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TEXTO RESENHA - A Sociedade e o Direito

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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DA PAZ – FCARP 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
A Sociedade e o Direito 
 
 
HAMID CHARAF BDINE NETO 
 
 
RESUMO 
Este artigo visa tentar compreender uma parcela da relação entre a sociedade e o direito. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Direito, Sociedade, Indivíduo. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O homem vive em sociedade e a relação que se estabelece entre as pessoas está sujeita a conflitos, 
tornando necessário que regras solucionam suas desavenças. Por isso, somente ao homem inserido num 
contesto social é que se torna relevante o direito como modo de evitar a necessidade de soluções privadas 
violentas. Assim sendo, para eliminar ou resolver conflitos e organizar as relações entre as pessoas é que 
existem normas jurídicas. 
O direito tem a função de organizar a sociedade, de manter a sua funcionalidade, evitar que ela se 
torne instintiva. O ser humano vive em sociedade e é subordinado ao direito que foi criado pelo próprio 
homem. Muitos autores, filósofos e pensadores escrevem a respeito do indivíduo, sociedade e direito. A 
seguir fragmentos de seus pensamentos definirão a relação esses três elementos. 
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A SOCIEDADE E O DIREITO 
 
O filósofo Aristóteles, fundou sua própria escola, o Liceu. Ele ministrava aulas nos jardins, seus 
alunos aprendiam enquanto andavam em sua companhia, respondiam e formulavam indagações e faziam 
observações. 
O método de Aristóteles era analítico. Para o filósofo conhecer a verdade era sentir o mundo. Ele 
jamais procuraria uma verdade universal e sim observaria as características e as explicaria detalhadamente. 
Para Aristóteles a observação deveria ser cuidadosa, analisando os fatos da vida com prudência. A respeito 
do homem em sua obra A Política dizia: 
 
É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um 
animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer 
circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem. Tal 
indivíduo merece, como disse Homero, a censura cruel de ser um sem família, sem leis, sem lar. 
Porque ele é ávido de combates, e como as aves de rapina, incapaz de se submeter a qualquer 
obediência. (ARISTÓTELES, 2010, p.13) 
 
A diferença entre o homem e os demais animais, portanto, é que o homem é um animal político, ou 
seja, vive em sociedade e precisa administrar seus interesses. 
Outro autor que escreveu sobre o tema foi Thomas Hobbes. Hobbes era contratualista, porque 
acreditava que o estado e a sociedade surgiram de um contrato estabelecido entre os homens. Em sua obra 
Leviatã, ele reconhece que existem diferenças entre os homens, do ponto de vista físico ou espiritual. Mas 
esta diferença: 
 
não é suficientemente considerável para qualquer um possa com base nela reclamar qualquer 
benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais 
fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com 
outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo. (THOMAS, 1988, p.74) 
 
Esta afirmação de Hobbes revela sua ideia de que os homens faziam um contrato para organizar o 
Estado e a sociedade, de maneira que todos reunissem suas virtudes e abrissem mão de algumas vantagens 
pessoais, em benefício de todos os integrantes da sociedade. 
Outro pensador que avaliou a condição do indivíduo perante a sociedade foi Freud. 
Sigmund Freud nasceu no de 1856 em Freiberg, que fazia parte do império Austríaco e hoje faz parte 
da República Tcheca. Freud é considerado o pai da psicanálise. Para o psicanalista Sigmund Freud em seu 
livro Psicologia das massas e análise do eu, o indivíduo é definido como: 
... Membro de uma tribo, um povo, uma casta, uma classe, uma instituição ou como elemento 
de um grupo de pessoas que, em certo momento e com uma finalidade determinada se organiza 
em uma massa. (SIGMUND, 2009, p.37) 
 
Mais recentemente, revelou-se importante para a avaliação das atuais características das relações 
sociais modernas o pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ele faz uma crítica ao homem 
contemporâneo: 
 
A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna. Essa 
apresentação, porém, não foi uma peça de um ato: é uma atividade reencenada diariamente. A 
sociedade moderna existe em sua atividade incessante de “individualização”, assim como as 
atividades dos indivíduos consistem na reformulação e renegociação diárias da rede dos 
entrelaçamentos chamados “sociedade”. Nenhum dos dois parceiros fica parado por muito tempo. E 
assim o significado da “individualização” muda, assumindo sempre novas formas- à medida que os 
resultados acumulados de sua história passada solapam as regras herdadas, estabelecem novos 
preceitos comportamentais e fazem surgir novos prêmios no jogo. A “individualização” agora 
significa há cem anos e do que implicava nos primeiros tempos da era moderna- os tempos da 
exaltada “emancipação” do homem da trama estreita da dependência da vigilância e da imposição 
comunitárias. (Zygmunt, 2001, p.39) 
 
