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Direito Constitucional - Nova Concursos - 2020pcdf

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ÍNDICE
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Princípios fundamentais. ....................................................................................01
Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de efi cácia plena, contida e limitada. Normas programáticas ......................02
Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos 
políticos, partidos políticos. ..............................................................................................................................................................................................06
Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e 
territórios. ..................................................................................................................................................................................................................................26
Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos .........................................................................................................................32
Poder executivo. Atribuições e responsabilidades do presidente da República ............................................................................................40
Poder legislativo. Estrutura. Funcionamento e atribuições. Processo legislativo. Fiscalização contábil, fi nanceira e orçamentária. 
Comissões parlamentares de inquérito. ........................................................................................................................................................................44
Poder judiciário. Disposições gerais. Órgãos do poder judiciário. Organização e competências, Conselho Nacional de Justiça. 
Composição e competências. ............................................................................................................................................................................................52
Funções essenciais à justiça. Ministério público, advocacia pública. Defensoria pública. .........................................................................65
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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
Princípios fundamentais:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis-
trito Federal, constitui-se em Estado democrático de 
direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô-
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú-
blica Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
mas de discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífi ca dos confl itos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
manidade; 
X - concessão de asilo político. 
manidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
cará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de 
uma comunidade latino-americana de nações.
O art. 1º da CF/88 tem diversos elementos que mere-
cem atenção face ao conteúdo de valores que carrega. 
Em primeiro, informa o artigo que a constituição rege 
as normas da república federativa do Brasil. O vocá-
bulo “república” informa que todo poder vem do povo 
e como tal deve ser respeitado. 
A democracia brasileira é chamada de democracia 
participativa, posto que o povo pode se manifestar di-
retamente (plebiscito, referendo, entre outros) ou, em 
determinadas situações, por seus representantes legal-
mente constituídos Exemplo: deputados, senadores, etc).
Também importante destacar que se trata de uma re-
pública “federativa”, ou seja, é uma república composta 
por estados federados (estados-membros) e municípios 
que não podem se dissolver por vontade de quem quer 
que seja.
Os fundamentos que regem a República são: sobera-
nia, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores so-
ciais do trabalho de da livre iniciativa, além do pluralismo 
político. A soberania tem duplo aspecto, tanto interno 
como externo. 
Do ponto de vista externo, a soberania informa aos 
demais países que dentro de nossos limites regem-se 
nossas próprias leis e que não serão aceitas interferências 
de outros; assim como do ponto de vista interno, têm-se a 
obrigatoriedade de obediências às nossas leis, por quem 
quer que seja, independente de serem brasileiros ou não.
A cidadania é a manifestação expressa de que todos 
aqueles que estiverem em solo brasileiro terão sua dig-
nidade respeitada, ainda que aos estrangeiros. Também 
defendemos os valores sociais do trabalho, já que acima 
de tudo tem sua função econômica, mas também social, 
permitindo ao indivíduo se inserir no contexto social.
O pluralismo político também merece atenção, uma 
vez que a República Federativa do Brasil não adotou uma 
única ideologia político-partidária.
O artigo 2º traz em seu bojo a teoria da separação de 
poderes. No Brasil, cada um dos três poderes constituídos 
atuará de forma livre, sem interferência dos demais, po-
rém, deverão agir harmonicamente entre si. 
Os objetivos da república encontram-se previstos no 
art. 3º e tem por escopo a orientação do legislador no 
tocante a suas ações que refl etem diretamente no povo. 
Podemos, por sinônimo, considerar que os objetivos são 
metas que nossa República deve alcançar. São eles:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação. 
Por fi m, no artigo 4º encontramos os princípios que 
orientam as relações internacionais entre o Brasil e os 
demais países. Vejamos:
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífi ca dos confl itos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Cabe também destacar que o parágrafo único do art. 
4º traz uma incumbência ainda maior para o Brasil no que 
tange as relações internacionais. O Brasil, também tem 
por princípio buscar a integração econômica, política, so-
cial e cultural dos povos da América Latina, visando à for-
mação de uma comunidade latino-americana de nações.
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Fundamentos: socidivaplu = soberania, 
cidadania, dignidade da pessoa humana, 
valores sociais do trabalho e livre iniciativa, 
pluralismo político.
EXERCÍCIOSCOMENTADOS
1. (Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: TCM-BA 
Prova: Auditor Estadual de Infraestrutura). O princí-
pio fundamental da Constituição que consiste em fun-
damento da República Federativa do Brasil, de efi cácia 
plena, e que não alcança seus entes internos é:
a) o pluralismo político.
b) a soberania.
c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa.
d) a prevalência dos direitos humanos. 
e) a dignidade da pessoa humana.
Resposta: Letra B
A soberania não se confunde com autonomia. A so-
berania revela que nosso Estado não se subordina a 
nenhum outro país e que, as leis aqui vigentes não 
podem sofrer interferência de outros países.
2. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: CGM de João 
Pessoa - PB Prova: Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2 
e 3. À luz do disposto na Constituição Federal de 1988 
(CF), julgue o item a seguir, acerca dos princípios consti-
tucionais e dos direitos fundamentais. Conforme a CF, o 
poder emana do povo e é exercido por meio de repre-
sentantes eleitos, não havendo previsão do exercício do 
poder diretamente pelo povo. 
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado
O Brasil adota a democracia participativa, ou seja, o 
povo participa diretamente dos rumos do Estado, as-
sim como o faz por seus representantes eleitos. A de-
mocracia participativa é exatamente a junção da pos-
sibilidade de manifestação das decisões pelo próprio 
povo como por seus representantes eleitos de forma 
direta.
APLICABILIDADE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS. NORMAS DE EFICÁCIA 
PLENA, CONTIDA E LIMITADA. NORMAS 
PROGRAMÁTICAS.
A disciplina de direito constitucional é talvez a mais 
importante de todo o ordenamento jurídico, em especial 
do brasileiro posto que todas as demais normas devem 
estar de acordo com a Constituição Federal. 
Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional 
é um dos ramos do Direito Público, a matriz que fun-
damenta e orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu 
com os ideais liberais atentando-se, a princípio, para a 
organização estrutural do Estado, o exercício e transmis-
são do poder e a enumeração de direitos e garantias fun-
damentais dos indivíduos. Atualmente, preocupa-se não 
somente com a limitação do poder estatal na esfera par-
ticular, mas também com a fi nalidade das ações estatais 
e a ordem social, democrática e política”.
A constituição, por sua vez, é o documento que alicer-
ça os fundamentos do Estado para a qual ela foi delinea-
da. Também é possível utilizar outros sinônimos como 
constituir, delimitar, organizar; enfi m, a Constituição tem 
essa fi nalidade: organizar e estruturar o Estado.
Portanto, podemos defi nir constituição como um 
conglomerado de normas de caráter fundamental e su-
premo, escritas ou alicerçadas nos costumes, responsá-
veis pela criação, estruturação e organização do Estado 
– uma espécie de estatuto do poder.
O estudo da disciplina de direito constitucional pode 
ser feito tomando por base três perspectivas: a primeira, 
direito constitucional geral, fi ca adstrita as normas ge-
rais para o direito constitucional; a segunda perspectiva, 
direito constitucional específi co, estuda o direito cons-
titucional específi co de um estado e, por fi m, a terceira 
perspectiva, direito constitucional comparado, analisa a 
infl uência das constituições de outros estados e sua par-
ticipação no tempo e espaço no decorrer da história.
FIQUE ATENTO!
Entendemos que o edital utilizou o termo 
“perspectiva” neste tópico de forma 
equivocada. Referido termo cabível apenas 
para justifi car as três formas de estudo do 
direito constitucional, conforme explicado 
acima. No entanto, a classifi cação sociológica, 
política ou jurídica referente a constituição 
– portanto, cabível no tópico a seguir e, 
tecnicamente, ao invés de perspectiva, mais 
apropriado seria a palavra “concepção”, ou seja, 
concepção sociológica, concepção fi losófi ca 
ou concepção jurídica.
Perspectiva sociológica
Ferdinand Lassale foi o idealizador desta teoria. Para 
ele “a constituição nada mais é do que a soma dos fato-
res reais de poder que regem a sociedade”, ou seja, para 
Lassale a constituição é o refl exo da sociedade.
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Perspectiva política
Esta concepção foi idealizada por Carl Schmitt que 
sintetizava a constituição como um documento que sin-
tetizava unicamente as decisões políticas do Estado. Para 
o Autor, necessário a constituição conter decisões polí-
ticas fundamentais, posto que do contrário estaríamos 
diante de um lei formal/comum qualquer.
Perspectiva Jurídica
Idealizada por Hans Kelsen, a constituição seria fruto 
da vontade racional de um povo e não a realidade social; 
é uma norma pura, positivada e suprema. Para Kelsen, a 
constituição seria o ápice da pirâmide, e todas as demais 
leis, devem estar em consonância com ela.
Fontes formais
O direito constitucional se instrui em diversas fontes. 
Podem ser consideradas fontes formais do direito cons-
titucional a própria Constituição do estado, as emendas 
constitucionais e os tratados internacionais de direitos 
humanos.
#FicaDica
Nossa constituição segue a perspectiva de 
hans kelsen, chamada de jurídica.
A Constituição sob o prisma sociológico está direta-
mente ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale. 
Segundo o autor a constituição seria o refl exo das re-
lações de poder vigentes em determinada comunidade 
política, ou seja, a constituição deveria exprimir as rela-
ções vigentes no estado e não se furtar de regras ultra-
passadas ou mesmo caídas no desuso, posto que se as-
sim fosse, não passaria de um simples pedaço de papel.
Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a 
constituição deve ser o produto de uma decisão da von-
tade que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma 
decisão fundamental oriunda de poder originário, apto a 
criar aquele texto.
Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica, 
a constituição é a lei maior, nada acima dela; todas as 
demais leis devem obediência obrigatória ao texto cons-
titucional. Trata-se da chamada Teoria Pura do Direito, 
por onde Kelsen coloca a Constituição no topo de uma 
pirâmide, e na sequência as demais normas possíveis.
As constituições podem ser classifi cadas por diversos 
ângulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser 
classifi cada como material ou formal. Será considerada 
formal, nas palavras de Nathália Masson, “assuntos im-
prescindíveis à organização política do Estado. Em outros 
termos, são constitucionais os preceitos que compõe o 
documento constitucional, ainda que o conteúdo de al-
guns desses preceitos não possa ser considerado mate-
rialmente constitucional”. Nas constituições classifi cadas 
como materiais, considera-se constitucional toda norma 
de cunho constitucional ainda que não esteja inserida na 
constituição.
#FicaDica
Material: não importa se a norma está inserida 
no texto da constituição. Será considerada 
constitucional se o seu conteudo for de 
natureza constitucional. Formal: para ser 
considerada constitucional deverá a norma 
compor o texto da constituição.
Também é possível classifi car uma constituição quan-
to a sua fi nalidade. Poderá ser classifi cada como cons-
tituição garantia que tem por característica a restrição 
do poder estatal, ou seja, núcleos de direitos que não 
poderão sofre interferência do Estado. Uma constituição 
com essa característica é aquela que se preocupa com a 
manutenção de direitos já conquistados, ou seja, prote-
ge-se aquilo que se conquistou impedindo a ingerência 
do Estado. Ainda quanto a fi nalidade, poderá uma cons-
tituição ser chamada de constituição dirigente que, ao 
contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro para 
a conquista de direitos. Na realidade essas constituições 
estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.
#FicaDica
A constituição federal de 1988, em vigência, é 
classifi cada quantoao conteúdo como formal 
e quanto a fi nalidade como dirigente.
Normas Constitucionais
Classifi cação quanto a aplicabilidade
- Normas de efi cácia plena: tem aplicabilidade ime-
diata. Desde sua entrada em vigor já começa a produzir 
efeitos. Não precisa de outra norma para regulamenta-la. 
Poderá até tê-la, mas desnecessária do ponto de vista de 
sua aplicabilidade.
- Normas de efi cácia contida: possuem aplicabilidade 
imediata, direta, mas não integral, posto que sujeito a 
restrições que limitem sua efi cácia e aplicabilidade. Se-
gundo José Afonso da Silva, Para José Afonso da Silva, “as 
normas de efi cácia contida são as que possuem atributos 
imperativos, positivos ou negativos que limitam o Poder 
Público. Geralmente estabelecem direitos subjetivos de 
indivíduos e entidades privadas ou públicas”.
