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SISTEMA DE ENSINO NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Orçamento Público Livro Eletrônico 2 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Apresentação .................................................................................................................4 Orçamento Público .........................................................................................................5 1. Orçamento Público ......................................................................................................5 1.1. Conceito ....................................................................................................................5 1.2. Dimensões do Orçamento Público ............................................................................ 7 2. Aprofundando sobre o Orçamento Público .................................................................9 2.1. Consolidando Definições ..........................................................................................9 2.2. Orçamento Autorizativo X Impositivo .................................................................... 10 2.3. Teto de Gastos – Novo Regime Fiscal .................................................................... 16 2.4. Natureza Jurídica do Orçamento ............................................................................17 2.5. Outros Aspectos Relevantes do Orçamento .......................................................... 19 3. Técnicas/Métodos/Espécies de Orçamento ..............................................................23 3.1. Orçamento Tradicional ou Clássico ........................................................................24 3.2. Orçamento Desempenho ou de Realizações ..........................................................25 3.3. Orçamento-programa ...........................................................................................25 3.4. Orçamento Base zero ............................................................................................29 3.5. Orçamento Participativo .......................................................................................32 3.6. Orçamento Incremental ........................................................................................33 3.7. Orçamento por Resultados ou Novo Orçamento Desempenho ..............................34 3.8. PART .....................................................................................................................35 4. Tipos de Orçamentos ...............................................................................................35 4.1. Orçamento Legislativo ...........................................................................................35 4.2. Orçamento Executivo ............................................................................................35 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO 4.3. Orçamento Misto ...................................................................................................36 5. Funções do Orçamento Público ................................................................................37 5.1. Função Alocativa ....................................................................................................38 5.2. Função Distributiva ...............................................................................................39 5.3. Função Estabilizadora ...........................................................................................39 Resumo ........................................................................................................................ 41 Mapa Mental .................................................................................................................45 Questões Comentadas em Aula ....................................................................................46 Questões de Concurso ..................................................................................................49 Gabarito .......................................................................................................................63 Gabarito Comentado .....................................................................................................64 Referências .................................................................................................................. 91 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO ApresentAção Olá, amigo(a) concurseiro(a)! O objetivo, nesta aula é, principalmente, avançar no conhecimento do orçamento público, aprofundando os conceitos das primeiras aulas. Como disse Abraham Lincoln: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”! Vamos fazer nossa parte e criar o nosso futuro! Espero que aproveite bem esta aula que pre- parei com muito carinho. Se gostar, coloque na avaliação. Se não gostar, comente os motivos. Bom proveito! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO ORÇAMENTO PÚBLICO 1. orçAmento público 1.1. conceito O orçamento público é um documento que prevê as quantias de moeda que, num período determinado (normalmente um ano), devem entrar, e fixa as despesas, com especificação de suas principais fontes de financiamento e das categorias de despesas mais relevantes. As- sim, o orçamento público é a conhecida Lei Orçamentária Anual (LOA). Vamos conhecer o conceito doutrinário de orçamento público segundo autores renoma- dos na matéria. De acordo com os autores Abrúcio e Loureiro: O orçamento é um instrumento fundamental de governo, seu principal documento de políticas pú- blicas. Através dele os governantes selecionam prioridades, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade e como distribuí-los entre diferentes grupos sociais, conforme seu peso ou força política. Portanto, nas decisões orçamentárias os problemas centrais de uma ordem de- mocrática como representação e accountability estão presentes. A Constituição de 1988 trouxe inegável avanço na estrutura institucional que organiza o processo orçamentário brasileiro. Ela não só introduziu o processo de planejamento no ciclo orçamentário, medida tecnicamente importante, mas, sobretudo, reforçou o Poder Legislativo. Para o saudoso mestre Aliomar Baleeiro: O orçamento público é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços pú- blicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. Finalmente, para Giacomoni: De acordo com o modelode integração entre planejamento e orçamento, o orçamento anual cons- titui-se em instrumento, de curto prazo, que operacionaliza os programas setoriais e regionais de médio prazo, os quais, por sua vez, cumprem o marco fixado pelos planos nacionais em que estão definidos os grandes objetivos e metas, os projetos estratégicos e as políticas básicas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 1 (CESPE/PGE-PE/ASSISTENTE/2019) O orçamento público, um instrumento fun- damental de governo, constitui o principal documento de políticas públicas. A respeito desse assunto, julgue o seguinte item. Com base no orçamento público, os governantes selecionam as prioridades e decidem como empregar os recursos extraídos da sociedade e como distribuí-los entre diferentes grupos sociais, conforme o peso ou a força política desses grupos. Certo. Veja a definição dos doutrinadores Ciro Biderman e Paulo Arvate, na obra Economia do setor público no Brasil: O orçamento é um instrumento fundamental de governo, seu principal documento de políticas pú- blicas. Através dele, os governantes selecionam prioridades, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade e como distribuí-los entre