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De acordo com Aristóteles, o homem se distingue dos demais seres vivos porque é capaz de 
diferenciar o bem e o mal, o justo do injusto. O filósofo afirma que a prudência e a virtude são conferidas 
aos homens para que ele não se torne feroz e decida suas ações apenas por amor e por comida. Segundo ele 
“A justiça é a base da sociedade. (ARISTÓTELES, 2010, p.13) 
 
Mas se a justiça é a base da sociedade, examinar a relação entre a sociedade e o direito depende da 
apuração do conceito de justiça. A definição de justiça no Dicionário Houaiss: 
 
“Qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é 
direito, justo. Exemplo: Não há como questionar a justiça de sua causa”. (HOUAISS, 2009) 
 
Em seu livro Ética a Nicômacos, a respeito da justiça Aristóteles escreveu que: 
 
A justiça é a observância do meio-termo, mas não de maneira idêntica à observância de outras formas 
de excelência moral, e sim porque ela se relaciona com o meio-termo, enquanto a injustiça se 
relaciona com os extremos. E a justiça é a qualidade que nos permite dizer que uma pessoa está 
predisposta a fazer, por sua própria escolha, aquilo que é justo, e, quando se trata de repartir alguma 
coisa entre si mesma e outra pessoa, ou entre duas pessoas, está disposta a não dar demais a si mesma 
e muito pouco à outra pessoa daquilo que é nocivo, e sim dar a cada pessoa o que é proporcionalmente 
igual, agindo de maneira idêntica em relação a duas outras pessoas. A justiça por outro lado, está 
relacionada identicamente com o injusto, que é excesso e falta, contrário à proporcionalidade, do útil 
ou do nocivo. Por esta razão a injustiça é excesso e falta, no sentido de que ela leva ao excesso e à 
falta- no caso da própria pessoa, excesso do que é útil por natureza e falta do que é nocivo, enquanto 
no caso de outras pessoas, embora o resultado global seja semelhante ao do caso da própria pessoa, 
a proporcionalidade pode ser violada em uma direção ou na outra. No ato injusto, ter muito pouco é 
ser tratado injustamente, e ter demais é agir injustamente (ARISTÓTELES, 1999, p.101) 
 
Hans Kelsen em seu livro O Problema da Justiça ele diz: 
 
A Justiça poderia ser uma aspiração política e filosófica de forte ordem prática, de indispensável e 
reconhecido fundamento Moral. Todavia, a Justiça não guardaria qualquer relação necessária com a 
Ciência do Direito ou com o Direito positivo- afinal, ele poderia ser estudado, ensinado e aplicado 
independentemente de ser ou não justo. (Hans, 1998, p.) 
 
No livro Filosofia do Direito, o jurista Alysson Leandro Mascaro comenta sobre a concepção 
platônica no livro As leis a respeito do direito: 
 
A concepção platônica sobre o justo é muito peculiar e especial. Diferetotalmente da visão que o jurista moderno tenha sobre o 
direito. Para o pensamento de Platão, torna-se muito difícil dissociar direito de justiça, o que é reforçado pelo fato de que a 
mesma palavra, díkaion, é utilizada de maneira intercambiável no texto platônico para essas duas ideias. (ALYSSON, 2014, 
p.54) 
Como se disse no início do trabalho, agora referendado pelos estudiosos do direito, cabe ao sistema 
jurídico organizar a sociedade. 
A má utilização do direito pode acabar com os direitos humanos. Na 2ª guerra mundial, na Alemanha 
nazista, milhões de pessoas foram presas e mortas, pelo simples fato de serem, judeus, testemunhas de jeová, 
homossexuais, ciganos etc. Tais atrocidades foram protegidas pela lei alemã da época. Fazendo o uso da 
própria lei, após a derrota dos nazistas, eles foram processados, julgados e condenados pelos crimes tinham 
cometido. A utilização correta da lei traz o que pode ser considerado justiça. 
O direito pune, porém não impede o ato de ocorrer. As ações contra a lei são punidas por ela própria. 
Sabemos que o direito atribui ao Estado o poder coercitivo, conferindo-lhe a exclusividade do uso da 
violência. Por intermédio da punição prevista na lei e que todas as pessoas conhecem, são aplicadas penas 
consideradas justas aos que praticam crime. Esta lógica tem por objeto a proteção de toda a sociedade 
O direito é uma invenção do ser humano, da sociedade, ele é um fenômeno histórico arraigado nas 
sociedades. A estrutura do direito tem especificidade no capitalismo. O direito vem em razão social e visa 
trazer a justiça. Sem a sociedade não existe o direito e sem o direito a sociedade torna-se desordenada. No 
livro Elementos Da Teoria Geral do Estado, o autor Dalmo de Abreu Dallari explica a origem da Sociedade: 
 
