Buscar

A DECISÃO DE VOTAR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO – PROPGPQ
CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO – PROPGPQ
CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA
MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS - MPPPP
DISCIPLINA: TEORIA POLITICA CONTEMPORANEA
ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Rodrigo Santaella Gonçalves
A DECISÃO DE VOTAR
BRAGA, Sueli da Conceição.
COSTA, Josiette de Nazaré Silva da 
RESUMO
O presente trabalho tem o objetivo de traçar uma análise sobre o estudo de Marcus Figueiredo intitulado “A decisão do voto” publicado na Revista ComPolítica no ano de 2014, onde o autor apresenta diversas teorias que disputam entre si o lugar de preponderância na explicação dos aspectos que agem sobre os indivíduos quanto ao fenômeno do voto, sendo um estudo de cunho bibliográfico e ao final observa-se que Figueiredo não se filia a uma teoria específica, mas interage com elas promovendo sua visão sobre os fatores da racionalidade e projeções sociológicas que agem sobre o sujeito e que o motivam a exercer o dever/direito de votar por meio de decisão com influências portanto, racionais e sociais.
Palavras-Chave: Decisão do voto. Motivação. Processo Eleitoral. Política.
INTRODUÇÃO
A política tem sido objeto de muitos estudos no Brasil, onde diversos autores se debruçaram sobre essa categoria. No entanto, a política em si é um termo genérico e desperta muitas concepções e, dentro desta categoria existem diversas outras que se encontram em determinadas posições que também despertam o interesse devido ser fenômenos que necessitam de estudos e análises mais amplas, pois, estão diretamente relacionadas à vida individual e coletiva e dentre destes fenômenos está a decisão do voto, suas motivações e influências, ultrapassando dessa forma os limites conceituais de um determinado campo de estudo, mas, que necessita de olhares por dentro de diversos campos para sua compreensão.
O comportamento das pessoas sempre foi objeto de estudo de diversas ciências, ou seja, na história da humanidade o fazer humano já despertou interesse de estudiosos e cientistas que buscaram explicações para diversos fenômenos sociais, procurando compreender e dar significado às suas causas e consequências, identificando suas engrenagens e as interferências sofridas de determinados comportamentos individuais e coletivos.
Assim, é com este objetivo que o estudo se apresenta buscando por meio do trabalho de Figueiredo (2014) compreender quais as influências e motivações que agem produzindo nos indivíduos a decisão de votar, sendo que, mesmo sabendo do alcance e do valor individualizado de sua ação, continuamente a cada pleito eleitoral, estes sujeitos continuam a reproduzir tal comportamento social.
A análise centra-se nas concepções e postulados da obra de Figueiredo intitulada “A decisão de votar”, onde o autor apresenta diversas teorias que disputam entre si o lugar de preponderante na explicação dos aspectos que agem sobre os indivíduos quanto ao fenômeno do voto.
Assim, ao discorrer sobre a temática em apreço, buscou-se não só verificar os fatores que influenciam na decisão de votar conforme as teorias que estudaram o fenômeno, mas sobretudo em compreender a visão do autor diante de um tema de grande relevância social e científica, observando que tal concepção reforça que a decisão do voto não se funda em uma escolha unilateral desprovida de influências externas e concepções de mundo e de interações sociais, e que será melhor abordada durante o desenvolver do trabalho.
Portanto, este artigo trata-se de um estudo bibliográfico, que não tem a finalidade de esgotar a temática, mas apresentar a visão do autor, com suporte de outras visões de pesquisados que também já se debruçaram sobre o tema e contribuem com seus postulados para dar cientificidade ao trabalho ora apresentado.
A DECISÃO DE VOTAR
Os estudos sobre a relação entre as ciências políticas e comportamento eleitoral tem se intensificado nos últimos anos, no entanto, tais discussões tem se desdobrado desde o período de redemocratização brasileira que ocorreu a partir dos anos de 1985. Como já informado aqui, esta análise de dará sobre o processo da decisão do voto no caso brasileiro, mas precisamente discutindo as concepções de pensamentos de Marcus Figueiredo em um resumo de sua obra intitulada “A decisão do voto”, utilizando outras visões e concepções de variados autores.
