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DIREITO CIVIL ÍNDICE Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ; Vigência, aplicação, obrigatoriedade, interpretação e integração das leis ; Conflito das leis no tempo. Eficácia das leis no espaço. ....................................................................................................... 1 Pessoas naturais ; Conceito ; Início da pessoa natural ; Personalidade: Capacidade ; Direitos da personalidade ; Nome civil. ; Estado civil ; Domicílio ; Ausência. ....................................................................................................................................... 8 Pessoas jurídicas ; Disposições Gerais ; Conceito e Elementos Caracterizadores ; Constituição ; Extinção ; Capacidade e direitos da personalidade ; Sociedades de fato ; Associações ; Sociedades : Fundações .................................................... 15 Grupos despersonalizados ; Desconsideração da personalidade jurídica ; Responsabilidade da pessoa jurídica e dos sócios. ......................................................................................................................................................................................................................... 17 Bens; Diferentes classes ; Bens Corpóreos e incorpóreos ; Bens no comércio e fora do comércio. ................................. 20 Fato jurídico ; Negócio jurídico. Disposições gerais ; Classificação e interpretação ; Elementos; Representação ; Condição, termo e encargo ; Defeitos do negócio jurídico; Existência, eficácia, validade, invalidade e nulidade do negócio jurídico; Simulação. ............................................................................................................................................................................... 24 Atos jurídicos lícitos e ilícitos. ........................................................................................................................................................................... 34 Prescrição e decadência. ..................................................................................................................................................................................... 35 Prova do fato jurídico. ......................................................................................................................................................................................... 37 Contratos ; Princípios ; Classificação ; Contratos em geral ; Disposições Gerais ; Interpretação ; Extinção ; Espécies de contratos regulados no Código Civil. ....................................................................................................................................................... 40 Responsabilidade Civil. ......................................................................................................................................................................................... 62 1 D IR EI TO C IV IL LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ; VIGÊNCIA, APLICAÇÃO, OBRIGATORIEDADE, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS LEIS ; CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO. EFICÁCIA DAS LEIS NO ESPAÇO. A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, iremos trazer o artigo científico do Professor Flávio Monteiro de Barros, no qual aborda este assun- to de forma simplificada e elucidativa, como veremos a seguir: A Lei de Introdução (Decreto-lei 4.657/1942) não faz parte do Código Civil. Embora anexada a ele, anteceden- do-o, trata-se de um todo separado. Com o advento da Lei nº. 12.376, de 30 de dezembro de 2010, alterou-se o nome desse diploma legislativo, substituindo-se a termi- nologia “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasilei- ro” por outra mais adequada, isto é, “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”, espancando-se qualquer dúvida acerca da amplitude do seu campo de aplicação. Ademais, o Código Civil regula os direitos e obriga- ções de ordem privada, ao passo que a Lei de Introdução disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é norma de sobre direito ou de apoio, consistente num conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as pró- prias normas jurídicas. De fato, norma de sobre direito é a que disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro cuida dos seguintes assuntos: a) Vigência e eficácia das normas jurídicas; b) Conflito de leis no tempo; c) Conflito de leis no espaço; d) Critérios hermenêuticos; e) Critérios de integração do ordenamento jurídico; f) Normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19). Na verdade, como salienta Maria Helena Diniz, é uma lei de introdução às leis, por conter princípios gerais so- bre as normas sem qualquer discriminação. É, pois, apli- cável a todos os ramos do direito. Conceito e Classificação Lei é a norma jurídica escrita, emanada do Poder Le- gislativo, com caráter genérico e obrigatório. A lei apresenta as seguintes características: a) generalidade ou impessoalidade: porque se dirige a todas as pessoas indistintamente. Abre-se exce- ção à lei formal ou singular, que é destinada a uma pessoa determinada, como, por exemplo, a lei que concede aposentadoria a uma grande personalida- de pública. A rigor, a lei formal, conquanto aprova- da pelo Poder Legislativo, não é propriamente uma lei, mas um ato administrativo; b) obrigatoriedade e imperatividade: porque o seu descumprimento autoriza a imposição de uma sanção; c) permanência ou persistência: porque não se exaure numa só aplicação; d) autorizante: porque a sua violação legitima o ofen- dido a pleitear indenização por perdas e danos. Nesse aspecto, a lei se distingue das normas so- ciais; #FicaDica Características da lei: - Generalidade ou impessoalidade; - Obrigatoriedade e imperatividade; - Permanência ou persistência e - Autorizante. Segundo a sua força obrigatória, as leis podem ser: a) cogentes ou injuntivas: são as leis de ordem pú- blica, e, por isso, não podem ser modificadas pela vontade das partes ou do juiz. Essas leis são im- perativas, quando ordenam certo comportamento; e proibitivas, quando vedam um comportamento. b) supletivas ou permissivas: são as leis dispositivas, que visam tutelar interesses patrimoniais, e, por isso, podem ser modificadas pelas partes. Tal ocor- re, por exemplo, com a maioria das leis contratuais. Segundo a intensidade da sanção, as leis podem ser: a) perfeitas: são as que preveem como sanção à sua violação a nulidade ou anulabilidade do ato ou ne- gócio jurídico. b) mais que perfeitas: são as que preveem como san- ção à sua violação, além da anulação ou anulabili- dade, uma pena criminal. Tal ocorre, por exemplo, com a bigamia. c) menos perfeitas: são as que estabelecem como sanção à sua violação uma consequência diversa da nulidade ou anulabilidade. Exemplo: o divorcia- do que se casar sem realizar a partilha dos bens sofrerá como sanção o regime da separação dos bens, não obstante a validade do seu matrimônio. d) imperfeitas: são aquelas cuja violação não acarreta qualquer consequência jurídica. O ato não é nulo; o agente não é punido. Lei de Efeito Concreto Lei de efeito concreto é a que produz efeitos imedia- tos, pois traz em si mesma o resultado específico preten- dido. Exemplo: lei que proíbe certa atividade. Em regra, não cabe mandado de segurança contra a lei, salvo quando se tratar de lei de efeito concreto. Alu- dida lei, no que tange aos seus efeitos, que são imedia- tos, assemelha-se aos atos administrativos. Código, Consolidação, Compilação e Estatuto. Código é o conjunto de normas estabelecidas por lei. É, pois, a regulamentação unitária de um mesmo ramo do direito. Exemplos: Código Civil, Código Penal etc. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realceuser Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 2 D IR EI TO C IV IL Consolidação é a regulamentação unitária de leis preexistentes. A Consolidação das Leis do Trabalho, por exemplo, é formada por um conjunto de leis esparsas, que acabaram sendo reunidas num corpo único. Não po- dem ser objeto de consolidação as medidas provisórias ainda não convertidas em lei (art. 14, § 1.º, da LC 95/1998, com redação alterada pela LC 107/2001). Assim, enquanto o Código cria e revoga normas, a Consolidação apenas reúne as já existentes, isto é, não cria nem revoga as normas. O Código é estabelecido por lei; a Consolidação pode ser criada por mero decreto. Nada obsta, porém, que a Consolidação seja ordenada por lei, cuja iniciativa do projeto compete à mesa direto- ra do Congresso Nacional, de qualquer de suas casas e qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputa- dos, do Senado Federal ou do Congresso Nacional. Será também admitido projeto de lei de consolidação desti- nado exclusivamente à declaração de leis ou dispositi- vos implicitamente revogados ou cuja eficácia ou valida- de encontra-se completamente prejudicada, outrossim, para inclusão de dispositivos ou diplomas esparsos em leis preexistentes (art. 14, § 3º, da LC 95/1998, com reda- ção alterada pela LC 107/2001). Por outro lado, a compilação consiste num repertó- rio de normas organizadas pela ordem cronológica ou matéria. Finalmente, o Estatuto é a regulamentação unitária dos interesses de uma categoria de pessoas. Exemplos: Estatuto do Idoso, Estatuto do Índio, Estatuto da Mu- lher Casada, Estatuto da Criança e do Adolescente. No concernente ao consumidor, o legislador optou pela de- nominação Código do Consumidor, em vez de Estatuto, porque disciplina o interesse de todas as pessoas, e não de uma categoria específica, tendo em vista que todos podem se enquadrar no conceito de consumidor. Vigência das Normas Sistema de Vigência O Direito é uno. A sua divisão em diversos ramos é apenas para fins didáticos. Por isso, o estudo da vigência e eficácia da lei é aplicável a todas as normas jurídicas e não apenas às do Direito Civil. Dispõe o art. 1.