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ExtraLibris 
 
Uma seleção de referências bibliográficas 
para promover uma formação humanista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fabiano Caruso 
fabianocaruso.com 
(Organizador) 
SUMÁRIO 
 
 
 
Prefácio 
 
 
01 Os 10 mais da Literatura Criativa, Gabriel Perissé........................................................................ 02 
 
02 Os 10 mais da Ficção Brasileira, Rinaldo Gama............................................................................. 05 
 
03 Os 10 mais da Ficção Alemã, Modesto Carone............................................................................. 10 
 
04 Os 10 mais da Ficção Francesa, Leda Tenório............................................................................... 14 
 
05 Os 10 mais da Ficção Inglesa, Marisis Camargo........................................................................... 19 
 
06 Os 10 mais da Ficção Italiana, Diogo Mainardi............................................................................. 23 
 
07 Os 10 mais da Ficção Norte-Americana do Século 20, Paulo Henriques Britto................ 27 
 
08 Os 10 mais da Ciência, Marcelo Glaiser........................................................................................... 31 
09 História do livro, da imprensa, da tipografia, das bibliotecas e da leitura, Cultvox........ 35 
10 100 mais do século XX – Ficção, Folha de São Paulo ................................................................ 39 
11 100 mais do século XX – Não-Ficção, Folha de São Paulo ...................................................... 48 
 
Referências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
 
 Existe uma grande variedade de temas em diversas áreas do conhecimento que 
podem ser explorados por mentes letradas e curiosas. Uma pessoa interessada em sua 
formação intelectual não deveria necessariamente concentrar suas leituras em uma 
especialidade do conhecimento. Além da leitura dos clássicos – que é a ênfase destas listas 
- buscar referências que abordem de forma lúcida grandes questões relativas às ciências, 
artes e humanidades do nosso tempo é fundamental. 
Como tinha o costume de procurar por boas indicações de leitura através da 
internet, acumulei uma variedade de referências sobre livros. Foi então que com o passar 
dos anos, algumas das fontes originais das referências não estavam mais disponíveis, e 
então resolvi organizar as que tinha salvo em meu computador pessoal para poder 
compartilhar com os amigos. 
A seleção de referências não tem a intenção de apresentar todas as possibilidades 
de leitura em um universo abrangente. Listas mais específicas sobre literatura russa, 
literatura policial, ficção-científica, histórias em quadrinhos, por exemplo, poderiam ser 
adicionadas para oferecer maiores opções na esfera ficcional. 
 Esta listagem não tem nenhum interesse comercial. Ou seja, não pode ser vendida 
ou revendida em hipótese alguma. O objetivo desta compilação é o de poder contribuir de 
algumas forma com o estímulo a leitura e o desenvolvimento de coleções em bibliotecas. 
Todo o material foi compilado de recursos de acesso livre na internet e os autores das 
listas, fontes originais e datas de acesso foram devidamente preservados. 
 
 
Os 10 mais sobre Leitura Criativa 
por Gabriel Perissé 
 
 
Quem deseja escrever melhor precisa ler melhor. Não digo que deva ler muito, embora 
seja desejável. Não digo que deva ler tudo, o que é obviamente impossível. Prefiro 
sugerir que cada um leia bem o que de melhor encontrar. Nesta lista, apresento alguns 
títulos que me parecem importantes para a formação de um escritor. 
 
 
1 - Como Ler um Livro, de Mortimer Adler 
 
O autor abre nossos olhos para a consciência de que a leitura é uma aventura. Adler 
valoriza muitíssimo a leitura dos clássicos, e prega uma visão humanística baseada nas 
grandes conquistas dos pensadores e literatos ocidentais. Um livro que inspira seriedade 
e serve como trampolim para muitas reflexões. 
 
Autor Mortimer Adler 
Título Como Ler um Livro 
Editora Guanabara 
Ano 1994 
ISBN 8527701650 
 
 
2 - O Escafandro e a Borboleta, de Jean-Dominique Bauby 
 
Mais do que poderia ensinar-nos um livro teórico, esse é a aventura criativa de um 
jornalista que, vítima de uma síndrome paralisante, perdeu todos os movimentos e só 
conseguia piscar o olho esquerdo. Pois bem, nesta situação de calamidade quase 
absoluta, Bauby redige um livro em que a borboleta da imaginação voa além dos limites. 
 
Autor Jean-Dominique Bauby 
Título O Escafandro e a Borboleta 
Editora Martins Fontes 
Ano 1997 
ISBN 8533606516 
 
 
3 - A Arte da Ficção - Orientação para Futuros Escritores, de John 
Gardner 
 
Um livro que não cai no defeito irritante de expor mandamentos artificiais para 
realidades complexas. Escrever é uma arte que exige muito mais do que obediência. A 
trans-obediência (algo mais do que a simples desobediência) é ouvir (ob + audire, no 
latim, resultou no obedecer) faz-nos escutar essa voz profunda que é a nossa própria 
voz. 
 
Autor John Gardner 
Título Original A Arte da Ficção - Orientação para Futuros Escritores 
Editora Civilização Brasileira 
Ano 1997 
ISBN 8520003303 
 
 02
Os 10 mais sobre Leitura Criativa 
por Gabriel Perissé 
 
 
4 - Uma História da Leitura, de Alberto Manguel 
 
Um escritor, como dizia Ezra Pound, tem de ler, assim como um pintor tem de ver 
muitos quadros e um músico ouvir muitas sinfonias. A história da leitura é a história de 
leitores insaciáveis, que, mais do que a quantidade, viam na pluralidade das leituras 
uma forma de atingir a qualidade da percepção do mundo e de si mesmos. 
 
Autor Alberto Manguel 
Título Uma História da Leitura 
Editora Companhia das Letras 
Ano 1997 
ISBN 8571647003 
 
 
5 - A Coragem de Criar, de Rollo May 
 
Mais do que tudo, o escritor tem de exercitar a coragem. Criar é um ato de solidão, de 
sofrimento e de alegria, de descoberta e de comunhão. É preciso ter a coragem de sair 
da rotina tranqüilizante, para abrir caminho com os próprios pés, "golpe a golpe, verso a 
verso", como escreveu Antonio Machado. 
 
Autor Rollo May 
Título A Coragem de Criar 
Editora Nova Fronteira 
Ano 1982 
 
 
6 - Ser Criativo - O Poder da Improvisão na Vida e na Arte, de Stephen 
Nachmanovitch 
 
Um dos melhores livros impulsionadores da criatividade que conheço. Simples, mas com 
reflexões de índole filosófica que fazem realmente pensar, o livro que recomendo agora 
elimina uma série de preconceitos que travam a vida criativa de muitos seres humanos, 
uma vez que a vida também é uma arte... também é uma biografia criativa! 
 
Autor Stephen Nachmanovitch 
Título Ser Criativo - O Poder da Improvisão na Vida e na 
Arte 
Editora Summus Editorial 
Ano 1993 
 
 
7 - Os Problemas da Estética, de Luigi Pareyson 
 
Esse livro traz uma série de reflexões dispostas a desmanchar falsos dilemas que 
alimentam falsas atitudes. Por que, por exemplo, opor arte individual a arte coletiva, ou 
arte engajada a arte alienada? Luigi Pareyson nos ensina a pensar em termos de 
contraste e não de oposição, atitude esta que, sem dúvida, facilita uma compreensão 
generosa da arte e da vida. 
 03
Os 10 mais sobre Leitura Criativa 
por Gabriel Perissé 
 
 
Autor Luigi Pareyson 
Título Os Problemas da Estética 
Editora Martins Fontes 
Ano 1995 
 
 
8 - Como um Romance, de Daniel Pennac 
 
Com aquele inconfundível estilo francês que põe a liberdade acima de tudo e valoriza ao 
máximo os comportamentos inovadores, esse livro é um formador de leitores que, volto 
a insistir, é condição básica para que uma pessoa se sinta à vontade na escrita criativa. 
"Como um Romance" é um livro didático que nada tem de didático e, por isso, penso eu, 
ensina mesmo! 
 
Autor Daniel Pennac 
Título Como um Romance 
Editora Rocco 
Ano 1995 
ISBN 8532504256 
 
 
9 - Estética, de Alfonso López Quintás 
 
Esse pensador espanhol tem realizado um trabalho importantíssimo para a compreensão 
da arte e em particular da literaturana compreensão do mundo em transformação, cujos 
paradigmas e paradogmas precisam ser abalados pela criatividade. Nesse livro, a teoria 
não sufoca a prática, e é uma fonte inspiradora para todo aquele que quiser escrever 
algo que valha a pena. 
 
Autor Alfonso López Quintás 
Título Estética 
Editora Vozes 
Ano 1993 
ISBN 8532608981 
 
 
10 - Cartas a um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke 
 
Clássico da literatura "inspiradora", vamos chamar assim, que nos mostra o que é o 
processo interno da criação poética e da criação artística, em geral, se tivermos o bom 
senso de ler essas cartas como uma confidência pública de um artista em carne viva. 
Estas cartas foram dirigidas a todos os poetas, quer escrevam em versos, ou em prosa. 
 
Autor Rainer Maria Rilke 
Título Cartas a um Jovem Poeta 
Editora Globo 
Ano 1995 
 
 04
Os 10 mais da Ficção Brasileira 
por Rinaldo Gama 
 
 
 
1 - Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis 
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880-81) não é apenas, como ensinam os livros 
escolares, o romance que marcou o início da chamada "fase madura" do carioca Joaquim 
Maria Machado de Assis (1839-1908). Ele representa o amadurecimento da própria 
literatura brasileira. Isso porque, ao mesmo tempo que a coloca em sintonia com o que 
de mais avançado havia sido produzido até então nas letras mundiais - o Tristram 
Shandy, por exemplo, do irlandês Laurence Sterne (1760-67) -, faz com que ela adquira 
personalidade própria. "Foi nesse livro surpreendente que Machado descobriu, antes de 
Pirandello e de Proust, que o estatuto da personagem na ficção não depende, para 
sustentar-se, de sua fixidez psicológica nem da sua conversão em tipo", escreveu o 
crítico Alfredo Bosi. Assim, para além do inusitado de seu irônico ponto de partida - um 
morto escrevendo sua autobiografia - e de algumas passagens extraordinárias (caso do 
capítulo O Velho Diálogo de Adão e Eva, composto de pontinhos, exclamações e 
interrogações), Memórias Póstumas... põe em cena autênticos heróis trágicos, que, 
como ensinou o velho Aristóteles, não devem ser nem inteiramente bons nem 
inteiramente maus; noutras palavras, apenas homens e mulheres comuns, reais. 
 
