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MetodologiadoensinoHist_3_ (2)

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Maria Soledade Gomes Borges
Fátima Garcia Chaves
Metodologia do ensino de história e 
geografia
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
Borges, Maria Soledade Gomes.
B644m Metodologia do ensino de história e geografia / Maria Soledade Gomes Borges, 
Fátima Garcia Chaves. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2018.
136 p. : il. 
ISBN 
 
 1. Ensino fundamental. 2. Ensino fundamental – História. 3. Ensino funda-
mental – Geografia. 4. Metodologia. I. Chaves, Fátima Garcia. II. Universidade 
de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD 372
© 2018 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, 
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinotto
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Revisão textual
Stela Maria Queiroz Dias
Diagramação
José Roberto Rodrigues Junior
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Fátima Garcia Chaves
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba – Uniube. 
Especialista em Planejamento Educacional pela Universidade Federal 
de Uberlândia – UFU. Especialista em Educação Escolar pela 
Faculdade Politécnica de Uberlândia – FPU; graduada em Pedagogia 
pela Faculdade de Ciências Filosofia e Letras – FCFL e em Letras pela 
Uniube. Especialista em EAD pela Universidade de Uberaba – Uniube. 
Docente nos Cursos de Licenciatura em Pedagogia e Educação Física 
na Uniube.
Maria Soledade Gomes Borges
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). 
Especialista em Orientação Educacional e Planejamento Educacional 
(UFU). Especialista em Saúde Coletiva do Centro de Graduação em 
Enfermagem e em Planejamento e Prática Pedagógica no curso de 
Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade 
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Graduada em Pedagogia pela 
Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino (FISTA), graduada em 
Piano e licenciada em Música pela Faculdade de Artes de Uberlândia. 
Docente do Curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior de 
Uberaba e da Universidade de Uberaba (Uniube). Professora de Didática 
no curso de Especialização em Gestão Ambiental no Centro de Ensino 
Superior de Uberaba e no de Enfermagem e professora do Curso de 
Especialização em Docência na Educação Superior na Universidade 
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Coordenadora pedagógica na 
Pró-reitoria de Ensino Superior da Universidade de Uberaba (Uniube).
Sobre as autoras
Sumário
Apresentação .............................................................................................................VII
Capítulo 1 A construção dos conceitos básicos e o ensino da 
 geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental .......... 1
1.1 Características e significado social do conhecimento geográfico na escola ...........9
1.2 A construção do conceito de espaço ......................................................................20
1.3 A localização espacial .............................................................................................28
1.4 A importância social do conhecimento geográfico .................................................33
1.5 O conteúdo da geografia: trabalhando com blocos temáticos ...............................40
1.6 Conclusão ...............................................................................................................49
Capítulo 2 O ensino da Geografia nos anos iniciais do Ensino 
 Fundamental: fundamentos teóricos e práticos ................ 55
2.1 Retomando alguns conceitos básicos ....................................................................57
2.1.1 Sugestões de atividade práticas envolvendo outras áreas do 
 conhecimento ............................................................................................... 60
2.2 Contribuições da geografia .....................................................................................65
2.2.1 Objetivos da geografia nos anos iniciais ......................................................67
2.3 A relação homem/natureza na produção da paisagem .........................................71
2.3.1 A relação sociedade/natureza .....................................................................72
2.4 Conclusão ...............................................................................................................73
Capítulo 3 O ensino da história nas séries iniciais do Ensino 
 Fundamental: estudo e construção de conceitos 
 básicos ............................................................................... 75
3.1 Introdução: repensando o significado do estudo da história nas séries iniciais 
 do Ensino Fundamental ..........................................................................................82
3.2 A construção do conceito de grupo social e relações sociais ................................92
3.2.1 A socialização da criança ..............................................................................96
3.2.2 Socialização: a criança e a construção das regras do mundo adulto ..........99
3.3 A construção do conceito de trabalho ...................................................................103
3.4 A construção do conceito de tempo ......................................................................106
3.4.1 Dimensões do conceito de tempo: duração ...............................................117
3.4.2 Outras dimensões do conceito de tempo: sucessão, simultaneidade .......118
3.5 Conclusão .............................................................................................................122
Apresentação
As mudanças no cenário mundial podem ser comparadas às ondas 
provocadas por uma pedra atirada em um grande lago límpido e calmo. A 
pedra representa acontecimentos marcantes que desencadeiam ondas. E 
essas ondas são movimentos que influenciam na organização de grandes 
nações e de pequenas comunidades longínquas. Refletem tanto na vida 
de cidadãos comuns, como na de ricos investidores do mercado financeiro. 
Lulu Santos quando canta que “tudo muda o tempo todo no mundo”, 
expressa bem essa dinâmica processual de mudanças. Com base, nessa 
realidade mutante, contemplamos o estudo da geografia e da história, 
como uma consequência das “ondas” que se propagam pelo imenso “lago” 
da realidade mundial.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental não é diferente; os alunos, 
embora “pequenos”, de forma direta ou indireta, também, são influenciados 
pela globalização. Nessa abordagem processual, apresentamos o livro 
de Metodologia do ensino de história e geografia como uma referência 
e não como um programa fechado para o estudo dessas disciplinas. 
Refletiremos, também sobre a proposta de conteúdos da história e da 
geografia nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – volume 5 e 
suas implicações na formação global desse aluno.
No primeiro capítulo, você estudará como “A construção dos conceitos 
básicos e o ensino da geografia nas séries inicias do Ensino Fundamental” 
se relaciona com os conceitos de: espaço, tempo, grupo social, relações 
sociais e trabalho. Perceberá que a paisagem local e o espaço em que 
se vive devem ser comparados às semelhanças e diferenças de outrostempos e espaços distantes. Sabendo que os alunos dessa modalidade 
de ensino, ainda se encontram em processo de alfabetização, você 
perceberá a importância de utilizar diferentes formas de linguagem: 
desenhos, imagens, figuras, texto escrito, músicas, brincadeiras e vídeos, 
VIII UNIUBE
contribuindo assim com o processo amplo de alfabetização da criança. 
Haverá também uma ponderação sobre metodologias que promovem a 
interdisciplinaridade, superando a visão fragmentada da construção do 
conhecimento nos diferentes componentes curriculares das séries iniciais 
do Ensino Fundamental.
No segundo capítulo, intitulado “O ensino da geografia nos anos iniciais 
do Ensino Fundamental: fundamentos teóricos e práticos”, você construirá 
novos conhecimentos sobre os conteúdos da geografia e sua abordagem 
prática e relacional. Serão consideradas atividades lúdicas, envolvendo 
as diversas áreas do conhecimento num enfoque interdisciplinar, partindo 
de diferentes linguagens expressivas: plástica, musical e cênica. Esse 
tipo de atividade possibilitará à criança o desenvolvimento da criatividade, 
enriquecendo suas vivências, sua linguagem, suas estruturas cognitivas 
e sua imaginação – o que é de fundamental importância para a “leitura de 
mundo”.
O capítulo três, “O ensino da história nas séries iniciais do Ensino 
Fundamental: estudo e construção de conceitos básicos”, aponta para a 
construção da identidade e da cidadania. Faz-nos perceber que estudar 
história, nessa fase do desenvolvimento humano, favorece o pensamento 
dialógico e reflexivo acerca de si mesmo, da sociedade e das relações 
sociais. Ao analisar a importância da pesquisa em várias fontes, inclusive 
nas “não oficiais”, daremos possibilidade ao aluno de compreender que 
todas as pessoas fazem parte da história, e que todos juntos, construímos 
essa história. Com isso, o aluno, embora “pequeno”, apreenderá que os 
homens se comunicam de diferentes formas: pela escrita, pela oralidade, 
pelo gesto, por meio da música, da dança, das produções plásticas e que 
esses recursos podem ser utilizados por ele em suas pesquisas escolares.
Ao concluir os estudos de Metodologia de ensino de história e geografia, 
esperamos que você, tenha incorporado o caráter pesquisador, dialógico 
e relacional da disciplina e que tenha se tornado um crítico da realidade 
atual. Dessa forma, quando, na sala de aula, você trabalhar com a criança 
quem sou eu?, você não se esquecerá do contexto sócio-histórico de cada 
uma, contemplando-a em sua individualidade.
Bons estudos.
Maria Soledade Gomes Borges
Introdução
A construção dos conceitos 
básicos e o ensino da 
geografi a nas séries iniciais 
do Ensino Fundamental
Capítulo
1
Figura 1: Painel Paulo Freire no CEFORTEPE.
Fonte: Wikipédia (2010c).
A partir das relações do homem com a 
realidade, resultantes de estar com ela e de 
estar nela, pelos atos de criação, recriação e 
decisão, vai ele dinamizando o seu mundo. Vai 
dominando a realidade. Vai humanizando-a. 
Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo 
é o fazedor. Vai temporalizando os espaços 
geográfi cos. Faz cultura [...] (FREIRE, 1983)
O estudo deste capítulo possibilita uma refl exão sobre a 
proposta de conteúdos da geografi a nas séries iniciais do 
Ensino Fundamental, contida nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais – PCNs – volume 5.
2 UNIUBE
Figura 2: Mapa da ecorregião da Amazônia. Os 
limites da ecorregião amazônica são mostrados 
em branco. NASA.
Fonte: Wikipédia (2010b).
A Geografia, na proposta dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, tem um tratamento 
específico como área, uma vez que oferece 
instrumentos essenciais para compreensão 
e intervenção na realidade social. Por meio 
dela, podemos compreender como diferen-
tes sociedades interagem com a natureza na 
construção de seu espaço, as singularidades 
do lugar em que vivemos, o que o diferen-
cia e o aproxima de outros lugares e, assim, 
adquirirmos uma consciência maior dos 
vínculos afetivos e de identidade que estabe-
lecemos com ele. Também podemos conhecer 
as múltiplas relações de um lugar com outros 
lugares, distantes no tempo e no espaço, e 
perceber as marcas do passado no presente.
