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Fundamentos de Estatística e Epidemiologia Aula 6: Estudos observacionais Apresentação: Estudaremos os métodos de estudos observacionais, ou seja, aqueles em que os acontecimentos são observados ao longo do processo temporal,sem que se utilizem estratégias de intervenção. Essa observação,realizada no momento presente da avaliação, podendo inclusive ocorrer durante um acompanhamento, é comumente realizada de forma transversal ou seccional. Conheceremos, nesta aula, os métodos de estudos de coorte, de caso-controle, transversais/seccionais, ecológicos e também o relato de caso. Objetivos: Identi�car as características dos delineamentos de pesquisas; Classi�car os tipos de pesquisas observacionais; Explicar o processo de temporalidade nos estudos observacionais. Quais são os tipos de estudos epidemiológicos? Segundo Rothman, Greenland e Lash (2011), os estudos epidemiológicos ocorrem por meio de ensaios experimentais e não experimentais . Não se pode falar de atividade cientí�ca sem que se mencionem os primeiros. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mas, o que é um experimento? Para a maioria das pessoas, ele diz respeito a qualquer ensaio ou teste. Segundo os autores,um professor,ao introduzir novos métodos de ensino em sala de aula, está executando um experimento. E quanto aos cientistas? Qual é o signi�cado de experimento para eles? Para Rothman, Greenland e Lash, na visão mais especí�ca da ciência, "[...] experimento é um conjunto de observações conduzidas sob circunstâncias controladas, no qual o cientista manipula as condições para averiguar que efeito, se é que há algum, tal manipulação tem sobre as observações. Alguns poderiam ampliar essa de�nição, para incluir observações controladas sem manipulação das condições. " ROTHMAN; GREENLAND; LASH, 2011, p. 107 Com relação aos estudos não experimentais, existem dois tipos deles: Clique nos botões para ver as informações. Também chamado de estudo de seguimento ou estudo de incidência, sendo um estudo análogo direto do experimento. Nesse estudo, grupos de exposição diferentes são comparados, mas o pesquisador seleciona apenas os sujeitos a observar, e apenas classi�ca esses sujeitos pelo status de exposição, em vez de alocá-los em grupos de exposição. Estudo de coorte Ou simplesmente estudo de caso-controle, usa um passo extra de amostragem da população-fonte para os casos: Enquanto um estudo coorte incluiria todas as pessoas na população, dando origem aos casos do estudo, um estudo de caso-controle seleciona somente uma amostra dessas pessoas, e escolhe quem incluir, em parte com base no status de doença. Estudo de caso-controle de incidência Aprenderemos um pouco mais sobre cada um desses estudos não experimentais. Antes, porém, conheceremos as variáveis relacionadas com o tempo. Variáveis relacionadas com o tempo As variáveis relacionadas com o tempo são aquelas ligadas à distribuição dos casos de uma doença em função da forma, como as ligadas às pessoas e ao lugar: O tripé da epidemiologia descritiva. A organização adequada de dados sobre doenças ou agravos pode oferecer um diagnóstico dinâmico sobre eles em determinada população. Estudo de coorte No estudo de coorte paradigmático, o pesquisador de�ne dois ou mais grupos de pessoas que estão livres de doença, as quais diferem de acordo com a extensão da exposição a uma causa potencial de doença. Esses grupos são referidos como as coortes do estudo. Quando dois grupos são estudados, pensa-se em um, usualmente, como a coorte exposta, ou índice – aqueles indivíduos que experimentaram a suposta exposição causal ou condição –, e pensa-se no outro, então, como a coorte não exposta, ou de referência. Pode haver mais do que apenas duas coortes, mas cada uma representaria um grupo com um nível, ou tipo, diferente de exposição. Exemplo Um estudo de coorte ocupacional de trabalhadores químicos poderia compreender coortes de funcionários que trabalhassem em departamentos diferentes da fábrica, com cada coorte sendo exposta a um conjunto diferente de produtos químicos. O pesquisador mediria os tempos de incidência e calcularia as taxas de doenças em cada uma das coortes do estudo e compararia essas medidas de ocorrência. Muitos estudos de coorte começam com uma única coorte, que é heterogênea com relação à história de exposição. Comparações de experiência de doenças são feitas dentro da coorte, por meio de subgrupos