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SOCIOLOGIA DO DIREITO

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PROGRAMA DA DISCIPLINA SOCIOLOGIA JURÍDICA 
Disciplina: SOCIOLOGIA JURÍDICA 
 
CARGA HORÁRIA: 80h 
Curso: DIREITO Semestre de oferta da disciplina: 2° 
Faculdade responsável: Direito Departamento: Ciências jurídicas 
Programa em vigência a partir de: 2020/1 Período da disciplina: 29/09 A 19/12 
PROFESSOR: –IRANIDE SOUSA DE LIMA – Especialista (Tailândia) 
 
EMENTA 
Sociologia: origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes. Relações entre 
sociologia e direito. Clássicos da Sociologia. Principais correntes sociológicas 
contemporâneas. Organização social e estrutura social. Comunidade e sociedade. 
Diferenciação social, mudança social e processos sociais. Estrutura de classes e 
estratificação social. A sociologia e as teorias da evolução do direito: evolução social e 
jurídica. Sociologia jurídica no Brasil. 
 
OBJETIVO GERAL 
 Discutir a realidade da ordem jurídica do Brasil, analisando os limites e as 
possibilidades de uma compreensão sociológica do Direito. 
 
OBJETIVO ESPECIFICO 
 Construir junto aos discentes uma atitude crítica contra a concepção positivista e 
formalista do Direito; estudar os reflexos da ordem jurídica na realidade social (e 
vice versa) e os fatores que levam a não aplicação de uma grande parte das leis no 
Brasil. 
 
CONTEÚDO 
 Definição, objeto e importância da Sociologia jurídica; fundamentos e condições 
teóricas da Sociologia como ciência social 
 O Direito como símbolo da solidariedade social (Durkheim); Direito, racionalidade e 
dominação (Weber); Direito vivo (Ehrlich) e mudanças sociais 
 Aspectos teóricos dos processos sociais: interação, socialização e controle social das 
relações humanas (Cláudio Souto) e seus impactos no âmbito jurídico 
 
 Direito Alternativo e uso alternativo do Direito: origens ideológicas e relação com o 
Neoconstucionalismo; o “Direito achado na rua” e os direitos humanos 
 O pluralismo jurídico e os direitos humanos (Wolkmer); criação de Direito além das 
normas estatais; participação popular no controle do Poder Público. 
 Sociologia da administração da justiça (Boaventura de S. Santos): o direito 
fundamental de acesso à justiça, limites e possibilidades. 
 Sociologia das famílias na perspectiva da modernidade líquida (Bauman). 
 História social da distorção da lei no Brasil (DaMatta): o clientelismo, a troca de 
favores e o “jeito” na cultura jurídica brasileira (Rosenn). 
 Ensino jurídico no Brasil: regras, conteúdos, técnicas; desafios, limites e 
possibilidades. 
 
ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
Procedimentos 
 aulas expositivas e Dialogadas; 
 realização de estudos dirigidos, com incentivo à participação do aluno no 
 questionamento e discussão; 
 estudos de textos e leitura adicional, como forma de estimular/orientar o 
desenvolvimento pessoal dos alunos; 
Recursos 
 Quadro 
 Textos previamente selecionados 
 Livros, artigos 
 Recursos áudio visuais 
 
FORMAS DE AVALIAÇÃO 
Formas de avaliação: Provas, trabalhos individuais e em grupos. 
Número de avaliações no semestre: 03 
Além das aulas, trabalhos em grupos, trabalhos individuais e debates, o aluno será 
avaliado através da prova que será escrita. 
O resultado de cada avaliação será determinado através da somatória das atividades 
desenvolvidas em sala de aula, na pesquisa, na montagem dos trabalhos e sua 
apresentação e provas escritas e formais. 
Provas Regimentais (1ª, 2ª e 3ª avaliações), sendo estas obrigatórias, devendo o 
acadêmico alcançar média igual ou superior a 7,0 (sete). Caso o acadêmico não obtiver a 
média igual ou superior a 7,0 (sete) nas avaliações, poderá realizar uma prova substitutiva 
 
para apenas 1 (uma das notas), o procedimento é realizado através de requerimento de 
prova substitutiva no departamento financeiro da UNINORTE (Kenia) ao final do periodo da 
disciplina. 
Valor das Avaliações: total de 100 (cem) pontos, sendo: 
 
A) 1ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 60,0 
(sessenta pontos), acrescidos dos pontos obtidos em trabalhos, individual ou em 
grupo, que somam 40,0 (quarenta pontos), obtendo a nota final que pode atingir 100 
(cem pontos), sendo o valor total correspondente a 100% (cem por cento) dos pontos 
avaliativos OU, 
A1) 1ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 100,0 
(cem pontos). 
B) 2ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 60,0 
(sessenta pontos), acrescidos dos pontos obtidos em trabalhos, individual ou em 
grupo, que somam 40,0 (quarenta pontos), obtendo a nota final que pode atingir 100 
(cem pontos), sendo o valor total correspondente a 100% (cem por cento) dos pontos 
avaliativos OU 
B1) 2ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 100,0 
(cem pontos). 
C) 3ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 60,0 
(sessenta pontos), acrescidos dos pontos obtidos em trabalhos, individual ou em 
grupo, que somam 40,0 (quarenta pontos), obtendo a nota final que pode atingir 100 
(cem pontos), sendo o valor total correspondente a 100% (cem por cento) dos pontos 
avaliativos OU, 
C1) 3ª avaliação - Escrita – Atividade regimental, obrigatória, equivalente a 100,0 
(cem pontos). 
D) Substitutiva – a prova substitutiva tem obrigatoriamente o valor de 100,0 (cem) 
pontos, com questões objetivas e discursivas acerca da toda a matéria do semestre. 
Conteúdo das avaliações: o conteúdo das avaliações será cumulativo até a data da 
realização da referida prova. 
 
Atividades intra e extraclasse 
Todas as atividades intra e extraclasse desenvolvidas pelos acadêmicos serão 
avaliadas, respeitando as seguintes formas de avaliação: 
Avaliações teóricas e práticas sobre exercícios e simulações realizados em aula. 
Trabalhos realizados em grupo e individual. 
 
 
AVALIAÇÃO QUALITATIVA 
Serão considerados como critérios para a avaliação qualitativa as seguintes 
recomendações: 
 Observação individual do desempenho em atividades e exercícios orais e 
escritos; 
 Observação direta e indireta da participação dos alunos nas aulas por meio de 
discussões e debates; 
 Avaliação das atitudes e atenção durante as explicações; 
 
 Comprometimento com as atividades intra e extraclasse; 
 
 Pontualidade (início e término das aulas, bem como data de entrega e/ou realização de 
atividades); 
 Participação nas avaliações escritas e orais; 
 Interação positiva com o professor, acadêmicos funcionários; assiduidade, 
comportamental ou participativo; 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
- BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Apreendendo a pensar com a Sociologia. Trad.: A. 
Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. – 
CAPELLA, Juan-Ramón. A aprendizagem da aprendizagem: uma introdução ao estudo 
do Direito. Belo Horizonte: Fórum, 2011. – 
CARVALHO, Amilton Bueno de. Magistratura e Direito Alternativo. 6. ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2003. – 
DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma Sociologia do dilema 
brasileiro. 6. ed. Rio: Rocco, 1997. – 
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
1999. – 
ENGELMANN, Fabiano. Sociologia do campo jurídico: juristas e usos do Direito. Porto 
Alegre: Sergio Fabris, 2006. – 
EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito. Brasília: UnB, 1997. – 
FARIA, José Eduardo (org.). Direitos humanos, direitos sociais e justiça. São Paulo: 
Malheiros, 2002. – 
GHIRARDI, José Garcez (org.). Métodos de ensino em Direito: conceitos para um debate. 
 
São Paulo: Saraiva, 2009. – 
GHIRARDI, José; VANZELLA, Rafael (orgs.). Ensino jurídico participativo: construção de 
programas, experiências didáticas. São Paulo: Saraiva, 2009. – 
GIDDENS, Anthony. A constituição da sociedade. Trad.: Á. Cabral. São Paulo: Martins 
Fontes, 2009. – 
 GIDDENS, Anthony. Política, Sociologiae Teoria Social: encontros com o pensamento 
social clássico e contemporâneo. Trad.: C. S. Rezek. São Paulo: Unesp, 1998. - 
JUNQUEIRA, Eliane. Sociologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1993. - 
KRELL, Olga Jubert Gouveia (org.). Temas contemporâneos de Sociologia do Direito. 
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. – 
KRELL, Olga Jubert Gouveia. União estável: análise sociológica. 2. ed. Curitiba: Juruá, 
2013. – 
KRELL, Olga; BARBOSA, Ana; CASADO FILHO, Petrúcio (orgs.). Sociologia do Direito - 
Pluralismo Jurídico, Direito Alternativo e Administração da Justiça: das bases teóricas 
aos problemas práticos. Aracajú: Verbo Jurídico, 2013. 
 