O documento de geografia propõe um trabalho 
pedagógico que visa à ampliação das capaci-
dades dos alunos, do Ensino Fundamen-
tal, de observar, conhecer, explicar, comparar 
e representar as características do lugar em 
que vivem e de diferentes paisagens e espaços 
geográficos. (BRASIL, 1997b, p.67)
Possibilita, portanto, a compreensão de que os conceitos estudados 
para a compreensão da história – identidade, grupo social/relações 
sociais, trabalho e tempo estão intimamente ligados ao conceito de 
espaço, fundamental para os estudos da geografia.
 UNIUBE 3
Ao estudar Geografia, a criança precisa construir o conceito 
de espaço compreendendo-o como construção do homem em 
um determinado tempo e em uma determinada sociedade. 
Dessa forma, ela é capaz de perceber que as transformações 
e conquistas socioculturais e econômicas que ocorrem nesses 
espaços não são usufruídas por todos e que cada um, de acordo 
com suas possibilidades, deve colaborar para a democratização 
dessas conquistas. A construção do conceito de espaço permite à 
criança operar com as relações espaciais e entender as diferentes 
categorias de análise geográfica (território, paisagem e lugar).
Veja as relações das propostas de estudo da geografia com os 
conceitos básicos a serem construídos:
SINTETIZANDO...
POSSIBILITA 
COMPREENDER 
COMO AS 
SOCIEDADES 
INTERAGEM 
COM A 
NATUREZA NA 
CONSTRUÇÃO 
DO SEU ESPAÇO.
(TRABALHO)
POSSIBILITA 
COMPREENDER 
A 
SINGULARIDADE 
DE CADA 
ESPAÇO.
(ESPAÇO)
PERMITE A 
COMPREENSÃO 
DO QUE 
DIFERENCIA OU 
APROXIMA OS 
DIFERENTES 
LUGARES.
(ESPAÇO)
PERMITE A 
PERCEPÇÃO 
DOS VÍNCULOS 
AFETIVOS E DE 
IDENTIDADE 
COM OS LUGARES.
(GRUPO SOCIAL 
RELAÇÕES 
SOCIAIS)
PERMITE 
CONHECER A 
RELAÇÃO DE UM 
LUGAR COM 
OUTROS 
LUGARES.
(RELAÇÕES 
SOCIAIS)
PERMITE 
PERCEBER AS 
MARCAS DO 
PASSADO NO 
PRESENTE.
(TEMPO E 
ESPAÇO)
OFERECE 
INSTRUMENTOS 
PARA A 
COMPREENSÃO 
DA FORMA 
COMO O HOMEM 
PODE 
INTERFERIR NA 
REALIDADE.
(RELAÇÕES 
SOCIAIS – 
TRABALHO)
PERMITE 
CONHECER 
RELAÇÕES 
DISTANTES NO 
TEMPO E NO 
ESPAÇO.
(TEMPO E 
ESPAÇO)
GEOGRAFIA
Quadro 1: Geografia e suas relações com os conceitos básicos
 
4 UNIUBE
Os Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem como 
objetivos dos estudos da geografia no 1o ciclo (corresponde às 1a 
e 2a séries do Ensino Fundamental):
Espera‑se que, ao final do primeiro ciclo, os 
alunos sejam capazes de:
• reconhecer, na paisagem local e no lugar 
em que se encontram inseridas, as diferen-
tes manifestações da natureza e a apropria-
ção e transformação dela pela ação de sua 
coletividade, de seu grupo social;
• conhecer e comparar a presença da nature-
za, expressa na paisagem local, com as 
manifestações da natureza presentes em 
outras paisagens;
• reconhecer semelhanças e diferenças nos 
modos que diferentes grupos sociais se 
apropriam da natureza e a transformam, 
identificando suas determinações nas 
relações de trabalho, nos hábitos cotidia-
nos, nas formas de se expressar e no lazer;
• conhecer e começar a utilizar fontes de 
informação escritas e imagéticas utilizando, 
para tanto, alguns procedimentos básicos;
• saber utilizar a observação e a descrição 
na leitura direta ou indireta da paisagem, 
sobretudo por meio de ilustrações e da 
linguagem oral;
• reconhecer, no seu cotidiano, os referen-
ciais espaciais de localização, orientação 
e distância de modo a deslocar-se com 
autonomia e representar os lugares onde 
vivem e se relacionam;
• reconhecer a importância de uma atitude 
responsável de cuidado com o meio em que 
vivem, evitando o desperdício e percebendo 
os cuidados que se deve ter na preservação 
e na manutenção da natureza. (BRASIL, 
1997b, p. 89)
De acordo com os PCNs, os primeiros estudos da geografia 
devem ter em vista possibilitar ao aluno conhecer apaisagem local 
 UNIUBE 5
e o espaço em que vive: como o homem e os grupos sociais ali 
presentes se relacionaram e se relacionam hoje com a natureza e 
de que forma ocorreu a ocupação e a construção daquele espaço 
geográfico. A partir daí, o aluno poderá compreender melhor 
quais as relações entre sociedade e natureza: quais as marcas 
que as atividades econômicas e os hábitos culturais, as políticas 
ambientais têm, historicamente, deixado na paisagem local...
[...] por meio da arquitetura, da distribuição da 
população, dos hábitos alimentares, da divisão 
e constituição do trabalho, das formas de lazer 
e inclusive por suas próprias características 
biofísicas pode-se observar a presença da 
natureza e sua relação com a vida dos homens 
em sociedade. Do mesmo modo, é possível 
também compreender por que a natureza 
favorece o desenvolvimento de determinadas 
atividades e não de outras e, assim, conhecer 
as influências que uma exerce sobre outra, 
reciprocamente. (BRASIL, 1997b, p.88)
Além disso, é importante que o aluno consiga estabelecer relações 
entre a paisagem local e outras paisagens de outros tempos 
e espaços procurando observar o porquê das semelhanças e 
diferenças, das permanências e transformações através dos tempos.
É importante que você, professor(a), verifique os conhecimentos 
prévios de seus alunos com relação ao lugar onde vivem e sobre 
outros lugares que conhecem. Esses conhecimentos oriundos da 
família, das pessoas com as quais eles convivem, dos meios de 
comunicação, embora fragmentados, constituem o foco sobre o 
qual você pode atuar para sistematizar e organizar as informações 
provocando avanços nas concepções que os alunos têm sobre a 
geografia.
Embora os alunos estejam, ainda, em processo de alfabetização, 
é importante utilizar tanto imagens, desenhos, figuras como o texto 
6 UNIUBE
escrito, pois isso os ajudará no domínio da escrita e da leitura, 
essenciais para a aprendizagem de todos os conteúdos.
Brincadeiras como “Caça ao Tesouro”, “Coelhinho na Toca” e 
outras do mesmo tipo possibilitam, de forma lúdica, a construção 
do conceito de espaço. A criança deve fazer vários tipos de 
registros de suas observações. Como no desenho ela expressa 
várias noções (proporção, direção, distância), é importante 
utilizar essa forma de registro que a auxiliará na compreensão da 
linguagem cartográfica. Os alunos devem ser incentivados a ler e 
construir mapas simples que estejam ligados a situações do dia 
a dia e os auxiliem a se localizar e a se movimentar nos espaços.
A geografia é um instrumento importante 
para a compreensão do mundo, portanto, 
pensar o ensino de geografia em sua função 
alfabetizadora, é tomar as noções de espaço, 
território, lugar e ambiente como conteúdos 
alfabetizadores. Nesta perspectiva, o cotidiano 
se constitui no eixo articulador de uma prática 
alfabetizadora em que a aprendizagem 
das letras está intimamente vinculada à 
aprendizagem do espaço e as experiências 
culturais locais da criança.
A função alfabetizadora da geografia deve 
possibilitar à criança, em fase inicial de 
escolarização, traduzir suas percepções e 
configurações espaciais em linguagem. Tal 
aprendizagem é um processo de múltiplas 
operações mentais que se desenvolve a 
partir da compreensão simbólica do mundo 
e das relações espaciais topológicas locais. 
(PERES, [s/d])
Utilizando diferentes tipos de mapas, atlas, globo terrestre, 
plantas e maquetes, trabalhando com imagens e representação 
dos lugares, realizando estudos do meio onde vivem por meio de 
visitas e excursões, os alunos compreenderão mais rapidamente 
a linguagem da geografia.
 UNIUBE 7
Alguns procedimentos fazem parte dos métodos para trabalhar 
o conhecimento geográfico e devem ser orientados por você, 
como professor(a): observar, descrever, representar e construir 
explicações, sobretudo no início dos estudos, quando a 
criança ainda não tem autonomia e precisa da sua presença e 
direcionamento. Ela deve aprender a olhar de forma intencional, 
buscando respostas para problemas observados, elaborando 
hipóteses e registrando suas conclusões. De acordo com os 
PCNs:
Ensinar os alunos a ler uma imagem, a 
observar uma paisagem ou ainda a ler um 
texto – mesmo que a leitura não seja realizada 
diretamente por eles – para pesquisar e 
obter informações faz parte do trabalho do 
professor desse ciclo. Do mesmo modo, cabe 
a ele estimular e intermediar discussões 
entre os próprios alunos, para que possam 
aprender a compartilhar seus conhecimentos, 
elaborar perguntas, confrontar suas opiniões, 
ouvir seus semelhantes e se posicionar diante 
do grupo (BRASIL, 1997b, p. 87).
Adotando essas práticas em suas aulas, você estará auxiliando o 
aluno a construir e a reconstruir sua forma de “olhar” a paisagem 
local, tornando-se consciente dos vínculos afetivos e de identidade 
que tem com o lugar onde vive.
O trabalho de forma interdisciplinar é essencial nessa fase para 
que a criança compreenda o mundo onde vive de forma global e 
não fragmentada:
[...] a interface com a História é essencial. 