º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”. Acrescenta seu § 1.º: “Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses de- pois de oficialmente publicada”. Vê-se, portanto, que se adotou o sistema do prazo de vigência único ou sincrônico, ou simultâneo, segundo o qual a lei entra em vigor de uma só vez em todo o país. O sistema de vigência sucessiva ou progressiva, pelo qual a lei entra em vigor aos poucos, era adotado pela antiga Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Com efeito, três dias depois de publicada, a lei entrava em vigor no Distrito Federal, 15 dias depois no Rio de Ja- neiro, 30 dias depois nos Estados marítimos e em Minas Gerais, e 100 dias depois nos demais Estados. Conquanto adotado o sistema de vigência único, Os- car Tenório sustenta que a lei pode fixar o sistema suces- sivo. No silêncio, porém, a lei entra em vigor simultanea- mente em todo o território brasileiro. Vacatio Legis Vacatio legis é o período que medeia entre a publica- ção da lei e a sua entrada em vigor. Tem a finalidade de fazer com que os futuros destina- tários da lei a conheçam e se preparem para bem cum- pri-la. A Constituição Federal não exige que as leis obser- vem o período de vacatio legis. Aliás, normalmente as leis entram em vigor na data da publicação. Em duas hipóte- ses, porém, a vacatio legis é obrigatória: a) Lei que cria ou aumenta contribuição social para a Seguridade Social. Só pode entrar em vigor noven- ta dias após sua publicação (art. 195, § 6.º, da CF). b) Lei que cria ou aumenta tributo. Só pode entrar em vigor noventa dias da data que haja sido publicada, conforme art. 150, III, c, da CF, com redação de- terminada pela EC 42/2003. Saliente-se, ainda, que deve ser observado o princípio da anterioridade. Em contrapartida, em três hipóteses, a vigência é ime- diata, sem que haja vacatio legis, a saber: a) Atos Administrativos. Salvo disposição em contrá- rio, entram em vigor na data da publicação (art. 103, I, do CTN). b) Emendas Constitucionais. No silêncio, como escla- rece Oscar Tenório, entram em vigor no dia da sua publicação. c) Lei que cria ou altera o processo eleitoral. Tem vi- gência imediata, na data da sua publicação, toda- via, não se aplica à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (art. 16 da CF). Cláusula de Vigência Cláusula de vigência é a que indica a data a partir da qual a lei entra em vigor. Na ausência dessa cláusula, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada. A obrigatoriedade da lei nos países estrangeiros é para os juízes, embaixadas, consulados, brasileiros residentes no estrangeiro e para todos os que fora do Brasil tenham interesses regulados pela lei brasileira. Saliente-se, contudo, que o alto mar não é território estrangeiro, logo, no silêncio, a lei entra em vigor 45 dias depois da publicação (Oscar Tenório). Os prazos de 45 dias e de três meses, mencionados acima, aplicam-se às leis de direito público e de direito privado, outrossim, às leis federais, estaduais e municipais, bem como aos Tratados e Convenções, pois estes são leis e não atos administrativos. Conforme preceitua o § 2.º do art. 8.º da LC 95/1998, as leis que estabelecem período de vacância deverão utilizar a cláusula “esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial”. No silêncio, porém, o prazo de vacância é de 45 dias, de modo que continua em vigor o art. 1º da LINDB. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 3 D IR EI TO C IV IL Forma de Contagem Quanto à contagem do prazo de vacatio legis, dispõe o art. 8.º, § 1.º, da LC 95/1998, que deve ser incluído o dia da publicação e o último dia, devendo a lei entrar em vigor no dia seguinte. Conta-se o prazo dia a dia, inclusive domingos e feriados, como salienta Caio Mário da Silva Pereira. O aludido prazo não se suspende nem se interrompe, entrando em vigor no dia seguinte ao último dia, ainda que se trate de domingo e feriado. Convém esclarecer que se a execução da lei depender de regulamento, o prazo de 45 dias, em relação a essa parte da lei, conta-se a partir da publicação do regulamento (Serpa Lopes). Lei Corretiva Pode ocorrer de a lei ser publicada com incorreções e erros materiais. Nesse caso, se a lei ainda não entrou em vigor, para corrigi-la, não é necessária nova lei, bastando à repetição da publicação, sanando-se os erros, reabrindo-se, destarte, o prazo da vacatio legis em relação aos artigos republicados. Entretanto, se a lei já entrou em vigor, urge, para corrigi-la, a edição de uma nova lei, que é denominada lei corretiva, cujo efeito, no silêncio, se dá após o decurso do prazo de 45 dias a contar da sua publicação. Enquanto não sobrevém essa lei corretiva, a lei continua em vigor, apesar de seus erros materiais, ressalvando-se, porém, ao juiz, conforme esclarece Washington de Barros Monteiro, o poder de corrigi-la, ainda que faça sentido o texto errado. Por outro lado, se o Poder Legislativo aprova um determinado projeto de lei, submetendo-o à sanção do Presidente da República, e este acrescenta determinados dispositivos, publicando em seguida o texto, a hipótese será de inconstitucionalidade, por violação do princípio da separação dos poderes. De fato, o Presidente da República não pode acrescentar ou modificaros dispositivos aprovados pelo Poder Legislativo, devendo limitar-se a suprimi-los, pois, no Brasil, é vedado o veto aditivo ou translativo, admitindo-se apenas o veto supressivo. Local de Publicação das Leis A lei é publicada no Diário Oficial do Executivo. Nada obsta a sua publicação no Diário Oficial do Legislativo ou Judiciário. Todavia, o termo inicial da vacatio legis é a publicação no Diário Oficial do Executivo. Caso o Município ou o Estado-membro não tenham imprensa oficial, a lei pode ser publicada na imprensa particular. Nos municípios em que não há imprensa oficial nem particular, a publicação pode ser feita mediante fixação em lugar público ou então em jornal vizinho ou no órgão oficial do Estado. Princípio da Obrigatoriedade das Leis De acordo com esse princípio, consagrado no art. 3.º da LINDB, ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Trata-se da máxima: nemine excusat ignorantia legis. Assim, uma vez em vigor, todas as pessoas sem distinção devem obedecer a lei, inclusive os incapazes, pois ela se dirige a todos. Diversas teorias procuram justificar a regra acima. Para uns, trata-se de uma presunção jure et jure, legalmente estabelecida (teoria da presunção). Outros defendem a teoria da ficção jurídica. Há ainda os adeptos da teoria da necessidade social, segundo a qual a norma do art. 3.º da LINDB é uma regra ditada por uma razão de ordem social e jurídica, sendo, pois, um atributo da própria norma. Aludido princípio encontra exceção no art. 8.º da Lei das Contravenções Penais, que permite ao juiz deixar de aplicar a pena se reconhecer que o acusado não tinha pleno conhecimento do caráter ilícito do fato. Princípio Jura Novit Curia O princípio do jura novit curia significa que o juiz co- nhece a lei. Consequentemente, torna-se desnecessário provar em juízo a existência da lei. Esse princípio comporta as seguintes exceções: a) direito estrangeiro; b) direito municipal; c) direito estadual; d) direito consuetudinário. Nesses casos, a parte precisa provar o teor e a vigência do direito. Princípio da Continuidade das Leis De acordo com esse princípio, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2.º da LINDB). Assim, só a lei pode revogar a lei. Esta não pode ser revogada por decisão judicial ou por ato do Poder Executivo. Em regra, as leis têm efeito permanente, isto é, uma vigência por prazo indeterminado, salvo quanto as leis de vigência temporária. A não aplicação da lei não implica na renúncia do Es- tado em atribuir-lhe efeito, pois a lei só pode ser revoga- da por outra lei. Repristinação Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude da revogação da lei revogadora. Sobre o assunto, dispõe o § 3º do art. 2.º da LINDB: “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se res- taura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Assim, o efeito repristinatório não é automático; só é possível mediante cláusula expressa. No silêncio da lei, não há falar-se em repristinação. Se, por exemplo, uma terceira lei revogar a segunda, a primeira não volta a vi- ger, a não ser mediante cláusula expressa. Fontes do Direito Conceito As fontes do direito compreendem as causas do sur- gimento das normas jurídicas e os modos como elas se exteriorizam. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 D IR EI TO C IV IL São, pois, duas espécies: - Fontes materiais ou fontes no sentido sociológico ou ainda fonte real; - Fontes formais. Fontes Materiais ou Reais As fontes materiais são as causas determinantes da origem da norma jurídica. O assunto extrapola os limites da ciência jurídica, re- gistrando conotação metafísica, levando o intérprete a investigar a razão filosófica, sociológica, histórica, social, ética, etc., que determinaram o surgimento da norma ju- rídica. Dentre as fontes materiais, merecem destaques: a so- ciologia, a filosofia, a ética, a política, os pareceres dos especialistas, etc. As fontes materiais, como se vê, abrangem as cau- sas que influenciaram o surgimento da norma jurídica. Kelsen nega a essas fontes o caráter científico-jurídico, considerando apenas as fontes formais. De fato, a Teoria Pura do Direito de Kelsen elimina da Ciência Jurídica as influências filosóficas, sociológicas, políticas etc. Já a Teoria Egológica, idealizada por Carlos Cossio e, no Brasil, aceita por Maria Helena Diniz, assevera que “o jurista deve ater-se tanto as fontes materiais como às formais, preconizando a supressão da distinção, prefe- rindo falar em fonte formal-material, já que toda fonte formal contém, de modo implícito, uma valoração, que só pode ser compreendida como fonte do direito no sen- tido material”. Fontes Formais As fontes formais do direito compreendem os modos pelos quais as normas jurídicas se revelam. Referidas fontes, classificam-se em estatais e não estatais. As fontes estatais, por sua vez, subdividem-se em: a) Legislativas: Constituição Federal, Leis e Atos Ad- ministrativos; b) Jurisprudenciais: são as decisões uniformes dos tribunais. Exemplos: súmulas, precedentes judiciais etc. c) Convencionais: são os tratados e convenções inter- nacionais devidamente ratificados pelo Brasil. As fontes não estatais são as seguintes: a) Costume Jurídico: direito consuetudinário; b) Doutrina: direito científico; c) Convenções em geral ou negócios jurídicos. De fato, os contratos e outros negócios jurídicos são evidentemente celebrados com o fim de produzir efeito jurídico e por isso torna-se inegável o seu ingresso no rol das fontes formais. Convém, porém, salientar que a classificação das fon- tes formais do direito é tema polêmico no cenário ju- rídico. Numerosos autores propõem sobre o assunto a seguinte classificação: a) Fonte formal imediata ou principal ou direta: é a lei, pois o sistema brasileiro é o do Civil Law ou romano germânico. b) Fontes formais mediatas ou secundárias: são aque- las que só têm incidência na falta ou lacuna da lei. Compreendem a analogia, os costumes e os prin- cípios gerais do direito (art. 4º da LINDB). Alguns autores ainda incluem a equidade. Na Inglaterra, que adota o sistema da Common Law, os costumes são erigidos a fonte formal principal. Quanto à doutrina e jurisprudência, diversos autores classificam como sendo fontes não formais do direito. Analisando essa classificação, que divide as fontes formais em principais e secundárias, ganha destaque o enquadramento das súmulas vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal, com base no art. 103-A da CF, introduzida pela EC 45/2004. Trata-se, sem dúvida, de fonte formal principal, nivelando-se à lei, diante do seu caráter obrigatório. Eficácia da Norma Hipóteses A norma jurídica perde a sua validade em duas hipó- teses: revogação e ineficácia. Desde já cumpre registrar que a lei revogada pode manter a sua eficácia em determinados casos. De fato, ela continua sendo aplicada aos casos em que há direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Em contrapartida, a lei em vigor, às vezes, não goza de eficácia, conforme veremos adiante. Revogação Revogação é a cessação definitiva da vigência de uma lei em razão de uma nova lei. Só a lei revoga a lei, conforme o princípio da conti- nuidade das leis. Saliente-se que o legislador não pode inserir na lei a proibição de sua revogação. A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). A revogação ainda pode ser expressa, tácita ou glo- bal. A revogação expressa ou direta é aquela em que a lei indica os dispositivos que estão sendo por ela revo- gados. A propósito, dispõe o art. 9º da LC 107/2001: “A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. A revogação tácita ou indireta ocorre quando a nova lei é incompatível com a lei anterior, contrariando-a deforma absoluta. A revogação tácita não se presume, pois é preciso demonstrar essa incompatibilidade. Saliente-se, contudo, que a lei posterior geral não revoga lei especial. Igualmente, a lei especial não revoga a geral (§2º do art. 2º da LINDB). Assim, o princípio da conciliação ou das es- feras autônomas consiste na possibilidade de convivên- cia das normas gerais com as especiais que versem sobre o mesmo assunto. Esse princípio, porém, não é absoluto. De fato, a lei geral pode revogar a especial e vice-versa, quando houver incompatibilidade absoluta entre essas user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 D IR EI TO C IV IL normas; essa incompatibilidade não se presume; na dú- vida, se considerará uma norma conciliável com a outra, vale dizer, a lei posterior se ligará à anterior, coexistindo ambas. Sobre o significado da expressão “revogam-se as disposições em contrário”, Serpa Lopes sustenta que se trata de uma revogação expressa, enquanto Caio Mário da Silva Pereira, acertadamente, preconiza que essa fór- mula designa a revogação tácita. Trata-se de uma cláu- sula inócua, pois de qualquer maneira as disposições são revogadas, por força da revogação tácita prevista no § 1º do art. 2º da LINDB. Convém lembrar que o art. 9º da LC 107/2001 determina que a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas, de modo que o legislador não deve mais se valer daquela vaga expressão “revogam-se as disposi- ções em contrário”. A revogação global ocorre quando a lei revogado- ra disciplina inteiramente a matéria disciplinada pela lei antiga. Nesse caso, os dispositivos legais não repetidos são revogados, ainda que compatíveis com a nova lei. Regular inteiramente a matéria significa discipliná-la de maneira global, no mesmo texto. Competência para revogar as Leis Federação é a autonomia recíproca entre a União, Es- tados-Membros e Municípios. Trata-se de um dos mais sólidos princípios constitucionais. Por força disso, não há hierarquia entre lei federal, lei estadual e lei municipal. Cada uma das pessoas políticas integrantes da Federa- ção só pode legislar sobre matérias que a Constituição Federal lhes reservou. A usurpação de competência gera a inconstitucionalidade da lei. Assim, por exemplo, a lei federal não pode versar sobre matéria estadual. Igual- mente, a lei federal e estadual não podem tratar de as- sunto reservado aos Municípios. Força convir, portanto, que lei federal só pode ser re- vogada por lei federal; lei estadual só por lei estadual; e lei municipal só por lei municipal. No que tange às competências exclusivas, reservadas pela Magna Carta a cada uma dessas pessoas políticas, não há falar-se em hierarquia entre leis federais, esta- duais e municipais, pois deve ser observado o campo próprio de incidência sobre as matérias previstas na CF. Tratando-se, porém, de competência concorrente, re- ferentemente às matérias previstas no art. 24 da CF, atri- buídas simultaneamente à União, aos Estados e ao Distri- to Federal, reina a hierarquia entre as leis. Com efeito, à União compete estabelecer normas gerais, ao passo que aos Estados-membros e ao Distrito Federal competem legislar de maneira suplementar, preenchendo os vazios deixados pela lei federal. Todavia, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competên- cia legislativa plena, para atender as suas peculiaridades. A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus- pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Algumas Leis estaduais, para serem editadas, dependem de autorização de lei complementar. O art. 22, parágrafo único, da CF permite, por exemplo, que lei estadual verse sobre questões específicas de Direito Civil, desde que au- torizada por lei complementar. Todavia, a validade da lei estadual não depende da aprovação do Governo Federal. O §2º do art. 1º da LINDB, que exigia essa aprovação violadora do princípio federativo, foi revogado expressa- mente pela Lei 12.036/2009. #FicaDica As normas previstas na CF só podem ser revogadas por emendas constitucionais, desde que não sejam violadas as cláusulas pétreas. Princípio da Segurança e da Estabilidade Social De acordo com esse princípio, previsto no art. 5º, inc. XXXVI da CF, a lei não pode retroagir para violar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. De- vem ser respeitadas, portanto, as relações jurídicas cons- tituídas sob a égide da lei revogada. - Direito Adquirido: é o que pode ser exercido desde já por já ter sido incorporado ao patrimônio jurídi- co da pessoa. O §2º do art. 6º da LINDB considera também adquirido: a) O direito sob termo. O art.131 do CC também reza que o termo, isto é, o fato futuro e certo, suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. b) O direito sob condição preestabelecida inalterável a arbítrio de outrem: Trata-se, a rigor, de termo, porque o fato é futuro e certo, porquanto inalte- rável pelo arbítrio de outrem. Exemplo: Dar-te-ei a minha casa no dia que chover, sob a condição de João não impedir que chova. Ora, chover é um fato certo e inalterável pelo arbítrio de João e, portanto, trata-se de termo, logo o direito é adquirido. - Ato Jurídico Perfeito: é o já consumado de acordo com a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Exemplo: contrato celebrado antes da promulga- ção do Código Civil não é regido por este diploma legal, e sim pelo Código Civil anterior. - Coisa Julgada: é a sentença judicial de que já não caiba mais recurso. É, pois, a imutabilidade da sen- tença. Atente-se que a Magna Carta não impede a edição de leis retroativas; veda apenas a retroatividade que atinja o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A retroatividade, consistente na aplicação da lei a fatos ocorridos antes da sua vigência, conforme ensina- mento do Min. Celso de Melo, é possível mediante dois requisitos: a) cláusula expressa de retroatividade; b) respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Assim, a retroatividade não se presume, deve resul- tar de texto expresso em lei e desde que não viole o di- reito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Abre-se exceção à lei penal benéfica, cuja retroatividade é automática, vale dizer, independe de texto expresso, violando inclusive a coisa julgada. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 D IR EI TO C IV IL Podemos então elencar três situações de retroativi- dade da lei: a) lei penal benéfica; b) lei com cláusula expressa de retroatividade, des- de que não viole o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Na área penal, porém, é terminantemente vedada a retroatividade de lei desfavorável ao réu. c) lei interpretativa: é a que esclarece o conteúdo de outra lei, tornando obrigatória uma exegese, que já era plausível antes de sua edição. É a chamada interpretação autêntica ou legislativa. A lei inter- pretativa não cria situação nova; ela simplesmente torna obrigatória uma exegese que o juiz, antes mesmo de sua publicação, já podia adotar. Aludi- da lei retroage até a data de entrada em vigor da lei interpretada, aplicando-se, inclusive, aos casos pendentes de julgamento, respeitando apenas a coisa julgada. Cumpre, porém, não confundir lei interpretativa, que simplesmente opta por uma exegese razoável, que já era admitida antes da sua edição, com lei que cria situação nova, albergando exegese até então inadmissível. Neste último caso, a retroatividade só é possível mediante cláusula expressa, desde que não viole o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Em algumas situações, porém, uma parcela da doutri- na admite a retroatividade de uma norma,inclusive para violar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. As hipóteses são as seguintes: a) A Lei penal benéfica pode retroagir, conforme já vimos, para violar a coisa julgada (art.5º, XL, da CF). b) Princípio da relativização da coisa julgada: A flexi- bilização da coisa julgada passou a ter importância a partir da análise de decisões que transitaram em julgado, não obstante a afronta à Constituição Fe- deral, outrossim, no tocante às decisões distantes dos ditames da justiça. É inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados in- constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Fede- ral como incompatíveis com a Constituição Fede- ral. Para o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, José Augusto Delgado, a coisa julgada não deve ser via para o cometimento de injustiças, pois se assim fosse se estaria fazendo o mau uso do Di- reito, que não estaria atendendo aos seus ideais de justiça. c) Emenda Constitucional pode retroagir para violar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, porque, no plano hierárquico, posiciona- -se acima da lei, sendo que apenas a lei, segundo o art.5º, inciso XXXVI, da CF, não pode retroagir para prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Este posicionamento, no entanto, é minoritário, prevalecendo a tese de que a expressão “lei” mencionada no inciso XXXVI do art.5º da CF estende-se também às Emendas Cons- titucionais, logo elas não poderiam retroagir para violar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. d) O parágrafo único do art. 2.035 do CC prevê a re- troatividade das normas de ordem pública, tais como as que visam assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Assim, referido dis- positivo legal consagrou a retroatividade das nor- mas de ordem pública, acolhendo o posiciona- mento doutrinário de Serpa Lopes e outros juristas de escol. A menção à retroatividade dos preceitos do Código Civil sobre a função social da proprieda- de e dos contratos, a meu ver, é meramente exem- plificativa, porquanto em outras situações a lei de ordem pública também poderá retroagir. É preciso, no entanto, compatibilizar o preceito legal que prevê a retroatividade das normas de ordem pública com os preceitos, legais e constitucionais, que protegem o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul- gada. Em relação ao direito adquirido e ato jurídico perfei- to (por exemplo: contratos já celebrados), não se nega a aplicabilidade imediata da lei de ordem pública, para fa- zer cessar os efeitos que a contrariam, como no exemplo clássico da lei que passou a proibir a usura, consideran- do-a crime, subsistindo, porém, os efeitos pretéritos, isto é, que fluíram até a data da entrada em vigor da lei, mas que, a partir dela, como salienta Serpa Lopes, não podem mais ser exigidos. Portanto, nos atos ou negócios de execução conti- nuada, a proteção ao direito adquirido ou ao ato jurídico perfeito, que está estabelecido no plano constitucional, é limitada à data de entrada em vigor da lei de ordem pública, estancando os seus efeitos a partir de então. De fato, nenhum direito é absoluto. Todo direito deve ser protegido à vista de uma finalidade ética. Se um fato anteriormente lícito tornou-se ilícito em razão de uma nova lei, esta deve ser aplicada imediatamente sob pena de, sob o manto do direito adquirido ou ato jurídico per- feito, permitir-se que a ilicitude perdure no seio da socie- dade, contrariando os fins do Direito, que é combatê-la. Portanto, o direito adquirido e o ato jurídico perfeito não podem sobrepor-se à função do próprio Direito. A argumentação acima, a meu ver, resolve o proble- ma da aplicação imediata, que, no entanto, não se con- funde com a retroatividade, isto é, a aplicação da lei de ordem pública aos negócios jurídicos celebrados antes de sua vigência para considerá-los ineficazes desde a data da sua celebração. Em princípio, prevalece a Escala Ponteana, os planos de existência e validade regem-se pela lei vigente ao tempo de sua celebração, enquanto o plano da eficácia submete-se à lei de ordem pública vigente ao tempo dos efeitos. Dentro dessa visão, a lei de ordem pública super- veniente não poderia afetar a existência ou validade do negócio jurídico, mas apenas os seus efeitos. Imaginemos, porém, que o sujeito tenha adquirido uma fazenda num tempo em que o desmatamento era permitido e posteriormente leis ambientais proibissem ou limitassem esse seu direito. Ora, não há, nesse caso, que se falar em prevalência do direito adquirido, pois a pretensão, até então lícita, tornou-se ilícita, colidindo com os novos postulados do ordenamento jurídico, im- pondo-se, pois, a retroatividade da nova lei. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 D IR EI TO C IV IL Outro exemplo: João celebra com Pedro um contrato de venda de determinada mercadoria, para ser entregue em 30 (trinta) dias. Antes desse prazo, porém, surge uma lei proibindo a comercialização dessa mercadoria. A meu ver, o contrato, anteriormente válido, deve ser extinto, impondo-se a retroatividade da nova lei, inviabilizando- -se a entrega da mercadoria, sob pena de o ato jurídico perfeito funcionar como exceção à ilicitude, contrariando a função do próprio Direito. Nesse caso, a máxima res perit domino soluciona o problema, devendo a superveniência de lei de ordem pública ser equiparada a caso fortuito ou força maior, re- solvendo-se o negócio nos termos do art. 234 do CC. De fato, a ilicitude superveniente da prestação representa a destruição jurídica desta, equiparando-se ao perecimen- to material. Vê-se, assim, que o princípio da segurança jurídica não é absoluto. Ele sucumbe diante da superveniência de lei de ordem pública e, a meu ver, com maior razão, em virtude da Emenda Constitucional, pois a manuten- ção de privilégios, como certas aposentadorias conflitan- tes com os novos postulados do ordenamento jurídico, não devem persistir acobertadas pelo manto do direito adquirido, porque a par desse princípio, há, no Estado Democrático de Direito, outros mais importantes. Ineficácia Vimos que a lei só é revogada em razão da superve- niência de uma nova lei. Em certas hipóteses, porém, a lei perde a sua validade, deixando de ser aplicada ao caso concreto, não obstante conserve a sua vigência em razão da inexistência da lei superveniente revogadora. Assim, é possível a ineficácia de uma lei vigente, bem como a eficácia de uma lei revogada. Essa última hipó- tese ocorre quando a lei revogada é aplicada aos casos em que há direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Malgrado a sua vigência, a lei é ineficaz, isto é, inapli- cável nas seguintes hipóteses: a) caducidade: ocorre pela superveniência de uma si- tuação cronológica ou factual que torna a norma inválida, sem que ela precise ser revogada. Exem- plo: leis de vigência temporária. b) desuso: é a cessação do pressuposto de aplicação da norma. Exemplo: a lei que proíbe a caça da ba- leia deixará de ser aplicada se porventura desapa- recerem todas as baleias do planeta. c) costume negativo ou contra legem: é o que con- traria a lei. O costume não pode revogar a lei, por força do princípio da continuidade das leis. Toda- via, prevalece a opinião de que ele pode gerar a ineficácia da lei, desde que não se trate de lei de ordem pública. Como ensina Rubens Requião, ve- rificada que a intenção das partes foi a de adotar certos costumes, o julgador deve aplicá-lo, sobre- pondo-o à norma legal não imperativa. De acordo com Serpa Lopes, a realidade, através de um cos- tume reiterado, enraizado nos dados sociológicos, em harmonia com as necessidades econômicas e morais de um povo, é capaz de revogar a norma. Não se trata, data venia, de revogação, poisesta só é produzida pelo advento de uma nova lei; a hipó- tese é de ineficácia. Como exemplos de costumes contra legem, podemos citar: a emissão de