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- -1 ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM ESTÉTICA UNIDADE 4 - ERROS, COMPLICAÇÕES E BOAS CONDUTAS NA ESTÉTICA Maria Cecília Ribeiro Bruning - -2 Introdução Vamos começar esta unidade com as seguintes perguntas: Como foram descobertas as várias técnicas de tratamento em Estética, tanto eletroterápicas quanto cosméticas? São permitidas intervenções em seres humanos? Existe algum risco para os pacientes na aplicação dos protocolos estéticos? Vamos refletir: você já deve saber que um dos temas mais relevantes e abordados em todos os países é a segurança do paciente. Durante a realização de qualquer forma de intervenção, é necessária uma avaliação prévia para que sejam determinados os riscos em potencial, sendo que o tratamento deve ser feito somente por pessoas capacitadas para sua aplicação. Com o crescimento do mercado, muitos profissionais enxergam a Estética e Cosmetologia como uma fonte de renda e acabam colocando pessoas não capacitadas para realização dos procedimentos. Isso resulta em complicações, tais como queimaduras, hematomas, manchas etc., que é o que vamos abordar nesta unidade. Um bom profissional segue as regras da ética, os preceitos de seu código profissional e as normas de Biossegurança e Bioética. Tudo que é novo precisa ser desenvolvido, pesquisado, porém sempre seguindo as regras dos comitês de ética, especialmente em pesquisas com seres humanos e animais. Ao final desta unidade, você terá conhecimento sobre as complicações mais comuns dentro da Estética, conhecerá as regras para pesquisas com humanos e animais e as condutas adequadas ao profissional de Estética e Cosmética em seu local de trabalho. Vamos lá? Bons estudos! 4.1 Abordagens éticas em complicações estéticas A Estética é conhecida como uma ciência relacionada à beleza, certo? Como todas as outras áreas de conhecimento, ela demanda um embasamento científico para que haja segurança no protocolo aplicado e resultados satisfatórios. Desde muito cedo, o tema dos riscos aos quais o paciente se submete tem sido debatido, devendo os procedimentos ser adequados a cada caso, como veremos no decorrer deste tópico. 4.1.1 Segurança e procedimentos estéticos O tema da segurança do paciente tornou-se conhecido no ano 2000, com a publicação o relatório do Institute of Medicine (IOM) (KOHN, 2000), a partir da qual tomou-se ciência da magnitude dos eventos adversos nos cuidados em saúde. Clique nas abas a seguir e conheça mais sobre o tema. • PNSP No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), pela portaria MS/GM 529 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013), que estabeleceu um protocolo básico para construir uma prática assistencial segura. A segurança do paciente refere-se a uma das dimensões de qualidade em saúde que visa reduzir ao mínimo aceitável o risco de dano desnecessário (KOHN, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). • Profissionais não habilitados Existe um grande número de serviços que oferecem tratamentos estéticos, porém, com muitos • • - -3 Existe um grande número de serviços que oferecem tratamentos estéticos, porém, com muitos profissionais não habilitados desenvolvendo atividades sem regulamentação, os problemas também evoluíram. Muitos profissionais não estão habilitados para atuar nas possíveis complicações (DICKIE, 2008). • Acidentes Tenha em mente que vários acidentes podem ocorrer dentro de uma clínica de estética, em geral, por falta de conhecimento ou mesmo de atenção. Os aparelhos que são lançados, bem como os cosméticos, exigem o mínimo de conhecimento para se trabalhar com eles. • Queimadura Uma das complicações mais comuns é a queimadura, que varia dependendo do agente causador e do tempo de contato com a pele do paciente. Por exemplo, a queimadura elétrica pode ser causada por um aparelho elétrico mal conectado, com falta de manutenção ou ainda por falta de conhecimento de em seu