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Apostila Libras 2

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Libras - Lingua Brasileira de Sinais 
Disciplina 
O Professor
Libras - Lingua Brasileira de Sinais 
O professor
Profa. Esp. Michelle Bruna Bilecki 
Mestre é conteudista e tutora da Faculdade Impacta. Especialista em 
Ensino de LIBRAS pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Espe-
cialista em Educação Inclusiva com ênfase em Deficiência Auditiva 
pela UNESP. Pedagoga pela Faculdade Sumaré. 
Leciono na área da Educação há 10 anos, inclusive em Educação Pro-
fissional no SENAC. Atualmente é professora na Faculdade 
Impacta, na Faculdade Facita e na Prefeitura de São Paulo. Ministra 
oficinas de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais.
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Sumário
Introdução ............................................................................................ ......................6
Capitulo 1 - Quem é o Surdo e o Decreto ................................. ......................7
Capitulo 2 - Mitos e verdades da Libras e surdez ................... ....................14
Capitulo 3 - Visão clínica e sócio antropológica..........................................18
Capitulo 4 - Gramática – Cinco parâmetros da Libra ........... ....................23
Capitulo 5 - Conceito, etiologia e característica ..................... ....................31
Capitulo 6 - Implante Coclear ....................................................... ....................37
Capitulo 7 - Breve reflexão sobre a história do ensino de surdos.........42
Capitulo 8 - Bilinguismo.......................................................................................47
Capitulo 9 - Lei de Libras.....................................................................................52
Capitulo 10 - Tecnologia a favor dos Sudos..................................................55
Referências.................................................................................................................64
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Introdução
Bem-vindo ao curso de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais da Faculdade Impacta !
Aqui, além de adquirir conhecimento prático na língua através de vídeo aula, teremos dis-
cussões pertinentes relacionadas à surdez e as oportunidades no mundo dos negócios.
A Língua Brasileira de Sinais tem ganhado notoriedade não apenas pelo Decreto ou por ser 
a segunda língua oficial do Brasil, mas, pelos próprios movimentos que têm acontecido na 
sociedade. No entanto, é uma língua nova e adquirir esse conhecimento e difundir a língua, 
você está fazendo parte desse processo de construção.
Compreenderemos os aspectos clínicos, educacionais e sócio antropológicos da surdez. As 
características básicas da fonologia, de léxico, de morfologia e de sintaxe com apoio de re-
curso áudio visual. Tradução e interpretação da Libras: desenvolver a expressão visual-es-
pacial. A importância da Tecnologia e a legislação vigente.
No Brasil há uma grande demanda e oportunidade de trabalho para as tecnologias assis-
tivas e isso envolve a surdez/deficiência auditiva. Esse mercado carece de profissionais ha-
bilitados que buscam suprir necessidades e melhorar a qualidade de vida das pessoas com 
deficiência.
Portanto, essa é uma excelente oportunidade de conhecer a segunda língua oficial do Brasil, 
conhecer o universo de uma parcela da sociedade e contribuir de forma significativa para 
mudanças na vida dessas pessoas, seja através da inclusão, respeito ou produção de ferra-
mentas facilitadoras.
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Disciplina Libras
Capítulo 1 
Quem é o Surdo e o Decreto 
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Disciplina Libras
Objetivos: 
• Apresentar características fundamentias da língua de sinais brasileira;
• Conhecer o Decreto.
LIBRAS, é a Língua Brasileira de Sinais, que a FENEIS (Federação Nacional dos Surdos) 
define como língua natural dos surdos brasileiros, mas podem ser aprendida por qualquer 
pessoa que se interesse pela comunicação com essa comunidade.
Como qualquer outra língua, seu aprendizado demanda prática. É uma língua viva e autô-
noma, reconhecida linguisticamente, compondo todos os elementos linguisticos necessá-
rios para tal.
De acordo com o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005) que regula-
menta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, assegura que o Surdo aprenda como primeira 
língua, a língua de sinais e a língua portuguesa, como segunda língua, na modalidade es-
crita.
A mesma lei estabeleceu que fossem garantidas formas de apoiar o uso e a difusão da LI-
BRAS em todo Brasil. Especificou que o sistema educacional garantisse a inclusão do ensino 
da LIBRAS nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e de Licencia-
tura em seus níveis médio e superior. O decreto dispôs, sobre a formação do professor e do 
instrutor de LIBRAS, da formação do tradutor e intérprete, da garantia do direito à educa-
ção e à saúde das pessoas surdas.
Baseada na Língua de Sinais Francesa foi desenvolvida a Língua Brasileira de Sinais. A LI-
BRAS, diferente do que pensam não é composta de mímicas e gestos, ela possui uma estru-
tura gramatical própria, os sinais são formados com movimento das mãos e de pontos de 
referência no corpo ou no espaço.
As línguas de sinais são, portanto, consideradas pela linguística como línguas naturais 
ou como um sistema linguístico legitimo, e não como um problema do surdo ou como 
uma patologia da linguagem. Stokoe, em 1960, percebeu e comprovou que a língua de sinais 
atendia a todos os critérios linguísticos de uma língua genuína, no léxico, na sintaxe e na 
capacidade de gerar uma quantidade infinita de sentenças. (QUADROS; KARNOPP, 2004, 
p. 30)
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Disciplina Libras
A Lei 10.436 de 2002 reconhece o estatuto linguístico da Língua de Sinais e, ao mesmo 
tempo assinala que esta não pode substituir o português. Porém, os surdos ainda se 
sentem excluídos dessa sociedade, citando-se como exemplo o depoimento de uma 
surda mencionado em Skliar (1998, p.59): 
É neste sentir-se rejeitado em comunicação que nos faz sentir-nos mal em família. Não 
há um sentir-se igual. É impossível ser feliz num clima desses. É o exílio do silêncio a que 
estamos sujeitos. Sujeitos a sermos devotados aos ouvintes e sem esperanças... Eu per-
cebo, é claro que a minha vida deve ser feita em outro grupo, com os surdos. Angústia 
é este sentimento. É preciso reconquistar o espaço que nos tiraram. Na verdade é uma 
perda angustiante. Nossa presença entre ouvintes não é legal (R, surda de 30 anos). 
É dentro dessa perspectiva que a Faculdade Impacta proporciona a oportunidade co-
nhecer essa área e compreender a necessidade de uma mudança de olhar, para quem 
sabe, desenvolver grandes projetos em tecnologias assistivas.
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Disciplina Libras
Fonte da imagem: https://www.flickr.com/photos/biagioni/549657056, acessado em 07/04/2018.
A Libras não é um conjunto de mímicas ou gestos criados aleatoriamente. É uma língua, 
um idioma, com gramática própria e suas particularidades, pois é uma língua gestual-vi-
sual. Nós realizamos os sinais no espaço e em alguns casos, tocando em partes do corpo.
 Fonte da imagem: https://pt.slideshare.net/CLAUDIARAVAIANO/apostila-libras-bsico-8495712, acessado em 
07/04/2018.
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Veja abaixo um exemplo das possibilidades de configurações de mãos, que é o formato 
em que a mão precisa estar para realizar o sinal
Fonte da imagem: http://tertuliasdelibras.blogspot.com.br/2015/11/configuracoes-de-maos.html, acessado em 
07/04/2018.
Aqui estão algumas dicas para pesquisar os sinais. Os aplicativos estão disponíveis para 
baixar no Google e App Store.
http://www.onacional.com.br/estado/66659/tce-rs+disponibiliza+ferramenta+de+acessibilidade+hand+talk, acessado 
em 07/04/2018.
