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Estratégias para Captação de Recursos para o Setor Público W BA 01 02 _v 1. 1 2/149 Estratégias para Captação de Recursos para o Setor Público Autor: Greiner Teixeira Marinho Costa Como citar este documento: COSTA, Greiner Teixeira Marinho. Estratégias para Captação de Recursos para o Setor Público. Valinhos, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios 07 Unidade 2: Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos 44 Unidade 3: Elaboração de Projetos 78 Unidade 4: Casos e Linhas de Financiamento Específicas 114 2/149 3/149 Apresentação da Disciplina Caro Leitor (a), Nesta disciplina os participantes ao final dos trabalhos deverão estar informados sobre os procedimentos utilizados pelas administrações públicas municipais para avaliação de problemas nas cidades, seleção de prioridades, desenvolvimento de projetos, alocação de recursos e implantação de serviços e obras por meio do aporte de recursos externos captados junto a agências de fomento e organismos de financiamento do governo federal, dos governos estaduais e de projetos em parceria com entidades da sociedade civil. A elaboração de projetos para captação de recursos é uma ferramenta de gestão que vem ganhando maior importância recentemente, em especial devido às novas e volumosas linhas de financiamento abertas pelos governos federal e estaduais e seus organismos de financiamento. Para isso aos participantes do curso serão apresentados os procedimentos de priorização de projetos característicos da administração pública brasileira de modo que, seja trabalhando na gestão pública, seja atuando em entidades da sociedade civil, estejam habilitados a conhecer os planos anuais e plurianuais dos governos municipais, identificar nestas oportunidades e necessidades de projetos envolvendo a captação de recursos externos, trabalhar com a comunidade local, dominar técnicas de planejamento de projetos e desenvolver com êxito iniciativas desta natureza. 4/149 A captação de recursos externos representa um importante e necessário aporte financeiro que se soma às receitas tradicionais dos municípios representadas por tributação, cobrança de taxas e principalmente transferências obrigatórias dos governos federal e estaduais para os municípios. A grande maioria dos 5.565 municípios brasileiros sobrevivem financeiramente a duras penas e graças principalmente a transferências de recursos realizadas pelo governo federal. Estas cidades não dispõem orçamento próprio suficiente, por não dispor de fontes de arrecadação de receitas próprias ou devido à incapacidade política e administrativa de seus dirigentes que não cobram taxas e impostos da forma como a lei lhes faculta e deveriam. Por isso localizar e desenvolver novas fontes de financiamento é uma ação que pode ter grande impacto na disponibilidade de recursos para atender às demandas da população e resolver os mais relevantes problemas de nossas cidades, em especial das menores e mais precárias. De que forma os governos locais elaboram seus planos anuais de gestão? O que é e qual é a importância dos Planos Plurianuais (PPA) locais? Como integrar com as cidades vizinhas em projetos consorciados? Quais são e onde podem ser localizadas novas fontes de financiamento? Quais os principais programas do governo federal disponíveis para esse fim? Como elaborar projetos para captação de recursos a partir de problemas prioritários identificados 5/149 pelas gestões municipais? Que pontos devem ser destacados nos projetos para que sejam aprovados pelos organismos de financiamento? Serão trabalhadas no decorrer do curso respostas a estas questões e a outras sempre relevantes que são apresentadas pelos participantes durante as aulas. Em outra ponta do processo, dada à progressiva modernização e ampliação da abrangência de atuação e da eficácia das políticas pública de fiscalização e controle, seja por órgãos como os tribunais de contas, as câmaras de vereadores, instâncias do judiciário, seja por organizações da sociedade civil que fiscalizam o trabalho dos gestores públicos, tem se tornado um conhecimento extremamente valorizado o domínio dos procedimentos para prestação de contas sobre recursos captados. A não prestação de contas de forma adequada tem sido um dos principais vetores de abertura de processos e imputação de responsabilidade a gestores públicos e dirigentes de entidades da sociedade civil. Os processos de captação no setor público têm aumentado em volume e sofisticação e tem se tornado complexo, envolvendo muitos riscos. Por serem muito importantes acreditamos haver um amplo espaço e mercado de trabalho para aqueles que se especializam em suas ferramentas e técnicas específicas. Os órgãos de controle exigem cada vez mais projetos com boa definição de 6/149 objetivos, beneficiários, indicadores de processo e de resultados finalísticos bem elaborados, mecanismos para a prestação de contas, monitoramento e avaliação bem definidos desde a concepção do projeto, instrumentos essenciais para o sucesso de programas, projetos e serviços continuados. É fundamental elaborar bons projetos, que sejam lastreados em necessidades e objetivos que valorizem em primeiro lugar o interesse público e as necessidades da maioria da população, e desde sua origem ter clareza sobre a quem se destina e os impactos positivos que podem ter sobre a vida das pessoas e da cidade. Veremos que essa é a melhor forma de obter sua aprovação e êxito na implementação. Todo esse conjunto de conhecimentos será trabalhado primordialmente com um viés prático resolutivo e com exemplos, de forma a proporcionar maior conexão entre a realidade e as escolhas das pessoas e do dirigente público. A você, caro leitor(a), que futuramente procurar se especializar e trabalhar dentro desta temática esperamos oferecer linhas de estudo e pesquisa que potencializem as habilidades e conhecimentos que você já tem. Desta forma com o componente fundamental que é seu interesse, disposição e motivação, poderá em curto tempo realizar iniciativas de alto valor social e que também podem representar oportunidades futuras para um trabalho de qualidade e com bom retorno. 7/149 Unidade 1 Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios Objetivos 1. Esta primeira aula da disciplina apresenta informações e conceitos fundamentais para a captação de recursos no setor público, buscando qualificar as informações sobre o tema para os participantes do curso. 2. O ponto de partida adotado é qualificar o trabalho na gestão pública e em entidades da sociedade civil a ela relacionadas com foco para a resolução de problemas e o atendimento a demandas de interesse público. São oferecidas aos leitores informações necessárias e suficientes para que possam conhecer os procedimentos típicos de trabalho com planejamento e alocação de recursos na administração pública municipal, caracterizando a origem, o desenvolvimento e as iniciativas essenciais para que um projeto venha a ser priorizado e implantado. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios8/149 Introdução A execução de ações voltadas à promoção do desenvolvimento local, que resultem em melhorias efetivas na vida dos cidadãos é um desafio que se impõe às administrações municipais. O êxito em sua realização exige o aprimoramento das ações de cooperação mediante o fortalecimento e ampliação dos mecanismos de articulação entre os governos federal, estadual e municipal para a promoção do desenvolvimento integrado, além do intenso esforço de abertura de espaços à participação da sociedade civil por meio de processos democráticos de prestação de contas e de parcerias para a elaboração e efetivação de projetos e para o atendimento de demandas socioeconômicas e de sustentabilidade em âmbito nacional, regional e local. Na medidaem que buscam orientação em planos de desenvolvimento os municípios terão informações estratégicas para elaborar os seus planos plurianuais a partir de oportunidades de mobilização de investimentos federais e estaduais, evitando-se que ações planejadas ou em curso deixem de ser consideradas. Contudo, para que os municípios possam aproveitar de modo eficaz tal oportunidade, é fundamental desenvolver, junto aos dirigentes e equipes técnicas municipais, competências essenciais no campo do planejamento e gestão. A elaboração de projetos para captação de recursos é condicionada pelo diagnóstico de problemas e pelas prioridades estabelecidas no Plano Plurianual de cada Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios9/149 município. Não pode ser vista apenas como um objetivo de um plano de negócio de uma entidade privada. Nesse sentido, busca-se não só elaborar projetos segundo a definição de necessidades, tendo em vista os programas, serviços e compromissos governamentais, mas também de considerá-los no que se refere à sua viabilidade política, técnica e financeira. Tem-se a expectativa de que a formação aqui propiciada privilegie a abordagem de experiências práticas, voltadas para os desafios enfrentados pelas administrações municipais, permitindo ao participante identificar procedimentos que devem ser evitados e aqueles que fundamentam boas práticas. A situação-problema que orienta a organização deste texto de apoio didático é o conflito entre a adoção de metodologias de planejamento e a improvisação desinformada sobre como organizar de forma ampla e completa uma gestão de quatro anos em âmbito local. Ela tem o objetivo de ampliar as possibilidades de que os governantes atinjam