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SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATAL Margarete Martins SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATAL MARGARETE MARTINS OBJETIVO Realizar um exame físico no RN e Criança, descrevendo os aspectos fisiológicos e identificando os fatores anormais, visando a elaboração do diagnóstico, anotação, evolução, prescrição e assistência de enfermagem. O e x ame f Ì s i co r e q u e r conhecimento, atitude, habilidade e prática para reconhecer sinais e sintomas que tenham significado para a enfermagem e que expressem alterações do estado do paciente. Constituindo um desafio para o enfermeiro, por envolver tanto aspectos técnico- científicos como uma relação interpessoal com o cliente. . PEDIATRIA: A Pediatria é a parte da medicina que se limita a biologia do ser humano em crescimento. Tem por objetivo: Promover o crescimento e desenvolvimento normal da criança desde o nascimento até o fim da adolescência. Prevenir as doenças possíveis de serem evitadas durante o período de crescimento e desenvolvimento. Curar as crianças doentes com o objetivo de reintegrá-las o mais rapidamente possível no seu ritmo normal de crescimento e desenvolvimento. O EXAME DO RN Como explicita a Resolução do COFEN n.º 272/2002 o exame físico deve ser realizado para identificar sinais e sintomas do paciente, a partir das técnicas de inspeção, percussão, ausculta e palpação. Brunner e Suddart consideram que inspeção, palpação ,percussão e ausculta são instrumentos básicos para o exame físico , complementados por equipamentos especiais para melhor definição de detalhes. Entretanto, a observação sistematizada na realização do exame físico tem sido pouco exercida na prática assistencial do enfermeiro . Para realizá-lo na criança , o enfermeiro deve considerar a abordagem básica para o exame, o ambiente e o instrumento utilizado, a interação com a criança e o meio , o preparo da criança e a flexibilidade na seqüência cefalopodálica, em geral iniciando por procedimento indolor Como fazer AVALIAÇÃO GERAL PELE CABEÇA PESCOÇO TÓRAX ABDOMEM MEMBROS:( MMSS E MMII) GENITÁLIA E REGIÃO ANAL REFLEXOS SSVV 1. PELE Descamação fisiológica em pós-termos (pés e mãos) Petéquias, exantemas, turgor, elasticidade. Hemangiomas São manchas vermelho-violáceas comumente observadas na nuca, região frontal e pálpebras superiores. Desaparecem em alguns meses até 2 anos. Manchas mongólicas Manchas azuladas extensas, que aparecem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial mais comum em crianças negras, costumam desaparecer com o decorrer dos anos Eritema tóxico Reação tegumentar ao ambiente extra uterino,aparecem pequenas lesões eritemato-papulosas observadas nos primeiros dias de vida(irritação no banho, roupa ou choro) regridem em poucos dias. Milium sebáceo Consiste em pequenos pontos branco-amarelados localizados principalmente em asas de nariz,genitália e fronte. COLORAÇÃO Os recém-nascidos de cor branca são rosados e os de cor negra tendem para o avermelhado Palidez : Sugere a existência de anemia , se intensa sugere hemorragia Cianose Generalizada: Geralmente por problemas cardio-respiratórios. Localizada: cianose de extremidades pode ser originada por hipotermia; a periumbilical pode ter um significado importante, (pode sugerir infecção). ICTERÍCIA Cor amarelada da pele, esclerótica dos olhos, unhas, plantas dos pés, palmas das mãos e mucosas. EDEMA Geralmente desaparece em 24 a 48 horas, localizado em face ao nível dos olhos e no dorso de mãos e membros inferiores. Descrever intensidade e localização O VÉRNIX CASEOSO É um material gorduroso branco, formado pelo acúmulo de secreção das glândulas sebáceas, recobrindo a pele ao nascimento LANUGEM É um crescimento de pêlos finos e macios que pode ser visto nos ombros, nas costas, nos lóbulos da orelha e na testa do recém-nascido, desaparecendo semanas após o nascimento CONFORME VOCÊ EXAMINA O BEBÊ, VERIFIQUE SE ELE 1) Está respirando 2) Está tendo dificuldade em respirar, ou 3) Não está respirando. 