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“É A ETERNA CONTRADIÇÃO HUMANA”: A CRÍTICA SÓCIO-RELIGIOSA MACHADIANA NO CONTO “A IGREJA DO DIABO” A PARTIR DAS INTERTEXTUALIDADES BÍBLICAS Sergio Dario C. Silva1 RESUMO A literatura de Machado de Assis é um marco na história da Literatura Brasileira e internacional, devido a sua capacidade literária inovadora, sua cosmovisão, e comprometimento com a realidade social. A intertextualidade e interdiscursividade são recursos explorados no conto “A igreja do Diabo”, no qual se encontram diálogos com os legados da literatura universal, em especial, a Literatura Bíblica. Este artigo parte da premissa que a apropriação de textos bíblicos possui um papel relevante na construção do discurso crítico-ideológico de Machado de Assis. Assim, este artigo é uma análise e reflexão sobre o papel do uso da Literatura Bíblica no conto “A igreja do Diabo”, sob o viés dos postulados teóricos de Bakhtin. Palavras-chave: Machado de Assis, Literatura Bíblica, Intertextualidade e Bakhtin. 1 INTRODUÇÃO Indubitavelmente, a literatura universal foi fortemente influenciada pela literatura bíblica ao longo dos séculos. Quanto ao uso intertextual da Literatura Bíblica, Frye (2004), em “Código dos códigos: a Bíblia e a Literatura”, assevera sobre a indiscutível influência dos escritos bíblicos na literatura universal. Frye (2004, p.15) diz: “mais aqui está um livro [Bíblia] que teve uma fértil influência na Literatura, desde os escritores anglo-saxões até os poetas mais jovens do que eu”. Assim como a Literatura Inglesa, a Literatura Brasileira foi fortemente influenciada pela Literatura Bíblica, e entre os autores que fizeram uso do legado bíblico, destacam-se Guimarães Rosa, Graça Aranha e Machado de Assis. Machado de Assis, considerado o maior escritor da literatura brasileira, é reconhecido universalmente pela sua forma inovadora de escrever, em que analisa a sociedade brasileira, o caráter e o comportamento humano; cria personagens 1 Pastor da Igreja Presbiteriana Renovada e Professor do Seminário Presbiteriano Renovado Brasil Central (SPRBC). Graduado em Letras pela FAA, Bacharel em Teologia pelo SPRBC e FACETEN, Especialista em Neuropedagogia pela FTP, em Docência do Ensino Superior pela FACETEN, em Literatura e Cultura pela FAEL, Mestre em Teologia Exegética pelo Centro Presbiteriano de Pós- graduação Andrew Jumper (CPAJ-Mackenzie) e Doutor em Ministério pelo Reformed Theological Seminary e CPAJ. 2 elaborados; e descreve a hipocrisia social, a imperfeição humana e o contraste em aparência e essência. Machado de Assis tornou-se um ícone do Realismo brasileiro, e revolucionou a narrativa com o uso de maior verossimilhança e menor superficialidade. A intertextualidade é um recurso muito explorado por Machado de Assis na sua produção literária, logo, investigar os seus vínculos com a literatura universal a que teve acesso, como também identificar o papel desses diálogos textuais na construção de um discurso, torna-se necessário, uma vez que Machado de Assis faz uso desse recurso para manter uma relação entre o legado literário universal e a realidade político-sócio-cultural de sua época. A Bíblia era fonte literária importante para Machado de Assis, pois a considerava um patrimônio literário-cultural da humanidade (Cf. ARAUJO, 1939; QUEIROZ, 2008).2 Não se pode ignorar também o fato de que há inúmeras recorrências aos textos bíblicos nas obras de Machado de Assis, e no conto “A igreja do Diabo” não é diferente. Este conto faz parte do livro “Histórias sem data” publicado originalmente em 1884. Assim, o presente trabalho discute o tema intertextualidade na produção literária machadiana, especificamente, no conto “A igreja do Diabo”, identificando a função e o impacto do uso da literatura bíblico- religiosa na construção do sentido e intencionalidade discursiva pretendida por Machado de Assis a partir dos postulados teóricos de Bakhtin. 