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Fonte da imagem: https://www.windowsteam.com.br/prodeaf-e-o-melhor-tradutor-de-libras-para-o-seu-windows-phone/, acesso 
em 07/04/02018
http://www.acessibilidadebrasil.org.br/libras/
A Libras é a língua brasileira de sinais, ou seja, ela não é universal. Cada país tem sua 
própria língua de sinais. No nosso caso alguns sinais são atéregionais, mudam de um 
estado para o outro. 
Vamos aprender o alfabeto? Ele é produzido por diferentes configurações de mãos e 
é utilizado para soletrar nome de pessoas, lugares e outras palavras que não tenham 
sinal correspondente ou a pessoa não sabe o sinal, então ela soletra o alfabeto para 
perguntar.
Em nosso vídeo aula, você poderá acompanhar.
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Fonte da imagem: https://acessibilidadeemmaos.wordpress.com/2017/01/30/alfabeto-manual/, acesso em 07/04/2018
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Capítulo 2 
Mitos e verdades sobre a 
Libras e a surdez
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Objetivo: 
 • Conhecer os mitos e verdades sobre a surdez e a Libras
É muito comum ouvirmos as pessoas se referirem aos surdos, como “mudinhos”. Já ou-
viram isso?
Saiba que isso é um mito e é incorreto dizer que os surdos são mudos. Em sua maioria, 
de acordo com as pesquisas, eles têm o aparelho fonador preservado. Mas não falam, 
pois não aprenderem a falar, já que não escutam.
Nessa aula, conheceremos mais alguns mitos e verdades relacionados à surdez e a Li-
bras.
https://medium.com/camaleotica/dia-do-surdo-o-valor-da-comunidade-surda-e-a-inclus%C3%A3o-social-297fabc3be3a, 
acessado em 07/04/2018.
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Vejam a matéria do Portal da Educação, sobre o assunto:
Mito: Haveria uma única e universal língua de sinal usada por todas as pessoas surdas. 
Essa concepção faz parte do senso comum.
Verdade: Cada país possui sua própria língua de sinais e em alguns casos chega a ser 
regional.
Mito: A língua de sinais seria um sistema de conteúdo restrito, sendo expressiva e lin-
guisticamente inferior ao sistema de comunicação oral.
Verdade: A língua de sinais tem gramática própria e é reconhecida linguisticamente.
Mito: As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representa-
das no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo 
processo de informação espacial enquanto o esquerdo, pela linguagem.
Verdade: Embora a língua seja espacial, ela utiliza o mesmo lado do cérebro que nós 
ouvintes utilizamos na língua falada, por se tratar de uma linguagem.
Verdade: Língua de Sinais é uma língua de modalidade gestual-visual. A LIBRAS é con-
siderada a língua natural dos surdos. As línguas de sinais são diferentes nos diferentes 
países.
Mito: São mudos? 
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. As pessoas surdas apresentam condi-
ções físicas e fisiológicas necessárias para falar. Algumas não falam porque não foram 
ensinadas, outras porque acham que a língua favorece a efetivação e a agilidade na co-
municação, e outras ainda por opção.
Mito: São muito nervosas?
A utilização de gestos, da ênfase na expressão facial, do esforço para falar e da ausência 
do feedback auditivo (não escutam os sons que emitem), fazem com que os ouvintes 
imaginem que os surdos estão “nervosos”. Na realidade, estão somente se comunican-
do, ou tentando se comunicar. Ser nervoso não é uma característica da surdez.
Mito: Não escutam nada, ou escutam quando querem?
Assim como a visão, a audição também se efetiva em graus. Alguns surdos conseguem 
ouvir a voz e escutar a fala ao telefone. A impressão de que às vezes o surdo responde 
a sons e outras não, fazendo com que o ouvinte pense que “escutam quando querem” 
deve-se a alguns fatores: a distância da emissão do som, a frequência da voz da pessoa 
que fala, o tipo de som (grave/agudo), a intensidade do som (forte/fraco) e também, o 
nível de atenção do surdo ao som emitido.
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Mito: Todos fazem leitura labial?
A leitura labial não é uma habilidade natural, em todo surdo. Esta precisa ser ensinada, 
como se ensina leitura, escrita, etc. Poucas pessoas surdas fazem uma boa leitura labial. 
Uma minoria não consegue fazer nenhuma dessas leituras e só se comunica através de 
sinais, aprendidos no decorrer de sua história de vida familiar e social, ou mesmo através 
da LIBRAS. Assim, não é verdadeiro que a leitura labial seja uma capacidade inata.
Mito: Têm um excelente poder de atenção e concentração?
Atenção e concentração também não são habilidades inerentes à condição de surdez. 
Na realidade os índices de atenção e concentração da pessoa surda apresentam-se no 
mesmo padrão encontrado em pessoas ouvintes.
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Capítulo 3 
Visão clínica e sócio 
antropológica da surdez
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Objetivo: 
 • Compreender que há duas vertentes: a visão clínica e social.
Nas últimas décadas a Educação de Surdos tem sido assunto de discussão. No entanto, 
Angela Carrancho da Silva aborda uma questão primordial no livro Surdez e Bilinguismo 
(2005, p. 38):
“... os surdos são ou foram, de fato, consultados no (s) momento (s) da elaboração de 
leis que ditam o caminho da educação do surdo no Brasil? A comunidade surda é nor-
malmente consultada quando as secretarias municipais e estaduais elaboram seus cur-
rículos? Aqueles que organizam políticas públicas sabem, de fato, o que quer e o que 
precisa um surdo no que diz respeito a fatores educacionais?”
Partindo dessa citação, é possível pensar que esse seja uns dos motivos de ainda estar-
mos no início da caminhada para uma Educação de qualidade aos Surdos.
Dentro dessa abordagem, o que ainda para grande parte da sociedade não está claro, 
são as seguintes questões sobre a Surdez:
 • Visão clínica: falta, deficiência.
 • Visão sócio antropológica: Diferença.
Na visão clínica médica, a surdez é vista como uma “deficiência” em relação à comunida-
de “ouvinte”, colocando os sujeitos surdos em desvantagem, se comparados à maioria 
da população (Skliar, 1998). Decorrem daí os esforços no sentido de “normalização”, ou 
seja, no caso do surdo, torná-lo um “ouvinte”, ou de compensar seu déficit por meio 
de um treino sistemático da audição, da fala, da leitura labial, do uso de próteses, de 
implantes, de cirurgias, de audiometrias, de exercícios respiratórios, etc. (Lulkin, 1998). 
Nesta circunstância o destaque está na patologia da necessidade da interferência clí-
nica, pois a proposta é que os surdos utilizem a língua oral, já que é a língua da comu-
nidade ouvinte. Embasados nessa concepção, outro aspecto a ser pensado, mas não 
explorado neste texto, é de que maneira foi pensado/criado o currículo para esse surdo 
que eles desejam que ouçam?
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Elizabeth Vidolin Alpendre comenta em seu artigo:
Para Skliar o modelo oralista fracassou pedagogicamente e contribuiu para o proces-
so de marginalização social, com consequências sobre a formação da identidade dos 
surdos. Estes desenvolvem, muitas vezes, uma crise de identidade, pois adquirem hora 
uma identidade “deficitária” quando interagem com ouvintes (não são ouvintes ou são 
ouvintes com defeito).
E ainda:
 “... conjunto de representações dos ouvintes a partir do qual o surdo está obrigado a 
olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte.” (SKLIAR, 1998, p. 15). É neste olhar que 
sugiram as percepções de “deficiente”, justificando as práticas reabilitatórias que desvir-
tuaram o papel da escola na educação dos surdos.
Dentro dessa concepção clínica, o surdo não é respeitado como sujeito e parte integran-
te dessa sociedade, porque lhe falta algo. Logo, ele precisa estar mais próximo do que 
essa visão propõe.
