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FICHAMENTO
	TEXTO: Aspectos morfossintáticos comuns ao português brasileiro, angolano e moçambicano
AUTORA: Margarida Petter
	CITAÇÃO
	COMENTÁRIO
	Do ponto de vista linguístico, deve-se notar, por um lado, que o português falado em Angola e Moçambique não é um crioulo e que lá são faladas línguas bantas, aquelas que eram faladas por grande contingente de indivíduos transplantados pelo tráfico para o Brasil. Por outro lado, há uma ecologia linguística particular a esses três países. (p. 203)
	Há um multilinguismo dos falantes de línguas bantas (LBs) em Angola e Moçambique; no Brasil, a diversidade de línguas em presença, além das línguas africanas, envolve outros conjuntos linguísticos (indígenas, europeus e asiáticos)
	O léxico de origem africana testemunha o contato linguístico entre o português e as línguas africanas, mas são pouco reconhecidas as evidências de contato nos níveis fonológico, morfológico e sintático, no PB, PA e PM. (p. 203)
	As três variedades de português compartilham o mesmo léxico básico, de origem portuguesa, com algumas pequenas diferenças. É no vocabulário comum que vamos encontrar um parâmetro mais adequado para a análise da presença e termos de origem africana, pois os vocábulos desse conjunto são utilizados em qualquer tipo de comunicação por falantes de diferentes categorias sociais.
	Gonçalves (2003) observa uma sistematicidade na introdução dos empréstimos, que correspondem a lacunas lexicais do PE, devidas à falta de referência a realidades específicas de Moçambique (relativas à cultura, fauna e flora, principalmente). (p. 205)
	Há, portanto, uma relação assimétrica entre as línguas em contato consideradas, português e LBs: as unidades lexicais e os processos de criação léxica são em grande parte semelhantes aos do PE. Apesar de compartilharem o contato linguístico português/línguas africanas, decorrente de uma história colonial, o PA, o PB e o PM são falados em territórios distintos e distantes, em ambientes culturais diversos; seus falantes têm necessidades específicas e estão expostos a convívios linguísticos e sociais diferenciados. Essas especificidades são fatores relevantes que atuam na configuração semântica e morfossintática dos itens lexicais e conferem um traço de individualidade ao léxico de cada variedade linguística pesquisada.
	Observando sob essa perspectiva os morfemas de conteúdo constituí- dos por nomes, pode-se compreender a relação de concordância entre determinante e núcleo do sintagma nominal, assim como se pode explicar a variação que essa estrutura pode apresentar no PA, no PB e no PM. (p. 207)
	Embora não haja estudos quantitativos sobre o mesmo fenômeno no PA e no PM, os corpora investigados apresentam inúmeros exemplos de concordância nominal de número em discordância com a norma: No PA e PM são muitos os casos em que o gênero do determinante não está de acordo com o gênero do morfema de conteúdo.
	No nível nominal, os morfemas gramaticais tardios exteriores podem ser encontrados em línguas em que os modificadores do nome estão ligados formalmente aos seus núcleos, como o português e as línguas bantas. (p. 211)
	Referindo-se ao verbo, a concordância sujeito-verbo é considerada um morfema gramatical tardio exterior. Nesse nível encontram-se vários fatos de variação de concordância de número e de pessoa nas três variedades linguísticas sob análise. Vejamos alguns exemplos, em que o verbo é flexionado na terceira pessoa do singular, em desacordo com o sujeito: São adquiridos num momento posterior ao da aquisição do morfema de conteúdo (lexema verbal), por isso podem apresentar alguma divergência com a relação à norma.
	A estrutura léxico-conceptual refere-se a traços pragmático-semânticos críticos que são combinados no nível conceptual com as intenções do falante. Corresponde a neologismos, mudança semântica ou desvios semânticos. Observaremos apenas alguns fatos relativos a verbos do português europeu que têm um uso diferente nas variedades americana e africanas. (p. 213)
	Em Angola, pode ser referida a polissemia do verbo pôr: pôr falso ‘caluniar’, pôr história ‘contar uma história’, pôr conversa ‘falar’, pôr dente ‘morder’, pôr quixucuxuco (ou soluço) ‘soluçar’, pôr quifunes (ou cafuné) ‘acariciar a cabeça’, pôr mentira ‘mentir’. Em quimbundo, o verbo correspondente, kuta, é amplamente polissêmico.
