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AO PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Autos do processo nº XXX
 
SERAFIM, já qualificado nos autos em epígrafe, em que contende com INCORPORADORA X, inconformado, data venia, com o acórdão que negou provimento ao seu recurso de apelação, vem, respeitosamente, por seus advogados, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea “a” da Constituição Federal e art. 1029 do Código de Processo Civil , interpor
RECURSO ESPECIAL
para o Egrégio Superior Tribunal de Justiça (para o Supremo Tribunal Federal), pelas razões de fato e de direito a seguir articuladas, cuja juntada aos autos requer, para oportuna remessa àquela corte, requerendo-se o regular recebimento e processamento do presente recurso e a remessa das razões acostadas para o tribunal competente, a saber, o Superior Tribunal de Justiça. No inciso III do artigo 105 da Constituição Federal Brasileira o constituinte arrolou taxativamente as hipóteses que ensejam a interposição de recurso especial perante o STJ. Há manifesta violação à Lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964, ensejando, desse modo, EX VI do art. 105, III, ‘a’, a interposição de recurso especial.
É cabível requisito de admissibilidade, uma vez que o ato atacado é um acórdão decidido em última instância embora a Constituição e a Lei Adjetiva não se pronunciem a esse respeito, entendem o STF e o STJ que há a necessidade de prequestionamento para a admissibilidade dos recursos extraordinário e especial para além dos pré-requisitos contidos, respectivamente, nos artigos art. 105, III, e artigo 102, III.
Consoante o entendimento jurisprudencial acerca do tema, como se depreende da leitura conjugada das súmulas 282, STF, e 320, STJ, configura-se o prequestionamento quando o julgador enfrenta diretamente a questão constitucional-federal no decisum.
No caso em comento, não houve o enfrentamento na apelação cível recorrida. Entretanto, não há óbice à admissibilidade do recurso uma vez que – com fulcro no art. 1.025 do Código de Processo Civil e na súmula 356, STF, configurou-se o prequestionamento da questão alegada no presente recurso especial em virtude da oposição de embargos declaratórios sobre o assunto.
O preparo (requisito) é regular, constando a guia e comprovante das custas anexas à presente.
Requer a intimação da parte contrária para apresentar suas contrarrazões e confia, assim, que após o seu regular processamento, Vossa Excelência haverá de admitir o presente recurso, que atende aos requisitos gerais de admissibilidade e contém, nas inclusas razões, demonstração de que o v. aresto regional contrariou preceitos de lei federal, encaminhando-o ao Tribunal “ad quem”. (STJ – RESP e STF- RE)
DA TEMPESTIVIDADE
No que concerne à tempestividade do presente recurso, consoante a dicção do art. 1.003, caput e § 5º, CPC, o prazo de quinze dias para a interposição de recurso se inicia a partir da intimação das partes interessadas.
Dessa forma, uma vez que a intimação se deu no dia XXX e que portanto, o término do prazo dar-se-ia no dia XXX, verifica-se de forma inequívoca a tempestividade do presente recurso especial.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.
Advogado XXX
OAB/UF XXX
RAZÕES DO RECURSO
Recorrente: Serafim
Recorrida: Incorporadora X
Juízo a quo: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
AO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DOS FATOS
A presente demanda iniciou-se com a propositura de ação do recorrente contra a recorrida, em virtude de atraso na entrega de unidade imobiliária, pleiteando-se lucros cessantes em razão da demora exacerbada na entrega da unidade imobiliária e danos morais.
Uma vez que o juízo de primeiro piso, contrariando texto legal, acolheu a exceção de legitimidade passiva alegada pela recorrida, interpôs-se a apelação da r. sentença perante o TJRJ que, na r. Apelação Cível, manteve integralmente o decisum do qual se apelou “pelos seus próprios fundamentos”, contrariando disposição constitucional constante no art.93, IX da Constituição Federal.
Em embargos de declaração, interpostos devido à inexistência de fundamentação com fulcro nos artigos. 489, § 1º, I e III, e 1.022, II, e parágrafo único, II, o juízo a quo não somente.
Contra tais fatos é que recorre o recorrente.
DO DIREITO
DO PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO
O efeito suspensivo, ao lado do efeito devolutivo, consiste em um dos dois efeitos possíveis a um recurso. Enquanto o efeito devolutivo consiste na reexaminação da questão posta em juízo (devolução da res deducta ao Judiciário), destaca José Carlos Barbosa Moreira que o efeito suspensivo é aquele que impede a produção imediata dos efeitos da decisão.
No CPC/73, a regra era a eficácia de ambos os efeitos quando da interposição de qualquer recurso. No CPC/15 em vigência atualmente, porém, o efeito suspensivo é exceção, consoante a dicção do artigo 995 do CPC.
Contudo, muito embora o recurso especial não seja dotado de efeito suspensivo de per si, a Lei Adjetiva faculta ao juiz a concessão desse efeito a esse recurso conforme as situações fático-jurídicas do caso concreto. Nessa senda, o art. 1.029, § 5º, prevê expressamente tal possibilidade, como decorre da sua redação:
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
A importância do efeito suspensivo desse recurso especial deve, como os demais pedidos de tutelas, estar fundamentada na incidência tanto do periculum in mora quanto do fumus boni iuris, motivo pelo qual tais elementos são explicados a seguir.