A Geografia pode trabalhar com recortes 
temporais e espaciais distintos dos da História, 
embora não possa construir interpretações de 
uma paisagem sem buscar sua historicidade. 
Uma abordagem que pretende ler a paisagem 
local, estabelecer comparações, interpretar 
as múltiplas relações entre a sociedade e a 
natureza de um determinado lugar, pressupõe 
8 UNIUBE
uma inter-relação entre essas disciplinas, 
tanto nas problematizações quanto nos 
conteúdos e procedimentos. Com a área de 
Ciências também há uma afinidade peculiar 
nos conteúdos desse ciclo, uma vez que 
o funcionamento da natureza e suas 
determinações na vida dos homens devem ser 
estudados. (BRASIL, 1997b, p. 88)
Portanto, o importante é que você, professor(a), esteja atento 
aos saberes que os alunos trazem de suas vivências, auxilie na 
construção de novos saberes, oriente-os para que saibam ler uma 
imagem, observar uma paisagem ou ler um texto e organize o 
conteúdo de forma interdisciplinar sem, no entanto, se esquecer 
da especificidade do campo de estudos da Geografia.
Prezado aluno, ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• refletir sobre a proposta de ensino da Geografia contida nos 
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs – volume 5 (séries 
iniciais do Ensino Fundamental ‑ Geografia) analisando suas 
bases teóricas e as práticas pedagógicas propostas para esse 
campo do conhecimento, na escola (séries iniciais do Ensino 
Fundamental);
• identificar as características e o significado social do conheci-
mento geográfico na escola;
• identificar as etapas da construção do conceito de espaço pela 
criança;
• utilizar metodologias que possibilitem a construção do conceito 
de espaço e localização espacial e a compreensão da relação 
deste conceito com os de: grupo social/relações sociais e tempo;
• identificar as categorias de análise geográfica: território, paisa-
gem e lugar, como se dá o seu processo de construção e qual o 
papel das sociedades na (re)construção e (re)produção desses 
espaços;
Objetivos
 UNIUBE 9
• analisar as ações do homem em sociedade e as consequências 
dessas ações, em diferentes espaços e tempos, para agir de 
forma consciente com relação às questões socioambientais;
• utilizar metodologias que promovam a interdisciplinaridade, su-
perando a visão fragmentada da construção do conhecimento 
nos diferentes componentes curriculares das séries iniciais do 
Ensino Fundamental.
1.1 Características e significado social do conhecimento geográfico 
na escola
1.2 A construção do conceito de espaço
1.3 A localização espacial
1.4 A importância social do conhecimento geográfico
1.5 O conteúdo da geografia: trabalhando com blocos temáticos
1.6 Conclusão
Esquema
Características e significado social do conhecimento 
geográfico na escola
1.1
Quando você se recorda dos seus estudos de geografia nas séries 
iniciais do Ensino Fundamental, é provável que venha àsua cabeça 
decorar nomes e mais nomes de serras, rios, nomes de estados e suas 
capitais, cidades principais etc. Era um estudo da Geografia que, mesmo 
percebendo a presença do homem nos diferentes espaços, não tinha 
como objetivo analisar as relações sociais estabelecidas na interação 
homem-natureza.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam que:
[...] estudava‑se a população, mas não a sociedade; 
os estabelecimentos humanos, mas não as relações 
sociais; as técnicas e os instrumentos de trabalho, mas 
não o processo de produção. Ou seja, não se discutiam 
as relações intrínsecas à sociedade, abstraindo assim o 
homem do seu caráter social. (BRASIL, 1997b, p. 103)
10 UNIUBE
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, essa forma de 
estudar era característica da chamada Geografia Tradicional. Os estudos 
eram centrados na explicação objetiva e quantitativa da realidade.
Você considera que, hoje, houve modificações na forma de estudar os 
conteúdos da geografia? Como você percebe as propostas para este estudo 
nas escolas? Continuam sendo apenas um estudo descritivo, com base na 
memorização? 
Castrogiovanni e Goulart (1990), em artigo publicado pela Revista 
Educação e Realidade, ressaltam a importância de o professor manter 
o entusiasmo e a criatividade em sala de aula e que, para isso, é preciso 
acreditar no que está fazendo. Partem, então, de três perguntas que 
podem direcionar o caminho do ensino da geografia em sala de aula:
O que é geografia? Para que serve a geografia? Qual a sua 
função como disciplina escolar?
Em resposta a essas questões, consideram que:
Geografia é o campo do conhecimento que busca a 
compreensão do espaço produzido pela sociedade, 
suas desigualdades e contradições (sic), as relações 
de produção que nele se desenvolve, bem como 
a apropriação que essa sociedade faz da natureza. 
(CASTROGIOVANNI; GOULART, 1990, p. 64)
Portanto, não é possível estudar o espaço isolando natureza e sociedade. 
E para que serve o estudo da Geografia? Os autores consideram que
[...] cabe à Geografia explicar como as sociedades 
produzem o espaço, conforme seus interesses em 
determinado momento histórico.
[...] Assim, enquanto disciplina escolar, a Geografia 
ajuda o aluno a entender a estruturação e a 
organização do espaço; a compreender como é 
que as sociedades vão utilizando e transformando 
os recursos de que dispõem, de acordo com seus 
 UNIUBE 11
interesses e contradições. Para isso as crianças 
precisam desenvolver “as habilidades de localização, 
orientação, interpretação e representação desde as 
séries iniciais, pois são instrumentos de conhecimento 
para a valorização e utilização da natureza, assim como 
para a estruturação espacial”. (CASTROGIOVANNI; 
GOULART, 1990, p. 64)
Você já refletiu sobre essas questões? Essas preocupações fazem parte do 
seu trabalho na escola? E, se você ainda não é professor, percebeu seus 
estudos de geografia na escola dessa forma?
PARADA PARA REFLEXÃO
Os PCNs chamam a atenção para a caracterização da área da geografia no 
Ensino Fundamental. Leia, com atenção, o texto dos PCNs a seguir:
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE GEOGRAFIA
Geografia no Ensino Fundamental
A produção acadêmica em torno da concepção de 
Geografia passou por diferentes momentos, gerando 
reflexões distintas acerca dos objetos e métodos do fazer 
geográfico. De certa forma, essas reflexões influenciaram 
e ainda influenciam muitas das práticas de ensino. Em 
linhas gerais, suas principais tendências podem assim ser 
apresentadas.
As primeiras tendências da Geografia no Brasil 
nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia 
da Universidade de São Paulo e do Departamento de 
Geografia, quando, a partir da década de 40, a disciplina 
Geografia passou a ser ensinada por professores 
licenciados, com forte influência da escola francesa de 
Vidal de La Blanche.
Essa Geografia era marcada pela explicação objetiva 
e quantitativa da realidade que fundamentava a escola 
francesa de então. Foi essa escola que imprimiu ao 
pensamento geográfico o mito da ciência asséptica, não 
SAIBA MAIS
12 UNIUBE
politizada, com o argumento da neutralidade do discurso 
científico. Tinha como meta abordar as relações do 
homem com a natureza de forma objetiva, buscando a 
formulação de leis gerais de interpretação.
Essa tendência da Geografia e as correntes que dela se 
desdobraram foram chamadas de Geografia Tradicional. 
Apesar de valorizar o papel do homem como sujeito 
histórico, propunha-se, na análise da produção do espaço 
geográfico, estudar a relação homem‑natureza sem 
priorizar as relações sociais. Por exemplo, estudava-se 
a população, mas não a sociedade; os estabelecimentos 
humanos, mas não as relações sociais; as técnicas e 
os instrumentos de trabalho, mas não o processo 
de produção. Ou seja, não se discutiam as relações 
intrínsecas à sociedade, abstraindo assim o homem de 
seu caráter social. Era baseada, de forma significativa, 
em estudos empíricos, articulada de forma fragmentada e 
com forte viés naturalizante.
No ensino, essa Geografia se traduziu, e muitas vezes 
ainda se traduz, pelo estudo descritivo das paisagens 
naturais e humanizadas, de forma dissociada do espaço 
vivido pela sociedade e das relações contraditórias de 
produção e organização do espaço. Os procedimentos 
didáticos adotados promoviam principalmente a 
descrição e a memorização dos elementos que 
compõem as paisagens sem, contudo, esperar que 
os alunos estabelecessem relações, analogias ou 
generalizações. Pretendia‑se ensinar uma Geografia 
neutra. Essa perspectiva marcou também a produção dos 
livros didáticos até meados da década de 70 e, mesmo 
hoje em dia, muitos ainda apresentam em seu corpo 
ideias, interpretações ou até mesmo expectativas de 
aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional.
No pós-guerra, a realidade tornou-se mais complexa: o 
desenvolvimento do capitalismo afastou-se cada vez mais 
da fase concorrencial e penetrou na fase monopolista do 
grande capital; a urbanização acentuou-se e megalópoles 
começaram a se constituir; o espaço agrário sofreu as 
modificações estruturais comandadas pela Revolução 
Verde, em função da industrialização e da mecanização 
das atividades agrícolas em várias partes do mundo; as 
realidades locais passaram a estar articuladas em uma 
rede de escala mundial. Cada lugar deixou de explicar-se 
por si mesmo.
Os métodos e as teorias da Geografia Tradicional 
tornaram‑se insuficientes para apreender essa 
complexidade e, principalmente, para explicá-la. O 
 UNIUBE 13
levantamento feito por meio de estudos apenas 
empíricos tornou‑se insuficiente. Era preciso realizar 
estudos voltados para a análise das relações mundiais, 
análises essas também de ordem econômica, social, 
política e ideológica. Por outro lado, o meio técnico e 
científico passou a exercer forte influência nas pesquisas 
realizadas no campo da Geografia. Para estudar o 
espaço geográfico globalizado, começou‑se a recorrer 
às tecnologias aeroespaciais, tais como o sensoriamento 
remoto, as fotos de satélite e o computador como 
articulador de massa de dados: surgem os SIG (Sistemas 
Geográficos de Informações).