Em contrapartida, a visão da surdez como uma diferença cultural e não uma patologia 
médica é a sócia antropológica.
Analisando a surdez como uma diferença, Almeida (2000) sustenta que não existe uma 
patologia e nem uma inferioridade do sujeito em relação aos demais. Essa diferença re-
cai sobre a ênfase no desenvolvimento de recursos próprios para interagir com o meio, 
inclusive por meio de uma língua que permita ao surdo expressar-se.
Na visão patológica, o fracasso na aquisição da língua padrão oral, e como consequên-
cia as demais atividades escolares, está atrelado à deficiência. Já na visão sócio, qualquer 
insucesso deve-se aludir questionamentos aos processos educacionais.
Oliveira (1993, p.59), comenta a importância do conceitode mediação no pensamento 
de Vygotsky:
Uma ideia central para a compreensão das concepções de Vygotsky sobre o desenvolvi-
mento humano como processo sócio histórico é a ideia de mediação. Enquanto sujeito 
de conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso media-
do, isto é, feito através de recortes do real operados pelos sistemas simbólicos de que 
dispõe.
A visão sócio propõe aquilo que os próprios surdos têm clamado, o uso da língua de 
sinais como L1 e a língua portuguesa como L2. É necessária a clareza de que a língua de 
sinais não é ferramenta para alcançar a língua portuguesa. A Língua de Sinais é a base 
para a construção do pensamento, desenvolvimento e aprendizagem do Surdo.
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Disciplina Libras
Correia e Fernandes (2005), apontam as seguintes questões:
Petitto e Marantette (1991) revelaram, através de suas pesquisas, que os seres huma-
nos (ouvintes e surdos) balbuciam naturalmente, aos três meses de idade, tanto em 
língua de modalidade oral, quanto em de modalidade sinalizada. Se crianças ouvintes, 
filhas de ouvintes, sem contato com a língua de sinais balbuciam tanto em língua de 
característica oral-auditiva como espaço-visual e crianças que nascem surdas, filhas 
de pais surdos, do mesmo modo, balbuciam nessas duas modalidades, é factual con-
cluirmos que a capacidade humana para a aquisição da linguagem é intrínseca ao in-
divíduo e, mais, que o domínio de uma língua em toda a sua potencialidade é tão im-
prescindível ao desenvolvimento que a natureza humana prevê para todos esta dupla 
possibilidade. O fato de crianças ouvintes não desenvolverem a língua de sinais após 
o balbucio se deve apenas ao fato de não estarem expostas a ela (bem como crianças 
brasileiras desenvolvem a aquisição do português e não do inglês, se não estiverem 
expostas a essa língua, por exemplo).
Essa parece uma definição óbvia, mas que nos remete a pensar o porquê as políticas 
públicas de educação, não perguntam aos surdos qual a melhor forma de aprender?
A visão sócia defende o Bilinguismo e Quadros contribui dizendo que: “Quando me re-
firo ao bilinguismo, não estou estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo 
as línguas envolvidas no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o 
Português no contexto mais comum do Brasil.” (2000, p.54).
Pereira afirma que:
A língua de sinais preenche as mesmas funções que a linguagem falada tem para os 
ouvintes. Como ocorre com crianças ouvintes, espera-se que a língua de sinais seja ad-
quirida na interação com usuários fluentes da mesma, os quais, envolvendo as crianças 
surdas em práticas discursivas e interpretando os enunciados produzidos por elas, insi-
ram-se no funcionamento dessa língua. (PEREIRA, 2000).
E ainda Skliar (1997/2004) defende que as crianças surdas devem crescer bilíngues, 
que a primeira língua delas deve ser a língua de sinais e que a segunda deve ser a lín-
gua majoritária, na modalidade escrita.
Sabendo da importância de escolas bilíngues para que o Surdo tenha acesso aos co-
nhecimentos e possa desenvolver-se. Entendendo que as duas línguas não disputam 
entre si, apenas cada modalidade dispõe aos seus usuários como melhor utilizá-la. 
Como destacam Pereira, Maria Cristina da Cunha & Maria Inês da Silva Vieira:
A língua de sinais, como primeira língua do surdo, é sua língua de identificação, de ins-
trução e de comunicação e a língua portuguesa, na modalidade escrita, como segunda 
língua, é a possibilidade de o surdo ter acesso à informação, conhecimento e cultura 
tanto da comunidade surda como da majoritária ouvinte.
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Disciplina Libras
Sendo assim, a visão sócio respeita e compreende o Surdo como indivíduo, membro 
participante dessa sociedade.
Sinais
Os sinais são formados com a combinação do movimento das mãos com um determi-
nado formato e lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em 
frente ao corpo.
Estas articulações das mãos, podem ser comparadas aos fonemas e aos morfemas, são 
chamados de parâmetros. 
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Disciplina Libras
Capítulo 4 
Cinco parâmetros da Libras
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Disciplina Libras
Objetivos:
 • Conhecer a gramática e parâmetros da Libras
 • Verificar as diferenças em relação à Língua Portuguesa
Fonte da imagem: http://eb1aldeiajoanes-fotos.blogspot.com.br/2015/10/adivinhas-sobre-alimentacao.html, acessado 
em 08/04/2018
Vejamos a resposta com esse artigo do Portal da Educação.
Inicialmente os ouvintes tendem a acreditar que a Língua de Sinais é uma adaptação 
da Língua Portuguesa, porém estudos comprovam que a Libras teve forte influência da 
Língua Francesa de Sinais.
No século XIX, com o advento da Família Real Portuguesa no Brasil fundou-se o primei-
ro Instituto dos Surdos-Mudos no Rio de Janeiro a pedido do então Imperador Dom 
Pedro II, não que ele estivesse interessado unicamente pela bondade e razão, mas por-
que sua filha Princesa Isabel concebera uma criança surda.
O primeiro surdo alfabetizado e professor que se tem história no Brasil foi Huet, ex-alu-
no do Instituto de Paris, a partir dele a Língua Francesa de Sinais chegou ao Brasil e 
começou a dar forma à Língua Brasileira de Sinais, assim a Libras não teve influência 
direta de uma língua com modalidade Oral-auditiva, mas sim espaço-visual, concluin-
do que cada língua tem origens baseadas em outras línguas de mesma modalidade.
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A Língua de Sinais Brasileira mais conhecida como Libras, assim como nas línguas orais 
possui gramática bem como parâmetros que são:
• Configuração de mãos: são formas das mãos que podem fazer parte da datilologia ou 
não, na maioria das vezes (pelos destros) utiliza-se a mão direita, quando canhoto, a 
mão esquerda e dependendo do sinal poderá utilizar as duas mãos;
• Ponto de articulação: é o lugar onde a mão configurada é posicionada, podendo ser o 
espaço neutro, ou alguma parte do corpo;
• Expressão facial e/ou corporal: as expressões faciais e corporais são de fundamental 
importância para o entendimento do sinal correspondente na língua oral a entonação 
de voz;
• Orientação/direção: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros já men-
cionados. Os mesmos estão relacionados à palma da mão.
• Movimento: o sinal pode ou não apresentar movimento.
Os cinco parâmetros podem ser apresentados também por siglas:
CM: configuração de mãos;
PA: ponto de articulação;
M: movimento;
EF/C: expressão facial e corporal;
O: orientação.
O alfabeto datilológico não constitui sinais, mas faz parte das configurações de mãos, 
assim é errôneo utilizar empréstimos linguísticos a todo o momento e afirmar que está 
utilizando Libras.
O alfabeto datilológico não constitui sinais, mas faz parte das configurações de mãos, 
assim é errôneo utilizar empréstimos linguísticos a todo o momento e afirmar que está 
utilizando Libras.
