jugulares internas ou subclávias Veias basílica, antecubital, cefálica e safena Realizado na parte plana da tíbia Permanecer por no máximo 4 semanas Permanecer por no máximo 3-4 dias Permanecer por no máximo 6 horas Tabela 4.. Vias de acesso venoso Destacamos alguns pontos importantes: • Opte pelo Gelco 24, para crian- ças de até 5 anos; Gelco 22, para aquelas de 5 a 10 anos e Gelco 10, para todos os pacientes acima de 10 anos. • Lembre-se que do risco de flebite aumenta com a maior duração do acesso periférico. • O acesso central deve ser escolhi- do em pacientes graves, sem con- dições de realizar acesso periféri- co, ou naqueles em que é preciso administras medicações de con- trole geral. • O acesso intraósseo geralmente é empregado em pacientes nos quais não se conseguiu realizar os outros dois acessos. Item 4. Hidratação O primeiro elemento administrado por via endovenosa a ser prescrito é o soro. As soluções empregadas nos casos de desidratação variam conforme a clas- sificação desta. No caso de choque, administra-se soro fisiológico/ringer lactato: 20 mL/Kg a cada 10-20 min, e para reposição de perdas, a escolha é o soro fisiológico 0,9% ou ringer lactato. Itens 5,6,7. Medicação endovenosa, oral, e por outras vias Como dito anteriormente, os medi- camentos são prescritos na seguin- te ordem: aqueles administrados por via endovenosa, via oral e por outras vias. Para facilitar o trabalho da equi- pe, é aconselhado que as medicações sigam a ordem de prescrição, onde primeiro tem-se os antibióticos, se- guidos pelos corticoides, medicações prévias e medicações para controle. Antibioticoterapia Corticoterapia Medicações prévias Medicações para controle Atente-se ao tempo de infusão das drogas injetáveis. Lembre-se que algumas delas precisam ser admi- nistradas de forma muito lenta e controlada, de modo que, em alguns casos, é necessária uma bomba de infusão contínua (BIC) para melhor controle (Tabela 5). 12PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR Bolus Administrada em tempo de 1 min Rápida Administrada entre 1-30 min Lenta Administrada EV entre 30-60min Contínua Administração em tempo > 60 min ininterruptos Intermitente Administrada de forma não contínua Tabela 5. Formas de administração das drogas injetáveis Na prescrição de antibióticos, o pri- meiro dia em que o paciente recebe a medicação é tido como D0; o segun- do, D1 e assim, sucessivamente. Esta medida foi instituída para que haja melhor controle da quantidade de do- ses e no período de uso desta classe medicamentosa. Quanto à corticote- rapia, pontuamos que após 14 dias de uso, é necessário realizar o des- mame do paciente gradativamente. Reduz-se 25% da dose inicial a cada 5-7 dias. Prescreve-se então os medicamentos prévios, que o paciente fazia uso, e/ou outras medicações que sejam neces- sárias. Por exemplo, em caso de febre, o antitérmico seria adicionado neste momento. Dipirona ou paracetamol são as drogas de escolha, mas lem- bre-se de certificar se o paciente não apresenta doença hepática, antes do emprego desta última droga. Analgé- sicos também devem ser adicionados nesta etapa da prescrição. Itens 8 e 9. Cuidados gerais e específicos Aqui, você deve apontar os cuidados gerais e específicos do paciente, indi- cando, se necessário, a monitorização dos dados vitais, controle glicêmico e balanço hídrico, além de fisioterapia respiratória e motora, fonoaudiologia, profilaxia para tromboembolismo (de- ambulação, meias de compressão ou medicamentos), prevenção de úlce- ra (mudança de decúbito ou solicitar uso de medicamentos) e antiemético/ laxante. As tabelas abaixo trazem os valores de alguns controles. FC FR RN 120-160 60 Lactente 100-140 40 Pré-escolar 90-130 30 Escolar 80-120 20 Adolescente 60-100 14-20 Tabela 6. Valores normais de FC e FR pela faixa etaria. 13PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR No paciente adulto internado, con- sideramos como hipoglicemia valo- res de glicemia capilar inferiores a 60. Quanto a diurese consideramos como: • Normal: 1 a 2ml\kg\h • Oligúria: 0,5 a 1ml\kg\h • Anúria: menor que 0,5ml\kg\h COMPONENTE C: Segurança do profissional Este último componente é represen- tado pela identificação do profissio- nal responsável pela prescrição. Deve conter sua assinatura, com letra legí- vel, não havendo recomendação for- mal para uso do carimbo. A prescrição é um ato médico, e deve ser realizada apenas por profissionais registrados no Conselho Federal de Medicina. Conforme o apresentado, nossa pres- crição ficaria: 4. ESTRATÉGIAS PARA EVITAR O ERRO AO PRESCREVER Além da sistematização apresentada, para prevenir a ocorrência de erros, seguem alguns pontos importantes que você deve se atentar: 1 – Não considerar o questionamento de uma prescrição como crítica, mas como auxílio, em que o objetivo final é a beneficência e não-maleficência do paciente; 2 – Ao atualizar uma prescrição que tenha sido feito no dia anterior, con- verse com a equipe! Converse com o enfermeiro chefe acerca de novas in- formações do paciente, pergunte ao farmacêutico sobre protocolos e me- dicamento disponíveis na instituição ou ainda sobre possíveis interações medicamentosas; 3 - Ao terminar a prescrição, cheque se todos os itens necessários foram escritos. Ao imprimir, analise se todas as folhas estão presentes. 4 – Pergunte ao paciente sobre seu antecedente medicamentoso; recal- cule as doses; questione sobre aler- gias. Se o paciente não estiver em condição de responder, contacte com familiares e acompanhantes; 5 – Explique ao paciente sobre as me- dicações que utilizará, e os horários que as receberá. Muitos pacientes saem do hospital sem saber qual me- dicamento estava em uso, o que tem implicações diretas sobre sua adesão medicamentosa pós-alta. Este pode ser ainda um momento para educar o paciente acerca da necessidade de novos hábitos; 6 – Mantenha um registro, em agen- das, celulares, cadernos, de todos os medicamentos que já teve contato. Dose, diluição, via e problemas po- tenciais. Isto lhe auxiliará a se familia- rizar e memorizar os fármacos; 14PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR 7 – Considerar a possibilidade de in- teração entre as drogas prescritas. Ao terminar de prescrever, reavalie as drogas e veja se elas podem interagir entre si. 8 – Conheça o período de início e tér- mino da validade da prescrição da instituição em que você se encontra. As prescrições feitas até determinado horário, são incluídas na rotina de ad- ministração do mesmo dia, mas a pri- meira dose será administrada apenas a partir do início de vigência da pres- crição. Caso queira inserir uma me- dicação de modo imediato, sinalize “PARA USO IMEDIATO” e comunique a enfermagem sobre o fato. 9 – Tenha calma! Enquanto estiver prescrevendo, concentre-se nesta atividade, e além disso, tenha paci- ência consigo mesmo! Esta atividade demanda prática e, em breve, será um hábito para você. 15PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR Ordena serviço 1. Repouso Nome Data e hora Nº de prontuário Alergias COMPONENTE A – SEGURANÇA DO PACIENTE Evitando erros Informações gerais COMPONENTE B – ESQUEMA TERAPÊUTICO COMPONENTE C – SEGURANÇA DO PROFISSIONAL Assinatura Carimbo (opcional) Em duas vias Hora limite Não prescrever serviços de hotelaria Ordena despesas Siga evidências científicas Aceite críticas Converse com o paciente Mantenha calma Escreva um “diário” de medicações que já utilizou Converse com a equipe Cheque a prescrição ao final 2. Dieta 3. Oxigenoterapia 4. Hidratação 5. Medicação EV 6. Medicação VO 7. Medicação por outras vias 8. Controles gerais 9. Controles específicosMAPA MENTAL: PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR 16PRESCRIÇÃO MÉDICA HOSPITALAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS DEAN, B; et al. Causes of prescribing errors in hospital inpatients: a prospective study. The Lancet, volume 359, issue 9315, P1373-1378, April, 2002. Disponível em: <https://www. thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(02)08350-2/fulltext>. FOXHALL, K. Inpatient medication: Too much information, or not enough?. March, 2010. Dis- ponível em:< https://acphospitalist.org/archives/2010/03/inpatient.htm>. PAZIN-FILHO, A; et al. Princípios de prescrição médica hospitalar para estudantes de medi- cina. Medicina (Ribeirão Preto) 2013;46(2):183-94. Disponível em: < http://revista.fmrp.usp. br/2013/vol46n2/TEM_Princ%EDpios%20de%20Prescri%E7%E3o%20M%E9dica%20 Hospitalar%20para%20Estudantes%20de%20Medicina.pdf>. SANAR. Manual de Prescrição Médica Hospitalar. Disponível em: <https://www.editorasa- nar.com.br/images/d/Manual%20de%20Instru%C3%A7%C3%B5es%20para%20a%20 Prescri%C3%A7%C3%A3o%20M%C3%A9dica%20Hospitalar.pdf>. SILVA, A.M.S. Inpatients’ medical prescription errors. Einstein. 2009; 7(3 Pt 1):290-4. 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