4) Observe a cor do bebê. O rosto e o peito devem estar rosados, não acinzentado nem azulados. 5) Em bebês de pele mais escura, você pode avaliar a cor da língua, lábios e mucosas; eles devem estar rosados, não acinzentados nem azulados. A cor rosada da pele do bebê, é um bom sinal de respiração e circulação adequadas. Uma cor azulada da língua, lábios e tronco é um sinal de falta de oxigênio no sangue. Uma cor azulada somente das mãos e pés pode ficar presente por um a dois dias depois do nascimento e geralmente não indica falta de oxigênio 2. CABEÇA CABEÇA: (normo, macro, microcefalia) Levemente aumenteda em proporção ao corpo (32 a 35 cm). Fontanelas: Anterior: aberta até os 12 a 18 meses e posterior aberta até a idade de 2 a 3 meses. Obs: Fechamento prematuro de fontanela anterior (comprometimento no desenvolvimento cerebral) Abaulamentos estão presentes na meningite, hipertensão intracraniana Deprimida: Desidratação Couro cabeludo e cabelos Medir o perímetro cefálico Bossa serossanguinolenta: É uma massa mole mal limitada , edemaciada e escura . Céfalo-hematoma: consistência mais elástica aparece em horas e desaparece em meses FACE OBSERVAR SIMETRIA, APARÊNCIA Olhos:Simetria, escleróticas, pupilas, conjutivas, cor da íris. Orelhas: Simetria , tamanho, pavilhão auditivo, acuidade(teste da orelhinha) Implantação baixa (sinal de alguma síndrome) Nariz:Localização, tamanho, narinas (secreção) BOCA Simetria, tamanho, coloração dos lábios, integridade (lábio leporino), palato (fenda palatina), língua,freio lingual, dentes congênitos, pérolas de Epstein (pontos brancos no palato). 3. PESCOÇO Pesquisar massas Mobilidade Torcicolo congênito Simetria,Tamanho Gânglios cervicais Excesso de Pele 4. TÓRAX Medir o Perimetro torácico O PT em RN a termo é em média de 1 a 2cm menor que o PC. Observar simetria, expansibilidade , mamas (ao nascer é comum o aumento das glândulas mamárias com a secreção leitosa ou sanguinolenta) Clavículas regulares, simétricas e indolores. Ausculta: deve ser bilateral e comparativa. Avaliar a presença de roncos e distribuição do murmúrio vesicular. Inspeção: Avaliar o padrão respiratório quanto à frequência, amplitude dos movimentos, tiragem, batimentos de asas do nariz, gemido. APARELHO CIRCULATÓRIO Cianose pode indicar cardiopatia ou doença respiratória. A FC é de 120 a 160 bpm . A presença de sopros em RN é comum nos primeiros dias e podem desaparecer em alguns dias. Se o sopro persistir por algumas semanas é provável que seja manifestação de malformação congênita cardíaca. 5. ABDOME Observar a forma , palpação, ausculta, percussão, cicatriz ou coto umbilical. Palpação: Os 4 quadrantes. São 3 as principais causas de distensão abdominal no RN: ascite, visceromegalias e distensão gasosa. Ausculta: fazer antes da palpação. Medir o Perímetro Abdominal 6. GENITÁLIA MASCULINA ♂: comprimento do pênis (genitália ambígua), orifício uretral (hipo ou epispádia), prepúcio, testículos (na bolsa escrotal ou canal inguinal) buscar criptorquidia a ausência de testículos, hidroceles, fimose, dermatites GENITÁLIA FEMININA ♀: tamanho do clitóris, grandes lábios, orifício da vagina e uretra, fístulas. Pseudomenstruação : devido a diminuição abrupta dos hormônios maternos, desaparece em torno de 2 e 4 semanas. Presença de dermatite ÂNUS Observar perfuração anal coluna Colocar RN em decúbito ventral. Correr os dedos pela coluna ,procurar tumores, (espinha bífida oculta), mielomeningoceles. 