Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OSTEOLOGIA O estudo dos ossos pode ser feito sob dois aspectos, ou seja, estudando os ossos isoladamente ou articulados entre si, formando o esqueleto. O tecido ósseo e o tecido cartilaginoso são originados do tecido conjuntivo, por esta razão, apresentam algumas características bioquímicas semelhantes. O osso, esta estrutura rígida que nós conhecemos, é formado por células (osteócitos, osteoblastos e osteoclastos) e por um material intercelular calcificado, que é a matriz óssea. Assim, na formação do osso, temos inicialmente a formação de um pré-osso (matriz óssea não calcificada, produzida pelos osteoblastos e que é semelhante à cartilagem). Após a formação do pré-osso ocorre a deposição de sais minerais (calcificação) surgindo uma estrutura rígida, porém com certa elasticidade, que é o osso. Com o passar do tempo, no caso dos ossos de um indivíduo idoso, nota-se que a quantidade celular diminui, portanto, no caso de fraturas é difícil o reparo das mesmas, pois não se forma o pré-osso. Os ossos são revestidos por membranas conjuntivas chamadas de periósteo (externa) e endósteo (interna) que possuem capacidade osteogênica, estando desta maneira, relacionadas com a reconstituição óssea em casos de fraturas. Além disto, estas membranas estão relacionadas com a nutrição e a sensibilidade (dor) do osso. Ao se observar um corte de osso, nota-se que o tecido ósseo apresenta-se de duas maneiras: o tecido ósseo compacto, sem cavidades visíveis e o tecido ósseo esponjoso, com muitas cavidades intercomunicantes (esta classificação é macroscópica e não histológica). A distribuição destas variedades de tecido ósseo ocorre para atender às condições funcionais diferentes. A classificação dos ossos do corpo humano é feita principalmente através das dimensões dos mesmos: comprimento, largura e espessura. Quando o osso tem o comprimento maior que a sua largura e a sua espessura é denominado de longo. Este apresenta extremidades ou epífises formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superficial de osso compacto; no corpo ou diáfise predomina o osso compacto, tendo uma pequena quantidade de osso esponjoso, delimitando o canal medular, onde se encontra a medula óssea. São exemplos de ossos longos: fêmur, rádio, úmero, fíbula, metacarpos, clavícula, falanges e costelas. Se o comprimento e a largura de um osso são predominantes sobre a sua espessura, trata-se de osso plano, chato ou laminar. Por exemplo: escápula, osso do quadril, nasal e lacrimal. Nos ossos chatos da abóbada craniana, existem duas camadas de osso compacto separadas por osso esponjoso que, neste caso, recebe o nome de díploe. Ossos que têm o comprimento, a largura e a espessura aproximadamente iguais são chamados de ossos curtos, como os carpos e os tarsos. Alguns ossos não se assemelham à nenhuma figura geométrica e são denominados de ossos irregulares. Como exemplo podemos citar: as vértebras, osso do quadril, esfenóide, etmóide e temporal. Ossos pneumáticos são aqueles que apresentam uma cavidade contendo ar, tornando-os mais leves. No homem encontramos ossos pneumáticos somente na cabeça e estas cavidades são chamadas de seios. São exemplos deste tipo de osso: frontal, esfenóide, etmóide e maxilar. Alguns autores consideram o osso temporal como sendo pneumático, porém convém esclarecer que este osso não apresenta uma cavidade como os demais citados, sendo uma de suas partes porosa. Osso sesamoide é um pequeno osso intratendíneo ou periarticular que tem o formato arredondado ou triangular e encontra-se em juntura ou em tendão de músculo, sendo a patela o exemplo deste tipo ósseo. Algumas pessoas têm pequenos ossos localizados em articulações (suturas) ou em tendões de músculos (principalmente