Autor Joaquim Maria Machado de Assis 
Título Memórias Póstumas de Brás Cubas 
Ano 1880-81 
 
 
 
 
2 - Dom Casmurro, de Machado de Assis 
 
Se Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891) já revelavam um 
autor maduro, uma maturidade forjada no niilismo que a ironia tão bem representou, 
Dom Casmurro (1899) - inescapável reafirmar, com o perdão do leitor, diria Machado - 
atesta um momento de genialidade da literatura brasileira. A história é narrada por um 
certo Bento Santiago, o Bentinho, o Dom Casmurro do título, segundo a maldade dos 
vizinhos. Amargo, ele conta a história da traição de que teria sido vítima: o 
envolvimento de sua mulher, Capitolina, a Capitu, com seu melhor amigo, Escobar. 
Como Bentinho não dá provas concretas do adultério, a suposta traição ainda rende 
tribunais literários. Saber se Capitu traiu ou não o marido tem, na realidade, importância 
nula. O brilho do romance está precisamente nisso - apoiar-se em aparências, ou, pelo 
menos, na certeza, por assim dizer, traidora do ciúme. Será por acaso que Bentinho 
assiste a Otelo, de William Shakespeare? Se o cânone ocidental tem Shakespeare no 
centro, como acredita Harold Bloom, por que o romance realmente canônico da literatura 
brasileira o desprezaria? 
 
Autor Joaquim Maria Machado de Assis 
Título Dom Casmurro 
Ano 1899 
 
 
 
 05
Os 10 mais da Ficção Brasileira 
por Rinaldo Gama 
 
 
 
3 - Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto 
 
Publicado em folhetim na edição vespertina do Jornal do Comércio exatamente entre os 
dias 11 de agosto e 19 de outubro de 1911, Triste Fim de Policarpo Quaresma, de 
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), que só sairia em livro em 1916, é um 
dos romances que, até hoje, melhor identificam o Brasil e os brasileiros. A começar pelo 
próprio autor. Mulato, de família humilde, o pai enlouquecido, o carioca Lima Barreto 
precisou enfrentar ao longo de seus 41 anos toda a sorte de preconceitos a que alguém 
de sua origem costuma ser submetido por aqui. Pessoalmente, foi derrotado - pelo 
álcool, pela loucura. Do livro em si, basta resumir-lhe o enredo formidável: homem 
honesto, patriota e sonhador esforça-se por um país que, conforme constatará no final, 
"era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. Nem a física, 
nem a moral, nem a intelectual, nem a política que julgava existir havia". Também ele, 
Policarpo Quaresma, acaba derrotado - em seus projetos culturais (queria o tupi como 
idioma pátrio), agrícola (sugeria a reforma agrária) e político-administrativo (o 
presidente, Floriano Peixoto, acabaria sendo uma de suas maiores decepções). 
 
Autor Afonso Henriques de Lima Barreto 
Título Triste Fim de Policarpo Quaresma 
Ano 1916 
 
 
 
4 - Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade 
 
A prosa ficcional brasileira só chegou ao século 20 em 1924, ano em que o paulista José 
Oswald de Sousa Andrade (1890-1954) publicou, às próprias expensas, o romance 
Memórias Sentimentais de João Miramar. Foram sete anos de trabalho, o mesmo tempo 
do Ulisses (1922), de James Joyce, que por sua vez trouxera o Novecentos para a ficção 
mundial - e com o qual Miramar costuma ser associado. Consciente da originalidade de 
sua obra, Oswald de Andrade prepara o leitor para o romance por meio de duas 
epígrafes - que falam de "novas asas" (Basílio da Gama) e de uma "fala escura", a exigir 
que se "acenda uma candeia no entendimento" (A Arte de Furtar) - e também de um 
prefácio irônico, que classifica o livro de "mordaz ensaio satírico". Construído em 163 
fragmentos, Memórias Sentimentais de João Miramar surpreende pelos limites que 
destrói: mistura prosa e poesia, literatura, cinema e artes plásticas, amor e humor, 
telegrama, paródia e fluxo da consciência. (Poderia ter citado o crítico Mário da Silva 
Brito, dispensaria tudo o que foi dito até aqui; segundo ele, Miramar simplesmente 
preparou o terreno para Macunaíma, de Mário de Andrade, Perto do Coração Selvagem, 
de Clarice Lispector, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.) 
 
Autor José Oswald de Sousa Andrade 
Título Memórias Sentimentais de João Miramar 
Ano 1924 
ISBN 8525008036 
 
 
 
 06
Os 10 mais da Ficção Brasileira 
por Rinaldo Gama 
 
 
 
5 - Macunaíma, de Mário de Andrade 
 
Como toda vanguarda, o modernismo brasileiro começou defendendo uma estética de 
exclusão do passado - e o paulista Mário de Andrade (1893-1945) foi dos que mais 
cultivaram essa postura, a ponto de, em Paulicéia Desvairada (1922), inaugurar e matar 
uma "escola literária" no espaço de tempo de um prefácio. Num segundo momento, o 
escritor considerou fundamental "abrasileirar" sua obra; assim, de cosmopolita, 
paulistano, seu trabalho passou a ser mais "brasileiro". Foi dessa maneira que a estética 
da exclusão transformou-se numa estética de inclusão (de valores nacionais, gêneros 
etc.). O ponto culminante da nova linha de atuação seria a rapsódia Macunaíma (1928). 
O livro percorre diferentes lendas, costumes e cenários do país - copiados, parodiados, 
distorcidos - para narrar as aventuras do herói que tenta recuperar e depois manter o 
muiraquitã, um amuleto que ganhara de Ci, a Mãe do Mato. Sua mencionada "falta de 
(um) caráter" já foi interpretada como uma metáfora do Brasil (diverso, múltiplo), o que 
faz sentido quando se observa, por exemplo, o caldeirão lingüístico do romance. Não é 
exagero, aliás, afirmar que a linguagem é tão protagonista do livro quanto seu 
personagem-título. Erroneamente, costuma-se dizer que Mário de Andrade buscou em 
Macunaíma criar uma língua brasileira, quando na verdade ele só se referia a uma fala 
brasileira (lembre-se de seu projeto de escrever uma Gramatiquinha da Fala - e não da 
língua - Brasileira). 
 
Autor Mário de Andrade 
Título Macunaíma 
Ano 1928 
 
 
 
6 -Vidas Secas, de Graciliano Ramos 
 
Quarto e último romance do alagoano Graciliano Ramos (1892-1953), Vidas Secas, 
publicado em 1938, é um daqueles livros - como não poderia deixar de ser num autor 
obcecado pela excelência da linguagem - cuja leitura torna o ofício de escritor algo mais 
difícil. Trata-se da primeira obra em que Graciliano abandonou o narrador, digamos 
assim, "emotivo", em favor de outro, mais objetivo. Isso não foi exatamente uma 
escolha, mas sim uma imposição do próprio romance. Para abordar o estar-no-mundo de 
uma família nordestina brasileira, Graciliano entendeu que só o texto enxuto, econômico 
era cabível. Poucas vezes na literatura nacional o esforço em provocar a sadia confusão 
entre forma e conteúdo foi tão bem-sucedido quanto em Vidas Secas. O livro apresenta 
ainda outro traço que merece destaque: sua estrutura. Os capítulos têm vida própria - 
chegaram a ser publicados como contos -, embora, vistos em conjunto e na seqüência 
em que compõem o romance, revelem-se harmoniosos. O capítulo (ou conto) sobre a 
morte da cadela Baleia é um dos momentos mais sensíveis da prosa de ficção do país. 
 
Autor Graciliano Ramos 
Título Vidas Secas 
Ano 1938 
ISBN 8501005584 
 
 07
Os 10 mais da Ficção Brasileira 
por Rinaldo Gama 
 
 
 
7 - Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa 
 
Poucos romances do século 20, em qualquer um dos grandes idiomas ocidentais, podem 
ser comparados a esta que seria a única experiência do mineiro João Guimarães Rosa 
(1908-67) no gênero. Não é difícil entender o porquê. Como em qualquer obra-prima, 
Grande Sertão: Veredas (1956) faz com que a linguagem, a representação, alcance o 
status de seu objeto. É na arena da linguagem, conforme já observou Haroldo de 
Campos, que se dá o embate entre o homem e o demônio. Explica-se. Riobaldo é um ex-
jagunço do norte de Minas, que narra sua vida num jorro lingüístico extremamente 
original e cercado de preocupações de ordem metafísica, sobretudo acerca da existência 
ou não do diabo - com quem teria feito um fáustico acordo na juventude para poder 
derrotar seu inimigo Hermógenes. Em meio a essas questões, imiscui-se o plano 
amoroso: a paixão de Riobaldo por Diadorim, que ele supunha ser o corajoso Reinaldo, 
mas, após sua morte, descobre que era, na verdade, uma mulher. Painel do Brasil 
sertanejo, reflexão sobre o destino humano, luta entre forças espirituais e da natureza, 
oralidade, neologismos, arcaísmos, destruição do tempo e do espaço, libido - Grande 
sertão... é um romance que cumpre à risca o que o alemão Thomas Mann acreditava ser 
o único caminho de sua sobrevivência: mostrar-se como uma sinfonia de gêneros e 
temas. 
 
Autor João Guimarães Rosa 
Título Grande Sertão: Veredas 
Ano 1956 
ISBN 8520903878 
 
 
 
8 - Laços de Família, de Clarice Lispector 
 
Nascida na Ucrânia, Clarice Lispector (1926-77) demorou oito anos e três romances para 
se lançar como contista. Em compensação, as seis histórias de Alguns Contos (1952), 
sua estréia no gênero, seriam reaproveitadas no livro seguinte, Laços de Família (1960) 
- que, reforçado com sete textos até então inéditos, seguiria sendo sua principal 
coletânea de narrativas curtas. Compreende-se. Amor, por exemplo, já presente no livro 
de 52, está num degrau muito próximo de Missa do Galo, de Machado de Assis, e A 
Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, obras-primas do conto brasileiro. Além 
disso, sua protagonista, Ana - uma mulher comum, que no início da história está 
voltando das compras para casa -, experimenta uma epifania que, de certa maneira, 
seria um paradigma de toda a ficção de Clarice. Ana e o cego "que mascava chicles", 
visto por ela num ponto de bonde, antecipam a narradora e a célebre barata, objeto de 
"manducação", do romance A Paixão Segundo GH (1964), outro livro extraordinário de 
Clarice Lispector. 
 