diferentes grupos sociais, conforme seu peso ou força política. Em uma linguagem técnica, porém, mais simples, o que é orçamento na administra- ção pública? Simplificadamente, podemos dizer que orçamento é um processo contínuo, dinâmico e flexível, que traduz em termos financeiros, para determinado período (um ano), os planos e programas de trabalho do governo. Com palavras um pouco mais técnicas, é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê a arreca- dação de receitas e fixa a realização de despesas para o período de um ano e o Poder Legis- lativo lhe autoriza, por meio de LEI, a execução das despesas destinadas ao funcionamento da máquina administrativa. De modo mais direto, podemos dizer que o orçamento do Estado é o ato contendo a apro- vação prévia das receitas e despesas públicas para um período determinado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 2 (CESPE/MPE-PI/TÉCNICO/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao orçamento público. O orçamento, importante instrumento de planejamento de qualquer entidade pública ou pri- vada, representa o fluxo previsto de ingressos financeiros e a aplicação desses recursos em determinado período de tempo. Certo. Aproveite e confira a literalidade do Mcasp: O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada, e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em determi- nado período. 1.2. Dimensões Do orçAmento público Na verdade, o orçamento público pode ser analisado sob diversos aspectos: político, eco- nômico, social, administrativo, jurídico etc. De acordo com a evolução da sociedade e com a variação de suas necessidades, um ou outro aspecto surge como o mais importante do orça- mento naquele momento. Para parte da doutrina, o orçamento público apresenta três importantes dimensões, todas de interesse direto para a sociedade: dimensão jurídica, dimensão econômica e dimensão política. Existe outra parte da doutrina que elenca outros dois aspectos: administrativo e técnico. De acordo com a atuação jurídica, o orçamento tem caráter e força de lei e, enquanto tal, define limites a serem respeitados pelos governantes e agentes públicos no tocante à realiza- ção de despesas e à arrecadação de receitas. Seguindo a regra geral relativa à elaboração e à aprovação das leis em nosso país, tam- bém o processo legislativo relativo ao orçamento público (PPA, LDO e LOA) passa obrigatoria- mente pelas etapas de discussão e votações nas comissões e em Plenário, inclusive acerca de eventuais emendas e destaques, até a sanção presidencial. 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Nesse quadrante, foram estabelecidos inúmeros mandamentos que visam disciplinar e dar uniformidade à estrutura da lei orçamentária no país, por meio da apresentação de demonstrativos, estimativa da receita, demonstração de resultados e conta- bilização da execução orçamentária, dentre outros. Note outra maneira de visualizar as dimensões do orçamento público: • Jurídica: STF considera o orçamento uma lei formal; • Econômica: plano de ação governamental, isto é, o poder de intervir na atividade eco- nômica (emprego, renda); • Financeira: fluxo de entrada e saída de recursos; • Política: definição de prioridades, visando à inclusão e à realização de programas go- vernamentais no plano de ação a ser executado; • Técnica: formalidades técnicas e legais exigidas no processo orçamentário. Em suma, podemos dizer que o orçamento, portanto, tem aspecto político, porque revela ações sociais e regionais na destinação das verbas. Tem também características econômi- cas, porque manifesta a realidade da economia. É técnico, porque utiliza cálculos de receita e de despesa e tem, ainda, aspectos jurídicos, porque atende às normas da Constituição Fede- ral e de leis infraconstitucionais. Questão 3 (CESPE/IPHAN/AUXILIAR/2018) Em relação ao orçamento público e seus pre- ceitos, julgue o item. Orçamento é o plano contábil que expressa como as ações de governo serão executadas, por meio da aplicação de recursos (despesas) e suas formas de financiamento (receitas). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Errado. O orçamento não é apenas plano contábil, pois contempla uma multiplicidade de aspectos: político, jurídico, contábil, econômico, financeiro e administrativo. 2. AprofunDAnDo sobre o orçAmento público 2.1. consoliDAnDo Definições Nosso objetivo, agora, é avançar no tema orçamento público, também chamado de “or- çamentos anuais”, mas que, tecnicamente falando, de forma restritiva, é a Lei Orçamentária Anual(LOA). Vamos pensar o orçamento como o ato pelo qual o Poder Executivo prevê a arrecadação de receitas e fixa a realização de despesas para o período de um ano e o Poder Legislativo lhe autoriza, por meio de LEI, a execução das despesas destinadas ao funcionamento da máquina administrativa. Outra forma de vermos o orçamento é como um processo mais amplo, englobando tam- bém o PPA e a LDO. Há a ideia de orçamento público em sentido amplo quando se trata das leis orçamentárias: • Plano Plurianual (PPA); • Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); • Lei Orçamentária Anual (LOA). O termo orçamento público também é usado em sentido estrito quando se refere especi- ficamente à LOA, que é o orçamento público anual propriamente dito. Além dos sentidos amplo e estrito, o termo orçamento público ainda pode ser usado em sentido técnico, ou seja, quando se refere à autorização legislativa para execução das despe- sas, ou melhor, à autorização dos representantes do povo “convertida” em créditos orçamen- tários que para que se possa efetuar o gasto público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO O Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza (há um sistema misto), por cer- to período, e em pormenor, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos ser- viços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. Podemos dizer que o orçamento do Estado é o ato contendo a aprovação prévia das recei- tas e despesas públicas para um período determinado. 2.2. orçAmento AutorizAtivo X impositivo No Brasil, o orçamento público é, em relação às despesas discricionárias, autorizativo, e não impositivo, ou seja, a fixação de despesas é uma mera sugestão ou previsão de gastos, sem que haja o dever legal de executá-los. A realização de uma despesa pública (gasto público) está, portanto, condicionada à dis- ponibilidade financeira de receitas arrecadadas durante o exercício financeiro (1º de janeiro a 31 de dezembro, conforme art. 34 da Lei n. 4.320/1964). Nossa Carta Magna determina que o Poder Executivo publique, até 30 dias após o encer- ramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. Ainda de acordo com a CF/1988, art. 168, “os recursos correspondentes às dotações or- çamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes- -ão entregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês”. A fim de evitar o comprometimento de recursos orçamentários que poderiam ficar sem o correspondente financeiro em virtude de frustração na arrecadação da receita, anualmente, o presidente da República tem publicado um decreto de contingenciamento, bloqueando recur- sos, que passam a não estar disponíveis para empenho até segunda ordem. Com a entrada da Emenda Constitucional n. 86/2015, apelidada de “EC do Orçamen- to Impositivo”, tornou-se obrigatória a execução da programação orçamentária relativas às emendas individuais à LOA por parte dos congressistas, sendo que tais emendas serão apro- vadas até 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) prevista no projeto de LOA encaminhado ao Congresso Nacional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Esse