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Aula 4 - O Direito e a moral

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18/02/2019 Disciplina Portal
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Filoso�a do Direito
Aula 4 - O Direito e a moral
INTRODUÇÃO
Nesta aula, estudaremos o termo direito, um termo polissêmico e sua polêmica relação com a moral.
OBJETIVOS
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Identi�car as particularidades da relação entre Direito e moral;
Problematizar �loso�camente o conceito de Direito;
Problematizar �loso�camente o sentido de moral.
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O QUE É DIREITO?
Fonte da Imagem:Fonte da Imagem:
“Quanto mais aprendemos sobre o Direito mais nos
convencemos de que nada importante sobre ele é de todo
indiscutível” (DWORKIN, 2007)
A palavra “direito” apresenta duas formas distintas em latim: jus, juris e directum.
Jus, jurisJus, juris ligam-se à ideia de relação entre pessoas e, no caso, relação jurídica de direitos.
DirectumDirectum nos oportuniza a ideia de linha reta como metáfora na qual o Direito deve ser um caminho reto, conforme a lei
e que denota retidão moral e jurídica (ASSIS et al, 2013, p. 29).
Atenção!
, Inferimos que ambas as formas podem ser traduzidas no sentido de relação jurídica entre sujeitos. Mas o Direito é um vocábulo
plurívoco ou polissêmico. Neste sentido, encontramos diferentes modos de compreendê-lo. Nalini (2008), observa que o termo
pode ser muito bem percebido, até mesmo pelo senso comum, no sentido daquilo que é correto., , Sob o ponto de vista �losó�co
estamos diante de um conceito “semanticamente vazio” que dependerá do contexto., , O que isto signi�ca?O que isto signi�ca?, , Signi�ca dizer que
não existe um conceito estabelecido como certo. Existem muitos autores que abraçaram a tarefa de conceituação do termo
Direito e trazem diferentes contribuições.
Pode-se a�rmar que até o séc. XIX o termo Direito estava vinculado a uma “arte empírica”; um “conjunto de aspirações
subjetivas de justiça”; “formas de comportamento causal” e “normas positivas de conduta” (NALINI, 2008).
Fonte da Imagem:Fonte da Imagem: Meilun/Shutterstock
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Assim, podemos conceber o Direito, no sentido grego clássico, como nomos e ligado à verdade; podemos repensar o
sentido do direito natural desenvolvido pelos estoicos com re�exos no cristianismo medieval e, nesse contexto,
compreender a dicotomia direito natural e direito positivo. Segundo Nalini (2008) as duas formas se complementam.
O direito positivo é uma ordenação criada pelo Estado.O direito positivo é uma ordenação criada pelo Estado.
Fonte da Imagem:Fonte da Imagem:
Immanuel KantImmanuel Kant (1724-1804), na obra Metafísica dos costumes, por exemplo, apresenta uma de�nição �losó�ca
importante para o Direito como o “conjunto das condições, por meio das quais o arbítrio de um pode está de acordo
com o arbítrio de um outro segundo uma lei universal da liberdade”.
A partir dessa conceituação, à moda do seu imperativo categórico, elaborou um princípio para a esfera da legalidade: o
princípio universal do Direito. Este princípio expressa a necessidade de coexistência dos arbítrios segundo uma lei
universal.
Uma lei universal do Direito determinando que devo agir externamente de forma tal que preciso sempre respeitar a
liberdade do arbítrio do outro como uma obrigação que me determina a razão, isto é, “age exteriormente de maneira
que o uso livre do teu arbítrio possa estar de acordo com a liberdade de qualquer outro, segundo uma lei universal”. Em
Kant, podemos encontrar uma boa de�nição �losó�ca para o Direito.
Conforme preleciona André Gualtieri de Oliveira (2012, p. 25),
Outros autores como Miguel Reale (1910-2006) investigam uma possível conceituação no horizonte de valores da
Ciência do Direito, sendo certo dizer que para esta corrente de pensamento o Direito estará sempre vinculado ao
sentido de justo.
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A cada época, surgem novos valores, ocorrem fatos sociais diferentes que exigem a atenção do jurista e, em uma
relação dialética, esses elementos movimentam a experiência jurídica. A experiência citadina é a experiência das
normas e as normas jurídicas ocupam um lugar especial em razão de sua obrigatoriedade.
Não obstante a controvertida conceituação do Direito, vamos partir de uma ideia comumente aceita que o Direito
envolve a justiça como elemento fundante de sua razão de ser e pode se materializar em normas jurídicas, diretrizes e
princípios.
DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO SE TRATA DE MORAL?
A ética e a moralmoral (glossário) (glossário) são conceitos diferentes, mas confundidos com frequência pelo senso comum.
Sob o ponto de vista etimológico, éticaética é um termo que deriva da palavra grega ethos que já observamos que designa
costume, hábitos e práticas de uma cultura e liga-se ao sentido de caráter (ARANHA; MARTINS, 2014).
A palavra moral decorre do latim mos, mores que também signi�ca maneira de se comportar regulada pelo uso, ou
seja, costumes (ARANHA; MARTINS, 2014).
A moral é histórica e vincula-se a determinada cultura com seus padrões.
Agora, responda: 
O que é moralidade num dado tempo e lugar?O que é moralidade num dado tempo e lugar?(DUPRÉ, 2015).
Resposta Correta
VOCÊ SABIA?
Sobre esse sentido pejorativo, vale a pena observar que o termo ética passou a ser mais usado no Brasil em razão de
uma desmoralização da palavra moral que se vinculou aos cursos de moral e cívica, frequentes durante o regime
autoritário-militar de 1964 a 1985 (SROUR, 2008, p. 15).
Há uma diversidade de sentido entre ética e moral. Como surgiu a confusão? ethiké é o adjetivo derivado de ethos que
gerou a palavra ética. O termo ethiké apareceu no pensamento de Aristóteles para designar um saber relativo à
maneira de se comportar. E, é por isso, que para os �lósofos gregos foi considerada “uma forma de conhecimento que
diz respeito aos comportamentos” (DROIT, 2014, p. 15).
Fato moral, objeto dos estudos éticos, ocorre quando agentes morais agem no mundo, fazem escolhas que impactam
na vida de outras pessoas e isso poderá ocorrer de maneira positiva ou negativa. A partir de nossas ações podemos
prejudicar ou não outras pessoas. Há sempre a presença do outro em nossas vidas.
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Fonte da Imagem:Fonte da Imagem:
Segundo Srour (2008, p. 7), fatos morais “são fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao mal, juízos sobre as
condutas dos agentes, convenções históricas sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo”.
A nossa época “já não vive sob a in�uência de uma moral dominante capaz de reger tudo. Pelo contrário, o que domina,
na maioria das vezes, são dúvidas sobre as regras a seguir, perplexidades sobre os princípios a serem aplicados”
(DROIT, 2014, p. 21). Não há como negar que preceitos morais são relativos, efêmeros, passageiros (SROUR, 2008).
Os fatos morais podem assumir três dimensões diferentes:
MORAIS
Um fato social moral será aquele em que há uma conduta conforme as regras morais dominantes (SROUR, 2008). Se, em uma
comunidade, onde há a necessidade de racionamento de água e energia elétrica, por exemplo, e seus habitantes fazem um uso
consciente de tais bens estão agindo conforme a moral dominante, logo praticam fatos morais.
IMORAIS
Se �zerem um uso abusivo desses recursos, considerado como consumo irresponsável, estaremos diantede um fato imoral, uma
conduta imoral (SROUR, 2008).
AMORAIS (NEUTRO)
Um fato social será amoral ou neutro, por exemplo, quando estamos diante de situações sociais corriqueiras ou triviais, tais como:
ir ao cinema, visitar amigos, viajar, ler um romance, ir ao futebol etc., não implicam efeitos morais sobre outras pessoas.
Fonte da Imagem:Fonte da Imagem:
A moral associa-se a uma realidade histórico-concreta (SROUR, 2008), por isso, o que é considerado como moralmente
certo em determinada cultura e época não possui o caráter de valor absoluto porque trata-se de um valor que poderá
se modi�car.
A POLÊMICA RELAÇÃO DO DIREITO COM A MORAL
Para compreendermos a relação entre Direito e moral, precisamos observar dois pontos de vista: a visão do
positivismo e a visão de doutrinas jurídicas não positivistas.
Para o juspositivismo, de um modo geral, o Direito está separado da esfera da moral. Basta lembrarmos a ideia
kelseniana do corte axiológico que já estudamos. Para as doutrinas não positivistas elementos morais devem estar
presentes na esfera do Direito, porque Direito e moral estariam conectados (OLIVEIRA, 2012).
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Para Hans Kelsen, Direito e moral são 
independentes e não têm nem sequer uma área de interseção.