o objetivo de cumprir ao longo do mandato os compromissos assumidos na campanha eleitoral. Ao mesmo tempo busca abrir espaço para que entidades da sociedade civil possam atuar de forma cooperativa com as gestões locais por meio de projetos específicos focados em resultados. Seu ponto de partida é procurar respostas a obstáculos existentes à elaboração de Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios10/149 projetos nas administrações municipais de todo o país, com impacto negativo sobre a qualidade das demandas de financiamento apresentadas a instâncias de fomento dos governos federal e estadual. Estas restrições também geram efeitos indesejados sobre os gastos públicos inerentes à realização de compras e licitações de obras e serviços relacionados; sobre os parâmetros e critérios necessários à boa gestão de contratos; e, em última instância, sobre a execução orçamentária propriamente dita. Neste caso é notório o não cumprimento de prazos, a rejeição ou interrupção de projetos. Deve-se destacar finalmente que o ponto final desta cadeia de desajustes é a não utilização de recursos financeiros disponíveis ou mesmo sua devolução, fazendo com que as metas de fomento estabelecidas por programas federais e estaduais não sejam cumpridas, levando a toda uma série de problemas de natureza política, mas principalmente não elevando a qualidade da prestação de serviço público necessária para grandes segmentos da população. Para isso buscamos trabalhar respostas para perguntas como: • Quais são os maiores obstáculos à elaboração local de projetos? • Que informações são necessárias para elaborar projetos? • Que tipo de apoio os governos federais e estaduais precisam garantir? Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios11/149 projetos, problemas integrados a espaço físico, métodos de trabalho e até mesmo a existência de profissionais destacados para esta tarefa junto ao gabinete do prefeito e nas principais secretarias ou diretoriais municipais. Em certa medida podemos dizer o mesmo para a maior parte de ONGs e demais instituições sociais. Mas consideramos que o principal problema que envolve a elaboração de projetos, e, por conseguinte, a insuficiente execução do Plano de Governo, do PPA e das demais peças orçamentárias, tem origem na deficiente orientação estratégica e no processo decisório no núcleo de governo que não aponta um direcionamento claro e preciso para que projetos sejam priorizados e elaborados. • Como técnicos e servidores da administração local devem trabalhar para ter êxito na elaboração de projetos? • Como entidades, ONGs e outras organizações da sociedade civil podem trabalhar em cooperação com o poder público para o desenvolvimento de projetos? Como sempre reiteramos só haverá demanda por qualificação da gestão em um governo que valoriza a fixação de compromissos, a responsabilização, a cobrança e de prestação de contas. É um fato conhecido que a maioria dos municípios grandes e pequenos apresentam déficit de pessoal técnico e conhecimento para a elaboração de Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios12/149 Esta primeira aula, portanto trata dos fatores gerais que condicionam a captação de recursos nos municípios tendo como eixo os compromissos expressos nos planos de governo e do PPA. A aula 2 da disciplina trabalhará com maiores detalhes os procedimentos para a viabilização de recursos e a apontará as principais fontes de financiamento disponíveis. A aula 3 tem como foco específico os conceitos e metodologia para a elaboração de projetos para captação de recursos. A aula final da disciplina, de número 4, apresentará alguns exemplos e tratará dos procedimentos e cuidados com a prestação de contas relacionada a projetos para captação de recursos. 1. O Início do Governo O começo da gestão municipal, que para alguns pode parecer um prêmio pela vitória nas eleições, pode trazer na verdade significados e desafios bem diversos. A posse é, muito além da festa, um dos primeiros passos para a concretização das expectativas e anseios da população. Assim, o que externamente deixa transparecer a imagem das solenidades, dos discursos, das comemorações, abraços e sorrisos, esconde também grande ansiedade natural, inúmeros problemas e atribulações que cercam aqueles que, muitas vezes, estão vivendo pela primeira vez o exercício de um cargo público já com responsabilidade de direção. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios13/149 É neste importante momento, no qual o entusiasmo e a dúvida se misturam, em meio a um turbilhão de informações necessárias (mas nem sempre disponíveis), oferecendo um guia metodológico objetivo para que toda a equipe de governo - Prefeito, Vice, Secretários, Diretores, Técnicos - tome contato com a real situação da prefeitura e da cidade, defina suas ações de planejamento já no período de transição avalie os custos de benefícios de cada escolha, selecione suas prioridades, defina as ações projetos estratégicos que deverão implementar e do município e comece a governar com qualidade. É desde este momento também, que os dirigentes e envolvidos com entidades da sociedade civil que prestam serviços à administração municipal vão procurar obter informações, criar canais de contato e relacionamento para que futuramente venham a estabelecer parcerias onde couber. Propomos dividir para estudo o início da gestão em três momentos importantes: • O Período de Transição; • Da Posse até os 100 Dias; • 1º Ano de Governo. Não temos a pretensão de esgotar os temas relativos a cada um dos três momentos citados e nem mesmo tecer um tratado sobre as questões relativas ao início da gestão municipal. O que buscamos, com uma linguagem direta, é apenas Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios14/149 resumir preocupações e recomendações e apontar algumas ações próprias do início de governo, listando cuidados nas áreas do planejamento, das finanças e da administração pública. O interesse do leitor em aprofundar os estudos sobre qualquer um dos pontos apresentadosdeverá remetê-lo, necessariamente, para outras leituras e contatos com profissionais experientes que desenvolveram com maior detalhe cada assunto. Destacamos então que é neste momento de início que as prioridades serão definidas e que os mecanismos de participação devem ser estabelecidos. É o ponto de partida para a elaboração de projetos. É o ponto de contato para que tanto gestores busquem aliados para a elaboração e desenvolvimento de projetos desde o início de governo; mas também para dirigentes e técnicos de entidades da sociedade civil busquem informações e contatos no poder público local para que em algum momento logrem estabelecer parcerias. Como será destacado a seguir. Para saber mais Orientações para transição em governos municipais. Para saber mais clique aqui. http://www.abm.org.br/wp-content/uploads/2013/09/CartilhaEncerramentodeMandatoSAFPR2012.pdf Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios15/149 2. Planejamento Governamental O Planejamento é uma função essencial da administração pública municipal e é, antes de tudo, atribuição e obrigação do poder executivo. A iniciativa deve sempre partir do Prefeito, que deflagra o processo de planejamento, bem como o monitoramento da sua execução. Haverá, sempre, por trás das “técnicas” de planejamento e de gestão, do método de planejamento, um modo de pensar o mundo ou, pode-se dizer, uma ideologia. Os modos de se fazer o planejamento e a operacionalização do plano serão sempre ferramentas de trabalho coerentes, em última instância, a um determinado projeto político. O planejamento governamental que podemos denominar como tradicional, de forte base economicista, declara-se “neutro”, ancorado em uma pretensa objetividade das decisões orientadas por análises “técnicas”. Não é necessário nos determos neste ponto rejeitado por evidências práticas e também muito criticado por diversos autores. Vamos apenas enfatizar que “planejar” no setor público (e mesmo no setor privado) é essencialmente uma atividade política, inseparável das relações dos homens em sociedade, do jogo social, da escolha de metas e tomada de decisões. É uma forma de fazer política, pois a partir do momento em que se escolhe como se quer planejar, quando se escolhe o modelo de gestão que Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios16/149 se pretende implementar, se está fazendo política no sentido mais amplo da palavra. Estes “como” se quer planejar, “quem” vai planejar, “quais problemas” (qual agenda) serão priorizados, devem ser coerentes entre si e demonstram a dimensão ideológica das escolhas de quem planeja, que é quem enuncia o desejo de construir resultados em seu período de gestão. O potencial transformador desta opção está, em boa medida, condicionado pela clareza que os envolvidos têm sobre o fato de que a opção pelo modelo de gestão pode ser uma forma ativa de realizar uma gestão pública democraticamente e de fazer frente aos desafios colocados pela realidade sociopolítica de nossa sociedade. Podemos resumir os objetivos de se trabalhar com planejamento desde antes do início formal do governo. Dentre eles, destacamos: • Para definir estrategicamente as prioridades, os resultados a serem atingidos e a forma de trabalho em equipe para um período de governo; • Para que estas definições sejam compartilhadas pelo conjunto da equipe de governo e, de forma integrada e bem articulada, sejam atingidos os resultados planejados; • Para que a cidade tenha uma evolução e um crescimento