- Normas de efi cácia limitada: são normas constitu-
cionais que dependem de uma norma, infraconstitucio-
nal, para que dê aplicabilidade a norma.
Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder constituin-
te é a força política que se funda em si mesma, a expressão 
sublime da vontade de um povo em estabelecer e disci-
plinar as bases organizacionais da comunidade política”.
O poder constituinte é, portanto, aquele poder res-
ponsável por dar origem ao regramento do Estado. É 
graças a esse poder que serão defi nidas a estrutura de 
jurídicas e políticas do novo ordenamento que está sur-
gindo. Esse poder normalmente nasce junto com o pró-
prio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as 
regras que regerão aquela nova unidade.
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O poder constituinte é aquele que também cria os 
demais poderes, que apresenta o regramento, seus li-
mites e suas atribuições. Tem enorme importância no 
processo de formação do novo estado, pois, graças a ele 
será possível dar vida ao novo ordenamento.
Existem duas correntes que defi nem a natureza do 
poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e 
corrente juspositivista. A primeira, considerada que o po-
der constituinte é uma espécie de poder de direito, pois 
para autores como Sieyés o direito natural precede ao 
novo Estado em surgimento, uma espécie de poder de 
direito nascido antes do Estado com a tarefa de organizar 
essa nova sociedade. A segunda corrente defende que 
não há como existir regramentos (direitos) precedentes 
ao Estado, posto que estes surgem a partir do momento 
que o povo decide se organizar em sociedade; estar-se-
-ia, portanto, diante de um poder de fato, um poder po-
lítico fruto das forças sociais que o criam.
#FicaDica
Jusnaturalista – poder de fato: o poder 
constituinte é anterior ao estado. Tem natureza 
jurídica, por isso apto a organizar uma 
constituição.
Juspositivista – poder de direito: é um poder 
político, fruto da vontade do povo que legitima 
a construção de um novo documento formal.
- Classifi cação
1. Quanto ao momento de manifestação (surgimento):
- Fundacional: é o poder que produz a primeira cons-
tituição do Estado.
- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vi-
gente, necessário elaborar novo texto.
2. Quanto às dimensões
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados 
pela constituição.
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a 
ideia de direito convencionada.
- Características
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada 
antes dele. O poder constituinte elabora um documento 
que inaugura um novo Estado.
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro re-
gramento.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a 
condições previamente estipuladas.
- Autônomo: possibilidade do poder defi nir o conteú-
do da nova constituição.
- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vi-
gente, apto a elaborar nova constituição.
- Poderes Constituídos
Os poderes constituídos são aqueles criados pelo po-
der constituinte originário. Os poderes constituídos são, 
portanto, derivados do poder constituinte originário e 
podem ser divididos nas seguintes espécies:
- Poder Constituído Derivado reformador: tem por 
escopo alterar a constituição de modo a adequá-la as 
transformações decorrentes de novas dinâmicas sociais. 
No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Cons-
titucionais.
O poder derivado reformador tem enorme importân-
cia para o direito constitucional, posto que é por ele que 
a Constituição se adequa as transformações proporcio-
nadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de 
um novo texto constitucional sempre que for necessária 
sua adequação aos novos contornos da sociedade, utili-
za-se do poder reformador.
Vale ressaltar que nossa CF/88 é classifi cada como 
uma constituição rígida, não podendo ser mudada a 
qualquer tempo e por qualquer modo. Apesar da pos-
sibilidade de sua modifi cação, para que isso ocorra ne-
cessário respeitar um procedimento rigoroso, também 
previsto pela própria Constituição.
Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legis-
lador é a percepção correto daquilo que de fato precisa 
ser mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado. 
Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto 
constitucional já que intenções controvertidas podem 
prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a pró-
pria CF/88 trouxe em seu texto alguns limites à possibi-
lidade de reforma; essas limitações se dividem em implí-
citas e expressas. As expressas, por sua vez, podem ser 
divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e for-
mais. Iniciaremos com o estudo das limitações expressas.
Limitações expressas
A - Temporais: referidas limitações não constam no 
texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legisla-
ção qualquer restrição temporal para sua mudança. Salvo 
nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer 
mudanças a qualquer tempo.
B – Materiais: como o próprio nome já explica, são 
matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer alte-
ração, não podem ser reformadas. Segundo o art. 60 §4º 
(cláusulas pétreas), não poderá ser objeto de deliberação 
a proposta de emenda constitucional tendente a abolir a:
- forma federativa de Estado, 
- o voto direto, secreto, universal e periódico, 
- a separação dos Poderes e 
- os direitos e as garantias individuais.
C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou 
seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 não po-
derá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º, a CF/88 não 
poderá ser alterada na vigência do estado de sítio, do 
estado de defesa e da intervenção federal. Importante 
lembrar que essas 03 situações trazidas pelo artigo da 
Constituição são momentos de crise no país e, por conta 
disso, a impossibilidade de reforma do texto.
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma 
constituição considerada rígida, qualquer mudança em 
seu texto deverá passar por rigoroso procedimento. Em 
primeiro, não é qualquer “pessoa” que pode requerer 
a mudança do texto constitucional; em segundo, essa 
mudança deve obedecer a um procedimento específi co, 
também rigoroso e complexo para evitar que a constitui-
ção seja alterada a qualquer momento.
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- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a 
proporem projetos de emenda à constituição (art. 60)
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara 
dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas 
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma 
delas, pela maioria relativa de seus membros.
- Limitação formal objetiva: procedimentoque deve 
ser adotado para alteração do texto constitucional (art. 
60 §2º). A proposta será:
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, 
II - em dois turnos, 
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 
três quintos dos votos dos respectivos membros.
Portanto, a proposta de emenda constitucional de-
verá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso 
Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá 
ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da res-
pectiva casa.
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados te-
mos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 
Senadores, para aprovação de uma emenda, necessário 
a anuência de 308 deputados e 49 Senadores. 
Por fi m, importante lembrar que essa votação de-
verá ser realizada duas vezes e, nestas duas situações 
deverá alcançar o mesmo número de votantes.