Segundo Oliveira (2012) quando estamos no âmbito deste debate temos que perceber que as normas sociais, que
nascem da liberdade, se dividem em normas morais e normas jurídicas.
Norma social é gênero e normas jurídicas e normas morais, espécies do gênero. Com isso o autor observa a tese de
Robert Alexy segundo a qual há uma conexão importante entre elas que provoca inúmeros debates ao longo da
história.
Atualmente o senso comum acredita que Direito é apenas a lei. Para os antigos a lei era a materialização de um hábito,
uma prática social, envolvia hábitos, costumes, crenças religiosas e também o édito dos governantes. Nas sociedades
pré-capitalistas, moral e Direito estavam misturados de maneira que uma regra moral era punida com a pena capital. As
civilizações antigas organizavam sua compreensão unindo as duas esferas.
Afresco mostra reunião do Senado, em que Cícero, um dos grandes oradores e jurisconsultos do séclo I a.C,
discursa para os magristrados.
Atenção!
, Para ler mais sobre a Relação do Direito com a moral clique aqui (galeria/aula4/docs/a04_t15a.pdf).
A bilateralidade do Direito é atributiva, objetiva e, portanto, há exigibilidade.
Na moral, a bilateralidade é subjetiva, não há o poder de exigir, o sujeito realizará ou não de acordo com sua
consciência, sua subjetividade.
ATIVIDADES
Nesta aula estudamos a relação entre Direito e moral, vimos que somos sujeitos sociais submetidos a uma dupla
legislação da liberdade: as normas jurídicas e as normas morais. Nesse sentido, assista ao breve vídeo O que é moral?,
do Prof. Clóvis de Barros Filhos:
Fonte: http://blog.msmacom.com.br/a-republica-romana/
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON830/galeria/aula4/docs/a04_t15a.pdf
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Agora que já assistiu ao vídeo, responda:
A concepção do professor nos ajuda a compreender a diferença entre Direito e moral? Por quê?
Resposta Correta
Questão 1:Questão 1: Estudamos que a conceituação do Direito é sempre controvertida. Todavia, podemos partir de uma ideia
comumente aceita. Assinale a a�rmativa que expressa a ideia mais comum de Direito que temos atualmente.
Um conjunto de princípios éticos norteadores da conduta social.
Um conjunto de normas positivadas criadas pelo Estado e que integram um ordenamento jurídico.
Um conjunto de normas sociais que não possuem coercitividade.
Um conjunto de fatos morais que exercem coatividade interna nos sujeitos.
Um conjunto de normas sociais como espécie do gênero normas morais.
Justi�cativa
Questão 2:Questão 2: Atualmente o senso comum acredita que Direito é apenas a lei. Para os antigos a lei era a materialização de
um hábito, uma prática social que envolvia hábitos, costumes, crenças religiosas e também o édito dos governantes.
No séc. XIX, o positivismo apresentou uma tese sobre a relação entre Direito e moral. Assinale a opção que apresenta a
ideia positivista.
Para o positivismo jurídico, o Direito e a moral estão interligados como normas sociais morais.
Para o positivismo jurídico, o Direito é uma parte importante da moral como norma social.
Para o positivismo jurídico, o Direito não se reduz ao sentido de Lei, mas integra hábitos e costumes.
Para a corrente do positivismo jurídico, Direito e moral são esferas autônomas, desconectadas.
Para o positivismo jurídico, Direito e moral são apenas aspectos diferentes de uma mesma legislação.
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Justi�cativa
Questão 3:Questão 3: Estudamos que em uma possível diferenciação entre Direito e moral o dever, no âmbito da moral, pode ser
visto como puro, mas, na esfera do Direito, como impuro, no sentido de ser in�uenciado por elementos externos à
vontade. Esta tese foi formulada por:
Immanuel Kant
Miguel Reale
Hans Kelsen
André Gualtieri de Oliveira
Cícero, senador romano.
Justi�cativa
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Glossário
MORAL
1. Fil. Conjunto de regras de conduta, inerente ao espírito humano, aplicáveis de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, ou
a grupo ou pessoa determinada, proveniente dos estudos �losó�cos sobre a moral. 2. Conjunto de regras e princípios de decência
que orientam a conduta dos indivíduos de um grupo social ou sociedade (moral burguesa, moral cristã). 
Fonte: http://www.aulete.com.br/moral (http://www.aulete.com.br/moral)
http://www.aulete.com.br/moral

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