Percebemos então que a Libras não compartilha dos mesmos parâmetros da Língua 
Portuguesa, ambas são independentes e tiveram suas raízes linguísticas bem diferen-
tes, o que acontece na maioria das vezes são comparações por parte dos ouvintes para 
melhor entendimento da Libras, daí a concepção que uma é a versão da outra em si-
nais ou oralidade.
Disciplina Libras
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Disciplina Libras
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Disciplina Libras
Sinais
Os sinais são formados com a combinação do movimento das mãos com um determi-
nado formato e lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em 
frente ao corpo.
Estas articulações das mãos, podem ser comparadas aos fonemas e aos morfemas, são 
chamados de parâmetros. 
 
Fonte da imagem: http://tertuliasdelibras.blogspot.com.br/2015/11/configuracoes-de-maos.html, acessado em 
07/04/2018.
Configuração das Mãos
São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas 
feitas pela mão predominante ou pelas duas mãos.
Por exemplo: os sinais APRENDER e LARANJA têm a mesma configuração de mão
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Disciplina Libras
Fonte da imagem: http://librasitz.blogspot.com.br/2010/07/os-cinco-parametros.html, acessado em 08/04/2018Ponto de Articulação
É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo tocar alguma parte 
do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até à cabeça) e ho-
rizontal (à frente do emissor). 
Por exemplo: os sinais TRABALHAR e BRINCAR são feitos no espaço neutro. Já os sinais 
ESQUECER e APRENDER são feitos na testa.
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Disciplina Libras
Movimento
Têm sinais com movimento e sem movimento.
Orientação
Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição, 
contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais QUERER e QUERER-NÃO; IR 
e VIR.
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Disciplina Libras
Expressão facial e/ou corporal
Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração 
têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais 
ALEGRE e TRISTE. 
Veja agora o sinal “difícil” com todos os parâmetros aplicados:.
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Capítulo 5 
Conceito, etiologia e características 
de surdez e deficiência auditiva
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Disciplina Libras
Objetivos:
 • Conhecer o conceito e o ouvido;
 • Compreender as causas e prevenções.
Conceito
Segundo o MEC (2006, p.68), deficiência auditiva é “a diminuição da capacidade de 
percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é 
funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que defi-
ciente, é funcional ou sem prótese auditiva.”
Porém, como já estudamos, há uma compreensão da surdez baseada na perspectiva 
histórica e cultural, como também na perspectiva clínica médica. E alguns autores pro-
põem o Surdo com letra maiúscula, pois tem relação com a identidade. São aqueles 
que não se consideram deficientes auditivos, como abordado nas lições anteriores. “Os 
deficientes auditivos seriam as pessoas que não se identificam com a Cultura e a co-
munidade surda”. (BISOL E VALENTINI, 2011, p1).
'
Etiologia (causas) e Prevenção da Surdez
Pavilhão Auricular (Orelha)
1) Orelha Externa
2) Orelha Média
3) Orelha Interna
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Disciplina Libras
Os menores ossos
Os três ossos do ouvido médio são os menores do corpo. Devido ao seu formato, cha-
mam-se: MARTELO, BIGORNA E ESTRIBO. Eles estão interligados de maneira que as vi-
brações de um osso provocam vibrações no próximo osso da cadeia, levando as ondas 
sonoras até o ouvido interno, onde são transformadas em impulsos elétricos, que che-
gam ao cérebro através do nervo auditivo
Decibéis
A intensidade ou volume dos sons é medida em unidades chamadas decibéis, abrevia-
das para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de uma conversa, e 120 dB a de um 
avião a jato. Se uma pessoa “perder” 25 dB de volume, poderá ter problemas de audi-
ção. A perda de 95 dB pode ensurdecer totalmente uma pessoa. 
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Disciplina Libras
Os Graus
Período de aquisição e localização da lesão
Segundo o MEC (2006, pp. 15-16) de acordo com o período e localização, a surdez po-
derá ser:
• Congênita: quando o indivíduo já nasce surdo. Sendo assim, a surdez é pré-lingual, ou 
seja, ocorreu antes da aquisição da linguagem.
• Adquirida: quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Nesse caso a 
surdez poderá ser pré ou pós-lingual, dependendo da sua ocorrência ter se dado antes 
ou depois da aquisição da linguagem.
A deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida. As principais causas da defi-
ciência congênita são hereditariedade, viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças 
tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose), ingestão de medicamentos 
ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. É adquirida, quando existe 
uma predisposição genética (otosclerose), quando ocorre meningite, ingestão de re-
médios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) e viroses, por exemplo.
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Disciplina Libras
Causas pré-natais: A criança adquire a surdez através da mãe, no período de ges-
tação.
• Desordens genéticas ou hereditárias;
• Relativas à consanguinidade;
• Relativas ao fator Rh;
• Relativas a doenças infectocontagiosas, como a rubéola;
• Sífilis, citomegalovírus, toxicoplasmose, herpes;
• Remédios ototóxicos, drogas, alcoolismo materno;
• Desnutrição/subnutrição/carências alimentares;
• Pressão alta, diabetes;
• Exposição à radiação;
• Outras.
Causas Peri-natais: A criança fica surda, porque surgem problemas no parto.
• Pré-maturidade, pós-maturidade, anóxia, fórceps;
• Infecção hospitalar;
• Outras
Causas Pós-natais: A criança fica surda, porque surgem problemas após seu nasci-
mento.
• Meningite;
• Remédios ototóxicos, em excesso, ou sem orientação médica;
• Sífilis adquirida;
• Sarampo, caxumba;
• Exposição contínua a ruídos ou sons muito altos;
• Traumatismos cranianos;
• Outros.
O estudo da etiologia demonstra a importância da prevenção primária na área da saú-
de, uma vez que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, 1,5% da 
população dos países em desenvolvimento têm problemas relativos à audição.
35
Disciplina Libras
A prevenção primária refere-se às ações que antecedem o problema da surdez, 
evitando sua ocorrência e deve ser realizada por meio:
• De campanhas de vacinação das jovens contra a rubéola;
• De exames pré-nupciais;
• Do acompanhamento à gestante (pré-natal);
• De campanhas de vacinação infantil contra: sarampo, meningite, caxumba, etc;
• De palestras e orientações às mães.
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Disciplina Libras
Capítulo 6 
Implante Coclear
37
Disciplina Libras
Objetivo: 
 • Conhecer os procedimentos possíveis para o implante coclear.
O que é o Implante Coclear?
Conhecido popularmente como ouvido biônico, o implante coclear é um dispositivo 
eletrônico que tem o objetivo de substituir as funções das células do ouvido interno 
de pessoas com surdez profunda que não são beneficiadas pelo uso de aparelhos au-
ditivos. É um equipamento implantado cirurgicamente na orelha que tem a função de 
estimular o nervo auditivo e recriar as sensações sonoras.
O implante coclear é composto de dois sistemas principais: um externo e um interno. 
A parte interna é formada por um receptor e um arranjo de eletrodos que fica posicio-
nado dentro da cóclea (órgão da audição com formato de caracol). Eles se conectam a 
um receptor, que funciona como um decodificador, implantado na região atrás da ore-
lha, por baixo da pele. Com o receptor, ficam uma antena e um imã, que servem para 
fixar a unidade externa e captar os sinais elétricos.
A unidade interna normalmente funciona por radiofrequência, ou seja, o mesmo meio 
usado para transmitir informações para a unidade interna é responsável pelo funciona-
mento dela.
A parte externa é composta por um processador de fala, uma antena transmissora e 
um microfone. Esta é a parte do implante que fica aparente.
Quais os tipos de implante coclear?
Os modelos de implante coclear se diferenciam pelo número e pela configuração dos 
eletrodos, pela chamada telemetria de respostas neurais (NRT), localização do microfo-
ne externo, pelo sistema de programação, design e tecnologia do processador de fala. 