ordenados; • Para evitar ações que possam levar ao desperdício dos recursos públicos; Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios17/149 • Para garantir o bem-estar da população, mobilizando adequadamente os recursos do município e integrando os projetos prioritários; • Para facilitar a busca de novos recursos nos níveis estadual, federal e internacional e junto à iniciativa privada; • Para que o trabalho realizado seja feito em estreito contato com a população e com atores sociais atuantes no município; • Para cumprir o que determina a legislação. Apesar de o planejamento ter se tornado uma ferramenta e uma obrigação legal do gestor público, sempre existem outros setores da sociedade que têm um papel relevante em sua realização. A Câmara Municipal, os técnicos de cada área da administração, as associações de moradores, organizações e entidades da sociedade civil, os organismos públicos de fiscalização e controle, os conselhos e a população em geral também são parte desta história. Como ninguém governa sozinho nem controla todos os recursos de poder sobre o município, conclui-se que não basta fazer um plano de governo para a gestão. É importante pensar também em como partilhar as responsabilidades com os outros “Atores Sociais” que participam da política, da agenda econômica e da vida Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios18/149 social da comunidade. A governabilidade da administração municipal sobre os problemas locais é sempre limitada. Um modelo de planejamento que mobilize a cidade pode cumprir a um só tempo três papéis diferentes e igualmente importantes: construir a democracia, ampliar a governabilidade e obter eficácia para a gestão na medida em que incorpore informações, legitimidade e compromisso com a execução por parte daqueles que participam. Promove a democracia, na medida em que partilha o poder de decisão entre os diversos setores sociais e econômicos do município. Aumenta a governabilidade, na medida em que aproxima a população do governo, e amplia a visibilidade e o apoio dentro da comunidade. A Constituição de 1988 também optou por esse modelo de fortalecimento da descentralização e da democracia ao prever a participação popular na “definição das políticas públicas, na elaboração do orçamento [orçamento participativo] e no controle em diversos outros aspectos”. Para que isto possa acontecer, é necessário que o Prefeito, juntamente com a sua equipe, assuma um papel mobilizador, articulador e mediador entre os diversos setores, combinando todo o funcionamento do processo de planejamento, a forma de acesso às informações municipais e as atribuições que irão caber a cada um. Para que todas estas diretrizes venham a ter efeito, é Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios19/149 necessário que desde o princípio, em conjunto com o levantamento dos dados e informações sobre a Prefeitura e sobre a Cidade, que a futura equipe de governo elabore o seu Plano de Governo. Este plano de trabalho para a entrada e início de governo deve ser bem fundamentado em análise estratégica da situação político-administrativa do que foi encontrado na transição e do que pode ser previsto para o início do governo. Deve levar em conta, igualmente, as expectativas e demandas da população para o futuro governo. Ele será essencial para, dentro do período dos “Primeiros 100 Dias” da gestão, ser revisado, detalhado e complementado na forma de um Plano Estratégico de Governo, destinado a orientar a atuação municipal durante o primeiro ano e, com novas revisões e atualizações, ser o fio condutor de todo o período de quatro anos de gestão. Para saber mais Sugerimos a leitura do excelente trabalho coordenado por Zenaide Sachet: Um Método para Governar. CEPAM/Unicamp, 2009. Publicação disponível para download em <https://issuu.com/cepam/ docs/m_todo_completo_09>. Dentre as definições fundamentais do planejamento, nesta fase inicial do governo, devem constar as decisões referentes ao relacionamento entre o governo e a sociedade, e as formas de https://issuu.com/cepam/docs/m_todo_completo_09 https://issuu.com/cepam/docs/m_todo_completo_09 Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios20/149 participação desejadas e necessárias da população no planejamentoe no acompanhamento das ações de governo ao longo do tempo. Será também orientação essencial para o trabalho a ser realizado pela equipe de governo a partir do momento em que é nomeada, apontando diretrizes para os planos de ação setoriais e para as medidas imediatas após a posse em cada secretaria ou órgão municipal. Etapas recomendadas para a elaboração. Em síntese, recomenda-se que a metodologia de planejamento e de acompanhamento das ações para o governo cumpra os seguintes passos: 1º Passo - Até a primeira semana de dezembro: realizar reunião de trabalho restrita ao núcleo de coordenação da transição, Prefeito, Vice e dirigentes políticos. Idealmente, deve envolver 8 a 10 pessoas. O produto desta reunião deve ser conjunto de diretrizes para a pose e para o início de governo. 2º Passo - Em meados de dezembro, após a nomeação da equipe de governo que vai tomar posse em 1º de janeiro: realizar 1ª reunião estruturada de planejamento com o secretariado. O produto principal desta reunião é a orientação qualificada para os trabalhos de transição nos setores, recomendações para o trabalho desde a posse e no 1º mês de governo. 3º Passo – Acompanhar o desenvolvimento dos Planos Setoriais, o detalhamento e a realização das primeiras medidas relativas Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios21/149 aos Projetos Prioritários, e o início dos trabalhos para definição do orçamento para o 1º ano e a elaboração do Plano Plurianual. 4º Passo – Realizar, na última semana de janeiro, a 2ª reunião de secretariado estruturada para avaliação do início do governo e atualização das prioridades. Essa atividade deve garantir quatro produtos principais: a revisão e atualização do planejamento; a verificação do andamento dos trabalhos nas secretarias; a verificação dos Resultados Esperados para os 100 dias de governo; e a definição de procedimentos para o desenvolvimento e finalização do Plano Estratégico de Governo e do PPA ainda no 1º semestre. 5º Passo – Colocar em funcionamento formal uma equipe ou comitê de coordenação do Plano de Governo para: apoiar e acompanhar o desenvolvimento dos planos setoriais; o detalhamento dos Projetos Prioritários e a realização das medidas imediatas a eles relacionadas; iniciar os trabalhos para a estruturação da Sala de Gestão; secretariar e apoiar a realização das reuniões ordinárias de secretariado. 6º Passo – Realizar, no início de abril do 1º ano, a 3ª reunião de secretariado estruturada para avaliação dos 100 dias de governo, preparação da 1ª prestação de contas à população e fixação das bases definitivas do Plano Estratégico 2013- 2016. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios22/149 (Ver anexo 1 – Quadro com um resumo geral para uma AGENDA para quatro anos de gestão e conceitos relativos ao plano de governo e ao projeto de comunicação). Obs.: regra geral a partir do período março-abril os governos municipais iniciam os trabalhos de planejamento participativo, em muitos casos mais recentes, de PPA participativo e também audiências públicas para processos de conferência da cidade. Estas agendas de planejamento semiabertas oferecem inúmeros insumos para o trabalho de planejamento governamental. 3. Planejamento Orçamentário O planejamento orçamentário é aqui entendido como uma dimensão operacional que deve ser bem articulada às propostas e aos projetos identificados no plano estratégico de governo para que seja viabilizada a implementação das prioridades definidas. Ele cumpre um papel fundamental para abrir possibilidades para a elaboração de projetos para captação de recursos. O plano plurianual (PPA) é o instrumento pelo qual os projetos definidos Para saber mais Manual para elaboração do PPA. Para saber mais <clique aqui. http://www.planejamento.gov.br/servicos/central-de-conteudos/publicacoes/orientacoes_elaboracao_ppa_2016_2019.pdf Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios23/149 no planejamento para os próximos quatro anos são sistematizados, como ação de governo, os recursos são programados e alocados, incluindo eventuais contrapartidas relacionadas à captação de recursos externos. O PPA contempla, assim, os três anos do governo atual mais o primeiro ano da próxima gestão. O planejamento orçamentário é composto, além do PPA, da lei de diretrizes orçamentárias (LDO), que tem a finalidade de estabelecer as diretrizes para a lei orçamentária anual (LOA) para o próximo ano, da execução do orçamento e da prestação de contas. Resumidamente, a definição destes instrumentos pode ser apresentada como: Plano Plurianual – PPA. Ponto de Partida do Planejamento Orçamentário discrimina programas, objetivos, metas e indicadores da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, para um período de quatro anos, incluindo o primeiro ano do mandato seguinte. A data de entrega do Projeto de Lei do PPA à Câmara Municipal varia de cidade para cidade, mas regra geral ocorre em agosto do primeiro ano de governo. Lei de Diretrizes Orçamentária – LDO. Especifica as metas e as prioridades da administração Pública, para o exercício financeiro subsequente, com base no PPA. Orienta a elaboração da LOA e dispõe sobre alterações na legislação tributária Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios24/149 e nos gastos com pessoal, no momento de avaliação do ano anterior e de revisão das prioridades, estabelecidas no PPA, bem como revisão dos valores previstos de acordo com modificações na projeção das receitas. Lei Orçamentária Anual – LOA. Orçamento Municipal define as receitas e as despesas da Prefeitura, da Câmara Municipal, das Autarquias, das Fundações, dos Fundos e das Empresas Públicas, alocando recursos para programas e ações. Deve ser compatível com o PPA e a LDO. Execução Orçamentária. Processo cotidiano em que a gestão executa o orçamento, normalmente restrito à contabilidade e por vezes à Secretaria de Finanças, cabendo às unidades e aos órgãos apenas acompanhar as informações recebidas. Prestação Pública das Contas - A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal e do Estatuto da Cidade, tornou-se obrigatório: a) A realização de audiências Públicas antes do envio à Câmara Municipal dos projetos de Lei do sistema de planejamento Orçamentários PPA, LDO, LOA; b) Prestação quadrimestral de contas na Câmara Municipal e envio periódico (mensal, bimestral, trimestral e semestral) ao Tribunal de contas, aos órgãos do Governo Federal e aos conselhos gestores de fundos públicos. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios25/149 Em síntese, o planejamento orçamentário deve ser desenvolvido com total integração ao plano de governo. Este processo de trabalho deve ser de domínio dos gestores públicos, dos membros das instâncias de controle e fiscalização, das câmaras municipais e de dirigentes e organizações da sociedade civil. São múltiplos os documentos e procedimentos fixando compromissos públicos relacionados à destinação do orçamento municipal e que terminam por condicionar a elaboração e projetos e a captação de recursos: • Programa de governo apresentado nas eleições; • Plano de Governo e/ou de Metas formalizado após a eleição; • PPA, legislação orçamentária, LOA, LDO; • Mensagem anual à Câmara de Vereadores; • Exigência de Transparência, Acesso a Informações, Controle Público; • Fiscalizações anuais do Tribunal de Contas. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios26/149 Glossário PPA: Plano Plurianual. LDO: Lei de Diretrizes Orçamentária. LOA: Lei Orçamentária Anual. SICONV: é o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse instituído pelo governo federal. O SICONV bem como o Portal de Convênios – www.convenios.gov.br - foram legalmenteinstituídos pelo Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, alterado pelo Decreto nº 6.329, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal – Legislação Federal Complementar que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal definindo metas e procedimentos para o controle dos gastos públicos em estados e municípios, a partir de sua capacidade de arrecadação. http://www.convenios.gov.br http://pt.wikipedia.org/wiki/Controle http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado http://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios27/149 Glossário ONG: Organização Não-Governamental – são entidades sem fins lucrativos voltadas à realização de iniciativas por meio de ações solidárias. Foi criado o estatuto para a constituição de ONG com o objetivo de substituir ou complementar o trabalho social que é de responsabilidade do Estado. Estatuto das Cidades: é a denominação oficial da Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta o capítulo “Política Urbana” da Constituição Federal. Seu objetivo é garantir o direito à cidade como um dos direitos fundamentais da pessoa humana, para que todos tenham acesso às oportunidades que a vida urbana oferece. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios28/149 Glossário TAC – Termo de Ajustamento de Condutas: É um instrumento legal utilizado pelos órgãos públicos, em especial pelos ministérios públicos, para o ajuste de ações contrárias à lei. É um documento assinado por partes que se comprometem a cumprir a resolver um problema que estão causando ou a compensar danos e prejuízos já causados. Os TACs buscam solução mais eficaz do que se o caso fosse a juízo, já que uma ação judicial geralmente leva anos até chegar a uma decisão final em razão dos inúmeros recursos existentes; e porque alguns danos, pela sua própria natureza, necessitam de soluções rápidas, sob pena de o prejuízo tornar-se definitivo e irreparável. É claro que, em alguns casos, se a parte demandada não cumpre o combinado, o caso será levado à Justiça. Os TACs são diferentes dos acordos judiciais: estes são firmados no curso de uma ação judicial já proposta, e, por isso, são homologados pelo juiz que preside o julgamento da causa. Mas, tanto o TAC quanto o acordo judicial têm o mesmo objetivo: abreviar o processo e reparar o dano causado. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios29/149 ANEXO 1 - AGENDA RESUMO - PLANEJAMENTO DO GOVERNO MUNICIPAL ELEIÇÃO TRANSIÇÃO PRIMEIROS 100 DIAS • Planejamento de Campanha. • Elaboração do Programa de Governo. • Realização de Pesquisas de Opinião. • Contato direto com a população. • Debates com adversários e em entidades da sociedade civil. • Prestação de contas de campanha. • Definição da equipe de transição. • Planejamento e organização dos trabalhos. • Levantamento de informações e diagnósticos: geral e setoriais. • Verificar existência de TACs. • Verificar Atos do Governo que sai. • Providências e alterações legislativas. • Plano de Entrada: • Posse. • Medidas imediatas. • Garantir a continuidade e o bom funcionamento dos serviços. • Reorganização administrativa essencial. • Concluir nomeações e montagem do governo. • Garantir cobrança dos tributos municipais. • Verificar consistência de informações e concluir diagnóstico. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios30/149 ELEIÇÃO TRANSIÇÃO PRIMEIROS 100 DIAS 1. Estratégia geral. 2. Projetos prioritários. 3. Ações emergenciais. 4. Ações imediatas. 5. Ações de comunicação. 6. Resultados para 100 dias. Formação da equipe de governo. Organização da posse. Documentação e registro completo de situação da cidade recebida em 01 de janeiro. Elaboração do Plano de Governo. Elaboração dos Planos Setoriais integrados ao Plano de Governo. Planejamento de Projetos estratégicos. Implantação das instâncias e procedimentos de acompanhamento e controle. Prestação de contas do Governo que sai. Mapeamento de conselhos municipais. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios31/149 AGENDA RESUMO - PLANEJAMENTO DO GOVERNO MUNICIPAL 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano • Elaboração PPA – Projetos, Programas de Políticas Públicas no 1º semestre. • Plano de Formação e atualização dos Servidores. • Programação de concursos públicos e política geral para gestão de pessoas. • Elaboração de projetos para captação de recursos (SICONV); priorizar os projetos estratégicos. • Reorganização administrativa. • Consolidação do sistema de gestão estratégica. • Resolver problemas com licenças ambientais. • Desenvolvimento pleno dos projetos prioritários para o período de governo. • Consolidação das políticas públicas para gestão de pessoas. • Desenvolvimento dos projetos prioritários para o período de governo. • Primeiros macro resultados devem ser atingidos. • Elaboração das peças orçamentárias (LOA, LDO). • Pesquisas de opinião (março, julho e novembro). • Prestação de contas de 3º ano. • Novo processo eleitoral. • Relatório de Gestão. • Avaliação geral do período de gestão. Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios32/149 AGENDA RESUMO - PLANEJAMENTO DO GOVERNO MUNICIPAL 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano • Solicitar licenças ambientais quando couber. • Pesquisas de opinião (entrada, 100 dias, novembro). • Elaborar peças orçamentárias (LOA, LDO). • Implantação do sistema de gestão estratégica. • Avaliação e revisão do Plano Estratégico para o período de Gestão (dezembro). • Prestação de contas: 100 dias e de 1º ano. • Concursos públicos. • Reforma tributária. • Elaboração das peças orçamentárias (LOA, LDO). • Pesquisas de opinião (março, julho e novembro). • Avaliação e prestação de contas de dois anos de governo. • Consolidação de imagem do governo. • Eleição em níveis federal e estadual. Questão reflexão ? para 33/149 No município em que você vive quais são os principais compromissos da gestão pública local que são de seu conhecimento? Onde poderá pesquisar e tomar contato com estas informações? Elabore uma lista de prioridades nos documentos oficiais que localizar, site da prefeitura etc. Estão disponíveis em sua cidade as informações sobre o PPA e sobre o orçamento municipal? Após esta análise fica claro para você quais são os rumos para o futuro de sua cidade expressos nos documentos de planejamento público? Existem oportunidades para cooperação e parceria entre a administração pública e entidades da sociedade civil e iniciativa privada? 34/149 Considerações Finais (1/2) Planejamento estratégico e captação de recursos são temas diferentes e um não substitui o outro. Não existe um projeto para captação de recursos que possa ser feito à margem do plano de governo municipal e das peças da legislação orçamentária. Buscar aliados é essencial para a captação de recursos, seja para os gestores públicos, seja para organizações da sociedade civil. São diversos os documentos envolvidos no processo de planejamento da administração pública: PLANO DE GOVERNO, MENSAGEM À CÂMARA MUNICIPAL, PPA, LOA, LDO. A captação de recursos deve ser voltada ao atendimento de necessidades e por meio de análise de prioridades: prestar serviços continuados; atender demandas; resolver problemas, desenvolver bons indicadores de situação inicial. Identificação de recursos necessários e existentes: Realizar atividades já previstas ou dar início a novos projetos? 