Um dos aspectos que contribuíram para essa discussão foi o desenvolvimento das tecnologias de comunicação, que permitiu um maior alcance das informações e debates sobre o tema, ou seja, gerando os reflexos das comunicações políticas sobre o pensamento e comportamentos do eleitorado, além de impulsionar uma opinião sobre o voto e o processo do sufrágio universal e seu desdobramento do direito/dever de votar em política partidária e social, observando-se, a motivação, o julgamento e engajamento dos eleitores (CANEL, 2006).
É importante compreender que mesmo com a efetivação dos estudos sobre o comportamento do eleitor e sua decisão de voto na década de 80, tais pesquisas remontam aos anos anteriores de 1970, quando ganham uma maior visibilidade dentro dos centros acadêmicos, dando ênfase ao estudo dos processos eleitorais. No Brasil, mais especificamente, a análise que se tem entre a decisão do voto e o processo eleitoral se insere na compreensão da relação dos meios de comunicação de massa e a política e sua abrangência e eficiência no alcance da sociedade (CHAIA, 2007).
Essa é uma primeira questão a ser abordada, pois, como a mentalidade do eleitor é ativada no sentido de ele entender sobre a utilidade e alcance de seu voto, dado o cenário do alcance quase nulo de sua participação? Assim durante sua obra Figueiredo (2014) irá traçar um debate sobre as motivações e influencias que o eleitorado possui e desenvolve no sentido de dar significado a sua participação no processo eleitoral, mesmo sabendo que tal ato se analisado individualmente, pode ser considerado nulo no cenário geral de um determinado pleito eleitoral.
No discorrer da discussão o autor aponta para as teorias que foram desenvolvidas com o objetivo de explicar o fenômeno da decisão do voto, suas motivações e implicações, perpassando por diversas posições e visões sobre a temática, sendo que foram apresentadas as que são consideradas mais relevantes do ponto de vista do autor, que ele classificou de “Teoria da Explicação do Voto”.
Portanto, o questionamento principal da obra de Figueiredo (2014), é: Porque alguém se dispõe a votar quando sua possibilidade de influenciar o resultado é ridiculamente ínfima? Além deste, se segue também um outro questionamento que é um complemento da mesma questão do primeiro: “Por que as pessoas se dão ao trabalho de entrar em uma fila para dar seu voto a um candidato, se o voto de cada uma delas vale quase nada no cômputo geral?
Assim é com base nesses questionamentos que Figueiredo (2014), tece um olhar no fenômeno do processo eleitoral que acaba por eleger representantes do povo para o poder executivo, bem como para o parlamento, enfatizando a abrangência e o alcance e valoração do voto individualizado, descrevendo que se um indivíduo deixar de votar, sua ausência não altera o resultado, mas ainda assim as pessoas se envolvem neste processo e decidem por exercer o direito/dever de votar.
Neste olhar sobre a decisão do voto, Figueiredo (2014), trabalha com a concepção de racionalidade e irracionalidade, quando de uma análise individual do ato de votar e seus resultados e assim questiona: Por quê não é irracional, por definição, realizar uma ação cujo efeito é, virtualmente nulo? No entanto, ao analisar o questionamento o autor observa que as pessoas não se consideram estúpidas e irracionais ao optarem a votar em um candidato e outro.
O fato de milhares de pessoas irem às urnas regularmente para votar no processo eleitoral e escolher seus representantes, não se pode negar que se está diante de fenômeno social que aparentemente não se podeexplicar utilizando-se critérios de racionalidade individual. Segundo Figueiredo (2014), seria muito simplório explicar que os eleitores são movidos e influenciados a votar pelo fato de haver uma punição, isso seria uma racionalidade, mas, que reduziria a contemplação do fenômeno social que é o ato de votar há uma explicação reducionista e não daria conta da complexidade que o tema exige e suas interações.
Mas ainda assim, uma pergunta continua a ser perseguida pelo autor: Por que as pessoas participam do ato de votar? Essa é uma pergunta que move a pesquisa do autor e mostra que tal paradoxo se refere à participação na escolha dos representantes.
Como dito anteriormente, as pesquisas sobre o comportamento eleitoral estão sendo desenvolvidas há mais de 4 décadas e diversos são os olhares que apontam para questões e postulados que tentam explicar a decisão do voto, que é um aspecto do comportamento humano, o qual está interligado com o mais distintos aspectos sociais e políticos, apresentando metodologias e fontes, e, dentro dessas teorias, o autor debruçou-se sobre o que ele considerou as quatro mais importantes, conforme descreve:
1. “Teoria psicológica” de explicação do comportamento político, difundida na literatura como “modelo Michigan” em alusão ao grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan que desenvolveu esse modelo;
2. Modelo de explicações histórico-contextual, que se desdobra em “teorias sociológicas e economicistas”, com matizes epistemológicos variados, que muitas vezes competem entre si;
3. “Teoria da escola racional”, que tem por base o modelo downsiano, em alusão ao seu criador, Authony Downs;
4. Uma linha (residual) de investigação que pode ser chamada de “modelo demográfico-descritivo” do comportamento político (FIGUEIREDO, 2014, p. 2010).