 
GRADE HORARIA 
 
 
UNINORTE 
SOCIOLOGIA 
JURÍDICA
INTRODUÇÃO A 
SOCIOLOGIA GERAL
´SÉCULO XVIII
QUANDO SURGIU A 
SOCIOLOGIA?
SÉCULO XIV
REVOLUÇÕES:
INDUSTRIAL
FRANCESA
COMO RESPOSTA
PORQUE SURGIU A 
SOCIOLOGIA?
08/10/2020
´SÉCULO XVIII
QUANDO SURGIU A 
SOCIOLOGIA?
SÉCULO XIX
PORQUE SURGIU A 
SOCIOLOGIA?
COMO RESPOSTA
PARA ESTUDAR
A Sociologia nasceu
no século XIX em
meio uma série de
acontecimentos que
viriam mudar
completamente a
humanidade.
as sociedades
as instituições que as 
sociedades desenvolvem
as relações de poder entre 
essas sociedades
a diversidade de cultura 
formada pelo ser humano
08/10/2020
Antes do século XIX, já
existiam as sociedades, as
instituições, as relações de
poder e as diversidades
culturais?
Então porque mesmo surgiu a 
sociologia se o objeto de 
estudo dessa ciência já 
existia?
Para existir um pensamento
crítico ou uma ciência é
necessário que haja
condições históricas e
concretas, e com a sociologia
não foi diferente.
08/10/2020
FINAL DO 
SÉCULO XVIII
Revolução Industrial
DESTAQUE
MUDANÇAS:
VALORES MORAIS
NORMAS, HÁBITOS
MORADIA, POLÍTICA
SÉCULO XIX
Revolução Francesa
PRINCIPAIS MOTIVOS PARA O SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA
MOTIVOS PARA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
08/10/2020
INGLATERRA
ACÚMULO DE CAPITAL
MÃO DE OBRA BARATA
MATERIA PRIMA ABUNDANTE
DESTAQUE
CERCAMENTO DE TERRAS
ARTESÃOS 
MAQUINOFATURA
MUDANÇA NO TRABALHO
ANTES PRODUÇÕES 
FAMILIARES 
AGORA INDUTRIALIZADOS
08/10/2020
SOCIEDADES 
FAMILIARES
ACUMULAÇÃO DE CAPITAL
CAPITALISMO
MÁQUINAS
FERRO/MÁQUINA A VAPOR / MOTOR A VAPOR
CONSEQUÊNCIA
DESEMPREGO
FOME
DIVISÃO SOCIAL
DIVISÃO DE RENDA
MOTIVOS PARA A REVOLUÇÃO FRANCESA
08/10/2020
FRANÇA
ANTES DA REVOLUÇÃO O 
GOVERNO ERA 
MONÁRQUICO 
ABSOLUTISTA.
O REI ERA SORENANO
DESTAQUE
A SOCIEDADE ERA ESTAMENTAL
MOTIVOS PARA 
REVOLUÇÃO
A FRANÇA VIVIA UMA 
GRANDE CRISE
08/10/2020
FRANÇA DESTAQUE
A SOCIEDADE ERA ESTAMENTAL
MOTIVOS PARA 
REVOLUÇÃO
A FRANÇA VIVIA UMA 
GRANDE CRISE
1º ESTADO – CLERO
2º ESTADO – NOBRESA
3º ESTADO – BURGUESIA, 
CAMPONESES 
SOCIOLOGIA JURÍDICA
08/10/2020
SOCIOLOGIA 
GERAL
SOCIOLOGIA 
JURÍDICA
TODO – CIÊNCIA 
QUE ESTUDA A 
SOCIOLOGIA
ESPECÍFICO – O 
DIREITO
O QUE É SOCIOLOGIA JURÍDICA?
08/10/2020
A sociologia Jurídica é um ramo da Sociologia que te
como objeto de estudo o DIREITO.
❑ O direito como um fato social, a realidade do que
ocorre na sociedade, a ordem jurídica em causas e
consequências em relação a sociedade.
EXEMPLOS:
GREVE: CONFLITO SOCIAL
Para a sociologia Jurídica, leva-se em consideração o conflito 
social, analisando-se apoio a sociedade, a força dos grevistas X os 
não grevistas. A sociologia não questiona se a greve está de 
acordo com a lei ou com a justiça.
ABOROTO: FENÔMEMO SOCIAL
Para a sociologia, analisa-se qual o número realizados no Brasil, se 
há proibição, porque os médico continuam fazendo aborto.
08/10/2020
O QUE É FATO SOCIAL?
◦É tudo que existe em
sociedade que seja ao
mesmo tempo externo,
coercitivo e geral.
08/10/2020
SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA
08/10/2020
MECÂNICA
É característica das 
sociedades ditas 
“primitivas” ou “arcaicas” 
ORGÂNICA
É característica das 
sociedades ditas “modernas” 
ou” complexas.
08/10/2020
08/10/2020
 1
 
FATOS SOCIAIS E SOLIDARIEDADE 
 
Caroline Morais Corrêa∗ 
 
RESUMO 
 
Explanaremos neste artigo, alguns pensamentos sociológicos sobre David Émile 
Durkheim.Falaremos de fatos sociais, qualquer norma que é imposta aos indivíduos pela 
sociedade, seja ela norma criada em lei, ou costumes que são imposto a sociedade e esta 
aceita implicitamente, achando que é sua vontade. Durkheim também enfatiza sobremaneira a 
respeito da consciência coletiva, as normas, um padrão que uma sociedade segue e desenvolve 
uma solidariedade social, onde se faz referência de dois tipos desta solidariedade: a 
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.Dentre vários assuntos, finalizaremos 
falando sobre um pouco de sua obra que discorre sobre o suicídio e sobre suas idéias sobre 
anomia. 
PALAVRA-CHAVE: Durkheim. Consciência coletiva. Suicídio. Fato social. 
Sociedade. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Émile Durkheim é um grande sociólogo, seus pensamentos são estudados até hoje 
e influenciam as sociedades modernas. O objetivo deste artigo é não somente divulgar um 
pouco das suas idéias mais importantes, como também analisar suas influências na sociedade 
 
∗ Acadêmica do 2° Período Alfa do Curso de Direito da Faculdade Atenas- Paracatu – MG. Disciplina: 
Sociologia Jurídica. Prof. Marcos Spagnuollo.. E-mail: caroline.corrêa@gmail.com. 
 2
e no campo do Direito, a partir do fato social, da consciência coletiva, da solidariedade social 
e sobre seus estudos sobre a anomia. 
 
1 ÉMILE DURKHEIM E OS FATOS SOCIAIS 
 
Durkheim é, na maioria das vezes, tomado como o primeiro grande nome da 
sociologia acadêmica (criada em 1913 em Paris). Com certeza grandes nomes vieram antes 
dele, fazendo especulações racionais, foram construídas sobre a sociedade, contudo faltavam-
lhe condições conjunturais para desenvolverem-se e afirmarem-se com especificidade 
metodológica. Como Comte, embora tenha criado o termo sociologia, construiu um 
pensamento refém dos paradigmas e postulados das ciências naturais de seu tempo, 
autodenominando-o de física social, mas faltavam-lhe especificidade metodológica e 
definição do objeto de análise. É com Durkheim que a tarefa de construir a sociologia 
científica consolida-se por completo. 
Durkheim tinha como projeto de vida a vontade de fazer ciência, como bom 
discípulo de Comte, acreditava que a existência social carece de coesão e consenso de crenças 
absolutas. Assim a crise das sociedades modernas era percebida por Durkheim como resultado 
da não substituição da antiga moral, essencialmente religiosa. Urgia instaurar uma nova 
crença ou moral que, distante do pensamento religioso, pudesse constituir-se sob as promessas 
da cientificidade. Continuador do positivismo comteano, revestiu a sociologia de uma certeza 
científica e de uma aura de infalibilidade, fortalecendo o argumento de que a sociedade 
impõe-se formatando e determinando o comportamento dos indivíduos. 
É considerado como o precursor imediato da sociologia jurídica, suas obras 
principais: Da divisão do trabalho social, (1893); As regras do método sociológico, (1895); O 
Suicídio, (1897) e As formas elementares de vida religiosa (1912). 
 3
O autor define como fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de 
exercer sobre o individuo uma coerção exterior. (Durkheim, 199 – a, pp. 13, 105, 124). Em 
palavras mais simples, ele entende como fato social qualquer norma que é imposta aos 
indivíduos pela sociedade. O autor considera que nosso comportamento não é influenciado 
apenas pelas normas escritas, rígidas e com previsão de sanções. O indivíduo que vive em 
determinada sociedade recebe influências e orientações que, muitas vezes, são implícitas, 
assim seja, a sociedade é um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não 
existem apenas na consciência dos indivíduos, que são construídas exteriormente, isto é, fora 
das consciências individuais. Na vida em sociedade o homemdefronta com regras de conduta 
que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em 
sociedade, devendo ser seguidas por todos. 
Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em conjunto. O indivíduo 
isolado não cria leis nem pode modificá-las. Essas leis são transmitidas para as gerações 
seguintes na forma de códigos, decretos, constituições, etc. Como indivíduos isolados temos 
de aceitá-las, sob pena de sofrermos castigos por violá-las. 
Durkheim afirma que os fatos sociais são justamente essas regras e normas 
coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Esses fatos sociais têm duas 
características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e 
coercitivos. 
Exteriores porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são 
criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora 
dos indivíduos quando eles nascem. 
Coercitivos, porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos 
membros da sociedade. Se isso não acontece, alguém desobedece a elas, é punido, de alguma 
maneira, pelo resto do grupo. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes, 
 4
aquilo que aprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é 
perpetuado, apesar da morte dos indivíduos. Outro conceito importante para Durkheim é o de 
instituição, para ele, é um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos 
indivíduos e que as gerações se transmitem umas às outras, outros tipos de instituições são, o 
exército, a família, etc. assim é sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e 
controla ações individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras de ação que lhe são 
exteriores, ou seja, não são criadas por ele, e são coercitivas, limitam sua ação e prescrevem 
punições para quem não obedecer aos limites sociais. As idéias de Durkheim acerca da 
sociedade também irão levá-lo a propor certo método para a sociologia. O método de uma 
ciência consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira 
correta, suas pesquisas. Segundo Durkheim, “a primeira regra e a mais fundamental é 
considerar os fatos sociais como coisas”. Isto significa que o sociólogo deve estudar a 
sociedade de forma objetiva, sem deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação 
dos fatos sociais. Esta é um organismo poderoso, que desenvolve uma vida própria, não 
dependendo da vontade e dos desejos dos indivíduos, mas dos fatos sociais. Para que um 
acontecimento seja considerado como fato social o autor faz menção a três características 
necessárias. A primeira é ser exterior ao indivíduo, isto é, ser provindo da sociedade e não dos 
indivíduos, existindo independentemente da vontade do ser humano. Após isso, deve exercer 
uma coerção social sobre os indivíduos, ou seja, ter um poder imperativo sobre as pessoas no 
seu modo de agir, de modo que estas devem apenas respeitá-las e não modificá-las e por 
último deve ser geral deve se repetir com a grande maioria dos indivíduos. 
 