2 DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS 2.1 DIALOGISMO, INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE Por trás de cada texto pressupõe um discurso que deve conter alguns critérios textuais apontados pelos teóricos Beaugrande e Dressler (1983, apud VAL, 1999), a saber, coerência e coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e a intertextualidade. A intertextualidade é um campo de estudo da linguística textual e refere-se ao uso de fragmentos de textos já 2 Dom Hugo Bressane de Araújo escreveu “o aspecto religioso da obra de Machado de Assis” em que critica o homem Machado de Assis em relação a sua formação religiosa e “falhas” quanto a seus conhecimentos bíblicos e litúrgicos da Igreja Católica. Semelhantemente, Maria Eli de Queiroz escreveu “Machado de Assis e a religião: considerações acerca da alma machadiana” em que discute sobre o que instigava Machado a usar as intertextualidade bíblicas em suas obras: teria sido apenas uma fator de interesse estético para uma humor dessacralizante ou seria o indício de uma alma impregnada de religião, de religiosidade, de espiritualidade? 3 existentes como fundamento para produção de um novo texto. Como postula Fiorin (2011, p.30), “a intertextualidade é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo”. Assim, pode-se afirmar que todo texto, de alguma forma, é um intertexto, pois qualquer processo discursivo se firma em um discurso previamente existente dentro de um contexto social particular. Para Proença (2009), não há discurso absolutamente novo, e todo discurso é, em algum sentido, novo, pois tanto se serve de língua, ideias e valores preexistentes, como também possui uma intenção nova. Desta forma, o texto, como unidade comunicativa e informativa, é o meio pelo qual se pode manifestar publicamente um discurso que se apoia em vários outros. Discutir a intertextualidade requer, necessariamente, abordar o dialogismo, conceito inaugurado por Bakhtin a partir de sua concepção social da linguagem. Para ele, não se pode compreender a linguagem por meio de uma dicotomia entre linguagem e contexto social. Brait (2011, p.25) assevera que “para Bakhtin, os elementos históricos, sociais e linguísticos atuam de forma decisiva no cerne da personalidade do indivíduo e se manifestam de forma dialógica em seus discursos”. Indubitavelmente, a linguagem é um produto vivo da interação social, e como defende Bakhtin (1981) todo enunciado precisa de um enunciador e um receptor. Assim, a enunciação sempre se constituirá a partir de uma interação entre o eu e o outro(s). Bakhtin registra: O texto só ganha vida em contato com outro texto (com contexto). Somente neste ponto de contato entre textos é que uma luz brilha, iluminando tanto o posterior como o anterior, juntando dado texto a um diálogo. Enfatizamos que esse contato é um contato dialógico entre textos... Por trás desse contato está um contato de personalidades e não de coisas (BAKHTIN,1986, p.162). Assim, sendo que toda linguagem é dialógica, as relações de sentido são construídas através da interação viva e tensa entre enunciados, e todo texto possui pluralidade de sentidos. É importante ressaltar que os termos intertexto, intertextualidade e interdiscursividade não são utilizados por Bakhtin em sua filosofia da linguagem, no entanto, os conceitos dos referidos termos estão presentes quando ele discute acerca do enunciado, dialogismo e polifonia (cf. FIORIN, 2010). O conceito bakhtiniano de intertextualidade ganhou notoriedade através dos estudos realizados pela semioticista Kristeva. Ela afirma que 4 para Bakhtin, o discurso literário não é um ponto (um sentido fixo), mas um cruzamento de superfícies textuais, um diálogo de várias escrituras [...] Todo texto constrói-se como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. [...]O discurso (o texto) é o cruzamento de discursos (textos) em que se lê, pelo menos, outro discurso (texto) (KRISTEVA, 1967, p.439-40 apud FIORIN, 2010, p.163). Como se pode observar, Kristeva, em sua leitura de Bakhtin, associa discurso com texto, resultado de uma relação dialógica no processo de construção de sentido. Dessa forma, embora Bakhtin não fizesse uso dos termos intertextualidade e interdiscursividade, tais conceitos estão firmemente embutidos em seus postulados teóricos, pois conforme assevera Kristeva (1967, p. 443 apud FIORIN, 2010, p. 