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AVALIAÇÃO DO PACIENTE PEDIATRIA x NEONATOLOGIA A PEDIATRIA é um amplo ramo da Medicina Humana que trata da saúde do lactente, da criança e do adolescente - seu crescimento e desenvolvimento e sua oportunidade para o pleno amadurecimento como adulto; A NEONATOLOGIA é uma especialidade da PEDIATRIA que significa conhecimento do recém-nascido humano, até o 2o. ou 3o. mês de vida. Nas últimas décadas, a neonatologia ficou voltada para o berçário e cuidados intensivos com o recém nascido. ROTINA DO EXAME FÍSICO O exame físico deve ser realizado considerando-se as características próprias de sua anatomia e fisiologia, integrado à história materna e evolução clínica da criança; Deve ser conduzido em ambiente tranqüilo, aquecido, iluminado, respeitando o estado de saúde da criança, evitando manipulações excessivas, principalmente nas que são mais imaturas ou que estejam muito doentes; A avaliação deve ser delicada, breve, porém completa; Pode ser tarefa difícil se no momento do exame o RN estiver irritado ou necessitando de recursos especiais para a manutenção da vida; Recomenda-se examinar o RN no intervalo das mamadas, inteiramente despido, seguindo sequência que evite mudanças exageradas de decúbito e manobras bruscas. Utilizar os recursos propedêuticos habitualmente empregados em crianças maiores: inspeção, palpação, ausculta e percussão; Deixar os procedimentos desagradáveis ou dolorosos, que provocam o choro, para o final do exame, obtendo, assim, a “colaboração” da criança por maior tempo. TERMOS NO EXAME FÍSICO EM NEONATOLOGIA Para avaliação global do recém-nascido é importante o conhecimento de vários conceitos e peculiaridades encontradas na Neonatologia: 1. Período neonatal: intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a criança atinge 27 dias, 23 horas e 59 minutos. 2. Período neonatal precoce: intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a criança atinge 6 dias, 23 horas e 59 minutos. 3. Período neonatal tardio: intervalo de tempo que vai do 7º dia até o momento em que a criança atinge 27 dias, 23 horas e 59 minutos. • Idade gestacional: duração da gestação medida do primeiro dia do último período normal de menstruação até o nascimento; expressa em dias ou semanas completos. ❖ Pré-termo: menos do que 37 semanas completas (menos do que 259 dias completos). ❖ Prematuro tardio: de 34 semanas a 36 e 6/7sem ❖ Termo: de 37 semanas completas até menos de 42 semanas completas (259 a 293 dias). ❖ Pós-termo: 42 semanas completas ou mais (294 dias ou mais). • Idade pós-natal: é o período de tempo que decorre do nascimento até a data presente. • Idade corrigida: é a idade pós-natal menos o número de semanas que faltou para completar 40 semanas (subtrair da idade pós-natal a diferença entre 40 semanas e a idade gestacional). É usada para avaliação do crescimento e desenvolvimento da criança após o termo. AVALIAÇÃO NA SALA DE PARTO A primeira avaliação do RN realizada na sala de parto tem como objetivos determinar: 1. A vitalidade; 2. Fatores de risco; 3. Detecção precoce de malformações congênitas; 4. Traumas obstétricos; 5. Distúrbios cardiorrespiratórios que possam comprometer a saúde do neonato. A primeira etapa desta avaliação inicia-se antes do nascimento e consiste em adequada e detalhada anamnese com dados maternos e gestacionais, tais como: 1. Idade da mãe; 2. Número de gestações; 3. Tipos de parto; 4. Número de abortamentos; 5. Realização de pré-natal... Imediatamente após o nascimento o RN sadio deve estar em contato pele a pele com sua mãe, mostrando para a mãe os sinais que o bebê está pronto para mamar,dentro da primeira hora de vida; Neste momento procede-se o primeiro exame físico que deve ser objetivo e rápido, tendo como finalidade avaliar a vitalidade do RN para tomada de decisão. ESCALA DE APGAR Ainda na sala de parto aplica-se a Escala de Apgar; Para cada um dos 5 itens é atribuída uma nota de 0 a 2. Somam-se as notas de