2 CONSCIÊNCIAS COLETIVA E A SOLIDARIEDADE SOCIAL 
 
 5
Durkheim procurou provar que os fatos sociais independem daquilo que pensa ou 
faz cada indivíduo pensar ou faz cada indivíduo em particular, provando assim, que os 
mesmos têm existência própria. Assim observa-se que apesar das pessoas terem suas vontades 
próprias, consciência individual existe implicitamente no interior de cada grupo um 
comportamento padrão, independente do que cada ser particular. Através disso, surge-se a 
idéia de consciência coletiva, que Durkheim define como “o conjunto das crenças e dos 
sentimentos comuns a média dos membros de uma mesma sociedade que forma uma mesma 
sociedade que forma um sistema determinado com a vida própria.” (Durkheim, 1999, p.50). 
As sociedades apresentam uma estrutura de relações e de vínculos recíprocos que 
o autor denomina de solidariedade. A solidariedade social só pode funcionar se existem 
formas de controle e de constrangimento aplicáveis aos indivíduos que não respeitam as 
regras em vigor e ameaçam a coesão social. Essa análise das relações entre o indivíduo e o 
grupo o qual eles vivem, objetivou analisar e entender as razões de solidariedade entre as 
pessoas, de onde vem esta coesão e como se conserva. 
O direito exprime e fortalece esta consciência e garante a estabilidade social 
através da aplicação de sanções contra os indivíduos desviantes. Durkheim considera o direito 
como um “símbolo visível” da solidariedade social, em outras palavras, o direito torna visível 
o tipo de uma estrutura social existente, sendo que este ‘sempre varia de acordo com as 
relações sociais que rege’. Essa é uma famosa tese de Durkheim que indica a 
“correspondência entre a forma de solidariedade e a forma do direito”. 
Assim a função da solidariedade é torna o indivíduo integrante do todo, tirando-
lhe parte de seus movimentos. Assim ele distingue dois tipos de solidariedade, que 
correspondem a duas formas de organização social, diferenciando-se pelo fundamento da 
coesão social. 
 
 6
2.1 SOLIDARIEDADE MECÂNICA 
 
O primeiro tipo de solidariedade se encontra nas sociedades antigas, pré-
capitalistas, e pode ser chamada de solidariedade mecânica, que mantém unida devido aos 
seus membros possuírem características iguais. A coesão ocorre devido à uniformidade. Tais 
sociedades impõem aos seus membros deveres particularmente rígidos. Todos devem respeitar 
as regras estabelecidas pela autoridade. Os valores sociais decorrem da tradição e da religião e 
o grupo organiza-se como uma verdadeira comunidade, fundamentada em relações de 
parentesco e na preservação da propriedade coletiva. A solidariedade mecânica fundamenta-se 
na semelhança dos membros da sociedade, ou seja, na uniformidade do comportamento. 
Quem não respeita as regras é agressor da ordem social, considerado inimigo público e será 
submetido a uma punição imediata e forte. 
O tipo de direito que corresponde à solidariedade mecânica é o direito penal, que 
se faz acompanhar de sanções repressivas (punição do desvio). O indivíduo esta vinculado aos 
valores de uma sociedade homogênea, que impõe um comportamento uniforme. 
 
2.2 SOLIDARIEDADE ORGÂNICA 
 
Ao contrário da solidariedade mecânica, a sociedade moderna, a partir da Europa 
industrializada do século XIX, caracteriza-se pela solidariedade orgânica. Trata-se de uma 
sociedade complexa fundamentada na divisão do trabalho, segundo o princípio da 
especialização, e seus laços resultam da diferenciação, ou se exprimem por seu intermédio. A 
solidariedade cria-se através de redes de relacionamento entre indivíduos e grupos, onde cada 
um deve respeitar as obrigações assumidas por contrato. Os próprios indivíduos se 
autopolicia, porque sabe que se não atuar de uma determinada forma, não poderá sobreviver 
 7
nesta sociedade fundamentada na propriedade privada, na concorrência e no intercâmbio de 
bens de valores equivalentes. 
O direito que exprime a solidariedade orgânica compreende o direito civil, 
comercial, administrativo e constitucional, fazendo-se acompanhar de sanções restitutivas 
(reparação de danos). Esse tipo de sanções garante a diferenciação da sociedade em funções 
especializadas, onde é necessária a cooperação. O descumprimento de obrigações contratuais 
cria uma responsabilidade de tipo patrimonial e não penal. 
 
3 A ANOMIA E O SUICÍDIO 
 
Durkheim é em geral considerado como o principal teórico da anomia. A partir 
dele anomia passa a ser a desordem social, sendo analisada com indício de uma crise que, 
longe de libertar o indivíduo, deixa-o desorientado e pode, inclusive, levar à sua destruição. A 
primeira referência ao tema, encontra-se em sua obra publicada em 1893, Divisão Social do 
Trabalho, mas o tema será desenvolvido no trabalho sobre O Suicídio, publicado em 1897. 
Durkheimentendia por suicídio todo caso de morte que resulta, direta ou 
indiretamente, de um ato positivo ou negativo, executado pela própria vítima e que ele saiba 
que deveria produzir este resultado. 
No final do século XIX era corriqueira a idéia de que os suicídios tinham 
correspondência com as doenças psíquicas, com situação geográfica, clima, raça ou a etnia. 
Por outro lado, Durkheim partia da hipótese que o suicídio estava relacionado com fatores 
sociais, tentou tratá-lo segundo a sua principal regra metodológica: estabelecer relações de 
causalidade entre fatos sociais e causas sociais. 
Primeiramente ele dedicou a analisar a argumentação empregada na época para 
explicar a prática do suicídio, concluindo que se tratavam de argumentos falsos e 
 8
inconscientes, que não tinha correspondências com fatores extra-sociais. Posteriormente 
apresentou provas empíricas da veracidade de sua hipótese. As taxas de suicídio era maiores 
em determinadas situações como, por exemplo, entre pessoas solteiras, pessoas de religião 
protestante, das comunidades urbanas. Tendo identificado as situações de alto risco, ele 
examinou que existiam características comuns a todas essas situações, de forma a estabelecer 
um elo entre as mesmas, tentou também identificar as razões que pudessem explicar porque as 
pessoas se suicidavam. A causa encontrada por ele foi o grau de coesão social, pois a maioria 
dos suicídios coincidia em um ponto: constava o excesso ou uma falta de integração do 
suicida na sociedade ou o suicídio era ligado a uma crise social geral, ou seja, uma falta de 
regras que vinculem os membros da sociedade. Sendo assim, a causa dos suicídios estava na 
própria sociedade. 
Com base a este critério o autor classificou o suicídio em quatro classes, sendo as 
duas primeiras o problema encontra-se pela falta ou excesso de integração e nas duas últimas 
o problema encontra-se nas próprias regras sociais, a falta ou excesso de regulamentação. 
O suicídio no caso egoísta é aquele que a pessoa se sente socialmente 
desvinculada. O isolamento social marginaliza a pessoa, que deixa de ter sentimentos de 
solidariedade social, é um suicídio por falta de integração. Este suicídio possui grupos que são 
vítimas preferenciais e outros cuja incidência é desprezível como: idosos, crianças e mulheres. 
Tanto no velho quanto na criança, a sociedade é parcialmente ausente em suas vidas, seja por 
estar se retirando daqueles de idade avançada, seja por não ter formado ainda os de pouca 
idade. No caso das mulheres, diz o teórico que lhes sobra sensibilidade e lhes falta vida 
comum, logo, satisfação é, como nas crianças e nos idosos, alcançada com muito pouco. Os 
homens por seu turno, são seres mais complexos socialmente e a construção da sua 
individualidade e interdependência é mais profunda. Logicamente as frustrações são a eles 
mais comuns. 
 9
O caso altruísta é uma pessoa que se sente muito vinculada a um grupo social, 
sentindo-se estreitamente ligada aos valores do grupo, esta pessoa não valoriza 
particularmente a sua vida e suicida-se facilmente por motivos de honra, ou seja, quando o 
homem suicida-se, não é porque ele atribui o direito de fazê-lo, mas porque se sente no dever 
de fazê-lo e que se faltar a essa obrigação, ele será punido pela desonra. São casos comuns ou 
acometidos por doenças, viúvas ante a morte do marido e fiéis que perdem seus chefes. Vê-se 
que o suicida é estimulado ao sacrifício quando o seu ego individual recolhe-se em 
insignificância e seu ego social lhe toma por uma missão. 
O terceiro caso é o fatalista, onde a pessoa encontra-se extremamente pressionada 
por regras de comportamento muitos rígidos que o oprimem, levando-o ao desespero. 
Durkheim observa que este tipo de suicídio é extremamente raro nas sociedades modernas, 
mas que historicamente, explica muitos suicídios de escravos que não agüentavam a opressão 
social. 
O último caso, anômico, a pessoa vivencia uma situação de falta de limites e 
regras gerais. Típica das sociedades modernas, as perturbações de ordem coletiva desorientam 
os indivíduos, criando-se um desequilíbrio entre desejos e suas possibilidades de satisfação. 
(Durkheim, 2000, p.311). A conseqüência é o sofrimento e o desespero que podem levar o 
indivíduo ao suicídio por falta de regulamentação. Esta ultima categoria relaciona-se em duas 
situações, uma refere-se ao aumento de suicídios nos períodos de depressão econômica, e um 
segundo momento ao aumento da prática de tais atos em períodos de prosperidade. 
(Durkheim, 2000, pp.303-329, 366). Segundo Durkheim, a causa comum está no fato de o 
homem ter em princípios desejos ilimitados. Somente a sociedade pode impor regras, ou seja, 
colocar limites aos desejos do indivíduo, propiciando um equilíbrio entre as necessidades 
pessoais e os meios disponíveis para obter satisfação. No caso se uma brusca mudança das 
condições econômicas, os indivíduos perdem as referências anteriores e a sociedade não 
 10
consegue imediatamente impor novas regras. Por outro lado a pessoa que enriqueceu 
bruscamente entra em uma dinâmica de ambição insaciável, não conseguindo mais distinguir 
entre aquilo que deseja obter e aquilo que realmente pode obter. 
Através desta análise, Durkheim apresenta a sua visão sobre a anomia, um estado 
de desregramento, falta de regulamentação, situação na qual a sociedade não desempenha seu 
papel moderador, ou seja, não consegue orientar e limitar a atividade do indivíduo. O 
resultado é que a vida se desregra e o indivíduo sofre porque perde suas referências, vivendo 
em um vazio. (Durkheim, 2000, pp.315, 322,328). 
Da abordagem sociológica do suicídio nas obras de Durkheim podemos destacar 
uma regra geral: quando se criam na sociedade “espaços anômicos”, ou seja, quando um 
indivíduo ou um grupo perde as referências normativas que orientam a sua vida, então 
enfraquece a solidariedade social, destruindo-se o equilíbrio entre as necessidades e os meios 
para a sua satisfação. O individuo sente-se “livre” de vínculos sociais, tendo, muitas vezes, 
um comportamento anti-social ou inclusive autodestrutivo. 
 