163), “para Bakhtin, o diálogo é a única esfera possível da vida da linguagem”. O interdiscurso e interdiscursividade, em Bakhtin, podem ser identificados em seu conceito de dialogismo, que não pode ser confundido com interação face a face ou dialogismo entre interlocutores, pois, para ele, esse diálogo se dá sempre na relação discursiva (cf. FIORIN, 2010). Em síntese, o dialogismo bakhtiniano se desdobra em dois sentidos, isto é, o princípio constitutivo da linguagem e a forma particular de composição do discurso. Quanto ao princípio constitutivo da linguagem, o dialogismo aponta para o seu funcionamento real, e conforme afirma Fiorin (2010, p.167) “o real se apresenta para nós semioticamente, o que implica que o discurso não se relaciona diretamente com as coisas, mas com outros discursos, que semiotizam o mundo”. O dialogismo é tanto de caráter convergente como divergente e tenso, luta entre as vozes sociais, e o sujeito perde seu papel de preeminência dando lugar a essas vozes. Usando outros termos, Diana Barros (2011, p.3) entende que o dialogismo bakhtiniano “concebe-se como espaço interacional entre o eu e o tu ou entre o eu e o outro no texto”, o que nos leva a concluir que todo enunciado é fundamentado em outro(s) e não existe fora dessa relação dialogal conflitante. Bakhtin discute sobre interação discursiva, relações entre linguagem, sociedade, história e ideologia, aspectos que podem ser observados na análise de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. 5 2.2 TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE Há diversos usos e processos intertextuais explorados pelos autores em suas composições literárias. Kock (2012) identificou seis tipos, a saber, intertextualidade temática (reprodução de temas), estilística (reprodução de estilos), explícita (menção da fonte-autor), implícita (fonte-autor oculto), intergenérica e tipológica. Fiori (2011) apresenta três processos de intertextualidade: alusão, citação e estilização. Sant’Anna (1999) reconhece quatro processos intertextuais: paráfrase, paródia, estilização e apropriação. E as autoras Paulino, Walty e Cury (1998) apresentam oito processos possíveis de relações intertextuais: a epígrafe, a citação, a referência, a alusão, a paráfrase, a paródia, a pastiche e a tradução. Postas as diversas formas e processos intertextuais, destacaremos a paráfrase, a paródia, a alusão, a citação e a estilização, pois são as principais e as mais utilizadas no texto literário. 2.2.1 Paráfrase, paródia e estilização O termo “paráfrase” é oriundo do grego que significa continuidade ou repetição de uma sentença (cf. SAT’ANNA, 1999). Paráfrase é uma reafirmação, em que não se rompe com o enunciado original, apesar do uso de vocábulos diferentes. “Paródia” (do grego para-ode) refere-se a um ode (poema musical) que transforma ou perverte outro ode (cf. FÁVARO, 2011). Assim, diferente da paráfrase, a paródia rompe com o enunciado original. Quando se trata de paródia é imprescindível falar de Bakhtin e seu conceito de carnavalização, que considera a paródia um dos aspectos da coexistência de duas vozes num texto antagonicamente relacionadas. Para Bakhtin, na paródia não há possibilidade de fusão dessas vozes como acontece na estilização, mas a segunda voz entra em oposição à voz original forçando-a seguir direção oposta (Cf. FÁVARO, 2011). Desta forma, a paródia não se propõe endossar o texto-enunciado original, mas romper, ora irônica e abertamente, ora sutilmente. A estilização é um ponto de equilíbrio entre a paráfrase e a paródia, uma vez que modifica a forma sem perverter a essência da estrutura, logo, trata-se de uma reprodução do estilo. Fiorin (2011, p.31) define “estilos” como “o conjunto das recorrências formais tanto no plano da expressão quanto no plano do conteúdo”. Em 6 síntese, conforme assevera Sant’Anna (1999), a paráfrase representa um desvio mínimo, a estilização, um desvio tolerável e a paródia, um desvio total, porque perverte e inverte o sentido. 