manuseio. Contudo, podem também ocorrer queimaduras químicas por ação cáustica de algum agente químico. (GOMES; SERRA; MACIEIRA JÚNIOR, 2001) Em todos os casos, é fundamental o rápido atendimento. Figura 1 - Agentes químicos. Fonte: Brian Maudsley, Shutterstock, 2019. Os usados nos tratamentos cutâneos são compostos de substâncias químicas, por exemplo. Seupeelings esquema pré-condicionante é realizado com produtos químicos com ácido hialurônico, o qual pode induzir à má formação fetal em caso de gravidez até dois anos após o procedimento (ROSA, 2008). Os produtos químicos podem causar reações de irritação da pele, queimaduras, irritação nos olhos, se inalados, além de dor de garganta, diminuição da frequência respiratória, hipersensibilidade levando a dermatites e até reações alérgicas intensas (MARTINS, 2009). A drenagem linfática manual é aliada na recuperação pós-operatória, evitando o comprometimento da circulação local, a dor na tração da cicatriz e sua hipertrofia. Porém, uma má conduta com direcionamento errôneo da linfa levará ao comprometimento da cirurgia, podendo causar abertura da cicatriz cirúrgica e provocar sangramentos (PALATA, 2009). De fato, em lipoaspirações e abdominoplastias pode ocorrer o TEP (Trombo Embolismo Pulmonar), devendo os profissionais estar preparados para percepção dessa alteração e para orientação • • - -4 Pulmonar), devendo os profissionais estar preparados para percepção dessa alteração e para orientação adequada do paciente. Pessoas desqualificadas, ao prestarem atendimento, não se preocupam com a procedência do material, com a conduta adequada e resultados, o que pode gerar efeitos indesejados (FRUTUOSO; DUARTE, 2007). 4.2 Problemas éticos no exercício da profissão Cada profissão demanda várias competências e habilidades, que devem ser temperadas pela ética e pela moral. Veremos, a partir de agora, a definição do que é ética e como ela se enquadra dentro da área de Estética e Cosmética. 4.2.1 Etica profissional A ética é algo que alicerça qualquer profissão, sendo que o profissional deve possuir uma postura “correta”, levando em consideração os princípios de sua formação, geralmente embasados na honestidade e transparência das suas ações. É necessária a internalização dos conceitos de ética (fazer o que está na lei) e de moral (fazer o que a consciência permite), seja no âmbito pessoal, seja no profissional (CAMARGO, 2014). No mundo atual, globalizado e competitivo, as empresas vêm cada vez mais se preocupando com a ética em suas atividades. Elas entendem que devem se mostrar preparadas e eficazes para competir e obter resultados satisfatórios, aumentando consequentemente a satisfação dos clientes e da sociedade. Assim, devem buscar profissionais que atendam aos princípios éticos (BASTOS; YAMAMOTO; RODRIGUES, 2013). Esses profissionais precisam ser sensíveis aos princípios éticos e morais, não devendo consentir ou se envolver em trabalhos duvidosos que possam manchar a integridade individual e de seus colegas de trabalho (DOTTO, 2002). Figura 2 - Princípios éticos. Fonte: Olivier Le Moal, Shutterstock, 2019. Existe a necessidade de um entendimento ético e uma educação propícia, que leve a um desejo de agir. Trata-se de uma conduta natural da vida em sociedade, um contrato de comportamentos, deveres e consciência a partir do qual surgem os códigos de ética das diferentes profissões (SÁ, 2009). Clique nas setas e aprenda mais sobre o tema Oliveira (2012) afirma que a ética é indispensável ao profissional, uma vez que o “fazer” e “agir” estão ligados; - -5 Oliveira (2012) afirma que a ética é indispensável ao profissional, uma vez que o “fazer” e “agir” estão ligados; um diz respeito à competência, eficiência que cada indivíduo deve ter para exercer bem sua profissão, já agir refere-se à conduta, atitudes que deve assumir ao desempenhar o trabalho. Na fase de formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades deve incluir a reflexão antes