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Nelson Pereira Castanheira ~ Luiz Roberto Dias de Macedo130 C apítulo 10 10 Correção monetária e indicadores C������� ��������� (CM) é a revisão estipulada pelas partes de um con- trato, ou imposta por lei, que tem como ponto de referência a desvaloriza- ção da moeda. Por que é necessária essa revisão? Mesmo em países em que a moeda corrente é considerada forte, a hipótese de moeda estável é meramente teórica, uma vez que nesses países também ocorre o fenômeno da inflação, mesmo que em taxas percentuais bastante reduzidas. Tanto a �������� quanto a �������� afetam a economia de uma nação. O que seria um período inflacionário? É o momento em que os preços estão em elevação, ou seja, durante um período inflacionário, uma certa quantidade de dinheiro compra menor quantidade de bens do que comprava antes. E a deflação? No período em que existe uma deflação, ocorre um processo inverso ao da inflação, ou seja, durante um período deflacionário, a mesma quantia compra mais do que comprava anteriormente. Assim, a correção monetária é a recuperação ou atualização do poder aquisitivo da moeda, conforme os índices oficiais informados pelo governo. O índice a ser adotado para a correção monetária deve ser expresso em contrato, e deve estar previsto um substituto caso haja a extinção do primeiro índice pactuado. A variação ou correção monetária de um determinado período é dada pela variação percentual entre o índice no final do período indicado e o índice no final do período anterior, ou seja: índice período indicado índice período anterior Quando temos os índices de correção monetária de vários períodos, fazemos: CMt = (1 + CM1) . (1 + CM2) . . . . . (1 + CMn) − 1 e a média da correção é dada por: CMm = (1 + CMt)1/n − 1 Como ilustração, temos a seguir alguns dos índices utilizados, em percen- tual, que nos mostram como tem se comportado a economia brasileira de agosto de 2004 a julho de 2005. Ver quadro 2. CM = – 1 Matemática Financeira Aplicada 131 C orreção m onetária e indicadores QUADRO 2 – Alguns indicadores da economia brasileira Mês IGP-M FGV INPC IBGE IPCA IBGE IGP-DI FGV IPC FIPE Agosto/2004 Setembro/2004 Outubro/2004 Novembro/2004 Dezembro/2004 Janeiro/2005 Fevereiro/2005 Março/2005 Abril/2005 Maio/2005 Junho/2005 Julho/2005 1,22 0,69 0,39 0,82 0,74 0,39 0,30 0,85 0,86 − 0,22 − 0,44 − 0,34 0,50 0,17 0,17 0,44 0,86 0,57 0,44 0,73 0,91 0,70 − 0,11 0,03 0,69 0,33 0,44 0,69 0,86 0,58 0,59 0,61 0,87 0,49 − 0,02 0,25 1,31 0,48 0,53 0,82 0,52 0,33 0,40 0,99 0,51 − 0,25 − 0,45 − 0,40 0,99 0,21 0,62 0,56 0,67 0,56 0,36 0,79 0,83 0,35 − 0,20 0,30 Acumulado do ano 1,40 3,31 3,42 1,13 3,02 Acumulado de 12 meses 5,37 5,54 6,57 4,88 6,20 Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 Nota: IGP-DI – Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna; FGV – Fundação Getúlio Vargas; FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas; IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IGP-M – Índice Geral de Preços ao Mercado; INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor; IPC – Índice de Preços ao Consumidor; IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Para você visualizar com maior facilidade os indicadores do quadro 2, veja os gráficos de 1 a 5. GRÁFICO 1 – IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 Nelson Pereira Castanheira ~ Luiz Roberto Dias de Macedo132 C apítulo 10 GRÁFICO 2 – INPC, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 GRÁFICO 3 – IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 Matemática Financeira Aplicada 133 C orreção m onetária e indicadores GRÁFICO 4 – IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 