Essas quatro teorias, mesmo diante de metodologias e fontes diversas convergem para um mesmo objetivo que é a explicação de um fenômeno social, qual seja: a decisão de milhões de indivíduos de participar do evento “votar” e da direção do voto. Nesta senda a pergunta que está no cerne da questão dessas diferentes abordagens e modelos explicativos, centra-se em questionar: Por que as pessoas vão votar e por que dão o seu voto para este ou aquele candidato ou partido?
A busca em responder tais questionamentos direciona as pesquisas a desvendar as motivações do ato de votar, ou seja, o que motiva as pessoas a concretizarem este fenômeno social que é a indicação para este ou aquele candidato representar seus desejos e aspirações, delegando poder e autoridade a determinadas pessoas para decidir politicamente em razão de todas as demais conforme sua posição de governante ou legislador.
O Autor entende o voto como uma unidade que se integra a um todo e ao seu final dá a condição de elegibilidade pela quantidade para que determinado candidato possa ser empossado a um cargo como governante ou parlamentar, ou seja, aqui estão direcionamentos de posições que interferem diretamente na vida das pessoas, e por outro lado entende o voto como a declaração de representatividade repassada a um terceiro que por força desse ato irá receber a declaração de vontade e aspiração dos eleitores.
Para Figueiredo (2014), o término de um processo eleitoral com a contagem e o cômputo dos votos, é o desfecho de um longo processo e fenômeno social, trazendo um resultado eleitoral que estabeleceu determinadas vontades políticas e detrimento de outras.
Assim, as teorias apontam diversos olhares e caminhos para se conceber as motivações do ato de votar, analisando de diferentes ângulos as premissas da vida social, sua organização, interações, influências e mecanismos que conduzem o fazer social e político.
Figueiredo (2014), chama a atenção para algo em comum quando se olha para os sujeitos que participam do processo eleitoral, pois, são simultaneamente trabalhadores, proprietários, moradores, consumidores, contribuintes, possuem preferência religiosa, uma etnia e outros atributos. Menos importante, é que estes mesmos indivíduos ao longo de suas vidas formam e estabelecem sistemas de crenças, desenvolvem visão de mundo sobre a realidade em que vivem, e mesmo de forma não articulada e crítica por vezes, se adequam, defendem e disseminam determinadas ideologias.
Se o indivíduo for olhado isoladamente, ele é depositário do conjunto de diversos ingredientes e aspectos acima descritos, pois ao nascer cada indivíduo está ligado a um determinado conjunto que vai se desenvolvendo durante sua vida e o aproxima de outros sujeitos com conjuntos semelhantes. 
É nessa linha que os modelos explicativos centram seus olhares, pois, a maneira com que os indivíduos organizam sua vida social e interagem é que determinada sua propensão a uma ideia e determinantes que movem tais indivíduos que posteriormente interagem entre si, estabelecendo os grupos e suas aspirações e ideologias.
Mesmo diante das divergências em variados aspectos, as teorias têm pontos em comum, e que são cruciais para analisar o desenvolvimento do comportamento humano diante de determinado ato social, neste caso o ato da decisão de votar, pois assim discorre o autor:
[...] estas teorias, fundamentalmente, reconhecem que os indivíduos desenvolvem estruturas de personalidade (e psíquicas) ao longo de suas vidas; que são racionais, diferentemente dos demais animais; e que estão situados em determinada posição na estrutura social. Ademais, reconhecem que os indivíduos têm crenças, desejos, vontades, paixões, ódios e ideologias (FIGUEIREDO, 2014, p. 2012).
Neste sentido, pode-se observar que para cada modelo de explicação do comportamento político, o homem é exatamente o mesmo, além de que o objeto de investigação dessas teorias também é o mesmo, procurando explicar porque das preferências políticas por meio do voto e sua canalização para determinada direção partidária, no entanto, a divergência teórica se localiza sobre a fonte originária que leva a decisão do voto, ou seja, as motivações e propensões políticas para o voto de forma individualizada e socialmente condicionada.