cheque pré-datado; a expedição de triplicata pelo fato da duplicata não ter sido devolvida tornou-se praxe, embora a lei preveja para a hipótese o protesto por indicações, ao invés da triplicata; admissibilidade de prova testemunhal em contrato superior a dez salários mínimos, nos casos em que o costume dis- pensar a prova escrita exigida pela lei. d) decisão do STF declarando a lei inconstitucional em ação direta de inconstitucionalidade (controle por via de ação ou aberto). Cumpre observar que essa decisão judicial não revoga a lei, apenas retira a sua eficácia. e) resolução do Senado Federal cancelando a eficácia de lei declarada incidentalmente inconstitucional pelo STF (controle por via de exceção ou difuso). f) princípio da anterioridade da lei tributária, pois, uma vez publicada, sua eficácia permanece sus- pensa até o exercício financeiro seguinte. g) a lei que altera o processo eleitoral entra em vigor na data de sua publicação, mas não tem eficácia em relação à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. Em decorrência da publicação da lei federal nº 13.655, houve mudanças na Lei de Introdução às Normas do Di- reito Brasileiro, com aplicações nas decisões administra- tivas, controladoras e judiciais, ou seja, decisões dos Tri- bunais de Contas (TCU, TCE e TCM). Ela traz mais responsabilidades ao gestor, especial- mente a novel obrigação de fundamentar suas decisões, analisando as questões práticas e os resultados que ela produzirá no mundo jurídico. O artigo 20 exige da admi- nistração que em suas decisões, sejam consideradas as consequências práticas que redundará no mundo jurídi- co, afastando-se de decisões fundadas em direitos abs- tratos e que haja a explicitação da verdadeira motivação para os atos administrativos, despachos e decisões. Já o artigo seguinte referenda o texto já trazido nos antecedentes, ou seja, o legislador quer que o operador do direito haja com responsabilidade, principalmente valorizando o interesse público, que deve sobrepor aos demais. E dependendo da situação a sua fundamentação deverá dar alternativa para o caso em questão. Desta for- ma, ao obrigar o magistrado a indicar outra solução, que não seja a paralisação da obra, de modo a regularizar a situação e não gerar maiores prejuízos aos cidadãos, o legislador amplia os deveres desses. O artigo 22 se refere a obstáculos e dificuldades reais do gestor, reiterando que as decisões que anulam atos públicos, contratos, ajustes, processos ou normas admi- nistrativas, deverão de fundamentar nas consequências, levando em consideração as circunstâncias práticas que a suspensão daquele ato pode impor ao gestor ou ao administrado, que sofrerá ao dar cumprimento à decisão administrativa ou judicial. Ao afirmar que as sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato, o legislador user Realce user Realce user Realce user Realce 8 D IR EI TO C IV IL passa a tornar heterogênea as decisões das esferas pe- nal, civil e administrativa. Não pode um gestor ser absol- vido na ação penal e condenado na ação de improbida- de, sem que se considere a decisão da sentença que o absolveu. Os artigos 23 e o 24 exigem do juiz e do gestor, que estabeleçam parâmetros em suas decisões, fazendo revi- são do ato administrativo, do ato judicial, que não con- siderou fato novo, mesmo tendo sido este exibido no processo. O princípio da revisão já está entranhado nos princípios administrativos. O poder/dever de rever atos prejudiciais aos cidadãos e aos próprios interesses públi- cos, é inerente à responsabilidade do gestor. Já o artigo 26 regula a hipótese de assunção de com- promisso, entre o particular e a administração, creio que até entre o particular, jurisdicionado e o investigado, pro- cessado ou sentenciado, sempre visando o interesse pú- blico. O artigo seguinte fixa a possibilidade do gestor ou do juiz decidir impondo compensações à administração, em casos de erros formais, que não constituam infração graves e que possam ser reparados, quando se detec- ta que o administrado recebeu benefícios indevidos ou causou prejuízos à administração. O artigo 29 traz regramento sobre a soberania popu- lar, impondo regras a este princípio, há também outros princípios dentro da referida lei: princípio da motivação e da consequência do ato administrativo, princípio da fundamentação e da justificativa, princípio da obediên- cia aos obstáculos reais, princípio do respeito à transição, princípio da revisão, princípio da obediência aos com- promissos, princípio da compensação, princípio da vin- culação aos pareceres, princípio da soberania popular e o princípio da segurança jurídica. EXERCÍCIO COMENTADO 1. (STJ/2018 - Técnico Judiciário/Administrativa – CESPE). Julgue o item a seguir, à luz da Lei de Introdução ao Código Civil — Lei de Introdução às Normas do Direi- to Brasileiro. Se a lei não dispuser em sentido diverso, a sua vigência terá início noventa dias após a data de sua publicação. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Letra B. Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vi- gorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses de- pois de oficialmente publicada. § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4º As correções a texto de lei já em vigor conside- ram-se lei nova. PESSOAS NATURAIS ; CONCEITO ; INÍCIO DA PESSOA NATURAL ; PERSONALIDADE: CAPACIDADE ; DIREITOS DA PERSONALIDADE ; NOME CIVIL. ; ESTADO CIVIL ; DOMICÍLIO ; AUSÊNCIA. Conforme entendimento doutrinário personalida- de e capacidade jurídica transmite a ideia de personali- dade, que revela a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Segundo Maria Helena Diniz: a pessoa natural o sujei- to ‘das relações jurídicas e a personalidade, a possibilida- de de ser sujeito, toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem sua medida na capacidade, que é reconhecida, num sentido de universalidade, no art. 12 do Código Ci- vil, que, ao prescrever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega o termo “pessoa” na acepção de todo ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, cre- do ou raça. - Capacidade de direito e capacidade de exercício: À aptidão oriunda da personalidade para adquirir di- reitos e contrair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de gozo ou de direito. - Quando o Código enuncia, no seu art. 1º, que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem ci- vil, não dá a entender que possua concomitante- mente o gozo e o exercício desses direitos, pois nas disposições subsequentes faz referência àque- les que tendo o gozo dos direitos civis não podem exercê-los, por si, ante o fato de, em razão de me- noridade ou de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou de exercício. Para discorrer sobre este tema, iremos trazer o enten- dimento da professora Maria Helena Diniz: Começo da personalidade natural: Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e adquira personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por um segundo. - Direitos do nascituro: Conquanto comece do nascimento com vida a perso- nalidade civil do homem, a lei põe a salvo, desde a con- cepção, os direitos do nascituro (CC, ais. 22, 1.609, 1.779 e parágrafo único e 1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 124 a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à integridade física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal, a um curador que zele pelos seus interessesem caso de incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, arts. 1.798 e 1.800, § 3º), de ser contemplado por doação (CC, art. 542), de ser reconhecido como filho etc. Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intrau- terina, tem o nascituro, e na vida extrauterina, tem o embrião, personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos personalíssimos, ou melhor, aos da personalida- de, visto ter a pessoa carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in vitro (Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho da Europa), passando a ter a personalidade jurídica material, alcançando os direitos user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 D IR EI TO C IV IL patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, so- mente com o nascimento com vida (CC, art. 1.800, § 3º). Se nascer com vida, adquire personalidade jurídica mate- rial, mas, se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá. Momento da consideração jurídica do nascituro: Ante as novas técnicas de fertilização in vitro e do congelamento de embriões humanos, houve quem le- vantasse o problema relativo ao momento em que se deve considerar juridicamente o nascitum, entendendo- -se que a vida tem início, naturalmente, com a concepção no ventre materno. Assim sendo, na fecundação na pro- veta, embora seja a fecundação do óvulo, pelo esperma- tozoide, que inicia a vida, é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para alguns autores, o nascituro só será “pessoa” quando o ovo fecundado for implantado no útero materno, sob a condição do nascimento com vida. O embrião humano congelado não poderia ser tido como nascituro, apesar de dever ter proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética própria. Embora a vida se inicie com a fecundação, e a vida viável com a gravidez, que se dá com a nidação, entendemos que na verdade o início legal da consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do esperma- tozoide no óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n. 8.974/95, nos arts. 8, II, III e IV, e 13, veio a reforçar, em boa hora, essa ideia não só ao vedar: a) manipulação genética de células germinais humanas; b) intervenção em material genético humano in vivo, salvo para o tratamento de defeitos genéticos; c) produção, armazenamento ou manipulação de em- briões humanos destinados a servir como material biológico disponível, como também ao considerar tais atos como crimes, punindo-os severamente. Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria concepcionista, uma vez que o Código Civil resguarda desde a concepção os direitos do nascituro e além disso, no art. 1.597, presume concebido na constância do casa- mento o filho havido, a qualquer tempo, quando se tratar de embrião excedente, decorrente de concepção artificial heteróloga. #FicaDica Para ser considerado pessoa e adquirir a per- sonalidade jurídica basta ter vivido apenas um segundo! Em relação aos incapazes, são considerados absolu- tamente incapazes: - Menoridade de dezesseis anos: Os menores de de- zesseis anos são tidas como absolutamente inca- pazes para exercer atos na vida civil, porque de- vido à idade não atingiram o discernimento para distinguir o que podem ou não .fazer que lhes, é conveniente ou prejudicial Por isso para a validade dos seus atos, será preciso que estejam represen- tados por seu pai, por sua mãe, ou por tutor. Já em relação aos relativamente incapazes: - Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil desde que assistidos por quem o di- reito encarrega desse ofício, em razão de paren- tesco, de relação de ordem civil ou de designação judicial, sob pena de anulabilidade daquele ato (CC, art. 171), dependente da iniciativa do lesado, havendo até hipóteses em que tal ato poderá ser confirmado ou ratificado. Há atos que o relativa- mente incapaz pode praticar, livremente, sem au- torização. - Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos só poderão praticar atos válidos se assistidos pelo seu representante. Caso contrário, serão anuláveis. - Ébrios habituais ou viciados em tóxicos: Alcoólatras, dipsômanos e toxicômanos. Aqueles que, por cau- sa transitória ou permanente, não puderem expri- mir sua vontade: Abrangidos estão, aqui: os fracos de mente, surdos mudos e portadores de anomalia psíquica que apresentem sinais de desenvolvimen- to mental incompleto, comprovado e declarado em sentença de interdição, que os tornam incapa- zes de praticar atos na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, art. 1.767. IV). E portadores de deficiência mental, que sofram redução na sua ca- pacidade de entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de curador (CC, art. 1.767, III). Desde que interditos. - Pródigos: São considerados relativamente incapa- zes os pródigos, ou seja, aqueles que, comprovada, habitual e desordenadamente, dilapidam seu pa- trimônio, fazendo gastos excessivos. Com a inter- dição do pródigo, privado estará ele dos atos que possam comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de seu curador (CC, art. 1.767, V), alienar, emprestar, dar quitação, transigir, hipote- car, agir em juízo e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782). A capacidade dos indígenas será regulada por legis- lação especial. #FicaDica Absolutamente E Relativamente Incapaz Não É A Mesma Coisa! Quanto à maioridade, Maria Helena Diniz defende que a incapacidade cessará quando o menor completar dezoito anos, segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos a pessoa tornar-se-á maior, adquirindo a capacidade de fato, podendo, então, exercer pessoal- mente os atos da vida civil. - Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maioridade legal, tendo o menor atingido dezes- seis anos, poderá haver a outorga de capacidade civil por concessão dos pais, no exercício do po- der familiar, mediante escritura pública inscrita no Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 D IR EI TO C IV IL e 90; CC, art. 92, II), independentemente de ho- mologação judicial. Além dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á a emancipação por sentença judicial, se o menor com dezesseis anos estiver sob tutela e ouvido o tutor. - Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal decorre dos seguintes casos: a) casamento, pois não é plausível que fique sob a au- toridade de outrem quem tem condições de casar e constituir família; assim, mesmo que haja anula- ção do matrimônio, viuvez, separação judicial ou divórcio, o emancipado por esta forma não retoma à incapacidade; b) exercício de emprego público efetivo, por funcio- nário nomeado em caráter efetivo (não abrangen- do a função pública extranumerária ou em comis- são), com exceção de funcionário de autarquia ou entidade paraestatal, que não é alcançado pela emancipação. De acordo com o art. 6º a existência da pessoa natural termina com a morte podendo esta ser morte real ou presumida. - Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade jurídica da pessoa natural, que deixa de ser sujeito de direitos e deveres, acarretando: a) dissolução do vínculo conjugal e do regime matri- monial; b) extinção do poder familiar; dos contratos persona- líssimos, com prestação de serviço e mandato; c) cessação da obrigação, alimentos com o falecimen- to do credor; do pacto de preempção; da obriga- ção oriunda de ingratidão de donatário; á extinção de usufrutos; da doação na forma de subvenção periódica e do encargo da testamentaria. - Morte presumida: A morte presumida pela lei se dá ausência de uma pessoa nos casos dos arts 22 a 39 do Código Civil. Se uma pessoa desaparecer, sem dei- xar notícias,qualquer interessado na sua sucessão ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a declaração de sua ausência e a nomeação de curador. Se após um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se deixou algum representante. em se passando três anos, sem que dê sinal de vida, poderá ser requerida sua sucessão pro- visória (CC, art.. 26) e o início do processo de inventário e partilha de seus bens, ocasião em que a ausência do desaparecido passa a ser considerada presumida. Feita a partilha, seus herdeiros deverão administrar os bens, prestando caução real, garantindo a restituição no caso de o ausente aparecer. Após dez anos do trânsito em julgado da sentença da abertura da sucessão provisória (CC, art. 37), sem que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últimas notícias do desaparecido que conta com oitenta anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte presumida a requerimento de qualquer inte- ressado, convertendo-se a sucessão provisória em defini- tiva. Se o ausente retornar em até dez anos após a aber- tura da sucessão definitiva, terá os bens no estado em que se encontrarem e direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua venda. Porém, se regressar após esses dez anos, não terá direito a nada. Morte presumida sem decretação de ausência: Admite-se declaração judicial de morte presumida sem decretação de ausência em casos excepcionais, ape- nas depois de esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do óbito, e tais casos são: a) probabilidade da ocorrência da morte de quem se encontrava em perigo de vida e b) desaparecimento em campanha ou prisão de pes- soa, não sendo ela encontrada até dois anos após o término da guerra. A comoriência é a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. Embora o problema da comoriência, em regra, alcan- ce casos de morte conjunta, ocorrida no mesmo acon- tecimento, ela coloca-se, com igual relevância, no que concerne a efeitos dependentes de sobrevivência, na hi- pótese de pessoas falecidas em locais e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito próximas. - Efeito da morte simultânea no direito sucessório: A comoriência terá grande repercussão na transmis- são de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros uns dos outros, não há transferência de direi- tos; um não sucederá ao outro, sendo chamados à su- cessão os seus herdeiros ante a presunção juris tantum de que faleceram ao mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber quem faleceu primeiro, o magis- trado aplicará o art. 8º, caso em que, então, não haverá transmissão de direitos entre as pessoas que morreram na mesma ocasião. #FicaDica A comoriência é a morte de duas ou mais pes- soas na mesma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. De acordo com o art. 11, os direitos da personalida- de são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, salvo exceções previstas em lei. - Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de ameaça ou lesão a direito da personalidade: Os di- reitos da personalidade destinam-se a resguardar a dignidade humana, mediante sanções, que de- vem ser suscitadas pelo ofendido (lesado direto). Essa sanção deve ser feita por meio de medidas cautelares que suspendam os atos que ameacem ou desrespeitem a integridade físico-psíquica, in- telectual e moral, movendo-se, em seguida, uma ação que irá declarar ou negar a existência da le- são, que poderá ser cumulada com ação ordinária de perdas e danos a fim de ressarcir danos morais e patrimoniais. - Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses econômicos, o lesado indireto será aquele que so- fre um prejuízo em interesse patrimonial próprio, user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 D IR EI TO C IV IL resultante de dano causado a um bem jurídico alheio, podendo a vítima estar falecida ou decla- rada ausente. A indenização por morte de outrem é reclamada jure próprio, pois ainda que o dano, que recai sobre a mulher e os filhos menores do finado, seja resultante de homicídio ou acidente, quando eles agem contra o responsável, procedem