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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS - Observações FINALIDADES Defesa – como direitos de defesa, permitem o ingresso em juízo para proteger bens lesados, proibindo os Poderes Públicos de invadirem a esfera privada dos indivíduos; Instrumentalização – na condição de direitos instrumentais, consagram princípios informadores de toda a ordem jurídica – legalidade, isonomia, devido processo legal, etc – fornecendo-lhes os mecanismos de tutela – mandado de segurança, habeas corpus, ação popular, etc. DIREITOS E GARANTIAS DOS DIREITOS Qual a diferença entre Direitos e Garantias? As garantias fundamentais seriam estabelecidas pelo texto constitucional como indumento de proteção dos direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida, corresponde à garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção, corresponde a garantia do "habeas corpus", e assim por diante. O constitucionalista português Jorge Miranda (citado por Vicente Paulo, "Aulas de Direito Constitucional", 8ª. Ed, pg.103.) leciona sobre a distinção entre os institutos, afirmando que: "...os direitos representam por si só certos bens, as garantias destinam-se a assegurar a fruição desses bens; os direitos são principais, as garantias são acessórias; os direitos permitem a realização das pessoas e inserem-se direta e imediatamente, por isso as respectivas esferas jurídicas; as garantias só nelas se projetam pelo nexo que possuem com os direitos...os direitos declaram-se, as garantias estabelecem-se". Não se pode olvidar que o “direito fundamental” é norma de caráter e conteúdo declaratórios, sendo regras que enunciam a existência de um interesse, de uma vantagem, de uma virtude, a exemplo da vida, da liberdade, da propriedade, da dignidade da pessoa humana. Já a “garantia”, por seu viés, é norma de conteúdo assecuratório, acautelatório, instrumental, que se volta para tornar seguro, assegurar, tornar certo, certificar, abonar, defender, tornar firme, convicto aquele direito atacado ou ameaçado de sê-lo. O “Habeas Corpus” é o meio formal para tutelar o pleno exercício do direito à liberdade (material). Todo remédio jurídico é uma garantia, mas nem toda garantia é um remédio jurídico. Certo ou errado? Certo, posto que é instrumento processual que tem o escopo de assegurar o exercício de um direito! Em singulares termos, as garantias são os meios, os mecanismos, pelos quais se salvaguarda e se restabelece o conjunto de direitos constitucionais, de bens, vantagens e valores, fustigados ou ameaçados de o serem. Os direitos são bens e vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias são meios destinados a fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e gozo daqueles bens e vantagens. As garantias constitucionais dos direitos se caracterizam (natureza jurídica) como imposições, positivas (ação) ou negativas (omissão), especialmente aos órgãos do Poder Público, limitativas de sua conduta, para assegurar a observância ou, o caso, inobservância do direito violado. Na organização lógica e finalística da CRFB, sob o aspecto eminentemente dogmático (normativo), distinguem-se as normas declaratórias – que estabelecem direitos que são bens ou vantagens constitucionais previstos-; e normas assecuratórias – que fixam garantias, meios ou recursos destinados a assegurar o pleno exercício de direitos fundamentais ameaçados ou, ainda,promover a sua reparação no caso de violação. Cada direito possui uma garantia constitucional correspondente, sendo que pode um único dispositivo traga, em seu bojo, embutido em sua redação, tanto o direito quanto a garantia, v.g., art. 5º, VI e X, da CRFB: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos (direito) e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (garantia); [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (direito), assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (garantia); Por outro viés, a CRFB, firma que direitos e garantias alocam-se em preceitos distintos, v.g., art. 5º, LIII e Art. 5º, XXXVIII: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (Garantias) a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; (Direito) Art. 5º, VI – Direito de crença Garantia