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Livro Eletrônico
.. 06
Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019
(Curso Regular)
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 1 
AULA 06 
DIREITO COMUNITÁRIO 
Direito Comunitário ....................................................................................................... 2	
1 Estágios de Integração Regional ................................................................................................. 2	
2 Direito Comunitário – Conceito, Princípios e Fontes .................................................................. 11	
3 MERCOSUL ............................................................................................................................... 14	
Lista de Questões ......................................................................................................... 59	
Gabarito ...................................................................................................................... 69	
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 2 
DIREITO COMUNITÁRIO 
1 ESTÁGIOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL 
Hoje em dia é muito comum ouvir falar em “blocos econômicos” e “processo de integração 
regional”. Não é para menos! Com a globalização e o aprofundamento das relações internacionais, 
o tema da integração econômica vem ganhando cada vez maior importância no âmbito do direito 
internacional público. 
Mas, afinal de contas, qual é o conceito de integração regional? Quando é que se falou pela primeira 
vez nisso? E por que os países decidiram integrar-se economicamente? 
Responder a essas perguntas com rigor acadêmico é algo bastante complexo, mas de uma forma 
bem simples, a integração regional pode ser entendida como um fenômeno por meio do qual países 
formam blocos econômicos regionais com o objetivo de obter desenvolvimento econômico 
conjunto. Para Raúl Granillo Ocampo, o processo de integração regional é um “fenômeno de 
interação entre Estados por meio do qual estes aumentam sua interdependência e aprofundam seu 
relacionamento mútuo, transformando-se de unidades previamente separadas em partes 
componentes de um sistema coerente.”1 Trata-se de um processo complexo, voluntário, dirigido a 
um fim específico e que pode se manifestar no campo econômico, social e político. 
O ideal integracionista não é algo recente. Ele teve sua origem no pensamento do filósofo Immanuel 
Kant e sua esperança de encontrar a “paz perpétua” por meio de uma federação de Estados livres 
ou, ainda, no pensamento de líderes como Simon Bolívar, que defendia a associação dos recém-
independentes Estados latino-americanos como forma de evitar possível recolonização por parte 
das potências europeias. 
Embora o ideal integracionista não seja recente, o processo de integração regional somente foi 
sistematizado e descrito teoricamente na década de 60, pelo economista húngaro Bela Balassa. 
Segundo Bela Balassa, os processos de integração regional distinguem-se em cinco estágios, os 
quais, ordenados em ordem crescente de integração, são os seguintes: área de livre comércio, união 
 
1 . OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio de Janeiro: Campus, 2008. pp. 21-22 
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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aduaneira, mercado comum, união econômica e integração econômica total. É fundamental que 
vocês guardem isso, meus amigos. 
 
Mas o que pressupõe cada um desses estágios de integração? 
a) A área de livre comércio é o primeiro dos estágios de integração, isto é, o estágio que apresenta 
o menor nível de integração. Sua característica principal é a livre circulação de mercadorias e 
serviços entre os países que a integram. No âmbito de uma área de livre comércio, não há direitos 
aduaneiros incidentes sobre a circulação de bens. Para visualizarmos melhor como funciona esse 
tipo de bloco econômico, vamos a um exemplo! Imagine que três países (A, B e C) formem uma área 
de livre comércio. Se o país A exporta uma mercadoria para o país B, não será cobrado imposto nessa 
importação. Da mesma forma, se o país B exporta para o país C, não incidirá imposto de importação 
nessa operação. 
Mas será que é possível uma liberalização completa do fluxo de bens e serviços? Ou melhor: será 
que, para a configuração de uma área de livre comércio, é necessária uma completa liberalização do 
fluxo de bens e serviços? 
Excelente pergunta, meu amigo! A liberalização completa do fluxo de bens e serviços, mesmo em 
uma área de livre comércio, é algo que não existe. Mesmo no âmbito de áreas de livre comércio, é 
possível que os países imponham restrições à livre circulação de bens e serviços. 
Segundo o art. XXIV do GATT, existe uma área de livre comércio entre países quando são eliminadas 
tarifas e outras regulações restritivas sobre “substancialmente todo o comércio”. Definir a 
expressão “substancialmente todo o comércio” é uma das maiores polêmicas da literatura que trata 
dos acordos regionais. Para alguns países, deve-se levar em conta aspectos quantitativos (existência 
de um percentual de comércio coberto pelo acordo); para outros, devem ser considerados aspectos 
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qualitativos (nenhum setor econômico deve estar de fora da abrangência do acordo).2 Em que pese 
estas duas correntes divergentes, não há definição sobre o tema. Até mesmo o Órgão de Apelação 
da OMC, quando teve a oportunidade de se manifestar sobre o assunto e definir o significado de 
“substancialmente todo o comércio”, ele preferiu ficar em cima do muro e não chegou a nenhuma 
conclusão substancial.3 
b) A união aduaneira, por sua vez, se caracteriza pela livre circulação de mercadorias e serviços 
entre seus integrantes e, ainda, pela harmonização da política comercial em relação a terceiros 
países. Assim, os países-membros desse bloco comercial estabeleceriam as mesmas regras 
alfandegárias em relação a terceiros não-membros. Em outras palavras, as normas de comércio 
exterior seriam essencialmente as mesmas em todos os países, aplicando-se, inclusive, uma Tarifa 
Externa Comum (TEC). Com efeito, a TEC é considerada um instrumento que materializa a existência 
de uma política comercial comum em relação a terceiros países. 
“Mas, Ricardo, o que significa dizer que as normas de comércio exterior seriam essencialmente as 
mesmas?” 
Excelente pergunta, meu amigo! Em uma união aduaneira ideal, é como se os países que a integram 
formassem um território aduaneiro único. Como formam um território aduaneiro único, as regras 
aplicáveis às operações de comércio exterior – classificação fiscal, valoração aduaneira, regimes 
aduaneiros, controle aduaneiro, tributação, etc – também deveriam ser únicas. 
“Ah, Ricardo, mas isso é utopia!” 
É, meu amigo, a formação de uma união aduaneira ideal não é realmente algo fácil! Justamente por 
isso, quando citamos exemplos de uniões aduaneiras – MERCOSUL e Comunidade Andina – temos 
que dizer que elas são consideradas uniões aduaneiras imperfeitas. 
O fator primordial para considerarmos que esses blocos comerciais são exemplos deuniões 
aduaneiras é a existência de uma, Tarifa Externa Comum (TEC), que nada mais é do que uma tabela 
que estabelece as alíquotas do I.I para os produtos importados de terceiros países. Todavia, as 
imperfeições dessas uniões aduaneiras ficam visíveis quando verificamos que as normas de 
comércio exterior nesses países não são essencialmente unificadas e que ainda persistem inúmeras 
exceções à Tarifa Externa Comum (TEC). 
 