#FicaDica
Limites a possibilidade de reforma do texto 
constitucional:
- matérias, circunstâncias e procedimentos.
Limitações Implícitas
São aquelas limitações que não se encontram grafa-
das no texto da constituição, mas que orientam a refor-
ma constitucional, como por exemplo:
- Impossibilidade de mudança do art. 60.
- Poder reformador não pode mudar a titularidade.
- Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Re-
pública, insculpidos no art. 1º.
- Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder 
recebido pelos estados-membros do poder constituinte 
originário para que estes possam elaborar sua própria 
constituição. No Brasil, referida possibilidade vem ex-
pressa no art. 25 da CF/88.
Limites ao Poder Decorrente
Não obstante, pelo princípio da simetria, terem rece-
bido do poder constituinte originário a possibilidade de 
criarem suas próprias constituições, os estados-mem-
bros encontram algumas limitações ao exercício desta 
liberalidade. A justifi cativa reside no fato de que, sendo 
a constituição federal a lei maior, nada poderá dela des-
toar.
Assim, apesar da permissão constitucional de elabo-
rarem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os 
estados-membros devem guardar observância a algu-
mas restrições impostas pela lei maior. As limitações são 
as seguintes:
1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os funda-
mentos da organização constitucional do país. No caso, 
estão dispostos no art. 34 VII da CF/88. Ao elaborarem 
suas próprias constituições os estados-membros devem 
observar:
- forma republicana,
- sistema representativo e ao regime democrático,
- direitos da pessoa humana,
- autonomia municipal,
- prestação de contas da administração pública, dire-
ta e indireta, 
- aplicação do mínimo exigido da receita resultante 
de impostos estaduais na manutenção e desenvolvimen-
to do ensino e nos serviços públicos de saúde.
#FicaDica
A não observância dos princípios 
constitucionais sensíveis ensejam a 
possibilidade de intervenção federal pelo 
Presidente da República, nos termos do art. 36 
III da CF/88.
 2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se 
de normas de organização da federação extensíveis aos 
estados-membros, Distrito Federal e municípios. Estas 
normas podem estar explícitas ou implícitas no texto da 
Constituição. Exemplifi cando:
Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previs-
to para a eleição do chefe do executivo federal (Presiden-
te da República) deve ser o mesmo para eleição do chefe 
do executivo estadual. Em outras palavras, no que tange 
ao sistema eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas 
devem ser aplicadas aos demais entes da federação.
Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão par-
lamentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no 
art. 58 §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso fo-
ram defi nidas por leis infraconstitucionais. Deste modo, 
referidas regras se estendem aos demais entes.
#FicaDica
São chamados de princípios extensíveis, pois 
devem ser observados pelos demais entes da 
federação, independente de estarem explícitos 
ou implícitos na Lei Maior.
- Normas programáticas
As normas programáticas são aqueles que defi nem 
um planejamento futuro, ou seja, são normas que tra-
çam planos para o futuro com o objetivo de disciplinar a 
postura da administração pública com relação a projetos 
que ofertem benefícios, melhorias para o cidadão. Como 
exemplo, podemos citar o art. 3º, a saber:
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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú-
blica Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
mas de discriminação.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS 
Prova: Auditor do Estado - Bloco II. 
No título referente à Ordem Social, o constituinte 
dispôs o seguinte: “o Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científi co, a pesquisa, a capacitação 
científi ca e tecnológica e a inovação”. Considerando-se a 
classifi cação das normas constitucionais quanto a sua efi -
cácia, é correto afi rmar que tal dispositivo é uma norma:
a) de efi cácia plena.
b) de efi cácia contida.
c) exaurida.
d) autoexecutável.
e) programática.
Resposta: Alternativa: E
As normas podem ser classifi cadas como normas de 
efi cácia plena, contida e limitada. Analisando as al-
ternativas, o candidato pode ser induzido a erro no 
que tange a ausência da modalidade “limitada”. Estão 
presentes alternativas contendo o termo “contida” e 
“plena” e não as “limitadas”. As normas constitucionais 
limitadas também recebem o nome de normas cons-
titucionais programáticas que se voltas as propostas, 
as promessas do Estado, diretrizes que por este devem 
ser alçadas.
2. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro-
va: Escrivão de Polícia. 
O art. 5.° , inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) 
assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profi ssão, atendidas as qualifi cações profi ssionais que 
a lei estabelecer. Com base nisso, o Estatuto da Ordem 
dos Advogados do Brasil estabelece que, para exercer a 
advocacia, é necessária a aprovação no exame de ordem. 
A norma constitucional mencionada, portanto, é de efi -
cácia:
a) contida. 
b) programática.
c) plena.
d) limitada. 
e) diferida.
Resposta: Alternativa: A.
É considerada norma de efi cácia contida pelo fato 
de que, apesar de ter aplicabilidade imediata, quis 
o legislador originário vincular essa aplicabilidade a 
um encargo futuro; no caso, regulamenta por lei in-
fraconstitucional. É o que depreende ao analisar no 
enunciado a expressão “[...] qualifi cações profi ssionais 
que a lei estabelecer [...]”
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS 
DE NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS, 
PARTIDOS POLÍTICOS.
Antes de ingressarmos no estudo da temática pro-
posta pelo edital, importante justifi car o motivo pelo 
qual os tópicos foram unifi cados. Cumpre destacar que 
a Constituição Federal trata os direitos individuais e co-
letivos dentro do capítulo I do Título II chamado de “Dos 
Direitos e garantias fundamentais”. Portanto, didatica-
mente se torna indispensável a unifi cação de tais temas.
#FicaDica
O presente estudo tem por fi nalidade a 
análise pormenorizada de todos os incisos 
previstos no art. 5º da Constituição Federal; 
referido artigo elenca os direitos e os deveres 
individuais e coletivos, assegurando-os a 
todos que estejam em território nacional, 
seja brasileiro nato, naturalizado ou mesmo 
estrangeiro por motivos diversos. Cada inciso 
receberá o comentário pertinente.