associado ao 1 metacarpo ou 1 metatarso), porém não são todos que apresentam estes ossos e os mesmos não estão relacionados no número de ossos que o corpo humano tem (206), sendo desta maneira denominados extranumerários ou supranumerários. Em algumas situações, osso sesamoide e osso extranumerário são erroneamente considerados como sinônimos. OBS.: alguns ossos podem ser classificados em mais de um tipo, como por exemplo o esfenóide e o etmóide; ambos são pneumáticos e irregulares. Ao se observar a superfície de um osso, nota-se que ela não é uniforme, apresentando saliências, ou depressões, ou orifícios que recebem nomes próprios e que são genericamente chamados de acidentes ósseos. Ao se perceber uma superfície óssea mais uniforme ou lisa deve-se ter em mente que se trata de uma superfície articular, que também é um acidente ósseo. Nesta fase do curso não nos interessa voltarmos nossa atenção para os acidentes ósseos e seus respectivos nomes, deixando-os para oportunidades futuras, quando for necessário. Artrologia é o estudo das articulações ou junturas que são uniões funcionais entre os diferentes ossos do esqueleto. As junturas são classificadas segundo vários critérios, sendo que o primeiro que usaremos é o tipo de tecido interposto entre as superfícies ósseas articulares. I- JUNTURAS FIBROSAS OU SINFIBROSES: apresentam tecido fibroso. I.1- SUTURA: apresenta pequena quantidade de tecido fibroso entre as superfícies ósseas. Divide-se em três grandes tipos que são: I.1.1- SUTURA PLANA: união linear retilínea ou aproximadamente retilínea. Ex.: sutura entre os maxilares. I.1.2- SUTURA DENTEADA OU SERREADA: é assim chamada porque a união se faz por saliências em forma de dentes. Ex.: sutura entre os parietais. I.1.3- SUTURA ESCAMOSA: formada pela sobreposição de amplas margens biseladas de ossos contíguos. Ex.: sutura escamosa entre o parietal e o temporal. I.2- SINDESMOSE: apresenta grande quantidade de tecido fibroso interposto às superfícies ósseas. Ex.: articulação tíbio-fibular inferior. I.3- GONFOSE: é a articulação por inserção de um processo cônico em uma cavidade (lembra um prego fixado à parede) e apresenta grande quantidade de tecido fibroso. Exs.: raízes dos dentes com os alvéolos dentários da mandíbula e da maxila. Em termos de mobilidade (segundo critério para classificação) ou classificação funcional consideram-se as junturas fibrosas como imóveis ou com movimentos extremamente reduzidos. II- JUNTURAS CARTILAGINOSAS OU CARTILAGÍNEAS OU ANFIARTROSES: apresentam interposição de tecido cartilaginoso. II.1- SINCONDROSE: é aquela que apresenta cartilagem hialina; é uma forma temporária de articulação, pois a cartilagem hialina, neste caso, sofre ossificação. Exs.: sincondrose esfeno-occipital e a articulação entre o manúbrio e o corpo do osso esterno. Alguns autores consideram que a cartilagem de crescimento encontrada entre a epífise e a diáfise do osso longo seja um exemplo de articulação do tipo sincondrose. II.2- JUNTURA FIBROCARTILAGINOSA OU SÍNFISE: apresenta fibrocartilagem em forma de disco interpondo-se às superfícies ósseas. Esta é uma articulação permanente e neste caso, em condições normais, não sofre ossificação. Exs.: articulações entre os corpos das vértebras e a sínfise púbica. Em termos de classificação funcional, as junturas cartilaginosas são consideradas como semi-móveis ou de mobilidade restrita, porém deve-se ter em conta que estas são mais móveis do que as junturas fibrosas. III- JUNTURAS SINOVIAIS OU DIARTROSES: é o grupo mais complexo das junturas do corpo humano, apresenta a membrana sinovial (ou tecido sinovial). Vamos estudar seus componentes e seus movimentos para podermos fazer suas classificações. III.I - COMPONENTES DAS JUNTURAS SINOVIAIS Todas as junturas sinoviais