apelido não corresponde à realidade. Apenas uma pequena fatia da LOA passou a ser de execução obrigatória, divergindo, assim, do conceito doutrinário de orçamento impositivo, aquele em que a aprovação da lei obriga o Executivo a executar a LOA de forma mais amarrada. Existem ainda alguns doutrinadores que entendem que, somente após a EC n. 100/2019 (adiante comentada), o orçamento impositivo passou a ter vez no Brasil. O que você deve levar para a prova é que, hoje em dia, algumas despesas consignadas no orçamento devem necessariamente ser executadas, ou seja, não podemos mais dizer que o orçamento brasileiro é plenamente autorizativo, sendo, em verdade, em sua maior parte ainda autorizativo, mas também impositivo para as situações previstas na própria CF/1988. É preciso ter muito cuidado com a interpretação da assertiva no dia da prova. Veja duas questões muito sutis elaboradas de forma maldosa. Questão 4 (CESPE/PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/PROCURADOR/2018/ADAPTADA) Em re- lação ao conceito, às espécies e à natureza jurídica do orçamento público, julgue o item a seguir. De acordo com a jurisprudência do STF, o orçamento público, em regra, possui caráter auto- rizativo, ou seja, o simples fato de uma despesa ser incluída no orçamento não gera direito subjetivo à sua realização. Certo. O STF já decidiu que “a previsão de despesa, em lei orçamentária, não gera direito subjetivo a ser assegurado por via judicial”. O simples fato de uma despesa ser incluída no orçamento não gera direito subjetivo à sua realização. Questão 5 (CESPE/PREFEITURA DE SALVADOR/PROCURADOR/2015) Julgue o item a seguir. A CF estabelece que a LOA possua caráter meramente autorizativo, ou seja, inexiste a obriga- toriedade de o Poder Executivo exaurir a verba orçamentária prevista nas diferentes dotações. Dessa forma, a CF não acolheu em seus dispositivos a hipótese de orçamento impositivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Errado. A Emenda Constitucional n. 86/2015, apelidada de “EC do Orçamento Impositivo”, tornou obri- gatória a execução da programação orçamentária relativa às emendas individuais à LOA por parte dos congressistas. A EC n. 86/2015 tornou impositiva apenas emendas individuais dos parlamentares, mas não apresentou qualquer novidade em relação às chamadas emendas de bancadas, aquelas que são apresentadas, por exemplo, por parte de uma bancada de determinado estado da Federação. Apenas com a promulgação da EC n. 100/2019 é que as emendas de bancada também passa- ram a ser obrigatórias (limite para a execução de 0,8% em 2020 e, a partir de 2021, de 1% da RCL) e houve a revogação dos incisos I a IV do § 14, que tratavam das medidas a serem toma- das em caso de impedimento de ordem técnica que inviabilizassem a execução das emendas. Ainda de acordo com a nova redação de nossa Carta Magna feita pela EC n. 100/2019, quando as emendas impositivas resultarem em transferências obrigatórias a estados e municípios, os recursos transferidos não integram a Receita Corrente Líquida (RCL) dos entes destinatários. Além dessas novidades, a EC n. 100/2019, no § 17 do art. 165, dispôs acerca dos restos a pagar no âmbito do orçamento impositivo, determinando que os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 (emendas impositivas individuais e de bancada)poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira até o limite de 0,6% da RCL realizada no exercício anterior, para as programações das emen- das individuais, e até o limite de 0,5%, para as programações das emendas de bancada. Atente-se, portanto, ao fato de que metade das emendas impositivas (0,6% e 0,5%, respec- tiva dos 1,2% para as emendas individuais e do 1% para as emendas de bancada) podem ser destinadas para o pagamento de restos a pagar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO As emendas impositivas podem ser contingenciadas, de acordo com os ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal. O § 19 do art. 165 dispôs acerca do critério equitativo para execução das emendas, de- finindo como equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe critérios objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria. Emendas individuais impositivas – apresentadas pela EC n. 85 – têm como limite para execu- ção de 1,2% da RCL, e emendas de bancada impositivas – estabelecidas pela EC n. 100/2019 – têm como limite para a execução de 1% da RCL a partir de 2021, sendo em 2020 esse limite de 0,8% da RCL. Ainda falando das chamadas emendas impositivas, a partir do 3º ano da promulgação, ou seja, em 2022, até o último exercício de vigência do regime de teto de gastos públicos (EC n. 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O objetivo do art. 166-A é, resumidamente falando, autorizar a transferência direta de re- cursos de emendas parlamentares para estados, ao DF e a municípios sem vinculação a uma finalidade específica, ou seja, o congressista e o ente que receber os recursos de sua emenda parlamentar passam a dispor de maior liberdade na aplicação dos recursos públicos. Trocando em miúdos, o resultado da EC n. 105/2019 é que o acesso aos recursos das emendas parlamentares individuais ficará mais fácil já a partir do orçamento-geral da União de 2020, destinadas aos municípios, estados e Distrito Federal. A CF/1988 determinava que as emendas individuais dos parlamentares fossem obrigato- riamente executadas, embora sujeitas a bloqueios e metade do valor das emendas devia ser destinado à área de saúde. Uma importante inovação feita pela EC n. 105/2019 é a previsão de que seja feita a transfe- rência direta de recursos federais para os demais entes, sem a necessidade de convênio ou instrumento similar com um órgão público intermediário. A ideia é que a descentralização dos recursos realizada dessa forma, com a liberação imediata da verba para os cofres dos estados, DF e municípios traga agilidade e melhoria nos serviços prestados ao cidadão, especialmente nos pequenos municípios. Após a EC n. 105/2019, o parlamentar pode escolher se o dinheiro será transferido com vinculação a um objeto específico (transferência com finalidade definida) ou para uso livre (transferência especial) sob certas condições. Em outras palavras, há dois tipos de transferências: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO a especial (no texto original era chamado de “doação”), que é quando o parlamentar encami- nha recursos para o ente sem destinação específica; e a com finalidade definida, que é quan- do a verba vai “carimbada” para um uso determinado. A EC n. 105/2019 estabeleceu que 60% das transferências especiais realizadas no pri- meiro ano de vigência da emenda constitucional devem ser executadas até o mês de junho e que 70% dos recursos oriundos das emendas parlamentares individuais terão que ser utilizados em investimentos. DICA! Esses recursos não podem ser usados para despesas com pes- soal (ativos, inativos ou pensionistas) e para pagar encargos sociais e não poderão ser usados para pagar juros da dívida. De acordo com esse novo artigo, os municípios, o Distrito Federal e estados poderão dei- xar esses recursos de fora do cálculo de limites com despesas de pessoal, de endividamento e para repartição, no caso dos estados, para os municípios em seu território. Guarde alguns aspectos presentes na EC n. 105/2019 podem aparecer em sua prova: • Transferência especial: o dinheiro é repassado diretamente, sem necessidade de con- vênio ou qualquer outro instrumento e pertencerá ao ente federado após concluído o repasse. Uma vez incorporado à receita do beneficiado, o recurso deverá ser aplicado em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo; • Utilização dos recursos: deve ser respeitado o mínimo de 70% para despesas de capital, exceto encargos da dívida. Assim, 30% podem ser usados para despesas de custeio, como insumos, materiais de consumo, contas de serviços públicos, entre outras; • Cooperação técnica: o município beneficiado pode firmar contratos de cooperação téc- nica relacionados ao acompanhamento da execução orçamentária. Atualmente, esse serviço é prestado pela Caixa Econômica Federal. 