2.2.2 Alusão e citação Alusão e citação são processos interdiscursivos significativos na produção literária. Citação é um tipo de intertexto que faz uso da transcrição de um enunciado de outrem, reproduzindo as ideias do autor, e Fiorin (2011, p.30,32), em “Polifonia textual e discursiva em Bakhtin”, afirma que “a citação pode confirmar ou alterar o sentido do texto citado, [...] e ocorre quando um discurso repete percursos temáticos e/ou percursos figurativos de outros”. Quanto à alusão, o foco se encontra na reprodução sintática e não na vocabular. É o ato de fazer referência, explícito ou implicitamente, a um texto, fragmento textual, produção artística ou evento histórico, para fins comparativos ou associativos. Fiorin (2011, p.31) esclarece que, nesse processo intertextual, “certas figuras são substituídas por outras, sendo que todas mantêm relações hiperonímicas com o mesmo hiperônimo ou são figurativizações do mesmo tema”. Além disso, deve-se destacar que as alusões podem reafirmar o sentido do texto aludido, ou apresentar sentido oposto, comprovando a existência da relação dialógica defendida por Bakhtin. 3 AS INTERTEXTUALIDADES BÍBLICAS NO CONTO “A IGREJA DO DIABO” Em “A igreja do Diabo” destacam-se apropriações de textos bíblicos, Antigo e Novo Testamentos, mas também documentos e obras de caráter religioso-teológico. A personagem Diabo é apresentada como antagonista de Deus, exatamente como se ver nos escritos bíblicos e na tradição cristã. A atuação do Diabo é deveras significativa no conto, e contrariando a muitos que evitam dizer o nome do Diabo, Machado o apresenta com todas suas características maléficas sem uso de eufemismos. O capítulo I descreve a ideia do Diabo de fundar uma igreja e as razões de tal decisão. O conto se refere a “um velho manuscrito beneditino” que narra o dia em que o Diabo tem a ideia de fundar uma igreja, pois se sentia humilhado por seu 7 papel avulso e por sua desorganização (sem regras, sem rituais, sem escritura, sem credo). O Diabo descreve sua nova igreja, imitando a antiga organização e padrões litúrgicos da Igreja Católica: Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo. (ASSIS, 2016, p.369). Para o Diabo a organização tinha um papel importante para combater as outras religiões, pois era necessário “Escritura contra Escritura” e um “credo universal”, e uma “Igreja como tenda de Abraão” (ASSIS, 2016, p.369). Desta forma, o Diabo deseja “mostrar sua importância através da contrariedade a todas as normas pré-estabelecidas” (PRZYBYLSKI, 2008, p.242). Observamos a intenção de Machado de deixar claro o diálogo intertextual não apenas com a Bíblia, a Escritura dos cristãos, mas também com o aparato litúrgico-religioso. Percebe-se a imitação dos ritos religiosos da Igreja Católica Romana (missa, vinho e pão, prédicas, bulas, novenas). Machado conhecia não apenas a Bíblia como também os ritos religiosos católicos.O Diabo queria uma igreja única, “uma tenda de Abraão” e um credo universal, contrapondo as outras igrejas e religiões que se dividem e disputam entre si em nome de Deus. Notamos aqui uma clara crítica as controversas entre as religiões no mundo. A referência a Maomé e Lutero faz alusão ao islamismo e ao protestantismo. Maomé é considerado pelos mulçumanos como o grande profeta de Alá, enquanto que Lutero é o “pai” da Reforma Protestante iniciada em 31 de outubro de 1517 com a publicação das 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O capítulo II, entre Deus e o Diabo, narra a chegada do Diabo ao céu para apresentar a sua ideia a Deus. O Diabo reafirma sua inferioridade, chama Deus de mestre, e ironicamente, demonstra lealdade. Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação. (ASSIS, 2016, p.370). 