Assim, para aqueles que se unem e defendem a teoria de Michigan ou como é conhecido o modelo psicológico, tal compreensão sobre o fenômeno do voto se dá a partir de uma perspectiva micro, ou seja, a base e o centro da questão analisada é o indivíduo particularizado, ou seja, mas que pertence a um determinado conjunto social que o cerca e que interage.
Segundo Cruz (2009, p. 7), essa abordagem possui seus estudos voltados para uma premissa que tem em seu bojo os seguintes fundamentos e visões que são avaliadas:
A premissa dessa abordagem é saber como os eleitores concebem sua existência, considerando que a forma como os indivíduos se comportam e as respostas que estes dão no processo eleitoral são reflexos da sociedade e das relações sociais.
Nessa visão, os indivíduos localizam-se dentro de um determinado grupo social e dele fazem parte, interagindo, influenciado e sendo influenciados, fundindo dessa forma suas opiniões, aspirações, desejos, visão de mundo e de ideologias que lhes movem, aproximando-se por ideias, ideais, afinidades e concepções políticas, comportando-se tais indivíduos no processo eleitoral conforme suas interações sociais.
Essa teoria, teve grande influência da psicologia social, e o indivíduo mesmo analisado de forma isolada não se distancia de um determinado grupo social, ele influencia e é influenciado desenvolvendo valores e crenças relacionadas à política e possui determinações herdadas do grupo familiar.
Neste sentido a concepção de política para os indivíduos antecede a própria vida juvenil e adulta, sendo que tais concepções de política se desenvolvem no seio familiar, ainda na infância, sendo tal fenômeno conceituado de socialização política, conforme afirma Figueiredo (2008, p. 16):
As atitudes adquiridas, juntamente com outros aspectos, passam a integrar a estrutura de personalidade dos indivíduos. Portanto, as atitudes políticas fazem parte da psicologia humana, e ao se consolidarem pela socialização política, tornam-sea base para a formação de opiniões, auto-avaliações e propensões para ação frente ao ambiente político mais amplo. Agindo, reagindo e interagindo social e politicamente a partir de uma base psicológica formada e com categorias políticas normativas razoavelmente consolidadas, o indivíduo sempre articulará da mesma maneira suas respostas a diferentes contextos.
 Essa teoria mostra que se conhecendo o conjunto de crenças de determinado indivíduo, será possível compreender como este vai se comportar diante de determinados eventos sociais, pois seus valores acompanham seus atos e suas atitudes diante da política, citando-se o exemplo de que este indivíduo ao ser contra a prevalência da política de cotas nas universidades, este também seria contrário à política de cotas para qualquer outra camada social e tende a refutar políticos com concepções e aspirações que voltem seus discursos para este tipo de política.
Já para a Teria da Escolha Racional, ou simplesmente teoria economicista, ou ainda Teoria Downs, o indivíduo toma suas decisões seguindo seus próprios interesses, ou seja, diante do processo eleitoral e do ato de votar, este cidadão sopesaria o que poderia ganhar ou ser beneficiado votando em candidato a ou b, sendo sua análise em benefício próprio, um cálculo fundando no objetivo da satisfação própria por meio de seu interesse exacerbado e irrefutável com viés inteiramente econômico.
O fator da racionalidade para essa teoria está ligado à capacidade de o indivíduo pensar, avaliar, calcular e objetivar suas aspirações e interesses diante de sua escolha, refletindo sua capacidade de medir para alcançar a plenitude de seus interesses econômicos, daí resulta sua razão enquanto ser.
Assim, na visão de Downs, este homem racional e sua própria racionalidade pode ser conceituada da seguinte forma:
Um homem racional é aquele que se comporta como se segue: (1) ele consegue sempre tomar uma decisão quando confrontado com uma gama de alternativas; (2) ele classifica todas as alternativas diante de si em ordem de preferência de tal modo que cada uma é ou preferida, indiferente, ou inferior a cada uma das outras; (3) seu ranking de preferências é transitivo; (4) ele sempre escolhe, dentre todas as alternativas possíveis, aquela que fica em primeiro lugar em seu ranking de preferência; e (5) ele sempre toma a mesma decisão cada vez que é confrontado com as mesmas alternativas” (DOWNS, 1999, p. 28).