Título II
Dos direitos e garantias fundamentais
Capítulo IDos direitos e deveres individuais e coletivos
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
ções, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
dado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos 
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção fi losófi ca ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
nativa, fi xada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
tica, científi ca e de comunicação, independentemente 
de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
denização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
dor, salvo em caso de fl agrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-
ção judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
municações telegráfi cas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fi ns 
de investigação criminal ou instrução processual penal; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profi ssão, atendidas as qualifi cações profi ssionais que 
a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profi ssional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tem-
po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, 
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacifi camente, sem ar-
mas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fi ns líci-
tos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo veda-
da a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
fi liados judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Cons-
tituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autori-
dade competente poderá usar de propriedade particu-
lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se 
houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi nida 
em lei, desde que trabalhada pela família, não será 
objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre 
os meios de fi nanciar o seu desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi xar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fi scalização do aproveitamento econô-
mico das obras que criarem ou de que participarem 
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
sentações sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
triais privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à propriedade 
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
volvimento tecnológico e econômico do País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no 
País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos fi lhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
cos informações de seu interesse particular, ou de in-
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa 
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações 
de interesse pessoal; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
ciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
sos contra a vida; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi na, 
nem pena sem prévia cominação legal; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafi ançável 
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos 
da lei; 
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XLIII - a lei considerará crimes inafi ançáveis e insusce-
tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfi co 
ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, o terrorismo e 
os defi nidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafi ançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
tará, entre outras, asseguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade 
e o sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
de física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus fi lhos durante o pe-
ríodo de amamentação; 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes 
da naturalização, ou de comprovado envolvimento 
em tráfi co ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, na 
forma da lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por 
crime político ou de opinião; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra-
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identifi cado não será submetido 
a identifi cação criminal, salvo nas hipóteses previstas 
em lei; 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
resse social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em fl agrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
litar ou crime propriamente militar, defi nidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os 
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada 
a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identifi cação dos respon-
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada 
pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido 
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou 
sem fi ança; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário 
infi el; 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
lidade ou abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por 
habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do poder público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
ção legalmente constituída e em funcionamento há 
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados; 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável 
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e 
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
nia e à cidadania; 
LXXII - conceder-se-á habeas data :
a) para assegurar o conhecimento de informações re-
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros 
ou bancos de dados de entidades governamentais ou 
de caráter público; 
b) para a retifi cação de dados, quando não se prefi ra 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
tivo; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor 
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
nio público ou de entidade de que o Estado participe, 
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, fi cando o autor, sal-
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do 
ônus da sucumbência; 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral 
e gratuita aos que comprovarem insufi ciência de re-
cursos; 
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LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
diciário, assim como o que fi car preso além do tempo 
fi xado na sentença; 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
bres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e 
habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania. 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
§ 1º As normas defi nidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
cionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lentes às emendas constitucionais. 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal 
Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
são.
Histórico 
- Direitos Fundamentais 
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não 
são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém de-
vem constar obrigatoriamente em textos constitucionais 
considerados democráticos; constando referidos direitos 
podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos 
pilares da democracia.
Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianis-
mo, uma vez que segundo essa religião o homem era 
feito a imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, ga-
nhou uma proteção especial no texto da Constituição. 
Importante lembrar que falar em dignidade humana é fa-
lar em garantir o direito do indivíduo ter direitos – iguais 
entre seres humanos.
Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights, 
Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais docu-
mentos trataram de positivar direitos que naturalmente 
são inerentes ao homem. 
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois 
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo 
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus ci-
dadãos. É a demonstração clara do pacto social fi rmado 
entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de 
suas liberdades, entregando-as ao Estado de modo que 
este, em contrapartida, devolva algo que seja positivo – 
como, por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade 
previstas na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) 
entregando essa função ao Estado para que este exerça a 
tutela da segurança do indivíduo.
Geração de Direitos Fundamentais 
- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção 
dos governantes se obrigando a não intervir na vida pes-
soal de cada indivíduo. Indispensável a todos os homens. 
Como por exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em si-
tuações específi cas, o Estado não privará o indivíduo de 
seguir sua vida.
Característica: universal; não ocasiona desigualdade 
social. Ex: liberdade, 
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do 
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direitos 
queo conduzem a exercer a liberdade, seguir sua vida, 
com dignidade. São os valores sociais variados, impor-
tando intervenção ativa do Estado na vida econômica 
com o viés de proporcionar justiça social. 
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: 
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São 
chamados de direitos sociais não por serem direitos da 
coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os 
titulares são os próprios indivíduos singularizados, ape-
sar dos mesmos poderem se voltar a coletividade. 
- 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difu-
sa. Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos, 
não mais individualmente. 
Característica: proteção do homem em grupos. Ex: di-
reito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz. 
Conclusão 
A visão dos direitos fundamentais em termos de ge-
rações indica a evolução desses direitos no tempo. Cada 
direito de cada geração interage com os das outras e, 
nesse processo, dá-se à compreensão. 
Características dos direitos fundamentais 
- Universais e absolutos 
A questão da universalidade: direito previsto para 
todo homem, ainda que nem todo homem o exerça. 
Absoluto: os direitos fundamentais não são abso-
lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre 
qualquer outro direito. 
- Historicidade 
Os direitos fundamentais são um conjunto de facul-
dades e instituições que somente faz sentido num deter-
minado contexto histórico. A história permite entender a 
existência de cada um dos direitos. 
A história explica que os direitos possam ser apre-
goados em certa época, desaparecendo em outras, ou 
se modifi cam no tempo. Verifi ca-se, portanto, a evolução 
dos direitos fundamentais. 
- Inalienabilidade e Indisponibilidade 
Inalienável: o titular do direito não pode impossibili-
tar o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no 
valor da dignidade humana. A indisponibilidade gera nu-
lidade de qualquer disposição contratual feita. 
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Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifes-
tação religiosa em templo religioso diverso do seu. 
- Direitos humanos são direitos postulados em bases 
jusnaturalistas, contam índole fi losófi ca e não possuem 
como característica básica a positivação numa ordem ju-
rídica particular. 
- Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela-
cionados com posições básicas das pessoas, inscritos em 
diplomas normativos de cada Estado. São direitos que 
vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, ga-
rantidos e limitados no espaço e no tempo. 