CONCLUSÃO 
 
Émile Durkheim veio construir a sociologia científica por completo, consertando 
e concluindo as pesquisas de seu grande mestre, Augusto Comte. Dentre de vários assuntos, 
este artigo explora-se alguns de seus grandes temas. Concluímos a partir dele que nossos atos 
nossos pensamentos e costumes não são criação nossa, mas são impostas a nós, e aceitamos 
isso sem reclamar, pois são normas que o sistema em que vivemos impõe e aceitamos para 
que não haja perturbações nem conflitos. Estas normas que orientam a vida do indivíduo na 
sociedade, e que passa de gerações a gerações ele denomina de fatos sociais. Apesar de existir 
os fatos sociais, observamos que há um conjunto de costumes em comum que rege uma 
 11
comunidade, a consciência coletiva, e que esta se dá graças a uma forma de solidariedade de 
um ser com o outro. Observamos que na nossa sociedade rege a solidariedade orgânica, pois é 
uma sociedade marcada por uma altíssima divisão do trabalho social, onde a interdependência 
entre os indivíduos deriva naturalmente da especialização. Concluo que Durkheim até hoje 
influencia nas idéias dos sociólogos atuais e sobre os acontecimentos da sociedade, onde os 
suicídios ainda nos últimos anos a atualmente acontece, com raras exceções o caso fatalista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12
RESUMEN 
 
Explanaremos en este artículo sociológico, algunos pensamientos en David Émile 
Durkheim. Uno es cerca de uno de los pioneros de la sociología y en la sociología a la 
sociología derecha, legal. Discípulo de Augustus Comte, perfeccionó sus ideas. 
Uno dice de los hechos sociales cualquier norma que se imponen a los individuos 
para la sociedad, o él norma creada en ley, o los costumbres que la sociedad y ésta aceptaron 
uno son impuestoimplícito, encontrando que es su voluntad. Pero no es ningún hecho que se 
pueda considerar hecho social, tiene algunos requisitos, y antes de que todo el sociólogo que 
tiene que lo trata como cosa. 
De Durkheim los standes también hacia fuera muy en la conciencia colectiva, las 
normas, un estándar que una sociedad siga, y desarrollan una solidaridad social, donde si hace 
la referencia de dos tipos de esta solidaridad: mecánicos de la solidaridad y solidaridad 
orgánica. 
Entre algunos temas, acabo el hablar en una poco de su ejecución que hable en el 
suicidio y sus ideas en anomie. 
PALAVRA-CHAVE: Durkheim. Conciencia colectiva. Suicidio. Hecho social. 
Sociedad. 
 
 
 
 
 
 
 13
REFERÊNCIAS: 
NETO, Antonio Luiz Machado. Sociologia jurídica. 6. ed. São Paulo: Saraiva 1987. 
LAKATOS, E.M. MARCONI, M.A. Sociologia geral. 7 ed. ver. e ampl, São Paulo : Atlas, 
1999. 
NOVA, Sebastião Vila, Introdução à sociologia. 6 ed. ver e aum. São Paulo: Atlas, 2004. 
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do 
direito. 3 ed. ver., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. 
OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática. 1997. 
TESKE,Otammar. Émile Durkheim: Sua obra e contexto histórico. Disponível em: 
<http://www.ebah.com.br/pastas/ver.arquivo?id=1756>. Acesso em: 26 ago. 2007. 
 
