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Natalia Quintino Dias Prescrição médica hospitalar Existem dois tipos de prescrição médica: ambulatorial (receita simples) e hospitalar. A prescrição médica hospitalar é um documento com todas as condutas que o médico deve passar para um paciente (exceto solicitações de exames) a partir do momento em que ele é internado ou mesmo estando em observação por um curto período em um hospital. Nele vai ficar registrado tudo que foi feito – com o carimbo, assinatura e CRM do médico – e irá guiar todo o cuidado com o paciente. Essa ferramenta vai servir tanto para os outros profissionais de saúde identificarem (e executarem) as condutas previamente escritas pelo médico, quanto para os outros residentes, médicos e internos que sucederem no cuidado com o paciente. Resumindo: no momento em que o paciente entra na emergência e o médico define uma conduta, já deve ser feita a prescrição inicial. Esse documento varia esteticamente de hospital para hospital, porém, os dados a serem preenchidos estabelecem um padrão. Como uma forma de facilitar sua estrutura, podemos dividi-la em três componentes: A, B e C. A: espaço reservado para preenchimento dos dados específicos do paciente: nome completo, unidade de atendimento em que se encontra (setor), leito, número de registro do prontuário e a data da admissão da ficha no hospital. B: corresponde ao espaço destinado para o preenchimento das condutas e o aprazamento (local destinado a equipe multidisciplinar). A ordem da prescrição é estabelecida conforme a sequência: repouso, dieta (alimentação), quando necessários: oxigenoterapia, fármacos relacionados ao paciente, controles gerais e específicos. Em sentido vertical a ordem dos medicamentos é baseada através de sua via de administração. Começamos com as medicações EV/IV, depois as de VO e por conseguinte, as restantes, se necessário. Para facilitar a sua memorização, costuma-se usar o recurso de como eu DEVO prescrever: Dieta, Endovenoso, Via Oral e Outras vias. Natalia Quintino Dias 1º Item: repouso, dieta: A prescrição inicia-se no repouso e na dieta justamente por conta de sua complexidade. A dieta pode variar quanto a sua via de administração (enteral, parenteral, oral), quanto a sua apresentação (branda, pastosa, líquida, normal etc), na composição (hipercalórica, isenta de lactose, livre etc) e no fracionamento. Por este motivo, é de extrema importância o contato com o nutricionista em vista da necessidade de uma boa relação com a equipe multidisplicinar ao longo dos cuidados com o paciente. Quanto ao repouso podemos definir quanto ao seu tipo (absoluto – em situações graves; ou relativo), posição no leito (diversos decúbitos diferentes) e quanto a posição da cabeceira (com elevação – determine se 30º ou 45º– ou sem elevação). Após o repouso e a dieta ainda podemos adicionar a Oxigenoterapia, se necessário (avaliação através de sinais clínicos: ↓ sensório, ↓ FR, uso da musculatura acessória, cianose, palidez ou oximetria de pulso indicando SatO2 < 93%). 2º Item: medicações: hidratação → Medicações por via EV → VO → Outras vias; As soluções utilizadas inicialmente para casos de desidratação grave (administração com base na classificação da desidratação), choque (deve-se administrar SF/RL: 20mL/Kg a cada 10-20 min) e reposição de perdas é o Soro Fisiológico 0,9% ou o Ringer Lactato. Nesta parte da prescrição é de suma importância detalharmos alguns pontos, são eles: • Droga: Escreva o nome do medicamento (preferencialmente o genérico) e a sua forma de apresentação. Atente-se para medicações agudas (que o paciente irá começar a tomar) e prévias (o paciente é Natalia Quintino Dias hipertenso e já toma algum medicamento, por exemplo?). • Dose (Posologia): Determine a quantidade do medicamento que será fornecida. • Via de Administração: Especifique a via de administração (EV/IV – intravenoso/endovenoso, VO – via oral, IM – intramuscular, VSNE – via sonda nasoenteral, SC – subcutânea etc). Em sentido horizontal deveremos ordenar o nosso item da medicação administrada da seguinte maneira: Exemplo: Clexane 40mg, SC (subcutâneo), 12/12hrs. Pensando sempre em facilitar a equipe multidisciplinar nos cuidados dos pacientes, é preferível que as classes de medicamentos sejam descritos seguindo a ordem: Ao final deverão ser postos condutas referentes aos controles gerais e específicos ao paciente como, monitorização dos sinais vitais, fisioterapia motora, profilaxia de úlceras, antiemético/laxantes se necessário etc. 3º Item: controles gerais e específicos Nesta parte iremos nos atentar aos cuidados gerais/específicos do paciente, se indicado: • Monitorização dos dados vitais de 6/6hrs; • Controle glicêmico, balanço hídrico (diurese), fisioterapia respiratória e motora, estímulo oral (fonoaudiologia); • Profilaxia para tromboembolismo: incentivaremos deambulação, meias de compressão ou medicamentos; • Prevenção de úlcera: vamos supor que o paciente está em decúbito dorsal absoluto e não deambula; neste caso poderemos pedir a mudança de decúbito ou solicitar uso de medicamentos; • Antiemético/laxante: muitos medicamentos cursam com náusea e vômitos; nestes casos deveremos prescrever medicações para evitar tais episódios. No componente B ainda temos um espaço destinado a anotações da enfermagem: o aprazamento/evolução. Essas anotações indicam se o medicamento foi feito ou não, em qual horário ele foi administrado