De maneira geral, eles podem ser divididos em dois tipos: retroauricular, que se encai-
xa atrás da orelha, ou tipo caixa, um dispositivo quadrado.
Como funciona o implante coclear? 
O microfone capta o som e o transmite ao processador de fala, que analisa os sinais 
sonoros e os codifica em impulsos elétricos que serão transmitidos até a antena. De lá, 
o sinal é conduzido através da pele por meio de radiofrequência e chega até receptor 
interno. O chip do receptor converte os códigos em sinais eletrônicos e libera os im-
pulsos elétricos para os eletrodos intracocleares estimularem diretamente as fibras no 
nervo auditivo.
O estímulo é percebido pelo cérebro de quem usa o implante como som. Com isso, o 
paciente pode recuperar parte da audição.
38
Disciplina Libras
Quais são as principais vantagens do implante coclear?
Melhora dos níveis de audição e contribui para o desenvolvimento de fala e linguagem 
compatíveis com a idade.
Melhora a autoestima ea confiança dos pacientes e favorece o relacionamento e a co-
municação com familiares, amigos, colegas de trabalho e a sociedade em geral.
Quais as diferenças entre os aparelhos auditivos e o implante coclear?
A função dos aparelhos de audição é amplificar os sons para que pessoas com perdas 
auditivas possam ouvir melhor. É como se o equipamento aumentasse os sons do am-
biente. A questão é que isso só funciona para quem já ouve.
O implante coclear, por sua vez, não aumenta os sons. Ele é um estimulador elétrico 
com o objetivo de “imitar” as funções do ouvido que são a captação do som, transfor-
mação dele em estímulo elétrico e, depois, a ativação do nervo auditivo diretamente.
Quem pode ser beneficiado pelo implante coclear?
De uma maneira geral, o dispositivo é indicado para pacientes com surdez sensorial 
e bilateral e que não obtiveram resposta satisfatória com o uso de próteses auditivas 
convencionais.
Quando o assunto é o implante coclear, o tempo de surdez também se torna fator im-
portante: quanto mais tempo o paciente fica sem escutar, mais difícil será sua reabili-
tação. Independentemente do caso, é preciso que o paciente passe por uma avaliação 
detalhada de um grupo especializado em diagnóstico e tratamento da surdez.
Quais os critérios básicos de indicação do implante coclear?
Pacientes pós-linguais
Deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo que não se 
beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou seja, apresenta-
rem escores inferiores a 40% em testes de reconhecimento de sentenças com o uso da 
melhor protetização bilateral possível. Não existe limite de tempo para a realização do 
implante coclear neste grupo, porém quanto maior o tempo de surdez, piores serão os 
resultados.
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Disciplina Libras
Pacientes pré-linguais
Deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo, com reabi-
litação fonoaudiológica efetiva há pelo menos 6 meses (crianças de 0 a 18 meses) ou 
desde a realização do diagnóstico (crianças maiores de 18 meses), que não se benefi-
ciarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Neste grupo a idade do 
paciente é importante. Nas crianças, a idade ideal é entre 1 e 5 anos de idade, sendo 
que quanto mais precocemente o paciente é implantado, melhores serão os resulta-
dos.
Pacientes pré-linguais
A partir dos 5 anos os pacientes também podem ser implantados, porém os resultados 
dependerão de outros fatores como o grau de desenvolvimento da linguagem já ad-
quirida e de um trabalho de estimulação auditiva prévia, como uso de prótese auditiva 
e capacidade de realização de leitura orofacial e linguagem de sinais.
40
Disciplina Libras
Como vocês viram, a pessoa Surda tem opção de fazer o implante coclear, porém, nem 
sempre ele é possível. Depende de vários fatores, sendo um muito importante, o quan-
to a cóclea está preservada.
Quero compartilhar com vocês, dois vídeos que relatam a angústia de uma mãe ao 
descobrir a surdez do filho. Ela conta como foi o implante e como descobriu a Libras. 
Ressaltando que eu não sou contra ao implante, ok? Cada família deve decidir o que é 
melhor para si e para os seus. 
No entanto, já vi muitos casos de frustração em relação ao implante e acima de tudo, 
acredito que as pessoas devem ter o direito de escolher por aquilo que as fará feliz.
Conheço Surdos implantados, que mesmo após o implante, continuam optando pelo 
uso da Libras, pois aquilo é natural para ele. Mas, claro, também existem implantados 
que vivem bem e felizes.
Vejam os vídeos, tem intérprete em Libras. É bem legal observar-los
https://www.youtube.com/watch?v=8LZ5L_S8blA
https://www.youtube.com/watch?v=3C1T8cZ6G54
41
Disciplina Libras
Capítulo 7 
Breve reflexão sobre a história do 
ensino de surdos
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Disciplina Libras
Objetivo:
 • Conhecer historicamente a educação dos surdos
Na Antiguidade, por diversas civilizações, foram adotadas práticas cruéis contra os sur-
dos e as pessoas que apresentavam qualquer diferença. Estes sujeitos, muitas vezes, 
eram denominados de aberrações, retardados, anormais, etc. Os chineses lançavam-
nos no mar, os gauleses sacrificavam-nos aos deuses, na Grécia eram tidos como im-
perfeitos, em Esparta eram lançados do alto da rocha. 
“[...] a história da antiguidade [...] as conhecidas atrocidades realizadas contra os surdos 
pelos espartanos, que condenavam a criança a sofrer a mesma morte reservada ao re-
tardado ou de formado” (NASCIMENTO, 2006).
Skliar (1997) diz que no Egito os surdos eram tidos como deuses, servindo de media-
dores entre os deuses e os faraós, que faziam com que eles fossem adorados pela so-
ciedade. 
Na Idade Média, com o domínio da Igreja Católica, pelo fato deles não professarem os 
sacramentos, eles eram tidos como seres sem alma e o casamento era proibido. (STRO-
BEL, 2007).
Durante a Idade Antiga e Média acreditava-se que os surdos não eram nem mesmo 
educáveis. Estes foram percebidos com piedade e compaixão, e até mesmo como 
pessoas enfeitiçadas ou castigadas pelos deuses. Por esse motivo muitos deles foram 
abandonados e sacrificados. (GOLDFELD, 2002, p.27)
Após tanto descaso e sofrimento, a história dos Surdos começa a mudar e segundo 
Silva (2006) foi com a disseminação do trabalho de Girolamo Cardano (1501-1576), 
um médico italiano que se interessou a estudar as intervenções possíveis com surdos 
por ter um filho surdo, que começa a romper a ideia de que surdos eram incapazes de 
aprender.
Lacerda (2002) aponta um fato negativo que ocorreu nessa época. Os estudiosos guar-
davam para si todo e qualquer resultado dos estudos realizados com Surdos, mesmo 
quando esses eram positivos. Diante disso, hoje temos pouco material desta época, 
além disso, muitos documentos foram perdidos. 
Ainda assim, é possível relatar que, assim como ocorre na educação de ouvintes, os 
principais beneficiados foram os surdos de famílias ricas. Estas queriam manter seus 
bens na família então quando havia Surdos, investia-se na educação para que eles pu-
dessem cuidar da riqueza da família. Entretanto, contradizendo esses padrões, foram 
os Surdos considerados vagabundos, por não trabalharem, já que não existia espaço 
na sociedade para eles, que interagem com o ouvinte abade L’Epée que aprende os 
sinais e cria a primeira Escola Pública para Surdos em Paris, em 1760, de acordo com 
Silva (2006).
43
Disciplina Libras
Nesse momento é notável a força que ganha os estudos relacionados à Educação dos 
Surdos. Mesmo com surgimento de defensores da filosofia oralista.