A NATUREZA DA CIÊNCIA JURÍDICA
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A NATUREZA DA CIÊNCIA JURÍDICA:
a polêmica entre o normativismo
de Hans Kelsen e o sociologismo
(hermenêutica do Direito vivo)
de Eugen Ehrlich1
Raquel Fabiana Lopes Sparemberger
[...] o único sentido oculto das cousas
é elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
e do que todos os sonhos dos poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada para compreender
Sim, eis que os meus sentidos aprenderam
sozinhos: as cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas (Fernando Pessoa).
1 Texto apresentado como resultado final da pesquisa financiada pelo Departamento de
Estudos Jurídicos da Unijuí no ano de 2003. Programa de Pesquisa: Espaço público,
cidadania e desenvolvimento. Grupo de pesquisa: Direito, política e Cidadania. Linha de
Pesquisa: Hermenêutica, pós-modernidade e desenvolvimento. Pesquisa contemplada
com Bolsa de Iniciação Científica, financiada pelo CNPq, com previsão de término para
2004.
RAQUEL FABIANA LOPES SPAREMBERGER
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INTRODUÇÃO
Este texto aborda a discussão polêmica referente à natureza jurídica
da ciência do Direito que teve seu ponto culminante com a discussão entre
Eugen Ehrlich e Hans Kelsen. Tal polêmica começa em 1913 com a publi-
cação da obra de Ehrlich Fundamentos da Sociologia do Direito. Esta so-
freu duras críticas de Hans Kelsen, que afirmou ocorrer um sincretismo
metodológico, decorrente da confusão estabelecida por Ehrlich entre ser e
dever-ser. Nesse sentido, o enfoque principal deste texto é compreender o
porquê da polêmica, bem como entender os principais elementos
diferenciadores do chamado normativismo de Hans Kelsen e do vitalismo
jurídico, ou “Direito vivo”, de Eugen Ehrlich, e sua vinculação com a ciên-
cia jurídica. Para isso, utilizar-se-á basicamente a obras Fundamentos da
Sociologia do Direito, de Eugen Ehrlich, e a Teoria pura do Direito de Hans
Kelsen. (Robles, 1982).
OS AUTORES: Hans Kelsen e Eugen Ehrlich
Hans Kelsen nasceu em l881 em Praga (império austro-húngaro) e
faleceu em Berkeley (Estados Unidos) em l973. Possui diversas obras
publicadas, a mais importante delas A Teoria Pura do Direito, voltada à
criação de um método científico para o conhecimento jurídico e que será
neste texto objeto de nosso estudo. Eugen Ehrlich nasceu em Czernowtz,
capital da Província da Bukovina, em l862. Estudou Leis na Universidade
de Viena e, após receber sua licenciatura, ingressou como Privadozent na-
quela universidade. Em 1897 foi designado como professor de Direito
Romano na Universidade de sua cidade natal, e lá viveu até sua morte, em
l918. Viveu numa época em que o positivismo estava em seu apogeu. Sua
teoria tenta redefinir o conceito de Direito, não o identificando apenas
como lei e sim como um grupo de relações sociais, independentes de qual-
quer forma legislativa e, por isso, recebeu duras críticas, principalmente de
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Hans Kelsen. A sua principal obra, Fundamentos da sociologia do Direito,
é, juntamente com a Teoria Pura do Direito, de Kelsen, objeto central de
nossa discussão (Robles, 1982).
A DISCUSSÃO: do Normativismo de Hans Kelsen
ao Direito Vivo de Eugen Ehrlich
A perspectiva normativista de Hans Kelsen
Em sua obra Teoria Pura do Direito do Direito (1991), Hans Kelsen
pretende libertar a Ciência Jurídica de todos os elementos que lhe são
estranhos. Empreende delimitar o conhecimento do Direito em face de
disciplinas como a Psicologia e a Sociologia. Faz isso, no entanto, por igno-
rar ou por negar a conexão existente entre o Direito e os outros ramos do
conhecimento, mas porque intenta evitar um sincretismo metodológico
que obscurece a essência da Ciência Jurídica e dilui os limites que lhes são
impostos pela natureza de seu objeto.
Para Hans Kelsen a Ciência Jurídica deve se preocupar com o de-
ver-ser jurídico e a Sociologia, ramo para ele diverso da ciência propria-
mente dita, com o ser. Segundo este autor, o fenômeno jurídico pode ser
compreendido a partir de duas perspectivas: ser e dever-ser. Isso significa
que o Direito pode ser um fenômeno ou um fato, ou, como norma, regra
específica de um dever-ser. No primeiro caso a Ciência Jurídica é uma
naturwissenschaft, de caráter normativo e dedutivo; no segundo caso o
fenômeno é explicado por meio de procedimentos indutivos (Robles, 1982).
Conforme Larenz (1997, p. 93):
A ciência do Direito, segundo Kelsen, não tem a ver com a conduta
efectiva do homem, mas com o prescrito juridicamente. Não é, pois,
uma ciência de factos, como a sociologia, mas uma ciência de nor-
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mas; o seu objecto não é o que é ou o que acontece, mas sim um
complexo de normas. Só se garante o seu carácter científico quando
se restringe rigorosamente à sua função e o seu método se conserva
“puro” de toda a mescla de elementos estranhos à sua essência, isto é,
não só de todo e qualquer apoio numa ciência de factos (como a
sociologia e a psicologia), como de todo e qualquer influxo de pro-
posições de fé, sejam de natureza ética ou de natureza religiosa. Como
conhecimento puro, não tem de prosseguir imediatamente nenhum
fim prático, mas antes de excluir da sua consideração tudo o que não
se ligue especificamente com o seu objeto como complexo de nor-
mas. Só assim logra afastar a censura de estar ao serviço de quais-
quer interesses, paixões ou preconceitos políticos, econômicos ou
ideológicos, isto é, só assim pode ser ciência.
A Ciência Jurídica pode ser caracterizada, segundo Kelsen (l991),
como uma ciência normativa, na medida em que toma seu objeto como
norma, e isto significa dizer que estamos trabalhando no plano do dever-
ser, e não do ser, porque a norma pode ser conceituada como o sentido de
um ato por meio do qual uma conduta é prescrita, permitida ou facultada,
não se confundindo com o ato de vontade cujo sentido constitui.A norma
é dever-ser e o ato de vontade que a põe é o ser. Esta distinção é um dado
imediato da consciência.
Nesse sentido, ser e dever-ser (sein y sollen) são categorias lógicas
que se caracterizam dentro de uma perspectiva de compreensão do fenô-
meno jurídico. A formalidade, ou, mais especificamente, o caráter formal
da norma, aparece no dever-ser. Não podemos, todavia, deixar de observar
que
Sein y sollen pueden coincidir en la realidad; esto es, lo que la norma
prescribe puede ser exactamente lo que en realidad sucede y vice versa:
lo que acontece en la facticidad puede coincidir con lo ordenado en la
norma pero no siempre sucede asi, ya que ambas categorías se sitúan
a dos niveles diferentes (Robles, 1982, p. 29).
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Com esta divisão do fenômeno jurídico em ser e dever-ser é possível
estabelecer a distinção entre a Sociologia do Direito e a Ciência Jurídica;
isto quer dizer que precisamos esclarecer esta dualidade disciplinar entre a
primeira, que estuda o ser do Direito, e a segunda, que estuda o dever-ser.
Para Robles (l982) uma ciência sociológica do Direito nunca pode-
rá dizer quando e em que condições alguém está autorizado ou obrigado
juridicamente, senão tão-somente o que os homens realmente fazem ou
deixam de fazer em relação a certos pressupostos. As afirmações desta
ciência (do ser) são juízos de realidade, tratam de explicá-la mesma por
meio da observação, categorização e formulação de regras por um cami-
nho indutivo.
Se a ciência sociológica trabalha com juízos de realidade e a partir
deles tenta explicá-los, a ciência do Direito é, como já salientamos, valorativa
e tem como objetivo não somente explicar a realidade fática, mas também
prescrever comportamentos no sentido formal do termo. Isso significa,
portanto, que estamos falando de uma ciência jurídica normativa.
Assim, para Robles (1982, p. 29), “Es pues, inadmisible un
sincretismo metodologico de ambos planos, del sollen y del sein, del valor
y del hecho y, en consecuencia, de la ciencia del derecho normativa y de la
sociología del derecho explicativa, que es, lo que al parecer de Kelsen,
intenta Eugen Ehrlich”.
O que Hans Kelsen quer na verdade é demonstrar que Eugen Ehrlich
trabalha a partir de uma confusão epistemológica entre ser e dever-ser na
sua obra Fundamentos da Sociologia do Direito (1986).
O vitalismo jurídico de Eugen Ehrlich
Para Eugen Ehrlich (1986), a Sociologia do Direito é a única Ciên-
cia do Direito. Isto porque o Direito não é uma ciência estática, mas mutável,
ou seja, passa constantemente por especulações jurídicas, que para este
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autor são especulações de cunho sociológico. Ele, no entanto, distingue o
que se pode chamar Ciência Jurídica em sentido tradicional da Ciência
Jurídica em sentido estrito. A primeira significa a jurisprudência prática
que vem definida como um conjunto de regras práticas dadas aos juízes e
demais autoridades para a sua aplicação, já a segunda, a Ciência Jurídica,
em sentido estrito é parte da ciência teórica da sociedade e, por isso, parte
da Sociologia e por sua vez, Sociologia do Direito.
A principal diferença apontada por Ehrlich entre a Ciência do Direi-
to prática e a Ciência do Direito em sentido estrito é que a segunda é parte
da ciência teórica da sociedade, ou seja, é parte da Sociologia, e por conse-
qüência a verdadeira teoria científica do Direito. A Ciência Jurídica tradi-
cional, positivista, tem um caráter abstrato-dedutivo e se acha situada to-
talmente fora da realidade. Por isso não pode ser qualificada como a verda-
deira Ciência Jurídica, a qual se caracteriza por seu método indutivo e por
sua aproximação com a essência das coisas (Maliska, 2001).
Desta forma, sobre a Ciência Jurídica em sentido tradicional asse-
vera Eugen Ehrlich que:
Esta pretendida ciencia (...) tiene un caracter abstrato-deductivo y se
halla situada totalmente fuera del conocimiento de la realidad, por lo
que no puede ser calificada como verdadera ciencia, la cual se caracte-
riza por el método inductivo y por la aproximación a la esencia de las
cosas mediante la observación de los hechos y la recopilación de
experiencia (apud Robles, 1982, p. 30-1).
Com esta afirmação pode-se compreender que este autor sustenta
claramente que o conhecimento ideal sobre a realidade humana é dado
pela Sociologia, pois além de buscar conhecimento nos fatos deprecia ati-
tudes dogmáticas tradicionais no campo jurídico (Robles, 1982).
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A teoria adotada por Eugen Ehrlich questiona a metodologia centrada
unicamente na prescrição legal prévia e tacitamente aceita pela Ciência
Jurídica dominante, haja vista que tal metodologia coloca em “xeque” a
idéia de progresso social da ciência. Isso significa que há necessidade de
uma metodologia que permita ao jurista o enfrentamento de novos proble-
mas e realidades. Esta talvez tenha sido a principal contribuição de Ehrlich:
a de inovar na compreensão do Direito como ciência e como fenômeno
social.
No seu entendimento ao jurista não cabe apenas ficar restrito aos
códigos, às leis, enfim, à legislação. O material de trabalho do jurista não
está nos documentos legais, mas nas relações jurídicas propriamente ditas,
nos documentos jurídicos, no Direito como ele é, como ele se dá. Assim, o
“Direito vivo” é um Direito independente do Direito legislado, é aquele que
apesar de fixado em prescrições jurídicas, domina a vida. Segundo Ehrlich
(l986), as fontes para conhecê-lo são, sobretudo, os documentos moder-
nos, como também a observação direta do dia-a-dia do comércio, dos
costumes e usos, e também das associações, tanto as legalmente reconhe-
cidas quanto as ignoradas e até ilegais.
Ehrlich, nesse sentido, distingue a observação do “Direito vivo”
mediante as análises documental e não-documental. A análise documental
compreende a sentença judiciária, bem como outros documentos que pos-
sam retratar o Direito, na sua essência. Quanto à sentença judiciária este
autor observa que somente ela não retrata por completo o “Direito vivo”,
em razão de que grande parte dos conflitos não chega ao Judiciário. Uma
pesquisa centrada apenas na análise jurisprudencial não retratará por com-
pleto a existência do “Direito vivo”. A análise será parcial. Assim, reco-
menda Ehrlich (1986) que, para além da sentença judiciária, o jurista deve
verificar os documentos, como os contratos de compra e venda, arrenda-
mento, os estatutos das entidades e companhias de comércio e outros, pois
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esses possuem um conteúdo típico. Por sua vez o “Direito vivo” não docu-
mentado deve ser buscado na análise do cotidiano com a inquirição das
pessoas e com o registro de suas manifestações.
Segundo Angel La Torre (1978), se a ciência é, em primeiro lugar,
conhecimento de novos fatos da realidade, cabe perguntar que fatos e que
realidade o jurista investiga. São os fatos da realidade legais, isto é, o Direi-
to Positivo vigente num dado momento e num dado país? Ou o “Direito
vivo”? Tais considerações são relevantes para a compreensão do objeto de
pesquisa do Direito na atualidade, ou seja, a prescrição prévia e legal é o
que prevalece a partir do pressuposto tácito de que o Direito se encontra
na prescrição jurídica prévia de fácil acesso, na ilusão de que se assim ofor
a aplicação é justa, a interpretação é correta e a Justiça é alcançada.
Como salientamos anteriormente, todavia, “prescrições jurídicas
também surgem à margem da lei” (Ehrlich, 1986, p. 373) e não são obser-
vadas, não são determinadas como científicas porque não se sabe qual é o
método de investigação utilizado de fato para enquadrarem como científi-