do início dos estágios. Ao concluir a formação em nível superior, efetuando o juramento, haverá uma adesão e comprometimento com a categoria profissional. Em outraspalavras: uma adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecido como adequado ao exercício da profissão (OLIVEIRA, 2012). Conforme o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia (MEC, 2006), o curso superior de Tecnologia, por exemplo, é um curso de graduação que abrange métodos e teorias orientadas a investigações, avaliações e aperfeiçoamentos tecnológicos, com foco nas aplicações dos conhecimentos, processos, produtos e serviços. Ele desenvolve competências profissionais, fundamentais na ciência, na tecnologia, na cultura e na ética, com vistas ao desempenho profissional responsável, consciente, criativo e crítico. Segundo o Comitê Internacional de Estética e Cosmetologia, o tecnólogo em Estética tem como função atender e cuidar de seus pacientes, fundamentado em sólida formação técnica, com domínio total no currículo da estética e cosmetologia. “É seu papel prestar serviços de alta qualidade ao público, com objetivo de melhorar e manter a aparência externa e as funções naturais da pele, influenciando ao relaxamento e ao bem-estar físico do corpo e da mente. Deve estar qualificado a exercer sua capacidade no âmbito internacional, mantendo conduta ética e moral irrepreensível” (PIATTI, 2006, p. 52-55). 4.3 Ética em pesquisa: o papel do pesquisador Todo conhecimento vem de algo que já foi testado, uma pesquisa, ou mesmo uma tentativa frustrada que acaba mostrando uma nova fórmula. A pesquisa científica, quando realizada com ética, traz um grande número de benefícios para as profissões de saúde, como o caso da Estética. 4.3.1 Pesquisa cientifica As situações práticas necessitam de diretrizes efetivas pra determinarem o caminho a ser seguido. Existe uma relação entre Ciência e moral. Um diz respeito à natureza da moral e outro ao contexto social da Ciência. No primeiro caso, refere-se a um conjunto de proposições de juízo sobre aquilo que as coisas são enunciam ou indicam, que não têm caráter normativo, que não indicam como a coisa deve ser; no segundo caso, refere-se ao conteúdo moral na atividade do pesquisador, ou seja, ao fato de ele assumir uma responsabilidade sobre o uso social da ciência. O pesquisador deve garantir a realização fundamental de sua atividade, que é o saber (VÁZQUEZ, 2010). Toda pesquisa tem papel importante para a cidadania, pelo caráter social que representa. A devolução de resultados à comunidade, seja científica ou não, é uma contribuição aos ensejos de transformação que se almeja para a sociedade. Logo, uma pesquisa deve ser pensada e planejada desde o início como direito da sociedade e compromisso do pesquisador. Toda pesquisa gera um conhecimento, tornando o pesquisador e a comunidade responsáveis por ele e pela forma com que será usado (HENSE et al., 1994). - -6 O pesquisador tem como obrigação proteger os participantes da pesquisa, mantendo-os no anonimato por meio da manutenção da confidencialidade de seus dados. A responsabilidade social e ética do pesquisador compreende-se, normalmente, em duas dimensões: a competência técnica e o compromisso político. Ou seja, uma boa formação técnico/científica nos fundamentos e na metodologia da pesquisa e um engajamento com uma ideia humanista (LIMA; BAVARESCO, 2016). Clique nos itens abaixo, para aprender mais sobre o tema. Para Rubem Alves (2000), o objetivo do “jogo” da ciência é a busca por compreensão das leis que governam o mundo, e o conhecimento científico é objetivo, especializado (limitado), obtido por métodos rigorosos. Os pesquisadores têm que seguir as “regras do jogo” (método científico) para que as descobertas ditas científicas sejam legítimas, devendo o cientista-pesquisador usar um modelo mentalmente idealizado, hipotético e provisório, que depois de construído deve ser pesquisado e experimentado. A ética dos profissionais