da liberdade de culto Art. 5º, IX – Direito de expressão Garantia da proibição à censura Art. 5º, LV – Direito à ampla defesa Garantia do contraditório As garantias possuem conteúdo abrangente, incluindo todas as disposições assecuratórias e direitos previstos na CRFB. Portanto, é gênero, tendo como espécies os remédios constitucionais – habeas corpus, habeas data, mandado de segurança. Conclui-se, exemplificando-se que o “remédio heróico constitucional” (habeas corpus), previsto no art. 5º, LXVIII, da CRFB, é a personificação da garantia específica do direito à liberdade de locomoção. Ruy Barbosa afirmou que é fundamental distinguir: “no texto da lei fundamental, as disposições meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal aos direitos reconhecidos, e as disposições assecuratórias que são as que, em defesa dos direitos, limitam o poder. Aquelas instruem os direitos; estas, as garantias: ocorrendo não raro juntar-se, na mesma disposição constitucional, ou legal, a fixação da garantia, com a declaração do direito” [in., BARBOSA. Ruy. República: teoria e prática (textos doutrinários sobre direitos humanos e políticos consagrados na primeira Constituição da República). Petrópolis/Brasília, Vozes/Câmara dos Deputados, 1978, PP. 121 e 124]. Garantias Fundamentais Direito protege direitos (CESPE /UnB) DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS: A) EXPRESSOS OU EXPLÍCITOS – consignados no corpo da CRFB; B) IMPLÍCITOS OU DECORRENTES DA INTERPRETAÇÃO - do texto Constitucional; c) DECORRENTES DOS TRATADOS INTERNACIONAIS COLETIVOS A) DIFUSO – [ART. 83, DO CDC] – repercute/atinge a todos, ou seja, não se consegue identificar que sofreu o prejuízo ou está ameaçado de sofrê-lo B) COLETIVO (STRICTO SENSU) – repercute sobre grupos ou categorias C) INDIVIDUAL HOMEGÊNEO – quando se consegue individualizar quem sofreu a lesão ou a ameaça - se consegue identificar cada pessoa SOCIAIS Os direitos sociais pertencem à segunda dimensão de Direitos Fundamentais, que está ligada ao valor da igualdade material (a igualdade formal já havia sido consagrada na primeira geração, junto com os direitos de liberdade). Não são meros poderes de agir – como o são as liberdades públicas -, mas sim poderes de exigir, chamados, também, de direitos de crédito: Há, sem dúvida, direitos sociais que são antes poderes de agir. É o caso do direito ao lazer. Mas assim mesmo quando a eles se referem, as constituições tendem a encará-los pelo prisma do dever do Estado, portanto, como poderes de exigir prestação concreta por parte deste. Em que pese a responsabilidade pela concretização destes direitos possa ser partilhada com a família (no caso do direito à educação), é o Estado o responsável pelo atendimento dos direitos fundamentais de segunda dimensão, ou seja, ele é o sujeito passivo. Em didática definição, AndréRamos Tavares conceitua direitos sociais como direitos “que exigem do Poder Público uma atuação positiva, uma forma atuante de Estado na implementação da igualdade social dos hipossuficientes. São, por esse exato motivo, conhecidos também como direitos a prestação, ou direitos prestacionais”. Alguns autores classificam os direitos sociais como sendo liberdades positivas. Também nesse caminho José Afonso da Silva, para quem os direitos sociais “são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade”. Uadi Lammêgo Bulos esclarece que tais “prestações qualificam-se como positivas porque revelam um fazer por parte dos órgãos do Estado, que têm a incumbência de realizar serviços para concretizar os direitos sociais”, e acrescenta que sua finalidade “é beneficiar os hipossuficientes, assegurando-lhes situação de vantagem, direta ou indireta, a partir da realização da igualdade real”. De fato, os direitos sociais exigem a intermediação dos entes estatais para sua concretização; consideram o homem para além de sua condição individualista, e guardam íntima relação com o cidadão e a sociedade, porquanto abrangem a pessoa humana na perspectiva de que ela necessita de condições mínimas de subsistência. Por tratarem de direitos fundamentais, há de reconhecer a eles aplicabilidade imediata (artigo 5º, § 1º da CF), e no caso de omissão legislativa haverá meios de buscar sua efetividade, como o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Se, de um lado, os direitos individuais servem ao fim de proporcionar liberdade ao indivíduo, limitando a atividade coercitiva do Estado, os direitos sociais, de outro, visam assegurar uma compensação das desigualdades fáticas entre as pessoas, que apesar de pertencerem a sociedades complexas, “possuam prerrogativas que os façam reconhecer-se como membros igualitários de uma mesma organização política”. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Para José Afonso da Silva, a classificação que decorre do nosso Direito Constitucional é aquela que os agrupa com base no critério do seu conteúdo, que, ao mesmo tempo, se refere à natureza do bem protegido e do objeto da tutela: DIREITOS INDIVIDUAIS (art. 5º); DIREITOS COLETIVOS (art. 5º); DIREITOS SOCIAIS (arts. 6º e 193 e ss.); DIREITOS À NACIONALIDADE (art. 12); DIREITOS POLÍTICOS (arts. 14 a 17). DIREITOS SOLIDÁRIOS (art. 3º e 225) O mesmo autor, ainda, classifica e distingue os DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS em: A) Direitos individuais expressos são aqueles grafados e enunciados claramente no corpo do artigo 5º; http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641457/par%C3%A1grafo-1-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 B) Direitos individuais implícitos são aqueles subtendidos nas regras de garantias, tal qual o direito à identidade pessoal; desdobramentos do direito à vida; o direito à atuação geral (art. 5º, II, da CRFB); C) Direitos individuais decorrentes do regime e de tratados internacionais são os que se originam ou podem nascer do regime adotado, face aos tratados e convenções internacionais aos quais a RFB é signatária. Norberto Bobbio, constitucionalista, filósofo e político italiano, já falecido, classifica os direitos fundamentais como de primeira, segunda e terceira gerações, tendo por base a ordem histórica cronológica em que passaram a ser reconhecidos constitucionalmente, admitindo a perspectiva de uma quarta. Manoel Gonçalves Ferreira Filho [in. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 57.] compara as gerações com o lema da Revolução Francesa – liberté, egalité e fraternité –, que os direitos de primeira geração seriam os direitos de liberdade, os de segunda geração, os de igualdade; e os de terceira geração, os de fraternidade. São, assim, direitos constitucionais de primeira geração os direitos e garantias individuais e políticos (liberdades públicas), vale dizer, os direitos civis e políticos, que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais, destacadoras do princípio da liberdade; direitos constitucionais de segunda geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas, e que acentuam, no dizer do Ministro do STF, Celso de Melo, o princípio da igualdade; e, por fim, os direitos constitucionais de terceira geração, os chamados direitos de “ solidariedade ” ou fraternidade, que englobam, um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, a paz, a autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos. E a quarta geração? A quarta geração de direitos criada pelo professor Cearense Paulo Bonavides, para quem é o resultado da globalização dos direitos fundamentais de forma a torná-los universais no campo institucional: o direito à informação, ao pluralismo e à democracia direta. Ele entende que a globalização acabou por criar uma quarta geração de direitos que incluem o acesso à democracia, à informação, ao comércio eletrônico entre Estados [in. BONAVIDES, Paulo. Curso de direitos Constitucional. 25ª Ed. São Paulo. Malheiros, 2010, p.593). Pedro Lenza, em seu Direito Constitucional Esquematizado, argumenta que a quarta geração ou dimensão compreenderia os direitos decorrentes “dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência humana, através da manipulação do patrimônio genético”. CLASSIFICAÇÃO DAS GARANTIAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS GERAIS: para assegurar e existência e a efetividade (eficácia social) daqueles direitos, as quais se referem à organização da comunidade política, e que pode-se chamar de condições econômico-sociais, culturais e políticas que favorecem o exercício dos direitos fundamentais; GARANTIAS CONSTITUCIONAIS: consistem nas instituições, determinações e procedimentos mediante os quais a própria Lex Fundamentalis tutela a observância ou, em caso de inobservância, a reintegração dos direitos fundamentais. se subdividem em: GERAIS, que são instituições constitucionais que se inserem no mecanismo de freios e contrapesos dos poderes e, assim, impedem o arbítrio com o que constituem, ao mesmo tempo, técnicas de garantia e respeito aos direitos fundamentais; proíbem abusos de poder e todas as formas de violação aos direitos que asseguram. Exemplos: legalidade (art. 5º, II); liberdade (art. 5º, IV, VI, IX, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, etc); juiz e promotor natural (art. 5º, XXVII e LIII), devido processo legal (art. 5º, LIV), contraditório (art. 5º, LV), publicidade dos atos processuais (art. 5º, LX e 93, IX). ESPECIAIS, que são prescrições constitucionais estatuindo técnicas e mecanismos que, limitando a atuação dos órgãos estatais ou de particulares, protegem a eficácia, a aplicabilidade e a inviolabilidade dos direitos fundamentais de modo especial. Instrumentalizam os direitos fundamentais e fazem prevalecer as próprias garantias fundamentais gerais. Por meio delas, os titulares dos direitos encontram a forma, o procedimento, a técnica, o meio de exigir a proteção a suas prerrogativas e direitos fundamentais – MS, HC, HD, Ação CivilPública, Ação Popular, Mandado de Injunção. O conjunto das garantias forma o sistema de proteção aos direitos correspondentes, isto é, proteção social, política e jurídica. Aglutinadamente caracterizam-se como imposições, positivas ou negativas, aos órgãos do Poder Público, limitativas de sua conduta, para assegurar a observância ou, no caso de violação, a reintegração dos direitos fundamentais. DESTINATÁRIOS As normas constitucionais são voltadas, primeiro, para os poderes (Executivo, legislativo e judiciário) que ao exercerem suas respectivas funções, tornam-se os destinatários diretos, primeiros ou imediatos das liberdades públicas. Ao aplicar os dispositivos constitucionais aos fatos concretos, esses poderes e seus órgãos, efetivam os direitos e garantias fundamentais; e nesse ponto, o povo passa a ser receptor da CRFB. Daí, a doutrina parte do princípio que a pessoa humana é destinatária, indireta, secundária ou mediata dos direitos e garantias fundamentais, os quais dependem de aplicação para se efetivar. daí, concretizada a liberdade pública pelos órgãos do executivo, legislativo e judiciário, elas voltam-se para a proteção das pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, desde que em nosso território. todos tem direito à vida, à segurança, á propriedade, à proteção tributária e aos instrumentos de tutela constitucional – STF, RT, 226:81 São destinatários dos direitos constitucionais os brasileiros e estrangeiros residentes no país (noção de cidadania - PESSOAS FÍSICAS). Isto não quer dizer que os estrangeiros em trânsito pelo território nacional não gozem dos mesmos direitos, mas, sim, que os direitos constitucionais somente podem ser assegurados dentro dos limites do território brasileiro. Também às pessoas jurídicas são assegurados os direitos estabelecidos na Carta Maior, em razão do reconhecimento expresso da sua existência, no inciso XVII, do art. 5º, da CRFB ( liberdade de associação). Em ambos os casos, o texto constitucional disse menos do que pretendia, pois: primo, porque a proteção que é dada à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade é extensiva a todos aqueles que estejam sujeitos à ordem jurídica brasileira; e, secondo, porque em muitas hipóteses a derradeira proteção ao indivíduo só se dá por meio da proteção que se confere às próprias pessoas jurídicas. O direito de propriedade é um exemplo disto. Se expropriável uma pessoa jurídica, ela há de o ser mediante as mesmas garantias por que o são as pessoas físicas [in. BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 45. v.2.]