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i JORGE LUIZ BIAZUSSI MODELO DE DESLIZAMENTO PARA ESCOAMENTO GÁS-LÍQUIDO EM BOMBA CENTRÍFUGA SUBMERSA OPERANDO COM LÍQUIDO DE BAIXA VISCOSIDADE CAMPINAS 2014 ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIASUNICAMP JORGE LUIZ BIAZUSSI MODELO DE DESLIZAMENTO PARA ESCOAMENTO GÁS-LÍQUIDO EM BOMBA CENTRÍFUGA SUBMERSA OPERANDO COM LÍQUIDO DE BAIXA VISCOSIDADE Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutor em Ciências e Engenharia de Petróleo na área de Explotação. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Bannwart Este exemplar corresponde à versão final da tese defendida oe~ aluno Jorge Luiz pelo Prof. Dr. Antonio CAMPINAS 2014 111 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Rose Meire da Silva - CRB 8/5974 Biazussi, Jorge Luiz, 1984- B47m BiaModelo de deslizamento para escoamento gás-líquido em bomba centrífuga submersa operando com líquido de baixa viscosidade / JORGE LUIZ BIAZUSSI. – Campinas, SP : [s.n.], 2014. BiaOrientador: Antonio Carlos Bannwart. BiaTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências. Bia1. Bomba centrífuga submersa. 2. Escoamento bifásico. 3. Escoamento instável (Dinâmica dos fluidos). 4. Modelos matemáticos (Mecânica dos fluidos) . I. Bannwart, Antonio Carlos,1955-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: A drift-flux model for gas-liquid flow in electrical submersible pump operating with low viscous liquid Palavras-chave em inglês: Electrical submersible pump Two-phase flow Unstable flow (Fluid dynamics) Mathematical models (Fluid mechanics) Área de concentração: Explotação Titulação: Doutor em Ciências e Engenharia de Petróleo Banca examinadora: Antonio Carlos Bannwart [Orientador] Ricardo Augusto Mazza Luiz Felipe Mendes Moura Rigoberto Eleazar Morales Valdir Estevam Data de defesa: 06-06-2014 Programa de Pós-Graduação: Ciências e Engenharia de Petróleo Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) iv http://www.tcpdf.org af"..,. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIASUNICAMP TESE DE DOUTORADO MODELO DE DESLIZAMENTO PARA ESCOAMENTO GÁS- LÍQUIDO EM BOMBA CENTRÍFUGA SUBMERSA OPERANDO COM LÍQUIDO DE BAIXA VISCOSIDADE Autor: Jorge Luiz Biazussi Orientador: ·PIOf.Dr. Antonio Carlos Bannwart ra comnosta pelos membros abaixo aprovou esta tese: PIJ6f.~tonio Carlos Bannwart, Presidente EMIUNICAMP / -(L"~ "1{ÁÀ \'lÃ- vV\ O Ma... r. LuiProf. D ~ DE/FEMIUNICAMP Ác~L, Áh ~-4= PIOf. Dr. Ricardo ~usto Màzzo DE/FEMlUNICAMP PIOf. Dr. Rigobeito-~ DAMECIUTFPR Ll~ç ~_ r». Valdif Estevam PETROBRAS Campinas, 06 de junho de 2014. v vi vii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha amada esposa Patrícia, aos meus pais Amilton e Nadir e aos meus irmãos Alex e Renato. viii ix AGRADECIMENTOS Este trabalho é a realização de um grande sonho pessoal. Uma conquista que somente foi possível porque recebi ajuda e apoio de muitas pessoas. Gostaria de agradecer a todos que direta ou indiretamente contribuíram e em particular: Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Banwart pela oportunidade de ingressar no doutorado, orientação, conhecimentos compartilhados, confiança e principalmente pela amizade. Ao Dr. Valdir Estevam pelo apoio, ideias durante a realização do trabalho, bem como sugestões e correções do trabalho final. Aos professores da banca examinadora, Prof. Dr. Ricardo Augusto Maza, Prof. Luiz Felipe Mendes Moura e Prof. Rigoberto Eleazar Morales pelas correções e sugestões da minha tese. As pesquisadoras Dra. Natache Arrifano Sassim e Dra. Vanessa Bizotto Guersoni pelo suporte e ajuda durante todos os anos de mestrado e doutorado. Aos funcionários do DEP, CEPETRO e LABPETRO pelo suporte técnico e ajuda em todos momentos de necessidade. Aos grandes amigos Alexandre A. Buenos e Jakerson R. Geviski, pela amizade, apoio e coragem de largar o conforto da família e partir em busca de um sonho em comum. Aos colegas e amigos Claudio Loiola, Charlie Van Der Geest, Eduardo Gaspari, Felipe C. Storti, Jony Eckert, Leonardo Calil Barriatto, Leandro Daun, Luan Tochetto, Mauricio Varon, Mateus Pedrotti e em especial ao meu grande amigo William Monte Verde, pelos momentos de descontração, churrascos e amizade. Aos meus colegas e amigos que aceitaram o desafio de participar no Capítulo Estudantil da SPE, Marcelo Zampieri, Alfonso Strazzi, Vinicius Botechia, Rafael Salla e Leandro Lopes. A minha esposa Patrícia pelo amor, paciência, palavras de conforto, companheirismo incondicional. Aos meus pais e irmãos pelo incentivo em todos os momentos, pelas palavras de carinho e pela compreensão da minha ausência. Aos meus familiares, tios, tias, primos, primas e meus queridos avós. x xi RESUMO A bomba centrífuga submersa (BCS) é uma bomba de múltiplos estágios que tem recebido muita atenção nos últimos anos, devido à sua importância para a elevação artificial de petróleo em altas vazões. Como uma parte do sistema de Elevação Artificial, a BCS é geralmente instalada no interior do poço, a fim de aumentar a vazão ou até mesmo viabilizar a produção. A presença de gás livre no fluido na entrada da bomba provoca uma diminuição do ganho de pressão fornecido pela BCS e pode conduzir a instabilidades na curva de ganho de pressão versus vazão. O objetivo deste trabalho é desenvolver e avaliar o desempenho de um modelo de deslizamento para representar o ganho de pressão em uma ampla faixa de vazão de líquido de uma BCS. Para este propósito foram realizados testes experimentais em laboratório para três BCS diferentes que operam com misturas ar - água. Especificamente, o ganho de pressão e a potência de eixo foram medidos em diferentes vazões de líquido, de gás, de pressões de entrada e rotação. Os resultados dos testes de água monofásicos foram interpretados por ajuste dos dados com um modelo de correlação genérico para o ganho de pressão e potência, tentando descrever todos os fenômenos físicos envolvidos no escoamento nos canais rotativos. Os resultados dos testes bifásicos foram discutidos em termos dos efeitos da fração de vazio, da pressão de admissão, da velocidade de rotação e da geometria da bomba. Um modelo de deslizamento para escoamento em bolhas foi proposto para representar o ganho de pressão e também foi utilizado para expressar a potência de eixo. Os dois parâmetros envolvidos no modelo, ou seja, C0 e kb∞, foram ajustados aos dados e mostrou a capacidade desta abordagem em capturar as principais tendências das curvas experimentais. O parâmetro de distribuição C0 foi, em todos os casos, significativamente menor do que um, confirmando os resultados de outros autores, em escoamento bifásico descendente em tubos. Além disso, este resultado indica que os perfis de velocidade e de distribuição de fase são distorcidos pelo campo centrífugo e de Coriolis. O parâmetro kb∞ foi significativo apenas para a bomba radial de menor vazão, o que confirma a ideia de que para altas vazões de líquido, as bolhas de gás são dispersadas através do líquido e o deslizamento torna-se insignificante. Palavras Chave: bomba centrífuga submersa, surging, escoamento bifásico, modelo de deslizamento. xii xiii ABSTRACT The Electrical Submersible Pump (ESP) is a multiple stage pump which has been receiving a lot of attention in recent years in due to its importance for the Artificial Lift of petroleum at high flow rates. As a part of the AL system, the ESP is often installed inside the wellin order to either viabilize the production or increase its flow rate. The presence of free gas within the fluid entering the pump causes a decrease in the head provided by the ESP and may lead to instabilities in the head-capacity curve. The aim of this work is to develop and evaluate the performance of a drift flux model to represent the head in the entire liquid flow rate range of an ESP. For this purpose, experimental performance tests to determine the characteristic curves were performed in laboratory for three different ESPs operating with water and water-air mixtures. Specifically, the head and brake horsepower were measured at different flow liquid and gas flow rates, inlet pressures and rotation speeds. The results from the single-phase water tests were interpreted by fitting generic correlation models for the head and power to the data, trying to describe all basic phenomena involved in the rotating channel flow. The results from the two-phase runs were discussed in terms of the effects of the mixture composition, intake pressure, rotation speed and pump geometry. A drift flux model for bubbly flow was proposed to represent the head and also used to express the power. The two parameters involved in the model, namely C0 and kb∞, were fitted to the data and showed good capability of this approach to capture the main trends of the experimental curves. The distribution parameter C0 was in all cases significantly lower than one, confirming the findings by other authors in two-phase downward pipe flow. Also, this result indicates that the velocity and phase distribution profiles are distorted by both the centripetal and Coriolis fields. The drift parameter kb∞ was significant for the smallest capacity radial pump only, confirming the idea that at sufficiently high liquid flow rates, the gas bubbles are dispersed through the liquid and drift becomes negligible. Key Word: Electrical Submersible Pump, centrifugal pump, surging, drift-flux model xiv xv SUMÁRIO DEDICATÓRIA ............................................................................................................................ vii AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... ix RESUMO ....................................................................................................................................... xi ABSTRACT ................................................................................................................................. xiii SUMÁRIO ..................................................................................................................................... xv LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. xix LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ xxv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................... xxvii LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................................. xxix 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1 Motivação ........................................................................................................................ 