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Consumação, Tentativa, Desistência, Arrependimento e Erro de Tipo

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BIANCA MARINELLI – DIREITO PENAL 2º TERMO 
Título II – Do Crime 
 
CONSUMAÇÃO 
Iter criminis (caminho do crime): 
Pré delito Cogitação: na esfera do pensamento, planejamento. 
Preparação: série de atos para que se inicie o delito. Ex: furto, 
comprar a arma. Atos preparatórios podem constituir como crime 
autônomo. Ex: possuir máquina de produzir moeda falsa. 
Delito Execução. 
Consumação: concluir. Ex: homicídio com resultado morte. 
Pós 
delito 
Exaurimento: fase final. Ex: vender objeto roubado. 
 
Art. 14º CP: Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal; 
Reúnem todos os elementos do tipo penal. 
TENTATIVA 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
É interrompida a ação. Exemplo: vítima foge ou é socorrida, dono do objeto 
impede o roubo e etc. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
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Quanto mais próximo da consumação, menor a redução. Há uma ampliação 
temporal da figura típica: a tentativa se torna típica indiretamente/mediatamente. 
Formas: 
a) tentativa imperfeita: o processo executório é interrompido por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
b) tentativa perfeita (crime falho): a fase de execução é integralmente realizada 
pelo agente, mas o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua 
vontade. 
O elemento subjetivo é o dolo, o que impede são circunstancias alheias a 
vontade do agente. 
Não admitem tentativa: crimes culposos, pois nele não há vontade; 
preterdolosos, pois é crime culposo e portanto não tem vontade; omissivos 
próprios, pois não há como omitir sem vontade; unissubsistentes (que se 
realizam por um único ato), pois ele consuma quando feito, com exceção da 
injúria verbal que pode ser escrita mas sem ser entregue; e crimes habituais, 
pois não há como tentar ser habitual, ou é habitual (e nisso já consume o crime), 
ou não é crime. 
A culpa imprópria admite tentativa pois é crime doloso. 
Aplicação da pena: 
a) Teoria subjetiva: vê na manifestação da vontade do agente, que é perfeita, 
a razão da punibilidade da tentativa. Em face dela, a pena do “conatus” deve 
ser a mesma da tentativa. 
b) Teoria objetiva: tendo a conduta do agente levado a um dano menor que o 
do crime consumado, a pena deve também ser menor. 
O Código Penal Brasileiro adota a teoria objetiva, pois apesar de terem o mesmo 
dolo, levam em conta o dano. 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15° CP: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução 
ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Desistência voluntária consiste na cessação do comportamento delituoso, 
pela própria vontade do agente, antes de se esgotar a execução do crime. 
Exemplo: Desiste de colocar veneno. 
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Deve ser voluntária, e não por influência externa. Exemplo: Deixar de matar pela 
chegada da polícia não é desistência voluntária. 
Não necessariamente deve ser espontânea. Exemplo: Sujeito prestes a furtar é 
acometido por forte dor de dente, não é espontâneo mas é desistência voluntária. 
Arrependimento eficaz ocorre quando o agente, já tendo terminado a execução 
do crime, desenvolve nova atividade, impedindo que o resultado se produza. 
Exemplo: O agente socorre a vítima que envenenou. 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Arrependimento posterior 
Art. 16º CP: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da 
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Exemplo: Agente devolve objeto que roubou. 
ERRO DE TIPO 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20º CP: O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o 
dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Erro essencial é o que recai sobre elementares do crime, impedindo o sujeito 
de compreender a natureza delituosa da conduta. Exclui o dolo. Não há 
consciência e vontade de realizar os elementos do tipo. 
Exemplo: Furtar coisa alheia supondo-a própria, caçador no meio da mata 
dispara arma sobre alguém pensando ser animal (homicídio culposo), 
transportar cocaína pensando ser farinha, ingerir substância abortiva na 
suposição de estar tomando calmante (não permite culpa por não ser previsto 
em lei o aborto culposo). 
Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. 
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como 
crime culposo. 
Exemplo: Legítima defesa putativa ao imaginar que alguém pegou uma arma 
quando na verdade pegou o celular e atirar nesse, estado de necessidade 
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putativo (imaginário) ao derrubar e machucar pessoas para correr imaginando 
que está ocorrendo um incêndio, estrito cumprimento do dever legal putativo ao 
fazer uma prisão acreditando que tinha um mandado de prisão, exercício regular 
de direito putativo ao pensar que tem um direito quando na verdade não tinha 
mais. 
Erro determinado por terceiro 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
O terceiro provocador responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo 
com o elemento subjetivo do induzimento. 
Exemplo: Tráfico de drogas a pedido de alguém, pensando ser outro objeto. 
Erro acidental é o que não recai sobre um elemento do tipo, mas sobre 
circunstâncias acessórias da pessoa ou da coisa estranhas ao tipo. Nesse caso, 
não há exclusão do dolo e o crime subsiste. 
Erro sobre objeto (Error in objeto) exemplo: O agente quer subtrair açúcar e 
acaba subtraindo farinha, agente trafica cocaína pensando tratar-se de 
maconha. 
Erro sobre a pessoa (Error in persona) 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de 
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, 
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
Dependendo da pessoa que o agente queria praticar o crime há agravante. 
Exemplo: idoso, aumento de pena. 
Erro de execução (Aberratio ictus) 
Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés 
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 
§ 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o 
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (Art 73º CP). 
→ Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, 
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto até metade. 
Erro invencível e vencível 
O erro em que o agente incorre pode ser inevitável (invencível) ou evitável 
(vencível). Se o agente atuou com erro apesar dos cuidados objetivos, o erro é 
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invencível e exclui o dolo e a culpa. Entretanto, se poderia tê-lo evitado com 
cautela ordinária, ocorrerá o erro culposo, podendo o agente responder por crime 
culposo. 
Exemplo de erro vencível: Caçador no meio da mata dispara arma sobre alguém 
pensando ser animal, homicídio culposo pois poderia ser evitado. 
Delito putativo por erro de tipo 
Quando o sujeito pretende praticar um crime mas vem a cometer um indiferente 
penal em face de supor existente uma elementar do tipo. 
Exemplo: Mulher que, pretendendo praticar aborto, comete um indiferente penal,em face de supor estar grávida, quando não está, delito imaginário.

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