6. MEMBROS Realizar exame com o RN em decúbito dorsal. Verificar simetria e proporções, examinar articulações à procura de luxações, mobilidade. Pé torto congênito: é a anomalia congênita de MMII mais comum. Observar presença de: Polidactilia dedos supranuméricos Sindactilia fusão dos dedos EXAME NEUROLÓGICO Reatividade Choro Tônus muscular Movimentos Reflexos Reflexo de Moro Reflexo da sucção e deglutição: sincronia, força e ritmo.Ausente nos prematuros de baixo peso. Reflexo de Piper (pontos cardinais): ao se tocar as comissuras labiais e os lábios superior e inferior o RN move a cabeça na tentativa de sugar. BABINSKI Sinais vitais FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA MÉDIA (rpm) Recém-nascido (28 dias) 40-60 Lactente (1 a 24 meses) 25-35 Pré-escolar (2 a 5 anos) 20-25 Escolar (5 10 anos) 18-24 Adolescente (10 a 18 anos)14-20 FREQÜÊNCIA CARDÍACA MÉDIA (bpm) Recém-nascido (28 dias) 120-160 Lactente (1 a 24 meses) 100-130 Pré-escolar (2 a 5 anos) 90-120 Escolar (5 a 10 anos) 80-100 Adolescente (10 a 18 anos) 60-100 PRESSÃO ARTERIAL (mmHg) Máxima Mínima Recém-nascido (28 dias) 60-90 30-60 Lactente (1-24 meses) 87-105 53-66 Pré-escolar (2-5 anos) 95-105 53-66 Escolar (5-10 anos) 97-11 2 57-71 Adolescente (10-18 anos) 112-128 66-80 TEMPERATURA Subfebril 37,4 - 37,8 Febre >37,8 CONSULTA AO RN CONSULTA AO RN E LACTENTE Avaliar estado geral; Verificar aspecto do coto ou cicatriz umbilical umbilical; Registrar queixas; Solicitar avaliação do médico se necessário; Referenciar para unidade de saúde; Verificar preenchimento da Declaração de Nascido Vivo; CONSULTA AO RN Observar e avaliar o estado nutricional ; Colher a história da amamentação; Se possível observar pega; Observar mama; Identificar criança de risco: Imunização; CONSULTA AO RN Verificar vacinação; Verificar preenchimento da caderneta de vacinação Avaliar a necessidade de Suplementação de Ferro e vitamina A;( Lactente) Realizar Teste do pezinho; Encaminhar para triagem auditiva; A CONSULTA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA: Uma Consulta Diferente Peculiaridades: Contato com a criança: inicialmente através dos informantes (na maioria das vezes, os pais) Consulta funciona como uma agressão à criança (ambiente estranho e incômodo físico representado pelo exame) Dificuldade de relacionamento gerada pelo reforço negativo realizado pela própria família: “Se você não ficar quieto, vou levá-lo ao médico” “Se você não comer, vou lhe dar uma injeção” Diante da falta de cooperação da criança: investigar hábitos familiares DINÂMICA DA CONSULTA ENFOQUES: 1. Estabelecer vínculo com a criança (relacionamento sociável e interessado) 2. Observação da criança e sua família Psicodinâmica familiar Desenvolvimento: atitude, comportamento, interesse pelo ambiente, aceitação / rejeição Maturação física e emocional Estado geral Hidratação Nutrição 3. Busca de sintomas, evidências de doenças ACOLHIMENTO Condição preliminar para uma boa relação clínica É o momento de iniciar a construção do vínculo Recepção da criança e seus familiares deve ser atenciosa e educada O contato inicial deve ser o mais social possível e não dirigido à identificação da doença A criança não está solta no espaço; está presa aos pais, avós, irmãos, colegas, brinquedos, professora... Para atender bem uma criança, tudo isso tem que ser percebido e valorizado CONSTRUÇÃO DO VÍNCULO 1.Estabelecimento de