e se houve alguma intercorrência na administração. C: será reservado para a assinatura e identificação (com letra legível) de quem foi o médico responsável por realizar a prescrição. FAST HUG O mnemônico FAST HUG foi proposto há anos pelo grande intensivista Jean Louis Vincent. A ideia era ser utilizado para apoio nas visitas de terapia intensiva um mnemônico capaz de reunir todos os itens necessários para a prescrição. Natalia Quintino Dias Natalia Quintino Dias Prescrição de medicamentos Receituário médico O receituário é fruto do atendimento médico e é uma prescrição médica não cirúrgica, incluindo a dieta e os medicamentos a serem administrados, especificando a via, podendo ser a oral, a intravenosa, a intramuscular ou outras. Ademais, também deve servir como orientação ao paciente. Categoria de receituários: Receituário Branco: Também conhecido como simples. É o receituário comum utilizado para a maior parte dos medicamentos. Observação: É comum os profissionais prescreverem antibióticos em receituário especial (C1), contudo esses medicamentos não constam na lista fornecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Dessa forma, a prescrição de antibióticos pode ser feita com receita comum, desde que ela tenha os dados necessários e seja realizada em duas vias. Controle Especial (C1): A prescrição é realizada em duas vias ⇨ 1.ª via: retenção da farmácia; 2.ª via: orientação ao paciente. • Quantidade máxima por receituário: 05 ampolas para injetáveis e a quantidade Natalia Quintino Dias correspondente a 60 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas. • Antiparkinsonianos e anticonvulsivantes: quantidade correspondente a seis meses de tratamento. • Observação: A receita poderá conter no máximo três substâncias. Notificação de receita tipo A: Para cadastro inicial, o médico deve-se dirigir à Vigilância Sanitária das Secretarias Municipais ou Regionais de Saúde para preencher a ficha cadastral com seus dados e carimbo. • Quantidade máxima por receituário: 05 ampolas para injetáveis e a quantidade correspondente a 30 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas. Notificação de receita tipo B: Para obter essereceituário, o profissional deve estar devidamente cadastrado e autorizado pela Vigilância Sanitária regional ou do município. • Observação: durante uma emergência, a prescrição pode ser feita em receituário comum, devendo conter diagnóstico/CID e a justificativa do caráter emergencial do atendimento. Natalia Quintino Dias Observação: Os receituários tipo A e B supradescritos são, como o nome sugere, notificações da emissão de prescrição para medicamentos específicos. Portanto, devem ser acompanhadas por um receituário simples, uma vez que a via da notificação fica retida na farmácia e a via simples fica com o paciente, para comprovação de uso daquela medicação. Preenchimento Deve ser preenchido com letra legível, com clareza absoluta nas orientações de uso, evitando abreviações, como, por exemplo “01 cp’’; “01 comp’’; “VO’’, uma vez que o paciente pode não compreender a utilização correta da medicação, por desconhecimento. O impresso deve conter, no cabeçalho: o nome e endereço do profissional ou da instituição onde trabalha, e o registro no conselho de medicina. Devido à determinação legal, as medicações devem ser prescritas com o nome da sua forma genérica. Caso queira, o profissional médico poderá colocar entre parênteses, o(s) nome(s) sugeridos de marca. Observação: O termo uso contínuo em vez da quantidade de apresentações necessárias possibilita o recebimento de maior quantidade de medicamentos, principalmente no tratamento de doenças, como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. A superinscrição deve ser constituída pelo nome e endereço do paciente. A inscrição deve compreender o nome da droga, a forma farmacêutica e sua concentração. Na subsincrição deve ser designado a quantidade total a ser fornecida. Para fármacos de uso controlado, esta quantidade deve ser expressa em algarismos arábicos, escritos por extenso, entre parênteses. A adscrição é composta pelas orientações do profissional para o paciente. Ao final, deve-se conter a data da prescrição, a assinatura e número de inscrição no conselho de Medicina. • Observação 1: O ℞ no receituário não é obrigatório. • Observação 2: O símbolo ® indica o nome comercial do produto, e não o seu princípio ativo. O verso do receituário deve ser utilizado para registro de medidas não farmacológicas (dieta, orientações higiênicas, atividade física, reações adversas e o aprazamento da consulta de retorno, caso necessário). Natalia Quintino Dias Validade territorial das receitas A lei 13.732/2018 tornou válido o receituário de medicamentos em todo o território nacional, independentemente da unidade da Federação em que tenha sido emitido, inclusive o de fármacos sujeitos ao controle sanitário especial. O carimbo é necessário? O art. 35 da Lei 5.991/73 determina que o receituário possua data, assinatura do profissional, endereço do consultório/estabelecimento e o número de inscrição no conselho. Dessa forma, conclui-se que não há exigência legal do carimbo do médico em receituário, apenas da assinatura com identificação clara do nome e respectivo número do CRM, sendo opcional na maioria das receitas. Observação: As notificações de receitas de medicamentos controlados deverão ser carimbadas.
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