de saúde deve ser uma prática constante no atendimento e na realização de pesquisas e publicações científicas, sendo os comitês de ética em pesquisa responsáveis pela avaliação ética dos projetos de pesquisa (FREITAS; HOSSNE, 2002). A atitude crítica é aquela pela qual se procura olhar a realidade, enxergando além das aparências, abordando o objeto em sua totalidade, sem julgar por nosso ângulo, ver por meio de outros pontos de vista, sendo a contradição algo necessário. O ato de estudar é semelhante a pesquisar, é caminhar de pergunta a pergunta, sendo as estas infinitas e inapropriáveis (LARROSA, 2003). 4.3.2 Aspectos éticos de pesquisa em seres humanos O Código de Nuremberg (1949) estabeleceu princípios para a realização de pesquisas com seres humanos devido às atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial. A partir de então, saiba que aumentaram os debates sobre a ética em pesquisa, que culminaram com o referido código. Seu principal objetivo era a proteção dos sujeitos da pesquisa, além da introdução do consentimento e aceite dos participantes, que deveriam ser informados sobre os riscos e benefícios (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Em 1964, foram elaboradas normas para garantir a eticidade das pesquisas realizadas em todo o mundo, diretrizes essas que ficaram conhecidas como a Declaração de Helsinque, que foi revisada em 1975. A Declaração obriga a aprovação de diretrizes que, a cada pesquisa, devem ser avaliadas por um Comitê de Ética constituído (PALACIOS; REGO, 2001). A resolução 466 do Ministério da Saúde (2012), aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, incorporando sob a ótica do indivíduo e da coletividade os referenciais básicos da Bioética: autonomia; consentimento de livre e esclarecido dos participantes; proteção de vulneráveis; não maleficência; máximo de benefícios e mínimo de danos (DYNIEWICZ, 2014). VOCÊ QUER VER? Cobaias ( , 1997) é um filme que se passa no sul dos Estados Unidos e retrataMiss Evers’ Boys uma situação real em que o governo suspende o tratamento de homens negros vítimas de epidemia de sífilis. Depois, um grupo de médicos finge iniciar o tratamento, buscando, contudo, estudar os efeitos da doença. - -7 Figura 3 - Pesquisa em seres humanos. Fonte: CoraMax, Shutterstock, 2019. A resolução 196, do Conselho Nacional de Saúde (1996), foi uma tomada de decisão corajosa, cujas diretrizes consistem na defesa dos sujeitos de pesquisas desenvolvidas no Brasil, com a criação do Conep e sua rede de Comitês de Ética em Pesquisa, espalhados por todo o território. Esses ficaram responsáveis por toda investigação que inclua dados ou intervenções relacionadas aos seres humanos. Clique nas abas abaixo e conheça mais sobre o tema. Comitê de ética O comitê de ética em pesquisa trabalha para defender os interesses dos sujeitos das pesquisas em sua integridade e dignidade, contribuindo para que as pesquisas se desenvolvam de acordo com a ética (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996). Lembre-se de que as pesquisas com seres humanos devem atender a exigências éticas e científicas. Bioética A Bioética desempenha um papel de orientação das pessoas em relação às inovações científicas na área da saúde, com foco na manutenção da dignidade humana e boa qualidade de vida, a partir do discernimento do benefício, malefício e prudência, o que evita abusos por parte dos profissionais de saúde e pesquisadores (OGUISSO; ZOBOLI, VOCÊ O CONHECE? Oswaldo Cruz foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro que viveu entre 1872 e 1917, tendo combatido o surto de peste bubônica que ocorria em Santos e em outras cidades portuárias brasileiras. Além disso, fundou o Instituto Soroterápico Nacional, no Rio de Janeiro, que depois passou a se chamar Instituto Oswaldo Cruz, que hoje mantém grande respeito pelo mundo inteiro. - -8 evita abusos por parte dos profissionais de saúde e pesquisadores (OGUISSO; ZOBOLI, 2006). A verdade depende de um acordo ou pacto entre os pesquisadores, que definem um conjunto de convenções universais sobre conhecimento verdadeiro, que devem ser respeitadas por todos, bem como da confiança recíproca entre membros da comunidade de pesquisadores e estudiosos(CHAUÍ, 2005). 