em nome próprio, reclamando contra prejuízo que sofreram e não contra o que foi irrogado ao ma- rido e pai. Como o exemplo trazido pela autora Maria Helena Diniz: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada são lesados indiretos, pois obtinham da vítima do ho- micídio o necessário para sua subsistência. A privação de alimentos é uma consequência do dano. No caso do dano moral, pontifica Zannoni, os lesados indiretos se- riam aquelas pessoas que poderiam alegar um interes- se vinculado a bens jurídicos extrapatrimoniais próprios, que se satisfaziam mediante a incolumidade do bem jurídico moral da vítima direta do fato lesivo. Por ex.: o marido ou os pais poderiam pleitear indenização por in- júrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que estas afe- tariam também pessoalmente o esposo ou os pais, em razão da posição que eles ocupam dentro da unidade familiar. Haveria um dano próprio pela violação da honra da esposa ou dos filhos. Ter-se-á sempre uma presunção juris tantum de dano moral, em favor dos ascendentes, descendentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos, em caso de ofensa a pessoas da família mortas ou ausen- tes. Essas pessoas não precisariam provar o dano extra- patrimonial, ressalvando-se a terceiros o direito de elidir aquela presunção. O convivente, ou concubino, noivo, amigos, poderiam pleitear indenização por dano moral, mas terão maior ônus de prova, uma vez que deverão provar, convincentemente. o prejuízo e demonstrar que se ligavam à vítima por vínculos estreitos de amizade ou de insuspeita afeição. #FicaDica Art. 16 – Toda pessoa tem direito ao nome (prenome e sobrenome). O nome faz parte da personalidade, pois é o sinal pelo qual a pessoa é reconhecida e individualizada. - Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra, são os elementos constitutivos do nome: o pre- nome próprio da pessoa, que pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo; e o sobrenome, que é o sinal que identifi- ca a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, podendo advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos. A aquisição do sobrenome pode decorrer não só do nascimento, por ocasião de sua transcrição no Registro competente reconhecendo sua filiação, também da ado- ção, do casamento, da união estável, ou ato de interessa- do, mediante requerimento ao magistrado. A pessoa tem autorização de usar seu nome e de de- fendê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em pu- blicação ou representação, venha a expô-la ao desprezo público — mesmo que não haja intenção de difamar — por atingir sua boa reputação, moral e profissional, no seio da coletividade (honra objetiva). Em regra, a repara- ção por essa ofensa é pecuniária, mas há casos em que é possível a restauração in natura, publicando-se desa- gravo. É vedada a utilização de nome alheio em propaganda comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admi- tindo-se sua relativa disponibilidade mediante consenti- mento de seu titular, em prol de algum interesse social ou de promoção de venda de algum produto, mediante pagamento de remuneração convencionada. A imagem-retrato é a representação física da pessoa como um todo ou em partes separadas do corpo, desde que identificáveis, implicando o reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura, desenho, pin- tura. Intepretação dramática, cinematográfica, televisão, sites etc., que requer autorização do retratado. E a ima- gem-atributo é o conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa, reconhecidos socialmente. Abrange o direito: á própria imagem oua difusão da imagem, a imagem das coisas próprias e á imagem em coisas, palavras ou escritos ou em publicações; de obter imagem ou de consentir em sua captação por qualquer meio tecnológico. O direito à imagem é autônomo, não precisando es- tar em conjunto com a intimidade, a identidade, a honra etc. Embora possam estar em certos casos, tais bens a ele conexos, isso não faz com que sejam partes integrantes um do outro. - Direito de interpretação, direito à imagem e di- reito autoral: O direito de interpretação, ou seja, o do ator numa representação de certo personagem, pode estar conexo como direito à voz, à imagem e com o di- reito autoral. O autor de obra intelectual pode divulgá-la por apresentação pública, quando a obra é representada dramaticamente, executada, exibida, projetada em fita cinematográfica, transmitida por radiodifusão etc., e é neste terreno que se situa o contrato de representação e execução, de conteúdo complexo por se referir não só ao desempenho pessoal, mas também à atuação por meios mecânicos e eletrônicos dos diferentes gêneros de produção intelectual, suscetíveis de comunicação audio- visual. Na representação pública há imagens transmitidas para difundir obra literária, musical ou artística que de- verão ser tuteladas juridicamente, juntamente com os direitos do autor. Os direitos dos artistas, intérpretes e executantes são conexos aos dos escritores, pintores, compositores, escultores etc. Logo, podem eles impedir a utilização indevida de suas interpretações, bem como de sua imagem. - Proteção da imagem como direito autoral: A ima- gem é protegida pelo art. 52, XXVIII, a, da CF, como direito autoral, desde que ligada à criação intelec- tual de obra fotográfica, cinematográfica, publici- tária etc. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 D IR EI TO C IV IL - Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas limitações do direito à imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação, quando: a) se tratar de pessoa notória, pois isso não consti- tui permissão para devassar sua privacidade, pois sua vida íntima deve ser preservada. A pessoa que se toma de interesse público, pela fama ou signi- ficação intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu direito à imagem se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e apolítica. Isto é assim porque a di- fusão de sua imagem sem seu consenso deve estar relacionada com sua atividade ou com o direito à informação; b) se referir a exercício de cargo público, pois quem tiver função pública de destaque não poderá im- pedir que no exercício de sua atividade, seja filma- da ou fotografada, salvo na intimidade; c) se procurar atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia, desde que a pessoa não sofra dano à sua privacidade; d) se tiver de garantir a segurança pública nacional, em que prevalecer o interesse social sobre o parti- cular, requerendo a divulgação da imagem, p. ex., de um procurado pela policia ou a manipulação de arquivos fotográficos de departamentos poli- ciais para identificação de delinquente. Urge não olvidar que o civilmente identificado não possa ser submetido a identificação criminal, salva nos casos autorizados legalmente; e) se buscar atender ao interesse público, aos fins cul- turais, científicos e didáticos; f) se houver necessidade de resguardar a saúde públi- ca. Assim, portador de moléstia grave e contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obtiver imagem, em que a figura seja tão-so- mente parte do cenário (congresso, enchente, praia, tumulto, show, desfile, festa carnavalesca, restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o acontecimento e não a pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação compulsória ou impres- cindível a algum ato de direito público ou privado. - Reparação do dano à imagem: O lesado pode plei- tear a reparação pelo dano moral e patrimonial (Súmula 37 do STJ) provocado por violação à sua imagem-retrato ou imagem-atributo e pela divulgação não autorizada de escritos ou de declarações feitas. Se a vítima vier a falecer ou for declarada ausente, serão partes legítimas para requerer a tutela ao direito à imagem, na qualidade de lesados indiretos, seu cônjuge, ascendentes ou des- cendentes e também, no nosso entender, o convivente, visto ter interesse próprio, vinculado a dano patrimonial ou moral causado a bem jurídico alheio. Este parágrafo único do art. 20 seria supérfluo ante o disposto no art. 12, parágrafo único. O direito à privacidade da pessoa contém interesses jurídicos, por isso seu titular pode impedir ou fazer ces- sar invasão em sua esfera íntima, usando para sua defe- sa: mandado de injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, cautelares inominadas e ação de responsabilidade civil por dano moral e patrimonial. Verificado o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, sem dar qualquer notícia de seu paradei- ro e sem deixar procurador, ou representante, para ad- ministrar seus bens, o juiz a requerimento de qualquer interessado, seja ou não parente, bastando que tenha interesse pecuniário ou do Ministério Público, nomeará um curador para administrar seu patrimônio resguardan- do-o. Não havendo bens, não se terá nomeação de curador. Em caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente e não da pessoa do ausente. Há quem ache, acertada- mente, não se tratar de ausência o desaparecimento de alguém num acidente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. em que, pelos indícios, a sua morte parece óbvia, apesar de não ter sido encontrado seu cadáver já que não há incerteza de seu paradeiro. A nomeação de curador a bens de um ausente dar- -se-á mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a administrar seu patrimônio ou que não possa exercer ou continuar o mandato, seja por ter ocorrido o término da representação a termo, seja por sua renúncia, não aceitando a fortiori o mandato, seja por sua morte ou incapacidade. O mesmo se diga se