de�nidos por uma ou mais exposições. Os exemplos incluem estudos de coortes de�nidos a partir de listas de �liação a unidades administrativas ou sociais , tais como coorte de médicos ou de enfermeiras; ou coortes de�nidas por meio de registros de empregos , tais como coortes de operários de fábricas. Estudos de caso-controle Os estudos de caso-controle são mais bem compreendidos e conduzidos pela de�nição de uma população-fonte no início, o que representa uma população de estudo hipotética na qual um estudo de coorte poderia ter sido realizado. Comentário Se um estudo de coorte fosse feito, as tarefas primárias seriam identi�car os expostos e experiência dos não expostos do denominador, mensurados como unidades pessoa-tempo de experiência, ou como o número de pessoa em cada coorte do http://portaldoaluno.webaula.com.br/cursos_graduacao/go0302/aula6.html http://portaldoaluno.webaula.com.br/cursos_graduacao/go0302/aula6.html estudo, e então identi�car o número de casos que ocorrem em cada categoria pessoa-tempo, ou em cada coorte do estudo. Em um estudo de caso-controle, esses mesmos casos são identi�cados, e seu status de exposição é determinado exatamente como um estudo de coorte, mas os denominadores, a partir dos quais as taxas poderiam ser calculadas, não são mensurados. Em vez disso, um grupo de controle de sujeito do estudo é tirado como uma amostra da população- fonte total, que deu origem aos casos. O propósito desse grupo controle é determinar o tamanho relativo dos denominadores de expostos e não expostos na população-fonte. Da mesma forma como podemos tentar medir riscos ou taxas em uma coorte, os denominadores que a série de controle representa em um estudo de caso-controle podem re�etir o número de pessoas nos subgrupos de expostos e não expostos da população-fonte ou a quantidade de pessoa-tempo nesses mesmos subgrupos. Estudo transversal Um estudo transversal é geralmente referido como aquele que inclui como sujeitos todas as pessoas na população, ao tempo da averiguação, ou uma amostra representativa de todas essas pessoas, selecionadas sem levarem consideração o estado de exposição ou de doença. Um estudo transversal conduzido para estimar prevalência é denominado estudo de prevalência. Em geral, a exposição é averiguada simultaneamente com a doença, e subpopulações com exposições diferentes são comparadas em relação à prevalência de doença. Esses estudos não precisam ter objetivos etiológicos. Exemplo A prestação de serviço de saúde frequentemente requer conhecimento apenas de quantos itens serão necessários, sem referências às causas da doença. No entanto, dados transversais são usados, frequentemente, para inferências etiológicas, para uma compreensão perfeita das limitações essencial. Estudo ecológico Todos os tipos de estudos descritos até aqui compartilham a característica de que as observações feitas são pertinentes a indivíduos. É possível, e algumas vezes necessário, conduzir uma pesquisa na qual a unidade de observação é um grupo de pessoas, em vez de um indivíduo. Essa pesquisa é chamada de estudo ecológico ou estudo agregado. Os grupos podem ser turmas de uma escola, fábricas, cidades ou mesmo uma nação. O único requisito é que as informações sobre as populações estudadas estejam disponíveis para a mensuração das distribuições de exposição e de doença em cada grupo. Instrumentos de coleta de dados Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Coleta de dados (Fonte: Freepik). Instrumentos de coleta de dados representam o agrupamento de todas as variáveisenvolvidas no estudo de modo a operacionalizar o registro de todas elas. Grosso modo, os instrumentos de coleta de dados incluem: questionários e roteiros de entrevistas e de observação. 1 Com o advento dos computadores e mídias eletrônicas disponíveis no mercado, outras formas de coleta de dados têm sido utilizadas, como gravadores de som, filmadoras digitais, desenhos, ou mesmo softwares que gravam ações de usuários em tempo real. A escolha do tipo de instrumento dependerá, obviamente, da questão de pesquisa e, em última instância, das variáveis a serem registradas. 2 Existem recomendações gerais para a laboração de instrumentos de coleta de dados que incluem aspectos de formatação e redação. Para a formatação de um instrumento de coleta de dados, as questões devem estar divididas em grupos temáticos, cabeçalhos devem ser inseridos em cada seção, perguntas emocionalmente neutras devem ser as primeiras a serem apresentadas, deixando as questões pessoais ou delicadas para o final. A redação das questões deve ser clara e específica, utilizando palavras simples e comuns, e evitando juízos de valor. Essas recomendações básicas ajudam no registro e evitam dados dúbios e incorretos ou mesmo incongruentes. 