2 PRAZERES, Tatiana. A OMC e os Blocos Regionais. São Paulo: Aduaneiras, 2008, pp. 285-286. 
3
 Segundo o Órgão de Apelação “substantially all the trade is not the same as all the trade, and also that substantially all the trade is something 
considerable more than merely some of the trade.” Em tradução livre, “substancialmente todo o comércio não é o mesmo que todo o comércio, e 
também ‘substancialmente todo o comércio’ é consideravelmente superior a apenas algum comércio.” 
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A Tarifa Externa Comum (TEC) é determinada discricionariamente pelos órgãos decisórios do bloco 
regional. Todavia, as regras da OMC (art. XXIV, parágrafo 5º) estabelecem que as tarifas e outras 
regulações de comércio impostas por ocasião da formação da união aduaneira “não podem ser mais 
restritivas em seu conjunto do que as restrições aplicáveis pelos seus integrantes antes da 
constituição do bloco regional”. 
c) O mercado comum é o estágio de integração que se caracteriza pela livre circulação de 
mercadorias e serviços, harmonização da política comercial em relação a terceiros países e, ainda, 
pela livre circulação dos fatores de produção. Perceba, caro amigo, que as características da união 
aduaneira estão presentes no mercado comum, somadas ainda à sua característica peculiar: livre 
circulação de fatores de produção. 
“Mas, Ricardo, o que seria essa tal livre circulação dos fatores de produção?” 
Ótima pergunta! Em primeiro lugar, precisamos saber o que são “fatores de produção”, conceito 
que retiramos da Macroeconomia. Bem, podemos dizer que fatores de produção são os elementos 
básicos utilizados na produção de bens e serviços. São considerados fatores de produção a terra, o 
trabalho, o capital, a capacidade empresarial e, modernamente, a tecnologia. 
Pois bem, a livre circulação de fatores de produção (característica do mercado comum) implicaria na 
possibilidade de que um trabalhador pudesse exercer suas atividades livremente em qualquer dos 
países do bloco. Ou ainda, que não houvesse restrições aos investimentos intrabloco, sendo possível 
a livre circulação de capitais. Com base nessa lógica é que se diz que, no mercado comum, estão 
presentes as chamadas “quatro liberdades” do mercado: livre circulação de bens, serviços, capitais 
e mão-de-obra. 
Para que seja possível a livre circulação de fatores de produção, é necessário, todavia, a 
harmonização das políticas previdenciária, trabalhista e de capitais entre os integrantes do bloco. 
Vale ressaltar que no mercado comum existirá, assim como na união aduaneira, uma harmonização 
da política comercial intrabloco (comércio livre de barreiras entre seus integrantes) e extrabloco 
(regras de comércio exterior unificadas, incluindo tributação). 
d) A união econômica é o quarto estágio de integração econômica, em que, além das características 
do mercado comum, há harmonização das políticas econômicas dos países do bloco. Quando 
dizemos que as políticas econômicas são harmonizadas, estamos nos referindo às políticas cambial, 
monetária e fiscal. 
Destaque-se que a literatura considera como fator essencial ao sucesso de uniões econômicas e 
mercados comuns a proximidade geográfica entre seus membros. Tal característica não é 
considerada, todavia, um diferencial importante para o sucesso de áreas de livre comércio e zonas 
de preferências tarifárias. 
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e) A integração econômica total é o estágio de integração mais avançado, que se caracteriza pela 
unificação ou equalização das políticas econômicas de seus integrantes. Vejam, caros amigos, que, 
no caso da integração econômica total, não há uma simples harmonização das políticas econômicas. 
Estas são, ao contrário, conduzidas de forma unificada. 
Para que as políticas econômicas possam ser conduzidas de forma unificada, é necessário que exista 
um órgão supranacional com essa responsabilidade. Todavia, para que ele possa exercer tal 
competência, cada um dos integrantes do bloco econômico deverá abdicar de parcela de sua 
soberania em prol do poder central. 
Cabe esclarecer aqui a diferença entre “órgãos intergovernamentais” e “órgãos supranacionais”. 
Órgãos intergovernamentais são aqueles cujas decisões necessitam ser internalizadas ao 
ordenamento jurídico dos Estados para que, só então, entrem em vigor. 
Por outro lado, órgãos supranacionais são aqueles que emanam decisões que não precisam ser 
incorporadas ao ordenamento jurídico interno dos Estados para entrarem em vigor e já gozam, 
desde o momento em que emitidas, de eficácia e aplicabilidade imediatas. A supranacionalidade 
pressupõe cessão de soberania em prol de um poder central; a intergovernamentabilidade 
pressupõe a existência de mecanismos de mera cooperação internacional. 
Questão interessante, que suscita largos debates doutrinários, é acerca do estágio atual de 
integração da União Europeia. Embora parcela da literatura considere que a U.E alcançou o estágio 
de “integração econômica total”, a doutrina majoritária entende que trata-se de uma união 
econômica e monetária.4 
De nossa parte, entendemos que a União Europeia é, inegavelmente, uma união econômica e 
monetária, uma vez que apenas a política cambial e monetária são conduzidas de forma unificada 
pelo Banco Central Europeu. As políticas econômicas “latu sensu” da União Europeia são objeto de 
mera coordenação. Com efeito, é possível afirmar que uma das causas da recente crise econômica 
na U.E foi a inexistência de uma política fiscal unificada, o que levou alguns países a exacerbarem 
seus gastos públicos. 
Vejamos o quadro abaixo! 
Estágio de Integração Características 
Área de Livre Comércio 
Livre circulação de mercadorias e serviços em relação 
ao substancial do comércio. 
 
4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009, pp. 802-803 
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União Aduaneira 
Livre circulação de mercadorias e serviços em relação 
ao substancial do comércio e política comercial 
comum em relação a terceiros países. 
Mercado Comum 
Livre circulação de mercadorias e serviços em relação 
ao substancial do comércio, política comercial 
comum em relação a terceiros países e livre 
circulação dos fatores de produção. 
União Econômica Harmonização das políticas econômicas. 
Integração Econômica Total Unificação das políticas econômicas. 
Existe ainda outro tipo de acordo regional, o qual não é, todavia, enquadrado como um estágio de 
integração pela doutrina desenvolvida por Bela Balassa.5 Trata-se das zonas de preferências 
tarifárias (ou acordos de preferências tarifárias). As zonas de preferências tarifáriassão acordos 
comerciais, em que os integrantes se outorgam mutuamente preferências tarifárias (reduções do 
imposto de importação). Diz-se, portanto, que os integrantes desse tipo de acordo concedem entre 
si uma margem de preferência nas importações. 
 
Embora Bela Balassa, criador da teoria da integração regional, não tenha feito qualquer 
menção às zonas de preferências tarifárias, é razoável considerar que, atualmente, elas 
também são um estágio de integração. 
Na medida em que há avanço do processo de liberalização comercial e as economias dos membros 
de um acordo regional se tornam mais integradas, faz-se necessário a coordenação de políticas 
macroeconômicas. Muitos economistas argumentam, inclusive, que a falta de coordenação 
macroeconômica no âmbito do MERCOSUL foi a grande causadora da crise econômica argentina 
entre 1999 e 2001. 
 
1. (AFRF-2003) 
 