deverão apresentar os seguintes componentes. - SUPERFÍCIES ÓSSEAS ARTICULARES: são os pontos de contato entre as extremidades que se articulam. - CARTILAGEM ARTICULAR: é a cartilagem hialina que reveste as superfícies ósseas articulares, tornando-as lisas, polidas e de cor esbranquiçadas. Estas representam a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Está relacionada ao movimento e a redução do mesmo, na articulação, pode levar à fibrose desta cartilagem. A cartilagem articular é avasculare no caso de lesões ela não se regenera, ocorrendo o que se chama de artrose, condição onde pode ocorrer, com o passar do tempo, um atrito e desgaste ósseo. - CÁPSULA ARTICULAR: é um envoltório que se prende aos ossos que se articulam; delimita a cavidade articular, que é o espaço virtual, onde se localiza o líquido sinovial. A cápsula é formada por dois estratos: um externo (estrato fibroso), constituído por feixes de tecido fibroso, sendo considerado o principal meio de união (ligamento) da articulação; um interno (estrato seroso - sinovial) que é a membrana sinovial. - MEMBRANA SINOVIAL: é um tecido conectivo vascularizado que forra a superfície interna da cápsula articular, mas não reveste a cartilagem articular. É responsável pela produção do líquido sinovial, que é um líquido viscoso, semelhante à clara de ovo. O líquido sinovial lubrifica a articulação e nutre a cartilagem articular. Em condições patológicas, como após um traumatismo, o líquido pode se acumular em quantidade capaz de provocar dor e comprometer os movimentos articulares. III. 2- ANEXOS DAS JUNTURAS SINOVIAIS. São estruturas específicas para cada juntura sinovial. - LIGAMENTOS: são feixes fibrosos que reforçam, em alguns pontos a porção fibrosa (externa) da cápsula articular. Se o ligamento é externo à cápsula, porém aderido à mesma, chamamos de ligamento capsular. Porém, se o ligamento for externo à cápsula, mas totalmente dissociado dela, ou seja, podemos dissecar a cápsula e o ligamento permanecerá integro, denominamos de ligamento extracapsular. Será denominado de ligamento intracapsular ou intrarticular aquele que estiver no interior da cavidade articular. Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disto, impedem os movimentos indesejados e limitam a amplitude dos movimentos normais. - LÁBIO ARTICULAR: fibrocartilagem que se dispõe no contorno de uma cavidade (como se fosse a moldura de um quadro), permitindo um melhor ajuste ósseo. Só encontramos lábio articular nas junturas sinoviais esferóides. Na articulação escápulo-umeral (do ombro), o lábio serve para tornar a cavidade da escápula mais ampla e, portanto, permitir uma melhor adaptação da cabeça do úmero. Na articulação coxo-femoral (do quadril), o lábio articular diminui as dimensões da cavidade do quadril e, assim, ajusta melhor a cabeça do fêmur mantendo-a dentro da cavidade. - MENISCO: é uma estrutura fibrocartilaginosa, com formato semilunar, que age como estabilizador (absorvendo choques), e como ajuste de superfície osteo-articular. Também facilita a lubrificação da articulação e a nutrição da cartilagem articular, devido ao fato dele permitir uma melhor distribuição do líquido sinovial. Este elemento encontra-se somente na articulação do joelho e quando lesado dificilmente se regenera. - DISCO: é uma estrutura fibrocartilaginosa, de forma circular, muito semelhante ao menisco, que serve para melhor adaptação das estruturas que se articulam, mas também funciona como amortecedor destinado a receber violentas pressões. Encontra-se exemplo de disco na articulação esterno-clavicular. IV - MOVIMENTOS POSSÍVEIS NAS JUNTURAS SINOVIAIS Três tipos de movimentos ativos ocorrem nas junturas sinoviais: 1- Movimentos deslizantes em todas as direções. 