35/149 Novos projetos que demandam recursos de outras fontes: Qual a fonte? Em que prazos? Exige contrapartida? Quem pode realizar os projetos? Quem resolve o problema? Com que garantias? Por que meio? Licitação? Convênio de repasse?Contrato? Entidades, empresas, ONGs, Organizações Sociais, OSCIPs. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Condicionantes para a Captação de Recursos nos Municípios36/149 Referências BROSE, Markus. (org). Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. CECILIO, Luiz Carlos. A imanência do planejamento e da gestão: a experiência da Prefeitura Municipal de Curitiba. Brasília: ENAP, 1999. (Texto para discussão, 33). COSTA, Greiner, DAGNINO, Renato. (orgs.). Gestão estratégica em políticas públicas. Campinas: Editora Átomo & Alínea, 2014. 2ª edição revista e ampliada. De Toni, Jackson. Guia para elaboração dos PPAs municipais. Escola Nacional de Administração Pública, abril 2013. MATUS, Carlos. Adeus, senhor presidente: governantes governados. Tradução de Luís Felipe R. del Riego. São Paulo: Fundap, 1996. PEREIRA, Edmo da Cunha. Governar o Município – Antes e depois da Posse. 5a edição. Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2004. Roteiro para Elaboração do PPA Municipal - 12 Passos, elaborado por Denis Sant’Anna Barros e Otávio Gondim Pereira da Costa (SPI/Ministério do Planejamento, abril de 2013). 37/149 1. (assinale a alternativa incorreta) A elaboração de projetos para captação de recursos é: a) Condicionada pelo diagnóstico de problemas e pelas prioridades estabelecidas no PPA municipal. b) É uma necessidade das prefeituras dada a escassez de recursos próprios existentes na maioria dos municípios. c) É uma ferramenta técnica do orçamento anual de uma prefeitura. d) É um objetivo que pode fazer parte do plano de negócios de ONGs e OSCIPs. e) É uma oportunidade dada a grande oferta de recursos disponibilizados pelo governo federal. Questão 1 38/149 2. O planejamento estratégico de uma prefeitura: a) Registra as prioridades para um período de gestão, porque quer atingir determinados objetivos e de que forma o fará. b) Só pode ser elaborado de forma participativa. c) Só pode ser elaborado nos primeiros meses de governo. d) É o conjunto de ações que serão realizadas durante o ano em curso para conseguir arrecadar recursos para a administração municipal. e) Deve obrigatoriamente detalhar iniciativas que serão realizadas para garantir o relacionamento com empresas privadas. Questão 2 39/149 3. Um projeto para captação de recursos: a) Só pode ser feito por uma entidade da sociedade civil ou uma ONG. b) Só pode ser feito por equipes da administração municipal. c) Só pode ser aprovado por um órgão do governo federal. d) Pode envolve em sua elaboração a prefeitura e um outro ator social. e) Só pode ser elaborado se estiver previsto no programa de governo eleitoral. Questão 3 40/149 4. (assinale a alternativa incorreta) O plano plurianual (PPA) é o instru- mento pelo qual: a) Os programas e os projetos definidos no planejamento de governo para um período de quatro anos são sistematizados. b) São registradas as eventuais necessidades de contrapartidas para a viabilização da captação de recursos por uma prefeitura. c) São integrados as peças de planejamento orçamentário como a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA). d) Deve ser iniciado o trabalho anual de planejamento orçamentário em uma prefeitura. e) A Câmara de Vereadores é informada sobre as despesas que a prefeitura deverá fazer a cada ano. Questão 4 41/149 5. A captação de recursos por uma prefeitura deve ser voltada para: a) Criar um departamento de captação de recursos na administração local. b) Garantir o atendimento de necessidades e demandas da população incluindo a prestação de serviços continuados. c) Garantir recursos para projetos não previstos no plano de governo da prefeitura. d) Garantir todos os recursos que a prefeitura não tenha para cumprir suas funções. e) Premiar o esforço e lealdade de entidades da sociedade civil que cooperam com o governo municipal. Questão 5 42/149 Gabarito 1. Resposta: C. Visto que as iniciativas de elaboração de projetos para captação de recursos não podem ser entendidas como ferramenta técnica do orçamento de uma prefeitura. A elaboração de projetos exige iniciativa, boa análise de problemas e atende a uma necessidade fundamental que é obter recursos extra orçamentários dados os limites existentes nos orçamentos municipais. 2. Resposta: A. A realização de planejamento estratégico em uma prefeitura pode ser feita a qualquer momento, deve ser atualizado a todo tempo e é nesse documento de planejamento que o governo define e orienta suas prioridades para um período de gestão, aponta os motivos pelos quais precisa atingir determinados objetivos e de que forma será efetivado. 3. Resposta: D. Um projeto para captação de recursos pode ser elaborado de diversas formas, com diversos participantes e estando previstos em programas estaduais, federais e de entidades privadas. Por isso destacamos o envolvimento exigido de equipes da prefeitura e um outro ator social qualquer. 43/149 4. Resposta: E. De fato o plano plurianual (PPA) é o instrumento pelo qual os programas e projetos definidos no planejamento de governo para um período de quatro anos são sistematizados, onde estarão registradas as eventuais necessidades de contrapartidas para a viabilização da captação de recursos, onde estarão apontadas as demais peças de planejamento orçamentário como a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA) e é o ponto de partida para o trabalho anual de planejamento orçamentário em uma prefeitura. Portanto não é um informativo à câmara de vereadores. 5. Resposta: B. A captação de recursos tem por objetivo garantir o atendimento de necessidades e demandas da população incluindo a prestação de serviços continuados. Obviamente não visa criar departamentos, nem beneficiar apoios de entidades da sociedade civil, garantir todos os recursos necessários ou apenas buscar recursos para projetos não previstos no plano de governo, mas viabilizar recursos para os projetos prioritários já definidos, incluindo a prestação de serviços continuados. Gabarito 44/149 Unidade 2 Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos Objetivos 1. Os municípios brasileiros crescentemente têm buscado formas alternativas para captar recursos. Em grande medida impulsionados pela disponibilização pelo governo federal de recursos para programas específicos aos quais as administrações locais tentam se adequar, atendendo às exigências e regras de financiamento e buscando parcerias para sua implementação. 2. A segunda aula tem por objetivo apresentar conceitos relacionados às formas previstas em lei para a captação de recursos, por meio de convênios e contratos de repasse, os procedimentos mais adequados para esse fim, incluindo os princípios gerais para elaboração de projetos. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos45/149 Introdução Como vimos na aula 1, o planejamento para o início do governo deve equacionar obrigatoriamente diversas necessidades para um bom desenvolvimento da gestão. Esta tarefa não pode ser vista como necessidade apenas para grandes cidades ou cidades “ricas”. Ao contrário, é onde menos recursos existem que mais se deve planejar, pois em situações de escassez de recursos maior razão haverá para direcionar adequadamente as despesas e investimentos. E ainda não foi inventada uma forma melhor para se utilizar bem os recursos públicos do que programar cuidadosamente cada investimento, escolhendo, com critério, onde e como aplicar cada centavo do tesouro municipal. O planejamento – do governo como um todo e de cada programa, projeto ou ação em particular - pode em muito contribuir para a busca mais efetiva e bem direcionada por novos recursos, tanto financeiros quanto humanos, organizativos, cognitivos e políticos. Para captar recursos é necessário apresentar propostas bem delineadas e em que fique explícitocom clareza ao órgão financiador os passos que serão dados para que sejam atingidos os resultados esperados. Principalmente um projeto precisa ter uma estimativa de recursos bem feita para que seja evitado o risco de descontinuidade por esgotamento de recursos mal dimensionados ou a rejeição de projetos devido a orçamentos superdimensionados. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos46/149 A escolha dos projetos a serem desenvolvidos devem respeitar as regras das fontes de financiamento e ter um orçamento geral, incluindo contrapartidas adequadas tanto para quem financia, como disponíveis no orçamento municipal e de entidades parceiras quando for o caso. A seguir serão trabalhados em maior detalhe o posicionamento de projetos passíveis de serem desdobrados em captação de recursos a partir de sua priorização no Plano de Governo e no PPA municipal; vão ser apresentados conceitos relativos às formas e fontes de captação; e ao final vamos descrever princípios gerais para a elaboração de projetos com foco no Projeto Básico, no Termo de referência e nas Contrapartidas. 