4 1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 5 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................ 7 2.1 Análise Dimensional ....................................................................................................... 7 2.2 Escoamento Unidimensional em Bombas ....................................................................... 8 2.3 Perdas do Escoamento Monofásico em Bombas ........................................................... 10 2.3.1 Distorção do Perfil de Velocidades e Escoamento Secundário ................................. 11 2.3.2 Perdas por Choques ................................................................................................... 18 2.3.3 Perdas Localizadas .................................................................................................... 19 2.4 Escoamento Bifásico ..................................................................................................... 19 2.4.1 Padrões de Escoamento em Tubos ............................................................................ 20 2.4.2 Terminologia em Escoamento Bifásico ..................................................................... 22 2.4.3 Modelo de Deslizamento ........................................................................................... 24 2.5 Escoamento Bifásico em Bombas Centrífugas .............................................................. 27 2.6 Conclusão da Revisão Bibliográfica.............................................................................. 41 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 43 3.1 Equacionamento Monofásico ........................................................................................ 43 3.1.1 Análise do ganho de pressão ..................................................................................... 44 xvi 3.1.2 Análise da Potência de Eixo ...................................................................................... 46 3.1.3 Simplificação para BCS Operando com Líquidos Pouco Viscosos .......................... 49 3.2 Escoamento Bifásico em BCS – Fração de Vazio e Efeito da Pressão ......................... 49 3.2.1 Escoamento Bifásico - Modelagem da Curva CH versus CQ ..................................... 53 3.2.2 Escoamento Bifásico - Modelagem da Curva CP versus CQ ..................................... 55 4 METODOLOGIA E APLICAÇÕES ..................................................................................... 59 4.1 Circuito de Testes .......................................................................................................... 59 4.2 Instrumentação e Sistema de Aquisição de Dados ........................................................ 61 4.3 Bombas Testadas ........................................................................................................... 64 4.3.1 Bomba P23 Série 538 ................................................................................................ 64 4.3.2 Bomba P47 Série 538 ................................................................................................ 66 4.3.3 Bomba P100 Série 538 .............................................................................................. 68 4.4 Testes Propostos ............................................................................................................ 72 4.4.1 Testes de Desempenho .............................................................................................. 72 4.4.2 Testes de Surging ...................................................................................................... 73 4.4.3 Matriz de Testes......................................................................................................... 74 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 77 5.1 Resultados Experimentais Monofásicos ........................................................................ 77 5.2 Resultados Experimentais Bifásicos .............................................................................. 81 5.2.1 Efeito da Vazão de Ar ...............................................................................................81 5.2.2 Efeito da Rotação da Bomba ..................................................................................... 83 5.2.3 Efeito da Pressão de Entrada ..................................................................................... 92 5.3 Resultado do Modelo Monofásico para a Curva de Elevação ....................................... 97 5.4 Resultado do Modelo Monofásico para a Curva de Potência ...................................... 101 5.5 Ajuste das Constantes para o Modelo Bifásico ........................................................... 103 5.6 Comparações do Modelo Bifásico para a Curva de Elevação ..................................... 114 5.7 Comparações do Modelo Bifásico para a Curva de Potência de Eixo ........................ 122 5.8 Análise de Sensibilidade dos Coeficientes do Modelo de Deslizamento .................... 126 5.9 Conclusões do Capítulo ............................................................................................... 128 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 131 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 133 xvii APÊNDICE A Análise das Incertezas Experimentais ............................................................. 139 APÊNDICE B Medição dos Ângulos de Saída do Rotor ........................................................ 149 APÊNDICE C Tabela dos Dados Experimentais Monofásicos ............................................... 151 APÊNDICE D Tabela dos Dados Experimentais Bifásicos..................................................... 158 ANEXO A - Caracterização de Bombas Centrífugas (Paternost, 2013) ..................................... 205 xviii xix LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Rotores e difusores de uma bomba centrifuga submersa. .............................................. 1 Figura 1.2 Curva típica de uma bomba centrífuga fornecida pelo fabricante. ................................ 2 Figura 1.3 Diagrama de fases genérico do petróleo. ....................................................................... 3 Figura 1.4 Curva BCS GN 7000 operando a 2400rpm e frações volumétricas de gás entre 0 e 10% (Monte Verde, 2010). .............................................................................................................. 4 Figura 2.1 Triângulos de velocidades na entrada e saída de um rotor............................................. 9 Figura 2.2 a) Perfil de velocidade e de pressão entre as pás do rotor. b) Escoamento Secundário. (Adaptado de Gülich, 2007). ......................................................................................................... 11 Figura 2.3 Vetor de velocidade relativa (𝑤) medidas através de LDV para 𝑟𝑅2 = 0,50; 0,65; 0,75; 0,90 (0,25 qBEP) (Pedersen, 2000). .................................................................... 13 Figura 2.4 – Vetor de velocidades periódico obtido através de medições com LDV para qBEP (Feng, Benra, e Dohmen (2011)). .................................................................................................. 15 Figura 2.5 – Separação do Escoamento para q = 0,5 qBEP (a) Velocidade relativa obtida pelo CFD e (b) Comparação das velocidades para r/r2=0,757. (Feng, Benra e Dohmen (2011)). ................. 15 Figura 2.6 – Comparação do Perfil de Velocidade com PIV, LDV e CFD para q = qBEP (Feng, Benra, e Dohmen, (2009b)) ................................................................................................ 16 Figura 2.7 – Padrões de recirculação (Gülich, 2007). ................................................................... 17 Figura 2.8 – Efeito da separação local na entrada da pá do rotor ou difusor. a) Incidência positiva. b) Incidência negativa. (Gülich, 2007). ......................................................................................... 18 Figura 2.9 - Classificação dos padrões de escoamento horizontais (Adaptado, Bratland, 2010). . 21 Figura 2.10 - Classificação dos padrões de escoamento verticais ascendente (Adaptado, Bratland, 2010). ............................................................................................................................................. 22 Figura 2.11 – Dependência do parâmetro de distribuição com o fluxo volumétrico da mistura Goda, H. et al. (2003). ................................................................................................................... 