Autor Clarice Lispector 
Título Laços de Família 
Ano 1960 
 
 
 08
Os 10 mais da Ficção Brasileira 
por Rinaldo Gama 
 
9 - Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa 
 
Livro seguinte a Grande Sertão: Veredas, de 1956, Primeiras Estórias (1962) tinha uma 
missão quase impossível - manter seu autor no patamar mais alto da literatura 
brasileira, posição que fora consolidada com o lançamento de seu primeiro, e único, 
romance. Como que para afirmar seu domínio pleno de todas as instâncias da narrativa 
de ficção, Guimarães Rosa escolheu a história curta na hora de reencontrar, em livro, o 
público e a crítica - o tradutor e ensaísta Paulo Rónai, por exemplo, à época do 
exuberante Sagarana (1946), duvidara dos dotes do autor para o conto breve. Não é 
preciso avançar muito na leitura de Primeiras Estórias para que o leitor se curve diante 
da excelência da prosa rosiana. Na sexta das 21 narrativas do livro encontra-se aquele 
que é o mais extraordinário conto da ficção brasileira desde Missa do Galo, de Machado 
de Assis - A Terceira Margem do Rio. A história do pai que um dia larga tudo e embarca 
numa canoa, para não ir a parte alguma, mas apenas executar "a invenção de se 
permanecer naquele espaço do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela 
não saltar, nunca mais", exibe uma estranha beleza: dilacerante. Quando o filho-
narrador, "uns primeiros cabelos brancos", tenta substituí-lo naquele estranho exílio, já 
é possível prever o final desesperadamente humano do conto. Em tempo: Rosa teve a 
idéia desta história andando na rua; ao chegar em casa, escreveu-a num jato, o que não 
era comum. Depois, esfuziante, começou a ligar para os amigos, a fim de dividir com 
eles a felicidade de sua desconcertante criação. 
 
Autor João Guimarães Rosa 
Título Primeiras Estórias 
Ano 1962 
ISBN 8520904440 
 
10 - O Convidado, de Murilo Rubião 
 
No plano da prosa ficcional, o escritor mineiro Murilo Rubião (1916-91), a exemplo do 
argentino Jorge Luis Borges, só se dedicou ao conto. A referência ao autor de O Aleph 
não é gratuita: como ele, Murilo Rubião também explorou o fantástico - foi o primeiro 
escritor moderno do Brasil a cultivar o gênero. Sua obra, no entanto, se aproxima mais 
do tcheco Franz Kafka, conforme observou Mário de Andrade ainda em 1943, quando o 
mineiro só havia publicado alguns contos esparsos em revistas (seu primeiro livro, O Ex-
Mágico, é de 1947). Ex-católico, Murilo Rubião sempre incluiu epígrafes retiradas da 
Bíblia em seus livros e antes de cada história. Seu amadurecimento, já disse com razão 
o crítico e professor de literatura Jorge Schwarz, pode ser deduzido a partir da escolha 
delas. Na abertura de O Convidado (1974), sua melhor obra, lê-se: "Ao sobrevir-lhes de 
repente a angústia, eles buscarão a paz, e não haverá" (Ezequiel, VII, 25), o que 
explicita o fim da pouca esperança e da perplexidade diante do absurdo que saltavam 
das inscrições bíblicas das coletâneas anteriores. O conto O Convidado encaixa-se à 
perfeição na epígrafe do livro. A história de um certo José Alferes, que um dia recebe um 
convite anônimo para participar de uma festa, sem que sejam mencionados nem data 
nem local, é, a um só tempo, kafkiana e reveladora daquela inexerorável angústia de 
que fala Ezequiel, posto que o protagonista jamais conseguirá se safar da armadilha em 
que cai a partir do momento em que decide comparecer ao compromisso. Obsessivo, 
Murilo Rubião escreveu e reescreveu este conto por quase 30 anos - a idéia lhe ocorreu 
em 1945, durante uma festa na casa do pintor Lasar Segall (basta ir ao museu que hoje 
leva o nome do artista para reconhecer certos ambientes relatados na história). Seu 
perfeccionismo foi compensador: O Convidado - impossível deixar de ratificar - é uma 
obra-prima. 
 09
Os 10 mais da Ficção Alemã 
por Modesto Carone 
 
 
 
 
A literatura alemã é uma das mais importantes da literatura universal, não só da Europa, 
como da História Universal. Ela cobre todas as épocas, da Idade Média à 
contemporaneidade. E, embora seja pouco difundida entre nós (com algumas exceções, 
evidentemente), oferece acesso em português a suas obras-primas. A lista quese segue 
no momento está restrita a suas dez principais obras de ficção narrativa. Não há melhor 
indicação no Brasil para conhecimento da literatura alemã, em português, do que a 
História da Literatura Alemã escrita pelo crítico austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux. 
 
 
 
 
1 - Fausto, de Johann Wolfgang von Goethe 
 
É certamente a obra máxima da literatura alemã e nenhuma lista pode dispensá-la. 
Drama em duas partes (Fausto I e Fausto II), das quais a primeira é a mais 
universalmente conhecida. A ambição de dominar tudo por meio do estudo e da 
experiência leva Fausto, já velho, a fazer um pacto com o diabo, aqui representado pela 
figura de Mefistófeles. 
 
Autor Johann Wolfgang von Goethe 
Título Fausto 
Título Original Faust 
Ano 1773-1831 
ISBN 8585831596 
 
 
 
 
2 - A Metamorfose, de Franz Kafka
 
Considerada por Elias Canetti a maior obra de ficção mundial, narra a transformação do 
anti-herói Gregor Samsa num inseto monstruoso e os conflitos que passa a enfrentar 
com o pai, a mãe e a irmã. 
 
Autor Franz Kafka 
Título A Metamorfose 
Título Original Die Verwandlung 
Editora Editora Brasiliense, 1985, tradução de Modesto 
Carone 
Ano 1916 
 
 
 
 
 
 
 10
Os 10 mais da Ficção Alemã 
por Modesto Carone 
 
 
 
 
 
3 - Os Irmãos Serapião, de E.T.A. Hoffmann 
 
São quatro volumes de contos, dos quais participam obras-primas do grande romântico 
alemão que influenciou amplamente a literatura européia, de Gógol a Dostoiévski, de 
Balzac a Maupassant e de Baudelaire a Kafka. Qualquer coletânea de contos de 
Hoffmann (1776-1822) pode ser lida com o maior proveito artístico por quem se 
interessa pelo gênero e pela criação literária em geral. 
 
Autor E.T.A. Hoffmann 
Título Os Irmãos Serapião 
Título Original Die Serapionsbrüder 
Ano 1818-21 
 
 
 
 
4 - Mozart na Viagem a Praga, de Eduard Moerike 
 
É uma das mais belas e memoráveis novelas de lingua alemã. O centro de orientação da 
narrativa de Moerike (1804-75), poeta de primeira, é a personagem idealizada de 
Mozart, cuja ópera Don Giovanni foi apresentada pela primeira vez em Praga. 
 
Autor Eduard Moerike 
Título Mozart na Viagem a Praga 
Título Original Mozart auf der Reise nach Prag 
Ano 1856 
 
 
 
 
5 - A Morte de Danton, de Georg Büchner 
 
Este drama do período pré-romântico alemão mostra, numa linguagem teatral 
inovadora, os últimos momentos de Danton, herói da Revolução Francesa, devorado, 
como um filho de Saturno, pelo movimento político e social que ele próprio liderou. 
 
Autor Georg Büchner 
Título A Morte de Danton 
Título Original Dantons Tod 
Ano 1835 
ISBN 8500912006 
 
 
 
 
 11
Os 10 mais da Ficção Alemã 
por Modesto Carone 
 
 
 
 
 
6 - A Marquesa de O. e Outras Histórias, de Heinrich von Kleist 
 
 
Kleist (1777-1811) é um dos estilistas exemplares da prosa alemã. Nas oito novelas que 
deixou, introduz um narrador original (que depois influenciou o de Kafka), já descrito 
como alguém que conta um caso excepcional de costas viradas para o público. 
 
Autor Heinrich von Kleist 
Título A Marquesa de O. e Outras Histórias 
Título Original Die Marquise von O. 
Ano 1808 
ISBN 8531201985 
 
 
 
 
7 - A Montanha Mágica, de Thomas Mann 
 
Romance que agora volta à vaga com a energia e a sutileza de Thomas Mann (1875-
1955), um escritor que não recua diante da complexidade, a ponto de transformar idéias 
e argumentos em personagens da trama. 
 
Autor Thomas Mann 
Título A Montanha Mágica 
Título Original Der Zauberberg 
Ano 1924 
 
 
 
 
8 - O Homem sem Qualidades, de Roberto Musil
 
Romance-ensaio de grandes proporções, comparável ao de Proust e aos de Thomas 
Mann, onde intervêm, na história de Ulrich, o herói problemático, discussões 
enciclopédicas no amplo cenário de Viena e do Império Austro-Húngaro, aqui satirizado 
com o nome de "Kakanien". 
 
Autor Roberto Musil 
Título O Homem Sem Qualidades 
Título Original Der Mann Ohne Eigenschaften 
Editora editora Nova Fronteira, tradução de Lya Luft e Carlos 
Abbenseth 
Ano 1930, 1933, 1943 (o livro foi lançado em volumes) 
ISBN 8520901778 
 
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Os 10 mais da Ficção Alemã 
por Modesto Carone 
 
 
 
 
 
9 - O Processo, de Franz Kafka 
 
Um dos maiores romances do século 20, ao lado de O Castelo. O protagonista, Josef K., 
é detido, julgado e executado sem saber por que nem por quem. O "narrador insciente" 
(não-onisciente) de Kafka (1883-1924) dá coerência estética ao relato romanesco e 
aponta para um universo em que já se perdeu a noção de totalidade. 
 
Autor Franz Kafka 
Título O Processo 
Título Original Der Prozess 
Editora 
editora Brasiliense, 1988, tradução de Modesto 
Carone, vencedora do Prêmio Jabuti de tradução em 
1999 - depois reeditado pela Companhia das Letras 
Ano 1924 
 
 
 
 
 
10 - O Tambor, de Günter Grass 
 
O estilo naturalista de Grass (1927), extremamente vigoroso, confere forma a este 
extenso romance e colide de frente com uma trama quase surreal, aqui concebida, em 
grande parte, com o sintoma palpável de uma realidade detectada. 
 
Autor Günter Grass 
Título O Tambor 
Título Original Die Blechtrommel 
Ano 1959 
ISBN 8520910327 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Francesa 
Leda Tenório 
 
 
A ordem, cronológica, respeitou as datas de primeira edição. A lista de apenas 
dez títulos e títulos apenas de ficção - o que deixa Charles Baudelaire e Francis Ponge, 
por exemplo, fora da jogada - não tinha como isentar sua autora de uma boa dose de 
parti pris. A única justificativa para o recorte proposto, sendo assim uma mescla de 
convivência e fascínio, especialização e caso amoroso com a literatura em questão. 
Críticos literários tão instigantes quanto Harold Bloom ou, em escala nacional, Haroldo 
de Campos, trabalham, sem maiores problemas, com um cânone restrito, em que só 
entram os pontos realmente culminantes. Ora, num grau extremo de seleção, é um 
cânone desse tipo que aqui se apresenta, percorrendo os quatro séculos que, desde a 
virada renascentista (que é shakespeariana), chamamos, sem confusão com 
"modernismos" e "modernidade" (que é baudelairiana), de "o moderno". 
 