5 Embora Bela Balassa não tenha mencionado as zonas de preferências tarifárias, vários outros autores 
as consideram como um estágio de integração regional. Em provas de concursos públicos, devemos 
admitir como corretas alternativas que mencionem as ZPT’s como estágio de integração regional. 
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Uma união aduaneira pressupõe a livre movimentação de bens, capital e mão de- obra e a 
adoção de uma tarifa externa comum entre dois ou mais países. 
Comentários: 
Em uma união aduaneira, não há livre circulação de capital e mão-de-obra. Essas são características 
de um mercado comum. 
Gabarito: errada. 
2. (AFRF – 2002.1) 
O que define, essencialmente, uma área de livre comércio é a livre circulação de bens e serviços 
através das fronteiras. 
Comentários: 
A área de livre comércio fica caracterizada quando há livre circulação de bens e serviços em relação 
ao substancial do comércio. 
Gabarito: correta. 
3. (ACE-2002) 
Acordos Comerciais Preferenciais são acordos nos quais Estados uniformizam o tratamento a 
ser dispensado às importações oriundas de terceiros países. 
Comentários: 
O tratamento dispensado às importações oriundas de terceiros países é uniformizado em uma 
união aduaneira (e não em uma zona de preferências tarifárias!). Pode-se afirmar, inclusive, que, 
no âmbito de uma união aduaneira, existe harmonização da política comercial extrabloco. Por meio 
de acordos comerciais preferenciais, os países outorgam-se mutuamente preferências tarifárias. 
Gabarito: errada. 
4. (AFRF-2000) 
Dois países, ao reduzirem suas tarifas de importação entre si ao nível mais baixo possível com 
vistas a uma liberalização integral do comércio recíproco dentro de dez anos, sem, entretanto, 
estabelecerem uma tarifa externa comum para as importações de terceiros países, 
pretenderam criar uma zona de livre comércio. 
Comentários: 
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O estágio de integração que os países pretenderam estabelecer por meio do acordo foi uma área de 
livre comércio, que se caracteriza pela liberalização do fluxo de bens e serviços em relação ao 
substancial do comércio. Se os países tivessem, adicionalmente, estabelecido uma tarifa externa 
comum, teríamos uma união aduaneira. 
Gabarito: correta. 
5. (ACE-1997) 
São Fases do Processo de Integração, em ordem crescente de complexidade: zona de livre 
comércio, mercado Comum, união aduaneira e união econômica. 
Comentários: 
Em ordem crescente de complexidade temos: i) área de livre comércio; ii) união aduaneira; iii) 
mercado comum; iv) união econômica e; v) integração econômica total. 
Gabarito: errada. 
6. (AFTN-1996 – adaptada) 
União aduaneira e mercado comum são duas formas de integração econômica regional. O que 
diferencia essas duas formas é a inclusão dos fatores de produção no tratamento das relações 
econômicas entre os países-membros. 
Comentários: 
A união aduaneira se caracteriza pela livre circulação de bens e serviços e, ainda, pela política 
comercial comum em relação a terceiros países. Já o mercado comum, além das características da 
união aduaneira, é um estágio de integração que permite a livre circulação dos fatores de produção 
(capital e mão-de-obra). 
Portanto, está correto dizer que o que diferencia a união aduaneira do mercado comum é a inclusão 
dos fatores de produção no tratamento das relações econômicas entre os países membros. 
Gabarito: correta. 
7. (AFRF – 2003) 
Uma união aduaneira pressupõe a liberalização do comércio entre os países que a integram e 
a adoção de uma tarifa comum a ser aplicada às importações provenientes de terceiros países. 
Comentários: 
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Essa é a exata definição de uma união aduaneira: livre circulação de bens e serviços e política 
comercial comum em relação a terceiros países, a qual se materializa na existência de uma tarifa 
externa comum. 
Gabarito: correta. 
8. (INMETRO – 2007) 
Uniões monetárias e mercados comuns, a exemplo dos acordos de preferência comerciais e 
áreas de livre comércio, dispensam a vizinhança entre países, para serem bem- sucedidos. 
Comentários: 
A literatura econômica reconhece que um dos fatores para o sucesso de uniões econômicas e 
monetárias e mercados comuns é a proximidade geográfica entre os países. 
Gabarito: errada. 
9. (ACE-2001) 
Em um processo de preferências comerciais diferenciadas entre dois países a tarifa externa 
comum a ser imposta a produtos de terceiros países deverá ser sempre a média ponderada 
das estruturas tarifárias dos dois países. 
Comentários: 
Em uma área de preferências tarifárias, não há uma Tarifa Externa Comum (TEC). A existência de 
uma TEC é característica das uniões aduaneiras. 
Gabarito: errada. 
10. (ACE-2001) 
Em um processo de preferências comerciais diferenciadas entre dois países a proximidade 
geográfica é condição essencial para o êxito do processo. 
Comentários: 
A proximidade geográfica não é condição essencial para o sucesso de áreas de livre comércio e de 
zonas de preferências tarifárias. 
Gabarito: errada. 
11. (ACE-2001) 
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Em um processo de preferências comerciais diferenciadas entre dois países haverá 
necessidade de alinhar as políticas macroeconômicas, no momento que as preferências 
negociadas compreenderem a maior parte da pauta de comércio bilateral. 
Comentários: 
Questão bastante difícil, que extrapola as características do estágio de integração regional e adentra 
em considerações doutrinárias sobre o tema! Digo isso porque não é características das ZPTs a 
coordenação macroeconômica. 
Entretanto, o avanço da liberalização comercial e o aprofundamento da integração torna necessária 
a coordenação macroeconômica. Assim, quando as preferências tarifárias compreenderem a maior 
parte da pauta do comércio no interior de um bloco regional, a doutrina considera que será 
necessária a coordenação de políticas macroeconômicas. 
Gabarito: correta. 
2 DIREITO COMUNITÁRIO – CONCEITO, PRINCÍPIOS E FONTESO surgimento da expressão “direito comunitário” está relacionado ao avanço do processo de 
integração europeu. Em 1951, foi criada a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Ação) e, em 
1957, a CEE (Comunidade Econômica Europeia) e a EURATOM (Comunidade Europeia da Energia 
Atômica). O direito aplicável a essas “comunidades” passou a ser conhecido como direito 
comunitário. 
Com o Tratado de Lisboa (2007), houve a unificação da personalidade jurídica da União Europeia. 
Em virtude disso, a doutrina mais moderna tem preferido o uso do termo “direito da União”, ao 
invés de direito comunitário. 
O direito comunitário não se confunde com o direito internacional, tampouco com o direito interno. 
É uma ordem jurídica autônoma, aplicável àqueles blocos regionais que alcançaram estágio mais 
avançado de integração, como é o caso da União Europeia. 
A independência do direito comunitário em relação ao direito interno e ao direito internacional 
precisa ser analisada com mais cuidado. Na União Europeia, cada Estado continua possuindo seu 
próprio ordenamento jurídico, isto é, sua Constituição e suas leis. Ao mesmo tempo, a União 
Europeia mantém relações com terceiros Estados, celebrando tratados internacionais e, assim, 
construindo normas de direito internacional. No entanto, ainda existem outros tipos de normas na 
União Europeia. São elas as normas comunitárias, que podemos considerar como sendo um “direito 
interno do bloco regional”. 
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As normas comunitárias são produzidas pelos Estados e pelos órgãos do bloco regional. No primeiro 
caso, tem-se a celebração de tratados que dão vida ao bloco regional, representando a 
manifestação do Direito Comunitário Originário. Esses tratados têm uma peculiaridade: eles 
delegam parcela da soberania de cada Estado a órgãos supranacionais. Tais órgãos irão produzir 
normas com efeito direito e aplicabilidade imediata aos Estados que fazem parte do bloco regional. 
É a manifestação do Direito Comunitário Derivado. 
Para aliar a teoria à prática, vamos exemplificar. Os membros da União Europeia celebraram o 
Tratado da União Europeia (TUE) e o Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE), os quais 
são manifestação do Direito Comunitário Originário. Esses tratados permitem que o Parlamento 
Europeu e o Conselho da União Europeia produzam normas comunitárias com efeito direito e 
aplicabilidade imediata, ou seja, que independem de qualquer procedimento de internalização nos 
Estados-membros para produzirem os seus efeitos. É a manifestação do Direito Comunitário 
Derivado. 
O efeito direito e a aplicabilidade imediata das normas comunitárias decorre do fenômeno da 
supranacionalidade, que é uma característica marcante dos processos de integração mais 
avançados. Nesse sentido, há que se destacar que o direito comunitário não se confunde com o 
direito da integração. 
Embora haja certa confusão na doutrina e nos editais de concursos, ainda não se pode falar na 
existência de um direito comunitário no âmbito do MERCOSUL. Nesse bloco regional, não existem, 
afinal, órgãos supranacionais, mas apenas intergovernamentais. As decisões dos órgãos do 
MERCOSUL, como regra, somente produzirão seus efeitos após serem internalizadas no 
ordenamento jurídico de cada Estado-membro. No direito da integração, prevalecem, portanto, os 
clássicos mecanismos de incorporação/internalização ao direito interno das normas internacionais. 
As normas comunitárias têm primazia sobre o direito interno, ou seja, havendo conflito entre 
normas internas e normas comunitárias, estas últimas irão prevalecer. Embora a doutrina não seja 
unânime, o Tribunal de Justiça da União Europeia considera que o direito comunitário predomina 
sobre qualquer norma de direito interno, inclusive sobre as Constituições nacionais. Trata-se de 
interpretação polêmica e que, por isso, deve ser adotada com cuidado. 
A propósito, na União Europeia, com o objetivo de velar pela aplicação do ordenamento jurídico 
comunitário, existe um Tribunal de Justiça com caráter supranacional. Cabe destacar que o Tribunal 
de Justiça da União Europeia não tem o monopólio da aplicação do direito comunitário. As normas 
comunitárias também são aplicadas pelos tribunais nacionais, de cada Estado-membros da União 
Europeia. 
 
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 13 
12. (Juiz TRT 15a Região – 2013) 
Sobre o Direito Comunitário, é incorreto afirmar: 
a) o Direito Comunitário pressupõe a cessão de substancial parcela da soberania dos Estados; 
b) no Direito Comunitário há subordinação das ordens jurídicas internas ao tribunal 
comunitário supranacional; 
c) o 'Direito Comunitário decorre do desenvolvimento dos blocos regionais que se difundiram 
durante o século XX sendo a União Européia a sua maior expressão; 
d) o Mercado Comum do Sul foi criado pelo Tratado de Assunção, celebrado entre Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo detentor de personalidade internacional; 
e) a vigência das normas comunitárias na ordem jurídica interna dos Estados opera desde o 
momento da sua entrada em vigor na ordem comunitária e após sua sujeição ao processo 
nacional interno de recepção. 
Comentários: 
Letra A: correta. O direito comunitário pressupõe que os Estados-membros do bloco regional 
cederam parcela de sua soberania em prol de um poder central. 
Letra B: correta. O direito comunitário tem primazia sobre o direito interno. Na União Europeia, há 
um Tribunal de Justiça com caráter supranacional responsável por assegurar a observância do direito 
comunitário. 
Letra C: correta. A expressão “direito comunitário” decorre do avanço do processo de integração 
regional europeu. 
Letra D: correta. O MERCOSUL tem personalidade jurídica de direito internacional, reconhecida pelo 
Protocolo de Ouro Preto. 
Letra E: errada. As normas comunitárias têm efeito direto e aplicabilidade imediata. Elas não 
precisam ser internalizadas ao ordenamento jurídico interno dos Estados para produzir os seus 
efeitos. 
O gabarito é a letra E. 
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3 MERCOSUL 
3.1 Histórico da Integração Regional: 
Na década de 70, o Brasil atravessou um período conhecido por “milagre econômico”, em que houve 
crescimento econômico acelerado e ampla industrialização. Por sua vez, a Argentina experimentou 
um declínio de seu modelo agroexportador, o qual reduziu sua importância e alcance internacional. 
Com o surto de crescimento econômico obtido pelo Brasil, surgiram novos interesses em relação aos 
países vizinhos, notadamente a busca de novas fontes de energia e aproveitamento da rede 
hidrográfica de forma conjunta, iniciativas que poderiam sustentar o desenvolvimento do país. 
A maior penetração brasileira nos países vizinhos e o “milagre econômico”, aliados a visões 
geopolíticas dos militares brasileiros e argentinos (que estavam no poder à época), suscitaram 
desconfianças da Argentina em relação à política externa brasileira. As desconfianças argentinas 
se materializaram na oposição à construção da usina hidrelétrica de Itaipu, o que criou um conflito 
de alcance internacional, deixando em clima de tensão as relações bilaterais entre os países durante 
uma década. 
A superação do conflito ocorreu com a celebração,em 1979, do acordo Itaipu-Corpus. A partir daí, 
ocorreu uma reaproximação entre Argentina e Brasil, possibilitando mais tarde a integração 
econômica entre os dois países e, futuramente, a constituição do MERCOSUL. As origens do 
MERCOSUL remontam, portanto, à década de 80, quando houve um relativo incremento da 
cooperação bilateral entre Brasil e Argentina. Anteriormente, os dois países possuíam uma relação 
bilateral de natureza conflitiva, marcada por uma disputa pela hegemonia regional. A existência de 
regimes ditatoriais acentuava ainda mais a rivalidade e, ao mesmo tempo, contribuía para a ideia de 
que havia um risco de conflito entre eles.6 
Percebeu-se, todavia, que a integração seria benéfica aos dois países, permitindo-lhes obter maior 
desenvolvimento e crescimento econômico. Isso nos permite afirmar que, ao contrário da União 
Europeia, o que motivou a aproximação bilateral entre Brasil e Argentina foi fundamentalmente o 
aspecto econômico-comercial. Entretanto, houve também aspectos políticos que aproximaram os 
dois países. 
Na década de 80, Argentina e Brasil possuíam algumas semelhanças políticas e econômicas que os 
aproximava. Ambos haviam mudado o regime político, instaurando a democracia após o fim do 
regime militar, o que os levava a sentir a necessidade de consolidar o processo democrático. Ao 
mesmo tempo, percebiam a importância de criar alianças para fortalecer-se nas relações 
econômicas internacionais, o que seria particularmente importante em virtude das negociações 
 