Então, desconsiderando os avanços realizados com a Língua de Sinais, acontece em 
1872 o Congresso em Veneza e firmaram-se algumas concepções, tais como: a língua 
oral prevaleceu como a comunicação do pensamento, com orientação os surdos po-
dem ler lábios e falar, para o desenvolvimento do intelecto e linguística a língua oral 
traz vantagens. E Lacerda (2002, p.4) ainda afirma: 
Havia neste evento defensores de todas as práticas até então existentes e os surdos 
conquistaram alguns ideais, como por exemplo, o direito de assinar documentos, que 
os tirava da marginalidade social, mas ainda estava distante a possibilidade de uma 
verdadeira integração social.
Mesmo com essas conquistas, o Congresso proporciona uma grande regressão nos 
avanços da educação dos Surdos. 
E para piorar, em seis de setembro de 1880 na Conferência de Milão educadores de to-
dos os países reúnem-se para as discussões sobre os métodos utilizados na educação 
dos surdos e, com exceção dos Estados Unidos, todos adotaram o método oral. Silva 
(2006, p.26) destaca que “o Congresso declarou que o método oral, na educação de 
surdos, deveria ser preferido em relação ao gestual, pois as palavras eram, para os ou-
vintes, indubitavelmente superiores aos gestos”. Atualmente esta decisão é considera-
da totalmente inadequada, pois além de desconsiderar o sucesso obtido na educação 
de surdos obtido até o momento, desconsiderou a opinião dos principais interessados,os próprios surdos. 
Referindo-se ao Congresso de Milão, Sacks (1989, p.40) relata que:
Os professores surdos foram excluídos da votação, o oralismo saiu vencedor e o uso 
da língua de sinais foi “oficialmente” abolido. Os alunos surdos foram proibidos de usar 
sua própria língua “natural” e, dali por diante, forçados a aprender, o melhor que pu-
dessem, a (para eles) “artificial” língua falada. E talvez isso seja condizente com o espí-
rito da época, seu arrogante senso da ciência como poder, de comandar a natureza e 
nunca se dobrar a ela.
É possível dizer que o Congresso de Milão foi um marco na erradicação da Língua de 
Sinais.
Sobre a educação de Surdos no Brasil, Silva (1998, p.14) faz o seguinte comentário:
Ocorreu em ambientes especiais, separados de crianças ouvintes, pelo menos para o 
ensino básico. Apenas eram encaminhadas para a escola comum aquelas crianças que 
se mostrassem aptas a acompanhar a rede regular de ensino, isto é, que tivessem ad-
quirido uma fala boa e inteligível e tivessem também uma boa leitura labial, além de já 
estarem alfabetizadas... A esses surdos não era permitido usar qualquer gesto além dos 
naturais, com a justificativa de que esses acabavam por inibir a iniciativa, ou o desejo, 
da criança pela fala.
44
Disciplina Libras
Só após a constatação das críticas feitas à Comunicação Total é que se iniciam os estu-
dos sobre Bilinguismo enquanto proposta educacional.
É notável o sofrimento dos Surdos diante dos fatos apresentados. Foram anos e anos 
de sofrimento, descaso, indiferença e desprezo. Fico pensando como foram corajosos 
os Surdos que sobreviveram a tantas injustiças e ainda assim não desistiram, como a 
sociedade foi capaz de lidar com humanos da forma como lidavam. Porém, não é essa 
discussão que esse trabalho se propõe. Mostrar a história faz parte de defender o direi-
to do Surdo escolher como ele quer aprender, visto que ele é o principal sujeito desse 
processo.
Sem dúvida, há um fator que deveríamos pensar: a história dos Surdos não é contada 
pelos próprios protagonistas.
Hoje podemos afirmar que muito lentamente as situações têm mudado, a prova disso 
iniciou-se com o Decreto 5.626 de 2005, que afirma que a educação de surdos no Brasil 
deve ser bilíngue, garantindo o acesso a educação por meio da Língua de Sinais e o 
ensino da Língua Portuguesa escrita, como segunda língua.
A Lei 10.436 de 2002 reconhece o estatuto linguístico da Língua de Sinais e, ao mesmo 
tempo assinala que esta não pode substituir o português.
Porém, os surdos ainda se sentem excluídos dessa sociedade, vejamos o depoimento 
de uma surda mencionado em Skliar (1998, p.59). 
É neste sentir-se rejeitado em comunicação que nos faz sentir-nos mal em família. Não 
há um sentir-se igual. É impossível ser feliz num clima desses. É o exílio do silêncio a 
que estamos sujeitos. Sujeitos a sermos devotados aos ouvintes e sem esperanças... Eu 
percebo, é claro que a minha vida deve ser feita em outro grupo, com os surdos. An-
gústia é este sentimento. É preciso reconquistar o espaço que nos tiraram. Na verdade, 
é uma perda angustiante. Nossa presença entre ouvintes não é legal (R, surda de 30 
anos).
Mesmo com o Decreto e a Lei, no relato acima é possível identificar a angústia de uma 
Surda ao conviver em uma sociedade onde sua maioria é ouvinte, onde a Língua uti-
lizada para as interações é oral-auditiva. Nesse caso é necessário atentar-se para a fala 
de Vygosty (1934/1999) que aponta a seguinte reflexão: “o desenvolvimento humano 
dá-se com a interação entre o meio sócio histórico cultural e o homem. São com as 
interações que surgem os conflitos, que o indivíduo percebe o mundo, constrói concei-
tos, reorganiza ideias, num dinâmica dupla de transformar o meio e ser transformado 
por ele”.c
45
Disciplina Libras
CONCEITO 
Povo Surdo e a Comunidade Surda O povo surdo é grupo de sujeitos surdos que tem 
costumes, história, tradições em comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou 
seja, constrói sua concepção de mundo através da visão. 
A comunidade surda, na verdade não é só de surdos, já que tem sujeitos ouvintes jun-
to, que são família, intérpretes, professores, amigos e outros que participam e compar-
tilham os mesmos interesses em comuns em um determinado localização que podem 
ser as associação de surdos, federações de surdos, igrejas e outros.”
46
Disciplina Libras
Capítulo 8 
Bilinguismo – o direito da criança 
surda crescer bilíngue
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Disciplina Libras
Objetivos:
 • Compreender a importância do bilinguismo;
 • Averiguar o direito da criança surda.
Para essa aula, será utilizado na íntegra o texto do François Grosjean, que aborda de 
forma exímia o direito da criança surda crescer em um ambiente bilíngue e o quanto 
isso contribuirá com seu desenvolvimento.
O DIREITO DA CRIANÇA SURDA DE CRESCER BILÍNGUE
François Grosjean - Universidade de Neuchâtel – Suiça
Toda criança surda, qualquer que seja o nível da sua perda auditiva, deve ter o direito 
de crescer bilíngue. Conhecendo e usando a língua de sinais e a língua oral (na sua mo-
dalidade escrita e, quando for possível, na sua modalidade falada) a criança alcançará 
um completo desenvolvimento das suas capacidades cognitivas, linguísticas e sociais.
O que necessita fazer a criança surda com a linguagem?
Através da linguagem a criança surda deve cumprir uma série de tarefas:
1. Comunicar com seus pais e familiares o mais cedo possível. Uma criança ouvinte, 
normalmente, adquire a língua nos primeiros anos de vida se está exposta a ela e pode 
percebê-la. O uso da língua é um meio importante para estabelecer e solidificar os vín-
culos sociais e pessoais entre a criança e seus pais. O que é uma realidade para a crian-
ça ouvinte deve ser também para a criança surda. A criança surda deve ser capaz de 
comunicar com os seus pais através de uma língua natural, tão pronta e integralmente 
quanto possível. Através da linguagem ocorre grande parte do estabelecimento de 
vínculos afetivos entre a criança e seus pais.