26 Figura 2.12 Característica do desempenho instável em BCS com gás. (Adaptado Pessoa, 2001) 28 Figura 2.13 Flutuações na pressão de saída durante o surging (Monte Verde et al, 2013)........... 29 Figura 2.14 Mapeamento das condições operacionais da bomba centrífuga (Estevam,2002). ..... 30 xx Figura 2.15 Efeito da pressão no desempenho da bomba GN 7000 operando a 1800 rpm e 10% de fração volumétrica de gás. (Monte Verde, 2011) .......................................................................... 39 Figura 2.16 Mapeamento do comportamento da bomba utilizando coeficientes existentes na literatura (Paternost, 2013) ............................................................................................................ 40 Figura 3.1 Interpretação idealizada do modelo proposto. ............................................................. 52 Figura 4.1 Esquema do sistema de testes de BCS. ........................................................................ 60 Figura 4.2 Interface do programa de controle e aquisição de dados. ............................................ 63 Figura 4.3 Esquema de medição da vazão mássica do Gás. .......................................................... 63 Figura 4.4 Carretel para injeção de ar na entrada da BCS (a e b) e o injetor de ar (c). ................. 64 Figura 4.5 Rotor e difusor da Bomba P23 serie 538. .................................................................... 65 Figura 4.6 Curvas do fabricante de desempenho e potência Bomba P23 serie 538 por estágio. .. 66 Figura 4.7 Rotor e difusor da Bomba P47 serie 538. .................................................................... 67 Figura 4.8 Curvas do fabricante de desempenho e potência Bomba P47 serie 538. ..................... 68 Figura 4.9 Rotor e difusor da Bomba P100 serie 538. .................................................................. 69 Figura 4.10 Curvas do fabricante de desempenho e eficiência Bomba P100 serie 538. ............... 70 Figura 4.11 Curvas de desempenho adimensionalizada para as bomba P23, P47 e P100. ........... 71 Figura 4.12 Velocidade Específica (Ns) para as bombas P23, P47 e P100. .................................. 71 Figura 5.1 Comparação do ganho de pressão com a curva do fabricante para P23 com água. ..... 78 Figura 5.2 Comparação da potência de eixo com a curva do fabricante para P23 com água. ...... 78 Figura 5.3 Comparação do ganho de pressão com a curva do fabricante para P47 com água. ..... 79 Figura 5.4 Comparação da potência de eixo com a curva do fabricante para P47 com água. ...... 79 Figura 5.5 Comparação do ganho de pressão com a curva do fabricante para P100 com água. ... 80 Figura 5.6 Comparação da potência de eixo com a curva do fabricante para P100 com água. .... 80 Figura 5.7 Desempenho experimental da BCS P23 à 3500rpm e 300kPa. ................................... 81 Figura 5.8 Desempenho experimental da BCS P47 à 3500rpm e 300kPa. ................................... 82 Figura 5.9 Desempenho experimental da BCS P100 à 3000rpm e 300kPa. ................................. 83 Figura 5.10 Efeito da Rotação para BCS P23 (ṁG=1 kg/h e Pe = 100 kPa). ................................. 84 Figura 5.11 Efeito da Rotação para BCS P23 (ṁG=2 kg/h e Pe = 100 kPa). ................................. 85 Figura5.12 Efeito da Rotação para BCS P23 (ṁG=2 kg/h e Pe = 300 kPa). ................................. 85 Figura 5.13 Efeito da Rotação para BCS P23 (ṁG=4 kg/h e Pe = 300 kPa). ................................. 86 Figura 5.14 Efeito da Rotação para BCS P47 (ṁG=3 kg/h e Pe = 100 kPa). ................................. 87 xxi Figura 5.15 Efeito da Rotação para BCS P47 (ṁG=5 kg/h e Pe = 100 kPa). ................................. 88 Figura 5.16 Efeito da Rotação para BCS P47 (ṁG=5 kg/h e Pe = 500 kPa). ................................. 88 Figura 5.17 Efeito da Rotação para BCS P47 (ṁG=7 kg/h e Pe = 500 kPa). ................................. 89 Figura 5.18 Efeito da Rotação para BCS P100 (ṁG=4 kg/h e Pe = 100 kPa). ............................... 90 Figura 5.19 Efeito da Rotação para BCS P100 (ṁG=8 kg/h e Pe = 100 kPa). ............................... 91 Figura 5.20 Efeito da Rotação para BCS P100 (ṁG=16 kg/h e Pe = 500 kPa). ............................. 91 Figura 5.21 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P23 (qL= qBEP e 3500rpm). ......................... 93 Figura 5.22 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P23 (qL= qBEP e 2400rpm). ......................... 93 Figura 5.23 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P47 (qL= qBEP e 3500rpm). ......................... 94 Figura 5.24 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P47 (qL= qBEP e 2400rpm). ......................... 94 Figura 5.25 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P100 (qL= qBEP e 2400rpm). ....................... 95 Figura 5.26 Efeito da Pressão de Entrada para BCS P100 (qL= qBEP e 1800rpm). ....................... 96 Figura 5.27 Ajuste modelo monofásico BCS P23. ........................................................................ 98 Figura 5.28 Ajuste modelo monofásico BCS P47. ........................................................................ 99 Figura 5.29 Ajuste modelo monofásico BCS P100. ...................................................................... 99 Figura 5.30 k4 em função da velocidade específica. .................................................................... 100 Figura 5.31 k5 em função da velocidade específica. .................................................................... 100 Figura 5.32 k6 em função da velocidade específica. .................................................................... 101 Figura 5.33 Ajuste modelo monofásico da potência de eixo para BCS P23. .............................. 102 Figura 5.34 Ajuste modelo monofásico da potência de eixo para BCS P47. .............................. 102 Figura 5.35 Ajuste modelo monofásico da potência de eixo para BCS P100. ............................ 103 Figura 5.36 Norma dos dados experimentais para bomba P23. .................................................. 104 Figura 5.37 Comparação da pressão de saída calculada versus pressão de saída medida para P23. ..................................................................................................................................................... 105 Figura 5.38 Frequência dos desvios relativos da pressão de saída calculada para a BCS P23. .. 105 Figura 5.39 Comparação da potência de eixo calculada versus dados experimentais para P23. 106 Figura 5.40 Frequência dos desvios relativos da potência de eixo calculada para a BCS P23. .. 107 Figura 5.41 Norma dos dados experimentais para bomba P47. .................................................. 108 Figura 5.42 Comparação da pressão de saída calculada versus pressão de saída medida para P47. ..................................................................................................................................................... 109 Figura 5.43 Frequência dos desvios relativos da pressão de saída calculada para a BCS P47. .. 109 xxii Figura 5.44 Comparação da potência de eixo calculada versus dados experimentais para P47. 110 Figura 5.45 Frequência dos desvios relativos da potência de eixo calculada para a BCS P47. .. 110 Figura 5.46 Norma dos dados experimentais para bomba P100. ................................................ 111 Figura 5.47 Comparação da pressão de saída calculada versus pressão de saída medida para P100. ..................................................................................................................................................... 112 Figura 5.48 Frequência dos desvios relativos da pressão de saída calculada para a BCS P100. 112 Figura 5.49 Comparação da potência de eixo calculada versus dados experimentais para P100. ..................................................................................................................................................... 113 Figura 5.50 Frequência dos desvios relativos da potência de eixo calculada para a BCS P100. 113 Figura 5.51 Modelo da pressão versus experimentos para P23 (3500rpm, Pe 500kPa, mg 3kg/h). ..................................................................................................................................................... 115 Figura 5.52 Modelo da pressão versus experimentos para P23 (3000rpm, Pe 500kPa, mg 4kg/h). ..................................................................................................................................................... 116 Figura 5.53 Modelo da pressão versus experimentos para P23 (2400rpm, Pe 100kPa, mg 1,5kg/h). ..................................................................................................................................................... 116 Figura 5.54 Modelo da pressão para P23 (3500rpm, Pe 500kPa e cinco vazões de ar diferentes). ..................................................................................................................................................... 117 Figura 5.55 Modelo da pressão versus experimentos para P47 (3500rpm, Pe 500kPa, mg 5kg/h). ..................................................................................................................................................... 118 Figura 5.56 Modelo da pressão versus experimentos para P47 (3000rpm, Pe 100kPa, mg 2kg/h). ..................................................................................................................................................... 