. Não se pode, contudo, perder de vista as seguintes constatações: A uma, a orientação adotada pelo STF é firme no sentido de que a condição jurídica do estrangeiro aliada à ausência de domicílio em nosso território NÃO inibe, por si só, o acesso aos instrumentos processuais de tutela da liberdade e nem subtrai o Poder Público do dever de respeitar as prerrogativas de ordem jurídica e as garantias de índole constitucional que o ordenamento positivo brasileiro assegura a qualquer pessoa – STF, HC 94.477/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes; A duas, é ilegítima a adoção de tratamento arbitrário ou discriminatório por parte do Estado Brasileiro a qualquer indivíduo, independentemente de sua origem ou domicílio – STF, HC 94.016/SP, rel. Min. Celso de Mello. No mesmo sentido: STF, RE 215.267, Rel. Min. Ellen Gracie; e, A três, atualmente, é incontestável a possibilidade de também serem titularizados por pessoas jurídicas, inclusive as de direito público (no caso dos direitos fundamentais de natureza procedimental) – STF, AC 2.395/PB, Rel. Min. Celso de Mello. No mesmo sentido: STF AC (QO – Questão de Ordem) 2.032/SP, Rel. Min. Celso de Mello. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS Como dito antes, quanto à imediata da aplicação das normas constitucionais, “Mas isto não quer dizer que todas as normas têm eficácia plena e aplicabilidade imediata, porque é a própria CF que faz com que algumas normas dependam de legislação ulterior para a sua aplicabilidade”. Daí, advêm os comandos dos §§ 2º e 3º, da CRFB, versando sobre os tratados e convenções internacionais: “§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. O compêndio de liberdades públicas da CRFB inclui outros direitos, decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou seja, aqueles que derivam dos atos, tratados, pactos, cartas, convênios, convenções, protocolos, entre outros negócios jurídicos que objetivam produzir efeitos jurídicos concretos. Esses atos jurídicos internacionais, contudo, devem refletir o que preconiza o artigo 4º, da CRFB. Princípio da não tipicidade constitucional: As liberdades públicas (direitos fundamentais) consubstanciam uma abertura material, sendo enunciadas a título exemplificativo [Numerus apertus], e não taxativo [Numerus clausus] e não exaustivo. Os direitos e garantias, portanto, não se encontram hermeticamente enclausurados nos dispositivos do art. 5º, formalmente falando, ultrapassando seus incisos e parágrafos, a exemplo da ADI 939-7/DF, Rel. Min. Sydney Sanches: Processo: ADI 939 DF * Relator(a): SYDNEY SANCHES * Julgamento: 14/12/1993 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO * Publicação: DJ 18-03-1994 PP-05165 EMENT VOL- 01737-02 PP-00160 RTJ VOL-00151-03 PP-00755 Parte(s): CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO BENON PEIXOTO DA SILVA E OUTRO PRESIDENTE DA REPÚBLICA CONGRESSO NACIONAL Ementa - Direito Constitucional e Tributário. Ação Direta de Inconstitucionalidade de Emenda Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisorio sobre a Movimentação ou a Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par.2., 60, par.4., incisos I e IV, 150, incisos III, b, e VI, a, b, c e d, da Constituição Federal. 1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo em violação a Constituição originaria, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, cuja função precípua e de guarda da Constituição (art. 102, I, a, da C.F.). 2. A Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a União a instituir o I.P.M.F., incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2º desse dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, III, b e VI", da Constituição, porque, desse modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): 1. - o princípio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par.2., art. 60, par.4., inciso IV e art. 150, III, b da Constituição); 2. - o princípio da imunidade tributária reciproca (que veda a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que e garantia da Federação (art. 60, par.4., inciso I,e art. 150, VI, a, da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede a criação de impostos (art. 150, III) sobre: b): templos de qualquer culto; c): patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,atendidos os requisitos da lei; e d): livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; 3. Em consequencia, e inconstitucional, também, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem redução de textos, nos pontos em que determinou a