6 OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio de Janeiro: Campus, 2008, pp.461-463 
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comerciais da Rodada Uruguai, iniciada em 1986. Os problemas econômicos que Brasil e Argentina 
atravessavam também eram bastante parecidos. A dívida externa dos dois países era bastante 
elevada e ambos os governos adotavam medidas para controlar a alta inflação. 
Em 1985, Brasil e Argentina assinaram a Declaração de Iguaçu, que estabeleceu as bases da 
cooperação bilateral econômica entre os dois países. No ano seguinte, em 1986, foi assinado entre 
os ex-presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín o Tratado de Cooperação Econômica, por meio do 
qual foi estabelecido o PICE (Programa de Integração e Cooperação Econômica), que visava a 
incrementar a cooperação econômica entre os dois países. 
Em 1988, foi assinado, também por esses dois países, o Tratado de Integração, Cooperação e 
Desenvolvimento, que tinha como objetivo estabelecer as bases para uma área de livre comércio 
entre Brasil e Argentina. 
A adesão do Uruguai ao projeto de integração sul-americano foi realizada de forma lenta, uma vez 
que esse país tinha preferência por manter seus acordos bilaterais, temendo que a integração 
pudesse comprometer sua incipiente indústria. O Paraguai, por sua vez, só foi incorporado ao 
processo de integração após a deposição do ditador Alfredo Stroessner em 1989, representante do 
último regime ditatorial da região. 7 
Lançadas as bases do MERCOSUL, este bloco regional foi constituído por meio do Tratado de 
Assunção, assinado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A celebração do Tratado de 
Assunção foi motivada nitidamente por aspectos econômico-comerciais, já que os 4 (quatro) países 
perceberam que teriam muito maior poder negociador caso atuassem em conjunto. Com efeito, as 
origens do MERCOSUL remontam a um contexto global em que se vivia ampla abertura comercial, 
seja em âmbito multilateral ou regional. Em nível multilateral, desenvolvia-se a mais complexa e 
ambiciosa de todas as negociações comerciais: a Rodada Uruguai. Já em nível regional, os países 
latino-americanos, seguindo a ideologia liberal do Consenso de Washington, promoviam a abertura 
comercial. 
O MERCOSUL é um acordo de alcance parcial celebrado sob a égide da ALADI (Associação Latino-
Americana de Integração). A ALADI é a mais ampla iniciativa de integração na América Latina, sendo 
dotada de mecanismos flexíveis. No âmbito da ALADI, podem ser celebrados acordos entre todos os 
seus membros (acordos de alcance regional) e acordos entre alguns membros (acordos de alcance 
parcial). 
Em 2006, foi assinado o Protocolo de Adesão da Venezuela ao MERCOSUL, tendo como objetivo que 
esse país se torne um membro efetivo do bloco regional. No entanto, para que ele pudesse entrar 
em vigor e a Venezuela efetivamente se incorporasse ao MERCOSUL, seria necessário que todos os 
 
7
 OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio de Janeiro: Campus, 2008, pp.461-463 
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membros do bloco ratificassem esse protocolo. Brasil, Argentina e Uruguai o fizeram, restando 
apenas o Paraguai. 
Em junho de 2012, devido à destituição do Presidente do Paraguai, Fernando Lugo, o Protocolo de 
Ushuaia8 foi invocado para suspender o Paraguai da participação no MERCOSUL até que sejam 
realizadas novas eleições presidenciais naquele país. Com a suspensão do Paraguai, abriu-se 
caminho para a adesão da Venezuela, que ocorreu em 31 de julho de 2012. Com a realização de 
novas eleições no Paraguai, foi revogada a suspensão do Paraguai. Em 29 de julho de 2014, em 
reunião de cúpula do MERCOSUL, o Paraguai retornou oficialmente ao bloco. 
Em dezembro de 2016, a Venezuela, por não ter cumprido as obrigações assumidas por ocasião de 
sua adesão, foi suspensa do MERCOSUL. Pode-se dizer que a Venezuela é um membro efetivo do 
MERCOSUL, mas os seus direitos na condição de Estado-parte estão suspensos. 
Hoje, temos as seguintes categorias de membros no MERCOSUL: 
a) membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. 
b) membro efetivo suspenso: Venezuela9. 
b) membros associados: Chile, Equador, Peru, Colômbia, Guiana10 e Suriname.11 
c) membro em adesão: Bolívia12. 
Os membros associados do MERCOSUL participam das reuniões desse bloco regional, mas não 
possuem direito de voto. Esses países já possuem acordos comerciais com o MERCOSUL (e.g, 
MERCOSUL-CAN, MERCOSUL-Chile), o que demonstra a intenção de ainda maior aproximação 
 