118 Figura 5.57 Modelo da pressão versus experimentos para P47 (2400rpm, Pe 100kPa, mg 2kg/h). ..................................................................................................................................................... 119 Figura 5.58 Modelo da pressão para P47 (3500rpm, Pe 500kPa e cinco vazões de ar diferentes). ..................................................................................................................................................... 119 Figura 5.59 Modelo da pressão versus experimentos para P100 (3000rpm, Pe 500kPa, mg 4kg/h). ..................................................................................................................................................... 120 Figura 5.60 Modelo da pressão versus experimentos para P100 (2400rpm, Pe 300kPa, mg 6kg/h). ..................................................................................................................................................... 121 Figura 5.61 Modelo da pressão versus experimentos para P100 (1800rpm, Pe 100kPa, mg 4kg/h). ..................................................................................................................................................... 121 xxiii Figura 5.62 Modelo da pressão para P100 (3000rpm, Pe 500kPa e cinco vazões de ar diferentes). ..................................................................................................................................................... 122 Figura 5.63 Modelo da potência versus experimentos para P23 (3500rpm, Pe 500kPa, mg 3kg/h). .....................................................................................................................................................123 Figura 5.64 Modelo da potência versus experimentos para P23 (2400rpm, Pe 100kPa, mg 1kg/h). ..................................................................................................................................................... 123 Figura 5.65 Modelo da potência versus experimentos para P47 (3500rpm, Pe 500kPa, mg 5kg/h). ..................................................................................................................................................... 124 Figura 5.66 Modelo da potência versus experimentos para P47 (3000rpm, Pe 100kPa, mg 2kg/h). ..................................................................................................................................................... 124 Figura 5.67 Modelo da potência versus experimentos para P100 (3000rpm, Pe 500kPa, mg 4kg/h). ..................................................................................................................................................... 125 Figura 5.68 Modelo da potência versus experimentos para P100 (1800rpm, Pe 100kPa, mg 2kg/h). ..................................................................................................................................................... 125 Figura 5.69 Influência do C0 para o modelo da pressão. ............................................................. 126 Figura 5.70 Influência do kb∞ para o modelo da pressão. ............................................................ 127 Figura 5.71 Influência do C0 para o modelo da potência de eixo. ............................................... 127 Figura 5.72 Influência do kb∞ para o modelo da potência de eixo. ............................................. 128 Figura 5.73 Interpretação da segregação no interior do rotor de uma bomba centrífuga. ........... 129 xxiv xxv LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Resumo das Equações para o Ganho de Pressão na Bomba. ....................................... 57 Tabela 3.2 Resumo das Equações para a Potência de Eixo da Bomba. ........................................ 58 Tabela 4.1 Equipamentos do circuito de teste para BCS. .............................................................. 60 Tabela 4.2 Instrumentos do circuito de teste para BCS. ................................................................ 62 Tabela 4.3 Lista de variáveis a medir nos testes da BCS. ............................................................. 62 Tabela 4.4 Dados geométricos dos rotores P23. ............................................................................ 65 Tabela 4.5 Dados geométricos dos rotores P47. ............................................................................ 67 Tabela 4.6 Dados geométricos dos rotores P100. .......................................................................... 69 Tabela 4.7 Matriz de testes monofásicos com água. ..................................................................... 75 Tabela 4.8 Matriz de testes de surging. ......................................................................................... 75 Tabela 4.9 Matriz de testes de desempenho bifásico..................................................................... 75 Tabela 5.1 Valores calculados da constante k1. ............................................................................. 97 Tabela 5.2 Valores ajustados das constantes k4, k5 e k6. ................................................................ 97 Tabela 5.3 Valores ajustados das constantes z0, z1, z3, z5 e z7 ...................................................... 101 Tabela 5.4 Valores ajustados das constantes C0 e kb∞. ................................................................ 114 xxvi xxvii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abreviações BEP Best Efficiency Point BCS Bomba Centrífuga Submersa CFD Dinâmica dos Fluidos Computacional LDV Velocimetria por Laser Doppler LVA Anemometria por Laser Doppler SS Superfície de Sucção SP Superfície de Pressão xxviii xxix LISTA DE SÍMBOLOS Letras Romanas At Área Transversal m² An Área Normal m² b1 Altura do Canal na Entrada m b2 Altura do Canal na Saída m CQ Coeficiente de Vazão - CH Coeficiente de Carga - CP Coeficiente de Potência - C0 Coeficiente de Distribuição - D Diâmetro Externo do Rotor m f Função Genérica - Fc Força Centrífuga N Fg Força Gravitacional N g Aceleração Gravitacional m/s² g Função Genérica - H Altura de Elevação Pa HTP Desempenho da bomba com escoamento Bifásico ft lbf/lbm HSP Desempenho da bomba com escoamento Monofásico ft lbf/lbm JL Velocidade de Difusão do Líquido m/s JG Velocidade de Difusão do Gás m/s Li Dimensão Característica m ṁ Vazão Mássica kg/s ṁG Vazão Mássica do Gás kg/s ṁL Vazão Mássica do Líquido kg/s ṁm Vazão Mássica da Mistura kg/s n Número de Estágios da Bomba Ns Velocidade Específica - P Potência de Eixo W xxx Pe Pressão de Entrada Pa Ps Pressão de Saída Pa q Vazão Volumétrica m³/s qm Vazão Volumétrica da Mistura m³/s qL Vazão Volumétrica do Líquido m³/s qG Vazão Volumétrica do Gás m³/s q∞ Vazão de Deslizamento m³/s r Raio m r1 Raio de Entrada m r2 Raio de Saída m Rew Número de Reynolds definido para um rotor - Ro Número de Rossby - RG Constante do Gás J/kg.K T Torque N.m Te Temperatura K u1 Velocidade Tangencial de entrada da pá m/s u2 Velocidade Tangencial de Saída da pá m/s Vb∞ Velocidade de Deslizamento da Bolha m/s VDL Velocidade de Deslizamento do Líquido m/s VDG Velocidade de Deslizamento do Gás m/s VG Velocidade Local do Gás m/s Vm Velocidade da Mistura m/s VL Velocidade Local do Líquido m/s VSL Velocidade Superficial do Líquido m/s VSL Velocidade Superficial do Gás m/s VSLIP Velocidade de Escorregamento m/s Vt1 Velocidade Tangencial do Fluido na Entrada m/s Vt2 Velocidade Tangencial do Fluido na Saída m/s VDTB Velocidade de Deslizamento da Bolha de Taylor m/s V1 Velocidade Absoluta de Entrada m/s V2 Velocidade Absoluta de Saída m/s xxxi X Inverso do Reynolds Rotacional - w1 Velocidade de entrada Tangente ao β1 m/s w2 Velocidade de saída Tangente ao β2 We Potência W k1, k2, k3 … Constantes de ajuste da curva de pressão da bomba - z1, z2, z3 … Constantes de Ajuste da Curva da Potência da Bomba - Letras Gregas α Fração Volumétrica Local do Gás - β1 Ângulo de entrada da pá do rotor rad β2 Ângulo de saída da pá do rotor rad є Rugosidade m ω Rotação 1/s ρ Massa Específica kg/m³ μ Viscosidade Pa.s η Eficiência - �⃗� Vetor de Velocidade Angular 1/s 𝑣 Vetor Velocidade m/s 𝑟 Vetor Posição m øTurpim Parâmetro para definição do Surging σ Tensão Interfacial N/m² λL Fração Volumétrica Homogênea do Líquido - λG Fração Volumétrica Homogênea do Gás - ΔP Ganho de Pressão Pa xxxii 1 1 INTRODUÇÃO A bomba centrífuga submersa (BCS) é um tipo de bomba de múltiplos estágios considerada um dos melhores métodos para bombeamento de elevadas vazões de líquido. Na indústria do petróleo, as BCSs são amplamente utilizadas na elevação do petróleo, na injeção de água entre outros fluidos. Como parte de um sistema de elevação artificial, a BCS é instalada dentro do poço com objetivo de aumentar ou mesmo viabilizar a produção de petróleo. Cada estágio de uma bomba centrífuga é constituído de duas partes básicas que são o rotor e o difusor, conforme esquematizada na Figura 1.1. Acionado por um motor geralmente elétrico, o rotor gira a uma rotação elevada transferindo energia cinética ao fluido e criando nele um ganho de pressão (efeito centrífugo). O difusor tem como função desacelerar o fluido transformando parte da energia cinética em energia na forma de pressão, assim como conduzir o fluido para a entrada do próximo estágio. Figura 1.1 Rotores e difusores deuma bomba centrifuga submersa. O desempenho teórico deste equipamento é obtido resolvendo as equações de balanço de massa, quantidade de movimento e energia. Entretanto, este procedimento é extremamente difícil, 2 sendo frequentemente realizado por simulações numéricas. Simulações de fluidodinâmica computacional são amplamente usadas para o projeto de novas geometrias. Porém, estas simulações precisam ser validadas com dados experimentais para prever o comportamento da máquina em diferentes condições operacionais. A Figura 1.2 apresenta um exemplo gráfico dos dados obtidos experimentalmente por um fabricante, onde a altura de elevação e a potência são medidas, sendo a eficiência calculada. Essas curvas são válidas somente para o modelo de bomba testado, na rotação especificada e para água como fluido de trabalho. Os valores de vazão são apresentados no eixo horizontal, o ganho de pressão no eixo vertical esquerdo e os valores de potência e eficiência no eixo vertical direito. Figura 1.2 Curva típica de uma bomba centrífuga fornecida pelo fabricante. Grande parte dos reservatórios de petróleo encontra-se em um estado termodinâmico onde a mistura de hidrocarbonetos, que compõem o petróleo, está na fase líquida, conforme pode ser visto na Figura 1.3. À medida que o petróleo escoa do reservatório rumo à superfície, a pressão cai fazendo com que as frações mais leves do petróleo passem para o estado gasoso. A temperatura sofre queda relativamente menor. Se no ponto de sucção da BCS a pressão é menor que a pressão de saturação líquido-vapor a bomba estará sujeita a um escoamento bifásico gás- líquido. 