 
1 - A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette 
 
Publicado anonimamente em 1678, o romance narra o evitamento exemplarmente moral 
de um amor proibido da princesa do mesmo nome por um duque da corte de seu 
marido. Desde sempre, especulou-se com a possibilidade de se tratar aí de uma obra 
clandestina de La Rochefoucauld, freqüentador do salão da autora e seu amante. Mas, 
seja qual for a verdadeira autoria ou o gênero de quem assina, problema que por si só já 
é fascinante, o livro representa ainda a fundação do romance moderno, e é também, 
como se aprende nos cursos de francês, o ancestral dos romances psicológicos. 
 
Autor Madame de La Fayette 
Título A Princesa de Clèves 
Título Original La Princesse de Clèves 
Ano 1678 
ISBN 8525003298 
 
 
2 - A Filosofia de Alcova, do Marquês de Sade 
 
Organizado em diálogos, como se fazia no século 18, o texto (seria um romance?) é 
supostamente impresso em Londres, em 1795. Ele "repertoria" as, para dizer o mínimo, 
perturbadoras lições dadas a uma jovem, Eugénie, por um professor de libertinagem, 
Dolmancé. No final do livro, entre o quinto e o sexto diálogos, insere-se o célebre 
panfleto "Français, encore un effort", que dá sustentação filosófica a toda a perversão 
(no sentido freudiano) preconizada. Em epígrafe, a inquietante frase: "A mãe 
prescreverá sua leitura à filha". Há várias traduções possíveis, algumas clandestinas. 
Recentemente, temos uma excelente nova tradução, seguida de um belo estudo crítico, 
por Augusto Contador Borges. Esta saiu pela editora Iluminuras, em 1999. 
 
Autor Marquês de Sade 
Título A Filosofia da Alcova 
Título Original La Philosophie dans le Boudoir ou Les Instituteurs 
Immoraux 
Editora Ed. Iluminuras, 1999, tradução de Augusto Contador 
Borges 
Ano 1795 
 
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Os 10 mais da Ficção Francesa 
Leda Tenório 
 
 
3 - Ilusões Perdidas, de Honoré de Balzac 
 
De 1837, este é talvez o mais belo dos fragmentos em mosaico do monumentointitulado, em lembrança e desafio a Dante, A Comédia Humana. Ele entra no tomo IV 
das Cenas da Vida Provinciana de Balzac (1799-1850), onde se narra a ascensão e 
queda, no meio jornalístico e literário da época, de um alter ego de Balzac, o célebre 
Lucien de Rubempré. Aquele mesmo de cuja morte Oscar Wilde dizia - e ele não estava 
brincando - que foi a maior tristeza de sua vida. A tradução desta obra deve-se à heróica 
iniciativa da velha editora Globo de Porto Alegre, que encomendou a versão de toda A 
Comédia Humana. E deve ser encontrável por toda parte, em sebos, bibliotecas e 
livrarias. 
 
Autor Honoré de Balzac 
Título Ilusões Perdidas 
Título Original Les Illusions Perdues 
Editora Ed. Globo (Porto Alegre) 
Ano 1837-43 
 
 
4 - Crônicas Italianas, de Stendhal 
 
São oito novelas, de diferentes datas, só postumamente reunidas, em 1855, quando se 
editaram as obras completas de Stendhal (1783-1842). Saídas do palimpsesto de 
preciosos manuscritos italianos antigos adquiridos pelo autor, todas transpiram sua 
fascinação pela energia do país em que viveu e foi diplomata. E sua fixação nas 
mulheres, que o faz ser um dos raros escritores franceses poupados por Simone de 
Beauvoir em O Segundo Sexo. A premiada tradução do poeta Sebastião Uchoa Leite, 
Crônicas Italianas, pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), saiu em 1997. 
 
Autor Stendhal 
Título Crônicas Italianas 
Título Original Chroniques Italiennes 
Editora EDUSP, 1997, tradução de Sebastião Uchôa Leite 
Ano 1855 
ISBN 8531404134 
 
 
5 - Bouvard e Pécuchet, de Gustave Flaubert 
 
Obra tão desconhecida dos leigos quanto, para os especialistas, o topo da progressão do 
autor de Madame Bovary e, por isso mesmo, imperdível. Mas o leitor, no fundo, já ouviu 
falar deste livro, sem saber. Já que é aí que encontramos, a título de arremate, o célebre 
Dictionnaire des Idées Reçues. O romance (melhor seria dizer anti-romance), só 
publicado postumamente, em 1881, conta a história de dois hilários aposentados que se 
entregam no campo normando a leituras e experiências científicas de toda espécie, 
sempre fadadas a dar errado. Outra maneira de dizer isso seria notar que Flaubert 
(1821-1880) se põe aí a satirizar genialmente todos os discursos competentes, tudo se 
resumindo num Dicionário das Idéias Feitas ou, como o chamou Augusto de Campos, 
"Tolicionário". Em português do Brasil, contamos com a excelente tradução de Galeão 
Coutinho e Augusto Meyer publicada pela Nova Fronteira em 1981. 
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Os 10 mais da Ficção Francesa 
Leda Tenório 
 
 
Autor Gustave Flaubert 
Título Bouvard e Pécuchet 
Título Original Bouvard et Pécuchet 
Editora Nova Fronteira, 1981, tradução de Galeão Coutinho e 
Augusto Meyer 
Ano 1881 
ISBN 8526212028 
 
 
6 - Às Avessas, de Joris-Karl Huysmans 
 
Bíblia dos decadentistas, o livro já seria obrigatório só pelo fato de sua personagem 
central, um certo Des Esseintes, inspirar-se na mesma figura humana que é a melhor 
chave para o barão de Charlus de Proust: o poeta menor e dândi enlouquecido Robert de 
Montesquiou. Mas, não bastasse isso - e ainda a existência de um poema de Mallarmé 
para o mesmo Des Esseintes, o que faz de Montesquiou a obsessão de três grandes ao 
mesmo tempo -, ele é ainda importantíssimo porque marca a ruptura de Huysmans 
(1848-1907) com o naturalismo de Zola, a cartilha estética da época. Totalmente 
revolucionário e surpreendente. A tradução disponível leva a assinatura de um poeta: 
José Paulo Paes. Saiu pela Companhia das Letras. 
 
Autor Joris-Karl Huysmans 
Título Às Avessas 
Título Original À Rebours 
Editora Companhia das Letras, tradução de José Paulo Paes 
Ano 1884 
ISBN 8585095121 
 
 
7 - Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust 
 
O mais importante romance da história da literatura ocidental, assim mesmo, em termos 
absolutos, para nove entre dez listas dos dez mais. Trata-se de uma atordoante 
seqüência de volumes, o primeiro dos quais de 1913, em que, na falta de melhor, um 
sujeito revira-se na cama, pensando no tempo que passa e na urgência de captá-lo, 
antes que seja tarde, numa obra digna desse nome. Daí o romance ser também, além 
de uma prospecção do passado, em que entra tudo sobre a França crepuscular da 
Terceira República, uma infinita ansiedade com relação ao futuro e - principalmente - 
uma consciência vertiginosa do presente. Todas as vozes confundidas no tempo real da 
narração e tudo isso no estilo torturantemente digressivo de Proust (1871-1922), que 
escreve por dez anos, exilado no famoso quarto ao abrigo do mundo exterior, com 
paredes forradas de cortiça. 
Apesar das dimensões do texto de cerca de 4.000 páginas, em matéria de tradução, há 
escolha. Já que, desde os anos 80, o tradutor Fernando Py reenceta, sozinho, para a 
Ediouro, a façanha coletiva do pool de poetas (Mário Quintana, Manuel Bandeira, Carlos 
Drummond de Andrade) convocados, no passado, pela velha Globo de Porto Alegre. Pelo 
efeito de démodé absolutamente proustiano do trabalho de Mário Quintana, sugerimos a 
edição revista da Globo, de 1988, em sete volumes, intitulada Em Busca do Tempo 
Perdido. 
 
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Os 10 mais da Ficção Francesa 
Leda Tenório 
 
 
Autor Marcel Proust 
Título Em Busca do Tempo Perdido 
Título Original À la Recherche du Temps Perdu 
Editora Ed. Globo (revista), 1988 
Ano 1913-27 
 
 
8 - Monsieur Teste, de Paul Valéry 
 
Perfeito alter ego do autor, como personagem inacabada e inacabável que é, o 
enigmático Monsieur Teste acompanha Valéry (1871-1945), nos bastidores de sua 
criação, por toda a vida, desde as primeiras edições, em 1926, 1927. Teste, como o 
apresenta o próprio autor, pertence à espécie raríssima dos monstros desarticuladores 
que, em sua incessante ginástica mental, não podem permanecer sequer um segundo 
sendo o que eram antes. Trata-se de personagem tão mais fabulosa quanto, além de 
exprimir os impasses de Valéry infinitamente tensionado entre o rigor matemático e a 
liberdade artística, representa a única investida ficcional do poeta, pensador e ensaísta 
que é, preponderantemente, o autor de Variété. Com cerca de 70 anos de atraso, até 
onde eu chego, só recentemente saiu uma tradução, em 1998, pela Ática. 
 
Autor Paul Valéry 
Título Monsieur Teste 
Título Original Monsieur Teste 
Editora Ed. Ática 
Ano 1926 
ISBN 8508065965 
 
 
 
9 - Morte a Crédito, de Louis-Ferdinand Céline 
 
Se é verdade que existe um grande poema universal que está sempre sendo 
recomeçado, e se é certo que esse texto infinito é o que seria a literatura, Céline (1894-
1961) continua em Mort à Crédit (Morte a Crédito) a obra-prima de Marcel Proust. Até 
porque, confessadamente, é com Proust que queria se medir este médico de dispensário, 
na vida real Louis-Ferdinand Destouches, supostamente envolvido com a Colaboração, o 
que é um reducionismo, e o melhor autor francês depois de seu mestre. Eis por que o 
herói deste romance de 1936, posterior a Voyage au Bout de la Nuit (Viagem ao Fim da 
Noite) e bem menos conhecido, é também um Narrador rememorante e sem idade, em 
primeira pessoa e preso a um fio de voz. Saído não dos salões belle époque como Proust 
mas direto da experiência da guerra, de que fala o título. Há apenas três romances de 
Céline traduzidos entre nós, o que é alguma coisa, mas ainda assim muito pouco para 
um autor dessa importância e, ainda por cima, torrencial. Sob o título Morte a Crédito, 
há uma edição da Nova Fronteira, de 1982, infelizmente com alguns problemas 
"tradutórios". 
 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Francesa 
Leda Tenório 
 
 
Autor Louis-Ferdinand Céline 
Título Morte a Crédito 
Título Original Mort à Crédit 
Editora Ed. Nova Fronteira 
Ano 1936 
ISBN 8520906575 
 
 
 
10 - O Inominável, de Samuel Beckett 
 
Que vem fazer em território francês este irlandês auto-exilado falante do inglês? 
Manifestar, como todo grande escritor, seu estranhamento em relação ao próprio idioma. 
No caso, de maneira espetacularmente literal, já que Beckett (1906-1989) põe-se a 
escrever em outra língua que nãoa sua, tornando-se nessa outra um dos mais 
importantes escritores do século. Munido de seu bizarro estilo coloquial praticamente em 
pane, sem afetação nenhuma de elegância ou de modernidade, bem no meio do chique 
literário parisiense. L’Innommable, romance de 1953 sobre a necessidade de calar-se, é 
um dos pontos altos disso tudo. 
 