- Vinculação dos Poderes Públicos 
O fato de os direitos fundamentais estarem previs-
tos na Constituição torna-os parâmetros de organização 
e de limitação dos poderes constituídos. A constitucio-
nalização dos direitos fundamentais impede que sejam 
considerados meras autolimitações dos poderes consti-
tuídos - dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário 
-, passíveis de serem alteradas ou suprimidas ao talante 
destes. 
- Aplicabilidade imediata 
As normas que defi nem direitos fundamentais são 
normas de caráter preceptivo, e não meramente progra-
mático. Explicita-se, além disso, que os direitos funda-
mentais se fundam na Constituição, e não na lei - com 
o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se no 
âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário. 
A Constituição brasileira de 1988 fi liou-se a essa ten-
dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que 
se diz que “as normas defi nidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere 
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo 
apenas aos direitos individuais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes 
artigos do texto constitucional, para não dizer o princi-
pal artigo da constituição federal. Esse artigo nos elenca 
cinco grupos de direitos que são amplamente protegidos 
pela nossa lei maior. A saber:
- Direito à vida (integridade física e moral), - direito à 
liberdade (manutenção de qualquer forma de manifesta-
ção do indivíduo), - direito à igualdade (o tratamento da 
lei é conferido igualmente para todos), - direito à segu-
rança (direito de todos – necessidade de leis que defi nam 
crimes e sanções) e – direito à propriedade (propriedade 
particular, privada, desde que atendida sua função so-
cial).
O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de 
promover qualquer ato que ofenda a integridade física 
ou moral do indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura 
ou qualquer exposição vexatória. Também não permite 
que a vida chegue ao fi m se não pelas causas naturais – 
caso venha ocorrer, o Estado oferece sanções àquele que 
promoveu o encurtamento da vida humana.
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo 
aquilo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os 
rumos de sua própria vida. Por esta razão sua liberdade 
de locomoção é amplamente protegida; dentro do con-
ceito de liberdade se enquadra o direito a manifestação 
de toda espécie: religiosa, de pensamento, de associa-
ção, ou seja, a todos é conferido o direito de expor seus 
pensamentos e suas escolhas. Neste ponto é importante 
demonstrar que essa liberdade de expressão não pode 
ocasionar danos a outrem de modo que se assim o fi zer, 
estará praticando ato contra terceiros e por isso poderá 
ser responsabilizado.
A igualdade também é dos pilares dos direitos fun-
damentais. Por conta desse princípio a lei deve conferir 
tratamento igualitário para todos; assim, não se permite 
qualquer espécie de distinção da lei, além de vedar toda 
espécie de discriminação.
A segurança é outro importante direito fundamental, 
pois compreende não apenas aquela que visa a proteção 
patrimonial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas 
também a segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão 
deve ter conhecimento das leis que regem o país para 
que não “sejam mais pegos de surpresa”. 
Por fi m, o direito à propriedade abarca o último grupo 
dos direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo cida-
dão o direito à propriedade privada, particular. Porém, 
importante que aquele que detenha a propriedade se 
atente para a função social que a mesmo carrega.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obri-
gações, nos termos desta Constituição; 
Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia, 
que é exatamente o tratamento igualitário, para todos, 
vedada qualquer forma de discriminação – modalidade 
de preceito universal. Segundo a Declaração Universal 
dos direitos do homem, “todos os seres humanos nas-
cem livres e iguais em dignidade e direitos.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limi-
ta toda forma de arbitrariedade; evidente que o convívio 
em sociedade pressupõe o aceite de determinadas re-
gras de convívio. Porém, tais regras derivam de autori-
dade com competência para tanto que agem de maneira 
impessoal e geral.
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante; 
Entende-se por tortura qualquer forma de castigo 
corpóreo agressivo, violento, que utilize de qualquer ins-
trumento mecânico ou psicológico levando aquele que 
está sendo torturado praticar ato que não o faria se esti-
vesse em condições normais. A tortura é crime inafi ançá-
vel e insuscetível de fi ança. 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
dado o anonimato; 
É a liberdade conferida ao indivíduo para que o mes-
mo possa expressar de qualquer forma o que pensa a 
respeito de religião, política,ciência ou qualquer outro 
instituto. Importante lembrar que essa liberdade de ma-
nifestação está condicionada ao não anonimato; deste 
modo, todos podem se manifestar sendo porém vedada 
a manifestação anônima.
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Também importante lembrar que a liberdade de ma-
nifestação protegida pela CF/88 não protege a prática de 
crimes sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifesta-
ção ofensiva a terceiros que fi ra sua honra, imagem ou 
integridade poderá ser punida pela lei. 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, moral 
ou à imagem; 
A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional 
ao agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem 
tem assegurado para si o direito a indenização por dano 
material ou moral. O prejuízo a que se refere o inciso V 
pode patrimonial ou não. Prejuízo de ordem não patri-
monial é aquele causado por pessoa (física ou jurídica) 
que ofenda liberdade, honra, família ou profi ssão de de-
terminado indivíduo.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de in-
ternação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção fi losófi ca ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
tiva, fi xada em lei; 
Assegurada a plena liberdade de consciência, ofer-
tando a lei de proteção aos locais de culto e suas litur-
gias. Esse inciso compreende três formas de liberdade: 
crença, culto e organização religiosa. A possibilidade de 
escolher qual religião seguir, ou mesmo não seguir ne-
nhuma religião está amparada pela liberdade de crença. 
Porém, importante destacar que a liberdade de escolher 
sua própria religião não pode servir de amparo ao emba-
raçamento daquele que pretende praticar outra religião.
A assistência religiosa é assegurada a quem dela 
queira fazer uso; logo, não será ofertada assistência reli-
giosa sem a anuência do interessado.