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A partir do exercício financeiro de 2018, até o último exercício de vigência do Novo Regime Fiscal, a aprovação e a execução previstas nos §§ 9º e 11 do art. 166 da Constituição Federal cor- responderão ao montante de execução obrigatória para o exercício de 2017, corrigido na forma es- tabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O que a “PEC dos Gastos” especificou foi que, a partir de 2018 até o fim do Novo Regime Fiscal, a aprovação e execução das emendas individuais de execução obrigatória terão como limite o valor do exercício anterior acrescido do IPCA de 12 meses. O chamado Novo Regime Fiscal também inovou ao constitucionalizar os famosos “restos a pagar”, uma vez que, até então, os resíduos passivos relativosàs despesas empenhadas e ain- da não pagas dentro do mesmo ano só tinham previsão em legislação infraconstitucional, de- terminando que os restos a pagar podem ser considerados, até o limite de 0,6% da RCL do ano anterior, para fins de cumprimento da execução financeira obrigatória de emendas individuais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 6 (CESPE/TCE-PE/ANALISTA/2017) Em relação às técnicas e aos princípios do orçamento público, julgue o item a seguir: O orçamento base zero facilita o processo de revisão da decisão a respeito da alocação dos recursos públicos, sendo, por essa razão, adequado às situações em que as despesas públi- cas são limitadas por um teto de gastos. Certo. Em função da nossa grave crise fiscal, com deficit elevados e crescentes, foi aprovada uma PEC para estabelecer um “teto” para os gastos públicos. Nessa linha de raciocínio, torna-se razoável admitir que uma técnica como a do orçamento de base zero, a qual tem o poder de extinguir ou redimensionar programas desnecessários, possa ser utilizada com o fito de atingir o equilíbrio fiscal Os órgãos governamentais terão que justificar, anualmente, na fase de elaboração da sua proposta orçamentária, a totalidade de seus gastos, sem utilizar o ano anterior como valor inicial mínimo. 2.4. nAturezA JuríDicA Do orçAmento O orçamento público, embora com formato de lei e sendo aprovado como tal, é entendido predominantemente no Brasil como lei apenas em sentido formal. Para o famoso doutrinador Ricardo Lobo Torres: A teoria de que o orçamento é lei formal, que apenas prevê as receitas públicas e autoriza gastos, sem criar direitos subjetivos e sem modificar as leis financeiras e tributárias, é que melhor se adap- ta ao Direito Constitucional Brasileiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Em relação à sua natureza jurídica, é bom deixar registrado que o orçamento público, embora tenha formato de lei, sendo aprovado como tal, é considerado lei em sentido formal pela a doutrina dominante. No que diz ao controle abstrato de constitucionalidade de uma lei orçamentária, o STF entende que é possível (ADIs n. 4048 e n. 4049). Embora normalmente só seja possível esse controle para leis consideradas em sentido material. Quando mencionamos o sentido formal da LOA, é porque há uma lei que tem “cara”, ou “forma” de lei, sendo formalmente aprovada pelo Poder Legislativo. A LOA pode ser chamada de lei de efeitos concretos, sendo apenas lei quanto à forma (aprovada pelo Legislativo), mas não quanto à matéria. Lei em sentido material Lei em sentido for ma l Uma lei em sentido material é aquela norma que tem abstração e generalidade, sem des- tinatário certo. É um conjunto de hipóteses normativas abstratas, como, por exemplo, o Código Penal brasileiro, que tipifica o crime de furto, elenca explicitamente o tipo penal como “subtrair coi- sa alheia móvel”, especificando as penalidades para quem comete o ilícito, não mencionando quem será penalizado. Qualquer pessoa, em regra, que subtrair coisa alheia móvel de terceiro, cometerá o crime, não tendo a lei destinatário certo. É uma norma genérica, portanto. Assim sendo, o Código Penal é uma lei em sentido material. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 7 (CESPE/TCE-PE/AUDITOR/2017) Julgue: Prevalece no Brasil a compreensão de que o orçamento público é lei apenas em sentido for- mal, visto que é aprovado pelo Poder Legislativo, mas é substancialmente ato de natureza político-administrativa, insuscetível de hospedar normas gerais ou abstratas próprias de lei em sentido material. Errado. Em regra, o entendimento que você deve levar para a prova é o de que o orçamento público é uma lei em sentido formal. Esse é o entendimento doutrinário predominante. Entretanto, as bancas examinadoras costumam colocar “complicadores” em assertivas que tratam desse tema, ou seja, provavelmente não aparecerá em sua prova uma assertiva que apenas afirme ou negue esse aspecto. A assertiva acima afirmou que é uma lei formal, mas botou uma casca de banana na parte final: “mas é substancialmente ato de natureza político-administrativa, insuscetível de hos- pedar normas gerais ou abstratas próprias de lei em sentido material”. Nesse ponto, o entendimento do examinador, baseado nas ADIs n. 408 e n. 409 do STF, é de que o STF entendeu que a lei orçamentária pode ser objeto de controle em sede abstrata de constitucionalidade e, por tabela, a lei orçamentária pode hospedar normas gerais ou abstra- tas próprias de lei em sentido material. 2.5. outros Aspectos relevAntes Do orçAmento Quem elabora e executa o orçamento Público no Brasil? É apenas o Poder Executivo? O que você acha? Na realidade, todos os Poderes e o Ministério Público elaboram suas propostas orçamen- tárias, porém, quem executa a maior parte das despesas públicas é o Poder Executivo, mesmo porque essa é a sua principal função. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Basicamente, em termos de elaboração da proposta orçamentária, genericamente falan- do, há o seguinte: todos os Poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e mais o Ministério Público), e demais órgãos (unidades orçamentárias) elaboram as suas propostas orçamen- tárias e encaminham para o Poder Executivo (Ministério da Economia que absorveu o antigo MPOG – Planejamento, Orçamento e Gestão), que faz a consolidação de todas as propostas e encaminha um projeto de lei de orçamento ao Congresso Nacional. Nenhuma proposta orçamentária, nem mesmo a do Poder Legislativo, pode ser encaminhada diretamente ao Congresso Nacional pelo órgão que elabora a sua proposta orçamentária. Essa competência é privativa do presidente da República (inciso XXIII do art. 84 da CF/1988). O famoso doutrinador Alexandre de Moraes, agora ministro do STF, descreve que: A iniciativa das leis orçamentárias é exclusiva e obrigatória para Estados e Municípios e ainda argumenta que se trata de iniciativa legislativa vinculada, uma vez que deverá ser remetida ao Con- gresso Nacional no tempo estabelecido pela própria Constituição Federal (in Direito Constitucional, 16ª edição, p. 594). É até comum, em provas de concurso, perguntarem sobre quem tem competência paradispor sobre orçamento público no Brasil. Essa competência é exclusiva do Congresso Nacional. DICA! O termo “dispor” (na área orçamentária) significa votar, apre- sentar e rejeitar emendas, manter ou derrubar vetos do presi- dente da República, aprovar créditos adicionais, fiscalizar etc. Caso o presidente da República se omita, deixando de encaminhar o projeto de lei de or- çamento ao Congresso Nacional, pode, qualquer parlamentar, apresentar esse projeto de lei? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Não! Essa competência é exclusiva do chefe do Poder Executivo, função essa exercida pelo presidente da República. A proposta apresentada por parlamentar caracteriza inconsti- tucionalidade formal. Nessa mesma linha de pensamento, se o envio ao Congresso Nacional do projeto de Lei Orçamentária Anual é de competência privativa (art. 84, caput, XXIII) do chefe do Poder Exe- cutivo e o parágrafo único do mesmo artigo não menciona explicitamente o inciso XXIII como possibilidade de delegação pelo presidente da República da matéria nele constante, significa dizer que a iniciativa do orçamento público é indelegável. Assim, o Doutrinador Alexandre de Moraes, agora Ministro do STF, e, portanto, “produtor” de jurisprudência, prefere, portanto, chamá-la de competência exclusiva. Essa distinção é feita em razão da existência de uma diferenciação entre a competência pri- vativa e a competência exclusiva; esta indelegável, a primeira passível de delegação. Entre- tanto, muitas vezes, existe confusão e trata-se os dois conceitos de forma indistinta. Registre que o fato de a iniciativa ser exclusiva do presidente da República, no caso da União, dentre outras características, faz com que a LOA seja uma lei ordinária especial. A CF/1988 concede autonomia administrativa e financeira ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas da União para elaborarem suas próprias propostas orçamentárias, encaminhando-as ao Poder Executivo para consolidação final. A partir dessa consolidação final, realizada no âmbito do Ministério da Economia (antes era no MPOG – Planejamento, Orçamento e Gestão), uma proposta consolidada de orçamen- to da unidade da Federação é encaminhada ao Legislativo, que a apreciará. Apesar de o Executivo receber inúmeras propostas setoriais de orçamento público, por força do princípio da unidade orçamentária (implícito no art. 165, § 5º, da CF/1988, combi- nado com art. 2º, caput, da Lei n. 4.320/1964, onde está explícito), somente poderá haver um único projeto de LOA, para cada ente político, e em cada exercício financeiro, de sorte que o Congresso Nacional só recebe um PLOA. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Cuidado com essa pegadinha. Existem questões de concursos que alegam que seria possível um Poder enviar sua própria proposta orçamentária diretamente ao Poder Legislativo. Fique atento(a), não vacile, marque falsa! Só quem envia é o presidente da República! A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o orçamento público propriamente dito, devendo conter exclusivamente duas matérias: previsão de receita e fixação de despesa. A receita orçamentária pode ser arrecadada acima do valor previsto no orçamento público por não existir teto para a receita! Se tratando da despesa, usamos a expressão “fixação”, por ser prevista com um limite até o qual poderá ser executada. A esse limite de autorização de gastos dá-se o nome de dotação orçamentária, que é a expressão monetária do crédito orça- mentário, autorização discriminada para se gastar recursos. Assim, no tocante às despesas, o orçamento público estabelece autorizações de gastos por meio dos chamados créditos orçamentários, limitados por suas respectivas dotações. Destaque-se ainda que, de acordo com o art. 166 da Carta Magna, os projetos de lei relati- vos ao PPA, à LDO, à LOA e aos créditos adicionais devem ser apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum, ou seja, devem ser analisados e votados pelo Poder Legislativo. O próprio art. 167, VII, da CF/1988, estabelece a seguinte vedação orçamentária: Art. 167. São vedados: VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados; Raciocine comigo: se é o Poder Legislativo que autoriza a LOA e, portanto, os créditos orçamentários com suas respectivas dotações, significa dizer que o Legislativo não poderá conceder um crédito ilimitado para o Poder Executivo gastar ilimitadamente. Concorda? Por essa razão existem limites de gastos preestabelecidos para cada crédito orçamentário. Professor, na prática, como se elabora o orçamento público? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Essa tarefa é bastante complexa e é chamada de processo de elaboração da proposta orçamentária, entretanto, pode ser simplificadamente explicada da seguinte forma... Pense no seu orçamento familiar, no qual são orçados os gastos do mês em função das receitas recebidas. Na administração pública, funciona um pouco diferente, pois as receitas a serem arreca- dadas já estão previstas em lei, e incumbe ao Poder Executivo prever o quanto será arreca- dado no ano subsequente e a fixação das despesas em função dessas receitas, cabendo ao Congresso Nacional autorizar sua execução. A previsão das receitas e a fixação das despesas é semelhante à ideia do seu orçamento familiar, só que com muito mais complexidade e burocracia. Para atender o que determinam as normas atuais e as mais avançadas técnicas orça- mentárias, no atual modelo orçamentário brasileiro deve existir estreita conexão entre pla- nejamento e orçamento, formando, assim, o que poderíamos chamar de binômio inseparável. Na verdade, a distribuição de recursos são políticas públicas. Para tanto, deve haver pla- nejamento para o entrelaçamento entre planejamento, orçamento-programa e implementa- ção das ações. Esse inter-relacionamento, no caso brasileiro, teve seu marco inicial, pelo menos do ponto de vista legal, com o advento da Lei n. 4.320/1964, que pretendeu instituir o orçamento-pro- grama, instrumento de alocação de recursos com ênfase não no objeto de gasto. Você não precisa ser entendido(a) no assunto para saber que os principais problemas da economia brasileira têm sido a deficiência ou até mesmo a ausência de planejamento de longo prazo. 3. técnicAs/métoDos/espécies De orçAmento Ao longo da história, o orçamento público evoluiu em termos de conceito, funções e téc- nicas de elaboração, ganhando gradativa importância no sentido de uma ferramenta funda- mental para a boa gestão de recursos por parte da administração pública. Alguns autores chamam essa classificação de tipos de orçamento e a que vimos comoespécies de orçamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO 3.1. orçAmento trADicionAl ou clássico Com o surgimento do Estado Liberal inglês no século XIX, houve alguns reflexos também na administração pública e em suas ferramentas de gestão, sendo destacada a criação do chamado “orçamento tradicional ou clássico”, cuja ideia principal era de permitir a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, com o fito de controlar eventuais aumentos dos gastos públicos. Esse modelo orçamentário serviu também como uma ferramenta de controle político so- bre o Poder Executivo. Deixava em segundo plano os seus demais aspectos, quais sejam: econômico, contábil, administrativo e jurídico. De acordo com a metodologia clássica adotada na elaboração do orçamento, a admi- nistração pública e seus respectivos órgãos e entidades recebiam dotações de recursos que seriam destinados ao pagamento dos funcionários e das compras de matérias e insumos do período, sem que qualquer vinculação entre esses recursos e o seu planejamento, seus pla- nos detalhados de trabalho e seus objetivos de curto, médio e longo prazo. O que era levado em consideração no que diz respeito à distribuição de recursos para determinado exercício era o valor gasto no ano anterior, sem considerar, portanto, as