A partir dos anos 60, sob influência das teorias 
marxistas, surge uma tendência crítica à Geografia 
Tradicional, cujo centro de preocupações passa a ser 
as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na 
produção do espaço geográfico. Ou seja, os geógrafos 
procuraram estudar a sociedade por meio das relações 
de trabalho e da apropriação humana da natureza para 
produzir e distribuir os bens necessários às condições 
materiais que a garantem. Critica‑se a Geografia 
Tradicional, do Estado e das classes sociais dominantes, 
propondo‑se uma Geografia das lutas sociais. Num 
processo quase militante de importantes geógrafos 
brasileiros, difunde‑se a Geografia Marxista. (BRASIL, 
1997, p.71-72)
Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o 
mundo, é preciso transformá‑lo. Assim a geografia ganha 
conteúdospolíticos que são significativos na formação 
do cidadão. As transformações teóricas e metodológicas 
dessa geografia tiveram grande influência na produção 
científica das últimas décadas. Para o ensino, essa 
perspectiva trouxe uma nova forma de se interpretar as 
categorias de espaço geográfico, território e paisagem, 
e influenciou, a partir dos anos 1980, uma série de 
propostas curriculares voltadas para o segmento de 
quinta a oitava séries.
Essas propostas, no entanto, foram centradas em questões 
referentes a explicações econômicas e a relações de 
trabalho que se mostraram, no geral, inadequadas para 
os alunos dessa etapa da escolaridade, devido a sua 
complexidade. Além disso, a prática da maioria dos 
professores e de muitos livros didáticos conservaram a 
linha tradicional, descritiva e descontextualizada herdada 
da Geografia Tradicional, mesmo quando o enfoque dos 
assuntos estudados era marcado pela Geografia Marxista.
14 UNIUBE
Tanto a Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista 
ortodoxa negligenciaram a relação do homem e da 
sociedade com a natureza em sua dimensão sensível 
de percepção do mundo: o cientificismo positivista da 
Geografia Tradicional, por negar ao homem a possibilidade 
de um conhecimento que passasse pela subjetividade do 
imaginário; o marxismo ortodoxo, por tachar de idealismo 
alienante qualquer explicação subjetiva e afetiva da relação 
da sociedade com a natureza.
Uma das características fundamentais da produção 
acadêmica da Geografia desta última década é 
justamente a definição de abordagens que considerem 
as dimensões subjetivas e, portanto, singulares que os 
homens em sociedade estabelecem com a natureza. 
Essas dimensões são socialmente elaboradas — fruto 
das experiências individuais marcadas pela cultura na 
qual se encontram inseridas — e resultam em diferentes 
percepções do espaço geográfico e sua construção.
É, essencialmente, a busca de explicações mais plurais, 
que promovam a interseção da Geografia com outros 
campos do saber, como a Antropologia, a Sociologia, 
a Biologia, as Ciências Políticas, por exemplo. 
Uma Geografia que não seja apenas centrada na 
descrição empírica das paisagens, tampouco pautada 
exclusivamente na interpretação política e econômica do 
mundo; que trabalhe tanto as relações socioculturais da 
paisagem como os elementos físicos e biológicos que 
dela fazem parte, investigando as múltiplas interações 
entre eles estabelecidas na constituição de um espaço: o 
espaço geográfico.
As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto 
e método da Geografia como ciência, presentes no meio 
acadêmico tiveram repercussões diversas no Ensino 
Fundamental. Positivas de certa forma, já que foram um 
estímulo para a inovação e a produção de novos modelos 
didáticos.
Mas também negativas, pois a rápida incorporação das 
mudanças produzidas pelo meio acadêmico provocou a 
produção de inúmeras propostas didáticas, descartadas 
a cada inovação conceitual e, principalmente, sem 
que existissem ações concretas para que realmente 
atingissem o professor em sala de aula, sobretudo o 
professor das séries iniciais que, sem apoio técnico e 
teórico, continuou e continua, de modo geral, a ensinar 
Geografia apoiando‑se apenas na descrição dos fatos e 
ancorando-se quase que exclusivamente no livro didático.
 UNIUBE 15
Mas não apenas a prática do professor se encontra 
permeada por essa indefinição e confusão; muitas 
propostas de ensino também o estão. Segundo 
a análise feita pela Fundação Carlos Chagas, 
observa-se, sobretudo nas propostas curriculares 
produzidas nas últimas décadas, que o ensino de 
Geografia apresenta problemas tanto de ordem 
epistemológica e de pressupostos teóricos como 
outros referentes à escolha dos conteúdos. No geral, 
são eles:
• abandono de conteúdos fundamentais da Geografia, 
tais como as categorias de nação, território, lugar, 
paisagem e até mesmo de espaço geográfico, bem 
como do estudo dos elementos físicos e biológicos 
que se encontram aí presentes;
• são comuns modismos que buscam sensibilizar 
os alunos para temáticas mais atuais, sem uma 
preocupação real de promover uma compreensão 
dos múltiplos fatores que delas são causas ou 
decorrências, o que provoca um “envelhecimento” 
rápido dos conteúdos. Um exemplo é a adaptação 
forçada das questões ambientais em currículos e 
livros didáticos que ainda preservam um discurso da 
Geografia Tradicional e não têm como objetivo uma 
compreensão processual e crítica dessas questões, 
vindo a se transformar na aprendizagem de slogans;
• há uma preocupação maior com conteúdos 
conceituais do que com conteúdos procedimentais. 
O objetivo do ensino fica restrito, assim, à 
aprendizagem de fenômenos e conceitos, 
desconsiderando a aprendizagem de procedimentos 
fundamentais para a compreensão dos métodos 
e explicações com os quais a própria Geografia 
trabalha;
• as propostas pedagógicas separam a Geografia 
humana da Geografia física em relação àquilo que 
deve ser apreendido como conteúdo específico: ou 
a abordagem é essencialmente social e a natureza 
é um apêndice, um recurso natural, ou então 
se trabalha a gênese dos fenômenos naturais de 
forma pura, analisando suas leis, em detrimento da 
possibilidade exclusiva da Geografia de interpretar os 
fenômenos numa abordagem socioambiental;
• a memorização tem sido o exercício fundamental 
praticado no ensino de Geografia, mesmo nas 
abordagens mais avançadas. Apesar da proposta 
16 UNIUBE
de problematização, de estudo do meio e da forte 
ênfase que se dá ao papel dos sujeitos sociais na 
construção do território e do espaço, o que se avalia 
ao final de cada estudo é se o aluno memorizou ou 
não os fenômenos e conceitos trabalhados e não 
aquilo que pôde identificar e compreender das 
múltiplas relações aí existentes;
• a noção de escala espaço-temporal muitas vezes 
não é clara, ou seja, não se explicita como os temas 
de âmbito local estão presentes naqueles de âmbito 
universal e vice‑versa, e como o espaço geográfico 
materializa diferentes tempos (da sociedade e da 
natureza). (BRASIL, 1997b, p. 72‑73).
O ensino de Geografia pode levar os alunos a compre-
enderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando 
que nela interfiram de maneira mais consciente e proposi-
tiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram 
conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedi-
mentos básicos com os quais este campo do conheci-
mento opera e constitui suas teorias e explicações, de 
modo a poder não apenas compreender as relações 
socioculturais e o funcionamento da natureza às quais 
historicamente pertence, mas também conhecer e saber 
utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade: o 
conhecimento geográfico. (BRASIL, 1997b, p.74)
Os avanços das pesquisas realizadas nos diversos campos da geografia, 
bem como a utilização de novas técnicas para estudar o espaço 
geográfico globalizado (tecnologias aeroespaciais, por exemplo), vêm 
provocando modificações nas propostas de estudos da área.
Ao caracterizar a área de geografia, os PCNs apresentam um histórico 
dos estudos desse conteúdo: as primeiras tendências da geografia no 
Brasil vinculam-se à Geografia Tradicional. Criticando a posição da 
Geografia Tradicional e tomando como referência as teorias marxistas, 
surge uma nova proposta de estudos – a Geografia Marxista – uma 
geografia das lutas sociais, com um forte componente político; trata‑se 
de um estudo da sociedade analisando as relações de trabalho e a forma 
de apropriação do espaço pelo capitalismo; nessa perspectiva, estuda-se 
geografia não só para explicar o mundo, mas para transformá‑lo.
 UNIUBE 17
De acordo com os PCNs (BRASIL, 1997b, p. 71‑72):
Geografia Tradicional: trata‑se de uma geografia fundamentada na 
explicação objetiva e quantitativa da realidade; uma geografia “neutra”, 
não-politizada que tem como objetivo abordar a relação do homem com a 
natureza de forma objetiva.
Geografia Marxista: uma concepção de geografiaque se preocupa com a 
formação do cidadão por meio de conteúdos políticos. Considera que não 
basta explicar o mundo, mas é preciso transformá-lo.
SAIBA MAIS
Os PCNs apontam críticas a essas duas posições: 
tanto a Geografia Tradicional como a Marxista 
deixaram de valorizar os aspectos da subjetividade 
e afetividade do homem na sua relação com a 
natureza. Um dos elementos importantes que 
caracteriza a produção acadêmica da geografia 
nas últimas décadas é uma nova abordagem que 
considera:
[...] as dimensões subjetivas e, portanto, 
singulares que os homens em sociedade 
estabelecem com a natureza e que [...] são 
fruto das experiências individuais marcadas 
pela cultura na qual se encontram inseridas 
– e resultam em diferentes percepções 
do espaço geográfico e sua construção. 