3 Figura 1.3 Diagrama de fases genérico do petróleo. Para pequenas frações volumétricas de gás na sucção da BCS a sua operação é semelhante àquela com escoamento monofásico. Porém, à medida que a fração de gás na BCS aumenta, ocorre uma degradação do seu desempenho. A presença de gás livre no escoamento causa tanto uma queda no ganho de pressão (head) como instabilidades na curva de ganho de pressão versus vazão. A curva passa a exibir um ponto de máximo, conhecido como ponto de ‘surging’, sendo que para vazões abaixo desse ponto, ocorre uma acentuada queda no ganho de pressão e, portanto, na capacidade de bombeamento. Após o ponto de surging, um aumento da fração de gás pode causar o bloqueio da área disponível ao escoamento no rotor da bomba, cessando a transferência de energia para o fluido e fazendo com que a vazão seja nula, fenômeno conhecido como ‘gas locking’. Na Figura 1.4 é apresentado um exemplo da curva de desempenho de uma BCS GN7000 operando com escoamento bifásico água-ar. Os dados foram coletados com pressão de entrada constante de 50kPa e rotação de 2400rpm. Operando na presença de um escoamento bifásico, observa-se que o desempenho da bomba difere muito do comportamento monofásico e a degradação aumenta com o aumento da vazão de ar. 4 Figura 1.4 Curva BCS GN 7000 operando a 2400rpm e frações volumétricas de gás entre 0 e 10% (Monte Verde, 2010). 1.1 Motivação Esforços consideráveis vêm sendo feitos para modelar o desempenho de bombas centrífugas em escoamento bifásico, tais como Minemura e Murakami (1974), Lea e Bearden (1980), Turpin et al (1986), Sachdeva (1989), Cirilo (1998), Pessoa e Prado (2001 e 2003), Estevam (2002), Sun e Prado (2003), Duran e Prado (2003) Caridad et al. (2008) Trevisan e Prado (2011), Paternost (2013) entre outros. Devido à complexidade do escoamento gás-líquido no interior de bombas centrífugas, a maioria das pesquisas na indústria do petróleo são de natureza empírica. Os diferentes trabalhos realizados até agora têm sido fundamentais para compreender o comportamento e fornecer informações sobre o desempenho real de bombas de BCS operando com misturas bifásicas. Com base nesses estudos verificou-se que a degradação do desempenho em escoamentos bifásicos está relacionada com a fração de gás, rotação, pressão de entrada, vazão do líquido e propriedades dos fluidos. No entanto, os modelos mecanicistas disponíveis na literatura para predizer o ganho de pressão da bomba ainda possuem comportamentos muito discrepantes entre si, de difícil generalização para viabilizar sua aplicação na indústria motivando novos estudos na 5 área. Em especial, a segregação de fases que tende a ocorre no interior das BCSs tem sido reportada em diversos estudos, mas não representada por meio de um modelo físico consistente. 1.2 Objetivos O objetivo central deste trabalho é desenvolver e avaliar um modelo de deslizamento para descrever o ganho de pressão (head) em função da vazão no interior de diferentes bombas de BCSs operando com fluidos de baixa viscosidade, onde o coeficiente de carga é função somente do coeficiente de vazão e misturas líquido-gás. Como contribuição adicional para o procedimento de seleção dessas bombas, buscar-se-á também descrever o comportamento da curva de potência de eixo (brake horsepower) em função da vazão, a partir do que se pode determinar a curva de eficiência. Para atingir este objetivo, as seguintes metas foram cumpridas: Realizar um conjunto de experimentos monofásicos que possibilitem considerar as principais fontes de perdas de carga e de potência no modelo; Realizar um amplo conjunto de testes de desempenho bifásicos para que possa ser determinado o escorregamento e o coeficiente de distribuição para ajustar o modelo de deslizamento; Verificar como a rotação, pressão de entrada e vazão de gás influenciam no desempenho da bomba quando operando com misturas gás-líquido; Validar o modelo de correlação da potência de eixo com os dados experimentais coletados para escoamentos monofásicos e bifásicos. A tese foi organizada na seguinte forma: No Capítulo 2 será apresentada uma revisão bibliográfica sobre BCS. Inicialmente será apresentada a análise dimensional e a simplificação para escoamento unidimensional em bombas. Isto servirá para definir os termos utilizados e introduzir o problema a ser estudado. Na sequência será apresentada uma revisão sobre o escoamento monofásico em bombas. Está parte tem como objetivo destacar os efeitos tridimensionais que são desconsiderados em uma análise unidimensional e que interferem no desempenho mesmo em um escoamento monofásico. 6 Finalmente será realizada uma revisão dos principais estudos realizados com escoamento bifásico em bombas do tipo BCS ressaltando os principais resultados e fenômenos observados. No Capítulo 3 será apresentado o modelo de correlação unidimensional proposto com objetivo de representar as curvas de ganho de pressão e potência de eixo da bomba operando com misturas gás-líquido. No Capítulo 4 serão apresentados o circuito de testes experimentais, equipamentos e bombas utilizadas a fim de investigar os fenômenos referenciados na revisão da literatura e elencados como objetivo do trabalho. Também serão apresentados os procedimentos de testes utilizados e a matriz de teste desenvolvida com o propósito de obter um conjunto mínimo de dados experimentais que consiga capturar os efeitos das variáveis de interesse. No Capítulo 5 os resultados serão apresentados e discutidos. Inicialmente os resultados experimentais dos escoamentos monofásico e bifásico serão analisados. Posteriormente será apresentado o procedimento de ajuste das constantes do modelo de escoamento monofásico para pressão de saída e potência de eixo bem como a comparação com a conjunto de dados devidamente adimensionalizada. Na sequência será apresentado o procedimento de ajuste das constantes do modelo de deslizamento utilizando a curva de ganho de pressão e a comparação dos resultados do ajuste para os modelos para escoamento bifásico para pressão e potência. Finamente será apresentada uma comparação dos dados experimentais e dos modelos na forma de curvas habitualmente utilizadas, com o objetivode avaliar a qualidade dos resultados obtidos com a modelagem proposta. Finalmente, no Capítulo 6 será apresentada a conclusão do trabalho com base nos resultados obtidos e discutidos bem como a sugestão de trabalhos futuros que possam contribuir nesta linha de pesquisa. 7 2 REVISÃO DA LITERATURA Inicialmente será realizada uma revisão sobre o escoamento monofásico no interior do rotor de uma bomba centrifuga com o objetivo de evidenciar as variações do perfil de velocidades e as recirculações internas do escoamento, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de um modelo simplificado de perdas. Posteriormente serão revisados os principais trabalhos desenvolvidos com bombas operando com escoamento bifásico, com a finalidade de elencar os principais fatores que influenciam na degradação do seu desempenho. 2.1 Análise Dimensional A análise dimensional é aplicada em bombas a fim de determinar os parâmetros adimensionais que caracterizam o desempenho. Estes parâmetros são uma ferramenta útil no projeto e ensaios de bombas, pois possibilitam transporte por escala das características de desempenho entre as diferentes condições de funcionamento. Diversos livros abordam a análise dimensional com explicações muito consistentes, tais como White (2011), Fox et al (2011), Gülich (2007), entre outros. Sendo assim, será apresentada somente uma breve abordagem dos principais parâmetros que serão utilizados no tratamento dos dados baseada na literatura clássica existente. Parâmetros adimensionais partem de uma análise dimensional utilizando o teorema Pi de Buckingham. O primeiro passo importante dessa análise consiste em identificar as variáveis independentes que governam o fenômeno de interesse. Para uma bomba, os parâmetros de avaliação são a elevação (ΔP), expressa em energia por unidade de massa, e a potência de eixo (�̇�). Estas são, por sua vez, funções da vazão (q), velocidade angular do rotor (ω), diâmetro do rotor (D), rugosidade (𝜖 ), viscosidade (μ) e massa específica (ρ). Isto resulta nas seguintes relações funcionais: ∆𝑃 = 𝑓1(𝑞, 𝐷, 𝜔, 𝜌, 𝜇, 𝜖) �̇� = 𝑓2(𝑞, 𝐷, 𝜔, 𝜌, 𝜇, 𝜖) (2.1) A partir da aplicação direta dos conceitos de análise dimensional obtém-se quatro grupos adimensionais em cada relação, definidos a seguir: 8 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 → 𝐶𝐻 = ∆𝑃 𝜌𝜔2𝐷2 ; 𝐶𝐻 = 𝑔1(𝐶𝑄 , 𝑋, 𝜖 𝐷⁄ ) (2.2) 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 → 𝐶𝑃 = �̇� 𝜌𝜔3𝐷5 ; 𝐶𝑃 = 𝑔2(𝐶𝑄 , 𝑋, 𝜖 𝐷⁄ ) (2.3) 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 → 𝐶𝑄 = 𝑞 𝜔𝐷3 (2.4) Sendo que 𝑋 = 1 𝑅𝑒𝑤⁄ representa o inverso do número de Reynolds rotacional, onde: 𝑅𝑒𝑤 = 𝜌𝜔𝐷2 𝜇 (2.5) O parâmetro 𝜖 ⁄ 𝐷 é a rugosidade relativa, que também afeta a eficiência da bomba, sobretudo em máquinas de pequeno diâmetro. O rendimento η já é um adimensional e está diretamente relacionado apenas aos três parâmetros supramencionados. 