Segundo Downs, todos os atos são mensurados e avaliados pelo indivíduo. Assim, para o ato de votar, este indivíduo calcula todos os custos, inclusive o deslocamento, necessidades diversas durante este processo e verifica qual a probabilidade de superar tais gastos obtendo ganhos maiores com o seu voto, seria a racionalização de tais aspectos para chegar aos seus objetivos que são puramente econômicos.
Para essa teoria, não há a necessidade de grande sofisticação política para que determinado indivíduo seja considerado racional, pois os menos sofisticados apresentam grau de racionalidade diante do processo eleitoral, pois, a exemplo, um mega empresário que pode se beneficiar com a eleição de um determinado candidato possui a mesma sofisticação de uma família que possui interesse que um político permaneça no poder ou se eleja para a manutenção de um programa social que os beneficie.
Diante das duas teorias acima descritas, ou seja, psicologistas e racionalistas, é possível observar que estas convergem ao partir primeiramente do comportamento individualizado, pois a ação coletiva é movida por concepções individuais e que fundem com outras para se chegar a um coletivo que é a ação do voto computado e que elege determinado candidato.
Nesta senda, para essas teorias as ações coletivas somente serão compreendidas a partir das razões individuais que culminam para um fazer coletivo, mas que não se fundem conscientemente no fazer arquitetado do grupo, se unem por pretensões individuais e não totalmente articuladas.
Para a teoria Sociológica ou histórico-contextual há o pressuposto de que o voto não trata-se de uma decisão unilateral, sendo sobretudo, a articulação de diversos fatores que dizem respeito ao meio social em que está inserido o eleitor, ou seja, é uma teoria que se funda na influência do meio social sobre o indivíduo.
Na abordagem sociológica, os diversos fatores sociais, políticos e econômicos influenciam na visão de mundo, aspirações e no próprio voto em si enquanto mecanismo de valoração de interesses coletivos por categorias e classe sociais. Isto quer dizer que determinada camada de baixa renda se identifica com partidos e candidatos que aspiram melhorias para o conjunto da sociedade, e que representem as aspirações das pessoas menos desprovidas de renda (CASTRO, 1994).
Neste sentido, as decisões dos eleitores seriam conforme os padrões sociais no qual o eleitor está inserido, articulando-se entre esses padrões de interesses coletivos e de ideais por candidatos propensos a representar suas aspirações e concepções de política social, ou seja, os valores são compartilhados pelos indivíduos que transferem isso para o processo eleitoral através do voto.
Sendo assim, a escolha do voto não é uma decisão individual, mas uma atitude que depende do grupo a que pertence o eleitor. Analisando Durkheim, Lazarsfeld, em conjunto com outros autores, pôde compreender a essência da explicação sociológica em relação ao comportamento eleitoral. “Não devemos estar preocupados em explicar a decisão individual do voto, mas em dar conta das diferenças nas taxas de votos, se elas mostrarem variações consistentes em diferentes grupos sociais”. (LAZARSFELD et al., 1966:297 apud FIGUEIREDO, 2008, pg. 49).
Dessa forma, para a corrente sociológica quem age de fato é o indivíduo, no entanto, esta ação não é isolada e está impregnada de interferências e influências do grupo social a que pertence o indivíduo, sendo a ação individual a derivação da interação social, percebendo-se neste sentido uma crítica a teoria que analisa o voto como uma ação individualizada, sem analisar a realidade social que age sobre tal sujeito.
Uma das premissas indispensáveis da teoria sociológica funda-se na necessidade de haver interação social entre dois ou mais indivíduos, pois é daí que surge a opinião, é na interação social que a crítica e as concepções de diálogos opinativos se processam e se estabelecem, trazendo resultados de convergência e divergência.
A ocorrência de interações sociais pode produzir três resultados: os dois envolvidos saem do processo com opiniões divergentes; uma das partes muda de opinião, convergindo para a opinião do outro; ou então, os dois envolvidos mudam de opinião e aderem a uma terceira posição, o resultado agregado das interações sociais se dicotomiza em dois pólos: as opiniões e os comportamentos concordantes ou discordantes distribuemse socialmente em relação a uma dimensão i qualquer. (FIGUEIREDO, 2008, p. 52).
Por fim, tem-se um grande esforço para se manter as opiniões do grupo, sendo que elas não surgem do nada e podem mudar conforme a necessidade deste grupo, mas é necessário articulação e trabalho para que o grupo posso continuar lutando por seus ideais politicamente estruturados.