Por fi m, sob o tópico “religião”, importante fazer 
menção ao direito de professar ou não qualquer religião 
inclusive exercer suas práticas, com cultos. Importante 
lembrar que a prática religiosa amparada pela CF/88 não 
pode se confundir com aquelas práticas consideradas ile-
gais para o direito brasileiro, como por exemplo aquelas 
que leva a necessidade de sacrifício humano. Neste caso, 
sendo considerado crime o encurtamento da vida, não 
será amparado o sacrifício pela liberdade religiosa.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
tica, científi ca e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença; 
Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liber-
dade de expressão é importante destacar alguns institu-
tos legislativos que conferem regulamentação ao tema, 
como por exemplo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei 
de Direitos autorais (Lei 9.610/98) entre outras.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde-
nização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de fl agrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju-
dicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráfi cas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fi ns de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao 
público, que merece ser preservado. Sempre que violada 
a honra, a imagem, a vida privada, sem consentimento do 
indivíduo, a este caberá indenização pelo dano material 
ou moral pelo ato cometido. No que tange ao domicílio, 
este poderá ser violado a qualquer horário sempre que 
caso de fl agrante delito ou desastre, ou ainda no caso de 
determinação judicial, neste último caso apenas durante 
o dia (06h00 as 18h00).
Das formas de comunicação, sejam elas por corres-
pondência, comunicação telegráfi ca ou telefônica, so-
mente a última, por determinação judicial, poderá ser 
parcialmente quebrada, com prazo de duração.
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profi ssão, atendidas as qualifi cações profi ssionais que a 
lei estabelecer; 
Toda atividade profi ssional exercida espontaneamen-
te pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aque-
las não classifi cadas para efeito de registro em carteira de 
trabalho. Assim, em se tratando de atividade lícita poderá 
o indivíduo exercê-la livremente.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação 
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profi ssional; 
Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da 
censura; permite-se a liberdade de expressão do indiví-
duo desde que não venha a ferir direitos de outrem.
XV - é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos 
os indivíduos de circular livremente no território nacional 
sem qualquer limitação, nos termos da lei.
XVI - todos podem reunir-se pacifi camente, sem ar-
mas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
O direito de reunião vem estampado no art. 5º como 
modalidade de direito fundamental para demonstrar a 
força da democracia. Por conta desse direito, todos po-
dem reunir-se em local público com fi nalidades diversas, 
independentemente de autorização. É necessário, no en-
tanto, que aqueles que desejam se reunir comuniquem 
autoridade competente, especialmente para não ferir 
direitos daqueles que previamente se decidiram pela re-
união em local da vontade de ambos. Assim, desde que 
pacifi camente, sem armas, indivíduos podem se reunir 
em locais públicos, necessitando apenas informar as au-
toridades. Não é necessário autorização do poder públi-
co, mas apenas sua comunicação.
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XVII - é plena a liberdade de associação para fi ns líci-
tos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada 
a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamen-
te dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou 
a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
fi liados judicial ou extrajudicialmente; 
Referidos incisos tratam da questão da associação. 
Em primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém 
ser compelido a associar-se se assim não desejar. As as-
sociações poderão ser criadas para fi ns lícitos; de forma 
alguma será autorizado funcionar associações com obje-
tivos paramilitares (corporações privadas de nacionais ou 
também de estrangeiros normalmente aparelhados por 
uniformes e armamentos militares sem contudo perten-
cer aos quadros das forças armadas). 
#FicaDica
Cumpridos tais requisitos, poderá a associação 
funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer 
interferênciado Estado; no entanto, por meio 
de decisão judicial transitada em julgada 
poderá ser dissolvida a associação ou ter suas 
atividades suspensas. Além das associações 
também possíveis as cooperativas com 
objetivos diferentes das associações.
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por inte-
resse social, mediante justa e prévia indenização em dinhei-
ro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autori-
dade competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se hou-
ver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi nida 
em lei, desde que trabalhada pela família, não será ob-
jeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes 
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios 
de fi nanciar o seu desenvolvimento; 
Os incisos acima compõem o grupo dos direitos indi-
viduais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 con-
fere a todos o direito de propriedade, ter para si proprie-
dade particular (privada); no entanto, o uso deve atender 
a função daquela propriedade. Assim, por exemplo, de-
terminada propriedade rural deve atender sua fi nalidade, 
qual seja, produção de riqueza por meio do agronegócio 
(seja para o próprio sustento ou comércio com terceiros). 
Não exercendo sua função social, a propriedade pode-
rá ser destacada do patrimônio daquele indivíduo. Em 
outras palavras, a propriedade urbana exerce sua função 
social quando atende às exigências fundamentais de or-
ganização da cidade expressas em seu plano diretor; já 
a propriedade rural exercerá sua função social quando 
fi zer o aproveitamento correto dos recursos naturais, 
preservando o meio ambiente e protegendo relações de 
trabalho e exploração que favoreçam o bem estar dos 
proprietários e dos trabalhadores.
#FicaDica
O direito à propriedade também poderá ser 
relativizado quando o Estado necessitar de 
determinada propriedade, bem ou serviços 
prestados por particular, mediante indenização. 
A CF/88 autoriza o poder público a se utilizar 
da propriedade particular na iminência ou na 
ocorrência de alguma situação que ofereça 
perigo à coletividade.
Importante também explicar que a necessidade pú-
blica ocorre sempre que o Estado se coloca diante de 
uma situação extremamente urgente que não pode ser 
adiada. A utilidade pública é quando impõe ao Poder Pú-
blico a possibilidade de propor o uso de determinado 
bem em contrapartida a oferta de alguma serviço que 
seja útil para a coletividade. Por fi m, tem interesse social 
aquilo que venha a trazer melhorias as classes menos pri-
vilegiadas.
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi xar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
clusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fi scalização do aproveitamento econô-
mico das obras que criarem ou de que participarem aos 
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como 
proteção às criações industriais, à propriedade das mar-
cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, 
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País; 
Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais; 
são os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvol-
vem trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre 
o ineditismo da obra; importante lembrar que os suces-
sores do autor permanecerão recebendo a título univer-
sal os louros da obra daquele que sucedeu.
A marca também é protegida em todo território na-
cional e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro; 
esse tema consta inserido na seara do direito empresa-
rial, em especial no código de propriedade industrial.
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados 
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos fi lhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
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Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis 
e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, tam-
bém chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o 
falecido poderá aceitar a herança, renunciá-la ou mesmo 
imitir-se na posse.
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor; 
Enquadra-se no conceito de consumidor a coletivida-
de de pessoas, ainda que não seja possível determiná-las, 
que tenham participado de uma relação de consumo 
composta por fornecedor e consumidor.