8
 Segundo o art. 4º do Protocolo de Ushuaia, no caso de ruptura da ordem democrática em um Estado–parte, serão celebradas consultas dos 
Estados-partes entre si e com o Estado afetado. Caso as consultas não tenham resultado, o Estado afetado poderá sofrer sanções, que vão desde 
a suspensão do direito de participar dos órgãos do processo de integração regional até a suspensão dos direitos e obrigações resultantes desse 
processo. 
9
 A Venezuela é um membro efetivo do MERCOSUL, mas seus direitos estão suspensos desde dezembro de 2016. 
10
 A Guiana tornou-se Estado associado do MERCOSUL por meio da Decisão CMC nº 12/2013. 
11
 O Suriname tornou-se Estado associado do MERCOSUL por meio da Decisão CMC nº 13/2013. 
12
 Em dezembro de 2012, foi aprovada a Decisão CMC nº 68/2012, que versa sobre a adesão da Bolívia ao MERCOSUL. A referida decisão aprovou 
o texto do Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, o qual, todavia, precisará ser assinado e ratificado por todos os membros do bloco 
regional para que, só então, entre em vigor. A Bolívia continua sendo, portanto, um membro associado, também podendo-se dizer que é um “membro 
em adesão”. 
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comercial no futuro. Cabe destacar que os membros associados do MERCOSUL não utilizam a Tarifa 
Externa Comum (TEC), tampouco se vinculam às normas emanadas dos órgãos decisórios do bloco. 
O Tratado de Assunção prevê a possibilidade de adesão ao MERCOSUL de qualquer Estado 
integrante da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). A aprovação da adesão de um 
Estado deverá ser objeto de deliberação unânime dos Estados-partes do MERCOSUL. 
Também é possível que um Estado queira denunciar o Tratado de Assunção, ou seja, desvincular-se 
do MERCOSUL. Quando um Estado tiver essa intenção, ele deverá comunicá-la aos demais Estados-
partes, de maneira expressa e formal, entregando o documento de denúncia ao Ministério das 
Relações Exteriores do Paraguai, que o distribuirá aos demais membros do MERCOSUL. Uma vez 
formalizada a denúncia, o Estado denunciante não estará mais vinculado aos direitos e obrigações 
que lhe correspondam na condição de Estado-parte, salvo em relação ao Programa de Liberalização 
Comercial e outros aspectos negociados, os quais irão vigorar por 2 (dois) anos contados da data da 
denúncia. Dessa forma, mesmo saindo do MERCOSUL, o Estado ainda irá participar, por mais 2 (dois) 
anos, da livre circulação de mercadorias intrabloco. 
O MERCOSUL possui acordos comerciais celebrados com diversos países, dentre os quais citamos 
MERCOSUL-Índia, MERCOSUL- SACU (União Aduaneira Sul-Africana), MERCOSUL-Israel, MERCOSUL- 
Chile, MERCOSUL-Bolívia, MERCOSUL-Cuba e MERCOSUL-México.13 
Nos próximos anos, vislumbra-se que o MERCOSUL celebre um acordo preferencial com a União 
Europeia. Cabe destacar, quanto a esse ponto, que, nas negociações comerciais internacionais, o 
MERCOSUL atua sempre em bloco. Assim, não há acordo comercial celebrado exclusivamente pelo 
Brasil ou exclusivamente pela Argentina. Ao contrário, somente há acordos celebrados pelo 
MERCOSUL como um todo. 
3.2 Objetivos Integracionistas do MERCOSUL: 
O Tratado de Assunção estabelece, em seu art. 1º, que o objetivo do MERCOSUL é constituir, até 31 
de dezembro de 1994, um mercado comum. Mas o que pressupõe um mercado comum? 
Conforme já estudamos, um mercado comum pressupõe: i) livre circulação de bens e serviços; ii) 
política comercial comum em relação a terceiros países e; iii) livre circulação dos fatores de 
produção. Pois bem, para que o MERCOSUL se torne um mercado comum ele deverá, portanto, 
promover tais avanços. Guarde bem isso! Em um mercado comum, assume-se a existência das 
“quatro liberdades” do mercado: livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais. 
 
13
 Embora tenham sido celebrados, ainda não estão em vigor os seguintes acordos: MERCOSUL-Egito e MERCOSUL-Palestina. O acordo 
MERCOSUL-SACU entrou em vigor em 1º de abril de 2016, com a publicação do Decreto nº 8.703/2016. 
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 Vamos ler juntos o art. 1º do Tratado de Assunção, que é, sem dúvida alguma, muito importante: 
Artigo 1º - Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar 
estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se denominará "Mercado Comum do Sul" 
(MERCOSUL). 
Este Mercado Comum implica: 
- A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da 
eliminação dos direitos alfandegários restrições não tarifárias à circulação de mercado de qualquer 
outra medida de efeito equivalente; 
- O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum 
em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros 
econômico-comerciais regionais e internacionais; 
- A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes - de comércio 
exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de 
transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim de assegurar condições adequadas 
de concorrência entre os Estados Partes; e 
- O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para 
lograr o fortalecimento do processo de integração. 
Agora vamos analisar esse artigo por etapas! 
A primeira implicação da constituição de um mercado comum é a livre circulação de mercadorias 
entre seus integrantes. Será que isso já existe no MERCOSUL? 
Pode-se considerar que há livre circulação de mercadorias em relação à parte substancial do 
comércio entre os membros do MERCOSUL. No entanto, ainda existem importantes exceções ao 
comércio intrabloco, como, por exemplo, automóveis e açúcar. Outro exemplo de restrição ao livre 
fluxo de mercadorias é a possibilidade de que os membros do MERCOSUL apliquem medidas 
antidumping e medidas compensatórias uns contra os outros. Além disso, no comércio entre Brasil 
e Argentina, é possível a aplicação de medidas de salvaguarda, ao amparo do Mecanismo de 
Adaptação Competitiva (MAC). 
A segunda implicação da constituição de um mercado comum é a livre circulação de serviços entre 
seus integrantes. Isso ainda não existe (e está longe de existir!) no âmbito do MERCOSUL. Todavia, 
os membros do MERCOSUL assinaram o Protocolo de Montevidéu, cujo objetivo é promover a livre 
circulação de serviços no interior do bloco. O Protocolo de Montevidéu, que entrou em vigor em 
2005, prevê um prazo de 10 anos para a liberalização do comércio de serviços no MERCOSUL. Em 
tese, teríamos livre circulação de serviços no MERCOSUL no ano de 2015. 
A terceira implicação de um mercado comum é a livre circulação dos fatores de produção (capital e 
mão-de-obra). Esse objetivo ainda não foi conquistado, uma vez que se faz necessário a 
harmonização das políticas trabalhista, previdenciária e de capitais. Cabe destacar, todavia, que no 
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âmbito do MERCOSUL, já existem iniciativas nesse sentido, como a Declaração Sociolaboral do 
MERCOSUL, assinada em 1998 pelos quatro membros do bloco, que estabelece princípios em 
matéria trabalhista para o MERCOSUL. Também já foi assinado, no âmbito do bloco regional, o 
Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL. 
A quarta implicação de um mercado comum é o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum 
(TEC), que é justamente o que materializa uma política comercial comum em relação a terceiros 
países (característica de uma união aduaneira!). No MERCOSUL, já existe uma Tarifa Externa Comum 
(TEC). No entanto, ainda existem diversas exceções à TEC, sobre as quais estudaremos mais à frente. 
A quinta implicação para a constituição de um mercado comum é a coordenação de políticas 
macroeconômicas e setoriais entre os Estados-partes. O objetivo dessa coordenação de políticas é 
justamente promover condições adequadas de concorrência entre os membros do bloco regional. 
A sexta implicação é a harmonização das legislações nas áreas pertinentes. Considerando-se que o 
objetivo do MERCOSUL é tornar-se um mercado comum, haverá necessidade de harmonizar as 
políticas comerciais intrabloco e extrabloco e, ainda, as políticas trabalhista, previdenciária e de 
capitais. 
 
Ao contrário da União Europeia, o MERCOSUL não possui como objetivo estabelecer uma 
moeda comum, tampouco harmonizar políticas econômicas. 
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O MERCOSUL quer se tornar um mercado comum. Será que ele chega lá? 
Não sei! Talvez, quem sabe, um dia... 
O fato é que, embora o MERCOSUL deseje se tornar um mercado comum, ele é considerado, 
atualmente, apenas uma união aduaneira imperfeita. A imperfeição da união aduaneira reside no 
fato de que ainda existem, no âmbito do bloco, diversas exceções à Tarifa Externa Comum. 
Falaremos sobre isso mais à frente! 
O Tratado de Assunção, a fim de alcançar os objetivos a que se propõe estabeleceu os seguintes 
instrumentos de ação: 
- Programa de Liberalização Comercial: reduções tarifárias progressivas, acompanhadas da 
eliminação de barreiras não-tarifárias, até a completa liberalização (tarifa zero e fim das 
barreiras não-tarifárias). 
Destaque-se que a implementação de um programa de liberalização comercial depende do 
estabelecimento de regras de origem. Isso é essencial para o acordo regional, pois evita que 
produtos fabricados fora do bloco possam se beneficiar da eliminação de barreiras comerciais 
Objetivos do 
MERCOSUL
Livre circulação de mercadorias
Livre circulação de serviços
Livre circulação de fatores de produção
Estabelecimento de uma Tarifa Externa 
Comum (TEC)
Cordenação de políticas macroeconômicas e 
setoriais
Harmonização de legislações nas áreas 
pertinentes
Objetivo	Central: Constituição de um mercado comum até 31 de dezembro de 
1994
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intrabloco. No MERCOSUL já existe um regime de origem, o qual, atualmente, está definido 
pela Decisão CMC nº 01/2004. 
- Coordenação de Políticas Macroeconômicas: a ser realizada de forma gradual. 
- Adoção de uma Tarifa Externa Comum: o objetivo é incentivar a competitividade externa 
dos membros do bloco. 
- Adoção de acordos setoriais: o objetivo é otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de 
produção. 
Adicionalmente, o Tratado de Assunção estabeleceu: i) uma estrutura institucional provisória para 
o MERCOSUL e; ii) um sistema de solução de controvérsias provisório. Ambos foram desenvolvidos 
em momento futuro, conforme estudaremos mais à frente. 
3.3 Estrutura Institucional do MERCOSUL: 
O Tratado de Assunção, celebrado em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, criou uma 
estrutura institucional provisória para o MERCOSUL, a vigorar durante o período de transição para 
o mercado comum. Foram criados, então, para conduzir o processo de integração regional, dois 
órgãos: o Conselho do Mercado Comum (CMC) e o Grupo Mercado Comum (GMC). 
Em 1994, foi celebrado pelos membros do MERCOSUL o Protocolo de Ouro Preto, que aperfeiçoou 
a estrutura institucional do bloco regional e, ainda, conferiu-lhe expressamente personalidade 
jurídica de direito internacional público. Assim, ficou assegurado ao MERCOSUL exercer todos os 
atos internacionais necessários à consecução de seus objetivos, em especial contratar, adquirir ou 
alienar bens móveis e imóveis, comparecer em juízo, conservar fundos e fazer transferências. Pode-
se considerar, portanto, que, a partir desse momento, o MERCOSUL é reconhecido como 
organização internacional intergovernamental. 
 