os poderes outor- gados ao procurador forem insuficientes para a gestão dos bens do ausente. Com isso, o ausente ficará sem representante que ve- nha a gerir seu patrimônio, urgindo, pois, que se nomeie curador. O curador dos bens do ausente, uma vez nomeado, terá seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz de conformidade com as circunstancias do caso. Logo, o magistrado, conforme o caso, no ato da nomeação de- terminará pormenorizadamente as providências a serem tomadas e as atividades a serem realizadas, observando os dispositivos legais, sempre no que forem aplicáveis, reguladores da situação similar dos tutores e curadores, para que a atuação do curador dos bens do ausente seja realmente eficiente e responsável. A curadoria dos bens do ausente deverá ser deferida, se casado for, não estando separado judicialmente, ao seu cônjuge, para que seu patrimônio não se perca ou deteriore, assumindo sua administração. Ante o interesse na conservação dos bens do ausente, qualquer que seja o regime matrimonial de bens, seu curador legítimo será seu cônjuge. - Nomeação de curador dos bens do ausente na fal- ta do cônjuge: Se o ausente que deixou bens não tiver consorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do desaparecido como curador, e, na falta destes, os descendentes, desde que tenham idoneidade para exercer o cargo. - Ordem de nomeação entre os descendentes: Na curadoria dos bens do ausente cabível a descen- dente seguir-se-á o princípio de que os mais pró- ximos excluem os mais remotos. - Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão judicante: Na falta de cônjuge, ascendente ou des- cendente do ausente competirá ao juiz a escolha do curador, desde que idôneo a exercer o cargo. A curadoria dos bens do ausente perdura por um ano, durante o qual o juiz ordenará a publicação de editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer para retornar seus haveres.user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 D IR EI TO C IV IL - Abertura da sucessão provisória: Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente sem que se saiba do seu paradeiro, ou, se ele deixou algum representante, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se abra, provisoria- mente, a sucessão, cessando a curatela. A sucessão provisória poderá ser requerida por qual- quer interessado: a) cônjuge não separado judicialmente; b) herdeiros presumidos legítimos e testamentários; c) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente di- reito subordinado à condição de morte, ou seja, se houver fideicomisso; d) credores de obrigações vencidas e não pagas. - Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Pú- blico: Se, findo o prazo legal de um ano, não hou- ver interessado na sucessão provisória, ou se entre os herdeiros houver interdito ou menor, competirá ao Ministério Público requerer a abertura da suces- são provisória. - Efeitos da sentença declaratória da abertura da su- cessão provisória: A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória produzirá efeitos somente 180 dias depois de sua publicação pela imprensa. Assim que transitar em julgado, ter-se-á a abertura do testamento, se houver, e proceder- -se-á ao inventário e partilha dos bens como se fosse o ausente falecido. - Ausência de herdeiro: Se, dentro de trinta dias do trânsito em julgado da sentença que manda abrir a sucessão provisória, não aparecer nenhum interes- sado, ou herdeiro, que requeira o inventário, sendo a sucessão requerida pelo Ministério Público, a he- rança será considerada jacente. Para garantir ao ausente a devolução de seus bens, por ocasião de sua volta, o juiz, antes da partilha, deve- rá ordenar a conversão, por meio de hasta pública, dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos de dívida pública da União, adqui- ridos com o produto obtido. Os herdeiros que forem imitidos na posse dos bens do ausente deverão dar garantias de sua devolução me- diante penhor ou hipoteca proporcionais ao quinhão res- pectivo, exceto se ascendentes, descendentes ou cônju- ge, desde que comprovada a sua qualidade de herdeiros. - Falta de condição para prestar garantia: Se o herdei- ro que tiver direito à posse provisória não puder prestar as garantias exigidas no caput deste artigo, não poderá entrar na posse dos bens, que ficarão sob a administração de um curador, ou de outro herdeiro designado pelo magistrado, se prontifi- que a prestar a referida garantia. Os imóveis do ausente, não só os arrecadados, mas também os convertidos por venda dos móveis, não po- derão ser alienados, salvo em caso de desapropriação ou por ordem judicial para lhes evitar a ruína. Os sucessores provisórios, uma vez empossados nos bens, ficarão representando ativa e passivamente o au- sente; logo, contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro, após a abertura da sucessão provisória, àquele se moverem. Consequentemente, o curador dos bens do ausente não mais será o representante legal, pois, uma vez que os herdeiros, em caráter provisório, entraram na posse da herança, justificativa alguma há para que o curador con- tinue na representação daqueles bens, quer ativa, quer passivamente, ou seja, como réu ou como autor. Se o sucessor provisório do ausente for seu descen- dente, ascendente ou cônjuge, terá a propriedade de to- dos os frutos e rendimentos dos bens que a este coube- rem, podendo deles dispor como quiser. Se se tratar de outros sucessores que não aqueles acima enumerados, sendo. p. ex., parentes colaterais, deverão converter a metade desses rendimentos e frutos em imóveis ou títu- los de dívida pública, a fim de garantir sua ulterior e pos- sível restituição ao ausente. Tal capitalização deverá ser feita de acordo com o Ministério Público, que, além de determinar qual o melhor emprego da metade daqueles rendimentos, deverá fiscalizá-lo. Os sucessores provisórios deverão prestar contas, anualmente, ao juiz, do emprego da metade dos frutos e rendimentos. Se o ausente aparecer e ficar comprovado que sua ausência foi voluntária e injustificada ele perde- rá, em favor dos sucessores provisórios, a parte que lhe caberia nos frutos e rendimentos. O sucessor provisório que não pôde entrar na posse de seu quinhão, por não ter oferecido a garantia legal, poderá justificar-se provando a falta de recursos, reque- rendo judicialmente, que lhe seja entregue metade dos frutos e rendimentos produzidos pela parte que lhe ca- beria, e que foi retida, para poder fazer frente à sua sub- sistência. Retornando o ausente ou enviando notícias suas, ces- sarão para os sucessores provisórios todas as vantagens, ficando obrigados a tornar medidas assecuratórias até a devolução dos bens a seu dono, conservando-os e pre- servando-os sob pena de perdas e danos. Sucessores provisórios como herdeiros presuntivos: Os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, uma vez que administram patrimônio supostamente seu: o real proprietário é o ausente, cabendo-lhe, também a posse dos bens, bem como os seus frutos e rendimentos, ou seja, o produto da capitalização ordenada pelo art. 3º. O sucessor provisório, com o retorno do ausente, deverá prestar contas dos bens e de seus acrescidos, devolven- do-os , assim como, se for o caso, os sub-rogados, se não mais existirem. A sucessão definitiva poderá ser requerida dez anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu abertura de sucessão provisória. Efeitos da abertura da sucessão definitiva: Com a sucessão definitiva, os sucessores: a) passarão a ter a propriedade resolúvel dos bens recebidos; b) perceberão os frutos e rendimentos desses bens, podendo utilizá-los como quiser; c) poderão alienar onerosa ou gratuitamente tais bens, e d) poderão requerer o levantamento das cauções prestadas. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 D IR EI TO C IV IL Abertura de sucessão definitiva de ausente com oitenta anos: Se se provar que o ausente tem oitenta anos de nasci- do e que de cinco datam as últimas notícias suas; poder- -se-á ter a abertura da sucessão definitiva, consideran- do-se a média de vida da pessoa, mesmo que não tenha havido anteriormente sucessão provisória. - Regresso do ausente ou de seu herdeiro necessá- rio: Se o ausente, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, apenas pode- rá requerer ao magistrado a devolução dos bens existentes no estado em que se encontrarem os sub-rogados em seu lugar ou o preço os herdeiros ou interessados receberam pelos alienados depois daquele tempo, respeitando-se assim, os direitos de terceiro. - Declaração da vacância dos bens do ausente: Se, nos dez anos a que se refere o caput do artigo ora examinado, o ausente não retornar, e nenhum in- teressado requerer a sucessão definitiva os bens serão arrecadados como vagos, passando sua pro- priedade plena ao Município, ao Distrito Federal, se situados nas respectivas circunscrições, ou à União. #FicaDica Se, em 30 dias do trânsito em julgado da sentença que manda abrir a sucessão provisória, não aparecer nenhum interessado, ou herdeiro, a herança será considerada jacente. Conceito legal de domicilio civil da pessoa natural: Pelo art. 70 do Código Civil, o domicílio civil é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com animo de- finitivo tendo, portanto, por critério a residência. Nesta conceituação, legal há dois elementos: o objetivo, que é a fixação da pessoa em dado lugar, e o subjetivo, que é a intenção de ali permanecer com animo definitivo. Im- porta em fixação espacial permanente da pessoa natural. A nossa legislação
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