2. Desenvolver suas capacidades cognitivas durante a infância. Através da língua a 
criança desenvolve suas capacidades cognitivas, capacidade de importância crítica 
para seu desenvolvimento pessoal. Entre estas capacidades encontramos diferentes 
tipos de raciocínio, pensamento abstrato, memorização, etc. A ausência total de uma 
língua, a adoção de uma língua não natural ou o uso de uma língua que é pobremente 
percebida ou conhecida pode ter consequências negativas importantes no desenvolvi-
mento cognitivo da criança.
48
Disciplina Libras
3. Adquirir conhecimentos sobre o mundo. A criança adquirirá conhecimentos sobre a 
realidade exterior principalmente através do uso da língua. Comunicando com os seus 
pais, familiares e outras crianças ou adultos, a criança intercambiará e processará a in-
formação sobre o mundo que a rodeia.
Estes conhecimentos servirão como base para as atividades que ocorrerão na escola e 
facilitarão a compreensão da língua. Não existe uma verdadeira compreensão da lín-
gua sem o apoio de tais conhecimentos.
4. Comunicar integralmente com o mundo circundante. A criança surda, como a crian-
ça ouvinte, deve ser capaz de comunicar de modo integral com todas aquelas pessoas 
que formam parte de sua vida (pais, irmãos, grupos de pares, professores, adultos, etc.). 
A comunicação deve proporcionar uma certa quantidade de informações numa língua 
apropriada para o interlocutor e adequada ao contexto. Em alguns casos será a língua 
de sinais, em outros será a língua oral (em alguma de suas modalidades) e noutros se-
rão ambas as línguas alternadamente.
5. Pertencer culturalmente a dois mundos. Através do uso da língua a criança surda 
deverá converter-se progressivamente em membro do mundo ouvinte e do mundo 
surdo. Deverá identificar-se, ao menos em parte, com o mundo ouvinte que é quase 
sempre o mundo de seus pais e familiares (90% das crianças surdas tem pais ouvintes). 
Mas a criança também deverá entrar em contato, logo que possível, como mundo das 
pessoas surdas, seu outro mundo. A criança deve sentir-se cômoda em ambos os mun-
dos e deve ser capaz de identificar-se com cada um deles na medida do possível.
O bilinguismo é o único modo de satisfazer estas necessidades
O bilinguismo é o conhecimento e uso regular de duas ou mais línguas. Um bilinguis-
mo língua oral/língua dos sinais é a única via através da qual a criança surda poderá ser 
atendida nas suas necessidades, quer dizer, comunicar com os pais desde uma idade 
precoce, desenvolver as suas capacidades cognitivas, adquirir conhecimentos sobre a 
realidade externa, comunicar plenamente com o mundo circundante e converter-se 
num membro do mundo surdo e do mundo ouvinte.
Que tipo de bilinguismo?
O bilinguismo da criança surda implica o uso da língua de sinais, usada pela comuni-
dade surda, e a língua oral usada pela maioria ouvinte. Esta última adquire-se na sua 
modalidade escrita e, quando possível, na sua modalidade falada. Em cada criança as 
duas línguas jogarão papéis diferentes: em algumas crianças predominará a língua de 
sinais, em outras predominará a língua oral e noutras haverá um certo equilíbrio entre 
ambas as línguas. Ainda, devido aos diferentes níveis de surdez possíveis e à complexa 
situação de contato entre ambas as línguas (quatro modalidades linguísticas, dois sis-
temas de produção e dois de recepção, etc) podemos encontrar diferentes tipos de bi-
linguismo, isto é, a maioria das crianças surdas adquirirá níveis distintos de bilinguismo 
e“biculturalismo2”. 
49
Disciplina Libras
Nesse sentido não se diferenciam de metade da população mundial, aproximadamen-
te, que convive com duas ou mais línguas (estima-se que há no mundo, atualmente, 
tantas pessoas – se não mais – bilíngues quanto monolíngues). Como outras crianças 
bilíngues, as crianças surdas usarão ambas as línguas nas suas vidas quotidianas como 
membros integrantes de dois mundos, neste caso, o mundo ouvinte e o mundo surdo.
Qual é o papel da língua de sinais?
A língua de sinais deve ser a primeira língua (ou uma das primeiras) adquirida pelas 
crianças com uma perda auditiva severa. A língua de sinais é uma língua natural, ple-
namente desenvolvida, que assegura uma comunicação completa e integral. Diferen-
temente da língua oral, a língua de sinais permite às crianças surdas em idade precoce 
de comunicar com os pais plenamente, desde que ambos adquiram-na rapidamente. 
A língua de sinais tem papel importante no desenvolvimento cognitivo e social da 
criança e permite a aquisição de conhecimentos sobre o mundo circundante. Permitirá 
à criança um desenvolvimento de sua identificação com mundo surdo (um dos dois 
mundos aos quais a criança pertence) logo que entre em contato com esse mundo. E 
mais, a língua de sinais facilitará a aquisição da língua oral, seja na modalidade escrita 
ou na modalidade falada. É sabido que uma primeira língua adquirida com normali-
dade, trate-se de uma língua oral ou de uma língua de sinais, estimulará em grande 
medida a aquisição de uma Segunda língua. Finalmente, o fato de ser capaz de utilizar 
a língua de sinais será uma garantia de que a criança maneja pelo menos uma língua. 
Apesar dos consideráveis esforços feitos por parte das crianças surdas e dos profissio-
nais que os rodeiam, e apesar do uso de suportes tecnológicos, o facto é que muitas 
crianças surdas têm grandes dificuldades para perceber e produzir uma língua oral 
na sua modalidade falada. Esperar vários anos para alcançar um nível satisfatório que 
pode não ser alcançado, e negar durante esse tempo o acesso da criança surda a uma 
língua que satisfaça as suas necessidades (a língua de sinais) é praticamente aceitar o 
risco de um atraso no seu desenvolvimento linguístico, cognitivo, social ou pessoal.
Qual é o papel da língua oral?
Ser bilíngue significa saber e utilizar duas ou mais línguas. A segunda língua das crian-
ças surdas será a língua oral usada pela comunidade ouvinte à qual também perten-
cem. Esta língua, na modalidade falada e/ou escrita, é a língua de seus pais, irmãos, pa-
rentes, futuros amigos, empregados, etc. Quando aqueles que convivem com a criança 
surda não conhecem a língua de sinais é importante que a comunicação se faça, ainda 
que isto só possa ocorrer através da língua oral. Também a língua oral, principalmente 
na sua modalidade escrita, será um meio importante para a aquisição de conhecimen-
tos. Grande quantidade do que aprendemos se transmite através da escrita, tanto em 
casa como depois na escola. Por isso, o êxito acadêmico da criança surda e seus futuros 
sucessos profissionais dependerão em grande medida de um bom manejo da língua 
oral na sua modalidade escrita e, quando possível, na modalidade falada.
50
Disciplina Libras
Conclusões
É nosso dever permitir à criança surda a aquisição de duas línguas, a língua de sinais da 
comunidade surda (como primeira língua se a sua perda auditiva é severa) e a língua 
oral da maioria ouvinte. Para isso, a criança deve ter contato com as duas comunidades 
linguísticas e deve sentir a necessidade de aprender e usar ambas as línguas. Contar 
exclusivamente com uma língua, a língua oral, devido aos recentes avanços tecnológi-
cos, é jogar com o futuro da criança surda. É arriscar seu desenvolvimento cognitivo e 
pessoal e negar-lhe a possibilidade de se identificar culturalmente com os dois mun-
dos aos quais pertence. Ter contato desde uma idade precoce com duas línguas ofere-
cerá à criança muito mais recursos do que tendo apenas uma língua, qualquer que seja 
seu futuro e qualquer que seja o mundo em que escolherá viver (as vezes só num de-
les). Ninguém se arrepende de saber várias línguas mas sim quando sabe pouco, ainda 
mais quando o próprio desenvolvimento está em jogo. A criança surda deveria ter o 
direito de crescer bilíngue e é nossa responsabilidade ajudá-la nisso.