O Protocolo de Ouro Preto não criou o Conselho do Mercado Comum (CMC) e o Grupo 
Mercado Comum (GMC). Esses órgãos foram criados pelo Tratado de Assunção. 
Ao estabelecer uma estrutura institucional e conferir personalidade jurídica internacional ao 
MERCOSUL, o Protocolo de Ouro Preto contribuiu para o crescimento da confiança no êxito do bloco 
regional. Embora muitas das previsões estabelecidas pelo Tratado de Assunção e pelo Protocolo de 
Ouro Preto não tenham se concretizado na prática, esses normativos representam as bases sobre as 
quais se assenta a integração regional no MERCOSUL. 
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Segundo o Protocolo de Ouro Preto, a estrutura institucional do MERCOSUL conta com os seguintes 
órgãos: i) Conselho do Mercado Comum (CMC); ii) Grupo Mercado Comum (GMC); iii) Comissão de 
Comércio do MERCOSUL; iv) Comissão Parlamentar Conjunta; v) Foro Consultivo Econômico-Social 
e; vi) Secretaria Administrativa do MERCOSUL. 
Essa estrutura institucional não foi, todavia, engessada pelos membros do MERCOSUL. Segundo o 
art. 1º, parágrafo único, do Protocolo de Ouro Preto, é possível que sejam criados pelo Conselho 
do Mercado Comum (CMC) novos órgãos ou mesmo extintos os já existentes. Com efeito, a 
Comissão Parlamentar Conjunta foi substituída pelo Parlamento do MERCOSUL e a Secretaria 
Administrativa do MERCOSUL passou a ser chamada simplesmente de Secretaria do MERCOSUL. 
São três os órgãos decisórios do MERCOSUL, que têm poder para emitir normas no âmbito do bloco: 
o Conselho do Mercado Comum (CMC), o Grupo Mercado Comum (GMC) e a Comissão de 
Comércio do MERCOSUL (CCM). Esses três órgãos (assim como os demais órgãos do MERCOSUL!) 
possuem natureza intergovernamental. Isso significa que suas decisões não têm eficácia imediata, 
mas precisam ser internalizadas no ordenamento jurídico de todos os membros do bloco para entrar 
em vigor. Cabe destacar que as decisões emanadas dos órgãos decisórios do MERCOSUL são 
adotadas mediante consenso. 
Vamos, na sequência, falar agora sobre os órgãos mais importantes do MERCOSUL: 
a) Conselho do Mercado Comum (CMC): 
O Conselho do Mercado Comum (CMC) é o órgão superior do MERCOSUL, ao qual incumbe a 
condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento 
dos objetivos do Tratado de Assunção. O CMC é integrado pelos Ministros das Relações Exteriores e 
pelos Ministros da Economia, ou seus equivalentes, dos Estados partes. 
As funções do CMC estão relacionadas no art. 8º do Protocolo de Ouro Preto: 
Art. 8º - São funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum: 
I. Velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos 
firmados em seu âmbito; 
II. Formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do mercado 
comum; 
III. Exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul. 
IV. Negociar e firmar acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de 
países e organizações internacionais. Estas funções podem ser delegadas ao Grupo Mercado 
Comum por mandato expresso, nas condições estipuladas no inciso VII do artigo 14; 
V. Manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo Mercado Comum; 
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VI. Criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre os acordos que lhe sejam remetidos pelas 
mesmas; 
VII. Criar os órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-los ou extingui-los; 
VIII. Esclarecer, quando estime necessário, o conteúdo e o alcance de suas Decisões; 
IX. Designar o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul. 
X. Adotar Decisões em matéria financeira e orçamentária; 
XI. Homologar o Regimento Interno do Grupo Mercado Comum; 
O Conselho do Mercado Comum irá se reunir tantas vezes quanto julgar oportuno.Entretanto, 
deverá se reunir, pelo menos uma vez por semestre, com a participação dos Presidentes dos 
Estados-partes. Essas são as conhecidas Reuniões de Cúpula do MERCOSUL. 
Cabe destacar que, na condição de órgão de cúpula do MERCOSUL, o Conselho do Mercado Comum 
(CMC) exerce a titularidade da personalidade jurídica do MERCOSUL e, portanto, possui autoridade 
para negociar e firmar acordos em nome do MERCOSUL com Estados e organizações internacionais. 
Na promoção de ações direcionadas para alcançar os objetivos de integração regional, o CMC 
manifesta-se mediante Decisões, as quais são obrigatórias para os Estados-membros a partir de sua 
entrada em vigor. 
b) Grupo Mercado Comum (GMC): 
O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão executivo do MERCOSUL. É composto por 4 (quatro) 
membros titulares e 4 (quatro) membros alternos por país, designados pelos respectivos Governos, 
dentre os quais devem constar necessariamente representantes dos Ministérios das Relações 
Exteriores, dos Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos Bancos Centrais. 
Na condição de órgão executivo do MERCOSUL, incumbe ao GMC tomar as medidas necessárias 
para o cumprimento das decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum. O GMC também 
possui competência para propor projetos de Decisão ao Conselho Mercado Comum e, ainda, é 
responsável pela elaboração de estudos e relatórios que lhe forem solicitados. Para elaborar esses 
estudos e relatórios, o GMC dispõe da prerrogativa de criar, modificar ou extinguir subgrupos de 
trabalho e reuniões especializadas. 
As funções do Grupo Mercado Comum estão relacionadas no art. 14 do Protocolo de Ouro Preto, 
abaixo transcrito: 
Art. 14 - São funções e atribuições do Grupo Mercado Comum: 
I. Velar, nos limites de suas competências, pelo cumprimento do Tratado de Assunção, 
de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito; 
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II. Propor projetos de Decisão ao Conselho do Mercado Comum; 
III. Tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo Conselho 
do Mercado Comum; 
IV. Fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do mercado 
comum; 
V. Criar, modificar ou extinguir órgãos tais como subgrupos de trabalho e reuniões 
especializadas, para o cumprimento de seus objetivos; 
VI. Manifestar-se sobre as propostas ou recomendações que lhe forem submetidas pelos demais 
órgãos do Mercosul no âmbito de suas competências; 
VII. Negociar, com a participação de representantes de todos os Estados Partes, por delegação 
expressa do Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites estabelecidos em mandatos 
específicos concedidos para esse fim, acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos 
de países e organismos internacionais. O Grupo Mercado Comum, quando dispuser de mandato 
para tal fim, procederá à assinatura dos mencionados acordos. O Grupo Mercado Comum, quando 
autorizado pelo Conselho do Mercado Comum, poderá delegar os referidos poderes à Comissão de 
Comércio do Mercosul; 
VIII. Aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela Secretaria 
Administrativa do Mercosul; 
IX. Adotar Resoluções em matéria financeira e orçamentária, com base nas orientações emanadas 
do Conselho do Mercado Comum; 
X. Submeter ao Conselho do Mercado Comum seu Regimento Interno; 
XI. Organizar as reuniões do Conselho do Mercado Comum e preparar os relatórios e 
estudos que este lhe solicitar. 
XII. Eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul; 
XIII. Supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do Mercosul; 
XIV. Homologar os Regimentos Internos da Comissão de Comércio e do Foro Consultivo Econômico-
Social; 
c) Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM): 
A Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) é responsável por velar pela aplicação dos 
instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados Partes para o funcionamento 
da união aduaneira, bem como acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados com as 
políticas comerciais comuns, com o comércio intra-Mercosul e com terceiros países. A 
coordenação da CCM está a cargo dos Ministérios das Relações Exteriores. 
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Trata-se de um órgão encarregado de assistir o Grupo Mercado Comum, possuindo natureza técnica. 
Para tanto, é responsável por instituir comitês técnicos necessários ao cumprimento de suas 
funções. 
A CCM é, ainda, responsável por considerar e pronunciar-se sobre as solicitações apresentadas pelos 
Estados Partes com respeito à aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum e dos demais 
instrumentos de política comercial comum. Além disso, cabe à CCM propor ao Grupo Mercado 
Comum novas normas ou modificações às normas existentes referentes à matéria comercial e 
aduaneira do MERCOSUL. 
d) Parlamento do MERCOSUL: 
O aprofundamento da integração regional no âmbito do MERCOSUL requer um aperfeiçoamento 
institucional desse bloco regional, seja no que diz respeito à criação de um ambiente de maior 
previsibilidade e segurança jurídica, seja quanto à necessidade de permitir uma representação dos 
interesses dos cidadãos de cada Estado-parte. A criação do Parlamento do MERCOSUL (que 
substituiu a Comissão Parlamentar Conjunta) é, nesse sentido, uma importante iniciativa para o 
aperfeiçoamento institucional do bloco. 
Vejam só que interessante! A Comissão Parlamentar Conjunta foi criada pelo Protocolo de Ouro 
Preto, que estabeleceu que esse órgão seria representativo dos Parlamentos dos Estados Partes do 
MERCOSUL. Ao contrário, o Parlamento do MERCOSUL é, segundo seu Protocolo Constitutivo, órgão 
representativo dos povos dos Estados-partes do MERCOSUL. Como se pode perceber, a iniciativa 
de criação do Parlasul visa a dotar o MERCOSUL, em última análise, de uma legitimidade 
democrática. 
O Parlamento do MERCOSUL é um órgão de natureza intergovernamental, cujo objetivo é fortalecer 
a cooperação interparlamentar, a fim de harmonizar as legislações nacionais nas áreas pertinentes. 
Em razão de sua natureza intergovernamental, o Parlamento do MERCOSUL não cria leis regionais.14 
São princípios do Parlamento do MERCOSUL: i) o pluralismo; ii) a transparência; iii) a cooperação 
com os demais órgãos do MERCOSUL e com os âmbitos regionais de representação cidadã; iv) o 
respeito aos direitos humanos e o repúdio a todas as formas de discriminação; vi) a promoção do 
patrimônio cultural, institucional e de cooperação latino-americana nos processos de integração; vii) 
a promoção do desenvolvimento sustentável no MERCOSUL; viii) o tratamento especial e 
diferenciado para os países de economias menores e para as regiões com menor grau de 
desenvolvimento; ix) a equidade e; x) a solução pacífica das controvérsias. 
 