𝜂 = 𝜌𝑞∆𝑃 �̇� = 𝐶𝑄𝐶𝐻 𝐶𝑃 = 𝑔3(𝐶𝑄 , 𝑋, 𝜖 𝐷⁄ ) (2.6) Outro parâmetro adimensional muito utilizado que relaciona as características geométricas da bomba é derivado da relação entre pressão e vazão, denominado como velocidade específica (Ns), definida como: 𝑁𝑠 = 𝐶𝑄 1 2⁄ 𝐶𝐻 3 4⁄ (2.7) 2.2 Escoamento Unidimensional em Bombas O estudo das componentes da velocidade do escoamento através do rotor é melhor entendido através do triângulo de velocidades. Ele pode ser desenhado para qualquer ponto do rotor, mas usualmente é traçado na entrada e saída. Para isto, escoamentos secundários e a existência de um perfil de velocidade no rotor e difusor são ignorados e o escoamento real é idealizado por um escoamento unidimensional. Esta abordagem é importante para o entendimento do escoamento no interior do rotor e difusor. 9 Os diagramas idealizados de velocidade são ilustrados na Figura 2.1. Admite-se que o fluido entra no rotor em 𝑟 = 𝑟1, com componente de velocidade 𝑤1 tangente ao ângulo 𝛽1 da pá do rotor mais a velocidade tangencial 𝑢1 = 𝜔𝑟1. Sua velocidade absoluta de entrada é então o vetor soma de 𝑤1 e 𝑢1, mostrado como 𝑉1. De forma semelhante o escoamento sai em 𝑟 = 𝑟2 com o componente 𝑤2 paralelo a pá do rotor, que possui uma inclinação 𝛽2, mais a velocidade tangencial 𝑢2 = 𝜔𝑟2, com a velocidade resultante 𝑉2. Seguindo esse procedimento, dado que �⃗� = �⃗� + �⃗⃗� (2.8) Figura 2.1 Triângulos de velocidades na entrada e saída de um rotor. Aplicando o balanço da quantidade de movimento angular ao rotor, sendo desprezado o campo gravitacional e considerando que o escoamento ocorre em regime permanente, obtém-se a potência ideal fornecida ao fluido pelo rotor. �̇�𝑠 = �̇�(𝜔𝑟2𝑉𝑡2 − 𝜔𝑟1𝑉𝑡1) (2.9) Onde �̇� é a vazão mássica. Por definição �̇�𝑠 = 𝑇𝑒𝜔 e o torque (Te) é: 10 𝑇𝑒 = 𝜌𝑞(𝑟2𝑉𝑡2 − 𝑟1𝑉𝑡1) (2.10) Para um sistema ideal sem perdas, �̇�𝑠 = 𝑇𝑒𝜔 = 𝑔�̇�𝐻 (2.11) Conclui-se que o ganho de energia ideal na forma de pressão, ou elevação ideal (∆𝑃) gerado pelo rotor, é dado por: ∆𝑃𝑖 = 𝜌(𝑢2𝑉𝑡2 − 𝑢1𝑉𝑡1) (2.12) Essa é a equação de Euler para turbomáquinas, mostrando que o torque, a potência e a elevação ideal de um rotor são funções somente das velocidades periféricas do rotor e das componentes tangenciais das velocidades absolutas do fluido. Usualmente se considera que o fluido ingressa no rotor sem componente tangencial (isto é, 𝑉𝑡1 = 0) de modo que, após utilizar as relações geométricas do triângulo de velocidade na saída, obtém-se: ∆𝑃𝑖 = 𝜌 𝑢2 2 (1 − 𝑞 𝑐𝑜𝑡 𝛽2 2𝜋𝑟2𝑏2𝑢2 ) (2.13) Onde: 𝛽2 representa o ângulo de saída da pá do rotor, 𝑏2 é altura do canal na saída do rotor, 𝑟2 é raio externo do rotor e 𝑞 é vazão volumétrica de líquido. Analisando a equação acima, verifica-se que para 𝛽2 menor que 90º a altura ∆𝑃𝑖 diminui com o aumento da vazão 𝑞 . Entretanto, a elevação real ∆𝑃 gerada pelo rotor é sempre inferior a ∆𝑃𝑖 , devido às perdas de carga do escoamento no interior do rotor. Isto também se aplica para a bomba como um todo, considerando múltiplos estágios, onde as perdas ocorrem tanto nos rotores, quantos nos difusores, assim como na entrada e na saída. 2.3 Perdas do Escoamento Monofásico em Bombas Para o teorema de conservação de quantidade de movimento aplicado ao escoamento unidimensional no rotor, são levadas em conta somente as velocidades médias nas superfícies de controle. Todas as não uniformidades são ignoradas. Essas não uniformidades serão explicadas no texto adiante. 11 Segundo Gülich (2007), a curva real de desempenho da bomba é obtida partindo da curva de desempenho teórica descontando as perdas hidráulicas. As perdas hidráulicas por sua vez são causadas por fricção e dissipação associada aos vórtices. As perdas por fricção são frequentemente postuladas como perdas que crescem com o quadrado da vazão. As perdas por choque tem seu ponto de mínimo na região de melhor eficiência. Já as perdas na entrada e na saída dos difusores de bombas de múltiplos estágios também crescem com o quadrado da vazão. 2.3.1 Distorção do Perfil de Velocidades e Escoamento Secundário O momento resultante das forças da pá pode ser imaginado como a integral da pressão e tensão de cisalhamento na superfície da pá. Se a pá gera uma força, esta integral obviamente não é zero, dessa forma é esperada uma pressão maior na superfície de pressão em relação à superfície de sucção da pá (Gülich, 2007). Segundo Stepanoff (1957) o efeito imediato desse perfil de pressão faz com que a velocidade relativa da superfície de sucção seja maior que a velocidade relativa da superfície de pressão, como apresentado na Figura 2.2, onde a as siglas “SS” e “PS” significam superfície de sucção e superfície de pressão, respectivamente. A integração desse perfil de velocidades distorcido acarreta em uma altura de elevaçãomenor do que se fosse considerado um perfil médio de velocidades. Figura 2.2 a) Perfil de velocidade e de pressão entre as pás do rotor. b) Escoamento Secundário. (Adaptado de Gülich, 2007). O perfil de velocidades também é afetado quando o escoamento não consegue seguir exatamente a curvatura da pá. Esse efeito também é considerado como uma diferença entre o 12 ângulo do escoamento e o ângulo da saída da pá e avaliado como um coeficiente em função do número de pás presentes no rotor. A aceleração de Coriolis é oposta a direção de rotação e causa escoamento secundário que transporta fluido em direção à superfície de pressão (Figura 2.2, b) reduzindo o ângulo de saída do escoamento. O escoamento secundário é consequência da aceleração de Coriolis impostas pela geometria do rotor e pela rotação (Gulich, 2007). O Número de Rossby é um parâmetro utilizado para descrever o escoamento secundário e o perfil de velocidades no rotor. Ele é definido como a razão da aceleração centrípeta e a aceleração de Coriolis como apresentado na equação (2.14). 𝑅𝑂 = |�⃗� × (�⃗� × 𝑟 )| 2|�⃗� × 𝑣 | (2.14) Esta razão de acelerações determina a direção em que o escoamento será defletido. Teoricamente, se o 𝑅𝑂 é próximo de um, não é esperado escoamento secundário. Se 𝑅𝑂 for menor do que um, as forças de coriolis predominam e o escoamento é defletido na direção da superfície de pressão da pá. Se o 𝑅𝑂 é maior que um, o escoamento secundário transporta fluido da superfície de baixa pressão para a superfície de alta pressão. (Gülich, 2007) Fraser (1981) apresenta uma discussão sobre as recirculações que ocorrem no escoamento para vazões reduzidas (𝑞 < 𝑞𝐵𝐸𝑃) e afirma estar relacionada com a pressão total gerada pela bomba que é a soma da pressão gerada pela força centrípeta e pela força dinâmica. A pressão gerada pela força centrípeta depende do diâmetro do rotor e rotação, mas é independente da vazão. Já a pressão dinâmica é função da velocidade absoluta que por sua vez função da vazão. Alguns trabalhos apresentam técnicas de visualização e medição do perfil de velocidades no interior dos rotores. Dentre esses trabalhos, destacam-se a técnica de velocimetria a laser (Laser Doppler Velocimetry – LDV) e velocimetria por imagens de partículas (Particle Image Velocimetry – PIV). A maioria dos estudos reportados sobre PIV foram focados nos componentes estacionários do estágio com o objetivo de identificar as estruturas de escoamento instáveis entre a relação rotor difusor. 13 Pedersen (2000) e Pedersen, Larsen e Jacobsen (2003) utilizaram as técnicas de PIV e LDV em uma bomba centrifuga com 𝑟1 = 71𝑚𝑚, 𝑟2 = 190𝑚𝑚, 𝛽2 = 18,4° e 𝑁𝑠 = 0,497 nas vazões de 𝑞𝐵𝐸𝑃 e 0,25𝑞𝐵𝐸𝑃 . Na vazão do ponto de melhor eficiência (𝑞𝐵𝐸𝑃) as duas técnicas mostraram o escoamento congruente nas pás. Para 0,25𝑞𝐵𝐸𝑃 observaram um fenômeno não reportado anteriormente chamado de "two-channel" que consiste em alternância na estagnação do escoamento. A Figura 2.3 mostra uma grande região de recirculação na entrada causando escoamento reverso. Entre a condição de estagnação e não estagnação o escoamento permanece bem comportado. Figura 2.3 Vetor de velocidade relativa (𝑤) medidas através de LDV para 𝑟 𝑅2⁄ = 0,50; 0,65; 0,75; 0,90 (0,25 qBEP) (Pedersen, 2000). Gülich (1999a, 1999b e 1999c) cita que para fortes recirculações, se a parcela do escoamento que recircula na entrada for maior que a vazão, um forte pré-rotação do escoamento ocorre e o escoamento entra com inclinação maior do que a inclinação da pá. Dessa forma torna- se não congruente, provocando a separação do escoamento e muitas vezes a cavitação. Akhras et al. (2004) apresentaram resultados detalhados do escoamento com uma bomba centrífuga com difusor. As medições foram feitas com LDV em diferentes pontos de operação. O escoamento foi analisado em diferentes posições do rotor e do difusor. A rotação específica da bomba utilizada foi 𝑁𝑠 = 0,577, com sete pás e 𝛽2 = 22,5°. Foi observado que para baixas 14 vazões a influência