Autor Samuel Beckett 
Título O Inominável 
Título Original L’Innomable 
Ano 1953 
ISBN 8520901409 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Inglesa 
por Marisis Camargo 
 
 
Uma viagem através do tempo pela literatura inglesa pode ser uma aventura 
intelectualmente enriquecedora e divertida. O roteiro que aqui sugerimos é apenas uma 
dentre muitas alternativas. Ele tem por objetivo introduzir o leitor à riqueza de uma 
imensa produção literária que reflete os valores sociais, históricos, morais e estéticos de 
toda uma nação, ou melhor, de um império. 
 Toda literatura manifesta-se primeiramente em forma poética. Também na 
literatura inglesa o primeiro texto literário documentado é um poema épico, Beowulf, 
escrito no período denominado de Old English (450-1100), quando a essa literatura 
estava ainda em seu nascedouro. Já o nascimento da narrativa de ficção pode ser 
festejado no período romântico. 
Vamos navegar através dos séculos pela ficção inglesa. As obras selecionadas 
estão apresentadas em ordem cronológica para que o leitor possa acompanhar a 
evolução desta literatura. Recomendaremos as obras em sua língua original, mas várias 
podem ser lidas em português. Lembramos ainda que várias obras têm sido adaptadas 
ao cinema. 
 
 
1 - Contos de Cantuária, de Geoffrey Chaucer 
 
Escrita por Geoffrey Chaucer (1340-1400), Canterbury Tales é um primor de obra que 
precede o período romântico e foi escrita em versos, segundo o costume da época. Os 
Contos de Cantuária são uma interessante coletânea inacabada de contos narrados por 
um grupo de peregrinos com destino à Abadia de Canterbury e liderado por um 
personagem que muitos críticos identificam com o próprio autor da obra. O modelo 
seguido é aquele do Decameron, de Boccacio. Esta obra dá-nos uma boa visão da vida 
doméstica medieval, apresentando estereótipos humanos das diferentes camadas sociais 
com suas fraquezas e virtudes em tom que varia do humorístico ao irreverente e, muitas 
vezes, até ao obsceno. Particularmente interessante é a descrição da esposa cortesã, 
casada várias vezes, experiente na arte do amor, com suas ancas amplas e dentes 
separados e enormes, que na simbologia medieval significavam sensualidade. 
 
Autor Geoffrey Chaucer 
Título Contos de Cantuária 
Título Original The Canterbury Tales 
Ano 1386-1400 
ISBN 8585008849 
 
 
 
2 - Robinson Crusoé, de Daniel Defoe 
 
Robinson Crusoé, de Daniel Defoe (1660-1731), é um misto de jornalismo e romance, 
que serve tanto ao leitor infantil como ao adulto por compreender dois níveis de 
entendimento da narrativa. A obra é baseada na história verdadeira de Alexander Selkirk 
que passou cinco anos na ilha deserta de Juan Fernandez. O que encanta o leitor, ainda 
hoje, apesar de ser uma das obras mais exploradas em versões cinematográficas e 
escritas, é a enorme perseverança do personagem central em superar, com engenho, as 
dificuldades do cotidiano e construir um oásis utópico de civilização ideal onde 
predominaria a paz interior. Existem várias traduções para o português. 
 
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Os 10 mais da Ficção Inglesa 
por Marisis Camargo 
 
 
Autor Daniel Defoe 
Título Robinson Crusoé 
Título Original Robinson Crusoe 
Ano 1719 
 
 
 
3 - Orgulho e Preconceito, de Jane Austen 
 
Pride and Prejudice é de autoria de Jane Austen (1775-1817) que é considerada a 
primeira romancista inglesa. Retrata a sociedade inglesa da classe alta delineando 
personagens memoráveis de quem são ressaltadas tanto as virtudes como os vícios. A 
trama do romance é simples e trata dos relacionamentos afetivos dentro de uma família 
em que o casamento é tido como a salvação da mulher tanto do ponto de vista 
financeiro como social. A palavra "orgulho" do título refere-se ao personagem central, sr. 
Darcy que pertence à alta sociedade e "preconceito" refere-se a Elizabeth, de origens 
plebéias, por quem ele se apaixona gerando tensão entre amor, preconceito e orgulho. 
Há algumas versões cinematográficas deste romance, sendo a mais atual e fidedigna 
estrelada por Emma Thompson. 
 
Autor Jane Austen 
Título Orgulho e Preconceito 
Título Original Pride and Prejudice 
Ano 1813 
 
 
 
4 - Oliver Twist, de Charles Dickens 
 
Oliver Twist, de Charles Dickens (1812-1870), trata de um tema ainda atual, o do 
trabalho infantil e das leis de proteção à criança e ao adolescente. Embora muitas vezes 
o autor apele para o sentimentalismo exagerado, Dickens ainda é um favorito do público 
e, na sua época, serviu de incentivo à denúncia da infame Lei dos Pobres (Poor´s Law). 
A história de Oliver Twist confronta a inocência da criança com a crueldade de uma 
sociedade que não tem leis para protegê-la e a obriga a trabalhar em condições 
subumanas para sobreviver. 
 
Autor Charles Dickens 
Título Oliver Twist 
Ano 1837-8 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Inglesa 
por Marisis Camargo 
 
 
 
5 - Tess of the D’Ubervilles, de Thomas Hardy 
 
Este romance de Thomas Hardy (1840-1928) oferece uma trágica e bela história de 
amor, de diferença de classes sociais, do papel inferior da mulher. Seu tom é pessimista 
e raro são os momentos de descontração nessa trama bem feita. Hardy é um 
regionalista que sabe explorar em detalhe a magnífica região de Dorset como local de 
ação e pano de fundo para essa história. A base de sua filosofia é determinista passando 
uma mensagem de que o homem não é livre, mas vive sempre oprimido pelo tempo e 
controlado por misteriosas forças superiores. 
 
Autor Thomas Hardy 
Título Tess of the D’Ubervilles 
Ano 1891 
 
 
6 - Ulisses, de James Joyce 
 
Ulysses, de James Joyce (1882-1941), é considerada uma das obras mais importantes 
do período moderno da literatura inglesa, com inovações de estilo e elaborada sob a 
lenda do herói grego do mesmo nome. Os incidentes da trama acontecem em um único 
dia da vida de Leopold Bloom na cidade de Dublin, Irlanda. Cada capítulo corresponde a 
um episódio da Odisséia de Homero. Infelizmente, para o público em geral, Ulisses é um 
romance hermético de difícil leitura. Seria conveniente ler um dos guias de leitura da 
obra para facilitar a sua compreensão. Há excelente versão em português do Ulisses 
[traduzida pelo filólogo Antônio Houaiss, que criou em português neologismos 
correspondentes aos do original em inglês]. 
 
Autor James Joyce 
Título Ulisses 
Título Original Ulysses 
Editora Editora Civilização Brasileira, tradução de Antônio 
Houaiss 
Ano 1922 
ISBN 8520000088 
 
 
7 - Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf 
 
Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf (1882-1963), é obra que deve ser lida não só por seu 
conteúdo mas também pelas inovações de técnica narrativa que coloca em segundo 
plano a trama e a caracterização das personagens. O livro explora detalhes de 
pensamento ou estado de espírito da protagonista, usando a técnica do monólogo 
interior para expressar o fluxo da consciência de sua personagem reconstruindo seu 
passado através de lembranças. 
 
Autor Virginia Woolf 
Título Mrs. Dalloway 
Ano 1925 
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Os 10 mais da Ficção Inglesa 
por Marisis Camargo 
 
 
8 - O Amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence 
 
Lady Chatterley´s Lover, de D.H. Lawrence (1885-1930), é um clássico da literatura 
inglesa também adaptado para o cinema. A obra gerou uma grande controvérsia e, 
em1960, foi processada por obscenidade o que, de certa forma, aumentou sua 
circulação. O livro trata do relacionamento amoroso entre um homem e uma mulher de 
maneira natural, considerando-o fonte de vitalidade, aceitando que o instinto e a leis 
naturais prevaleçam sobre a racionalidade. 
 
Autor D.H. Lawrence 
Título O Amante de Lady Chatterley 
Título Original Lady Chatterley’s Lover 
Ano 1928 
ISBN 8570380038 
 
 
9- Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley 
 
Brave New World, de Aldous Huxley (1894-1963), se ainda não é pura ficção científica 
certamente é precursor dela. A ação se desenvolve no ano 162 AF (After Ford, ou depois 
de Ford*) onde predomina o poder científico totalitário que tudo governa desde as 
incubadoras de bebês em garrafas ("Mãe" é um palavrão") até o pre-condicionamento de 
cada pessoa para sua designada função social. A cultura é suprimida e o lazer é 
padronizado e difundido pela mídia. A higiene é o princípio fundamental. Huxley satiriza 
a condição do homem moderno que cada vez mais se automatiza, mostrando as 
conseqüências de deixar em segundo plano seus sentimentos e emoções. 
[N. do S.: O norte-americano Henry Ford foi um dos pioneiros da indústria 
automobilística mundial e criador do sistema de produção em série.] 
 
Autor Aldous Huxley 
Título Admirável Mundo Novo 
Título Original Brave New World 
Ano 1932 
 
 
10 - O Senhor das Moscas, de William Golding 
 
Lord of The Flies, de William Golding (1911), conta a história de um grupo de meninos 
entre 6 e 10 anos, que, após a queda do avião que os transportava, passam a viver em 
uma ilha deserta onde pouco a pouco regridem a um estado de selvageria. É notável 
como o autor subverte o modelo comum de história de aventura infantil e constrói em 
torno da perversidade da criança. Esta obra tem uma primorosa versão cinematográfica 
que data do início dos anos 60. 
 