(BRASIL, 1997b, p.105‑106)
Subjetividade 
Dimensão relacionada 
ao sujeito; que é 
individual, pessoal, 
particular. No estudo 
da geografia, significa 
a preocupação 
com as dimensões 
singulares que os 
seres humanos 
em sociedade 
estabelecem com a 
natureza, resultantes 
de experiências 
individuais, marcadas 
pela cultura à qual o 
indivíduo pertence 
e que são fruto de 
diferentes percepções 
do espaço geográfico.
18 UNIUBE
No entanto, percebe-se hoje que, ao aderir às novas propostas, o 
ensino da Geografia tem apresentado problemas sérios por várias 
causas: adesão aos modismos sem conseguir se desvincular do que 
foi criticado na forma de ensino da Geografia Tradicional; preocupação 
com os conteúdos conceituais deixando de lado os procedimentais e 
também os atitudinais que são muito importantes para a compreensão 
da geografia, abandono de conteúdos importantes para a compreensão 
da geografia tais como: o estudo das categorias do espaço geográfico 
– território, lugar, paisagem; o estudo dos elementos físicos e biológicos 
presentes nos espaços; separação da geografia física da geografia 
humana. A metodologia continua centrada na memorização e não se 
estabelece a relação entre o espaço local com outros espaços em 
diferentes tempos.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os termos destacados...
Conteúdos conceituais
Referem-se à construção ativa das capacidades intelectuais para operar 
com símbolos, ideias, imagens e representações que permitem organizar a 
realidade. [...] A aprendizagem de conceitos permite organizar a realidade, 
mas só é possível a partir da aprendizagem de conteúdos referentes a fatos 
(nomes, imagens, representações). [...] Aprender conceitos permite atribuir 
significados aos conteúdos aprendidos e relacioná‑los a outros. 
Conteúdos procedimentais
Os procedimentos expressam um saber fazer, que envolve tomar decisões e 
realizar uma série de ações, de forma ordenada e não aleatória, para atingir 
uma meta. [...] os conteúdos procedimentais sempre estão presentes nos 
projetos de ensino, pois uma pesquisa, um experimento, um resumo, uma 
maquete, são proposições de ações presentes nas salas de aula. 
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
 UNIUBE 19
Conteúdos atitudinais
De acordo com os PCNs, são conteúdos que devem estar presentes em 
todo o conhecimento escolar e referem-se a atitudes, valores e normas que 
a escola, como contexto socializador, precisa cultivar nos alunos e que não 
são construídos somente a partir de informações. “Para a aprendizagem 
de atitudes é necessária uma prática constante, coerente e sistemática, em 
que valores e atitudes almejados sejam expressos no relacionamento entre 
as pessoas e na escolha dos assuntos a serem tratados. (BRASIL, 1997a, 
p. 74-76).
Neidson Rodrigues (1993) afirma que a geografia:
[...] se despojada de sua deformação de ciência que 
se limita a descrever pontos geográficos, rios e picos, 
poderia se transformar num poderoso instrumento de 
conhecimento do espaço como produção humana, seja 
o espaço do homem do campo, seja o espaço urbano, 
seja o espaço natural apropriado e transformado 
pela ação ordenada ou desordenada, produtiva ou 
predativa, construtiva ou destrutiva, dos interesses que 
determinam a sua ocupação. O estudo da geografia 
deve mostrar que o espaço incorporado à realidade 
humana se humaniza pelo trabalho humano e o trabalho 
não pode ser apossado por poucos que consomem 
o fruto do trabalho junto com a vida do trabalhador. 
(RODRIGUES, 1993, p. 84)
Estudar os Parâmetros Curriculares Nacionais é importante para todos 
os professores, principalmente o PCN que se refere ao conteúdo que o 
professor leciona, pois ele fornece a oportunidade de compreensão tanto 
do que se propõe quanto à forma de operacionalização desse conteúdo em 
sala de aula.
IMPORTANTE!
20 UNIUBE
A construção do conceito de espaço1.2
De acordo com os estudos que estão sendo desenvolvidos desde a 
primeira etapa do curso, você já compreendeu que a escola precisa 
possibilitar à criança a compreensão do que é a vida em sociedade e 
como se dá a ação dos grupos sociais no tempo e no espaço.
Como possibilitar a construção do conceito de espaço?
Na medida em que as interações do sujeito com o seu meio ambiente vão 
ocorrendo, a noção de espaço se desenvolve e se amplia. Para que isso 
ocorra, é preciso que a criança vivencie situações em que utilize relações 
espaciais como: saber localizar-se, analisar espaços sociais, compreender 
que esses espaços foram construídos e também destruídos pelo homem 
em um determinado tempo. Portanto, a construção desse conceito é 
essencial para que a criança possa situar-se espacialmente e compreender 
não só a sua realidade próxima, mas ampliar a visão de mundo.
Para construir esse conceito, a criança precisa saber não só localizar-se 
como também orientar‑se e expressar‑se graficamente, isto é, saber 
traçar no papel um trajeto que faz de um ponto a outro, identificar algum 
local em uma planta da escola ou de um bairro, por exemplo.
No início desses estudos, saber localizar‑se significa apenas que ela 
compreende as relações de proximidade e vizinhança: começa a situar-se 
em relação a outros objetos, outra pessoa. Aos poucos consegue sair do 
seu próprio ponto de referência (motivado pelo egocentrismo) e situar os 
objetos uns em relação aos outros. Isso é um grande avanço com relação 
à compreensão do espaço. Percebe que, tanto o seu próprio corpo como 
os objetos ocupam espaços diferenciados (noção de separação); vai 
construindo a noção de envolvimento ou fechamento, isto é, percebe-se 
e localiza objetos dentro ou fora de um determinado espaço.
 UNIUBE 21
Os desafios para a construção do conceito de espaço não podem se 
limitar ao conhecimento de rótulos como: longe‑perto, dentro/fora, em 
cima/ embaixo por meio de exercícios gráficos. De nada adianta à criança 
colocar um X em um objeto que está em cima de uma mesa se ela 
não tiver experenciado concretamente o que significa estar em cima ou 
embaixo.
Para Castellar (2005), a aprendizagem da geografia na Educação 
Básica consiste em um processo de “construção da espacialidade 
que corresponde a orientar‑se, deslocar‑se no espaço” capacitando 
o aluno para aplicar os saberes geográficos na utilização de mapas e 
em trabalhos de campo. Ampliará, também, a sua compreensão dos 
espaços de sua localidade, de sua região, do mundo; entenderá as 
semelhanças e diferenças entre os espaços e o que dá identidade a 
cada um deles; perceberá como os lugares foram sendo organizados 
socialmente e perceberá como os homens foram utilizando os recursos 
naturais disponíveis.
De acordo com a Aula no 6 – A Construção da Noção de Espaço – que faz 
parte de uma sequência de vinte aulas propostas pelo Centro Brasileiro 
de TV Educativa (MEC), apresentadas em uma proposta de Qualificação 
profissional para o magistério (1987), na construção das noções 
espaciais, a criança passa por diversas fases que estão ligadas ao seu 
desenvolvimento. A criança constrói as noções espaciais “operando”, 
de forma gradativa com elas.
Engatinhando, andando no caracol, enfiando contas no 
colar, desenhando trajetos, jogando “batalha Naval”, a 
criança está vivenciandodiferentes tipos de relações 
espaciais. Assim ela constrói gradativamente a noção 
de espaço, através da ação físico-motora e da ação 
mental representada. (BRASIL, 1987)
A criança, por meio dos sentidos e das atividades de deslocamento que 
realiza desde o período sensório-motor (rastejar, engatinhar, andar), vai 
22 UNIUBE
adquirindo as primeiras noções de espaço. De acordo com essa proposta 
de Qualificação para o Magistério desenvolvida pela TVE/MEC, em um 
primeiro momento, o espaço é o espaço da ação, um espaço prático que 
a criança vai dominando aos poucos. Ele é construído em contato direto 
com o objeto.
Com o aparecimento da função simbólica, por volta dos dois anos, a 
criança vai, aos poucos, tornando-se capaz de representar esses 
espaços: falar sobre eles e desenhá-los. É o espaço que é construído 
na ausência do objeto. Se de início ela interioriza as ações vivenciadas 
por ela (espaço intuitivo), mais tarde, na fase do espaço operatório já 
consegue fazer ordenações diretas e também é capaz de representar 
a ordem inversa. Assim, a criança vai entendendo que pode estar, por 
exemplo, à direita de um objeto, mas ao mesmo tempo à esquerda de 
um outro. As representações que constrói são móveis e reversíveis.
Segundo Brasil (1987), temos as seguintes considerações.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Figura 3: Criança engatinhando.
Fonte: Adaptada de Brasil (1987, p. 47).
A criança, ao engatinhar, por meio de movimentos do próprio corpo, explora 
e ocupa o espaço. Ações como rastejar, rodear, seguir, voltar, entre outras, 
estão ligadas à noção de espaço (BRASIL, 1987, p. 47).
 UNIUBE 23
Figura 4: Andando no caracol.
Fonte: Adaptada de Brasil (1987, p. 47).
Acompanhando limites do desenho no chão, andando no caracol, a criança 
realiza atividades de vizinhança, de dentro e fora, contínuo, que já domina, 
ou seja, utiliza‑se de relações espaciais (BRASIL, 1987, p. 47).
Figura 5: Enfiando contas.
Fonte: Adaptada de Brasil (1987, p. 47).
Ao fazer um colar colorido, uma criança de cinco anos apresenta o domínio 
sequencial quando considera a ordem de vizinhança das cores, mesmo que, 
não consiga inverter a ordem feita, quando solicitada (BRASIL, 1987, p. 47).
Figura 6: Construindo um itinerário.
Fonte: Adaptada de Brasil (1987, p. 47).
24 UNIUBE
Ao ter a oportunidade de desenhar um itinerário de ida e volta, a criança 
pode representar graficamente um passeio, por exemplo, evocando uma 
ação realizada anteriormente (BRASIL, 1987, p. 47).
Figura 7: Batalha Naval.
Fonte: Adaptada de Brasil (1987, p. 47).