3 Em geral, as questões que compõem os instrumentos de coleta de dados são classificadas em dois tipos: Abertas e fechadas. As questões fechadas incluem um leque de respostas previamente selecionadas, sendo mais rápidas e mais fáceis de tabular. Esse leque deve ser preferentemente exaustivo ou incluir a opção outras (especificar) ou nenhuma das alternativas anteriores, em caso contrário. 4 Se o objetivo for a obtenção de uma resposta única, o conjunto de alternativas deverá ser mutuamente exclusivo, e isso deverá estar explícito na questão. Esse tipo de questão é utilizado, principalmente, em questionários e roteiros de observação. Questões abertas, por sua vez, permitem mais liberdade ao respondente, mas exigem método qualitativo de codificação, consumindo mais tempo e necessitando de mais julgamento subjetivo. Risco absoluto Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A incidência de uma doença na população é chamada de risco absoluto. Este pode indicar a magnitude do risco em um grupo de pessoas com certa exposição. Como não considera o risco de doença em indivíduos não expostos, ele não indica se a exposição está associada com um aumento do risco à doença. Em epidemiologia, as comparações são fundamentais. Entretanto, o risco absoluto pode apresentar implicações signi�cativas tanto na clínica quanto nas políticas de saúde pública. Exemplo Uma mulher que contrai rubéola no primeiro trimestre de gestação e pergunta ao médico qual o risco de o �lho dela apresentar malformação. Será dado a ela certo número como resposta. Com base nessa informação, ela pode decidir interromper a gravidez. Ela não estará, explicitamente, comparando dados, mas uma comparação implícita está, em geral, sendo feita: A mulher não está questionando apenas qual o risco de o �lho dela nascer com uma malformação, mas está comparando qual seria esse risco se não tivesse contraído rubéola. Embora o risco absoluto não estipule qualquer comparação explícita, uma comparação implícita é frequentemente feita quando observamos a incidência de uma doença. Contudo, para avaliar a questão da associação, devemos usar abordagens que evolvem comparações explícitas. Atividades 1. Assinale, entre as opções a seguir, aquela que representa os delineamentos de pesquisa que apresentam menor validade cientí�ca. a) De série de casos b) De coorte c) De casos e controles d) Transversais e) Ecológicos 2. Os tipos mais comuns de delineamentos de pesquisa relatados na literatura nos países desenvolvidos são os estudos: a) De série de casos b) Ecológicos c) De prevalência d) Analíticos e) Experimentais 3. É um estudo com direção lógica invertida: a) Ensaio clínico randomizado b) Quase experimento c) Estudo de coorte d) Estudo de caso-controle e) Estudo transversal 4. A temporalidade de uma associação entre causa e efeito pode ser observada no estudo: a) De coorte b) De caso-controle c) De prevalência d) De série de casos e) Transversal 5. Em estudos sobre risco, os melhores substitutos disponíveis para um experimento verdadeiro quando a experimentação não é possível são os: a) Ensaios clínicos b) Estudos de coortes c) Estudos de caso-controle d) Estudos seccionais e) Estudos ecológicos Unidades administrativas ou sociais Tais como coorte de médicos ou de enfermeiras; Registros de empregos Tais como coortes de operários de fábricas. Referências GORDIS, L. Epidemiologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. MEDRONHO, R. de A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2002. ROTHMAN, K. J.; GREENLAND, S.; LASH, T. L.Epidemiologia moderna. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. ROUQUAYROL, M. Z. (org.). Epidemiologia & saúde. 3.ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1988. Próxima aula Vigilância epidemiológica no Brasil; Avanços na área epidemiológica após a implantação do SUS; Funcionamento do Sistema Nacional de Informação em Saúde; Perspectivas epidemiológicas no Brasil. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor on-line por meio dos recursos disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem.
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