Autor William Golding 
Título O Senhor das Moscas 
Título Original Lord of the Flies 
Ano 1954 
 
 22
Os 10 mais da Ficção Italiana 
por Diogo Mainardi 
 
 
Esse troço de lista é fogo. Você fica pensando em todos os autores que excluiu. 
Onde está Ariosto? Como é possível ignorar Machiavelli? Desde quando Aretino é melhor 
do que Goldoni? Não sobrou uma vaguinha para Leopardi ou Buzzati? E Gadda? Onde 
Gadda foi parar? Vou avisando: a minha é uma lista incompleta, parcial, com os autores 
italianos que mais me influenciaram, que exploraram caminhos que eu gostaria de ter 
explorado. Alguns deles, como Svevo, fazem parte da minha adolescência, e souberam 
despertar em mim o amor pela leitura. Outros, como Boccaccio, apareceram mais tarde 
e foram fundamentais para a minha formação como escritor. Outros, como Dante, 
descobri meio tarde, quando já tinha uma certa bagagem. Que me perdoem os 
excluídos. E aqueles que ainda não li. Por sorte, ainda há o que ler 
 
 
1 - A Divina Comédia, de Dante Alighieri 
 
Todo mundo conhece a história: um poeta visita Inferno, Purgatório e Paraíso. Claro que 
o Inferno é mais divertido, com seus luxuriosos, gulosos, heréticos, suicidas, aduladores, 
ladrões, falsários e traidores que sofrem as mais terríveis penas. Há aqueles que correm 
nus, picados por vespas. Há aqueles que jazem em covas ardentes. Há aqueles que 
viram plantas. Há aqueles que são postos num espetinho sobre as chamas. Tudo isso 
pela eternidade. Mas o livro de Dante (1265-1321) não vale apenas pela força de suas 
imagens. Ele consegue combinar impulsos aparentemente inconciliáveis: fantasia 
popular com alta cultura, experimentação linguística com rigor matemático. Talvez seja 
a obra literária mais importante da história. 
 
Autor Dante Alighieri 
Título A Divina Comédia 
Título Original La Divina Commedia 
Ano 1321 
 
 
 
2 - Decameron, de Giovanni Boccaccio
 
Durante a epidemia de peste de 1348, em Florença, sete moças e três rapazes buscam 
refúgio numa casa de campo. Para matar o tempo, decidem contar histórias. Cada um 
conta uma história por dia, por um período de dez dias. O resultado é o Decameron: cem 
histórias de adultérios, enganos, tramóias, patifarias, cinismos, astúcias. Enquanto a 
peste corre solta na cidade, dizimando a população, os dez jovens tratam de contrastá-la 
exaltando o sexo e a razão. É uma homenagem à inteligência humana, à capacidade de 
alguns de contrariar as normas e as convenções e, dessa forma, resistir a tudo. 
[N. do S.: Bocaccio nasceu em 1313 e morreu em 1375] 
 
Autor Giovanni Boccaccio 
Título Decameron 
Título Original Il Decameron 
Ano 1349-51 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Italiana 
por Diogo Mainardi 
 
 
 
 
3 - Ragionamento, Dialogo, de Pietro Aretino 
 
Com um pouco de má vontade, Pietro Aretino (1492-1556) pode até ser considerado um 
escritor menor, indevidamente inserido nessa lista dos dez melhores. Mas ele representa 
um ideal literário: o escritor como figura perigosa e temida, cujo talento verbal pode 
destruir as mais sólidas reputações. Era isso que Aretino fazia: ridicularizava o próximo 
por um punhado de cobres. Tornou-se riquíssimo graças a essa habilidade. Aretino nos 
interessa porque era um escritor mercenário, que usava a literatura como mercadoria. E 
se a literatura pode ser vendida como mercadoria, é porque tem algum valor. 
 
Autor Pietro Aretino 
Título Ragionamento, Dialogo 
Ano 1539 
 
 
 
4 - Vita, de Benvenuto Cellini 
 
Nossa vida é um aborrecimento atroz. Mas não é necessário que seja assim. É o que 
mostra a autobiografia do ourives florentino Benvenuto Cellini (1500-71). Ele não se 
conforma com o próprio destino, transformando-o continuamente, moldando seus 
códigos de valor de acordo com as exigências do momento, ainda que isso o leve a 
mentir, difamar, roubar, matar. É a desordenada afirmação do indivíduo contra a 
sociedade, o triunfo da subjetividade. 
 
Autor Benvenuto Cellini 
Título Vita 
Ano 1728 
 
 
 
5 - Zibaldone, de Giacomo Leopardi 
 
Zibaldone é a confusa tentativa de colocar um pouco de ordem nas idéias. Aquilo que 
deveria constituir um sistema filosófico, porém, fragmenta-se diante das próprias 
dúvidas do autor. Leopardi (1798-1837) não acredita no poder da razão, da virtude, da 
poesia, do amor. Todas as ilusões relativas à nossa capacidade de compreender o mundo 
racionalmente naufragam de modo irremediável. Restam apenas as dúvidas, as 
contradições, o desespero. É a isso que os homens de gênio devem aspirar. 
 
Autor Giacomo Leopardi 
Título Zibaldone 
Ano 1832 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Italiana 
por Diogo Mainardi 
 
 
 
 
6 - La Storia della Colonna Infame, de Alessandro Manzoni 
 
Alessandro Manzoni (1785-1873) é conhecido por seu romance Os Noivos, o maior 
clássico italiano do século 19, leitura obrigatória para os estudantes do país. Mais 
fascinante, hoje em dia, talvez seja "A História da Coluna Infame", breve tratado 
histórico sobre fatos ocorridos durante a peste de 1630, em Milão, quando uns infelizes 
foram torturados e executados depois de serem injustamente acusados de difundir de 
propósito a epidemia. É mais atual do que nunca: uma poderosa denúncia contra as 
manipulações que o poder público faz da ignorância e das superstições do povo. 
 
Autor Alessandro Manzoni 
Título La Storia della Colonna Infame 
Ano 1842 
 
 
 
7 - Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello 
 
Como diz o próprio Pirandello (1867-1936) no prefácio a essa peça teatral, sua literatura 
não é simbólica. Em vez de tentar construir uma simples representação alegórica da 
realidade, ele prefere demolir todas as certezas acerca do trabalho artístico. Os 
personagens já não sabem o que pensar, o que dizer ou como se comportar. É a reflexão 
de um autor que renunciou às fórmulas consolidadas e agora se encontra perdido, sem 
saber qual direção tomar. Uma peça teatral que deve ser lida como um romance. 
 
Autor Luigi Pirandello 
Título Seis Personagens à Procura de um Autor 
Título Original Sei Personaggi in Cerca d’Autore 
Ano 1921 
 
 
 
8 - A Consciência de Zeno, de Italo Svevo 
 
A única razão de vida do [personagem] Zeno Cosini é seu patológico imobilismo. Ele é 
um atento observador de sua condição: reflete a respeito de si com um distanciamento 
científico. Esse romance de Svevo (1861-1928) constitui uma das mais divertidas sátiras 
ao homem contemporâneo, consciente de sua impotência, de sua insignificância e, ao 
mesmo tempo, desprovido de outras fontes de interesse que não sejam ele próprio. 
 
Autor Italo SvevoTítulo A Consciência de Zeno 
Título Original La Coscienza di Zeno 
Ano 1923 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Italiana 
por Diogo Mainardi 
 
 
 
 
9 - É Isto um Homem?, de Primo Levi 
 
Primo Levi (1919-87) foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz durante 
a Segunda Guerra Mundial. É Isto um Homem? é o relato dessa terrível experiência. Mais 
do que por seu valor documental, porém, o livro importa por sua linguagem. Numa 
situação extrema, em que cada esforço desperdiçado tem o efeito de aproximá-lo da 
morte, Levi economiza as palavras, medindo-as, controlando seu peso, dizendo apenas o 
que pode ser dito, eliminando toda a retórica dos sentimentos. 
 
Autor Primo Levi 
Título É Isto um Homem? 
Título Original Se questo É un Uomo? 
Ano 1946 
 
 
 
10 - As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino 
 
As Cidades Invisíveis talvez seja o romance que melhor sintetize a produção literária de 
Calvino (1923-85). Marco Polo descreve ao conquistador Kublai Khan as cidades que 
visitou. Ele não se limita a assumir uma posição passiva diante da realidade. Pelo 
contrário: transforma radicalmente tudo o que vê, buscando a essência das coisas, o seu 
significado simbólico. Em Calvino, a fantasia se torna um elemento fundamental para a 
compreensão do mundo, pois permite tentar criar parábolas a partir dos acontecimentos 
mais prosaicos. 
 
Autor Italo Calvino 
Título As Cidades Invisíveis 
Título Original Le Cittá Invisibili 
Ano 1972 
ISBN 8571641498 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Norte-Americana do Século 20 
Paulo Henriques Britto 
 
 
No século 20, a ficção norte-americana foi de grande riqueza. Os primeiros anos 
do período foram marcados pela fase madura de Henry James, obras cujo estilo denso e 
complexo prenuncia a revolução que seria efetuada pouco depois na Europa por figuras 
como Joyce e Proust. Outros nomes importante das décadas iniciais do século foram F. 
Scott Fitzgerald, John dos Passos e Ernest Hemingway. 
Dois escritores experimentais do período são William Faulkner, que aprofunda o 
romance psicológico inagurado por James, e Gertrude Stein, autora de uma prosa 
personalíssima que bordeja a poesia. A vivacidade vigorosa e descuidada de Henry Miller 
contrasta com o estecicismo cerebral de Vladimir Nabokov, russo naturalizado 
americano. 
No pós-guerra surgem também Norman Mailer, Saul Bellow e o contista John 
Cheever. Um pouco mais tarde temos o humor implacável de Philip Roth e a crônica dos 
subúrbios de John Updike. E o caldo da contracultura dos anos 60 gera ao menos um 
grande romancista - Thomas Pynchon, um dos principais ficcionistas de expressão 
inglesa da atualidade. 
 
 
 
1 - As Asas da Pomba, de Henry James 
 
Obra de plena maturidade, "The Wings of The Dove" (1902) é mais uma abordagem do 
famoso "tema continental" de James - o encontro entre ingenuidade americana e 
sofisticação européia - e uma sutil análise psicológica do amor e da crueldade 
 
Autor Henry James 
Título As Asas da Pomba 
Título Original The Wings of The Dove 
Editora Penguin Books (1986) 
Ano 1902 
ISBN 8500003235 
 
 
 
2 - Três Vidas, de Gertrude Stein 
 
Primeira obra de Stein, esta série de três narrativas sobre as vidas de três mulheres 
humildes é, segundo muitos, a obra-prima da autora. Foi publicada em 1909. 
 
Autor Gertrude Stein 
Título Três Vidas 
Título Original Three Lives 
Editora Library of America (1998) 
Ano 1909 
 
 
 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Norte-Americana do Século 20 
Paulo Henriques Britto 
 
 
 
 
 
3 - O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald 
 
Publicado em 1925, este romance é uma pequena jóia. A história do misterioso Gatsby - 
efêmero sucesso a partir do nada, seguido de fim ignominioso - assume, nas mãos de 
Fitzgerald, uma dimensão trágica 
 
 
Autor F. Scott Fitzgerald 
Título O Grande Gatsby 
Título Original The Great Gatsby 
Editora Charles Scribner (1995) 
Ano 1925 
 
 
 
4 - Contos Completos, de Ernest Hemingway 
 
O estilo seco e cru de Hemingway, marcado pelas frases curtas, despidas de adjetivos, 
foi dos mais influentes do nosso século. Embora seu prestígio crítico esteja atualmente 
em declínio, seus melhores contos continuam a ser considerados exemplares. 
 