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A vida em sociedade traz evidentes benefícios ao homem, mas, por outro lado, favorece a criação de 
uma série de limitações que, em certos momentos e em determinados lugares, são de tal modo 
numerosas e frequentes que chegam a afetar seriamente a própria liberdade humana. (DALMO, 1971, 
p.7) 
 
Jean-Jacques Rousseau em sua obra O Contrato Social, escreveu a respeito da preocupação não só 
com a celebração, mas com a preservação da soberania política da vontade geral. Além disso ele escreveu 
a respeito da sociedade dizendo que: 
 
É a família, portanto, o primeiro modelo das sociedades políticas; o chefe é a imagem do pai, o povo 
a imagem dos filhos e havendo nascido todos livres e iguais, não alienam a liberdade a não ser em 
troca da sua utilidade. Toda a diferença consiste em que, na família, o amor do pai pelos filhos o 
compensa dos cuidados que estes lhe dão, ao passo que, no Estado, o prazer de comandar substitui o 
amor que o chefe não sente por seus povos. (JEAN, 1999, p. 22) 
 
No livro A Sociedade Dos Indivíduos, o autor Norbert Elias observou o seguinte: 
 
A sociedade, como sabemos, somos todos nós; é uma porção de pessoas juntas. Mas uma porção de 
pessoas juntas na Índia e na China formam um tipo de sociedade diferente da encontrada na América 
ou na Grã-Bretanha; a sociedade composta por muitas pessoas individuais na Europa do século XII 
era diferente da encontrada nos séculos XVI ou XX. E, embora todas essas sociedades certamente 
tenham consistido e consistam em nada além de muitos indivíduos, é claro que a mudança de uma 
forma de vida em comum para outra não foi planejada por nenhum desses indivíduos. Pelo menos, é 
impossível constatarmos que qualquer pessoa dos séculos XII ou mesmo XVI tenha conscientemente 
planejado o desenvolvimento da sociedade industrial de nossos dias. Que tipo de formação é esse, 
esta “sociedade” que compomos em conjunto, que não foi pretendida ou planejada por nenhum de 
nós, nem tampouco por todos nós juntos? Ela só existe porque existe um grande número de pessoas, 
só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem certas coisas, e no 
entanto sua estrutura e suas grandes transformações histórias independem, claramente, das intenções 
de qualquer pessoa em particular. (NORBERT, 1994, p.13) 
 
Anthony Giddens em seu livro As Consequências da Modernidade procura apontar um conceito de 
sociedade: O conceito de “sociedade” ocupa uma posição focal no discurso sociológico. “Sociedade” é 
obviamente uma noção ambígua, referindo-se tanto à “associação social” de um modo genérico quanto a 
um sistema específico de relações sociais. Preocupo-me aqui apenas com o segundo destes usos, que 
certamente figura de uma maneira básica em cada uma das perspectivas sociológicas dominantes. Embora 
os autores marxistas possam às vezes favorecer o termo “formação social” em relação à “sociedade”, a 
conotação de “sistema fechado” é análoga. 
Nas perspectivas não marxistas, particularmente aquelas relacionadas à influência de Durkheim, o 
conceito de sociedade com a qual virtualmente todo manual se inicia- “sociologia é o estudo das sociedades 
humanas” ou “sociologia é o estudo das sociedades modernas”- expressa claramente esta concepção. 
Poucos, se é que os há, autores contemporâneos seguem Durkheim tratando a sociedade de uma maneira 
quase mística, como uma espécie de “super-ser” ao qual os membros individuais exibem bem 
apropriadamente uma atitude de reverência. Mas a primazia da “sociedade” como a noção central da 
sociologia é muito amplamente aceita. (ANTHONY, 1991, p.21) 
Em seu livro Introdução ao Estudo do Direito o jurista Alysson Leandro Mascaro explica o que é o 
direito, tendo como base filósofos e pensadores. Uma das definições que o autor dá a respeito do direito em 
seu livro é: 
 
O direito é compreendido como uma forma normativa porque os Estados no capitalismo, assumem o 
papel de garantir politicamente a reprodução social tornando-se distintos daqueles que dominam 
economicamente a sociedade. Os Estados operam normativamente. Mas não é a norma que fez o 
direito. A norma é uma forma pela qual o direito se exprime, mas a forma de sua constituição e de 
sua operacionalização advém diretamente de estruturas sociais concretas. (ALYSSON, 2013, p.66) 
 