	Vários aspectos que podem indicar uma interferência do nível abstrato de línguas africanas no PA, PB e PM poderiam aqui ser tratados, mas em função do espaço, vamos abordar dois tópicos apenas, a colocação pronominal e o uso do clítico acusativo de terceira pessoa. (p. 215)
	A colocação pronominal é um dos aspectos morfossintáticos que aproximam as variedades africanas e americana de português. A tendência de colocação pronominal em PA é “inversa ao PE”, ou seja, o PA coloca o pronome átono numa posição oposta à utilizada no PE. Quando este prefere a próclise (após conjunções subordinativas, advérbios, por exemplo), o PA usa a ênclise, e quando a norma europeia pede a ênclise (no início de orações, por exemplo) o PA usa a próclise. O uso do clítico acusativo de terceira pessoa também aproxima as três variedades de português. É frequente o uso da forma nominativa na função acusativa.
	TEXTO: O continuum afro-brasileiro do português
AUTORA: Margarida Petter
	CITAÇÃO
	COMENTÁRIO
	É inegável, como demonstram os trabalhos publicados, que o PB difere do PE, sobretudo nos níveis fonético-fonológico e sintático; por outro lado, são notáveis as semelhanças encontradas na concordância de gênero e número do sintagma nominal entre os crioulos de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e variedades não-padrão do PB. (p. 159)
	É preciso situar o PB num conjunto amplo que abranja os países de fala português em que se encontram outras variedades de português, no caso Angola e Moçambique. A identidade do PB só pode ser compreendida partindo da análise desse conjunto. Focalizar as formas de português não-crioulas chama a atenção para diferentes situações de contato, em épocas diversas, que produziram resultados semelhantes que permitem defender a existência de um continuum afro-brasileiro de português.
	O padrão silábico das línguas do grupo banto é a sílaba aberta, CV (Consoante Vogal). Embora se sair que essa estrutura é o cânone silábico universal, pode-se admitir que a tendência a restabelecer esse modelo silábico decorra do contato com as LB. (p. 161)
	Tanto no PA, quanto no PM e no PB as vogais são muito bem articuladas, o que pode causar até mesmo epêntese de vogais para desfazer encontros consonantais. Esse fenômeno fonológico ficou estigmatizado no PB como marca de fala de pessoas negras.
	Sobre os fenômenos de alteração de fonemas na cadeia sonora (permuta, supressão ou acréscimo de sons), os chamados metaplasmos, há informações sobre Angola e sobre Moçambique. [...] Selecionei do material disponível apenas alguns fatos significativos para a comparação com o PB. (p. 162)
	A autora apresenta metaplasmos por substituição (metátese, assimilação e monotongação), metaplasmos por supressão (aférese, síncope e apócope) e metaplasmos por acréscimo (prótese, epêntese e paragoge), todos comuns às três variedades do português estudadas. São características de falas populares, no Brasil, distantes do padrão.
	Os estudos sobre PA e PM reconhecem que os empréstimos [lexicais] são muitos, mas afirmam que não é grande o desvio do léxico com relação a Portugal; os domínios da flora e da fauna representam a maioria dos dados, pois reflete a necessidade de denominação da diferença flagrante dos meios naturais europeu e africano. (p. 164)
	Em estudos de particularidades do PA, observa-se fraca amplitude de lexias africanas nas interações cotidianas, exceto por uma dezena de termos típicos, por serem inevitáveis. No PM reconhece-se a influência brasileira no nível lexical, devido ao sucesso das novelas e da programação midiática brasileira no país. Além disso, há baixa frequência de termos de origem do local.
	Comparando dados do AVP [Angolan VernacularPortuguese] com três línguas do grupo banto locais - quimbundo, quicongo e tchokwe -, a conclui-se que a variedade angolana tende a marcar o número somente no elemento mais à esquerda do Sintagma Nominal (SN), o que equivale a dizer que o número é marcado no elemento à esquerda do núcleo, pois essa é a posição típica do português. (p. 169)
	Alguns pontos em comum no nível morfossintático entre o PB e o PA são a ausência de artigo diante de possessivo, ausência de plural com -s, preposição ‘em’ usada no lugar de 'a', entre outras. No PM há a tendência ao uso da 3ª pessoa do singular, sendo o sujeito de 1ª ou 3ª pessoa do plural. Embora essas variedades, sobretudo a variedade vernacular angolana, guardem muitos traços do superestrato (PE), elas também manifestam uma tendência para a reestruturação, o que as aproxima às línguas do grupo banto.
	São tantas as semelhanças compartilhadas pelas três variedades de português nos três níveis de organização linguística selecionados (fonológico, lexical e morfossintático) que fica difícil defender que tais fatos sejam casuais, resultantes de uma deriva natural do português ou decorrentes da manutenção de formas antigas do PE. (p. 169)
	A hipótese mais contundente apresentada pelos dados apresentados no texto é a de que as mudanças tenham sido introduzidas por falantes de línguas africanas, tanto na África quanto no Brasil. Esse contato, mesmo que não seja a única explicação para as mudanças observadas, é certamente bastante relevante. O continuum do texto se refere a uma distribuição dos fenômenos observados na distribuição temporal, em que há uma sequência com diferenças que vão se acentuando, tudo dentro de uma unidade, um conjunto de forma que desviantes do PE.