8 O diálogo entre o Diabo e Deus é estruturado de acordo com a cena “prólogo no céu” da obra “Fausto”3 do escritor alemão Goethe, e também remete, parodicamente, ao relato bíblico de Jó. Em Fausto, a história inicia no céu, onde Mefistófeles, o Diabo, faz uma aposta com Deus quanto a conquista da alma de Fausto, o favorito de Deus. Na história bíblica, o Diabo aparece no céu, mas é Deus quem inicia a conversa sobre a piedade da personagem Jó. O Diabo não nega a piedade de Jó, mas se nega a reconhecer que a piedade seja desinteressada. Ele questiona a motivação da fidelidade de Jó, afirmando que tal devoção era decorrente das bênçãos divinas, e se Deus as retirasse, Jó blasfemaria. Deus aceitou o desafio do Diabo e permitiu que tocasse em tudo que Jó possuía. Diabo saiu da presença de Deus e fez Jó perder todos os seus bens e os seus filhos, contudo, a reação de Jó foi surpreendente: Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. (JÓ 1.20-22). No conto machadiano há traços que claramente remetem à histórica bíblica de Jó. Nos dois relatos, o Diabo aparece sem ser convidado, Deus inicia a conversa, o Diabo questiona e contesta as afirmações divinas, Deus permite que o Diabo execute sua ideia, a conversa tem as ações humanas como assunto central, e as teses do Diabo são um fracasso. O Diabo propõe criar uma “hospedaria barata” uma vez que a morada no céu é apresentada como hospedaria de custo alto. A ideia do céu como morada está presente no Novo Testamento. Vejamos alguns exemplos: Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. (João 14.2) Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3.20) No conto, o Diabo é um imitador, e ao substituir “céu” por “hospedaria”, o conto rompe parodicamente com o significado original, e perverte a ideia bíblica de “céu” como morada eterna. A expressão “hospedaria barata” é um eufemismo para o “inferno”. Segundo o Diabo, o preço para ir ao céu é alto demais, pois é necessário reprimir os desejos para fugir de punições e conquistar a retribuição divina. Observa- 3 A obra “Fausto” é considerada uma das grandes obras-primas da literatura alemã. Trata-se de um poema trágico, escrito como peça teatral e organizado em duas partes. O primeiro esboço foi feito em 1775, o segundo em 1791 e a publicação completa foi em 1832 quando Goethe já havia morrido. 9 se que, semelhantemente à história de Jó, o Diabo questiona as motivações humanas de seguir a Deus. Com a permissão de Deus, o Diabo decide lançar a “pedra fundamental” de sua igreja. Ele argumenta que os devotos de Deus são como as rainhas de “manto de veludo rematado em franjas de algodão”. Aqui Machado faz uso da metáfora para a ratificação da retórica entre Deus e o Diabo que se desenvolve na narrativa. As virtudes dos homens são comparadas às rainhas que vestem o manto de veludo, o qual era símbolo da doçura, fragilidade e ingenuidade (cf. PRZYBYLSKI, 2008, p.244). Assim como as capas de veludo podem ter franjas de algodão, das belas virtudes humanas podem emergir maldades. O diabo acrescenta que os devotos de Deus “centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado” (ASSIS, 2016, p.371). O livro santo é uma referência metafórica à Bíblia Sagrada dos cristãos, o qual ensina sobre a diferença entre as virtudes e os pecados. Na sequência do diálogo, Deus usa a história do “ancião”, o recém-chegado no céu, como exemplo de que o Diabo estava errado em sua retórica. O ancião tinha uma vida honesta e teve uma morte sublime, pois vendo um casal de noivos em naufrágio, “deu-lhes a sua tábua de salvação e mergulhou na eternidade” (ASSIS, 2016, p.371). O Diabo nega, afirmando que “a misantropia pode tomar aspecto de caridade”, e que os devotos a Deus obedeciam para fugir da punição e obter retribuições. Observa-se que o “ancião” assim como o “Fausto” são personagens espelhados na personagem Jó, o homem piedoso, íntegro e reto. O uso dos termos “salvação” e “eternidade” não é acidental, mas intencional, pois são fundamentais na escatologia cristã, em que os salvos, depois da morte, viverão eternamente no céu com Deus (1 Tessalonicenses 4.16-17; Mateus 6.19- 20). A narrativa prossegue: “Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo” (ASSIS, 2016, p.371). Os “serafins” que agitam as asas, “Miguel” e “Gabriel” são importantes nos escritos bíblicos e na crença cristã. Miguel é um arcanjo poderoso que aparece nas narrativas de grandes batalhas (Daniel 10.13, 21; 12.1; Judas 9; Apocalipse 12.7), enquanto que Gabriel é um anjo mensageiro de boas novas (Lucas 1.19,26). O “cântico dos serafins que enche o céu” de harmonias é uma referência à visão do profeta Isaías (Cf. Isaías 6), e o “Diabo caindo como um raio” na terra é uma alusão ao clássico texto da queda de Lúcifer em Isaías 14.12- 10 13: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações!”