Em jogos como “Batalha Naval”, por exemplo, a criança tem a oportunidade 
de utilizar duas referências como a vertical e a horizontal, bem como dois 
eixos de coordenadas, para localizar objetos (BRASIL, 1997, p. 47).
• Espaço perceptivo ou espaço da ação: refere-se às primeiras noções de 
espaço: ao lado, perto, longe, dentro, fora, em cima, embaixo. Esse é 
um espaço prático, construído por meio dos sentidos e de seus próprios 
deslocamentos. Nessa fase é preciso dar possibilidade para que a criança 
explore e ocupe o espaço com o próprio corpo. Por isso ela precisa 
engatinhar, rastejar, subir, descer, ir a um lugar à sua frente, voltar etc.
• Espaço representativo: tem início com o aparecimento da função 
simbólica, quando a criança já é capaz de pensar sobre coisas ausentes; 
ocorre com o surgimento da linguagem; a criança se torna capaz de 
substituir uma ação por um símbolo, torna-se capaz de interiorizar as 
ações (sabe falar sobre os espaços, desenhá-los).
EXPLICANDO MELHOR
 UNIUBE 25
Esta fase se subdivide em duas:
• Espaço intuitivo: as representações que a criança faz são ainda estáticas e 
irreversíveis. Quando ordena objetos – cartões coloridos, por exemplo – em 
uma sequência de cores, não é capaz de representá-los na ordem inversa.
• Espaço operatório: a capacidade de fazer representações se torna móvel 
e reversível. Por exemplo: é capaz de traçar um trajeto para ir de um ponto 
ao outro e representar a inversão desse trajeto.
Por que é importante que o professor compreenda como a 
criança constrói o conceito de espaço e em que fase se encontra?
Porque dessa forma ele é capaz de identificar as possibilidades da 
criança naquele momento e desenvolver o seu trabalho a partir desse 
conhecimento.
Saber “ler” o mundo social e desvendar a sua lógica; 
conhecer as regras e as leis que regem a organização 
e estruturação do espaço, desde o espaço cotidiano 
da criança até o espaço‑nação – isso tudo significa 
educar‑se e educar a criança. (BRASIL, 1987, p. 49)
Como você pode facilitar a construção do conceito de espaço, 
na escola?
• Utilizando jogos e brincadeiras que você, professor(a), provavelmente 
conhece, o que facilita a construção do conceito de espaço: Coelhinho 
na Toca, Caça ao Tesouro etc.;
• brincando com jogos pedagógicos que possibilitem encaixes, 
construções diversas e com espaços tridimensionais (entrar e sair de 
caixas, construir túneis, maquetes com sucatas, etc.);
EXEMPLIFICANDO!
26 UNIUBE
• trabalhando com dobraduras, montando e desmontando caixas para que 
elas se tornem figuras planas;
• solicitando às crianças que o(a) ajudem a organizar o espaço da sala de 
aula, tanto para o uso individual ou para o coletivo (trabalho em grupo, 
apresentações artísticas) e conversando com elas sobre como foi feita 
a arrumação;
• criando legendas para contar uma história (por exemplo, “Os três 
porquinhos), utilizando símbolos que representem os diferentes 
elementos da paisagem (esta atividade prepara a criança para entender, 
mais tarde, a linguagem representativa nos mapas geográficos);
• reproduzindo sequências espaciais com bandeirinhas coloridas, palitos, 
com contas enfiadas em cordões, em atividades gráficas no papel;
• propondo “aulas‑passeio” para estudo do meio: planejando anteriormente 
(para onde vamos? Com que objetivo? O que vamos observar? O que 
vamos perguntar? Como vamos registrar nossas aprendizagens?) Esse 
tipo de atividade, se bem planejada, é de grande valor educativo;
• movimentando-se de um lugar para outro na escola, ou mesmo fora 
dela e registrando o caminho percorrido e quais os pontos de referência 
foram utilizados;
• descrevendo ou representando um espaço (desenhando a planta da 
sala de aula, por exemplo);
• trabalhando com mapas e representações cartográficas.
No vídeo O desenho da criança, a educadora Monique Deheinzelin comenta 
as ações e falas das crianças e explica por que por meio do desenho e da 
manipulação da argila, as crianças traduzem suas noções espaciais.
PESQUISANDO NA WEB
 UNIUBE 27
Caso você queira conhecer melhor sobre esse assunto, acesse o endereço:
<http://revistaescola.abril.com.br/crianca‑e‑adolescente/desenvol-
vimento‑e‑aprendizagem/peca‑mundo‑constroi‑espaco‑pontos‑re
ferencia-crianca-lateralidade-reversibilidade-503957.shtml>
Vale a pela você conhecer!
Você pode trabalhar de forma lúdica utilizando a literatura como recurso 
para perceber como as crianças compreendem a noção de espaço. Veja 
a sugestão a seguir:
Leia o poema “O Menino Azul”, de Cecília Meireles, com atenção. 
Utilizando esse poema, além de possibilitar que as crianças conheçam 
esta grande poetiza e chamar a atenção para a beleza dos versos, que 
conceitos espaciais você pode explorar em sala de aula? Descreva que 
estratégias e recursos você utilizaria. Converse com seus colegas e 
socialize os resultados!
O Menino Azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
Cecília Meireles
Caso você queira ler o poema na íntegra, acesse o endereço:
<http://www.paulinas.org.br/arquivos/cecilia.pdf>
PESQUISANDO NA WEB
28 UNIUBE
A localização espacial1.3
Quando a criança inicia o Ensino Fundamental, por volta dos seis ou sete 
anos, ela já possui conhecimentos relacionados à localização espacial 
como fruto se suas experiências anteriores. Ela já sabe o que significa 
dentro, fora, em cima, embaixo, longe, perto,ao lado, entre... De acordo 
com a proposta de Qualificação para o Magistério (TVE/MEC – Aula no 
7) o trabalho da escola será o de propor desafios para que as crianças 
ampliem e aprofundem essas noções por meio de experiências vividas.
Para Piaget, ao construir e representar o espaço, a criança utiliza três 
tipos de relações geométricas: as relações topológicas, as projetivas e 
as euclidianas.
As relações topológicas são as primeiras. As crianças utilizam-se de 
relações de vizinhança, dentro-fora:
[...] as relações topológicas, por serem as primeiras relações 
construídas pelas crianças, possuem caráter qualitativo, 
no qual não existe nenhuma preocupação com dados 
numéricos, isto é, ênfase nas questões que envolvem 
proporcionalidade ou distância, que só vai ocorrer após 
construção das relações projetivas e posteriormente das 
euclidianas (MURAKAMI; FRANCO, 2008).
Quando a criança começa a utilizar as dimensões: em cima, embaixo, 
na frente, atrás, à direita, à esquerda, ela toma como referência um outro 
tipo de relação espacial geométrica denominada “projetiva”.
De início ela toma como referência o seu próprio corpo no espaço e, 
paulatinamente, vai deslocando o ponto de referência para outras 
pessoas ou objetos, conseguindo situar-se em relação a eles ou situar 
 UNIUBE 29
uns em relação aos outros. Isso ocorre na medida em que a criança 
consegue sair da compreensão do mundo centrada em si mesma e 
avança para uma compreensão mais aberta.
De acordo com a proposta de Qualificação para o Magistério (TVE/MEC 
– aula no 7), uma das noções mais importantes que ela vai adquirindo 
nessa fase é a de direita e esquerda. Por volta de 5 a 8 anos (mais ou 
menos) ela consegue perceber direita e esquerda apenas do seu ponto 
de vista. Entre 8 e 11 anos (aproximadamente) ela consegue identificar 
quando o objeto está à direita ou à esquerda de uma outra pessoa. 
Somente a partir dos 11, 12 anos (aproximadamente) ela é capaz de 
perceber que os objetos estão à esquerda ou à direita uns dos outros.
Para que esses avanços ocorram, o professor deve possibilitar muitas 
experiências que levem a criança a vencer o egocentrismo para 
compreender o universo objetivo.
Quando a criança já é capaz de localizar os objetos ou pessoas utilizando 
um sistema de referência fixo, utilizando medidas de distância, área e 
equivalência entre as figuras compreendendo a equivalência entre o real 
e a representação, então ela já estará utilizando 
um outro tipo de relações espaciais: as relações 
euclidianas. Isso permite a ela compreender, por 
exemplo, as direções dos pontos cardeais – Norte, 
Sul, Leste e Oeste, situar‑se ou situar objetos em 
relação a eles. Essa construção começa pela 
compreensão de medidas espontâneas como 
palmos, passos e outras.
Euclidianas
 
Relativo a Euclides, 
geômetra da Grécia 
antiga que viveu no 
séc. III a.C.
30 UNIUBE
Sugestão de atividade 1
O desenho é uma forma muito rica de expressão, própria da criança. 
Incentive seus alunos a desenharem como forma de expressar a realidade 
onde vivem, o tipo de trabalho que as pessoas da localidade onde moram 
desenvolve. Quando a criança desenha, fala do seu mundo.
No momento em que a criança desenha os lugares de vivência, o espaço 
perceptivo se estrutura sucessivamente, passando das relações espaciais 
topológicas às projetivas e euclidianas. Tal construção inicia-se no período 
sensório-motor e a criança desenvolve ações que motivam a evolução dessas 
noções espaciais ao se deslocar; essa percepção vai evoluindo à medida 
que a criança se descentraliza espacialmente, ampliando as suas referências 
(corpo, diferentes pontos de referência, Sol) (CASTELLAR, 2005).
Figura 8: Desenho infantil.
Fonte: Lopes e Borges (1998).
Sugestão de atividade 2
Figura 9: Maquete da sala de aula.
 UNIUBE 31
Construir a maquete da sala de aula é uma forma interessante para 
que a criança construa a noção de espaço. Dessa forma o espaço é 
concretizado por meio da representação concreta da disposição das 
crianças em sala de aula, do mobiliário e de particularidades que existem 
na sala: cantinho de leitura com almofadas, cartazes, mesa com jarro de 
flores e outros.