No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas 
pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, 
além de outras cuja matéria é mais específi ca como leis 
relacionadas a crimes contra ordem tributária, ordem 
econômica, entre outras.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
blicos informações de seu interesse particular, ou de in-
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade 
e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemen-
te do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos poderes públicos em defe-
sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal; 
Essência da democracia, ao cidadão cabível a prote-
ção do seu direito de manter-se informado de tudo aqui-
lo que envolve tanto o Estado como seu próprio nome. 
Ato contínuo, protege-se também o direito de petição ao 
indivíduo; assim, todo aquele que pretender buscar pela 
tutela jurisdicional do Estado ou mesmo acessar legisla-
tivo e executivo, terá assegurado seu direito de petição.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
ciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
O Brasil adota uma jurisdição. Assim, não serão to-
lerados tribunais de exceção ou o exercício de juízes 
ad-hoc, voltados a julgar um ou outro caso. Marco da 
democracia, onde a lei vale para todos e todos devem 
cumpri-la. Uma lei nova não pode prejudicar direitos já 
conquistados pelo indivíduo sob pena de ferir o pacto 
social fi rmado entre o indivíduo e o Estado – aceitando 
mudanças sem previsão legal estar-se-ia referendando 
arbitrariedades – é o chamado princípio da irretroati-
vidade. Vale lembrar que, em se tratando de retroação 
benéfi ca da lei, nenhum obstáculo se imporá. Portanto, 
uma crime praticado cuja pena seja alta passe por um 
abrandamento dessa pena por nova lei, aquilo punido 
nos moldes da lei antiga será benefi ciado pela novel le-
gislação.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
sos contra a vida; 
O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compos-
tos por pessoas comuns, chamados de jurados, formam 
o conselho de sentença, cuja função principal é opinar 
pela culpa ou não do indivíduo que praticou um crime 
doloso contra a vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pes-
soas a comporem o conselho de sentença. Aos jurados é 
assegurado o sigilo das votações e ao réu a plenitude de 
defesa; ao júri, como um todo, assegurado a soberaniado veredicto. O tribunal do júri funcionará sempre que 
houver um crime doloso contra a vida.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi na, 
nem pena sem prévia cominação legal; 
Também chamado de princípio da legalidade. Por este 
princípio o indivíduo só poderá responder criminalmente 
por alguma conduta por ele praticado se esta conduta 
houver sido considerada crime antes de sua prática. Ou 
seja, a conduta defi nida como crime deve ser anterior a 
sua prática.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais; 
A exceção ao princípio da irretroatividade, anterior-
mente explicado, é exatamente com relação ao benefício 
para o réu.
XLII - a prática do racismo constitui crime inafi ançável 
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos 
da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafi ançáveis e insus-
cetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfi co 
ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, o terrorismo e os 
defi nidos como crimes hediondos, por eles respondendo 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafi ançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a or-
dem constitucional e o Estado democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decreta-
ção do perdimento de bens ser, nos termos da lei, esten-
didas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
tará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
de física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus fi lhos durante o pe-
ríodo de amamentação; 
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Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e 
direito processual penal. As penas no Brasil são defi nidas 
pela CF/88; assim, possível apenas as penas de privação 
ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação 
alternativa e suspensão parcial ou temporária de direitos. 
Toda pena diferente destas não será autorizada pela legis-
lação infraconstitucional em especial aquelas que levem a 
morte, tortura, caráter perpétuo, trabalho forçado, cruéis 
ou de banimento. Inserido no sistema prisional, ao indiví-
duo assegurado respeito a sua integridade física e moral. 
Para as mulheres, tratativa diferenciada em períodos de 
amamentação, podendo fi car com seu fi lho.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes da 
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfi -
co ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, na forma da lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por 
crime político ou de opinião; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado se-
não pela autoridade competente; 
Os incisos acima compõem a proteção do direito à 
nacionalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu em 
território brasileiro – respeitada exceção em que os geni-
tores, estrangeiros, estão a serviço de seu país – ou aque-
le tem por seus genitores algum, ou ambos, brasileiros) 
não será autorizada a extradição. Portanto, o brasileiro 
nato não será extraditado em hipótese alguma. O natu-
ralizado, em regra não será extraditado; salvo se houver 
praticado crime comum antes de sua naturalização ou 
comprovado envolvimento em tráfi co ilícito de entorpe-
centes e drogas afi ns.
Outra vedação à extradição é aquela solicitada em 
razão de estrangeiro ter praticado crime político ou de 
opinião em seu país de origem. Por defendermos a li-
berdade de manifestação, seja ela qual for, asseguramos 
também ao estrangeiro esse direito.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal; 
Este inciso revela em simples palavras que ninguém 
pode “ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” de-
vem ser cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade 
como a privação de bens deve observar o cumprimento 
de um processo judicial e o esgotamento das formas de 
defesa.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a 
ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsi-
to em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identifi cado não será submetido a 
identifi cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em 
lei; 
Rol de incisos que estipulam regras aos processos 
judiciais ou administrativos. Princípios de extrema im-
portância, o contraditório e a ampla defesa derivam do 
princípio da legalidade. Assim, ao indivíduo garantido o 
direito de se defender e ofertar contestação a tudo quan-
to a ele estiver sendo alegado. 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interes-
se social o exigirem; 
Cabe ao Ministério Público o exercício das ações penais 
públicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo, nas hipóteses 
previstas em lei, a possibilidade do próprio indivíduo intentar 
a ação. Em regra, todos os atos são públicos, resguardada a 
defesa da intimidade e do interesse social do indivíduo.
LXI - ninguém será preso senão em fl agrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou cri-
me propriamente militar, defi nidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a 
assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identifi cação dos responsá-
veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela 
autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quan-
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fi ança; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res-
ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de 
obrigação alimentícia e a do depositário infi el; 
Rol de incisos que garante direitos àqueles que esti-
verem presos. Em regra, o indivíduo somente será preso 
por determinação judicial ou em caso de fl agrante delito. 
Aquele que vier a ser preso indicará alguém de sua família 
ou qualquer outro sobre a prisão. Além da assistência da 
família e de advogado, terá o preso direito de permanecer 
em silêncio.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou 
abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
teger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilega-
lidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agen-
te de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder 
público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo

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