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Modelos clássicos da análise sociológica

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14/05/2020 Conteúdo Interativo
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 7 - Modelos clássicos da análise sociológica: a
contribuição de Max Weber
INTRODUÇÃO
Por que os indivíduos, em uma situação específica, tomam determinadas decisões? Quais as razões/motivações para esses atos?
Entender o sentido das ações empreendidas pelos indivíduos é o ponto de partida da sociologia de Max Weber, que estudaremos
nesta aula.
OBJETIVOS
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Definir o objeto e o método de investigação da sociologia weberiana.
Estabelecer o conceito de ação social.
Distinguir ação social e relação social.
Identificar os tipos de ação social.
Reconhecer a importância da sociologia weberiana para a análise da sociedade brasileira.
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, O MÉTODO COMPREENSIVO DE MAX WEBER
De acordo com Adriana Loche, Max Weber procura compreender a sociedade como um agregado de indivíduos que possuem suas motivações
próprias. Ao mesmo tempo, o estatuto de realidade objetiva é mudado para uma concepção menos determinista de sociedade, segundo a qual
a realidade é um fenômeno compósito.
Por isso, o cientista não conhece a sociedade de antemão, nem consegue abarcá-la totalmente. Para compreender a sociedade, é preciso
entender as redes de significações estabelecidas pelos indivíduos em suas ações e relações sociais. Para criar uma imagem, como a que
Durkheim via a sociedade como uma coisa, Weber a compreendia como um conjunto de ações parciais que precariamente se totalizavam.
Assim, somente podemos compreender pequenos “pedaços” dessa realidade. Como cada indivíduo tem sua própria visão parcial do mundo, há
um conflito permanente entre os indivíduos que compõem a sociedade. Por este motivo, Weber propõe a reconstrução do sentido subjetivo
original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador.
AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO DOTADA DE SENTIDO
O objeto da sociologia para Weber é o sentido da ação social, que deve ser buscado pela apreensão da totalidade de significados
e valores atribuídos pelos indivíduos. Nesse sentido, ele procura mostrar que não há apenas uma causa dos fenômenos sociais;
através da ideia de “adequação de sentido”, Weber mostra a convergência da ação em duas ou mais esferas que compõem o todo
social (a economia, a política, a religiosa etc.), ou seja, a ação social é determinada por mais de uma causa, sendo que cada causa
tem importância variada sobre a determinada ação.
Para ele, a tarefa do sociólogo é “pesquisar os sentidos e os significados recíprocos que orientam os indivíduos na maioria de suas
ações e que configuram as relações sociais”. A análise sociológica deve, assim, compreender e interpretar o sentido e os efeitos
das ações humanas.
TIPOS DE AÇÃO
Weber, preocupado com o valor que cada indivíduo atribui à sua ação, procurou elaborar uma tipologia para compreender as
características particulares, definindo quatro tipos de ação:
Ação racional com relação a fins
Motivada por fins objetivos, ou seja, para atingir seus fins, o indivíduo planeja e executa seus planos,
utilizando-se dos meios que considera mais adequados para atingir seus objetivos. A racionalidade
econômica capitalista é exemplo desse tipo de ação. Nesta perspectiva, para Weber, o individualismo
e a racionalização de condutas são elementos centrais da modernidade.
Ação racional com relação a valores
Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que importa
para o indivíduo é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o resultado de sua
conduta; o que lhes impele é a lealdade aos valores que orientam sua conduta. É o caso dos agentes
que abrem mão de vantagens financeiras em função da preservação ambiental, por exemplo.
Ação afetiva
Guiada por uma conduta emocional. Sentimentos como raiva, ódio, paixão, desejo, ciúme orientam sua
conduta. Muitas vezes, o resultado dessas ações não é o esperado pelo agente, em virtude da
irracionalidade de seu ato. Os crimes passionais são exemplos típicos deste tipo de ação social.
Ação tradicional
Guiada pela tradição, costumes arraigados que fazem com que os indivíduos ajam em função deles. É
uma espécie de reação a estímulos habituais. Exemplo disso é o hábito de saudarmos as pessoas
com expressões como “bom dia”, “boa noite”, “fique com Deus”, independentemente de termos grande
afinidade com elas ou mesmo alguma fé. Para Weber é difícil perceber até que ponto o agente age
conscientemente ao empreender este tipo de ação.
RELAÇÃO SOCIAL
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A relação social estabelece-se quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de acordo com certas
expectativas que possuem do outro. Como mostra Quintaneiro, em Um toque de clássico, são exemplos de relações sociais a
amizade, relações de hostilidade, trocas comerciais, relações políticas etc.
“Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas, seja por meio de
um contrato ou de um acordo, como no caso das relações de conteúdo econômico ou jurídico, da regulamentação das ações de
governo, de sócios etc.”.
QUINTANEIRO et al. Um Toque de Clássico. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.
PATRIMONIALISMO: A PERMANÊNCIA DO ARCAICO
Na aula 4, estudamos as formas de dominação legítima preconizadas por Max Weber, a saber:
 Dominação tradicional;
 Dominação racional-legal;
 Dominação carismática.
Vimos que a dominação racional-legal expressaria a forma mais moderna de dominação, visto que este tipo de dominação se
assenta nas formas impessoais de concessão e reconhecimento da autoridade legitimamente constituída.
Roberto da Matta discute a permanência de práticas tradicionais na sociedade brasileira em seu livro “O que faz o Brasil, Brasil?“:
O dilema brasileiro residiria na oscilação, ou seja, no que existe de liminar, entre "um esqueleto nacional feito de leis universais cujo
sujeito era o indivíduo e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando para isso seu sistema de
relações pessoais’.”
Nesse sentido, o brasileiro oscilava entre uma série de leis que, teoricamente, todos os indivíduos da sociedade deveriam cumprir,
e uma série de expedientes passíveis de serem utilizados para burlar estas normas com bases em uma rede de contatos pessoais
facilitados pelo nosso próprio sistema burocrático e hierárquico.
Deste conflito nasceriam situações que todos nós estamos acostumados a vivenciar, como o jeitinho, que sempre está ao nosso
alcance (pra tudo tem um jeito), e o famoso ‘“você sabe com quem está falando?”.
Roberto da Matta, em O que faz o Brasil, Brasil? (Rio de Janeiro: Ed. Sala, 1984)
Fonte: pyrozhenka / Shutterstock, baranq / Shutterstock, Rawpixel.com / Shutterstock e Antonio Guillem / Shutterstock
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Veja na tirinha um exemplo do que hoje chamamos de “jeitinho brasileiro”:
Fonte: http://mentirinhas.com.br/mentirinhas-426/
Saiba Mais
, Clique aqui e assista ao vídeo sobre o “jeitinho brasileiro”.
Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil:
No Brasil onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo de família patriarcal (o pai é o chefe supremo, o homem possui um
status de soberano, senhor total de todos e todas as coisas), o desenvolvimento da urbanização que não resulta unicamente do
crescimento das cidades, mas também do crescimentodos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de
influência das cidades, ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje.
Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção
fundamental entre os domínios do privado e público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário
“patrimonial” do puro burocrata, conforme a definição de Max Weber.
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o ordenamento jurídico
brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, verifica-se a permanência de relações hierarquizada que permitem
que alguns indivíduos sejam “mais iguais que outros”, como irônica e argutamente demonstra Roberto da Matta, em “O que faz o
Brasil, Brasil?” sobre o qual comentamos anteriormente.
É o caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para fins privados, seja utilizando-se de funcionários públicos
para serviços domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões de Estado.
Cabe ressaltar que essas práticas vem sendo contestadas e combatidas, como se pode perceber na proibição do nepotismo
(contratação de parentes para ocupar cargos públicos) nas três esferas do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), como
preconiza a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 29 de agosto de 2008, que ressalta o princípio da
impessoalidade no trato da coisa pública.
https://www.youtube.com/watch?v=CM9xBCj7h5Q
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Dmitry Guzhanin / SHutterstock
ATIVIDADE
Leia o caso abaixo e responda às questões propostas:
O capítulo 63 da novela mexicana Rebelde, produzida pela rede Televisa e transmitida/dublada pelo SBT, trouxe o seguinte
diálogo:
Mia: Tipo assim, eu gosto muito de comprar. Bolsas, sapatos, maquiagem...tudo para ficar bem linda.
Miguel: Ah, meu amor, você deve fazer o que gosta. Tem que pensar em você. Só tenha cuidado para que suas amigas não se
aproveitem de você.
Mia: Ah! Mas isto é claro para mim, na hora que a gente precisa é cada um por si, não tem ninguém para ajudar. É por isso que eu
penso primeiro em mim, segundo em mim e depois em mim...
Miguel: E em mim você não pensa?
Mia: Só para carregar meus embrulhos!!!!
Roberta: Essa barbie descerebrada não faz outra coisa senão comprar, comprar! É uma egoísta, uma individualista que só pensa
em si.
Segundo a teoria da ação social de Weber, que tipo de ação está presente nesses diálogos? Justifique.
Resposta Correta
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Glossário
ADRIANA LOCHE
LOCHE, Adriana et al. Sociologia Jurídica. Porto Alegre: Síntese, 1999. p. 32.

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