Sugestão de atividade 3
Faça a seguinte experiência com seus alunos (ou nas atividades de 
estágio):
Observe essa paisagem: pense que aquela menina é você, de costas, 
dentro desta paisagem, tendo o sol à sua direita. Marque os pontos 
cardeais e responda:
Figura 10: Desenho infantil.
Fonte: Lopes e Borges (1998).
Em que direção está a casa?
Em que direção estão as árvores?
Em que direção estão os morros?
Em que direção está a estrada?
32 UNIUBE
Observação: se a criança responder corretamente às questões, isto 
significa que ela já é capaz de utilizar as relações espaciais euclidianas.
Veja outra sugestão:
Sugestão de atividade 4
Há momentos em que não é possível se orientar pelos astros (Sol, 
lua, estrelas). Por isso, os homens inventaram um aparelho chamado 
BÚSSOLA. Esse é um instrumento muito antigo, provavelmente 
inventado pelos chineses. A sua agulha imantada (que tem ímã) marca, 
com exatidão, a direção NORTE.
Construa, com o auxílio de sua professora, a sua própria bússola. Anote 
no seu caderno o que você observou com a experiência.
Figura 11: Como construir uma bússola.
Fonte: Lopes e Borges (1998).
De acordo com Castellar (2005), a evolução conceitual das relações 
espaciais topológicas continuará ocorrendo “simultaneamente com 
as projetivas e euclidianas, porque será desenvolvida a noção de 
proximidade e afastamento (perto e longe), dentro e fora, área, tamanho, 
parte e todo”.
 UNIUBE 33
A importância social do conhecimento geográfico1.4
Para que você, professor(a), possa identificar as categorias de análise 
geográfica: território, paisagem e lugar, como se dá o seu processo 
de construção e qual o papel das sociedades na (re)construção e (re)
produção desses espaços, leia, com atenção o que dizem os Parâmetros 
Curriculares Nacionais – Geografia sobre essa questão:
Conhecimento geográfico: características e 
importância social
A Geografia estuda as relações entre o processo 
histórico que regula a formação das sociedades 
humanas e o funcionamento da natureza, por meio da 
leitura do espaço geográfico e da paisagem.
A divisão da Geografia em campos de conhecimento 
da sociedade e da natureza tem propiciado um 
aprofundamento temático de seus objetos de estudo. 
Essa divisão é necessária, como um recurso didático, 
para distinguir os elementos sociais ou naturais, mas é 
artificial, na medida em que o objetivo da Geografia é 
explicar e compreender as relações entre a sociedade 
e a natureza, e como ocorre a apropriação desta por 
aquela. Na busca dessa abordagem relacional, a 
Geografia tem que trabalhar com diferentes noções 
espaciais e temporais, bem como com os fenômenos 
sociais, culturais e naturais que são característicos 
de cada paisagem, para permitir uma compreensão 
processual e dinâmica de sua constituição. Identificar 
e relacionar aquilo que na paisagem representa as 
heranças das sucessivas relações no tempo entre a 
sociedade e a natureza é um de seus objetivos.
Nesse sentido, a análise da paisagem deve focar as 
dinâmicas de suas transformações e não a descrição e 
o estudo de um mundo estático. A compreensão dessas 
dinâmicas requer movimentos constantes entre os 
processos sociais e os físicos e biológicos, inseridos 
em contextos particulares ou gerais. A preocupação 
básica é abranger os modos de produzir, de existir e 
de perceber os diferentes espaços geográficos; 
como os fenômenos que constituem as paisagens 
se relacionam com a vida que as anima. Para tanto, 
é preciso observar, buscar explicações para aquilo 
que, numa determinada paisagem, permaneceu ou 
foi transformado, isto é, os elementos do passado 
34 UNIUBE
e do presente que nela convivem e podem ser 
compreendidos mediante a análise do processo de 
produção/organização do espaço.
O espaço geográfico é historicamente produzidopelo 
homem enquanto organiza econômica e socialmente 
sua sociedade. A percepção espacial de cada indivíduo 
ou sociedade é também marcada por laços afetivos 
e referências socioculturais. Nessa perspectiva, a 
historicidade enfoca o homem como sujeito construtor 
do espaço geográfico, um homem social e cultural, 
situado para além e através da perspectiva econômica 
e política, que imprime seus valores no processo de 
construção de seu espaço.
Assim, o estudo de uma totalidade, isto é, da paisagem 
como síntese de múltiplos espaços e tempos deve 
considerar o espaço topológico – o espaço vivido e o 
percebido – e o espaço produzido economicamente 
como algumas das noções de espaço dentre as tantas 
que povoam o discurso da Geografia.
Pensar sobre essas noções de espaço pressupõe 
considerar a compreensão subjetiva da paisagem 
como lugar: a paisagem ganhando significados para 
aqueles que a vivem e a constroem. As percepções 
que os indivíduos, grupos ou sociedades têm do lugar 
nos quais se encontram e as relações singulares que 
com ele estabelecem fazem parte do processo de 
construção das representações de imagens do mundo 
e do espaço geográfico. As percepções, as vivências 
e a memória dos indivíduos e dos grupos sociais são, 
portanto, elementos importantes na constituição do 
saber geográfico.
No que se refere ao Ensino Fundamental, é importante 
considerar quais são as categorias da Geografia 
mais adequadas para os alunos em relação à sua 
faixa etária, ao momento da escolaridade em que se 
encontram e às capacidades que se espera que eles 
desenvolvam. Embora o espaço geográfico deva ser 
o objeto central de estudo, as categorias paisagem, 
território e lugar devem também ser abordadas, 
principalmente nos ciclos iniciais, quando se mostram 
mais acessíveis aos alunos, tendo em vista suas 
características cognitivas e afetivas.
O conceito de território foi originalmente formulado 
nos estudos biológicos do final do século XVIII. Nessa 
definição inicial, ele é a área de vida de uma espécie, 
onde ela desempenha todas as suas funções vitais 
 UNIUBE 35
ao longo do seu desenvolvimento. Portanto, para 
animais e plantas, o território é o domínio que estes 
têm sobre porções da superfície terrestre. Foi por 
meio dos estudos comportamentais que Augusto 
Comte incorporou o conceito de território aos estudos 
geográficos, como categoria fundamental para as 
explicações geográficas. Na concepção ratzeliana de 
Geografia1 esse conceito define‑se pela propriedade, 
ou seja, o território para as sociedades humanas 
representa uma parcela do espaço identificada pela 
posse. É dominado por uma comunidade ou por um 
Estado. Na geopolítica, o território é o espaço nacional 
ou área controlada por um Estado-nacional: é um 
conceito político que serve como ponto de partida para 
explicar muitos fenômenos geográficos relacionados 
à organização da sociedade e suas interações com 
as paisagens. O território é uma categoria importante 
quando se estuda a sua conceitualização ligada à 
formação econômica e social de uma nação. Nesse 
sentido, é o trabalho social que qualifica o espaço, 
gerando o território. Território não é apenas a 
configuração política de um Estado‑Nação, mas sim o 
espaço construído pela formação social.
Para estudar essa categoria é necessário que os alunos 
compreendam que os limites territoriais são variáveis 
e dependem do fenômeno geográfico considerado. 
Hoje, por exemplo, quando se estudam os blocos 
econômicos, o que se entende por território vai muito 
além do Estado-nacional. Além disso, compreender 
o que é território implica também compreender a 
complexidade da convivência em um mesmo espaço, 
nem sempre harmônica, da diversidade de tendências, 
ideias, crenças, sistemas de pensamento e tradições 
de diferentes povos e etnias. É reconhecer que, apesar 
de uma convivência comum, múltiplas identidades 
coexistem e por vezes se influenciam reciprocamente, 
definindo e redefinindo aquilo que poderia ser chamado 
de uma identidade nacional. No caso específico do 
Brasil, o sentimento de pertinência ao território 
nacional envolve a compreensão da diversidade de 
culturas que aqui convivem e, mais do nunca, buscam 
o reconhecimento de suas especificidades, daquilo que 
lhes é próprio.
1 A Geografia ratzeliana valoriza o homem abrindo frentes de estudo referentes à história e ao 
espaço, tais como a formação do território, as migrações e a colonização. Seus estudos, no entanto, 
privilegiaram a visão das influências naturais sobre a evolução das sociedades; portanto, a geografia 
ratzeliana mantém uma visão naturalista da sociedade. O principal livro de Ratzel, publicado em 1882, 
denomina-se Antropogeografia – fundamentos da aplicação da geografia à história.
36 UNIUBE
A categoria território possui uma relação bastante 
estreita com a de paisagem. Pode até mesmo ser 
considerada como o conjunto de paisagens contido 
pelos limites políticos e administrativos de uma cidade, 
estado ou país. É algo criado pelos homens, é uma 
instituição. A categoria paisagem, porém, tem um 
caráter específico para a Geografia, distinto daquele 
utilizado pelo senso comum ou por outros campos do 
conhecimento. É definida como sendo uma unidade 
visível, que possui uma identidade visual, caracterizada 
por fatores de ordem social, cultural e natural, contendo 
espaços e tempos distintos; o passado e o presente. A 
paisagem é o velho no novo e o novo no velho!
Assim, por exemplo, quando se fala da paisagem de 
uma cidade, dela fazem parte seu relevo, a orientação 
dos rios e córregos da região, sobre os quais se 
implantaram suas vias expressas, o conjunto de 
construções humanas, a distribuição da população 
que nela vive, o registro das tensões, sucessos 
e fracassos da história dos indivíduos e grupos que 
nela se encontram. É nela que estão expressas as 
marcas da história de uma sociedade, fazendo, assim, 
da paisagem uma soma de tempos desiguais, uma 
combinação de espaços geográficos.