Para constatar a legitimação de uma educação bilíngue, leiam o documento dis-
ponível nesse link: http://www2.unirio.br/unirio/cchs/educacao/grupos-de-pes-
quisa/CARTAABERTADOSDOUTORESSURDOSAOMINISTROMERCADANTE.pdf.
Que se trata de uma carta enviada em 2012 ao Ministro da Educação, Mercadan-
te. Nela os sete primeiros doutores Surdos falam sobre o tipo de educação que 
eles acreditam e que eles querem ter. 
Veja também no link abaixo, a maior pesquisa realizado no mundo, feita aqui no Brasil, 
apresentando dados sobre a educação bilíngue:
https://www.youtube.com/watch?v=HHNLnhEJehs
51
Disciplina Libras
Capítulo 9 
Lei de Libras
52
Disciplina Libras
Objetivo: 
 • Conhecer partes da lei e o decreto de Libras.
Cada país possui sua própria língua de sinais, ela não é universal. Aqui no Brasil não 
é diferente, a Língua Brasileira de Sinais tem sua origem na Língua de Sinais Fran-
cesa, sendo reconhecida como uma língua com estrutura própria por meio da Lei 
10.436/2002.
De acordo com a LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL, DE 2002, a Língua Brasileira de Sinais – 
Libras foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo PRESIDENTE DA REPÚ-
BLICA e dispõe dos seguintes tópicos:
Art. 1º- É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comu-
nicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com es-
trutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias 
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2º- Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas conces-
sionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da 
Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização 
corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3º- As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de as-
sistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aosportadores 
de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4°- O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais 
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação 
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensi-
no da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curri-
culares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalida-
de escrita da língua portuguesa.
Art. 5º- Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181° da Independência e 114° da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
53
Disciplina Libras
A Libras permite a interação entre as pessoas surdas e as ouvintes, fazendo com que o 
surdo obtenha informações de mundo no qual ele vive, tornando-o um cidadão com 
direitos, deveres e responsabilidades.
Acesse o link abaixo e leia na íntegra o Decreto nº 5,626, de 22 de Dezembro de 
2005. Que Regulamenta a Lei nº 10,436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre 
a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10,098, de 19 de dezem-
bro de 2000.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
SAIBA MAIS!
https://www.youtube.com/watch?v=Kez1wKx051E
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Disciplina Libras
Capítulo 10 
Tecnologia a favor dos Surdos
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Disciplina Libras
Objetivo: 
 • Compreender a mudança na vida do Surdo, através da tecnologia
Nessa altura do curso eu espero que você tenha percebido o quão importante é a 
língua. Nós nos constituimos através dela. Por exemplo, só sabemos o significado da 
palavra “saudade” porque através da língua alguém nos ensinou isso. A língua é base 
do construção do pensamento. Dentro desse escopo, precisa ficar claro que a falta da 
língua que é o que acontece com 90% dos Surdos que nascem em famílias ouvintes 
(como já apontado acima), seu desenvolvimento torna-se prejudicado. Ele consegue 
compreender as coisas básicas da sociedade, como: dormir, dor, alegria, comer, sair e 
etc. Mas não se aprofunda em conceitos. Por isso a língua é fundamental na vida do ser 
humano.
Emmanuelle Laborit, a primeira Surda francesa a se tornar atriz, traz inúmeros relatos 
em seu livro “O grito da gaivota”. Ela só aprendeu a língua de sinais aos sete anos e até 
então, ela diz que vivia “no escuro”. Não tinha percepção de temporalidade, como: on-
tem, hoje e amanhã. A fa mília criou gestos caseiros para uma comunicação simples. 
Relata ainda que tinha um gato e um dia ele desapareceu, perguntou (do seu jeito) ao 
pai sobre o gato, então ele fez um gesto que a levou a compreender que o gato tinha 
“morrido/sumido”, a partir daquele dia ela achava que aquilo aconteceria com ela tam-
bém, a qualquer momento. 
Consegue imaginar uma criança com medo constante da morte? Emmanuelle diz que 
a primeira vez que viu um Surdo adulto ela chorou de emoção. Não só por ver que era 
possível comunicar-se, mas pela perspectiva de que também poderia crescer e se tor-
nar adulta. Ou seja, existia possibilidade dela não morrer a qualquer instante. Ela che-
gou a pensar que as pessoas se comunicavam por telepatia e ela tentava mandar men-
sagens telepáticas, mas não funcionavam. Nas reuniões familiares ficava observando 
as bocas se mexendo, mas não compreendia nada.
Eu me pergunto o quão assustador é uma criança viver dessa maneira. Felizmente o 
futuro dela foi totalmente alterado ao conhecer a língua francesa de sinais. Se tiver a 
oportunidade, leia esse livro.
Toda essa introdução baseada numa história real é para esclarecer o quanto a tecno-
logia veio e mudou a realidade dos Surdos. Hoje, além da língua de sinais que é essen-
cial, eles contam com inúmeros aplicativos para se comunicarem. Então, ainda que não 
seja o ideal a família não conhecer a língua de sinais, quando isso acontece, o Surdo já 
não se sente mais complemente isolado do mundo, já que os inúmeros recursos tec-
nólogicos estão disponíveis para que eles possam interagir entre si e também com os 
demais, proporcionando sociabilidade.
A World Federation of the Deaf em 2014 apresentou os seguintes dados: 70 milhões de 
pessoas no mundo são surdas. E, segundo o Censo de 2016 do IBGE, no Brasil temos 
9,7 milhões de cidadãos que se declaram deficientes auditivos. Claro que esses dados 
muitas vezes são coletados de maneira que, se a pessoa responder que tem qualquer 
desvio na audição, ela entra na pesquisa, não significando esse o número de surdos 
profundos. 
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De qualquer forma, a barreira da linguagem é um embate na vida dessas pessoas, por 
isso a tecnologia vem transformando essa realidade com alternativas de softwares e 
aplicativos. A cada dia surgem novos aplicativos e isso é muito bom. Pensar num pas-
sado em que as pessoas com deficiência sempre viveram à margem da sociedade e 
hoje são pensadas em tecnologias assistivas, realmente é um excelente prospecto de 
qualidade de vida.
Agora do portal: http://www.magicwebdesign.com.br/blog/tecnologia/tecnologia-fa-
vor-dos-surdos/, vejam a matéria apresentando alguns aplicativos e as transformações 
que eles têm proporcionado.
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O site www.acessibilidadebrasil.org.br/libras é muito legal! No campo de busca você 
coloca a palavra que quer aprender e ao lado a intérprete faz o sinal. Porém, o que eu 
mais gosto nesse site é que, por exemplo, a palavra “manga” em português eu tenho 
duas definições, pode ser a manga fruta ou a manga da camisa, certo? Ali tem um cam-
po de exemplos onde usar o sinal, então você saberá de qual manga está sendo exibi-
da.
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Veja nesse site tudo sobre o aplicativo Giulia.
https://www.projetogiulia.com.br/
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Acesse também os sites abaixo e verão quanta coisa legal já foi desenvolvida!
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REFERÊNCIAS
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_______. DECRETO Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, Regulamenta a Lei no 
10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
In: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2005/decreto/d5626.htm>. 
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CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D.; MAURICIO, A. C. L. Novo Deit-LIBRAS: Dicionário 
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