GRÁFICO 5 – IPC, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Fonte: ESTADÃO. Disponível em: h�p://www.estadao.com.br/ext/economia/financas/historico. Acesso em: 01 mar. 2006 Um país pode se ver obrigado a introduzir no seu ordenamento jurídico a correção monetária quando houver uma desvalorização acelerada da sua moeda, ou a dificuldade para obtenção de empréstimos públicos, ou mesmo a necessidade de alongamento de prazo para o pagamento da dívida pública mobiliária. Qual a origem da �������� ��������� no Brasil? Nelson Pereira Castanheira ~ Luiz Roberto Dias de Macedo134 C apítulo 10 Sua origem data de 16 de julho de 1964, quando, pela Lei nº 4.357 (www. jalucrei.com.br), foi criada a Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), cujo valor seria reajustado mensalmente em função das oscila- ções de preços de determinados bens e serviços, evidenciados pelos índi- ces calculados pela Fundação Getúlio Vargas. A correção monetária só alcançou, inicialmente, a dívida pública mobiliá- ria (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) e, quanto a tributos, passou a ser: a) obrigatória sua incidência sobre o valor original dos bens do ativo imo- bilizado das pessoas jurídicas; b) permitida sobre o custo de aquisição de imóvel, na venda por pessoa física; c) obrigatória sobre débitos fiscais decorrentes do não-recolhimento na data de vencimento. Ano após ano, os contratos no Brasil passaram a ser, quase que na sua tota- lidade, corrigidos pelos mais diversos índices, e a economia brasileira ficou quase que integralmente indexada, o que se estendeu a diversos setores da economia em que os atos negociais e contratuais envolvessem dívida, de tal maneira que o pagamento de valor, a prazo ou após o vencimento, sem o respectivo reajuste monetário, poderia representar enriquecimento sem causa do devedor, em prejuízo do credor. Em função desse fato, em 1981, a Lei nº 6.899 determinou a incidência de corre- ção monetária sobre qualquer débito resultante de decisão judicial, inclusive sobre custas e honorários advocatícios. (www.receita.fazenda.gov.br) Assim, a inflação futura ficou atrelada à inflação passada, que passava a ser, portanto, um elemento de realimentação da própria inflação. Para cortar esse vínculo, a partir de março de 1991, a inflação futura passou a ser esti- mada a partir de uma taxa de referência, que foi denominada de TR. A ORTN fora extinta em 27 de fevereiro de 1986 pelo Decreto-Lei nº 2283, quando foi substituída pela Obrigação do Tesouro Nacional (OTN). A OTN, por sua vez, foi extinta em 31 de janeiro de 1989 pela Lei nº 7730 e substituída pelo Bônus do Tesouro Nacional (BTN). Já a BTN foi substitu- ída pela Taxa de Referência (TR), instituída em 31 de janeiro de 1991 pela Medida Provisória nº 294, transformada na Lei nº 8177 em 01 de março de 1991. (www.jalucrei.com.br) A partir do Plano Real, em 1994, foram criadas as condições necessárias à desindexação da economia, em virtude da estabilidade da moeda e de in- Matemática Financeira Aplicada 135 C orreção m onetária e indicadores flação baixa, permitindo que tanto os títulos da dívida mobiliária interna da União quanto os valores previstos na legislação tributária federal, inclusi- ve créditos tributários recebidos com atraso, deixassem de ser corrigidos monetariamente. Conforme Castanheira e Senerato1, dois são os procedimentos utilizados para aplicação da correção monetária aos planos de pagamentos no Brasil: a) Prefixada: neste caso, determina-se uma taxa de juro contratual, indepen- dentemente do comportamento futuro da inflação. Neste modelo, a taxa de juro real de cada período e a taxa de inflação devem ser