4.3.3 Aspectos éticos de pesquisa em animais Na Inglaterra, no inicio do século XIX, surge um movimento em defesa dos direitos dos animais e contra a vivisseção (operação feita no animal vivo, com objetivo de estudo ou experimento), que culminou na publicação de normas bastante rígidas para a utilização de animais em experimentos científicos Os relatos das condições dos animais na indústria de cosméticos e de alimentos, apresentadas no livro “Animal Liberation”, de Peter Singer (1975), causou grande polêmica, ressurgindo o debate sobre o tema com ações de grupos em defesa dos animais. O Inciso VII do art. 225 da Constituição Federal remete ao poder público a tarefa de “proteger a fauna e a flora, vedadas às práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. Já a Lei n. 9.605 (BRASIL, 1998) considera crime, punível com detenção de três meses a um ano e multa, “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” (art. 32, caput), segundo o mesmo artigo “incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existem recursos alternativos”. Segundo a Lei 11.794 (BRASIL, 2008) (Lei Arouca), art. 8, é condição indispensável para credenciamento das instituições com atividades de ensino ou pesquisa com animais a constituição prévia de comissões de ética no uso de animais (CEUAs). Estas devem ser integradas por médicos veterinários e biólogos, docentes e pesquisadores na área específica, e um representante de sociedades protetoras de animais legalmente estabelecidas no país. VOCÊ QUER LER? “Bioética e pesquisa em seres humanos” de Luiz Antonio Bento (2011), apresenta uma contribuição para o aprofundamento de princípios da eticidade do agir do homem no campo das pesquisas biomédicas. Embora reconhecendo no seu princípio o valor da pesquisa, há uma preocupação em assegurar o pleno respeito e valor da dignidade da pessoa humana. - -9 Figura 4 - Pesquisa em animais. Fonte: Arina P Habich, Shutterstock, 2019. Dentre as competências dos CEUAs, está a formulação de normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, 2014). A Resolução n. 35 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015) dispõe sobre métodos alternativos de experimentação animal reconhecidos pelo Controle de Experimentação Animal com objetivo de substituir, reduzir ou refinar o uso de animais em pesquisa nos termos da Lei n. 11.794 (BRASIL, 2008). A preocupação com ética em pesquisa estendeu-se aos procedimentos da indústria de estética e cosmética, perfumes e higiene pessoal. A Bioética, por exemplo, ocupa-se de questões ecológicas com diretrizes para orientar comitês de ética e bioética em pesquisas. Em relação à proteção aos animais, temos projetos que visam seu bem-estar e dignidade, por meio dos comitês de ética (MORIN; MOIGNE, 2000). VOCÊ SABIA? Todos os animais que serão utilizados em laboratório são nascidos e criados em Biotério e sua utilização se restringe às experiências científicas. - -10 Atualmente, existem três categorias de pesquisa com animais: pesquisa científica; testagem de produtos; e educação. A científica, básica e aplicada, inclui o tratamento de doenças, natureza bioquímica básica e comportamento dos organismos vivos para desenvolvimento de novas terapias. A investigação aplicada busca solução de um problema científico específico e a pesquisa aplicada, a implementação direta na saúde humana (PARASCANDOLA, 1998). A experimentação animal é uma prática de intervenções em animais vivos ou recém-abatidos, com finalidade de conhecimento científico. Apesar de ocorrer desde a antiguidade, é capaz de ferir a sensibilidade humana, despertando discussões entre a comunidade acadêmica e sociedades protetoras dos animais, indo muito além do argumento ético, pois questiona a real eficiência desse método de ensino e pesquisa diante do avanço tecnocientífico (MORALES, 2008; SCHATZMAYR; MULLER 2008). O sacrifício animal, quando necessário, deve ser adequado à espécie, seguindo padrões éticos e metodológicos aceitáveis de acordo com guias que auxiliam o pesquisador na escolha da melhor forma de eutanásia para animais utilizados em experimentos científicos (GUIA DE BOAS PRÁTICAS DE EUTANÁSIA EM ANIMAIS, 2013). 