cas. Dessa forma, para Eugen Ehrlich:
O resultado científico deste trabalho dedicado ao Direito do passado
não aparece somente no fato de permitir o conhecimento da evolução
do Direito – o que evidentemente mais uma vez quer dizer somente a
evolução das prescrições jurídicas –, mas também no fato de que ele
permite a compreensão histórica do Direito do presente, pois segundo
o pressuposto tácito, este Direito, as prescrições jurídicas do presente
têm suas raízes no Direito do passado (1986, p. 373).
Assim, é possível compreender qual é o método de investigação do
Direito, ou seja, vinculado ao passado, à história. É certo que é necessária a
compreensão histórica do antigo para o entendimento do novo, mas não a
restrição ao primeiro como objeto único de investigação.
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Na obra Verdade e Método Hans-Georg Gadamer (1998) analisa
esse processo de confronto entre o novo e o antigo. Para ele é possível
permitir que o novo venha à luz pela mediação do antigo, constituindo-se,
assim, um processo de comunicação cuja estrutura corresponde a um
modelo de diálogo, mas não de submissão/restrição.
Assim, nas palavras de Gadamer:
A consciência moderna assume – precisamente como “consciência
histórica” – uma posição reflexiva com relação a tudo que lhe é trans-
mi tido pela tradição. A consci ência históri ca já não escuta
beatificamente a voz que lhe chega do passado, mas, ao refletir sobre
a mesma, recoloca-a no contexto em que ela se originou, a fim de ver
o significado e o valor que lhe são próprios (1998, p. 19).
Embora a utilização de uma metodologia de investigação centrada
na história seja importante para a compreensão do que é juridicamente
prescrito na atualidade, é certo que, como aborda Eugen Ehrlich (1986)
tais prescrições legais já no passado no que concerne a determinados valo-
res não conseguia alcançar efetivamente a realidade devido a constante
mutação pela qual passa o Direito. É nesse sentido que se pretende investi-
gar o “Direito vivo”, aquele que de fato domina a vida e permite ao jurista/
investigar a reflexão das prescrições jurídicas dominantes.
Nesse sentido, para Eugen Ehrlich:
Querer aprisionar o Direito a uma época ou de um povo nos parágra-
fos de um código corresponde mais ou menos ao mesmo que querer
represar um grande rio num açude: o que entra não é mais correnteza
viva, mas água morta e muita coisa simplesmente não entra. Se além
disso se levar em conta que cada uma das leis já estava superada pelo
Direito vivo no momento em que ficou pronta e a cada dia está sendo
mais superada, então deve-se reconhecer o imenso campo de trabalho
praticamente virgem, que aqui se abre para o pesquisador do Direito
(p. 374).
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O pesquisador tem em suas mãos a possibilidade de buscar uma
metodologia de aplicação do Direito centrada nas reais necessidades do
momento. É por isso que as prescrições jurídicas não conseguem e nem
pretendem oferecer um quadro completo de tais condições. Um exemplo
abordado pelo autor é o seguinte:
Tomemos ainda o Direito familiar. O que chama a atenção do obser-
vador é a contradição entre a ordem familiar realmente existente e a
que os códigos exigem. Creio que na Europa não existe país em que
as relações entre homem e mulher, entre pais e filhos, entre família e
seu meio realmente sejam tais que correspondam às normas do Direi-
to vigente, em que os membros de uma família em sua convivência
diária procurassem pôr em prática os direitos que a letra da lei lhes
assegura (Ehrlich, 1986, p. 377).
O anteriormente exposto significa que sempre à margem do Direito
previamente estabelecido vai existir um outro Direito, o chamado “Direito
vivo”, aquele realmente vivenciado pelas pessoas em suas comunidades,
em suas relações diárias, práticas costumeiras, uniformes, constantes, que
necessitam ser observadas. Práticas estas muitas vezes distantes do estabe-
lecido pelo código.
Por isso, para Eugen Ehrlich,
De forma alguma a ciência e o ensino podem restringir-se a explicar o
que está escrito na lei; eles deveriam investigar as configurações reais,
que são diferentes em cada classe social e em cada região, mas que
possuem uma essência uniforme e típica. Não se discute aqui se a lei
perdeu o domínio sobre a vida ou talvez nunca a tenha possuído, se a
vida evolui para além da lei ou nunca tenha correspondido a ela.
Também aqui a ciência como doutrina do Direito cumpre mal a sua
tarefa se ela se limita a descrever o que a lei prescreve e não o que de
fato acontece (1986, p. 377).
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A ciência do Direito não pode isolar-se da análise de influências
sociológicas, aspectos fáticos que estão ligados ao Direito. Observe-se, nesse
sentido, alguns exemplos em que a hermenêutica do “Direito vivo” apre-
senta-se como predominante nas argüições e decisões judiciais.
FURTO, RECONHECIMENTO DA “BAGATELA”
Primeiro exemplo:
“Apelação-Crime n.298001900 – 5. Câmara Criminal –
Sobradinho.
FURTO. BAGATELA. SUBTRAÇÃO DE COISA DE VALOR
INSIGNIFICANTE É IRRELEVANTE AO DIREITO PENAL.
ABSOLVIÇÃO DECRETADA.
Geni Klein Ferreira, apelante – A Justiça, apelante.
RELATÓRIO
Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO – Relator: GENI
KLEIN FERREIRA foi denunciada na Comarca de Sobradinho
como incurso nas sanções do art. 155, ‘caput’, c/c o art.61, inciso
I, ambos do Código Penal, porque no dia l9 de junho de 1996, em
torno das 23h30min, subtraiu da residência de Gisela de Brito,
um rádio AM/FM, avaliado em R$ 20,00 e gêneros alimentícios
– erva-mate, café, arroz, avaliados em R$ 8,31, conforme auto
de fl. 16. Na ocasião, Geni participava de um jantar na casa de
Gisela. Como chovia muito, os convidados ficaram até tarde,
bebendo e assistindo à televisão. Na manhã seguinte Gisela ficou
sabendo por sua sogra Lourdes Maria que Geni tinha praticado o
furto.
[...] A defesa, em suma, requereu absolvição em face da fragili-
dade probatória, ou, assim não se entendendo, postulou o reco-
nhecimento do furto famélico.
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Decidindo a espécie, o Magistrado julgou procedente a acusação
contida na denúncia para condenar GENI KLEIN PEREIRA às
penas de um (1) ano e três (3) meses de reclusão, em regime
inicial aberto, e dez (10) dias-multa, arbitrada a unidade no mí-
nimo legal como incursa nas sanções do art. 155, ‘caput’, c/c art.
61, I, II, ‘f’, ‘in fine’, ambos do Código Penal.
[...] É o relatório.
VOTO
Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO – Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO – Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO – Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO – Relator: No
que tange à autoria dúvida não há: a apelante praticou o delito
descrito na inicial. Aliás, a bem lançada sentença do colega Sér-
gio Fusquine Gonçalves, no particular, é indestrutível.
E, para tanto, basta a palavra da testemunha Lourdes que viu a
apelante subtrair a coisa. Por outro lado, apesar de negar a auto-
ria, a acusada se encontrava no local dos fatos e a vítima e Albino
complementam o que narrou a presencial Lourdes.Mais, nada
indica tenha Lourdes interesse espúrio na condenação. A prova
convence pois. Todavia, embora certas autoria e materialidade,
tenho que a apelante não merece condenação. Eis as razões.
De logo, remonto o palco onde aconteceu o espetáculo: na casa
da vítima ocorreu jantar, a apelante, comadre da ofendida, foi
convidada; jantaram e beberam; como chovia a apelante lá ficou
e quando foram dormir praticou o furto.
A relação entre as partes, pois, era de amizade – forte pelo
compadresco. É possível que o álcool tenha sido a causa de tudo.
Vê-se, portanto, que a culpabilidade não alcança o que de co-
mum acontece – é branda, suave, não agressiva.
E o valor da coisa? Insignificante mesmo para pessoas de pouca
posse – R$ – 28, 31. E era um rádio (R$ 20,00) e gêneros alimen-
tícios (R$ 8, 31) – erva-mate, café, bananas, arroz, sendo que o
rádio foi recuperado. Prejuízo? R$ 8,31!!!
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Ora, em tal contexto (relação afetiva entre as partes, prejuízo
insignificante, recuperação substancial da coisa), condenar a acu-
sada a um ano e três meses de reclusão, em presídio, é agredir o
princípio da proporcionalidade – entre a ofensa e resposta penal
há descompasso alarmante!
[...]
A resposta, na técnica, para não gerar teratóide, está em reco-
nhecer o delito de bagatela. O fato é de todo irrelevante ao Direi-
to Penal ante a insignificância do valor da coisa subtraída.
O Direito Penal (e seu conseqüente produto – presídio) é por
demais cruel (subsidiário – última “ratio”) para alcançar condu-
tas cujo continente envolva perigosidade nenhuma e valores des-
prezíveis à consciência coletiva (repito: cuida-se de delito
patrimonial insignificante).
[...]
Diante do exposto, dou provimento ao apelo para absolver a
apelante com base no art. 386, inc. III, do Código de Processo
Penal.
Des. Paulo Moacir Aguiar Vieira – Presidente/Relator: De
acordo.
Des. Aramis Nassif: De acordo (1998, p. 139-144).
Segundo exemplo:Segundo exemplo:Segundo exemplo:Segundo exemplo:
Acórdão: resp 249026/PR; Recurso Especial
(2000/0015853)
Fonte: DJ Data 26/06/2000 PG: 00138
Data da decisão: 23/05/2000
Órgão Julgador: T1 –Primeira Turma
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Ementa: FGTS. Levantamento. Tratamento de familiar
portador do vírus HIV. Possibilidade. Recuso especial despro-
vido.
1. É possível o levantamento do FGTS para fins de tratamento
de portador do vírus HIV, ainda que tal moléstia não se encontre
elencada no art. 20, XI, da Lei 8.036/90, pois não se pode apegar,
de forma rígida, à letra fria da lei, e sim considerá-la com tempe-
ramentos, tendo em vista a intenção do legislador, mormente
perante o preceito maior insculpido na Constituição Federal ga-
rantidor do direito à saúde, à vida e à dignidade humana e levan-
do-se em conta o caráter social do Fundo que é, justamente,
assegurar ao trabalhador o atendimento de suas necessidades
básicas, de seus familiares.
Recurso especial desprovido (Nunes, 2002, p. 91).
Observa-se a partir do anteriormente exposto que a busca do “Di-
reito vivo” é uma necessidade, pois mesmo que não fixado em prescrições
jurídicas, domina a vida. A hermenêutica do “Direito vivo” quer (e é uma
tendência) a busca da realização da experiência humana e o rompimento
de modelos prontos. O que se deseja é a compreensão das coisas a partir da
existência do ser e não na prescrição objetivista de determinados compor-
tamentos.
Para Ehrlich (1986), todavia, um exemplo de documento legal fonte
de conhecimento do “Direito vivo” é a sentença judiciária (exemplo ante-
rior), que embora “não se trata como testemunho do “Direito vivo”, mas
como parte da bibliografia jurídica que não é examinada quanto a verdade
das relações jurídicas ali descritas e ao “Direito vivo” daí decorrente, mas
quanto à correção da interpretação e construções jurídicas nela contidas”
(Ehrlich, 1986, p. 378).
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O que ocorre é que tal construção/interpretação permanece presa a
um documento, não permitindo efetivamente um quadro completo e dire-
to da vida, ou seja, as decisões dos órgãos estatais permanecem sem um
quadro completo da vida, e isso não permite a busca de um “Direito vivo”.
Por isso, para Eugen Ehrlich :
Não é tão evidente que todo conteúdo do documento seja portador e
testemunho do Direito vivo. Direito vivo no conteúdo de um docu-
mento não é aquilo que os tribunais no caso de uma disputa jurídica
declaram como obrigatório, mas somente aquilo que as partes na
vida real observam. Evidencia-se que muita coisa escrita num docu-
mento, “esta ali por tradição”: o redator a copia de um modelo e as
partes nem se conscientizam do que está escrito (1986, p. 381)
Desse modo é possível observar que tais prescrições jurídicas e os
documentos são comparados a partir de uma análise sociológica em busca
de uma vinculação com a realidade. Tal análise comparativa/distintiva per-
mite a observância do que de fato é Direito vigente/ norma de decisão e o
que é “Direito vivo”, que só é vivo quando observado pelas partes.
O método sociológico, portanto, exige que os resultados obtidos a
partir das decisões dos órgãos estatais sejam complementados pela obser-
vação direta da vida, o que de fato não ocorre, pois a descrição da realidade
pelos órgãos estatais é mínima quando não é excluída (Ehrlich, 1986).
Assim, para Eugen Ehrlich:
Seria da maior importância se finalmente a atual ciência jurídica e a
jurisprudência deixassem de se preocupar com contratos e documen-
tos romanos e se dedicassem aos atuais. A moderna ciência jurídica,
portanto, deveria em primeiro lugar examinar os documentos ao seu
conteúdo geral, típico, repetitivo, analisá-lo do ponto de vista jurídi-
co e esclarecer seus aspectos sociais, econômicos, legislativos
(p. 380).
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Isso somente se tornaria possível a partir de um novo método de
investigação que se preocupasse com a origem do Direito, com a investiga-
ção das causas ou fatores sociais que impulsionaram a autoridade jurídica
a prescrever normas, bem como observar quais são os efeitos acarretados
por esses mandamentos e as razões pelas quais os homens cumprem ou
não tais preceitos. Tal método possibilitaria a explicação ou a análise das
relações que existem entre o Direito e a vida social, bem como suas influên-
cias recíprocas.
Historicamente isso não é novo. Hoje, como na Antiguidade, novas
instituições surgem e outras são preenchidas por conteúdos novos. Muitas
são as transformações ocorridas e, portanto, tal investigação do “Direito