. O capítulo III, a boa-nova aos homens, narra o árduo trabalho missionário do Diabo em conquistar “fiéis” para sua nova igreja. A expressão “boa-nova” é também uma apropriação de um termo teológico fundamental dos escritos bíblicos (Cf. Isaías 40.9-11; 52.7; Marcos 1.14-15; Lucas 2.10-11; 4.18-19; Atos 8.12, 35; 10.14-15, 36; Romanos 10.14-15). No conto, os termos “pregou”, “nova doutrina”, “discípulos fiéis” e “congregar multidões ao pé de si” descrevem o Diabo como uma imitação do Messias descrito nos evangelhos. O Diabo também pregou usando parábolas, como Cristo: “usarei parábolas quando falar com eles, e explicarei coisas desconhecidas desde a Criação do mundo” (cf. Mateus 13.34). Contudo, diferente do Messias que apontava as belezas e riquezas do Reino dos céus, o Diabo “prometia as delícias da terra, todas as glórias e os deleites mais íntimos”. (ASSIS, 2016, p.372). Esta descrição dialoga com o evento da tentação de Jesus narrado em Mateus 4.1-11, Marcos 1.12-13 e Lucas 4.1-13. No relato da tentação de Jesus, o Diabo o oferece os reinos e a glória do mundo para que Jesus prostrasse e o adorasse. Jesus não se rendeu ao discurso falacioso do Diabo e não caiu na tentação. No conto, com um discurso de negação, o Diabo prega a substituição “das virtudes aceitas por outras virtudes legítimas, as quais são a soberba,a luxúria, a preguiça, a avareza, a ira, a gula e a inveja” (ASSIS, 2016, p.372). Ou seja, os pecados capitais são aqui denominados de legítimas virtudes. O Diabo apresenta argumentos histórico-literários sobre o papel de cada uma destas “virtudes” convencendo as pessoas a amar as coisas perversas e detestar as sãs. Defendia a fraude, o ódio e o desprezo, mas combatia o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade, como o respeito, a solidariedade, o amor ao próximo. Para o Diabo a venalidade passa a ter atenção especial, pois os seus seguidores deveriam vender tudo, até mesmo o caráter, a moral, a fé, a alma, o sangue e a si mesmo. (ASSIS, 2016, p.373). No capítulo IV, franjas e franjas, a previsão do Diabo se comprova, as virtudes cuja capa de veludo acabava em franjas de algodão, e uma vez puxadas pela franja, vinham para a nova igreja, a igreja do Diabo. Houve um aparente sucesso, pois a doutrina propagava-se no mundo inteiro, e não havia língua que não a traduzisse, e nem uma raça que não a amasse. (ASSIS, 2016, p.374). 11 Contudo, longos anos depois, o Diabo percebeu que havia se enganado e sua missão fora um fracasso, porque muitos “fieis” praticavam as antigas virtudes em secreto, às ocultas. Na igreja do Diabo tudo era permitido, mas a bondade era proibida. A liberdade total dada pelo Diabo não funcionou, e os membros da nova igreja se tornaram também transgressores. Tal constatação assombrou o Diabo, principalmente quando viu “um droguista que envenenara uma geração inteira, e com o produto das drogas socorria os filhos das vítimas”; “um ladrão de camelos que tampava a cara para ir às mesquitas”; “um homem que furtava ao jogo, mas dava gratificações aos criados, ia toda semana confessar-se com um cônego numa capela secreta, benzia-se ao ajoelhava-se e ao levantar-se. O Diabo descreve tais atitude humana como “tamanha aleivosia”. (ASSIS, 2016, p.375). O Diabo volta ao céu em busca de respostas para tal fenômeno religioso. Após ouvir as queixas do Diabo, Deus diz: “Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana”. (ASSIS, 2016, p.376). 4 O PAPEL DAS INTERTEXTUALIDADES BÍBLICAS NA CONSTRUÇÃO DO DISCURSO IDEOLÓGICO MACHADIANO O uso de recursos intertextuais na apropriação de textos bíblicos, como apresentados acima, não possui caráter acidental nem foram citados apenas para dar novos contornos a narrativa, pelo contrário, possui um papel relevante no processo de construção do discurso machadiano. Considerando que todo texto, na perspectiva bakhtiniana, é construído dialogicamente, a narrativa apresenta um discurso heterogêneo constituído pela relação entre o sujeito e o mundo, caracterizado por diversas vozes sociais que se entrelaçam. O teórico russo aborda a intertextualidade como fator interno das vozes que polemizam no texto, dialogando com outras literaturas. O texto é social, e conforme assevera Diana Barros (2011, p.1) “o texto- enunciado recupera estatuto pleno de objeto discursivo, social e histórico”. Faraco (2009, p.25) acrescenta que não há enunciados neutros para Bakhtin, logo, “todo enunciado emerge sempre e necessariamente num contexto cultural saturado de significados e valores e é sempre um ato responsivo, isto é, uma tomada de posição neste contexto”. 