incidencia do tributo no mesmo ano (art. 28) e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, a, b, c e d da C.F. (arts. 3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com relação a todos os contribuintes, em caráter definitivo, a medida cautelar, que suspendera a cobrança do tributo no ano de 1993. Na verdade, o art. 5º, §2º, da CRFB, propicia o ingresso no ordenamento jurídico de normas materialmente constitucionais, ao lembrar-se que os direitos e garantias fundamentais escoram-se no fundamento da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, da CRFB). Incorporação dos tratados internacionais na ordem jurídica brasileira: pela CRFB, os atos, tratados, convenções, cartas, protocolos, etc, de natureza internacional, incorporam-se à ordem jurídica como verdadeiras normas constitucionais. entre 1977 a 2008, predominou na Corte excelsa a corrente majoritária de que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos incorporavam-se à ordem jurídica pátria como “atos normativos infraconstitucionais”, ou seja, como leis ordinárias (STF, RTJ, 83:809). A partir de dezembro de 2008, a Suprema Corte, alterou diametralmente a direção de entendimento até http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103972/lei-complementar-77-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103972/lei-complementar-77-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103972/lei-complementar-77-93 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103972/lei-complementar-77-93 então seguida, ou seja, modificou sua concepção sobre o assunto. hodiernamente, a tese majoritária, indica que OS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS TÊM STATUS SUPRALEGAL, POIS ESTÃO ACIMA DA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA, SITUANDO-SE, CONTUDO, ABAIXO DA CRFB – STF, HC 87.585-8/TO, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 3-12-2008; STF, Pleno RE 466.343/SP, Rel.Min. Cesar Peluso, j. 3-12-2008; STF, Pleno, RE 349.703/RS, Rel. Carlos Britto, j. 3-12-2008. Hoje, prevalece a tese do Min. Gilmar Mendes, segundo a qual os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, aos quais a RFB aderiu, possuem status supralegal. Mas esse entendimento não eleva os atos de direito internacional ao patamar de normas constitucionais, pois como por ele explicado e endossado pelos Ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia e Carlos Alberto Menezes Direito, seria um risco para a segurança jurídica. A ordem constitucional vigente estaria à deriva das alterações jurídicas na ordem internacional. Processo: RE 349703 RS *Relator(a): Min. CARLOS BRITTO *Julgamento: 03/12/2008 * Órgão Julgador: Tribunal Pleno * Publicação: DJe-104 DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 05-06-2009 EMENT VOL-02363-04 PP-00675 Parte(s): BANCO ITAÚ S/A MAURÍLIO MOREIRA SAMPAIO E OUTRO(A/S) ARMANDO LUIZ SEGABINAZZI ALONSO MACHADO LOPES E OUTRA EMENTA PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM FACE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5O DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988. POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O STATUS NORMATIVO SUPRALEGAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS SUBSCRITOS PELO BRASIL TORNA INAPLICÁVEL A LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL COM ELE CONFLITANTE, SEJA ELA ANTERIOR OU POSTERIOR AO ATO DE ADESÃO. (...). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. o art. 5º, § 2º, da CRFB, funciona como CLÁUSULA GERAL DE RECEPÇÃO, posto que confere aos tratados e convenções internacionais, que tratam de direitos humanos, hierarquia constitucional, viabilizando a sua incorporação, ao conjunto de direitos e garantias. Regime jurídico do art. 5º, § 3º, da CRFB: equivalência com as emendas constitucionais - Panorama: a) Regime dos atos internacionais equivale ao das emendas constitucionais – as normas previstas nos tratados, atos ou convenções internacionais não ingressam no nosso ordenamento jurídico na qualidade de leis ordinárias, e sim como emendas constitucionais. dessa forma, o legislador infraconstitucional (comum) não poderá revogar os atos internacionais relativos a direitos humanos que, por sua vez, tem perfil constitucional