vivo” deve ser realizada pela Sociologia do Direito.
A Sociologia do Direito deve iniciar sua investigação com o “Direito
vivo”, concentrando sua atenção no “concreto e não sobre o genérico”,
pois uma vez feita a observação concreta, irá perguntar sobre sua validade
geral, comparando-as e encontrando um método adequado para tal. As-
sim, o pesquisador do Direito irá estudar hábitos, relações de dominação e
jurídicas, contratos, estatutos, declarações de última vontade para depois
verificar ou não sua validade geral. É necessária a compreensão das bases
para a concretização e efetivação do caso concreto.
Para Ehrlich, citado por Robles (1982, p. 36):
Com a investigação do Direito vivo evidentemente os métodos histó-
rico e etnológico não se tornaram supérfluos, pois as leis da evolução
social só podem serconhecidas pela análise dos fatos históricos e
pré-históricos (etnológicos)... são imprescindíveis para compreender
a situação jurídica atual. Não aprenderemos a compreender o passa-
do de outra forma que através do presente, mas o caminho para o
presente passa pela compreensão da sociedade.
Por isso é preciso deslocar a idéia de uma ciência rigorosa e objetiva
e estabelecer “o caráter imaginário das verdades”, para que possamos com-
preender que por meio do gênero científico nunca se poderá efetivar a
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crítica à sociedade e reconhecer o homem com seus anseios. A metodologia
de investigação deve ser infinita para que o papel da ciência seja a busca de
tarefas grandes e frutíferas e não tarefas fáceis e agradáveis que não consi-
gam encontrar o “Direito vivo”.
Hans Kelsen e a crítica à concepção
de Direito vivo de Eugen Ehrlich
Se para Eugen Ehrlich a verdadeira ciência do Direito é a Sociologia
do Direito, para Hans Kelsen é a jurisprudência normativa. Segundo Ehrlich
o conceito de Direito não pode ficar delimitado a uma ciência de cunho
normativo, mas para Kelsen isso é perfeitamente possível.
E é nesse sentido que este elabora a sua crítica, ou seja, segundo
Kelsen a proposta metodológica de Ehrlich é equivocada, posto que para
fazer uma Sociologia do Direito é preciso estabelecer um critério definidor
do jurídico com respeito às demais normas e regras que regem e discipli-
nam a atuação humana. Este critério não pode proporcionar a Sociologia
do Direito, pois esta é uma ciência de fatos e fenômenos sociais e não
manifesta os diversos tipos de normas da vida real dos homens (apud Robles,
1982).
A Sociologia do Direito pressupõe o conceito de Direito porque
trabalha com fenômenos e fatos sociais, no entanto numa perspectiva
kelseniana tudo isso está na chamada jurisprudência prática e é esta que
define a realidade jurídica. O Direito pode, isto sim, ser objeto de estudo da
Sociologia do Direito, mas não de definição da mesma.
A ciência do Direito é precisamente uma ciência de caráter formal,
normativa. O Direito não é fato, é sim um conjunto de normas e proposi-
ções jurídicas que se expressam num dever-ser (Robles, 1982).
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Então, para Hans Kelsen:
El derecho es forma; es la forma en que la vida social se manifiesta;
por consiguiente, una ciencia del derecho ha de estudiar las formas y
despreocuparse de la realidad social y económica que dan contenido a
aquéllas. El hacer de la ciencia jurídica una ciencia de realidad y
contenido, sin posibilidad, por tanto, de separar los dos ámbitos del
sein y del sollen, conduce, como sucede en Ehrlich, a la identificación
de esta ciencia con la sociología y, en definitiva, a la identidad del
derecho y sociedad (apud Robles, 1982, p. 33).
Pelo exposto é possível vislumbrar que a construção metodológica
de Kelsen trabalha numa perspectiva de não admissibilidade de uma So-
ciologia do Direito autônoma. Isso decorre da impossibilidade da demons-
tração/percepção de uma ordem jurídica diversa de uma ordem social
geral.
Assim, se por um lado Eugen Ehrlich ataca a chamada jurisprudên-
cia prática dizendo que esta se constitui num conhecimento abstrato dedu-
tivo que se afasta da realidade e que, por isso, é uma falsa ciência, de outro
Hans Kelsen dirá que o fato de não explicar a realidade não impede esta de
ser uma ciência, ou seja, a sua característica principal é trabalhar com
aspectos formais e lógicos.
No entendimento de Ehrlich, a ciência do Direito se manifesta como
o estudo de uma irrealidade, posto que naturalmente a essência da norma
manifesta-se no âmbito ontológico2 do dever-ser.
2 Ontologia, que Aristóteles chamou “filosofia primeira” e que, depois, passou a se
chamar’metafísica,” parece ter dois temas de estudo. Um é, como Aristóteles o chamou,
“o ser como ser” ou “o ente enquanto ente”. Aqui quer significar que a ontologia emprega
“método demonstrativo”(isto é, o racional, dedutivo). Ver em Mora, José Ferrater. Di-
cionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 527.
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Para Kelsen o erro de Ehrlich é o de não ter separado a Sociologia e
a ciência do Direito, e não haver também sustentado que as duas têm por
missão o estudo das regras do dever-ser, pois ambas trabalham com o
comportamento humano.
Segundo Robles (1982), para Hans Kelsen o conceito de Direito
vivo defendido por Eugen Ehrlich não é uma categoria jurídica. Faz, toda-
via, referência a um objeto de estudo interessante do ponto de vista de uma
ciência explicativa – causal da sociedade. Não podemos, entretanto, aceitar
que tal concepção/categoria se restrinja somente ao estudo da realidade
dos fatos sem nos preocuparmos com as condutas exigíveis juridicamente.
CONCLUSÃO
A polêmica descrita suscita numerosas questões que ainda estão por
ser resolvidas. Nesse sentido, normativismo e sociologismo são posturas
imprescindíveis no âmbito da chamada ciência do Direito, embora sejam
aqui tratadas como categorias que se situam em níveis diferentes. Para
Ehrlich, há um “Direito vivo” criado, aplicado e transformado pelo povo.
Ele depende da vontade do Estado, nem da ameaça de punição/prescrição
por parte das autoridades estatais. Ele depende do reconhecimento social
de certas normas. Esse reconhecimento se realiza por meio da pressão que
exerce a comunidade sobre o indivíduo. É a ação social que permite o
nascimento, a transformação e a força de exigência do Direito. Para ele ao
jurista não cabe apenas ficar restrito aos códigos, às leis, enfim, à legislação.
O material de trabalho do jurista não está nos documentos legais, mas nas
relações jurídicas propriamente ditas, nos documentos jurídicos, no Direi-
to como ele é, como ele se dá. Assim, o “Direito vivo”, é um Direito inde-
pendente do Direito legislado, é aquele que apesar de fixado em prescri-
ções jurídicas, domina a vida.
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Hans Kelsen, partidário do positivismo jurídico, diverge da teoria de
Eugen Ehrlich principalmente por considerar que a tarefa da ciência jurídi-
ca é explicar como funciona o ordenamento jurídico. Tal posicionamento
decorre da necessidade que têm os juristas de estudar as normas em vigor
sem a interferência de outras disciplinas, como a Sociologia, a História, a
Ciência Política, a Psicologia, etc. Essas disciplinas, segundo nosso autor,
são úteis para entender e avaliar o Direito Positivo, mas não devem interfe-
rir no seu estudo. O Direito é coação. As normas jurídicas são obrigatórias
e aplicam-se mesmo contra a vontade dos destinatários e por meio da força
física. O Direito vigora em determinado território porque consegue ser
politicamente imposto e reconhecido pela maioria da população. Nesse
sentido, Ehrlich afirma e defende como verdadeira a teoria científica do
Direito, ou seja, aquela que parte de uma análise sociológica do fenômeno
jurídico, contrapondo-se, assim, a Hans Kelsen, para quem a ciência jurídi-
ca deve se preocupar tão-somente com o dever-ser jurídico, independente
de elementos que lhe são alheios. Cabe à ciência jurídica moderna buscar o
ponto de equilíbrio entre o positivismo de visível influência kelseniana e o
Direito encarado sob uma perspectiva sociológica defendida por Eugen
Ehrlich.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Amilton Bueno de. Teoria e prática do DireitoAlternativo. Porto
Alegre: Síntese, 1998.
EHRLICH, Eugen. Fundamentos da Sociologia do Direito. Brasília: Ed. UNB,
1986.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método: traços fundamentais de uma
hermenêutica filosófica. Trad. de Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1998.
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KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
KIRCHMANN, H. J. Von. La Jurisprudencia no es ciencia. Tradução e prefácio
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LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do Direito. Tradução de José Lamego.
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LA TORRE, Angel. Introdução ao Direito. Coimbra: Almedina, 1978.
MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à sociologia do Direito de Eugen
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MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
NUNES, Luiz Antonio Rizzato. O princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2002.
ROBLES, Gregório. Epistemologia y Derecho. Madrid: Ed. Cionet Piramide,
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SPAREMBERGER, Raquel F. L. A ciência do Direito: uma breve abordagem. In.
Revista Direito em debate, n.14, jul./dez., 1999.
WARAT, Luiz Alberto. A ciência jurídica e seus dois maridos. Santa Cruz do
Sul: Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul, 1985.
OS TIPOS DE DOMINAÇÃO SEGUNDO MAX 
WEBER 
SOCIOLOGIA 
Definição do tipos de dominação, dominação legal, dominação 
tradicional, dominação carismática... 
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No cerne de relações sociais, moldadas pelas lutas, Max Weber percebe de fato 
a dominação, dominação esta, assentada em uma verdadeira constelação de 
interesses, monopólios econômicos, dominação estabelecida na autoridade, 
ou seja o poder de dar ordens, por isso ele acrescenta a cada tipo de atividade 
tradicional, afetiva ou racional um tipo de dominação particular.Weber 
definiu as dominações como a oportunidade de encontrar uma pessoa 
determinada pronta a obedecer a uma ordem de conteúdo determinado. 
Dominação Legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado através 
de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia” como sendo 
o tipo mais puro desta dominação. Os princípios fundamentais da burocracia, 
segundo o autor são a Hierarquia Funcional, a Administração baseada em 
Documentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as Atribuições são 
oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional. A 
obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, 
que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de 
obedecer. Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma 
vez que é baseada em normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e 
modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o 
poder de autoridade é legalmente assegurado. 
Dominação Tradicional (onde a autoridade é, pura e simplesmente, suportada 
pela existência de uma fidelidade tradicional); o governante é o patriarca ou 
senhor, os dominados são os súditos e o funcionário é o servidor. O 
patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação. Presta-se obediência à 
pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se 
julga sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente a normas 
tradicionais (não legais) ao meu ver seria um tipo de “lei moral”. A criação de 
um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das normas oriundas 
da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma dominação 
estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que se acha sob a 
dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência 
coletiva. 
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Dominação Carismática (onde a autoridade é suportada, graças a uma 
devoção afetiva por parte dos dominados). Ela assenta sobre as “crenças” 
transmitidas por profetas, sobre o “reconhecimento” que pessoalmente 
alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras e revoluções, nas ruas 
e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis 
que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá 
devido às suas qualidades pessoais. Não apresenta nenhum procedimento 
ordenado para a nomeação e substituição. Não há carreiras e não é requerida 
formação profissional por parte do “portador” do carisma e de seus ajudantes. 
Weber coloca que a forma mais pura de dominação carismática é o caráter 
autoritário e imperativo. Contudo, Weber classifica a Dominação Carismática 
como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuidade da devoção 
afetiva ao dominador, por parte dos dominados. 
Max Weber observa que o poder racional ou legal cria em suas manifestações 
de legitimidade a noção de competência, o poder tradicional a de privilégio e 
o carismático dilata a legitimação até onde alcance a missão do “chefe”, na 
medida de seus atributos carismáticos pessoais. 
Referências: 
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Ed. Guanabara: Rio de Janeiro, 1981. 
COSTA, Cristina. “Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber”, 
in: Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. (2a ed). São Paulo: 
Moderna, 2001 (pp. 70-77). 
FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da 
Informação. São Paulo: Atlas, 2001. 
Bianca Wild. 
Cientista social (Socióloga) 
Bolsista do CNPq AT-NS 
 