ações, planos e programas de trabalho previstos para o ano seguinte, sendo a falta de planejamento da ação governamental uma das principais características do orçamento tradicional. Esse tipo de orçamentação pública ficou conhecido como “lei de meios”, pois focava nos meios e não nas metas e objetivos do Estado. Vale destacar que não existiam ferramentas de controle adequadas para garantir a efe- tividade do gasto público, sendo os únicos parâmetros a honestidade do agente público e a adequação do produto público às necessidades da população. Classificações para instrumentalizar o controle das despesas: 1. por unidades administrativas (órgãos responsáveis pelo gasto); 2. por objeto ou item da despesa. Função: controle político Por meio do controle contábil Orçamento tradicional O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO No Brasil, as primeiras demandas para a implementação de orçamentos formais surgiram após a Independência, com a Constituição Federal de 1822. Merece ser mencionada a primeira lei de orçamento no Brasil, a Carta de Lei de 15/12/1830, cujo objeto era orçar a receita e fixar a despesa para o período de 1831 a 1832. 3.2. orçAmento Desempenho ou De reAlizAções A principal mudança da metodologia de orçamentação pública, ou melhor, a mais impor- tante evolução do orçamento para o orçamento de desempenho ou de realizações foi mudar o foco de “com o que o Estado” gasta para “qual a finalidade do gasto”. Orçamento desempenho – realizações Preocupa-se em saber as coisas que o Governo faz e não as coisas que o Governo compra. Gasto Resultado Desvinculado a um planejamento centro das ações do governo. O orçamento de desempenho é considerado o precursor do orçamento-programa e sua característica fundamental é trazer para o orçamento uma dimensão programática aliada com a explicação detalhada dos gastos de cada unidade, buscando atender à população com eficiência e economia, sem, entretanto, vincular os objetivos governamentais de longo prazo, ou seja, seu planejamento estratégico ao orçamento. 3.3. orçAmento-proGrAmA Como tudo na vida, as técnicas orçamentárias evoluíram ao longo da história, desde o orçamento tradicional, com ênfase no gasto, passando pelo orçamento de desempenho, até o que denominamos hoje de orçamento-programa, com ênfase nas realizações. 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O orçamento-programa explicita o princípio da programação ao apresentar os programas de cada órgão do governo, incluindo os objetivos a serem alcançados, determinando as ações que serão desenvolvidas para atingir esses objetivos, e calcular e consignar os recursos para efetivar essas ações. 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Seu objetivo é fixar as despesas públicas a partir da identificação das necessidades públi- cas sob a responsabilidade de determinado nível de governo e da sua organização, de acordo com as suas prioridades. É notório que os seus aspectos administrativos e econômicos são privilegiados em detri- mento do aspecto político. Merece destaque também o Decreto-Lei n. 200/1967, que detalhou os aspectos opera- cionais do orçamento-programa e orientou a administração pública federal de modo a esta- belecer o orçamento-programa anual como um instrumento de planejamento, com a ideia de discriminar a despesa pública por objetivo. O orçamento-programa tornou-se realidade com o Decreto n. 2.829/1998, que estabele- ceu normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e dos orçamentos da União. A ideia do orçamento-programa é fazer com que o gasto público possa ser detalhado de modo a enfatizar a sua finalidade, identificando para cada gasto a respectiva a ação, definin- do o responsável pela respectiva execução de cada ação, além de apresentar individualmente os resultados esperados para cada uma delas. Veja um exemplo hipotético na figura: Secretaria de Educação R$50 milhões Qual a finalidade? Função educação Sub-função educação fundamental Quais as ações necessárias? Programa de redução de analfabetismo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgaçãoou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Como benefícios mais relevantes do orçamento-programa podemos citar a integração ente o planejamento e o orçamento, a quantificação dos objetivos e metas, a utilização das relações de insumo-produto e das diversas alternativas programáticas em seu processo de- cisório, além de permitir o uso de ferramentas para medir os seus resultados. Orçamento-programa prioriza atender aos objetivos, metas e prioridades definidos no plane- jamento das ações do governo, integrando planejamento e orçamento. Guarde algumas características positivas do orçamento-programa: • permite melhor planejamento das ações do governo; • facilita a identificação dos gastos e a realização por programas e sua comparação em termos absolutos e relativos; • contribui para uma orçamentação mais precisa; • inter-relação entre custo e programação vinculada a objetivos; • permite maior possibilidade de redução de custos; • torna mais fácil identificar funções duplas; • foca no que a instituição realiza e não no que ela gasta; • permite melhor controle e execução dos programas. Questão 8 (CESPE/PGE-PE/ANALISTA/2019) No que se refere ao sistema de planejamento e orçamento do governo federal, julgue o item subsequente. Na elaboração do orçamento-programa, são considerados todos os custos dos programas subtraindo-se aqueles que extrapolem o exercício. Errado. Na elaboração do orçamento-programa, devem ser considerados todos os custos dos pro- gramas, inclusive aqueles que extrapolem o exercício. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Outras espécies de orçamento podem ser usadas como apoio ao orçamento-programa. Veja, por exemplo, que a elaboração do orçamento de algumas ações pode ocorrer de maneira incremental. Assim, como o valor a ser pago, em condições normais, para as contas de ener- gia elétrica e telefone, sofre pequena variação de um ano para outro, pode-se aplicar apenas a inflação acumulada, utilizando o método tradicional, acrescentando a inflação do período sobre o valor do orçamento dessa ação no ano anterior. Um resumo comparativo entre as principais características dos orçamentos tradicional e programa. ORÇAMENTO TRADICIONAL ORÇAMENTO MODERNO O processo orçamentário é dissociado dos pro- cessos de planejamento e programação. O orçamento é o elo entre o planejamento e as funções executivas da organização. A alocação dos recursos visa à aquisição de meios. A alocação de recursos visa à consecução de objeti- vos e metas. As decisões orçamentárias são tomadas tendo em vista as necessidades das unidades organizacionais. As decisões orçamentárias são tomadas com base em avaliações e análises técnicas das alternativas possíveis. Na elaboração do orçamento, são consideradas as necessidades financeiras das unidades organizacionais. Na elaboração do orçamento, são considerados todos os custos dos programas, inclusive os que extrapolam o exercício. A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos de gestão. A estrutura do orçamento está voltada para os aspec- tos administrativos e os de planejamento. 