Para ele também: 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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O direito é, essencialmente, um fenômeno histórico. Em sua evolução houve vários entendimentos a 
respeito de sua identificação. Se os antigos romanos chegavam a dizer que o direito é uma arte, no 
mundo moderno não se diz o mesmo, pois o direito agora está mergulhando em formas sociais 
necessárias e procedimentos já estabelecidos previamente, regulados por normas, hierarquias e 
técnicas. Assim se quiséssemos captar numa mesma ciência duas abordagens distintas sobre 
fenômenos também distintos, essa ciência estaria prejudicada. (ALYSSON, 2013, p.32) 
 
Além disso Alysson Leandro Mascaro diz: 
 
O direito apresenta-se como um vasto campo de relações que devemos analisar e, para isso, são 
necessárias inúmeras ciências que venham, em conjunto e aglutinadas entre si, definir certos objetos 
que historicamente possam ser nomeados por “jurídicos”, e a partir daí entender suas razões 
estruturais. É preciso reconhecer que a técnica que permeia as normas jurídicas é grande parte desses 
objetos, mas não tudo. Por isso uma ciência do direito ou é um conhecimento amplo, dialético, 
envolvendo várias ciências e analisada dentro da história social, ou então ela será um conhecimento 
empobrecido, meramente técnico e restrito. (ALYSSON, 2013, p.36) 
 
Em seu sentido como ideologia Alysson Leandro Mascaro escreveu nesse mesmo livro dizendo que: 
 
No seio das relações sociais, a forma jurídica estabelece uma dominação não só por meio das suas 
estruturas técnicas, mas também por meio da sua ideologia. Quando o direito das sociedades 
capitalistas, por meio das suas normas, declara que todos são iguais perante a lei, na verdade está 
procedendo uma dominação ao mesmotempo técnica e ideológica. Técnica porque está excluindo o 
privilégio da nobreza, por exemplo, e tratando de maneira formalmente igual ao contratante e ao 
contratado, e isso é de interesse ao capitalismo, na medida em que o Estado executará a qualquer um 
que contratar caso não cumpra o contrato. Ideológica porque deixa entender uma igualdade que só é 
formal, mas não concreta. Ao tratar igualmente o capitalista e o proletário, o direito nivela, com a 
mesma medida, dois sujeitos desiguais, sem igualar suas condições. Assim ao invés de demonstrar a 
desigualdade real entre as partes o direito esconde. (MASCARO, 2013, p.30) 
 
O autor do artigo Justiça, Política e Direitos Humanos: As instituições Jurídicas e a Manutenção do 
Justo Meio na Esfera Política, Arthur Roberto Capella Giannattasio, mostra que o direito é um instrumento 
garantidor e fundamental para os Direitos Humanos, mas que se utilizado de maneira abusiva e maliciosa 
pode acabar com os Direitos Humanos. 
No artigo, o autor invoca o pensamento de Hans Kelsen: 
 
Hans Kelsen (2000), conforme apresentado em sua Teoria Pura do Direito. Para o autor, Direito seria 
um conjunto de normas- isto é, de uma posição normativa (dever-ser) fruto da vontade do legislador- 
objetivamente reconhecidas como obrigatórias. A juridicidade delas adviria do fato de elas deterem 
nelas (normas primárias), ou em normas a elas correlatas (normas secundárias), uma sanção 
coercitiva. O Direito poderia ser resumido, grosso modo, como ordem coercitiva. (GIANNATASIO,, 
p.3) 
 
O mesmo autor aponta a concepção de direito para Miguel Reale: 
 
Para este autor, o Direito seria Manifestação de experiência cultural em que há uma específica relação 
dialética entre três fatores componentes do Direito: fato, valor e norma. Estes jamais permanecem 
estagnados em seus campos de abrangência e restam permanentemente implicados em uma constante 
relação tensa entre fato e valor, de onde resulta o momento normativo. É este terceiro elemento 
(norma) que fornece uma solução superadora e integrante nos limites circunstanciais de lugar e de 
tempo, que une os dois mundos (natureza e valor). Na distinção entre Direito e Moral, o primeiro 
seria bilateral (dois polos), atributivo (exigibilidade de condute entre homens), coercível e 
heterônomo, ao passo que a última seria apenas bilateral, não pressupondo exigibilidade de conduta 
entre homens (atributividade), nem impositividade (coercitividade). (GIANNATASIO, 2015, p.4) 
 
Outro autor por ele citado é Emil Lask, ele diz que: 
 