 
Publicado por: Bianca Wild 
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal 
colaborativo Meu Artigo. O Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo 
do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor. Para acessar os 
textos produzidos pelo site, acesse: http://www.brasilescola.com. 
 
http://www.brasilescola.com/
MAX WEBER E O ESTADO RACIONAL MODERNO 
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MAX WEBER E O ESTADO RACIONAL MODERNO∗ 
 
Marcos Augusto Maliska∗∗ 
 
 
RESUMO 
 
O presente texto é uma pequena revisão do pensamento de Max Weber sobre o Estado 
Moderno. Se o desenvolvimento das instituições sociais, econômicas e culturais, nas 
sociedades ocidentais modernas, foi desencadeado por um processo geral de 
racionalização, o núcleo organizativo do Estado Moderno caracteriza-se, entre outros 
aspectos, por meio da introdução de um central e contínuo sistema tributário, um 
central comando militar, pelo monopólio do uso da violência e por uma administração 
burocrática. O presente texto não investiga as implicações que o pensamento de 
Weber tem para os Estados abertos do século XXI, mas ele foi escrito com o objetivo 
de se compreender o Estado Moderno e os seus desafios no século XXI. 
Palavras-chave: Estado Racional; burocracia; legitimidade do poder; carisma; Estado 
aberto. 
 
Sumário: 1 INTRODUÇÃO; 2 O ESTADO 
RACIONAL; 3 AS TRÊS FORMAS DE 
LEGITIMAÇÃO DO PODER; 4 A BUROCRACIA; 5 
REFERÊNCIAS. 
 
 
 
∗ Capítulo 4 da Primeira Parte da Tese de Doutorado Os desafios do Estado Moderno. 
Federalismo e integração regional, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Direito – 
Doutorado da UFPR. 
∗∗ Bacharel em Direito pela UFSC (1997), Procurador Federal (desde 1998), Mestre (2000) e 
Doutor (2003) em Direito Constitucional pela UFPR com estudos de Doutoramento na Ludwig 
Maximilians Universität de Munique, Alemanha (2001-2003). Atualmente é Procurador Federal Chefe 
da Procuradoria Federal junto a Universidade Federal do Paraná. Professor Pesquisador de Direito 
Constitucional nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação (Mestrado e Especialização) em Direito da 
UniBrasil e Professor Visitante de Direito Constitucional na Faculdade de Direito de Francisco 
Beltrão – Cesul. Ex-Bolsista do Deutscher Akademischer

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