3.4. orçAmento bAse zero Logo após a implementação do orçamento-programa no Brasil, apareceu nos Estados Unidos o chamado “orçamento base zero”. Esse modelo de orçamentação foi criado por uma empresa privada, a Texas Instruments Co., que posteriormente ficou conhecida no mundo inteiro por suas excelentes calculadoras financeiras, e foi trazido do setor empresarial para o setor governamental. A sua ideia-chave é fazer com que todas as despesas de todos os órgãos sejam justifica- das detalhadamente, sem permitir que o simples fato de que uma despesa que já estivesse no orçamento do ano anterior fosse simplesmente repetida, tratando cada gasto demandado como um novo gasto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO DICA! A ideia é passar um pente fino em TODOS OS GASTOS! Quando da elaboração da proposta orçamentária para o ano posterior, toda informação prévia relativa aos anos anteriores era desprezada, ou seja, a necessidade e a utilidades de cada despesa deveria ser vista como se fosse completamente nova. O foco desse modelo de orçamentação era identificar gastos, programas, até em órgãos que não tinham utilidade prática para a administração pública. Seguindo essa linha de raciocínio, para que um gasto fosse “aprovado”, deveria ser efi- ciente e eficaz, não poderia ter ainda mais suas operações reduzidas ou eliminadas. Conceito do orçamento base zero OBZ Outros Orçamentos Visão das contas por pacotes e por áreas Visão das contas por áreas Incentiva revisão dos processos Se baseiam no orçamento do exercício anterior Propõe priorização na alocação de recursos Tratam todos os custos igualmente Envolvimento de todos os níveis da organização A alta gestão tem menor visão da parte operacional Vamos agora ver um comparativo entre os orçamentos base zero (OBZ) e tradicional: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO ORÇAMENTO TRADICIONAL O histórico serve como base, sendo necessário somente o acerto de alguns gastos. Custos não são revistos e podem ocorrer desperdícios. Autonomia baixa. Não demanda tomada de decisões. Planejamento financeiro pode não estar alinhado à estratégia. ORÇAMENTO BASE ZERO (OBZ) Folha de papel em branco, ou seja, do zero. Custos são detalhados e justificados. Devidamente alocados e alinhados aos objetivos. Autonomia (alta) total do gestor para tomada de decisões. Planejamento financeiro 100% orientado para atingir as metas. Base Custos Autonomia Metas Questão 9 (CESPE/CGM-JOÃO PESSOA/TÉCNICO/2018) A respeito de orçamento público, julgue o item seguinte. O orçamento-programa consiste no processo de elaboração de orçamento que exige dos gestores, a cada novo exercício, a justificativa detalhada dos recursos solicitados. Errado. A assertiva refere-se ao orçamento base zero, técnica que consiste na obrigação de que o ad- ministrador justifique, a cada ano, todas as dotações solicitadas em seu orçamento, incluindo alternativas, análise de custo, finalidade, medidas de desempenho, e as consequências da não aprovação do orçamento. A ênfase é na eficiência, e não se preocupa com as classifica- ções orçamentárias, mas com o porquê de se realizar determinada despesa. O grande legado do orçamento base zero foi o combate à ideia, que existia até então, de gastos simplesmente repetidos de períodos anteriores, acrescentado a expectativade infla- ção. Tudo tinha que ser revisto e novamente justificado! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 10 (CESPE/STM/ANALISTA/2018) Acerca de administração financeira e orçamen- tária e do orçamento público no Brasil, julgue o item. Os programas executados de acordo com a técnica do orçamento-programa devem ser ze- rados ao final do exercício financeiro, a fim de que os órgãos públicos sejam obrigados a demonstrar os custos e benefícios de cada programa, sob pena de descontinuidade dos pro- gramas. Errado. Na verdade, é o orçamento base zero que deve ser zerado ao final do exercício. O orçamento-pro- grama deve ser analisado ao final do exercício, e ajustado para o atendimento das metas do PPA. 3.5. orçAmento pArticipAtivo O orçamento participativo é um instrumento que deve ser usado para colocar o cidadão co- mum como parte da gestão pública, permitindo a participação da população nos processos de elaboração e alocação dos recursos públicos, levando em conta as suas demandas; usando, para isso diversos, canais de participação, seja por meio de lideranças ou via audiências públicas. Ciclo do orçamento participativo Debate de ideias Execução Desenvolvimento Votação pública Avaliação técnica O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO O processo de orçamento participativo ainda não possui uma metodologia única, varian- do entre os entes municipais e estaduais que começam a usá-lo. Questão 11 (CESPE/MPE-PI/ANALISTA/2018) Julgue o próximo item, relativo aos tipos de orçamentos públicos. O orçamento participativo contempla a participação da população no processo decisório por meio de lideranças ou de audiências públicas. Certo. A modalidade de orçamento participativo contempla a participação da população na alocação de alguns recursos do orçamento, seja por meio da participação direta (audiências públicas) ou grupos organizados (lideranças), estimulando o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem público. É um importante espaço de debate e decisão político-par- ticipativa. Nele, a população interessada decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados, a cada ano, com os recursos do orçamento. Por meio dessa técnica orçamentária, a alocação de alguns recursos contidos no orçamento público é decidida com a participação direta da população, ou por meio de grupos organi- zados da sociedade civil, como a associação de moradores. Entretanto, até o momento, sua aplicação em solo brasileiro restringe-se ao âmbito municipal. 3.6. orçAmento incrementAl O orçamento incremental usa a base de dados gerada a partir de períodos anteriores. É um tipo de orçamento básico, mas rápido e fácil de elaborar. Em outras palavras, é um modelo orçamentário baseado na aplicação de ajustes marginais nos itens de receita e despesa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 12 (CESPE/STM/TÉCNICO/2018) Com relação a técnicas e princípios orçamentá- rios, julgue o item seguinte. O orçamento incremental tem como base as receitas e despesas ocorridas no período ante- rior, sobre as quais são feitos ajustes marginais. Certo. O orçamento incremental funciona exatamente de modo inverso ao orçamento base zero, ou seja, é a técnica que se baseia nos quantitativos do orçamento do período anterior. Pode-se dizer ainda que orçamento incremental é o orçamento feito por meio de ajustes mar- ginais nos seus itens de receita e despesa, ou seja, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis. Com o surgimento do chamado regime do teto de gastos (novo regime Fiscal) no âmbito das finanças públicas da União, e copiada por alguns estados, começam a existir debates no meio acadêmico acerca da utilização da técnica do orçamento incremental no Brasil. A tese elaborada por quem defende essa ideia é que, como o regime do teto de gastos baseia-se na execução orçamentária do ano anterior com incremento apenas dos índices inflacionários, indiretamente, seria uma aplicação prática desse modelo orçamentário. É interessante conhecer esses argumentos, mas não entremos nessa polêmica. Adote a ideia de que no Brasil usa-se o orçamento-programa. 3.7. orçAmento por resultADos ou novo orçAmento Desempenho Há, atualmente, a tendência de se tentar melhorar o desempenho dos governos e, para isso, faz-se necessário dotar as decisões governamentais, no que diz respeito a orçamento, de ainda mais racionalidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO A principal mudança em relação ao orçamento desempenho é que, no novo, foca-se no resultado e na sua aferição por meio de indicadores no que diz respeito ao Sistema de Estrutura de Programa, ao Sistema de Mensuração de Desempenho e ao Sistema de De- terminação de Custos. 