2- Movimentos angulares no eixo látero-lateral (flexão e extensão) e no eixo ântero-posterior (adução e abdução). 3- Movimentos de rotação no eixo súpero-inferior ou longitudinal (rotação medial e rotação lateral). Um, vários ou todos os tipos de movimentos podem ocorrer numa determinada juntura, dependendo de sua forma e disposição ligamentar. FLEXÃO: é o movimento com diminuição do ângulo da juntura. EXTENSÃO: é o movimento contrário à flexão, com aumento do ângulo articular. ABDUÇÃO: é o afastamento de um membro do plano mediano do corpo; no caso dos dedos, distanciamento do eixo da mão (terceiro dedo) ou do pé (segundo dedo). ADUÇÃO: é quando um membro é deslocado para ou além do plano mediano do corpo; para os dedos, quando se aproxima do eixo da mão ou do pé. ROTAÇÃO: movimento que um segmento do corpo faz em torno do longo eixo desse segmento. CIRCUNDUÇÃO: movimento do segmento de modo que a sua extremidade descreva um círculo e os lados descrevam um cone; é um movimento composto de flexão, extensão, abdução, adução e rotação. SUPINAÇÃO: movimento particular do antebraço; o rádio e a ulna ficam paralelos e a palma da mão voltada anteriormente (rotação lateral do antebraço). PRONAÇÃO: movimento particular do antebraço; o rádio e a ulna não ficam paralelos e a palma da mão está voltada posteriormente (rotação medial do antebraço). EVERSÃO: movimento particular do pé, onde a planta está voltada lateralmente. INVERSÃO: movimento particular do pé, onde a planta está voltada medialmente. DORSIFLEXÃO: consiste na aproximação do dorso do pé para a face anterior da perna. FLEXÃO PLANTAR: movimento no qual o calcanhar é puxado superiormente e os dedos do pé apontam para baixo. ELEVAÇÃO: movimento perpendicular e em direção ao plano superior. ABAIXAMENTO: movimento perpendicular e em direção ao plano inferior. OPOSIÇÃO: movimento no qual a ponta do polegar toca as pontas dos outros dedos. REPOSIÇÃO: movimento contrário ao movimento de oposição. RETRAÇÃO: deslocamento para trás do segmento. PROTRUSÃO: deslocamento para frente do segmento. OBSERVAÇÕES: 1- O aluno não deve confundir o eixo do movimento com o plano onde se executa tal movimento, o movimento sempre está perpendicular ao seu eixo. Por exemplo, os movimentos de flexão e extensão são realizados ao redor do eixo látero-lateral, porém estes movimentos são executados no plano sagital. 2- Algumas articulações, como a do joelho, podem ser classificadas em mais de uma maneira. No caso do joelho podemos adotar os seguintes critérios classificatórios: 2.1- Considerando-se as superfícies ósseas articulares (côndilos do fêmur), esta articulação é do tipo sinovial condilar ou bicondilar. 2.2- Considerando-se que os principais movimentos no joelho são flexão e extensão, ela é classificada como sinovial gínglimo ou em dobradiça, ISTO É, monoaxial (eixo látero-lateral). 2.3- Considerando-se que além da flexão e extensão, é possível a realização de pequena rotação ao nível do joelho, estando o mesmo flexionado, esta juntura é classificada como biaxial (eixos látero-lateral e súpero-inferior). V - CLASSIFICAÇÃO DAS JUNTURAS SINOVIAIS Estas são consideradas como sendo móveis ou de mobilidade mais ampla e são classificadas e definidas segundo as descrições de suas superfícies ósseas e/ou de seus movimentos. V.1- JUNTURA SINOVIAL ESFERÓIDE: é aquela que apresenta uma superfície esferóide de um osso (cabeça) que se movimenta dentro de um receptáculo (cavidade) do outro osso. Exs. articulações escápulo-umeral (do ombro) e coxo-femoral (do quadril). Estas articulações são funcionalmente classificadas como triaxiais, sendo, portanto, as mais móveis do corpo humano. V.2- JUNTURA SINOVIAL CONDILAR OU BICONDILAR: um côndilo (superfície óssea articular alongada no eixo antero-posterior) encaixa-se numa cavidade. Exs.: articulações temporo-mandibular, do joelho e metacarpo-falângicas. Funcionalmente é classificada como biaxial (eixos antero-posterior e látero-lateral). OBS.: a articulação rádio-cárpica (do punho) pode ser classificada como sinovial elipsóide ou sinovial condilar. No primeiro caso, ela é classificada desta maneira porque não apresenta um côndilo propriamente dito, mas a união de três ossos (escafóide, semilunar e piramidal) forma uma estrutura elíptica que se articula com uma cavidade do rádio. V.3- JUNTURA SINOVIAL SELAR: articulação entre duas superfícies ósseas côncavas, como uma sela do cavalo. Ex.: articulação entre o trapézio e o primeiro metacarpo. Funcionalmente é biaxial (eixos antero-posterior e látero-lateral). V.4- JUNTURA SINOVIAL GÍNGLIMO OU DOBRADIÇA: onde uma superfície convexa encaixa-se numa concavidade (lembra uma dobradiça). Exs.: articulações do cotovelo e tíbio-társica(do tornozelo). Funcionalmente é uma juntura monoaxial que permite somente os movimentos de flexão e extensão (eixo látero-lateral). V.5- JUNTURA SINOVIAL TROCÓIDE OU EM PIVÔ: esta é formada por um cilíndro ósseo (pivô) que roda dentro de um anel ósteo-fibroso (ósteo-ligamentar). Exs.: articulações atlanto-axial, rádio-ulnares proximal e distal. Classificada funcionalmente como monoaxial, permitindo somente o movimento de rotação (eixo súpero-inferior ou longitudinal). V.6- JUNTURA SINOVIAL PLANA: apresenta superfícies planas ou ligeiramente curvas. Exs.: articulações dos processos articulares das vértebras, intercárpicas e intertársicas. Funcionalmente permite o deslizamento em todas as direções, portanto não tem eixo. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL EXEMPLOS ESFERÓIDE TRIAXIAL (03 - EIXOS) OMBRO CONDILAR BIAXIAL (02 - EIXOS) PUNHO SELAR BIAXIAL (02 - EIXOS) POLEGAR GINGLÍMO MONOAXIAL (01 - EIXO) COTOVELO PIVÔ MONOAXIAL (01 - EIXO) RÁDIO-ULNAR PLANA SEM EIXO INTERCÁRPICAS O sistema muscular é constituído por um tipo celular - fibra muscular, que é alongada e capaz de alterar suas dimensões sob um estímulo nervoso. De acordo com as características morfológicas e funcionais, encontramos três tipos de músculos: 1- MÚSCULO LISO: formado por células sem estrias transversais e é involuntário. Este tipo de músculo é encontrado em vísceras, por exemplo: estômago, útero e bexiga urinária. 2- MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO: possui células estriadas (devido à repetição de unidades chamadas sarcômeros, que contêm miofibrilas) e é involuntário. As miofibrilas do músculo estriado contêm proteínas contráteis, sendo as principais a miosina e a actina. 3- MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO: possui células estriadas, é voluntário e prende-se às peças do esqueleto. É, portanto, responsável pelos movimentos voluntários e pela postura corporal. Passaremos, a partir de agora, a enfocar somente o músculo estriado esquelético. Um músculo esquelético apresenta uma parte carnosa, de cor avermelhada, funcionalmente ativa e formada por fibras musculares, que é o ventre. Este se fixa através do tendão, que é um elemento passivo, formado de tecido fibroso resistente, de cor esbranquiçada e de forma cilíndrica. Quando este elemento de fixação do ventre muscular apresenta a forma laminar (larga), porém com as demais características, ele é chamado de aponeurose. As fibras musculares estão envolvidas por tecido conjuntivo chamado endomísio. Várias fibras musculares se reúnem para formar os fascículos ou feixes musculares e estes estão envolvidos pelo perimísio. Finalmente, os fascículos musculares formam o ventre do músculo e este também recebe um envoltório de tecido conjuntivo, que é o epimísio ou fáscia de revestimento. Em determinados locais do corpo humano, os tendões podem atritar