12 Nesta perspectiva, “A igreja do diabo” reflete um contexto histórico-social que é severamente criticado por Machado de Assis através das personagens criadas. Cada personagem representa uma voz social com cargas ideológicas diferentes, gerando conflitos. Brayner (1981, p.16) corrobora ao afirmar que Machado foi o grande intérprete da ironia como contradição existência na literatura brasileira do século XIX. Desta forma, o conto não pode ser compreendido sem esse caráter heterogêneo e nem isolado do contexto histórico-social. O contexto histórico-social do sec. XIX, época em que a obra foi escrita, foi marcado pelo escravismo, novas ideologias, positivismo, darwinismo biológico, socialismo utópico, além de transformações político-sociais e crises ético-morais. Assim como o Diabo se propõe a fundar uma nova igreja a partir de apropriações e adequação de ideias que não lhe eram próprias, a sociedade brasileira da época buscava o modo de vida nos valores e ideias do liberalismo europeu, resultando em incompatibilidade, contradições e conflitos (Cf. SCHWARZ, 2005, p.68; SILVA, 2013, p.92-93 ). Era um contexto cheio de contradições nas esferas política, econômica, social e religiosa. A presença marcante do Catolicismo que possuía forte ligação com o Estado não ficou de fora das críticas de Machado. Como afirma Proença (2017, p.169), “Machado de Assis pinta um retrato fiel de sua gente e de sua época; seus retratos derivam de um consciente propósito de fazer convergirem, sobre o particular, projeções universalizantes, pois nos personagens machadianos nos reconhecemos e nessa identificação somos capturados, não cabendo indiferença”. Em “A igreja do Diabo” há um constante diálogo paródico com a Literatura Bíblica a fim de criticar e desmascarar a hipocrisia religiosa da sociedade que vivia de aparências num contexto marcado por grandes mudanças e crises. Acerca disso, Facioli comenta: O clero apoiava-se nas irmandades, padecia de uma precária formação religiosa e teológica, cumprindo funções mais sociais que místicas e nas casas grandes constituía um poderoso auxiliar da ordem social e moral, compactuando amplamente com a prática escravista (FACIOLI, 2002, p.21). Os textos bíblicos, no conto machadiano, possuem um papel crítico contra a sociedade brasileira que se julgava religiosa, mas que negava a fé com as atitudes. Até a própria Igreja se favorecia com o regime escravista. Logo, esse contexto elucida o uso satírico-irônico que Machado de Assis faz das intertextualidades bíblicas para demonstrar a contradição e a transgressão como aspectos inerentes 13 ao ser humano. Segundo Queiroz (2008, p.189), Machado não encontrou na sociedade a coerência religiosa que ela apregoa e hipocritamente diz vivenciar. Por meio da personagem Diabo, Machado explicita a ambiguidade humana, e o faz de tal forma que até mesmo o Diabo fica perplexo com a estupenda contradição humana. Przybylsk assevera: Em seus contos, Machado de Assis faz um estudo dos pequenos problemas do ser humano. Através de apólogos, diálogos, aforismos, o autor tese uma ideia de observação do ser humano e acaba analisando-o psicologicamente. Analisa as mais intrínsecas questões do indivíduo, mas a predominância do filosófico e do moralista é outro fato recorrente. (PRZYBYLSKI, 2008, p.241). O conto é marcado, do início ao fim, pela ironia – característica comum nos escritos machadianos – e pelos elementos moralizantes. O Diabo descrito por Machado diverge, em alguns aspectos, do que é retratado nos escritos religiosos. Numa época em que o “Diabo aterrorizador” era usado para manipulação dos fiéis, Machado descreve