14 Ao contrário do Parlamento do MERCOSUL, o Parlamento Europeu, por ser um órgão supranacional, possui competência para criar leis regionais. 
Entendemos que o aprofundamento da integração regional no MERCOSUL demanda a existência de órgãos supranacionais que tenham poder para 
emitir decisões com aplicação imediata no âmbito do bloco. 
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Existe a previsãode que, até 2020, serão realizadas eleições diretas no Brasil e Uruguai para definir 
os representantes de cada país no Parlasul (o Paraguai e a Argentina já fizeram eleições diretas para 
o Parlamento do MERCOSUL)15. 
Atualmente, a representação de cada País no MERCOSUL está dividida da seguinte forma: i) Brasil: 
37 parlamentares; ii) Argentina: 43 parlamentares; iii) Venezuela: 23 parlamentares; iv) Paraguai: 
18 parlamentares e; v) Uruguai: 18 parlamentares. Trata-se de uma representação-cidadã 
atenuada, que não é exatamente proporcional à população de cada Estado. 
A princípio, pode parecer estranho que o Brasil tenha uma representação inferior à da Argentina. 
Isso se deve ao fato de que o Brasil ainda não realizou eleições diretas para o Parlamento do 
MERCOSUL. Quando o Brasil realizar eleições diretas, passará a contar com 75 parlamentares em 
sua representação no Parlamento do MERCOSUL. 
As competências do Parlasul estão relacionadas no art. 4º de seu Protocolo Constitutivo: 
Artigo 4- Competências 
O Parlamento terá as seguintes competências: 
1. Velar, no âmbito de sua competência, pela observância das normas do MERCOSUL. 
2. Velar pela preservação do regime democrático nos Estados Partes, de acordo com as normas do 
MERCOSUL, e em particular com o Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no 
MERCOSUL, na República da Bolívia e República do Chile. 
3. Elaborar e publicar anualmente um relatório sobre a situação dos direitos humanos nos Estados 
Partes, levando em conta os princípios e as normas do MERCOSUL. 
4. Efetuar pedidos de informações ou opiniões por escrito aos órgãos decisórios e consultivos do 
MERCOSUL estabelecidos no Protocolo de Ouro Preto sobre questões vinculadas ao 
desenvolvimento do processo de integração. Os pedidos de informações deverão ser respondidos 
no prazo máximo de 180 dias. 
5. Convidar, por intermédio da Presidência Pro Tempore do CMC, representantes dos órgãos do 
MERCOSUL, para informar e/ou avaliar o desenvolvimento do processo de integração, intercambiar 
opiniões e tratar aspectos relacionados com as atividades em curso ou assuntos em consideração. 
6. Receber, ao final de cada semestre a Presidência Pro Tempore do MERCOSUL, para que 
apresente um relatório sobre as atividades realizadas durante dito período. 
 