cada item e temos o total, que pode dar uma nota mínima de 0 e máxima de 10. Uma nota de 8 a 10, presente em cerca de 90% dos recém-nascidos significa que o bebê nasceu em ótimas condições. Uma nota 7 significa que o bebê teve uma dificuldade leve. De 4 a 6, traduz uma dificuldade de grau moderado. De 0 a 3 uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades persistirem durante alguns minutos sem tratamento, pode levar a alterações metabólicas no organismo do bebê gerando uma situação potencialmente perigosa, a chamada anóxia (falta de oxigenação). OBS: Recomenda-se que após 1 hora de contato pele a pele, sejam verificado: Exame dos orifícios: permeabilidade dos orifícios naturais do corpo para o diagnóstico de fenda palatina, atresia de esôfago e anomalias anorretais. AVALIAÇÃO GERAL 1. Dados antropométricos Em geral, o peso, comprimento e perímetro cefálico já foram verificados após a primeira hora de nascimento; Entretanto, dependendo da época da realização do exame são necessárias novas medidas para avaliar variações com o tempo de vida e crescimento. Como são procedimentos irritantes para o RN devem ser realizados ao final do exame. 2. Avaliação da idade gestacional A data da última menstruação (DUM) e a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas) possuem uma precisão maior, sendo preferíveis para essa análise; Os métodos de avaliação clínica mais utilizados em nosso meio são o de Capurro, de fácil e rápida execução, o de Dubowitz, mais complexo e demorado e o New Ballard, o mais utilizado para RN prematuros. CAPURRO • Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, assinalando a pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional. IG = (P + 204)/7 3. Avaliação nutricional Peso de nascimento: primeiro peso do ou recém-nascido (RN) obtido após o nascimento. ❖ Baixo peso: peso ao nascer inferior a 2500 gramas; ❖ Muito baixo peso: peso ao nascer inferior a 1500 gramas; ❖ Extremo baixo peso: peso ao nascer inferior a 1000 gramas. Relação do peso de nascimento com idade gestacional: Reflete a qualidade de crescimento fetal e permite a determinação de risco para problemas perinatais; O ideal seria colocar o peso de nascimento em gráficos de percentis construídos com base racial, étnica, sócio-econômico-cultural e ambiental semelhantes; Entretanto, um grande número de serviços de neonatologia utiliza a curva de crescimento intrauterino de Alexander et al. como padrão de referência. 4. Sinais vitais Temperatura: pode estar alterada em decorrência da temperatura ambiente, do tipo e quantidade de vestimentas, por alterações infecciosas ou neurológicas. Frequência respiratória: pode-se avaliar por ausculta ou observação direta os movimentos respiratórios durante no mínimo 1 minuto. A frequência normal no RN a termo varia de 30 a 60 inspirações por minuto. Frequência cardíaca: pode se alterar dependendo da atividade e estado do RN. A variação normal em RN saudáveis é de 110-160 batimentos/minuto; no pré- termo, geralmente a frequência é mais próxima dos 160 batimentos por minuto. Pressão arterial: pode ser aferida com monitorização intravascular direta ou através de aparelhos oscilométricos ou de Doppler. Nos métodos não invasivos é importante a escolha adequada do tamanho do manguito, que deve ter largura de 50 a 67% do comprimento do braço. 5. Estado geral Estado de alerta: É um importante indicador de bem estar e compreende 5 estados ou níveis. Um mesmo RN pode ter o nível de alerta modificado várias vezesdurante o exame dependendo de fatores como idade gestacional, tempo da última mamada, intensidade dos estímulos, etc. Estado 1 (sono quieto): olhos fechados, respiração regular, sem movimentos grosseiros. Estado 2 (sono ativo): olhos fechados, respiração irregular, com ou sem movimentos grosseiros. Estado 3 (alerta quieto): olhos abertos, respiração regular, sem movimentos grosseiros. Estado 4 (alerta ativo): olhos abertos, respiração irregular, com movimentos grosseiros, sem chorar. Estado 5 (choro): olhos abertos ou fechados, chorando. Atividade espontânea Observar expressão facial, qualidade, amplitude, quantidade e simetria de movimentos nos vários estados de alerta da criança Choro Deve ser audível, de timbre variável e harmônico. O choro excessivo, difícil de acalmar, deve ser considerado como irritabilidade anormal. 