Autor Ernest Hemingway 
Título Contos Completos 
Título Original The Complete Short Stories 
Editora Scribner (1998) 
 
 
 
5 - O Som e a Fúria, de William Faulkner 
 
O "Som e a Fúria" é uma história densa e sufocante, em que os mesmos episódios são 
apresentados dos pontos de vista de vários personagens, sendo um deles um deficiente 
mental. Neste romance, lançado em 1929, Faulkner explora com virtuosismo as técnicas 
narrativas desenvolvidas por Joyce apenas sete anos antes em "Ulisses". 
 
Autor William Faulkner 
Título O Som e a Fúria 
Título Original The Sound and the Fury 
Editora Vintage (1990) 
Ano 1929 
 
 
 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Norte-Americana do Século 20 
Paulo Henriques Britto 
 
 
 
 
 
6 - Trópico de Câncer, de Henry Miller 
 
O estilo descuidado, a falta de uma estrura ficcional sólida e a temática por vezes 
obscena não empanam a vitalidade extraordinária de Miller, um escritor que, nos 
defeitos e nas virtudes, guarda grandes afinidades com um dos gigantes do século 19, o 
poeta Walt Whitman, seu conterrâneo. Foi só em 1964 que a Justiça americana permitiu 
que sua obra fosse livremente publicada nos Estados Unidos. "Trópico de Câncer", seu 
primeiro livro, é de 1934. 
 
Autor Henry Miller 
Título Trópico de Câncer 
Título Original Tropic of Cancer 
Editora Grove Press (1989) 
Ano 1934 
 
 
 
7 - Lolita, de Vladimir Nabokov 
 
Em sua obra mais conhecida, "Lolita" (1955), Nabokov traça um retrato satírico da 
América dos anos 50, ao mesmo tempo que exibe sua excepcional destreza ténica. 
 
Autor Vladimir Nabokov 
Título Lolita 
Título Original Lolita 
Editora Vintage (1989) 
Ano 1955 
ISBN 8571644004 
 
 
 
8 - Adeus Columbus, de Philip Roth 
 
Obra de estréia de Roth, esta coletânea de contos de 1959 é uma das grandes estréias 
literárias do pós-guerra norte-americano. Cronista da classe média judia 
assimilacionista, desde seu primeiro livro o autor revelou-se um dos mais criativos 
ficcionistas de língua inglesa de seu tempo. 
 
Autor Philip Roth 
Título Adeus Columbus 
Título Original Goodbye, Columbus 
Editora Vintage (1993) 
Ano 1959 
 
 
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Os 10 mais da Ficção Norte-Americana do Século 20 
Paulo Henriques Britto 
 
 
 
 
 
 
9 - Coelho Corre, de John Updike 
 
Updike, um dos ficcionistas mais prolíficos de nosso tempo, tematiza a classe média 
norte-americana, a banalidade da vida dos subúrbios, com um toque lírico característico. 
Uma de suas principais criações ficcionais é Harry Angstrom, herói de uma tetralogia 
cujo primeiro volume é "Coelho Corre" (1960). 
 
Autor John Updike 
Título Coelho Corre 
Título Original Rabitt, Run 
Editora Ballantine Books (1996) 
Ano 1960 
ISBN 8571642338 
 
 
 
10 - O Arco-Íris da Gravidade, de Thomas Pynchon 
 
Este romance insólito, lançado em 1973, é uma das obras mais desconcertantes de 
nosso tempo. Utilizando os recursos da subliteratura, do cinema, do desenho animado, 
das revistas em quadrinhos e da música popular, Pynchon compõe um imenso labirinto 
de paranóia e humor corrosivo que, embora situado na Europa do final da Segunda 
Guerra Mundial, é, na verdade, uma crítica devastadora à sociedade norte-americana de 
seu tempo 
 
Autor Thomas Pynchon 
Título O Arco-Íris da Gravidade 
Título Original Gravity's Rainbow 
Editora Penguin (1995) 
Ano 1973 
ISBN 8571647992 
 
 
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Os 10 mais da Ciência 
por Marcelo Glaiser 
 
 Qualquer lista compilada por uma pessoa irá refletir os gostos e idéias desta 
pessoa. Minha lista de dez livros sobre ciências não foge a essa regra geral. Meu 
primeiro critério foi a acessibilidade do texto: todas as obras listadas, com exceção do 
livro de Richard Feynman, que é mais técnico, são obras de divulgação científica, 
escritas para o público interessado em ciências e suas repercussões culturais, mas não 
especializado no assunto. Tentei, dentrodo possível, distribuir o conhecimento em áreas 
diferentes da ciência, incluindo biologia, matemática, computação, física e astronomia, 
se bem que confesso que a física e a astronomia têm uma representação mais pesada. 
Todos os autores (com exceção deste que lhes escreve) são muito bem conhecidos, 
vencedores de vários prêmios não só por seu trabalho científico, mas também por seu 
trabalho de divulgação. Eles sabem como conversar com o público, como trazer as idéias 
da ciência sem o jargão, mas com todo o seu lirismo. 
 O leitor corajoso que desbravar essa lista irá sem dúvida adquirir uma visão 
balanceada das idéias mais importantes da ciência, passado e presente (e futuro...), e 
também do que significa fazer ciência. E, claro, se sua curiosidade for aguçada a tal 
ponto de querer mais, todos os livros vêm com indicações de leituras adicionais. Esses 
dez são apenas os primeiros passos em uma aventura intelectual que, felizmente, jamais 
se esgotará: a Natureza é muito mais criativa do que nossa imaginação. 
 
 
 
1 - O Mundo Assombrado pelos Demônios, de Carl Sagan 
 
Sagan (1934-1996) apresenta a ciência como a "vela que ilumina a escuridão" causada 
pela ignorância e pela superstição. Usando exemplos como a crença em extraterrestres 
na Terra, reencarnação, anjos, fadas etc., Sagan, em seu estilo claro e sóbrio, mostra o 
quanto essas "visões" são causadas por uma combinação de fatores que vão desde 
simples alucinações a um desejo inconsciente de estabelecermos contato com o 
desconhecido, o sobrenatural. O livro é uma belíssima defesa da ciência como antídoto 
contra essas crenças, o mundo natural e seus mistérios, ultrapassando nossa imaginação 
e oferecendo conforto às ansiedades humanas. 
 
Autor Carl Sagan 
Título O Mundo Assombrado pelos Demônios 
Título Original The Demon-Haunted World 
Editora Companhia das Letras, 1996 
ISBN 8571646066 
 
 
 
2 - A Unidade do Conhecimento - Consiliencia, de Edward O. Wilson 
 
O escritor e físico inglês C. P. Snow argumentou nos anos 60 que um dos maiores 
problemas da sociedade moderna é sua divisão em duas culturas, a humanista e a 
científica. Wilson (1929), um grande biólogo famoso por seu trabalho com formigas e um 
dos mais conhecidos divulgadores da ciência (duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer), 
tenta construir uma síntese do conhecimento por meio de uma "cientificação" da cultura. 
Para ele, a chave do mistério está no funcionamento da mente humana, que fará 
necessariamente com que aspectos diferentes do conhecimento sejam tratados de forma 
unificada. Ninguém melhor do que ele para embarcar nesta missão tão ambiciosa. 
 
 31
Os 10 mais da Ciência 
por Marcelo Glaiser 
 
 
 
Autor Edward O. Wilson 
Título A Unidade do Conhecimento - Consiliencia 
Título Original Consilience: Unity of Knowledge 
Editora Campos 
Ano 1997 
ISBN 8535203567 
 
 
 
3 - Godel, Escher, Bach, de Douglas Hofstadter 
 
O mistério do infinito, sua representação matemática, gráfica e musical, apresenta um 
dos grandes desafios para a criatividade humana. Neste livro fascinante, Hofstadter tece 
os mecanismos mentais que geram nossa relação com o mundo da matemática e dos 
computadores de forma acessível e brilhante. Usando diálogos inspirados por Alice no 
País das Maravilhas e um estilo dinâmico e provocador, o leitor encontrará aqui uma 
discussão da questão da "inteligência artificial", que, embora escrita há 20 anos, 
continua sendo um padrão do gênero. 
 
Autor Douglas Hofstadter 
Título Godel, Escher, Bach 
Ano 1979 
 
 
 
4 - A Dança do Universo, de Marcelo Gleiser 
 
Usando o grande mistério da origem do Universo como ponto de partida, este livro 
explora a evolução de nossa concepção do mundo, desde versões religiosas até as 
teorias mais modernas da cosmologia. Mais do que apenas um relato da história das 
idéias sobre o cosmo, eu exploro também a vida dos personagens principais que 
participaram desse drama do conhecimento, buscando compreender as fontes de 
inspiração do cientista de forma humanista. O leitor encontrará uma apresentação 
acessível das idéias básicas da física e da astronomia, desde Galileu e Newton até 
Einstein e Heisenberg, que conclui argumentando que - mesmo que o produto final seja 
muito distinto - as fontes de inspiração da ciência e da religião são as mesmas, uma 
compreensão do desconhecido. 
 
Autor Marcelo Gleiser 
Título A Dança do Universo 
Título Original Dancing Universe 
Ano 1997 
ISBN 8571646775 
 
 
 
 
 
 32
Os 10 mais da Ciência 
por Marcelo Glaiser 
 
 
 
 
5 - A Evolução da Física, de Albert Einstein e Leopold Infeld 
 
Einstein (1879-1955) acreditava seriamente na importância da divulgação científica: 
todo cientista tem o dever de apresentar suas idéias à sociedade para que elas sejam 
integradas dentro da cultura da época. Este livro, como já explica o título, traça a 
evolução das idéias da física de modo acessível ao não-especialista. Eu me lembro do 
quanto este livro foi importante durante minha adolescência, quando me debatia com a 
idéia de embarcar ou não em uma carreira científica. 
 
Autor Albert Einstein e Leopold Infeld 
Título A Evolução da Física 
Título Original The Evolution of Physics 
Ano 1938 
ISBN 9723803941 
 
 
6 - The Feynman Lectures on Physics, de Richard Feynman 
 
Para aqueles leitores que querem uma apresentação mais técnica dos fundamentos da 
física, nenhum livro supera esta coleção em três volumes escrita por Richard Feynman 
(na verdade, baseada em suas aulas no California Institute of Technology), um dos 
grandes físicos do século 20. Feynman (1918-1988) apresenta as idéias da física - 
mecânica, eletricidade e magnetismo, gravitação, termodinâmica, ondas, relatividade, 
mecânica quântica - apelando sempre para a intuição antes da matemática. O texto 
requer um conhecimento do cálculo diferencial e integral. 
 