um Diabo com muito senso de humor, não aterrorizante, mas sobretudo, sarcástico e irônico. A autora Maria Castro (1997), em “A dialogia e os efeitos de sentido irônicos”, afirma que o discurso bivocal é o objeto principal de investigação em Bakhtin, e a ironia é um exemplo desse tipo de discurso. Na ironia, o enunciado tem sentido ambíguo e o autor, ao usar a linguagem do outro, apresenta-a com um novo discurso que vai de encontro ao discurso do outro. Conforme, diz Castro (1997), em Bakhtin, ironizar não se resume apenas em remeter ao enunciado do outro, mas, sobretudo, é voltar-se contra a enunciação, acrescentando-lhe uma ideia oposta. Assim, pensando em “A igreja do Diabo”, é o contexto do sec. XIX que conduz o leitor a perceber a ironia no uso intertextual da Bíblia. Os textos bíblicossão tirados de seus respectivos contextos e utilizados em outro para fundamentar uma ideologia discursiva que entra em hostilidade com o discurso primitivo. Essa contrariedade discursiva faz parte da intenção do autor Machado de Assis. Acerca da relação autor-obra-leitor, na perspectiva Bakhtiniana, o autor é sempre parte integrante do processo constitutivo do discurso. Tezza (1997, p.220, 223) diz: “para Bakhtin, o autor-criador é a consciência de uma consciência, uma consciência que engloba e acaba a consciência do herói e do seu mundo” [...] “e o autor-contemplador é, em última instância, o leitor; já o ouvinte é interno”. A crítica à hipocrisia sócio-religiosa é o ponto central do discurso machadiano. Schwaz 14 (SCHWARZ, 2005, p. 70) afirma que à condenação liberal da sociedade brasileira, estridente e inócua, soma-se a sua justificação pela piedade do vínculo familiar, cuja hipocrisia é outra especialidade machadiana. Bosi (2000, p.86) acrescenta que “chegando perto dos textos vê-se que a vida em sociedade, segunda natureza, do corpo, na medida em que exige máscaras, vira também irreversivelmente máscara universal”. Em síntese, por meio da personagem Diabo, Machado argumenta que os homens são hipócritas e atores mascarados no palco da vida real, pois desejam as coisas más, contudo, tendem ocultar tais desejos. Os escritos bíblicos afirmam que o ser humano é mau por natureza, pois possui inclinações pecaminosas. Desta forma, o assustador no conto não é a figura do protagonista, o Diabo, mas a ambiguidade e a complexidade da condição humana no que diz respeito a fé e a religião. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisar o conto “A igreja do Diabo” sob o viés bakhtiniano (sem a pretensão de elucidar todo o seu legado teórico) leva-nos a conclusão que o discurso apresentado não é individual, mas social, bivocal e dialógico, uma vez que é constituído de vozes sociais equipolentes que se opõem no interior do texto. Indubitavelmente, as intertextualidades bíblicas utilizadas reforçam a intenção discursiva da obra, e não podem ser tratadas como citações isoladas e sem propósito, pois, todo enunciado-texto se propõe dá respostas (réplicas) ao que foi dito (discurso) como também suscitar novas respostas. Enfim, a análise apresentada pretendeu mostrar como essas apropriações intertextuais se encaixam dentro de um plano crítico-ideológico criado por Machado de Assis com o propósito de não apenas entreter os leitores do sec. XIX, mas, sobretudo, confrontá-los e questioná-los quanto aos seus modus vivendi. REFERÊNCIAS ALTER, Robert; KERMODE, Frank. Guia Literário da Bíblia. São Paulo: Unesp, 1997. ASSIS, Machado de. Todos os Romances e contos consagrados. Vol. 3. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016. 15 BARROS, Diana Luz Pessoa de. Contribuições de Bakhtin às teorias do discurso. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: dialogismo e a construção do sentido. Campinas: Unicamp, 1997. BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiésvki. Rio de Janeiro: FU, 1981. __________. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do Método Sociológico na Ciência da Linguagem. São Paulo: HUCITEC, 1986. BEZERRA, Paulo. Polifonia. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: Outros conceitos- chave. 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