6. Padrão respiratório Avaliar o ritmo e esforço respiratório (gemência, batimento de aletas nasais, retrações intercostais e sub-diafragmática) que podem refletir anormalidades respiratórias, cardíacas, metabólicas e infecciosas. 7. Postura Pode variar com idade gestacional, posição intrauterina e tônus; Habitualmente, o RN a termo assume postura assimétrica com a cabeça voltada para um dos lados o que desencadeia o reflexo tônico cervical assimétrico; Na posição centrada da cabeça o RN a termo deve manter postura simétrica com flexão de membros superiores e inferiores. AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS AVALIAÇÃO DOS MARCOS MOTORES AVALIAÇÃO EM PEDIATRIA Processo contínuo de coleta e organização de informações diagnóstico e prognóstico planejamento de tratamento; Ampla visão das dificuldades da criança e de seu significado funcional; Equipe multidisciplinar; FISIO ADAPTAÇÃO MOTORA MÉTODOS BÁSICOS DE AVALIAÇÃO ENTREVISTA Com a criança e os pais; Área de maior preocupação (QUEIXA PRINCIPAL) dos pais e a idade e circunstâncias nas quais o problema foi descoberto pela 1ª vez; HISTÓRIA Consta de registros médicos (exames), hipótese diagnóstica, medicação, informações sobre a família e sua história genética, sobre a gravidez, o parto (eventos peri e neonatais, a história da gestação e parto); OBSERVAÇÃO CLÍNICA Observação da criança em repouso e em movimento em diferentes posturas e também a interação da criança com o ambiente, a comunicação, resposta social e cognição IMPORTANTE AVALIAR Aspectos de comportamento: estado de alerta, apatia, irritabilidade; Aspectos da comunicação: como a criança interage com os pais, se a comunicação ocorre através de gestos, sons, apontando com a mão ou dedo, apontando com os olhos ou se usa palavras; Aspectos da compreensão: se a criança segue sugestões para se mover, o que ela aparenta compreender. Aspectos da postura: em qual posição prefere ficar, se assume essa postura sozinha ou com ajuda, como participa; Aspectos de controle postural e alinhamento: o quanto de suporte a criança precisa para estabilização postural, se descarrega mais peso em uma parte do corpo, se fica muito desalinhada para se manter estável; Uso dos membros e mãos: deve-se observar como os membros se movem para mudar de posição e para realizar diferentes tarefas em determinadas posturas, observar se as mãos são usadas simetricamente, o tipo de preensão, a precisão do alcance e da ação da mão, movimentos involuntários, tremores ou espasmos; Aspectos sensoriais: observar visão, audição, tato, a percepção de cheiros e temperatura em tarefas relevantes. Forma de locomoção: observar como a criança é carregada, como usa a cadeira de rodas ou órteses para a marcha, como rola, rasteja, engatinha e outras formas de locomoção. Deformidades: observa-se as posições que se mantém nas diversas posturas e testa-se a ADM passiva. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Uso de testes de desenvolvimento padronizados; Testes específicos de funcionalidade (goniometria, testes musculares, escalas de avaliação de tônus muscular, avaliação de AVD’s com ou sem uso de órteses ou dispositivos auxiliares de locomoção); Obtenção e registro de medidas úteis na avaliação e que serão utilizadas posteriormente como parâmetro de reavaliação EXAME FÍSICO Avaliação da mobilidade Testes simples de flexibilidade e goniometria Avaliação do tônus muscular Padrões motores estereotipados, movimentos flutuantes involuntários e ausência de movimentos espontâneos indicam a presença de anormalidades do tônus alterado, aumentado ou diminuído. Como avaliar? Observação, palpação