do difusor é mais significante no rotor dando origem a uma importante distorção do escoamento causando instabilidades e escoamento secundário. Feng, Benra e Dohmen (2009a, 2010 e 2011) investigaram, através de LDV e simulações numéricas com programa de dinâmica dos fluidos computacional (Computational Fluid Dynamics , CFD), as instabilidades do campo de escoamento em uma bomba radial com difusor na condição de vazão ótima 𝑞𝐵𝐸𝑃 e nos pontos de operação 0,3𝑞𝐵𝐸𝑃 , 0,5𝑞𝐵𝐸𝑃 , 0,75𝑞𝐵𝐸𝑃 e 1,15𝑞𝐵𝐸𝑃 . A bomba testada continha seis pás com 𝑟1 = 40𝑚𝑚, 𝑟2 = 75,25𝑚𝑚, 𝛽2 = 22,5° e 𝑁𝑠 = 0,4272. Dentre outras coisas, concluíram que, para o ponto de operação considerado, a intensidade de turbulência é maior na superfície de sucção (SS) do que na superfície de pressão (SP). Observaram que reduzindo a vazão a partir do ponto de operação ótimo, os efeitos recirculação na saída do rotor aumentam. A rotação do rotor causa uma condição periódica de influxo na direção radial no difusor sendo uma fonte de instabilidades, conforme apresentado na Figura 2.4. Para 0,5𝑞𝐵𝐸𝑃, nas simulações de CFD são observadas separação do escoamento na superfície de sucção do rotor. O fenômeno é validado por comparação com LDV, conforme mostrado na Figura 2.5. De acordo com a nomenclatura utilizada nesse trabalho, as variáveis apresentada nas Figura 2.4 e Figura 2.5 são: 𝑊𝑢 = 𝑢 − 𝑉𝑡 = 𝑤 𝑐𝑜𝑠 𝛽 (2.15) 𝑊𝑟 = 𝑉𝑛 (2.16) Feng, Benra, e Dohmen (2009b) apresentam neste trabalho a aplicação dos métodos de PIV, LDV e simulações com CFD para a mesma bomba do trabalho a priori citado. Porém neste trabalho foi realizado somente para vazão do ponto de melhor eficiência. Entre as principais conclusões pode-se citar que a estrutura em forma de jato foi observada próxima a saída do rotor e é caracterizada por alta velocidade relativa e baixa turbulência no lado da superfície de sucção conforme é possível observar na evolução do perfil de velocidades na Figura 2.6, sendo que a Figura 2.6 h) refere-se a posição entre o rotor e o difusor, portanto fora do rotor. Westra et al. (2010) aplicaram a técnica de PIV e simulações com CFD para uma bomba centrífuga em vazões de 80% a 120% da 𝑞𝐵𝐸𝑃 com 𝐷2 = 255𝑚𝑚 , 𝑁𝑠 = 0,6. Foi observada através da medição de velocidades a ocorrência de escoamento secundário ocasionando uma região de baixa velocidade na superfície de sucção. 15 Gülich (2007) apresenta uma grande discussão sobre o escoamento no rotor, bem como os fenômenos envolvidos nas recirculações que ocorrem. Durante a operação no ponto de bloqueio e de vazões próxima a ele, as recirculações internas são inevitáveis. O fluido recirculante mistura com o fluido na sucção da bomba e induz uma pré-rotação. Essa pré-rotação gera uma distribuição de pressão parabólica na entrada do rotor. Se não tiver nenhuma estrutura para retificar o escoamento, essa recirculação pode se estender para a tubulação. Figura 2.4 – Vetor de velocidades periódico obtido através de medições com LDV para qBEP (Feng, Benra, e Dohmen (2011)). Figura 2.5 – Separação do Escoamento para q = 0,5 qBEP (a) Velocidade relativa obtida pelo CFD e (b) Comparação das velocidades para r/r2=0,757. (Feng, Benra e Dohmen (2011)). 16 Figura 2.6 – Comparação do Perfil de Velocidade com PIV, LDV e CFD para q = qBEP (Feng, Benra, e Dohmen, (2009b)) As características das recirculações esquematizadas na Figura 2.7 foram obtidas através de uma grande quantidade de testes em bombas, radiais, semi-axiais e axiais. Os padrões de 17 recirculação são desenvolvidos na secção meridional. Os rotores radiais, axiais e semi-axiais são apresentados nas Figura 2.7 a), b) e c) respectivamente. As recirculações nas Figura 2.7 d) e e) também são registradas mas sãoinfluenciadas pelo difusor. O início das recirculações é um tópico de diversos trabalhos, mas um método de predição genérico não foi encontrado até então. (Gülich, 2007). Figura 2.7 – Padrões de recirculação (Gülich, 2007). Sumariamente: Recirculações na entrada do rotor sempre ocorrem fora da linha de centro. Começam quando a desaceleração da velocidade relativa na entrada ultrapassa certo limite, que depende da geometria do rotor. Mesmo em bombas com características estáveis, que não apresentam nenhum problema durante as operações com vazão reduzida (𝑞 < 𝑞𝐵𝐸𝑃), as recirculações estão presentes e são inevitáveis. Recirculações não se originam imediatamente abaixo das linhas de saída da pá do rotor, tão pouco próximo à área da garganta ou próximo à curvatura, onde ocorre grandes diferenciais de pressão sobre a altura da pá. Gradientes de pressão perpendicular à direção principal do escoamento podem ser explicados através de forças centrípetas e diferentes desacelerações da velocidade relativa no interior e exterior das linhas de corrente. Embora os efeitos da camada limite possam influenciar a primeira separação local, o início e a intensidade de recirculação são praticamente independentes do número de Reynolds. 18 Até o presente momento não foi desenvolvido nenhuma correlação entre o início de recirculação com a incidência do escoamento. A recirculação é precedida por uma separação na superfície de pressão próxima a saída das linhas de corrente. A estagnação do escoamento depende da distribuição de velocidades tridimensionais do rotor e do escoamento de entrada, onde tais efeitos não podem ser descritos ou previstos com métodos simples. Várias zonas de separação e de recirculação podem ocorrer no canal do rotor. Um difusor que garante uma boa uniformidade na distribuição de pressão tem pouca influência sobre a recirculação de entrada. 2.3.2 Perdas por Choques As perdas devido ao desalinhamento das linhas de corrente e o ângulos da pá do rotor e do difusor são normalmente pequenas para o ponto de projeto. Essas perdas aumentam para as condições fora de projeto na forma de( 𝑞 𝑞𝐵𝐸𝑃 − 1) 𝑥 , onde 𝑥 = 2 é usualmente assumido (Gülich, 2007). Estas perdas são frequentemente mencionadas na literatura como “perdas por choques” causadas pela discordância entre o ângulo do escoamento que sai das pás do rotor e entra nas pás do difusor, conforme apresentado na Figura 2.8. Figura 2.8 – Efeito da separação local na entrada da pá do rotor ou difusor. a) Incidência positiva. b) Incidência negativa. (Gülich, 2007). Conforme apresentado na Figura 2.8, o escoamento com incidência positiva gera uma zona de separação local formada na superfície de sucção da pá, porém não afeta a passagem estreita formada pelas duas pás. Efeito diferente acontece com a incidência negativa do 19 escoamento, a zona de separação acontece justamente na passagem estreita das pás reduzindo a área útil comprimindo as linhas de corrente, acelerando o escoamento e reduzindo a pressão. Após a passagem dessa zona, o escoamento sofre uma expansão maior que o simples aumento da área entre as pás, aumentando as perdas e criando um efeito semelhante ao escoamento de um difusor. 2.3.3 Perdas Localizadas As perdas hidráulicas na entrada, no rotor e no difusor são relativas às perdas por fricção e dependentes do número de Reynolds e perdas por dissipação turbulenta que são virtualmente independentes do número de Reynolds pois não dependem da rugosidade (Gülich, 2007). As perdas por atrito nas paredes são resultantes da tensão de cisalhamento entre o fluido e as estruturas sólidas. A fricção é dependente de Reynolds e da rugosidade, sendo mais importantes em fluidos que sofrem aceleração. Em escoamentos que desaceleram, as camadas das linhas de corrente aumentam de espessura e eventualmente descolam tornando o perfil de velocidades menos uniforme. A troca de momento entre as linhas de corrente aumenta as recirculações. Grandes recirculações se dividem em turbulência de pequena escala, que finamente dissipam energia conduzindo a um pequeno aumento de temperatura. A separação do escoamento implica em zonas de fluido estagnado com recirculação local bloqueando parte da seção transversal disponível para o fluxo. O fluido não estagnado por sua vez é acelerado e pode formar um tipo de jato. São geradas grandes perdas através da forte troca de momento entre a passagem do jato de fluxo e da zona estagnada. Contudo, a formação desse jato é influenciada por uma série de fatores, incluindo a geometria, a vazão, a rotação e a carga da pá (Pedersen, 2000). 2.4 Escoamento Bifásico Antes de iniciar a discussão do complexo escoamento bifásico dentro dos rotores e difusores, será exposta uma breve revisão dos diferentes tipos de padrões de escoamento em tubos, pois o padrão de escoamento na entrada da bomba pode influenciar o seu desempenho. 20 As misturas gás-líquido são encontradas em diversos processos da indústria bem como na produção e no transporte de petróleo, no qual é frequentemente acompanhada por gás natural de petróleo. O ganho de pressão das bombas sujeitas à presença de escoamento bifásico é prejudicado afetando a produção. O manuseio dessas misturas bifásicas é uma tarefa difícil, já que as fases tendem a se separar devido a grande diferença entre as massas específicas. 