vínculo: acolhimento personalizado: implica em respeito e valorização da criança /família 2. Escuta ativa: ouvir, compreender o que o outro está falando, valorizando o discurso da criança e estabelecendo diálogo 3. Percepção da família e a criança 4. Habilidades para melhor aproximação da criança: Crianças maiores cooperam mais e conseguem conversar sobre suas roupas, brinquedos. Usar linguagem accessível à criança, assuntos de seu interesse Crianças menores: voz suave, utilizar recursos lúdicos 5. Detecção de fatores estressantes atuantes sobre a família 6. Compreensão da dinâmica da mãe em relação à doença Escuta ativa Entender as suas necessidades, inseguranças, medos, fantasias de culpas, expectativas METAS DA ABORDAGEM PEDIÁTRICA 1. Diagnosticar e listar problemas detectados relativos a: Alimentação / estado nutricional (desnutrição, anemia, obesidade) Imunização Crescimento Comportamento 2. Detectar alterações patológicas ao exame físico 3. Detectar risco social 4. Fornecer orientações: Prevenção (inclusive de acidentes) e promoção à saúde 5.Instituir cuidados de enfermagem ANAMNESE Contribuição para o diagnóstico: 85% anamnese bem conduzida 10% exame físico 5% exames laboratoriais Valorizar: Antecedentes: Obstétricos / neonatais Alimentares Imunológicos História Social Atenção para: Rejeição da criança durante a gravidez pode ser substituída, após o nascimento, por sentimento de culpa Primeiro filho + inexperiência dos pais = visão distorcida dos sinais Último filho de prole numerosa: minimização das queixas Pesquisar sobre alergias: alimentares e medicamentosas Solicitar o cartão de vacinação Detectar atrasos vacinais Reações adversas em doses anteriores Elaborar o diagnóstico vacinal Estimular a atualização das vacinas atrasadas Hábitos de vida: Quem cuida da criança / Atividades diárias Uso de mamadeira, chupeta / Qualidade do sono Interação com outras crianças (creche, escola) brincadeiras preferidas Animais de estimação Queixa e Duração– nem sempre na consulta pediátrica ouvirá uma queixa, uma vez que a consulta poderá ser de acompanhamento. Quando houver, descrever conforme o relato pela criança e/ou acompanhante. História pregressa da doença atual – descrição narrativa dos eventos envolvendo a queixa atual, com a maior quantidade de informações possíveis sobre os sinais e sintomas, duração, frequência, fatores de melhora e piora, tratamentos realizados. Essas informações muitas vezes serão a chave para o diagnóstico final. ROTEIRO PARA REGISTRO DA ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM Cliente (Menor, lactente, RN, escolar...), Idade Tempo de internamento (DIH) História (diagnósticos) Exame físico (identificar em cada seguimento os tipos de dispositivos em uso Estado geral Cabeça,Pescoço Tórax anterior e Tórax posterior Abdome,Genitália MMSS E MMII,Extremidades Eliminações Dieta em uso e sua aceitação sono e repouso SSVV Queixas BIBLIOGRAFIA PERNETTA, C. - Semiologia Pediátrica – 5a. Ed. – Rio de Janeiro – Ed. Guanabara – 1990 MARCONDES, E. - Pediatria Básica – 8a. Ed. – São Paulo – Ed. Sarvier – 1991 HOCKENBERRY, M. Wong Fundamentos de Enfermagem Pediátrica, 7 ed.,Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. OLIVEIRA, R.G. BlackBook Pediatria. Belo Horizonte: Black Book Editora, 2005 PONTES, F.M. Exame físico neonatal. In: MARGOTTO, P.R. Assistência ao recém-nascido de risco. Brasília: Editora Pórfiro, 2002, pg 69-75. BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência pré-natal. Manual técnico. 3ª ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2000. DÚVIDAS ? OBRIGADA
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