	TEXTO: Uma hipótese explicativa do contato entre o português e as línguas africanas
AUTORA: Margarida Petter
	CITAÇÃO
	COMENTÁRIO
	Importa, assim, considerar: as relações atuais entre Brasil, Angola e Moçambique, os intercâmbios comerciais e a comunicação pela mídia (televisão, principalmente) (p. 10)
	A difusão de telenovelas, programas de televisão, filmes e músicas tem contribuído para a disseminação de aspectos da variedade brasileira na África, especialmente em Angola e Moçambique. Essa influência cultural e linguística pode significar uma aproximação mais estreita entre os falantes do português na América do Sul e na África.
	O padrão silábico das línguas do grupo banto é a sílaba aberta, CV. Embora se saiba que esta estrutura é o cânone silábico universal, pode-se admitir que a tendência a restabelecer esse modelo silábico decorra do contato com as LB. (p. 10)
	Embora o padrão silábico CV (consoante-vogal) do português brasileiro seja comum em várias línguas ao redor do mundo, incluindo outras línguas românicas, porém, entendendo a influência do contato das línguas bantas com o PB na consolidação de certos aspectos fonológicos (como a nasalização de certos sons, por exemplo), a atribuição é plausível.
	Sobre os fenômenos de alteração de fonemas na cadeira sonora (permuta, supressão ou acréscimo de sons), os chamados metaplasmos, há informações sobre Angola – a tese de Chavagne (2005) –, e sobre Moçambique – a tese de Michel Laban (1999). Esses estudos apresentam a análise de dados coletados em pesquisa de campo e bibliográfica. (p. 11)
	Metaplasmos por substituição (metátase, assimilação, monotongação), Metaplasmos por supressão (aférese, síncope, apócope), Metaplasmos por Acréscimo (prótese, epêntese, paragoge).
	Chavagne observa que o PB funcionou como um vetor de empréstimos do quimbundo, permitindo o retorno a Angola de termos dessa língua que foram lusitanizados no Brasil, principalmente no período de trocas intensas no século XVIII. (p. 13)
	Daí ser difícil, segundo esse pesquisador, afirmar se os empréstimos do quimbundo constatados em Angola se produziram em território angolano, isto porque o português brasileiro pode ter reexportado termos que no Brasil tomaram novo significado, como capanga, moleque, que voltaram para África carregados de novas conotações. Michel Laban também reconhece no PM a influência brasileira no nível lexical, devida ao sucesso das novelas, atualmente. Antes da independência o impacto do PB estava ligado à literatura e ao cinema, daí se explica a entrada dos termos capanga, casa-grande, cipó, molecada, papai.
	Apesar da instabilidade do nível morfossintático no nível dos ideoletos, observada em Angola, Chavagne enumera vários pontos comuns entre o PA e o PB, principalmente na língua corrente ou popular, transcritos abaixo, com acréscimo de exemplos colhidos de outras partes do trabalho do autor. (p. 15)
	Alguns exemplos são: ausência de artigo, onde o PE pede ou utiliza mais frequentemente, ausência do plural com – s ou ausência do – s final nas formas verbais, redução da flexão verbal em favor da 3ª pessoa, colocação pronominal desviante, pronome ele em posição de acusativo e elipse do objeto direto.
	Comparando os dados do AVP com três línguas do grupo banto locais: quimbundo, quicongo e tchokwe, a autora conclui que a variedade angolana tende a marcar o número somente no elemento mais à esquerda do SN, o que equivale a dizer que o número é marcado no elemento à esquerda do núcleo, pois essa é a posição típica do português. (p. 16)
	Como nas línguas do conjunto banto, a pluralidade do AVP é, de preferência, também frequentemente expressa por marcadores de concordância fora no núcleo. Inverno conclui que, embora essa variedade guarde muitos traços do superstrato (PE), ela também manifesta uma tendência para a reestruturação, que a torna mais semelhante às línguas de substrato, ou seja, as línguas bantas.
	São tantas as semelhanças compartilhadas pelas três variedades de português nos três níveis de organização linguística selecionados (fonológico, lexical e morfossintático) que fica difícil defender que tais fatos sejam casuais, resultantes de uma deriva natural do português ou decorrentes da manutenção de formas antigas do PE. (p. 16)
	A hipótese de que essas mudanças tenham sido introduzidas por falantes de línguas africanas, tanto na África quanto no Brasil, impõe-se de forma contundente, mesmo que se considere que no Brasil falantes de línguas indígenas e de outras línguas europeias tenham participado da constituição do PB.
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