4.4 Manual de boa conduta na área de Estética Todo atendimento deve seguir uma conduta adequada à profissão, às suas competências e habilidades. Deve haver desde uma condição adequada na apresentação pessoal, tal como vestimenta e postura, até a realização dos procedimentos para qual o profissional foi capacitado em sua formação. VOCÊ QUER VER? “Projeto Nim” é um documentário que retrata Nim Chimpsky (em relação ao linguista Noam ), um chipanzé que foi objeto de estudo por Herbert Terrace, da Universidade deChomsky Columbia. Ele foi tirado da mãe assim que nasceu e inserido em um ambiente familiar onde cresceu sendo educado junto com um bebê da família. Em termos numéricos, Nim conseguiu aprender cerca de . Porém, segundo os pesquisadores, ele teria conseguido produzir120 sinais cerca de 20 mil combinações entre esses sinais. VOCÊ QUER LER? “A alma dos animais”, de Ernesto Bozzano (2007), busca demonstrar a sobrevivência da psique animal. Os animais exercem um fascínio irresistível sobre a sensibilidade humana desde tempos imemoriais, chegando a ser objeto de adoração. A literatura registra, ainda que de forma esparsa, diversos casos de fenômenos paranormais envolvendo cães, cavalos, gatos e outros seres cujas aparições provocaram espanto e perplexidade.post-mortem - -11 4.4.1 Boa conduta No ambiente de trabalho, é muito importante uma conduta ética entre todos os profissionais, independentemente de que posição ocupem, sem discriminação, favorecimentos e condutas similares. A convivência em sociedade e a execução dos trabalhos devem ser pautadas pelos direitos e deveres de cada um, para que exista uma convivência aceitável na sociedade. De acordo com o Comitê Internacional de Estética e Cosmetologia, o esteticista ou profissional de beleza tem como função atender e cuidar de seus clientes, com formação técnica sólida, domínio absoluto de todos os setores, sendo um dos maiores pilares a ética profissional. Essa ética se refere às normas de conduta aplicadas a qualquer atividade, devendo o profissional respeitar seu semelhante e promover a dignidade humana. O profissional deve prestar serviços de qualidade, para melhorar a aparência da pele do paciente, promover relaxamento e bem-estar. Pode-se dizer que as ações do profissional são seu cartão de visita. Confira a seguir as condutas recomendadas! Clique nas setas e conheça alguns deveres do esteticista. - Prestar assistência à cliente na higienização, hidratação e revitalização da pele, em nível superficial. - Manter o local de trabalho organizado e limpo, aplicando princípios de higiene, saúde e biossegurança. - Avaliar qual tratamento estético mais adequado, de maneira personalizada. - Respeitar o direito de sigilo das informações compartilhadas pelo cliente. - Zelar pelas entidades relacionadas à estética. - Tratar colegas e demais profissionais com cortesia e respeito. - Realizar somente as atribuições referentes à sua atividade. - Não abandonar o cliente no meio do tratamento. - Não agir com negligência, imperícia ou imprudência. VOCÊ O CONHECE? A ovelha Dolly (5 de julho de 1996 a 14 de fevereiro de ) foi o primeiro a ser 2003 mamífero com sucesso a partir de uma célula adulta. Dolly foi clonada a partir das células da clonado de uma ovelha adulta com cerca de seis anos.glândula mamária CASO Uma paciente chega ao centro de estética para um determinado tratamento e a profissional se apresentacom os cabelos sujos, soltos, unhas compridas e