Autor Richard Feynman 
Título The Feynman Lectures on Physics 
Ano 1963 
 
 
7 - A Mente de Deus, de Paul Davies 
 
Alguns cientistas refletem seriamente sobre as conseqüências metafísicas da ciência, em 
particular da física e da cosmologia. Um desses cientistas é Paul Davies, que argumenta 
que a racionalidade do Universo e o fato de estarmos aqui para pensar sobre ele 
oferecem uma "prova" da existência de um intuito universal, uma espécie de mente 
cósmica. Mesmo que eu não concorde com muitos de seus argumentos, a clareza e a 
perspicácia com que Davies apresenta suas idéias irão, sem dúvida, inspirar o leitor 
interessado nessas questões que unem a ciência e a religião. 
 
Autor Paul Davies 
Título A Mente de Deus 
Título Original Mind of God 
ISBN 8500826940 
 
 
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Os 10 mais da Ciência 
por Marcelo Glaiser 
 
 
8 - O Gene Egoísta, de Richard Dawkins 
 
Este livro marca um momento de transição em nossa interpretação da herança 
evolucionária de Darwin. Dawkins, um seguidor de Darwin, mostra, de forma clara e 
convincente, como o processo evolucionário serve aos interesses dos genes, que 
competem por perpetuarem seu domínio! Portanto, evolução deixa de ser um processo 
passivo, dependente de fatores aleatórios e de sua relação com o meio ambiente, para 
se tornar uma conseqüência do ímpeto evolucionário dos genes. Dawkins expande essa 
idéia ao domínio social, introduzindo o conceito de "memes" -basicamente idéias que 
tentam se perpetuar na sociedade. Como disse Dawkins, "se somos fantoches, no 
mínimo podemos tentar entender nossas cordas". 
 
Autor Richard Dawkins 
Título O Gene Egoísta 
Título Original Selfish Gene 
Ano 1976 
 
 
9 - Infinito em Todas as Direções, de Freeman Dyson 
 
Na verdade, eu recomendo todos os livros de Freeman Dyson. Ele é a melhor encarnação 
do espírito do cientista-humanista, capaz de traduzir não só as idéias da ciência, mas a 
visão de mundo do cientista, de uma forma extremamente lírica e sincera. Ele não tem 
medo de mostrar o lado sombra da ciência, as conseqüências destrutivas do processo 
científico. Por outro lado, ao fazê-lo, Dyson nos mostra como cabe à sociedade escolher 
os caminhosfuturos da ciência. Para isso, nada mais importante do que ter uma 
sociedade que conhece os preceitos e idéias básicas da ciência, que determinam em 
grande parte nossa realidade moderna, nosso futuro e nossa sobrevivência como 
espécie. 
 
Autor Freeman Dyson 
Título Infinito em Todas as Direções 
Título Original Infinite in All Directions 
Ano 1988 
ISBN 857123132X 
 
10 - Os Três Primeiros Minutos, de Steven Weinberg 
 
Este livro é um clássico da divulgação científica, em que o vencedor do prêmio Nobel 
Steven Weinberg conta a história dos três primeiros minutos de "existência" do Universo, 
segundo a teoria do Big Bang. Sua leitura não é fácil aos iniciantes, mas altamente 
recomendada, após, por exemplo, a leitura de A Dança do Universo ou do Big Bang de 
Joseph Silk. Foi este livro que me fez escolher minha especialização em cosmologia e 
astrofísica, quando ainda aluno de graduação. Acho que ele inspirará vários outros 
leitores. 
 
Autor Steven Weinberg 
Título Os Três Primeiros Minutos 
Título Original The First Three Minutes 
Ano 1977 
 34
BIBLIOGRAFIA SOBRE A HISTÓRIA DO LIVRO, DA IMPRENSA, DA 
TIPOGRAFIA, DAS BIBLIOTECAS E DA LEITURA 
 
 
 
1. O livro, o jornal e a tipografia no Brasil, Carlos Rizzini - 1829. Ed. Imesp. Relato 
histórico do surgimento do livro e do jornal nas civilizações antigas e análise de seu 
aparecimento no Brasil entre 1500 e 1822. É uma obra-prima, não deixe de ler. Não está 
disponível em livrarias da Internet. 
2. O aparecimento do livro, Lucien Febvre e Henry-Jean Martin - 1992. Ed. UNESP e 
Hucitec. Como surgiu e se difundiu o livro na história. Não deixe de ler. 
3. O livro no Brasil, de Laurence Hallewell - 1982. Ed. EDUSP e T. A. Queiroz. Já 
esgotado; pode ser encontrado em sebos e bibliotecas universitárias ou sob encomenda 
nas melhores livrarias. Um clássico do gênero. Acadêmico inglês que veio para o Brasil 
estudar a nascente cultura editorial do país. Não pode faltar na sua biblioteca. 
4. História da inteligência brasileira, Wilson Martins - 1921. Ed. T. A Queiroz. Um dos 
maiores estudiosos de literatura. Sete volumes de um clássico. Faz uma trajetória da 
história de todos os gêneros literatura brasileira e da importância da cultura eclesiástica 
na construção da inteligência brasileira. 
5. A palavra escrita - história do livro, da imprensa e da biblioteca, Wilson Martins 
- 2001. Ed. Ática. Abrange desde a história do surgimento da palavra escrita, passando 
pela Antiguidade, Idade Média e Moderna e a consolidação das bibliotecas no Brasil e no 
mundo. 
6. History of the Book, Svend Dahl. Ed. J. Lamarre - 1933. Um clássico, referência 
básica para conhecer com profundidade a história do livro. Não há tradução para o 
português. 
7. Documentos para história da tipografia portuguesa nos séculos XVI e XVII, 
Venâncio Deslandes - 1888. Ed. Imprensa Nacional de Lisboa. 
8. Elementos de bibliologia, Antonio Houaiss - 1967. Instituto Nacional do Livro. Livro 
de maior referência no assunto. Já esgotado; pode ser encontrado em sebos e bibliotecas 
universitárias. 
9. A formação da leitura no Brasil, Marisa Lajolo e Regina Zilberman - 1996. Ed. 
Ática. Leva em conta o contexto sócio-político e cultural na formação da figura do leitor 
na sociedade brasileira. 
10. A construção do livro, Emanuel Araújo - 1996. Ed. Nova Fronteira. Livro com perfil 
técnico. Centenas de páginas sobre princípios de técnica e editoração. Maior referência 
sobre o assunto. 
11. Momentos do livro no Brasil - 1998. Ed. Ática. História ilustrada do aparecimento 
do livro, das editoras, e de figuras como Monteiro Lobato, Machado de Assis, Euclides da 
Cunha, no Brasil. Não deixe de ler. 
12. História da Imprensa no Brasil, Nelson Werneck Sodré - 1999. Ed. Mauad. 30 
anos de pesquisa formaram este livro que é a maior referência no assunto. 
13. The printing revolution in early modern Europe, Elizabeth L. Eisenstein - 1983. 
Ed. Canto Series. Análise original sobre a importância social e histórica do surgimento da 
indústria do livro e suas consequências para a Europa medieval e renascentista. 
 35
14. Books and readers in ancient Greece and Rome, Frederic G. Kenyon - 1932. 
Ares Publishers Inc. Da "Ilíada" de Homero, passando pelo pergaminho até os hábitos 
romanos de leitura. Não há tradução para o português. 
15. A history of reading, Alberto Manguel - 1996. Ed. Viking. Análise erudita dos vários 
processos de leitura: desde sinais, livros, imagens, códigos. Abrange arte, cultura, 
história, literatura. 
16. Uma vida entre livros, José Mindlin. Ed. Cia das letras. Famoso empresário e 
bibliófilo paulistano. 
17. Discursos sobre a leitura, Anne-Marie Chartier. Ed. Ática. 
18. A aventura do livro: do leitor ao navegador, Roger Chartier. Ed. Unesp. 
Renomado autor contemporâneo que estuda a história do livro e suas implicações sócio-
culturais. 
19. Fim do livro, fim dos leitores?, Regina Zilberman. Ed. Senac. Análise de clássicos 
da literatura - como "Dom Quixote", de Cervantes, "Fedro", de Platão - que fazem a 
apologia ou crítica da leitura como atividade intelectual nobre ou subversiva. 
20. Fedro, de Platão. Ed. Martin Claret. Obra do mais famoso filósofo grego em que trata 
das características nocivas da leitura para a manutenção dos status quo de uma 
comunidade. Platão atravessou a fase na qual se deu a consolidação do alfabeto, de 
origem fenícia, e, a partir deste, da escrita. O filósofo condena a laicização e o fim da 
tradição de transmissão oral da cultura. 
21. O iluminismo como negócio, de Robert Darnton. Ed. Cia. das letras. História da 
Enciclopédia de Diderot de um ponto de vista insólito: como um empreendimento 
intelectual - a difusão do iluminismo - passou a empreendimento comercial. Fala sobre a 
vida intelectual e editorial da época. 
22. História da leitura no mundo ocidental, Roger Chartier. Ed. Ática. Estudioso 
contemporâneo e muito prestigiado. Traça a história da leitura até os nossos dias. 
23. Cultura escrita e poder no mundo antigo, Alan, K. Bowman. Ed. Ática. Esta 
coletânea tem por objetivo avaliar em que medida a cultura escrita teria ocupado um 
papel ativo nas mudanças históricas da Antiguidade no mundo mediterrâneo e na Europa 
do norte de 600 a.C. a 800 d.C. O livro como um todo ilustra e explora a diversidade das 
práticas escritas e suas relações com a construção do poder na sociedade antiga, 
contemplando as exigências da história e da antropologia. Leitura essencial para aqueles 
cuja área de interesse é a palavra escrita. 
24. Cultura, pensamento e escrita, Alan, K. Bowman. Ed. Ática. Considerando a 
escrita como um objeto que permite reescrever a história do espírito humano, este livro 
reúne ensaios sobre as conseqüências intelectuais da escrita, a revolução intelectual que 
acompanha a passagem das escritas pictográficas para as alfabéticas, as implicações da 
assinatura dos textos, entre outros. 
25. Cultura escrita e oralidade, David Olson. Ed. Ática. Trata dos condicionamentos da 
cultura escrita pelo discurso oral. Numa perspectiva histórica, aborda desde as 
conseqüências do surgimento da escrita até a criação de formas especializadas do 
discurso escrito no início da Era Moderna. 
26. Os livros nossos amigos, Eduardo Frieiro. Ed. Itatiaia. Mineiro, autodiadata, um 
dos mais brilhantes estudiosos do país. De maneira erudita, o livro percorre literatura, 
história, educação, bibliofilia, política de livros. 
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27. Cartografia sentimental de sebos e livros, Marcia Cristina Delgado. Ed. 
Autêntica. Livro introdutório sobre a origem e a história dos sebos no Brasil. Traz 
descrição dos principais sebos, das pricipais cidades. 
28. Leitura, história e história da leitura, Márcia Abreu (org.). Ed. Mercado de Letras, 
Fapesp. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros examinam questões relativas às 
bibliotecas e práticas de leitura, à censura e livros proibidos, ao comércio livreiro e 
estratégias editoriais, a produção e circulação de livros escolares, desde

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