Para Emil Lask (FERRAZ JR, 1976), o Direito é seria fruto da relação- ou a própria relação- entre a 
realidade empírica e os resultados do processo de aprimoramento cultural de uma sociedade (valores 
relevantes ou “significações culturais”), a qual estaria em contínuo desenvolvimento histórico no 
interior de forma jurídica- a norma seria o resultado de tais sínteses culturais, ou ainda a expressão 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984056/estatuto-dos-militares-lei-6880-80
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984056/estatuto-dos-militares-lei-6880-80
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mais imediata de tais sínteses (as sínteses elas mesmas tornadas dever-ser). No embate entre Direito 
e Moral, o primeiro se diferenciaria por deter maior probabilidade de cumprimento. 
(GIANNATASIO, 2015, p.4) 
 
Arthur Roberto Capella Giannattasio a respeito de Gustav Radbruch diz que o autor: 
 
[... ]Apresenta, em sua Filosofia do Direito, a percepção de que o Direito seria um fato, uma realidade, 
precisamente por ser uma obra humana- isto é, um bem cultural, o qual teria sido constituído em 
função do valor Justiça. A diferença entre Direito e Moral seria dada pela seguinte distinção: uma 
ação seria considerada jurídica quando fosse considerada boa para a vida em comum, ao passo que a 
ação seria reputada moral quando fosse boa em si mesma. (GIANNATASIO, 2015, p.4) 
 
Na conclusão de seu artigo o autor Arthur Roberto Capella Giannattasio fala o que seria em sua visão 
o direito ideal: 
 
Longe de simplesmente seguir o “dar a cada o que é seu” por meio do direito, a instauração de um 
Direito Político poderia conferir condições institucionais outras para realizar o ideal de Justiça. 
Conforme proposição adotada por este trabalho, uma sociedade justa seria aquela que teria recebido 
uma disposição justamente ordenada das possibilidades de influência nos processos de decisão 
política fundamentais. Ou ainda, uma sociedade que preserva no meio o local do Direito e do Poder, 
sem hipostaziar a posição normativa de qualquer dos termos fundamentais opostos na cidade. 
(GIANNATASIO, 2015, p.23) 
 
CONCLUSÃO 
 
A pesquisa sobre as concepções de sociedade e direito, como revelam as análises e a pesquisa da 
obra dos autores cujo pensamento foi invocado no texto demonstram a relevância do direito para a busca de 
uma sociedade organizada e justa. Por intermédio do direito, o homem pode organizar suas relações 
conflituosas e manter um contrato social em que se busque de modo renovado o fim último que é, na 
concepção de Aristóteles a construção de uma sociedade justa. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. 
 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Brasília: UnB, 1999. 
 
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro, Zahar, 2001. 
 
DALLARI, DALMO. Elementos da Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1979. 
 
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FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu. Trad. Renato Zwick. Reimpressão. Porto Alegre: 
L&PM, 2013. 
 
HOBBES, Thomas. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova 
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GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. 2ªReimpressão. Trad. Raul Fiker. São Paulo: 
Unesp, 1991. 
 
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 
 
MASCARO, Alysson. Filosofia do direito. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
7 
 
 
______. Introdução ao estudo do direito. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2013. 
 
ROUSSEAU, Jean. O Contrato Social e outros escritos. Trad. Rolando Roque da Silva. São Paulo: Cultrix, 
1999. 
 
ARTIGOS: 
 
GIANNATTASIO, Arthr Roberto Capella. Justiça, Política e Direitos humanos: As instituições Jurídicas 
e a Manutenção do Justo Meio na Esfera Pública. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO 
EM FILOSOFIA (ANPOF). Anais do XVI Encontro Nacional da ANPOF- GT Filosofia e Direito. São 
Paulo: ANPOF, 2015 [no prelo] 
 
MEIO ELETRÔNICO: 
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 2009 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRUTURA BÁSICA DE UM RESENHA CRÍTICA 
 
 
 
 
FACULDADE CATÓLICA RAINHA DA PAZ – FCARP 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA 
 
 
Nome do Acadêmico 
 
BDINE NETO, Hamid Charaf. 
Título: A sociedade e o Direito 
Disponível em: https://hamidneto.jusbrasil.com.br/artigos/244013750/a-sociedade-e-o-direito 
2015 
 
1- Credenciais da autoria 
2- Digesto (Resumo) 
3- Crítica da Autoria 
4- Crítica do Resenhista 
5- Destacar 03 (três) citações importantes 
 
 
https://hamidneto.jusbrasil.com.br/artigos/244013750/a-sociedade-e-o-direito

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