com cor vermelha. Seu jaleco está sujo. A profissional ainda representa estar com sono, como falta de energia para o atendimento. Ao atender, fica comentando os casos de outras pacientes atendidas no mesmo local. Nesse caso em específico, a profissional deve zelar tanto pela sua própria aparência, devendo estar com as unhas curtas e com cor clara, cabelos presos e usando touca, com jaleco e roupas limpas. Ao atender, não deve falar sobre os outros casos vistos, uma vez que isso fere a ética profissional e não está de acordo com a conduta desejável de uma profissional. - -12 - Não agir com negligência, imperícia ou imprudência. - Não prescrever medicamentos. - Não ser cúmplice de quem exerce ilegalmente a profissão. - Não praticar técnicas para as quais não seja habilitado. - Não exibir sob qualquer pretexto fotos, slides, imagens, filmes em eventos públicos de seus clientes sem a prévia autorização. - Manter-se atualizado, participando de cursos, palestras e treinamentos. - Assumir uma postura profissional condizente, atuando em equipes multiprofissionais, contribuindo para atingir os objetivos do plano de trabalho. - Ser empreendedor, aplicando estratégias de marketing de forma a aumentar a produtividade. - Realizar a assepsia e antissepsia das mãos entes e depois de cada procedimento estético, antes de colocar as luvas e após retirá-las. - Apresentar-se com unhas curtas e cabelos presos, sapatos fechados, e usando avental (jaleco). - Usar os EPIS (Equipamentos de Proteção Individual) adequados (máscaras, óculos de proteção, aventais e gorros). - Usar somente cosméticos autorizados pela Anvisa. - Usar maca com superfície lisa ou lavável. - Utilizar instrumentos esterilizados ou descartáveis. - Fazer manutenção periódica preventiva dos equipamentos estéticos. - Esterilizar em estufa ou autoclave os materiais metálicos. - Fazer manutenção adequada dos cosméticos. - Manter vestes e jalecos limpos. - Respeitar a data de validade dos fabricantes de cosméticos, observar se os rótulos contêm nome, prazo validade, composição, lote, marca, fabricante etc. - Não retirar produtos do pote com a mão para evitar contaminação. Por fim, tenha em mente que um profissional, para ser ético, deve executar seu trabalho da forma mais perfeita possível, não levando em consideração somente a técnica a ser aplicada, mas também as particularidades de cada cliente. Também deve levar em consideração não somente aquilo que o cliente quer, mas também o que é seguro para ele, sempre mantendo um relacionamento saudável. Algumas atitudes como a pontualidade, evitar críticas destrutivas, ser discreto e manter uma postura imparcial são marcas de um bom profissional. O esteticista deve ser facilitador de boas decisões por parte dos clientes, já que os procedimentos clínicos, embora sejam menos traumáticos do que as cirurgias, apresentam riscos de reações. Esses riscos devem ser esclarecidos para os pacientes durante a anamnese. Tenha em mente que uma boa apresentação profissional com ambiente e vestimentas limpas, com uso de cosméticos e equipamentos dentro das normas técnicas, uma higienização e esterilização adequadas são fatores que contribuem para o sucesso do espaço de atendimento. Ao final, o objetivo comum é o bem-estar do paciente, além da melhora de sua qualidade de vida e autoestima. Síntese Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as principais complicações que ocorrem nos tratamentos estéticos; • entender a atuação profissional dentro do código de ética; • conhecer os fundamentos para pesquisa científica; • conhecer como se dá a pesquisa com seres humanos e animais; • identificar formas de boa conduta profissional; • conhecer os deveres e proibições no atendimento estético. • • • • • • - -13 Bibliografia ALVES, R. : introdução ao jogo e a suas regras. São Paulo: Loyola, 2000.Filosofia da ciência BASTOS, A. V. B.; YAMAMOTO, O. H.; RODRIGUES, A. C. 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