entre si, com osso, ligamentos, ventre muscular e com o tegumento. Nestes locais encontram-se sacos cheios de líquido sinovial, denominadas bolsas sinoviais. Ao atravessarem canais ósteo-ligamentares, os tendões são envolvidos por bainhas sinoviais bilaminadas, tendo um tecido de continuidade entre estas lâminas que transporta vasos sangüíneos para o tendão, sendo chamados de mesotendão. Os locais onde os músculos se fixam são chamados de inserção proximal ou simplesmente origem e inserção distal ou simplesmente inserção. Para se determinar a origem e a inserção podemos utilizar as seguintes regras (lembre-se que existem algumas poucas exceções): 1- No caso dos membros (superior e inferior) a origem é proximal (raiz = ombro/quadril) e a inserção é distal. 2- No caso do tronco a origem é mediana ou medial e a inserção é lateral. Sob o aspecto funcional a origem do músculo pode ser ponto fixo (de menor mobilidade) e a inserção seu ponto móvel (de maior mobilidade). Os músculos esqueléticos podem ser classificados quanto às dimensões em longo - predomina o comprimento, largo e laminar - o comprimento e a largura são aproximadamente iguais e predominam sobre a sua espessura. Em alguns casos o músculo longo é muito delgado, sendo classificado também como músculo em fita ou cestóide. Quanto à forma os músculos planos podem ser classificados em leque, circular, deltóide, quadrado e serrátil. Quanto ao número de cabeças de origem, os músculos podem ser: bíceps (2), tríceps (3) e quadríceps (4). Note que todos os músculos que têm uma única origem não recebem uma denominação própria e todo bíceps, tríceps e quadríceps são obrigatoriamente músculos longos. Quanto à inserção, os músculos são unicaudados que corresponde à um só tendão de inserção e policaudados que corresponde à vários tendões que se inserem em diferentes locais. Aqui também trata-se apenas de músculos longos. Quanto ao número de ventres, temos digástrico (2 ventres) e poligástricos (vários ventres). Note que os ventres estão em série e unidos por tendão, e que estes músculos também são longos. Quanto à disposição das fibras em relação ao tendão temos: 1- Fusiforme: as fibras dispõem paralelas ao maior eixo do músculo e ao eixo do tendão. 2- Penados ou peniformes: as fibras dispõem-se oblíquas em relação ao tendão. 2.1- Unipenado: fibras oblíquas presas numa única borda do tendão. 2.2- Bipenado: fibras oblíquas presas em ambas às bordas do tendão. 2.3- Semipenado: fibras oblíquas presas ora numa borda, ora na outra borda do tendão. 2.4- Multipenado: consiste de um número de partes bipenadas reunidas entre si para formar uma estrutura complexa; fibras em três direções em relação ao tendão. O músculo multipenado é sempre largo e os demais penados são sempre longos. Quanto à ação, os músculos podem ser: 1. agonista = principal músculo que realiza um movimento; 2. antagonista = músculo contrário ao movimento; 3. sinergista ou auxiliar = participa do movimento, mas não é o principal músculo deste movimento; 4. postural = músculo cuja ação mantém a postura, é antigravitacional; 5. fixador = músculo que evita movimento indesejável, estabilizando uma articulação, permitindo uma melhor ação de outro músculo. A fáscia muscular é um elemento de tecido conjuntivo que recobre o músculo, sendo que algumas vezes o epimísio e a fáscia muscular se confundem. Serve para separar o músculo do tegumento; separar os músculos entre si, determinando lojas musculares; fornece origem e inserção para os músculos; serve como bainha elástica de contenção; fornece vias de passagem de vasos e nervos para o músculo; permite o deslizamento de uma camada muscular sobre a outra. Em certos locais do corpo humano a aponeurose de fixação muscular confunde-se com a fáscia muscular.
Compartilhar