No que concerne ao Fumus boni iuris, insta ressaltar que o texto legal contido no art.43, II Lei 4519/64) é claro, como se depreende da redação, transcrita na sequência:
Art. 43. Quando o incorporador contratar a entrega da unidade a prazo e preços certos, determinados ou determináveis, mesmo quando pessoa física, ser-lhe-ão impostas as seguintes normas:
II - responder civilmente pela execução da incorporação, devendo indenizar os adquirentes ou compromissários, dos prejuízos que a êstes advierem do fato de não se concluir a edificação ou de se retardar injustificadamente a conclusão das obras, cabendo-lhe ação regressiva contra o construtor, se fôr o caso e se a êste couber a culpa;
É nítida a claridade do texto legal quanto à configuração da responsabilidade civil do incorporador, perante o promitente comprador, quando do atraso injustificado da entrega da edificação.
Já com relação ao Periculum in mora, cabe ressaltar que o tribunal, após a oposição de embargos de declaração, impôs multa ao recorrente por entender tais embargos como meramente protelatórios.
Ocorre que a oposição dos embargos 	se deu para fins de prequestionamento, objetivando auferir a admissibilidade do presente recurso.
Dessa forma, verifica-se como razoável a concessão de tutela provisória visando à ab-rogação da tutela agravada, haja vista a existência de elementos normativamente fortes junto à agravante.
Da responsabilização cível do incorporador
Como ressaltado anteriormente, o artigo 43 da Lei de Condomínios 	não deixa margem para a dúvida quando prevê expressamente a responsabilidade do incorporador pela entrega injustificada do produto.
Tal previsão legal de responsabilidade civil contratual constitui-se como exigência da ordem jurídica, haja vista não ser possível aopromitente comprador ingressar contra o construtor no judiciário alegando violação de dispositivo de acordo bilateral entre as partes uma vez que o comprador não fechou contrato com esse, mas sim com o incorporador.
Dessa feita, ocorrendo atraso na entrega do imóvel, a responsabilidade recai sobre o incorporador – o qual, como ressalta a lei, poderá exigir o quantum indenizatório do construtor, via ação regressa, caso seja dele a culpa.
Nesse sentido, há os seguintes decisi do STJ sobre o assunto:
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO. ATRASO DA OBRA. ENTREGA APÓS O PRAZO ESTIMADO. CLÁUSULA DE TOLERÂNCIA. VALIDADE. PREVISÃO LEGAL. PECULIARIDADES DA CONSTRUÇÃO CIVIL. ATENUAÇÃO DE RISCOS. BENEFÍCIO AOS CONTRATANTES. CDC. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. OBSERVÂNCIA DO DEVER DE INFORMAR. PRAZO DE PRORROGAÇÃO. RAZOABILIDADE. [Omissis] 2. A compra de um imóvel "na planta" com prazo e preço certos possibilita ao adquirente planejar sua vida econômica e social, pois é sabido de antemão quando haverá a entrega das chaves, devendo ser observado, portanto, pelo incorporador e pelo construtor, com a maior fidelidade possível, o cronograma de execução da obra, sob pena de indenizarem os prejuízos causados ao adquirente ou ao compromissário pela não conclusão da edificação ou pelo retardo injustificado na conclusão da obra (arts. 43, II da Lei nº 4591/1964 e 927 do CC). [Omissis] (REsp 1582318/RJ, Terceira Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Dt. Julg. 12.09.2017, DJe 21.09.2017)
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. ALEGAÇÃO DE OFENSA A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA. INTERESSE RECURSAL. AUSÊNCIA. SUSPENSÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. DECADÊNCIA DO DIREITO AUTORAL NÃO CONFIGURAÇÃO. PRETENSÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL POR DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DE ENTREGA. INCORPORADORA E CONSTRUTORA QUE NÃO TOMARAM TODAS AS CAUTELAS NECESSÁRIAS E POSSÍVEIS PARA A REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. NÃO CARACTERIZAÇÃO. CULPA DE TERCEIRO. NÃO AFASTAMENTO DA RESPONSABILIDADE DO AUTOR DIRETO DO DANO. [Omissis] 5. O atraso na entrega das unidades ao promitente comprador, para ser considerado caso fortuito ou força maior, deve decorrer de fato inevitável e imprevisível, o que não ocorreu na hipótese em tela. Incorporadora e construtora que não tomaram todas as cautelas necessárias e possíveis para o regular licenciamento ambiental de empreendimento de grande porte em local de notório interesse ambiental. 6. A culpa de terceiro não exime o autor direto do dano do dever jurídico de indenizar, mas tão somente lhe assegura o direito de ação regressiva contra o terceiro que criou a situação determinante do evento lesivo. [Omissis] (REsp 1328901/RJ, Terceira Turma, Rela. Min. Nancy Andrighi, Dt. Julg. 06.05.2014, DJe 19.05.2014)
DO PEDIDO
Diante da causa acima aduzida, pede-se a reforma integral do acórdão de forma a reconhecer a procedência dos pedidos do autor e dar-lhes deferimento de modo a condenar a recorrida ao quantum indenizatório solicitado anteriormente e afastar a multa imposta pelo acórdão.
DOS REQUERIMENTOS 
Requer-se, com fulcro no artigo 1029, §5 que seja liminarmente concedido efeito suspensivo ope iuris ao presente agravo de instrumento a fim de obstar a eficácia da decisão interlocutória agravada.
Requer-se também, consoante o art. 85, § 2º e 11 do CPC, a majoração, na forma da lei, dos honorários sucumbenciais, previamente estabelecidos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data
ADVOGADO XXX
OAB XXX

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