A categoria paisagem, por sua vez, está relacionada 
à categoria de lugar. Pertencer a um território e sua 
paisagem significa fazer deles o seu lugar de vida e 
estabelecer uma identidade com eles. Nesse contexto, 
a categoria lugar traduz os espaços com os quais as 
pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que 
racionais e objetivos: uma praça, onde se brinca desde 
menino, a janela de onde se vê a rua, o alto de uma 
colina, de onde se avista a cidade. O lugar é onde estão 
as referências pessoais e o sistema de valores que 
direcionam as diferentes formas de perceber e constituir 
a paisagem e o espaço geográfico.
Além disso, espaço geográfico, paisagem, território e 
lugar, atualmente, estão associados à força da imagem, 
tão explorada pela mídia. Pela imagem, a mídia traz à 
tona valores a serem incorporados e posturas a serem 
adotadas. Retrata, por meio da paisagem, as contradi-
ções em que se vive, confundindo no imaginário aquela 
que é real e a que se deseja como ideal; toma para si 
a tarefa de impor e inculcar um modelo de mundo, de 
reproduzir o cotidiano por meio da imagem massificante 
repetida pelo bombardeamento publicitário, sobrepon-
do‑se às percepções e interpretações subjetivas e/ou 
 UNIUBE 37
singulares por outras padronizadas e pretensamente 
universais. A Geografia estaria, então, identificada como 
a ciência que busca decodificar as imagens presentes 
no cotidiano, impressas e expressas nas paisagens e 
em suas representações, numa reflexão direta e imedia-
ta sobre o espaço geográfico e o lugar.
Nessa abrangência, a Geografia contribui para que se 
compreenda como se estabelecem as relações locais 
com as universais, como o contexto mais próximo 
contém e está contido em um contexto mais amplo e 
quais as possibilidades e implicações que essas 
dimensões possuem.
No mundo atual, o meio técnico‑científico informacional 
adquiriu um papel fundamental e, em meio ao processo 
de globalização e massificação, o mundo convive 
com novos conflitos e tensões,tais como o declínio 
dos estados-nações, a formação de blocos comerciais, 
as novas políticas econômicas, a desterritorialidade 
e outros temas que recuperam a importância do 
saber geográfico. Há uma multiplicidade de questões 
que, para serem entendidas, necessitam de um 
conhecimento geográfico bem estruturado.
O estudo de Geografia possibilita, aos alunos, a 
compreensão de sua posição no conjunto das relações 
da sociedade com a natureza; como e por que suas 
ações, individuais ou coletivas, em relação aos valores 
humanos ou à natureza, têm consequências – tanto 
para si como para a sociedade. Permite também 
que adquiram conhecimentos para compreender 
as diferentes relações que são estabelecidas na 
construção do espaço geográfico no qual se encontram 
inseridos, tanto em nível local como mundial, e perceber 
a importância de uma atitude de solidariedade e de 
comprometimento com o destino das futuras gerações.
Além disso, seus objetos de estudo e métodos 
possibilitam que compreendam os avanços na 
tecnologia, nas ciências e nas artes como resultantes 
de trabalho e experiência coletivos da humanidade, de 
erros e acertos nos âmbitos da política e da ciência, por 
vezes permeados de uma visão utilitarista e imediatista 
do uso da natureza e dos bens econômicos.
Desde as primeiras etapas da escolaridade, o ensino 
da Geografia pode e deve ter como objetivo mostrar 
ao aluno que cidadania é também o sentimento de 
pertencer a uma realidade na qual as relações entre 
a sociedade e a natureza formam um todo integrado 
38 UNIUBE
– constantemente em transformação – do qual ele faz 
parte e, portanto, precisa conhecer e sentir-se como 
membro participante, afetivamente ligado, responsável 
e comprometido historicamente. (BRASIL, 1997b, p. 
74-76)
Território
De acordo com Ratzel, para as sociedades humanas, representa uma 
parcela do espaço identificada pela posse. É dominado por uma comunidade 
ou por um Estado. Na geopolítica, o território é o espaço nacional ou área 
controlada por um estado nacional.
Paisagem
É definida como sendo uma unidade visual, caracterizada por fatores de 
ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos. É 
o “visível”. Nela estão as marcas da história de uma sociedade, fazendo, 
assim, da paisagem, uma soma de tempos desiguais: é o velho no novo e 
o novo no velho.
Lugar
É onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam 
as diferentes formas de perceber o espaço geográfico. Traduz os espaços 
com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que 
racionais e objetivos: uma praça onde se brinca desde menino, a janela de 
onde se vê a rua, o alto de uma colina de onde se avista a cidade...
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Entendendo essas categorias, o seu trabalho, professor(a), poderá ser 
muito mais significativo. Perceber que a geografia só pode ser ensinada 
e aprendida quando não fica restrita à geografia física (foco principal da 
geografia tradicional), mas envolva as noções de sociedade, cultura, 
trabalho e natureza; envolva procedimentos de observação, registro, 
descrição, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos 
 UNIUBE 39
sociais, culturais ou naturais que fazem parte do espaço geográfico; utilize 
recursos diversificados como a literatura, desenho, músicas, poemas, 
fotos comuns, fotos aéreas, filmes, vídeos, mapas; possibilite aos alunos 
comparar, perguntar, dar forma às suas representações subjetivas. Como 
nos diz Carmem Lúcia Perez:
Entendo que o ensino de geografia nas séries iniciais 
deve ter como fundamento a palavra mundo. Fazer 
geografia é dialogar com o mundo, possibilitando 
à criança ampliar os significados construídos, 
transformando sua observação em discurso, de modo 
que possa compreender o sentido do mundo. O sentido 
do mundo está no próprio mundo, portanto, ler o 
espaço é apreender o seu sentido. Tal abordagem nos 
possibilita pensar a função alfabetizadora da geografia 
como uma construção epistemológica. (PEREZ, s/d).
Você entendeu bem o sentido da categoria lugar? Essa categoria demonstra 
como os estudos da Geografia têm sofrido mudanças, pois considera 
importante para a construção da cidadania o sentimento de pertencer a 
uma determinada realidade de uma forma subjetiva, afetiva, pessoal o que 
exige responsabilidade e comprometimento com aquele determinado espaço 
geográfico.
PARADA PARA REFLEXÃO
Essa categoria não seria importante na visão da geografia tradicional, que 
negava o valor da subjetividade para os estudos da geografia e valorizava 
a descrição das paisagens. Também não teria valor para a tendência 
marxista da geografia, que consideraria como alienação as explicações 
subjetivas e afetivas das relações do homem com a natureza considerando 
como mais importante a explicação política e econômica do mundo.
A partir da compreensão dessa categoria, como você descreveria 
o “seu lugar”? Que relações e compromissos você estabelece 
com ele? Como você se percebe nele?
40 UNIUBE
O conteúdo da geografia: trabalhando com blocos temáticos1.5
De acordo com os PCNs, é interessante que você, professor(a), organize 
o conteúdo a ser estudado em Blocos Temáticos. O estudo sobre a 
paisagem local pode ser subdividido nos seguintes blocos temáticos: 
“Tudo é natureza” – “Conservando o ambiente” – “Transformando a 
natureza” e “O lugar e a paisagem”. Os alunos poderão fazer diferentes 
pesquisas sobre a paisagem de sua localidade, o que possibilitará a 
eles conhecer e discutir temas relacionados ao papel da natureza e sua 
relação com a vida das pessoas, na construção do espaço geográfico.
Bloco temático: “Tudo é natureza”
Estudando a natureza, é importante que o aluno perceba que ela 
está presente em tudo: olhando de uma forma mais ampliada, ela 
está presente na organização dos bairros, da cidade, nas atividades 
econômicas, sociais e culturais. A natureza está expressa na paisagem 
local e se relaciona com os hábitos de consumo da população, com 
as técnicas e instrumentos de trabalho utilizados na transformação da 
paisagem local; na apropriação e transformação dos elementos naturais 
disponíveis.
Segundo Lopes (1998), o meio ambiente em que vivemos é formado 
por elementos naturais e culturais: os elementos naturais são aqueles 
que não foram criados pelo homem, como o relevo, o solo, as águas, o 
ar, as plantas e os animais. A ação desses elementos naturais provoca 
mudanças na paisagem natural: a ação da água da chuva ou dos rios 
carrega terra e vegetais de um lugar para outro; o vento leva terra e 
plantas de um lugar para o outro. Os elementos culturais são aqueles 
criados pelo homem: estradas, casas, pontes, túneis, ruas, plantações 
e muitos outros.
 UNIUBE 41
Para viver melhor e resolver seus problemas, o homem constrói pontes, 
viadutos, estradas, túneis, ruas, avenidas, casas, prédios e praças; faz 
barragens nos rios; faz aterros e desaterros; canaliza as águas dos rios 
para as casas; faz canais de irrigação para as plantações; transforma 
vegetação natural em campos de pastagem ou de cultivo.
Partindo desse tema, você, professor(a), pode oportunizar reflexões e 
realizar muitas atividades. Veja a seguir.
Sugestão de atividade 1
Tomando como referência o bloco temático: “Tudo é natureza” (BRASIL, 
1997b, p. 90) a professora da 1a série propôs para os alunos uma série 
de visitas às áreas verdes da cidade (estudo do meio). Para você, essa 
atividade é importante? Com quais objetivos ela deve ser organizada? 
Que atividades podem ser desenvolvidas? Que estratégias e recursos 
você utilizaria antes, durante e depois de realizadas essas visitas para 
estudo do meio? Como você avaliaria os resultados dessa proposta?
Bloco temático: “Conservando o ambiente”
Com relação à conservação do ambiente, as crianças podem refletir 
a partir de observações da sua própria sala de aula, da sua casa, da 
sua rua, de uma praça. Pode também ampliar suas reflexões, como na 
sugestão a seguir:
42 UNIUBE
Pense em que Lopes

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