e movimentação passiva Músculo espástico aumenta a resistência oferecida para os movimentos mais velozes; A rigidez oferece uma resistência constante. Avaliação da Espasticidade É uma alteração no tônus muscular; Consiste no aumento involuntário da contração muscular que pode surgir em qualquer músculo e que impede o indivíduo de fazer as suas atividades diárias, como andar, comer ou falar, por exemplo; HIPOTONIA: não há resistência durante o movimento; TÔNUS NORMAL: não apresenta alterações. Avaliação do trofismo muscular Relativo a quantidade de massa muscular atrofia/hipotrofia, hipertrofia, pseudohipertorfia Como avaliar? Observação, palpação e cirtometria/perimetria Avaliação dos reflexos osteotendinosos Realizada através da percussão dos tendões bicipital, estilorradial, tricipital, patelar e aquileu Como avaliar? 0 = sem resposta; sempre anormal (arreflexia) 1+ = resposta leve mas presente (hiporreflexia) 2+ = uma resposta viva; normal 3+ = uma resposta viva aumentada (hiperreflexia) 4+ = clônus presente; sempre anormal O clônus é avaliado por rápido estímulo de alongamento; É a resposta sustentada de contração ao estiramento do tendão = contrações reflexas rítmicas; SINAL DE HIPERRREFLEXIA. Avaliação do equilíbrio estático e dinâmico Observação da manutenção do equilíbrio em ortostatismo e durante a marcha; Como avaliar? Sinal de Romberg Posição ereta, com os pés unidos e os olhos fechados. O teste é positivo quando o paciente apresenta oscilações corpóreas, com tendência à queda em qualquer direção. Escala de Equilíbrio Pediátrica (EEP) Ficha de pontuação Tarefas demonstradas antes de realizar (14 itens) Pontuação varia de 0 a 4 de acordo com cada item Permite várias tentativas Alguns itens registram além da pontuação o tempo Avaliação da coordenação Avaliação com testes específicos onde o paciente não consegue atingir o alvo ou o faz de modo imperfeito apresentando dismetria e/ou decomposição dos movimentos. Como avaliar? Prova índex-nariz: com os MMSS abduzidos o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o dedo indicador. A prova deve ser repetida várias vezes, com os olhos abertos e depois fechados. Como avaliar? Prova calcanhar-joelho:em DD com os MMII estendidos, o paciente deve tocar seu joelho com o calcanhar do lado oposto. A prova deve ser repetida várias vezes, com os olhos abertos e depois fechados. Avaliação de força muscular Avaliação de sensibilidade Superficial tátil, térmica e dolorosa - algodão, tubo com água gelada e quente; Profunda cinético-postural, barestésica, dolorosa profunda e vibratória (diapasão). AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS AVALIAÇÃO DOS MARCOS MOTORES Sendo importante ressaltar: Avaliação de posturas e transferências Capacidade de assumir independentemente e de manter uma determinada postura e de realizar transferências de postura com ou sem auxílio Avaliação da marcha Realizada solicitando que o paciente caminhe uma certa distância e retorne sob a observação do terapeuta. Atenção !!! Desequilíbrios musculares, desvios laterais dapelve e tronco, marchas patológicas TESTES EM PEDIATRIA OBJETIVOS DOS TESTES DE DESENVOLVIMENTO Promover intervenção precoce; Auxiliar na determinação do diagnóstico (área do desenvolvimento afetada); Orientar o planejamento de um programa de intervenção; Monitorizar os progressos funcionais - reavaliação e alta terapêutica; Instrumentos de pesquisa clínica - avaliação da efetividade das condutas aplicadas. TESTES SELETIVOS Utilizados para identificar déficits no desempenho de uma criança – encaminhamento a serviços especializados TESTES DE FUNÇÃO Utilizados para avaliar componentes de áreas específicas de funcionamento do SNC, como a avaliação da função motora ampla ou estado reflexo, por exemplo TESTES DE CAPACIDADE FUNCIONAL Utilizados para avaliar habilidades funcionais necessárias ao desempenho completo da criança no ambiente familiar ou escolar
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