2.4.1 Padrões de Escoamento em Tubos A principal diferença entre o escoamento monofásico e o escoamento bifásico é a existência de diferentes padrões de escoamento bifásico. O termo padrão de escoamento se refere à configuração geométrica das fases na tubulação resultando em características diferentes no escoamento, tal como velocidades, distribuição das fases e perda de carga (Shoham, 2006). A classificação dos padrões é feita experimentalmente por observação, muitas vezes com auxílio de câmeras de alta velocidade, levando em conta o sentido do escoamento e a inclinação da tubulação. Nas Figura 2.9 e Figura 2.10 são apresentadas as classificações para o escoamento horizontal e vertical ascendente, respectivamente. Como não existe um consenso universal sobre a classificação dos padrões, neste trabalho é apresentada uma interpretação da classificação de acordo com Shoham (2006) e Bratland, (2010). Segue abaixo uma breve descrição dos padrões no escoamento horizontal apresentado na Figura 2.9. Escoamento Estratificado: as fases são separadas pela gravidade e ocorre em baixas vazões de líquido e de gás. A interface pode ser lisa ou rugosa, sendo que a rugosa ocorre em vazões de gás um pouco maior capaz de estabilizar ondas na interface. Escoamento Intermitente: é caracterizado pela alternância do escoamento do líquido e do gás. Pistões de líquido que preenchem toda a secção do tubo são separados por grandes bolhas de gás envoltas de um filme estratificado de líquido. O Escoamento de bolhas alongadas é regido pelos mesmos mecanismos do padrão intermitente porém com uma vazão de gás um pouco menor. Escoamento Anular: ocorre em altas vazões de gás e é caracterizado por um núcleo de gás a alta velocidade, podendo conter gotas de líquido, envolto de um filme de líquido fino e ondulado. 21 Bolhas Dispersas: ocorre em vazões de líquidos altas onde as bolhas estão dispersas em meio ao líquido. Nesta condição de escoamento, as duas fases escoam na mesma velocidade, e o escoamento é considerado homogêneo sem escorregamento. Figura 2.9 - Classificação dos padrões de escoamento horizontais (Adaptado, Bratland, 2010). Os padrões de escoamento verticais usualmente são mais simétricos em relação ao diâmetro do tubo e menos influenciados pela gravidade. Os principais aspectos de cada um são apresentados abaixo: Escoamento em Bolhas: a fase gasosa é dispersa em pequenas bolhas na fase líquida, movendo-se para cima em trajetóriahelicoidal. Ocorre em vazões baixa de líquido sendo que a distribuição do gás é quase homogênea na tubulação, baixo nível de turbulência e apresenta um escorregamento entre as fases. Escoamento Intermitente: em tubos verticais é simétrico na secção transversal do tubo. Semelhante ao horizontal é caracterizado por pistões de líquidos intercalados por grandes bolhas de gás chamadas de bolhas de Taylor envoltas por um fino filme de líquido. Escoamento Agitado: é muito conhecido pelo nome churn em inglês, é caracterizado grandes oscilações de líquido de forma caótica e não possui uma interface entre as fases bem definida. Ocorre em vazões de gás maiores que o 22 escoamento intermitente aonde os pistões de líquido são rompidos pelas bolhas de gás e o líquido escoa para baixo até bloquear a passagem do gás. Esse processo repete-se indefinidamente. Escoamento Anular: em tubulações verticais é semelhante ao escoamento anular em tubulações horizontais sendo caracterizado por um núcleo de gás, podendo ou não conter pequenas gotas dispersas no núcleo gasoso, envolto em um filme de líquido ondulado. Figura 2.10 - Classificação dos padrões de escoamento verticais ascendente (Adaptado, Bratland, 2010). 2.4.2 Terminologia em Escoamento Bifásico Tendo em vista que a terminologia para escoamentos bifásicos não é um consenso na literatura, serão adotadas definições semelhantes às apresentadas por Shoham (2006) e de forma complementar, às propostas por Rosa (2012). As unidades utilizadas correspondem ao Sistema Internacional SI, exceto quando definidas localmente. A vazão mássica da mistura �̇�𝑚 é definida como: �̇�𝑚 = �̇�𝐿 + �̇�𝐺 (2.17) Sendo que �̇�𝐿 é a vazão mássica do líquido e �̇�𝐺 é a vazão mássica do gás. A vazão volumétrica da mistura 𝑞𝑚 é definida como: 𝑞𝑚 = 𝑞𝐿 + 𝑞𝐺 (2.18) 23 Sendo que: 𝑞𝐿 = �̇�𝐿 𝜌𝐿 ; 𝑞𝐺 = �̇�𝐺 𝜌𝐺 (2.19) Sendo que 𝑞𝐿 e 𝑞𝐺 são as vazões volumétricas do líquido e do gás, respectivamente. 𝜌𝐿 e 𝜌𝐺 são as massas específicas do líquido e do gás, respectivamente. As velocidades superficiais de líquido e de gás são definidas como as vazões volumétricas divididas pela área transversal do tubo 𝐴𝑡 do tubo, respectivamente, ou seja, 𝑉𝑆𝐿 = 𝑞𝐿 𝐴𝑡 ; 𝑉𝑆𝐺 = 𝑞𝐺 𝐴𝑡 (2.20) e a velocidade da mistura é definida como a soma das velocidades superficiais de cada fase. 𝑉𝑚 = 𝑉𝑆𝐿 + 𝑉𝑆𝐺 (2.21) As frações volumétrica sem escorregamento, também conhecida como frações homogêneas são definidas como: 𝜆𝐿 = 𝑞𝐿 𝑞𝐿 + 𝑞𝐺 ; 𝜆𝐺 = 𝑞𝐺 𝑞𝐿 + 𝑞𝐺 (2.22) As velocidades reais das fases frequentemente são diferentes. A velocidade de escorregamento representa a velocidade relativa entre as duas fases e é dada por, 𝑉𝑆𝐿𝐼𝑃 = 𝑉𝐺 − 𝑉𝐿 (2.23) As velocidades de deslizamento da fase são as velocidades das fases relativas ao centro do volume da mistura, definida como: 𝑉𝐷𝐿 = 𝑉𝐿 − 𝑉𝑚 ; 𝑉𝐷𝐺 = 𝑉𝐺 − 𝑉𝑚 (2.24) As velocidades de difusão da mistura podem ser definidas como: 𝐽𝐿 = (1 − 𝛼)(𝑉𝐿 − 𝑉𝑚) ; 𝐽𝐺 = 𝛼(𝑉𝐺 − 𝑉𝑚) (2.25) onde 24 𝛼 = 𝑞𝐺 𝑞𝑚 (2.26) 𝛼 + 𝜆𝐿 = 1 (2.27) em que α e 𝐻𝐿 são as frações locais de gás e de líquido, respectivamente. Se, 𝑉𝑆𝐿𝐼𝑃 = 0 então 𝛼 = 𝜆𝐺 . 2.4.3 Modelo de Deslizamento O modelo de deslizamento foi proposto por Zuber e Findelay (1965) e é baseado na suposição que a média da fração volumétrica α que ocorre em escoamento bifásico pode ser atribuída por dois fenômenos: heterogeneidades radiais da fração e da velocidade devido às forças transversais e a velocidade relativa entre as fases, devido às forças axiais. O efeito dessas duas contribuições é levado em conta através de dois parâmetros. O parâmetro de distribuição 𝐶0 e a velocidade de difusão média ponderada pela fração 𝑉𝐷. O modelo é definido como: 𝑉𝐺 = 𝐶0𝑉𝑚 ∓ 𝑉𝐷 (2.28) Sendo que o parâmetro de concentração 𝐶0 e dado pela expressão: 𝐶𝑜 = ∫ 𝛼(𝑥)𝑉𝐷(𝑥)𝑑𝑥 1 0 ∫ 𝛼(𝑥)𝑑𝑥 1 0 ∫ 𝑉𝐷(𝑥)𝑑𝑥 1 0 (2.29) Wallis (1969) sugere que para escoamentos verticais ascendentes o 𝐶0 fique entre 1,0 a 1,5 sendo mais provável 1,2. O sinal de 𝑉𝐷 depende da orientação do escoamento. Para escoamentos verticais descendentes o sinal é negativo. Para escoamento em bolhas, 𝑉𝐷 é usualmente tomada como a velocidade terminal de uma bolha em um meio estagnado infinito, definida como: 𝑉𝐷 = 𝑉𝑏∞ = 1,53 [ 𝑔(𝜌𝐿 − 𝜌𝐿)𝜎 𝜌𝐿 2 ] 0,25 (2.30) onde g a aceleração gravitacional, σ a tensão interfacial e 𝜌𝐿 e 𝜌𝐺 a massa específica do líquido e do gás respectivamente. 25 Para o escoamento em golfadas (intermitente), a velocidade de escorregamento é usualmente definida como a velocidade deslizamento da bolha de Taylor, dada como: 𝑉𝐷 = 𝑉𝐷𝑇𝐵 = 0,54√𝑔𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃 + 0,35√𝑔𝑑 𝑠𝑖𝑛 𝜃 (2.31) onde θ a inclinação da tubulação em relação a horizontal, d o diâmetro da tubulação. Clark e Flemmer (1985) realizaram um trabalho a fim de entender melhor o escoamento vertical descendente alegando falta de literatura específica para escoamento descendente. Os autores propuseram uma correlação para determinar o 𝐶0 em função da fração de vazio para cada sentido do escoamento, dado como: 𝐶0 = 0,934(1 + 1,42𝛼) → 𝐸𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐴𝑠𝑐𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 (2.32) 𝐶0 = 1,521(1 − 3,67𝛼) → 𝐸𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑉𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 (2.33) Goda, H. et al. (2003) estudaram o parâmetro de distribuição para levar em conta o escoamento descendente na distribuição das fases. As medições da fração de vazio local foram realizadas através da utilização de sondas de impedância em tubulações de 25,4 e 50,8 mm de diâmetro. Goda, H. et al. (2003) assumiram que a velocidade de escorregamento entre as fases é igual a apresentada na Equação (2.30). Os resultados experimentais mostraram que o parâmetro de distribuição cresce até certo valor e então começa a decrescer com a diminuição do fluxo volumétrico da mistura (J), conforme apresentado na Figura 2.11. Os autores afirmam que o ponto de inversão do parâmetro de distribuição pode corresponder à transição entre escoamento separado e disperso. Em escoamentos bifásicos dispersos o parâmetro de distribuição aumenta com o fluxo volumétrico descendente, porém no escoamento de fases separadas, o parâmetro de distribuição diminui com o fluxo volumétrico e se aproxima assintoticamente ao valor unitário. 26 Figura 2.11 – Dependência do parâmetro de distribuição com o fluxo volumétrico da mistura Goda, H. et al. (2003). onde, 𝑗∗ = 𝑗 𝑉𝑔𝑗 (2.34) 𝑉𝑔𝑗 = 〈𝑣𝑔𝑗𝛼〉 〈𝛼〉 (2.35) Sendo que 〈 〉 significa a média na secção transversal. Goda, H. et al. (2003) propuseram a seguinte correlação para o escoamento vertical descendente baseado no ajuste dos dados experimentais como: 𝐶0 = (−0,0214𝐽𝑚 + 0,772) + (0,0214𝐽𝑚 + 0,228)√𝜌𝐺 𝜌𝐿⁄ 𝑝𝑎𝑟𝑎 − 20 ≤ 𝐽𝑚 ≤ 0 𝐶0 = (0,2𝑒 (0,00848(𝐽𝑚+20)) + 1,0) − (0,2𝑒(0,00848(𝐽𝑚+20)))√𝜌𝐺 𝜌𝐿⁄ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐽𝑚 < −20 (2.36) Sun et al. (2004) aplicou a técnica de anemometria por laser Doppler ( Laser Doppler Anemometry - LDA) para medição das velocidades em escoamento vertical ascendente e descendente. Para o escoamento descendente foi verificado que as bolhas tendem a defletir o 27 perfil de velocidades do líquido e o ponto de velocidade máxima do líquido pode ocorrer fora do centro do tubo, principalmente em baixas velocidades relativas. Hibiki et al. (2001 e 2004) propuseram através de dados experimentais um mapa dos padrões de distribuição das fases para escoamento bifásico vertical descendente. Os padrões de distribuição das fases foram classificados em três distribuições básicas chamadas (i) off-center- peaked (ii) bell-typed e (iii) core-peaked. Os mecanismos que determinam o padrão de distribuição das fases foram discutidos
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