3.8. pArt Basicamente, leve para a prova que o PART, sigla em inglês para “Program Assessment Rating Tool”, usado nos Estados Unidos nos anos 2001 e 2002, funciona por meio de um questionário utilizado para avaliar o propósito, o desenho, o planejamento, a gestão, os re- sultados e a prestação de contas, com o fito de verificar se um programa é realmente eficaz. Como resultado das avaliações efetuadas, o PART ainda fornece informações e sugestões para melhorar os resultados dos programas avaliados. 4. tipos De orçAmentos Quando falamos em tipos de orçamento público, estamos relacionando esse tema ao regime político em que é elaborado o orçamento público combinado com o sistema de governo vigente. Aqui no Brasil, já tivemos a oportunidade de conviver com três tipos de orçamento público. 4.1. orçAmento leGislAtivo É o tipo de orçamento público típico de países parlamentaristas, em que elaboração, a vo- tação e o controle do orçamento são de competência do Poder Legislativo, cabendo ao Poder Executivo apenas a sua execução. Esse tipo vigorou, no Brasil, à época da CF/1891. 4.2. orçAmento eXecutivo É o tipo de orçamento público típico de países ditatoriais, em que elaboração, a votação, a execução e o controle do orçamento são de competência do Poder Executivo. Esse tipo vigo- rou no Brasil à época da CF/1937. O conteúdo deste livro eletrônicoé licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO 4.3. orçAmento misto É o tipo de orçamento público em que a votação e o controle do orçamento são de com- petência do Poder Legislativo, enquanto a elaboração e a execução são de competência do Poder Executivo. Esse é o tipo que vigora no Brasil atual e está previsto na CF de 1988. Veja um exemplo: ELABORAÇÃO APROVAÇÃO EXECUÇÃO PODER EXECUTIVO PREFEITURA PODER LEGISLATIVO CÂMARA DE VEREADORES PODER EXECUTIVO PREFEITURA ORÇAMENTO MISTO - MUNICÍPIO ORÇAMENTO PÚBLICO Questão 13 (CESPE/TCU/AUDITOR/2015) Julgue o próximo item. Considerando a evolução conceitual da terminologia usada em referência ao orçamento, o Brasil utilizou o orçamento legislativo, o executivo e o misto ao longo de sua história. Certo. Aqui no Brasil já tivemos a oportunidade de conviver com três tipos de orçamento público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO O do tipo legislativo, aquele em que elaboração, a votação e o controle do orçamento são de competência do Poder Legislativo, cabendo ao Poder Executivo apenas a sua execução, vigo- rou no Brasil à época da CF/1891. O do tipo executivo, em que elaboração, a votação, a execução e o controle do orçamento são de competência do Poder Executivo, vigorou no Brasil à época da CF/1937. E, finalmente, o do tipo misto, que vigora no Brasil atual e está previsto em nossa CF de 1988, em que a votação e o controle do orçamento são de competência do Poder Legislativo, en- quanto a elaboração e a execução são de competência do Poder Executivo. 5. funções Do orçAmento público Bem, é importante dizer que a ação econômica do setor público está vinculada às funções que promove junto à sociedade, dentre as quais: contribuir no fornecimento de bens públicos, melhorar a distribuição da renda, promover a estabilidade e impulsionar o crescimento econômico. Basicamente, os objetivos da política orçamentária são corrigir as falhas de mercado e as distorções, visando manter a estabilidade, além de melhorar a distribuição de renda, e alocar recursos com mais eficiência nos gastos. Para que o governo possa realizar políticas de alocação e de realocação de recursos escas- sos, torna-se imprescindível a existência de fontes de arrecadação de recursos, necessárias ao pagamento do que chamamos de estrutura pública, responsável pelos estudos e aplicações de políticas econômicas objetivadas na equidade e no crescimento e distribuição da renda no país. Nessa linha de raciocínio, para alcançar os objetivos das políticas públicas, a política or- çamentária tem como objetivos, de modo amplo, fomentar o crescimento econômico, asse- gurar o cumprimento das funções elementares do Estado, como justiça e segurança, melho- rar a distribuição de renda, corrigir as imperfeições do mercado ou atenuar os seus efeitos e manter a estabilidade econômica e social e universalizar o acesso aos bens e serviços produ- zidos pelo setor público ou pelo setor privado. Os objetivos da política orçamentária são alcançados em razão da capacidade do Estado de influenciar na economia por meio da recombinação dos recursos arrecadados no momen- to da realização da despesa pública. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Segundo a classificação de Richard Musgrave sobre as funções do setor público (Estado) e do orçamento, em economias de mercado, existem três funções exercidas pelo Estado. Função Alocativa Promoção de ajustamentos na alocação de recursos. Função Distributiva Promoção de ajustamento na distribuição de renda. Função Estabilizadora Manutenção da estabilidade econômica. 5.1. função AlocAtivA A função alocativa do setor público está relacionada às ações empreendidas no forneci- mento de bens e serviços não disponibilizados pela economia de mercado. O setor público disponibiliza bens e serviços para consumo coletivo e não exclusivo a esta ou aquela faixa da população. Em referência, cita-se como exemplo de bens públicos a segurança. A ideia básica da função alocativa é de o setor público atuar onde a iniciativa privada, so- zinha, não consegue ou não tem interesse de atuar. Questão 14 (CESPE/SE-DF/ANALISTA/2017) Os Jogos Olímpicos transformaram o Rio de Janeiro, avalia o jornalista suíço Jean-Jacques Fontaine, que lançou recentemente o livro Rio de Janeiro e os Jogos Olímpicos, uma cidade reinventada. Para o jornalista suíço, foram os Jo- gos que permitiram investimentos importantes na mobilidade urbana, na segurança, na saúde e na educação. Entre os projetos alavancados incluem-se a construção de quatro corredores de BRT e a expansão do metrô, embora tais projetos existissem desde a década de 60 do sé- culo XX; o crescimento das unidades de polícia pacificadora (UPPs), apesar de agora a política de segurança estar em declínio; e a ampla reforma urbana na região portuária, que, no entanto, ainda não conseguiu decolar a maior parte dos investimentos imobiliários previstos no Porto Maravilha. Valor Econômico, 26/7/16. Internet: <http://www.valor.com.br> (com adaptações). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARCIA PEREIRA DOS SANTOS - 74711709134, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 94www.grancursosonline.com.br Manuel Piñon Orçamento Público NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO Considerando as informações apresentadas, julgue o item a seguir, acerca das funções eco- nômicas do Estado e de suas formas de atuação. Por meio da implantação de UPPs em comunidades carentes dominadas pelo crime or- ganizado, o Estado atuou no âmbito de sua função alocativa, garantindo a oferta do bem público segurança. Certo. Via sua função alocativa, o Estado realizou a oferta do bem público segurança que, no caso das UPPs, foca nas comunidades carentes dominadas pelo crime organizado. 5.2. função DistributivA A função distributiva refere-se às ações de caráter redistributivo efetuadas por meio de medidas de transferência que o Estado executa em favor dos segmentos menos favorecidos na sociedade. Ressalta-se, como exemplo, a implementação de estrutura tributária progressiva cujos valores arrecadados de impostos dos possuidores de riqueza sejam transferidos para pesso- as de baixa renda, por meio da oferta de educação e saúde de qualidade. O Bolsa Família talvez seja o exemplo mais emblemático da função distributiva (estilo Robin Wood), uma vez que o governo transfere, para os mais pobres, os valores arrecadados de toda a sociedade de acordo com a capacidade contributiva de cada