15 A Argentina realizou eleições diretas para o Parlamento do MERCOSUL em outubro de 2015. 
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7. Receber, ao início de cada semestre, a Presidência Pro Tempore do MERCOSUL, para que 
apresente o programa de trabalho acordado, com os objetivos e prioridades previstos para o 
semestre. 
8. Realizar reuniões semestrais com o Foro Consultivo Econômico-Social a fim de intercambiar 
informações e opiniões sobre o desenvolvimento do MERCOSUL. 
9. Organizar reuniões públicas, sobre questões vinculadas ao desenvolvimento do processo de 
integração, com entidades da sociedade civil e os setores produtivos. 
10. Receber, examinar e se for o caso encaminhar aos órgãos decisórios petições de qualquer 
particular, sejam pessoas físicas ou jurídicas, dos Estados Partes, relacionadas com atos ou 
omissões dos órgãos do MERCOSUL. 
11. Emitir declarações, recomendações e relatórios sobre questões vinculadas ao desenvolvimento 
do processo de integração, por iniciativa própria ou por solicitação de outros órgãos do MERCOSUL. 
12. Com o objetivo de acelerar os correspondentes procedimentos internos para a entrada em vigor 
das normas nos Estados Partes, o Parlamento elaborará pareceres sobre todos os projetos de 
normas do MERCOSUL que requeiram aprovação legislativa em um ou vários Estados Partes, em 
um prazo de noventa dias (90) a contar da data da consulta. Tais projetos deverão ser 
encaminhados ao Parlamento pelo órgão decisório do MERCOSUL, antes de sua aprovação. 
Se o projeto de norma do MERCOSUL for aprovado pelo órgão decisório, de acordo com os termos 
do parecer do Parlamento, a norma deverá ser enviada pelo Poder Executivo nacional ao seu 
respectivo Parlamento, dentro do prazo de quarenta e cinco (45) dias, contados a partir da sua 
aprovação. 
Nos casos em que a norma aprovada não estiver de acordo com o parecer do Parlamento, ou se 
este não tiver se manifestado no prazo mencionado no primeiro parágrafo do presente inciso a 
mesma seguirá o trâmite ordinário de incorporação. 
Os Parlamentos nacionais, segundo os procedimentos internos correspondentes, deverão adotar as 
medidas necessárias para a instrumentalização ou criação de um procedimento preferencial para a 
consideração das normas do MERCOSUL que tenham sido adotadas de acordo com os termos do 
parecer do Parlamento mencionado no parágrafo anterior. 
O prazo máximo de duração do procedimento previsto no parágrafo precedente, não excederá 
cento e oitenta (180) dias corridos, contados a partir do ingresso da norma no respectivo 
Parlamento nacional. 
Se dentro do prazo desse procedimento preferencial o Parlamento do Estado Parte não aprovar a 
norma, esta deverá ser reenviada ao Poder Executivo para que a encaminhe à reconsideração do 
órgão correspondente do MERCOSUL. 
13. Propor projetos de normas do MERCOSUL para consideração pelo Conselho do Mercado Comum, 
que deverá informar semestralmente sobre seu tratamento. 
14. Elaborar estudos e anteprojetos de normas nacionais, orientados à harmonização das 
legislações nacionais dos Estados Partes, os quais serão comunicados aos Parlamentos nacionais 
com vistas a sua eventual consideração. 
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15. Desenvolver ações e trabalhos conjuntos com os Parlamentos nacionais, a fim de assegurar o 
cumprimento dos objetivos do MERCOSUL, em particular aqueles relacionados com a atividade 
legislativa. 
16. Manter relações institucionais com os Parlamentos de terceiros Estados e outras instituições 
legislativas. 
17. Celebrar, no âmbito de suas atribuições, com o assessoramento do órgão competente do 
MERCOSUL, convênios de cooperação ou de assistência técnica com organismos públicos e 
privados, de caráter nacional ou internacional. 
18. Fomentar o desenvolvimento de instrumentos de democracia representativa e participativa no 
MERCOSUL. 
19. Receber dentro do primeiro semestre de cada ano um relatório sobre a execução do orçamento 
da Secretaria do MERCOSUL do ano anterior. 
20. Elaborar e aprovar seu orçamento e informar sobre sua execução ao Conselho do Mercado 
Comum no primeiro semestre do ano, posterior ao exercício. 
21. Aprovar e modificar seu Regimento interno. 
22. Realizar todas as ações pertinentes ao exercício de suas competências. 
O Parlamento do MERCOSUL é um órgão unicameral, que tem como uma de suas funções principais 
agilizar os procedimentos internos para a entrada em vigor de normas no âmbito do MERCOSUL. 
Para isso, o Parlamento do MERCOSUL elabora Pareceres sobre todas as normas que requeiram 
aprovação legislativa, devendo os projetos ser a ele encaminhados antes da aprovação pelo órgão 
decisório. 
A entrada em vigor de normas no âmbito do MERCOSUL não é algo tão simples. Para que uma norma 
entre em vigor simultaneamente em todos os Estados membros do bloco regional, ela precisa seguir 
um trâmite previsto no Protocolo de Ouro Preto. 
Segundo o art. 40 do Protocolo de Ouro Preto, após aprovada uma norma, ela precisa ser 
internalizada ao ordenamento jurídico de cada Estado-membro do MERCOSUL. O procedimento 
de internalizaçãodepende do que estabelece o ordenamento jurídico de cada país. No Brasil, por 
exemplo, qualquer acordo internacional (dentre os quais estão as normas dos órgãos do MERCOSUL) 
depende, para ser incorporado ao ordenamento jurídico pátrio, de aprovação do Congresso Nacional 
e da edição de decreto pelo Chefe do Executivo. 
Cada país, ao internalizar uma norma em seu ordenamento jurídico interno, deverá comunicar à 
Secretaria do MERCOSUL quanto a esse fato. Quando todos os Estados-membros tiverem 
internalizado a norma, a Secretaria do MERCOSUL comunicará o fato a cada um deles. Essa 
comunicação tem como objetivo alertar os Estados-membros do MERCOSUL de que a norma entrará 
em vigor. As normas entrarão em vigor 30 dias após a comunicação efetuada pela Secretaria do 
MERCOSUL. 
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Sem qualquer dúvida, esse rito processual para a entrada em vigor simultâneo de normas é bastante 
complexo e prejudica a segurança jurídica no âmbito do MERCOSUL. A quantidade de normas 
emitidas pelos órgãos decisórios do bloco regional é considerável, mas muitas delas não chegam 
nunca a entrar em vigor. 
Cabe destacar, todavia, que em uma tentativa de desburocratizar a processualística para a entrada 
em vigor das normas emanadas pelos órgãos decisórios do MERCOSUL, tem sido bastante usado 
pelos países do MERCOSUL o argumento de que, quando a norma dispuser sobre assuntos 
relacionados ao funcionamento interno do bloco, esta não precisa ser incorporada aos 
ordenamentos jurídicos nacionais. Tal argumento encontra amparo jurídico na Decisão CMC nº 
23/2000, que exige apenas que os Estados-partes entendam conjuntamente (por consenso) que o 
conteúdo da norma trata de assuntos relativos à organização e funcionamento interno do 
MERCOSUL. 
e) Foro Consultivo Econômico-Social: 
O Foro Consultivo Econômico Social (FCES) é o órgão de representação dos setores econômicos e 
sociais dos países-membros do MERCOSUL. Possui função consultiva, manifestando-se mediante 
Recomendações. No exercício dessa função consultiva, o FCES atua por iniciativa própria ou 
mediante consulta de outros órgãos do MERCOSUL. Por meio da atuação da FCES, o MERCOSUL, 
enquanto organização internacional, toma consciência dos anseios e do pensamento do setor 
privado de cada Estado-membro 
f) Secretaria do MERCOSUL: 
A Secretaria do MERCOSUL possui sede em Montevidéu e é o órgão de apoio operacional e 
administrativo do MERCOSUL. 
Suas atividades principais são: i) servir como arquivo oficial da documentação do MERCOSUL; ii) 
publicar e comunicar as decisões adotadas no âmbito do MERCOSUL; iii) organizar os aspectos 
logísticos do CMC, GMC e CCM; iv) informar regularmente os Estados Partes sobre as medidas 
implementadas por cada país para incorporar em seu ordenamento jurídico as normas emanadas 
dos órgãos do Mercosul e; v) editar o Boletim Oficial do MERCOSUL e; vi) registrar as listas nacionais 
dos árbitros e especialistas, conforme dispõe o Protocolo de Olivos. 
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3.4 Barreiras Comerciais no MERCOSUL: 
Embora seja possível advogar que há uma livre circulação de mercadorias em relação ao substancial 
do comércio no MERCOSUL, ainda há algumas restrições ao comércio intrabloco, dentre as quais 
citamos: i) setor automotivo e açúcar; ii) aplicação de medidas de defesa comercial intrabloco; iii) 
aplicação de medidas de salvaguarda no comércio bilateral Brasil-Argentina, com amparo no 
Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC); iv) bens oriundos de zonas francas comerciais, zonas 
francas industriais, zonas de processamento de exportações e áreas aduaneiras especiais; v) 
restrições à livre circulação de serviços e; vi) outras restrições não-tarifárias. 
 
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Dizer que há livre circulação de mercadorias é o mesmo que dizer que há uma margem 
de preferência de 100%. Atenção para o cálculo da margem de preferência, que segue 
critérios diferentes na OMC e na ALADI: 
 
a) Na OMC: Se a alíquota do imposto de importação é 30% e é concedida uma preferência 
de 10%, esta será subtraída do valor total do imposto. Assim: Imposto = 30%-10%=20% 
 
b) Na ALADI: Se a alíquota do imposto de importação é 30% e é concedida uma 
preferência de 10%, esta representará um percentual do valor total do imposto, que dele 
será descontada. Assim: 10% de 30 = 3% / 30% -3% = 27%. 
a) No que diz respeito à aplicação de medidas de defesa comercial, precisamos enxergá-las sob duas 
óticas diferentes: i) medidas de defesa comercial aplicadas pelos membros do MERCOSUL uns 
contra os outros e; ii) medidas de defesa comercial aplicadas contra terceiros países. 
No comércio intrabloco, é possível que os membros do MERCOSUL apliquem direitos antidumping 
e medidas compensatórias uns contra os outros. É possível, ainda, que sejam aplicadas medidas de 
salvaguarda no comércio entre Brasil e Argentina, ao amparo do Mecanismo de Adaptação 
Competitiva (MAC). 
Segundo o art. XXIV do GATT, não podem ser aplicadas medidas de defesa comercial no interior de 
áreas de livre comércio e uniões aduaneiras. No entanto, o que se percebe na prática é que é 
bastante comum que sejam aplicadas medidas de defesa comercial entre integrantes de acordos 
regionais. Para boa parte da doutrina, isso seria incompatível com as regras do sistema multilateral 
de comércio. 
Quanto à aplicação de medidas de defesa comercial contra terceiros países, cabe destacar que, 
enquanto união aduaneira, o MERCOSUL deveria utilizar esses instrumentos de forma conjunta. Em 
outras palavras, deveria existir uma medida antidumping ou medida compensatória aplicada pelo 
MERCOSUL (e não aplicadas isoladamente pelo Brasil ou pela Argentina!). Isso porque, em uma 
união aduaneira, deve existir uma política comercial comum em relação a terceiros países. 
Todavia, isso ainda está longe de ser uma realidade. Cada país do MERCOSUL aplica, 
individualmente, medidas antidumping e medidas compensatórias contra terceiros países. Em 
relação às medidas de salvaguardas, já existe a possibilidade de que estas sejam aplicadas de forma 
unificada pelo MERCOSUL. Tal possibilidade foi instituída pela Decisão CMC nº 17/96, intitulada 
“Regulamento Comum sobre a Aplicação de Salvaguardas”, visando à proteção da indústria regional. 
16 
 
16 BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual Prático de Defesa Comercial. São Paulo: Aduaneiras, 2007. pp.210-211. 
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b) Quanto ao Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC), este consiste na possibilidade de 
aplicação de medidas de salvaguarda no comércio bilateral Brasil-Argentina. Por meio do MAC, a 
indústria nacional (brasileira ou argentina, conforme o caso) pode fazer apresentar uma petição ao 
governo, alegando o aumento substancial das importações, dano importante ou ameaça de dano 
importante e, ainda, nexo de causalidade entre o aumento das importações e o dano. 17 
Recebida a petição,

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