agregadas numa única taxa, a que chamaremos taxa prefixada. Ao assim proceder,corre-se o risco de que a estimativa da inflação e a inflação efetivamente ocorrida sejam diferentes e um dos dois, o tomador do empréstimo ou o provedor dos recursos, terá prejuízo. Como exemplo de aplicação do modelo prefixado no mercado financeiro, temos: ~ papéis de renda fixa; ~ crédito direto ao consumidor. b) Pós-fixada: neste caso, a correção monetária só terá seu valor conhecido com o decorrer do tempo, à medida que os índices oficiais do governo vão sendo divulgados. Neste procedimento, os saldos devedores, as par- celas de juros e a amortização serão corrigidos em função da inflação efe- tivamente ocorrida durante o período considerado, com o auxílio de um índice que é definido no início da operação. Como exemplo de aplicação do modelo pós-fixado no mercado financeiro, temos: ~ contratos com correção pelo IGP-M; ~ contratos em moeda estrangeira. E������ 84 Calcular a correção monetária no 1º semestre de 2005 e a média mensal de inflação, considerando-se os dados do IPC da FIPE, conforme tabela a seguir: Período Mensal (%) Índice Dezembro/2004 Janeiro/2005 Fevereiro/2005 Março/2005 Abril/2005 Maio/2005 Junho/2005 – 0,56 0,36 0,79 0,83 0,35 – 0,20 100,0000 100,5600 100,9220 101,7193 102,5636 102,9225 102,7171 Nelson Pereira Castanheira ~ Luiz Roberto Dias de Macedo136 C apítulo 10 CM = 0,027171 CM = 2,7171% no semestre Poderíamos calcular a inflação do período pela fórmula: CMt = (1 + 0,0056) . (1 + 0,0036) . (1 + 0,0079) . (1 + 0,0083) . (1 + 0,0035) : (1 + 0,0020) − 1 CMt = 0,027171 ou CM = 2,7171% ao semestre Qual foi a média inflacionária desse semestre? CMm = (1 + CMt)1/n − 1 CMm = (1 + 0,027171)1/6 − 1 CMm = 0,004478 ou 0,4478% ao mês E������ 85 Calcular a correção monetária e a média mensal de inflação, de outu- bro/2004 a maio/2005, inclusive, considerando-se os dados do INPC do IBGE, conforme tabela a seguir: Período Mensal (%) Índice Setembro/2004 Outubro/2004 Novembro/2004 Dezembro/2004 Janeiro/2005 Fevereiro/2005 Março/2005 Abril/2005 Maio/2005 – 0,17 0,44 0,86 0,57 0,44 0,73 0,91 0,70 100,0000 100,1700 100,6107 101,4760 102,0544 102,5035 103,2517 104,1913 104,9207 CM = 0,049207 CM = 4,9207% no semestre Matemática Financeira Aplicada 137 C orreção m onetária e indicadores Pela acumulação dos índices, teríamos: CMt = (1 + 0,0017) . (1 + 0,0044) . (1 + 0,0086) . (1 + 0,0057) . (1 + 0,0044) . (1 + 0,0073) . (1 + 0,0091) . (1 + 0,0070) − 1 CMt = 0,049207 ou CM = 4,9207% ao semestre Qual foi a média inflacionária desse semestre? CMm = (1 + CMt)1/n − 1 CMm = (1 + 0,049207)1/8 − 1 CMm = 0,006022 ou 0,6022% ao mês Você tem a seguir mais cinco exercícios para melhor fixar os conceitos de correção monetária. Não deixe de fazê-los. 176. Calcule a inflação acumulada de janeiro de 2005 a julho de 2005, inclusive, de acordo com os índices fornecidos pelo IPCA do IBGE. Calcule também a média inflacionária desses sete meses. Consulte o quadro 2 na página 131. 177. Um pessoa fez uma aplicação de R$ 8.000,00 em 01/10/2004, quando o índice de correção monetária considerado foi o IGP-M da FGV. Qual o mon- tante obtido em 01/05/2005? Consulte o quadro 2 na página 131. 178. Qual seria o montante do exercício anterior, se o índice utilizado para a correção monetária fosse o IPC da FIPE? 179. Calcule a correção monetária de outubro de 2004 a março de 2005, inclusive, utilizando como índice o IGP-DI da FGV. Utilize o quadro 2 na página 131. 180. Calcule a correção monetária de agosto de 2004 a fevereiro de 2005, inclusive, utilizando como índice o IPC da FIPE. Utilize o quadro 2 na página 131.
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