1. Projetos Previstos no Plano de Governo O plano de governo define as diretrizes para um período de gestão típico no Brasil que é de 4 anos. Em outros países este tempo pode variar para 5 ou até 7 anos. Ele deve conter um conjunto de enunciados para propostas de ação bem objetivos, factíveis e potentes o suficiente para viabilizar os resultados que a Administração Municipal espera ou necessita alcançar. Em um sentido amplo, esse plano é um projeto geral básico que delineia as diretrizes estratégicas para todo o período de governo, com ênfase para as primeiras semanas. Para isso, deve responder adequadamente às seguintes perguntas orientadoras: Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos47/149 1. Quais são os principais Problemas a resolver na Cidade e na Prefeitura? Esse diagnóstico é situacional, um ponto de partida essencial para a orientação futura do governo. Deve levar em conta: • A identificação, análise e priorização de problemas e demandas municipais. • Levantamentos de dados e informações econômicas, sociais e ambientais; • Verificação de obstáculos ao desenvolvimento sustentável local e potencialidades; • Dados de interesse: demografia, educação, saúde, infraestrutura, mobilidade urbana, trabalho, segurança pública, habitação, saneamento e meio ambiente; • Consulta permanente a atores sociais relevantes. 2. Qual deve ser nossa Estratégia geral para um período de 4 anos de governo? Essa análise é política e é determinante e envolve decisões e escolhas estratégicas: • Que problemas serão enfrentados prioritariamente? • Que resultados e metas devem ser atingidos? • A quem pode interessar ou favorecer? Quem são os principais beneficiários? Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos48/149 • Pode ferir algum interesse ou direito? • Existem riscos previsíveis no curto e no longo prazos? • É possível alinhar os meios necessários para atingir os resultados esperados? 3. Quais devem ser os projetos prioritários para nosso período de governo? A decisão sobre prioridades leva em conta as análises acima mas também uma verificação detalhada sobre possibilidades de financiamento, com recursos próprios ou com apoio federal ou estadual. Para isso devem ser avaliados: • O que já consta entre os programas do PPA e legislação orçamentária elaborada no ano anterior; • Avaliação físico-financeira; • O PPA é a principal peça de definição orçamentária – verificar a relevância dos programas e ações nele contidas; • Instrumento: Matriz Operacional de Compromissos. 4. Quais são os Resultados Objetivos que devemos atingir e em quais prazos? 5. Como deve ser orientado nosso Projeto de Comunicação Política e Institucional para os 4 anos de governo? Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos49/149 Destaque-se portanto que os pontos 1, 2 e 3 acima são as principais fontes de informação para oportunidades de trabalho relacionadas à elaboração de projetos. Nos casos muito frequentes que equipes de governo tomam posse sem um plano bem delineado atendendo o acima sugerido, sempre será recomendado que seja organizado o quanto antes um seminário de planejamento de governo para seja debatido a fundo e elaborado. Mesmo que o seja no início do 2º ano de governo, após a necessária avaliação de 1º ano. Nesse caso as perguntas orientadoras colocadas acima continuam sendo o núcleo do roteiro de trabalho e o produto final desse seminário para deliberação e tomada de decisões será o plano de governo. Mas o PPA já estará elaborado e aprovado na câmara municipal, o que fará que, em caso de mudanças, tenha que atualizado. 2. Fontes de Recursos Como exemplo apresentamos a seguir um quadro estilizado sobre as principais fontes de financiamento federal, retirado de apresentação do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Ministério do Planejamento, em outubro de 2013. Esse quadro reflete o crescimento exponencial da disponibilização de recursos para a execução de projetos nos municípios brasileiros. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos50/149 Recursos Disponíveis (PPA Federal 2012-2015) Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos51/149 Link Acesso a recursos - Governo Federal <www.convenios.gov.br> – SICONV (Portal de Convênios) * Ministério da Saúde: (<http://portalsaude. saude.gov.br>) * Ministério da Educação: (<http://www.mec. gov.br/>) <www.cidades.gov.br> <www.esporte.gov.br> Acesso a recursos – Governo Estadual – SP Para saber mais Manual de Elaboração de Projetos para Captação de Recursos Federais. Ministério da Integração Nacional, 2010. Para saber mais <clique aqui. http://www.convenios.gov.br/ http://portalsaude.saude.gov.br http://portalsaude.saude.gov.br http://www.mec.gov.br/ http://www.mec.gov.br/ http://www.cidades.gov.br/ http://www.esporte.gov.br/ http://www.defesadoconsumidor.gov.br/images/manuais/MANUAL-DE-ELABORACAO-DE-PROJETOS.pdf Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos52/149 PRINCIPAIS CONCEITOS ENVOLVIDOS Os projetos para captação de recursos efetivam processos de transferência de recursos. Os repasses de recursos federais a Municípios são efetuados por meio de três formas de transferências: Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos53/149 a) Transferências constitucionais; b) Transferências voluntárias; c) Transferências legais. As transferências constitucionais correspondem a parcelas de recursos arrecadados pelo Governo Federal e repassados aos Municípios por força de mandamento estabelecido em dispositivo da Constituição Federal. Dentre as principais transferências previstas na Constituição da União para os Esta- dos, o Distrito Federal e os Municípios, destacam- se o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal – FPE, o Fundo de Participação dos Municípios – FPM, Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados – FPEX, Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF, Imposto sobre Operações Financeiras – IOF- e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR. As transferências voluntárias são definidas no art. 25 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF), como a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. Há dois instrumentos para a operacionalização das transferências voluntárias: Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos54/149 a) Convênio; b) Contrato de repasse. No convênio, osrecursos são transferidos diretamente da União para o município; no contrato de repasse, há a intermediação de um banco oficial. O convênio é um instrumento que disciplina a transferência de recursos públicos e tenha como partícipe órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista que estejam gerindo recursos dos orçamentos da União, visando à execução de programas de trabalho, projeto, atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação. As transferências legais são regulamentadas em leis específicas. Essas leis determinam a forma de habilitação, transferência, aplicação de recursos e prestação de contas. Existem duas modalidades de transferências legais: a) Transferências cuja aplicação dos recursos repassados não estão vinculados a um fim específico; b) As transferências que preveem aplicação dos recursos repassados vinculadas a um fim específico. No primeiro caso, o município possui discricionariedade para definir a despesa correspondente ao recurso repassado pela União. É o caso, por exemplo, dos royalties do petróleo, que conforme a Lei nº Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos55/149 7.435/85, são repassados aos municípios, a título de indenização. Na segunda modalidade, a transferência legal tem um direcionamento finalístico, os recursos são repassados para acorrer a uma despesa específica. Nessa modalidade, o município deve se habilitar para receber recursos e, a partir da habilitação, passa a ter o direito aos recursos federais, sem a necessidade de apresentação de documentos e tramitação de processos a cada pleito, como ocorre nas transferências voluntárias. Esse mecanismo tem sido utilizado, nos últimos anos, para repassar recursos aos municípios em substituição aos convênios nos casos de ações de grande interesse para o Governo. Há duas formas de transferência legal cujos recursos estão vinculados a um fim específico: a) Transferência automática; b) Transferência fundo a fundo. A seguir apresentamos definições gerais de conceitos relevantes para a captação de recursos (pequeno GLOSSÁRIO): Convênio: instrumento qualquer que discipline a transferência de recursos públicos e tenha como partícipe órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista que estejam gerindo recursos dos orçamentos da União, visando à execução de programas de trabalho, projeto, Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos56/149 atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação; Concedente: órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, responsável pela transferência dos recursos financeiros ou pela descentralização dos créditos orçamentários destinados à execução do objeto do convênio; Convenente: órgão da administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, de qualquer esfera de governo, ou organização particular com a qual a administração federal pactua a execução de programa, projeto, atividade ou evento mediante a celebração de convênio; Interveniente: órgão da administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, de qualquer esfera de governo, ou organização particular que participa do convênio para manifestar consentimento ou assumir obrigações em nome próprio. Executor: órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, de qualquer esfera de governo, ou organização