Apesar de autor descrever 4 teorias, estas acabam se fundindo em determinados aspectos, sendo que mais precisamente a abordagem se processa sobre a teoria psicológica agregando concepções sociológicas e a teoria da racionalidade do voto que buscam compreender quais as motivações e influências para a decisão do voto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste estudo, compreende-se a importância do estudo das teorias que procuram explicar o fenômeno social do voto, ou seja, aquilo que Figueiredo (2014), definiu como “a decisão de votar”, buscando explicar quais as motivações, influências e interferências que se articulam e recaem sobre o eleitorado fazendo com que este em um dia específico a cada dois anos saia de sua casa e vá enfrentar grandes filas com finalidade de atribuir poder, competências e representatividade a determinado candidatoe partido, sem que tenha a certeza de que suas aspirações e necessidades serão alcançadas e ou ainda que seu voto fará diferença no cenário geral.
O autor não se filia à teoria da racionalidade como a única que pode explicar o fenômeno da decisão do voto, mas no entanto, observa que o cidadão ao decidir votar, estabelece sistemas de racionalidade, certezas e visões sobre os candidatos, sua decisão não seria obra de manipulação e interferências exclusivas de propaganda e marketing apenas.
Neste sentido, Figueiredo (2000) descreve que a influência do marketing sobre a decisão do eleitor é algo limitado e por diversas razões, não sendo o fator preponderante da questão, afirmando que as campanhas eleitorais ocorrem sob o prisma de legislação específica e que muda a cada eleição, por si só isso já é um fator que não faz das campanhas de marketing algo constante e natural a ponto de ser o fator preponderante para a decisão do voto por parte do eleitor, ou seja, tirando este como sujeito da decisão, abstraindo sua racionalidade, além de que diversos candidatos não conseguem mudar sua imagem nem mesmo com a melhor campanha de marketing possível, não influenciando portanto, os eleitores.
No entanto, ao buscar mais explicações o autor também verifica que sistemas simbólicos e sociais se projetam sobre a decisão do eleitor, que dentro de sua racionalidade recebe essas informações e analisa suas supostas verdades e decisões sobre a possibilidade do voto em determinado candidato ou partido, ou seja, aqui também existe a interferência a teoria sociológica na explicação da decisão do voto.
Assim, Figueredo (2014), utiliza diversas teorias para dar fundamentação a sua própria visão, onde mostra que aspectos da racionalidade e interrelações sociais são os elementos que agem e interferem sobre a decisão do voto, não valorando uma sobre a outra, mas dando a devida atenção a influência que cada uma delas exerce sobre o indivíduo de forma conjunta e elaborada.
Este trabalho teve seu mérito, uma vez que traz a abordagem de um tema de grande relevância social, política e científica, ao estudar o comportamento humano, as motivações e influências sobre o a ato da decisão de votar, trazendo um olhar mais próximo da ciência política, não deixando de chamar a atenção para sua aplicabilidade e relação com realidade social e prática no Brasil de hoje.
REFERÊNCIAS
 
CANEL, M. J. (2006). Comunicacion politica: una guia para su estudio y practica. Editorial Tecnos.
CASTRO, Mônica Mata Machado de. Determinantes do Comportamento Eleitoral: a centralidade da Sofisticação Política. RJ: Tese de Doutorado, 1994.
CHAIA, V. (2007). Investigação sobre comunicação política no Brasil. Revista ponto-e-vírgula, n. 2, pp. 160-177. Disponível em: <http://www.pucsp.br/ponto-e-virgula/n2/indexn2.htm>. Acesso em: 10 set. 2020.
CRUZ, Patrícia Alves da. Comportamento eleitoral: um estudo sobre as teorias explicativas para o voto no Brasil. Curitiba: Monografia. Disponível em: <https://studylibpt.com/doc/4879623/2009--patr%C3%ADcia-alves-da-cruz.-comportamento> Acesso em: 12 set. 2020.
DOWNS, ANTHONY. Uma teoria econômica da democracia. São Paulo: EDUSP, 1999.
FIGUEIREDO, Marcus. A decisão do voto: democracia e racionalidade. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008.
______. FIGUEIREDO, Marcus. A decisão do voto. Revista Compolítica, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p. 205-216, jan./jul. 2014.
______. Rubens (org). Marketing Político e Persuasão Eleitoral. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2000.

Continue navegando