diferenciado ou particularizado, pois não equivalem a simples lei federal. Portanto, os tratados e convenções trilham o mesmo caminho legislativo, o mesmo processo especial das emendas à CRFB: quorum específico (3/5 em ambas as casas; em dois turnos, impassível de reforma – art. 60, §4º, I a IV; b) Iniciativa legislativa é o(a) Presidente de República quem submete a matéria ao Congresso Nacional, à semelhança do que ocorre com as emendas constitucionais(Art. 60, II,da CRFB) o procedimento é o mesmo para as emendas constitucionais, restando ás Mesas das casas legislativas federais a promulgação do ato, sem a sanção presidencial; c) Necessidade de ratificação pelo legislativo esses atos internacionais somente se incorporam à ordem nacional se aprovados em dois turnos, por 3/5 dos votos (quorum especial ou qualificado) em ambas as casas caso o Congresso Nacional, no seu exame discricionário (art. 49, I, da CRFB), os desaprovar eles não poderão ser internalizados; d) Supremacia das normas constitucionais sobre os atos internacionais a aplicação de http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 tratados internacionais, na ordem jurídica brasileira, presume que eles sejam compatíveis com a Lex fundamentalis, sob pena de serem inconstitucionais Daí, essas convenções somente vigorarão internamente, tal qual as emendas constitucionais, se estiverem subordinados à magnitude da CRFB, do contrário, estarão desprovidas de eficácia normativa; Em resumo: Na verdade, o art. 5º, § 3º, oriundo da EC nº45/2004, alçou os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos a uma POSIÇÃOPRIVILEGIADA E ESPECIAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO, porque os equiparou ÀS EMENDAS CONSTITUCIONAIS, e não ás leis federais. O constituinte reformador atribuiu aos tratados um perfil diferenciado, principalmente no que tange à sua POSIÇÃO HIERÁRQUICA, ou seja, de NORMA CONSTITUCIONAL. REGIME JURÍDICO DO ART. 5º, § 2º, DA CRFB CONFERE AOS TRATADOS E CONVENÇÕES DE DIREITOS HUMANOS A ÍNDOLE DE NORMAS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS, INTEGRANTES DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE DA “CARTA DO ESTADO” REGIME JURÍDICO DO ART. 5º, § 3º, DA CRFB CONSAGRA A NATUREZA FORMAL E MATERIALMENTE CONSTITUCIONAL DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS, QUE, AO SEREM EQUIPARADOS ÀS EMENDAS, ADQUIREM O STATUS DE AUTÊNTICAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, PARTICIPANTES DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE DA CRFB. essa equiparação é para dizer que eles (TRATADOS) correspondem a legítimas normas constitucionais reforçou a existência de um REGIME JURÍDICO MISTO, que distingue os tratados tradicionais de natureza comercial dos tratados de direitos humanos. Consequência prática todos os tratados e convenções de direitos humanos ratificados pela RFB não equivalem a leis federais, e sim a verdadeiras normas constitucionais exigência de procedimento e quorum qualificados, dois turnos e 3/5 de votação pela aprovação, em ambas as casas legislativas. constitucionalização formal dos tratados de direitos humanos. a EC nº 45/2004 introduziu no ordenamento pátrio CLÁUSULA DE EQUIVALÊNCIA OU EQUIPARAÇÃO DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ÀS EMENDAS CONSTITUCIONAIS. Conclusões: a) Os tratados e convenções de direitos humanos, se conflitarem com a lei, prevalecem por se equipararem às emendas constitucionais; b) Os tratados e convenções, em geral, que não se refiram a direitos humanos, se conflitarem com a CRFB, ensejam a irrestrita precedência hierárquica das normas constitucionais; c) Os tratados e convenções sobre direitos humanos integram o bloco de constitucionalidade, servindo de parâmetro constitucional para o controle das leis e atos normativos; d) Os tratados e convenções sobre direitos humanos estão livres de denúncia do Presidente da República, até porque sujeitam-se aos mesmos limites das emendas constitucionais, a exemplo das cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, da CRFB). § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) http://Emendas/Emc/emc45.htm#art5 http://Emendas/Emc/emc45.htm#art5 Ementa EMENTA
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