particular, responsável direta pela execução do objeto do convênio; Contribuição: transferência corrente ou de capital concedida em virtude de lei, destinada a pessoas de direito público ou Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos57/149 privado sem finalidade lucrativa e sem exigência de contraprestação direta em bens ou serviços; Auxílio: transferência de capital derivada da lei orçamentária que se destina a atender a ônus ou encargo assumido pela União e somente será concedida a entidade sem finalidade lucrativa; Subvenção social: transferência que independe de lei específica, a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa, com o objetivo de cobrir despesas de custeio; Nota de movimentação de crédito: instrumento que registra os eventos vinculados à descentralização de créditos orçamentários; Termo aditivo: instrumento que tenha por objetivo a modificação de convênio já celebrado, formalizado durante sua vigência, vedada a alteração da natureza do objeto aprovado. A norma geral que regulamenta a assinatura de convênios entre os Municípios e o Governo Federal é a Instrução Normativa nº 01, de 15 de janeiro de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional (IN 01/97 – STN)2, que disciplina a celebração de convênios de natureza financeira que tenham por objeto a execução de projetos ou realização de eventos e dá outras providências. Observe- se que a norma aplica-se à realização de programas de trabalho, projeto, atividade, ou de eventos com duração certa. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos58/149 Além dessas instruções normativas, é necessário seguir as disposições contidas na legislação vigente, em especial, na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF) e nas leis de diretrizes orçamentárias promulgadas a cada ano. Observe-se que a obrigatoriedade de celebração de convênio não se aplica aos casos em que lei específica discipline a transferência de recursos para execução de programas em parceria do Governo Federal com governos estaduais e municipais, que regula-mente critérios de habilitação, transferir montante e forma de transferência, e a forma de aplicação e dos recursos recebidos. Esse é o caso das transferências legais, que tratamos em capítulo próprio deste manual. A formalização do termo de convênio poderá ser substituída pelo termo simplificado, na forma regulamentada pela Secretaria do Tesouro Nacional, nas seguintes condições: a) Quando o valor da transferência for igual ou inferior ao limite para modalidade de licitação por convite para compras e serviços que não sejam de engenharia (Lei nº 8.666/1993, arts. 23, II, “a”, e 120); b) Quando o convenente, ou destinatário da transferência ou da descentralização, for órgão ou entidade da administração pública federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal; e Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos59/149 c) Quando se tratar do custeio ou financiamento de programas de atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático- escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde, executados por órgão público, ou por entidade da administração estadual ou municipal (Constituição Federal, art. 208, VII). Ressaltamos, portanto, que, sendo admitido pelo concedente, as Prefeituras podem se beneficiar do termo simplificado de convênio, cuja tramitação é significativamente mais rápida. Para operacionalizar esse instrumento, o Ministério concedente firma termo de cooperação com a instituição ou agência financeira oficial federal escolhida, que passa a atuar como mandatária da União. A partir da formalização do termo de cooperação, a transferência dos recursos será efetuada mediante contrato de repasse, do qual constarão os direitos e obrigações das partes, inclusive quanto à obrigatoriedade de prestação de contas perante o Ministério competente para a execução do programa ou projeto. Esse instrumento vem sendo utilizado pelo Governo Federal predominantemente para execuçãode programas sociais nas áreas de habitação, saneamento e infraestrutura urbana, esporte, bem como nos programas relacionados à agricultura. Para saber mais Siconv – prestação de contas: Para saber mais <clique aqui. https://www.convenios.gov.br/portal/manuais/Manual_Convenente_Prestacao_Contas_Convenente_26122013.pdf. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos60/149 3. Elaboração de Projetos nos Municípios Um projeto é definido pelos dirigentes municipais em resposta a problemas concretos, identificados por pessoas que se incomodam com eles. Se não houver uma insatisfação que resulte na manifestação de uma demanda, não haverá projeto, pois não os envolvidos não se mobilizarão para buscar soluções. Por isso, na raiz de qualquer projeto estão os problemas que afetam determinado público. Como iniciativas para resolver problemas, as pessoas usualmente apontam soluções mas nem sempre investem tempo e energia em estudar porque as coisas são como são e o que de melhor poderá ser feito para solucionar dificuldades ou remover obstáculos. As ideia e propostas de solução precisam portanto serem transformadas em propostas fundamentadas para poderem ser colocadas em ação, para que algo possa ser feito e resulte em resultados práticos e comprováveis que equacionem a situação-problema e alterem com o passar do tempo a insatisfação inicial em compromisso cumprido. A elaboração de projetos para captação de recursos deve ser considerada como uma atividade de risco. Risco do projeto não ser aprovado. Risco dos prazos necessários não serem cumpridos. Riscos de ocorrerem mudanças no marco legal enquanto o projeto é desenvolvido. Risco de haver problemas na execução, atrasos nos Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos61/149 repasses, mudanças no comando política da administração municipal que criam problemas à continuidade e sustentação dos trabalhos. Desta forma trabalhar com captação de recursos implica em investimento. Estes investimentos se materializa no estudo de situações problema que justifiquem a aprovação do projeto, em equipes profissionais buscando fontes de financiamento e desenvolvendo projetos, investimento em contatos e relacionamento. Investimento na elaboração de propostas bem fundamentadas e factíveis, o que sempre toma tempo e exige bons profissionais envolvidos. Uma simples ideia por melhor que seja, apresentada em uma pasta luxuosa ou em papel brilhante ou uma fotocópia de um projeto de construção ou maquete, por mais bonitos que estejam não levam a lugar algum. Finalmente será essencial um trabalho de relações públicas entre os dirigentes municipais, os avaliadores das agências de financiamento e os dirigentes de entidades da sociedade civil quando o projeto for feito em parceria. É fundamental a tarefa de informar e ganhar o compromisso das pessoas com o que se pretende fazer. Abrir espaço à participação da comunidade em todas as etapas dos trabalhos será sempre compartilhar informação e construir adesão e apoio. Dada a lógica Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos62/149 de financiamento com forte ênfase em emendas parlamentares a colaboração de vereadores, deputados ou senadores, desde o início será muito importante para todas as etapas posteriores do processo. A aprovação de projetos para captação de recursos dependerá da elaboração de documentos de planejamento e relatórios técnicos em três dimensões: PROJETO BÁSICO – Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar o que se propõe fazer, obra ou serviço, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo, definição dos métodos e do prazo de execução. TERMO DE REFERÊNCIA – Documento apresentado quando o objeto do convênio, o contrato de repasse ou termo de cooperação envolver aquisição de bens ou prestação de serviços, que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado da região onde será executado o objeto, a definição dos métodos e o prazo de execução do objeto. CONTRAPARTIDA – É a parcela de recursos próprios com que a entidade ou órgão participa no convênio, podendo ser financeira ou em bens e serviços. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos63/149 A contrapartida é calculada sobre o valor total do objeto. Este montante de recursos deve estar previsto e reservado no orçamento municipal quando necessário. Em muitos casos a contrapartida pode ser garantida por meio da doação de áreas e outras benfeitorias. LEI Nº 12.465/2011 - Limite mínimo de 8% e máximo de 40% para municípios com população acima de 50.000 habitantes. Limites mínimo de 2% e máximo de 4% para municípios com população abaixo de 50.000 habitantes. Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos64/149 Glossário SICONV: é o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse instituído pelo governo federal. O SICONV bem como o Portal de Convênios – <www.convenios.gov.br> - foram legalmente instituídos pelo Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, alterado pelo Decreto nº 6.329, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. OS – Organizações Sociais: é uma qualificação que a Administração Pública outorga a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do Poder Público (dotações orçamentárias, isenções fiscais etc.), para a realização de seus fins, que devem ser necessariamente de interesse da comunidade. Trata-se de uma forma jurídica para realização de parcerias para a prestação de serviços de interesse público, mas que não necessitam sejam prestados pelos órgãos e entidades governamentais. OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público: são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido pelo poder público federal cuja finalidade é viabilizar a contratação de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal). http://www.convenios.gov.br Questão reflexão ? para 65/149 No município em que você vive pesquise a existência de um projeto para a efetivação de um novo serviço da prefeitura, para uma obra nova, de reforma ou ampliação que tenha sido viabilizado por meio em um convênio ou contrato de repasse para captação de recursos do governo federal ou estadual. Levante informações sobre o financiamento do projeto. Os recursos vieram de que fonte? Houve contrapartida do governo local? O projeto é realizado pela administração municipal ou em parceria com alguma entidade ou ONG? 66/149 Considerações Finais (1/3) O ponto de partida mais importante para que um projeto seja viabilizado é que o problema que ele pretende resolver esteja na lista de prioridades da administração municipal; É um fato chave da estratégia de captação de recursos ter pessoas habilitadas e que conheçam: a) As necessidades da cidade que possam a se tornar um projeto; b) As linhas de financiamento adequadas a cada necessidade; c) Como elaborar projetos dew qualidade e atendendo os requisitos dos financiadores; d) Quem pode realizar o serviço com a qualidade necessária, nos prazos e dentro do orçamento previsto? 67/149 Os recursos para projetos podem vir de diversas fontes; Captar recursos exige investimento em tempo, equipe profissional, relacionamentos com dirigentes e entidades e recursos financeiros; Elaborar projetos para captar recursos é uma atividade de risco; Os instrumentos jurídicos para a captação de recursossão os “convênios”, os “contratos de repasse” e os “consórcios”; O convênio é uma das formas de descentralização de recursos públicos federais para execução de objetivos de interesses comuns entre os partícipes; O contrato é um instrumento por meio do qual a transferência de recursos financeiros da União se dá através de instituição financeira pública federal; Considerações Finais (2/3) 68/149 Nos contratos de repasse, o dinheiro vai inicialmente da União para instituição financeira oficial, a fim de ser utilizado especificamente em programa federal predeterminado; O Portal de Convênios do Governo Federal é utilizado para quase todos os atos de celebração, alteração, liberação de recursos, acompanhamento da execução e prestação de contas de convênios e contratos de repasse firmados com recursos voluntários da União. Considerações Finais (3/3) Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos69/149 Referências BROSE, Markus. (org). Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. COSTA, Greiner, DAGNINO, Renato. (orgs.). Gestão estratégica em políticas públicas. Campinas: Editora Átomo & Alínea, 2014. 2ª edição revista e ampliada. De Toni, Jackson. Guia para elaboração dos PPAs municipais. Escola Nacional de Administração Pública, abril 2013. MATUS, Carlos. Adeus, senhor presidente: governantes governados. Tradução de Luís Felipe R. del Riego. São Paulo: Fundap, 1996. Roteiro para Elaboração do PPA Municipal - 12 Passos, elaborado por Denis Sant’Anna Barros e Otávio Gondim Pereira da Costa (SPI/Ministério do Planejamento, abril de 2013). Unidade 2 • Procedimentos e Fontes de Financiamento para Projetos70/149 Link Manual de Elaboração de Projetos para Captação de Recursos Federais. Ministério da Integração Nacional, 2010. Disponível em: <clique aqui Acessado em 05 de Maio de 2014. Manual da Legislação Federal sobre Convênios da União Orientações aos Municípios. Ministério do Planejamento, Secretaria de Relações Institucionais, setembro DE 2009. Disponível em: <clique aqui Acessado em 05 de Maio de 2014. http://www.defesadoconsumidor.gov.br/images/manuais/MANUAL-DE-ELABORACAO-DE-PROJETOS.pdf http://www.unb.br/administracao/decanatos/dex/formularios/convenios_M_A/manual_convenios_final.pdf 71/149 1. (assinale a alternativa incorreta) A escolha dos projetos a serem desen- volvidos pela administração municipal deve respeitar: a) uma estimativa de recursos bem feita para que seja evitado o risco de descontinuidade por esgotamento de recursos b) uma estimativa de recursos bem feita para que seja evitado o risco de rejeição do projeto devido a um orçamento superdimensionado. c) As regras para financiamento definidas pelo órgão de fomento. d) As regras definidas pelo legislativo para o oferecimento de recursos por emendas parlamentares. e) Os limites do orçamento da cidade, não incluindo contrapartidas necessárias e a disponibilidade de recursos de entidades parceiras. Questão 1 72/149 2. A qual conceito importante para a captação de recursos está relacionada a seguinte definição: “órgão da administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, de qualquer esfera de governo, ou organização particular que participa do convênio para manifestar consentimento ou assumir obrigações em nome próprio”. a) Termo de Referência. b) Executor. c) Interveniente. d) Convenente. e) Subvenção social. Questão 2 73/149 3. Entre as seguintes perguntas, existe uma que não faz parte do conjunto de questões que orientam a análise de riscos de um projeto. Qual é? a) Existe alguma possibilidade de haver mudanças no marco legal enquanto o projeto é desenvolvido? b) Mudanças no comando política da administração municipal podem criar dificuldades à continuidade e sustentação dos trabalhos? c) Os investimentos em bolsa de valores podem afetar a realização dos projetos? d) Em que medida pode haver atraso em repasses de recursos que inviabilizem o projeto? e) Que garantias temos que os parceiros públicos e privados do projeto manterão os compromissos ao longo do tempo? Questão 3 74/149 4. O que é uma contrapartida? a) É o montante de recursos com que um órgão de financiamento contribui para a realização de um projeto em uma cidade. b) É um montante fixo de 8% dos custos de um projeto que a prefeitura deve arcar para as ações do governo local sejam realizadas. c) São os recursos são reservados no orçamento municipal para a realização de projetos. d) É a parcela de recursos próprios que uma entidade ou órgão público participante em um convênio aloca para sua realização. e) É a parcela financeira com que a prefeitura contribui para a execução de uma obra ou serviço. Questão 4 75/149 5. Os repasses de recursos federais a Municípios são efetuados por meio de três formas de transferências: transferências constitucionais; transferências voluntárias; transferências legais. Identifique qual das frases abaixo é incor- reta? a) o Fundo de Participação dos Municípios – FPM é uma das formas de transferências constitucionais obrigatórias. b) Convênios e contratos de repasse são instrumentos para a operacionalização das transferências legais. c) A formalização do termo de convênio poderá ser substituída pelo termo simplificado quando se tratar do custeio ou financiamento de programas de atendimento ao educando, no ensino fundamental. d) O convênio é um instrumento que regula a transferência voluntária de recursos públicos visando à execução de um projeto de interesse recíproco em regime de mútua cooperação. e) A entrada de recursos relacionadas aos royalties do petróleo para as prefeituras é um exemplo de transferência legal cuja aplicação dos recursos repassados não está vinculada a um fim específico. Questão 5 76/149 Gabarito 1. Resposta: E. A escolha dos projetos a serem desenvolvidos pela administração municipal não precisa se limitar ao orçamento da cidade mas deve respeitar os pontos destacados como possuir uma estimativa de recursos bem feita para que sejam evitados os riscos de descontinuidade de serviços ou de rejeição do projeto devido a um orçamento superdimensionado; certamente devem atender as regras para financiamento definidas pelo órgão de fomento e pelo legislativo para o oferecimento de recursos por emendas parlamentares; e sem dúvida devem rever contrapartidas necessárias e a disponibilidade de recursos de entidades parceiras. 2. Resposta: C. Para projetos de captação de recursos o interveniente é quem assume compromissos com o financiador, portanto é um “órgão da administração pública direta, autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista, de qualquer esfera de governo, ou organização particular que participa do convênio para manifestar consentimento ou assumir obrigações em nome próprio”. 3. Resposta: C. Certamente a possibilidade de realização de investimentos em bolsa de valores que podem afetar a realização de projetos é 77/149 Gabarito uma preocupação que não faz sentido e não é prevista em análise de riscos em nenhuma regulamentação para financiamento no setor público. 4. Resposta: D. O conceito correto de contrapartida em projetos define é a parcela de recursos próprios que uma entidade ou órgão público participante em um convênio aloca para sua realização. Somada ao montante de recursos que um órgão de financiamento contribui para a realização de um projeto em uma cidade deve ser suficiente para a efetivada realização e conclusão do projeto. 5. Resposta: B. Como descrito no texto desta aula, os convênios e contratos de repasse são instrumentos para a operacionalização de transferências voluntárias. Não são relacionados a transferências legais nem obrigatórias. 78/149 Unidade 3 Elaboração de Projetos Objetivos 1. Como elaborar e aprovar projetos para captação de recursos? 2.
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