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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ÍNDICE Procedimentos nos dissídios individuais. Reclamação. Jus postulandi. Revelia. Exceções. Contestação. Reconvenção. Partes e procuradores. Audiência. Conciliação. Instrução e julgamento. Justiça gratuita................................................................... 01 Provas no processo do trabalho................................................................................................................................................................................ 08 Recursos no processo do trabalho. Disposições gerais. Efeitos suspensivo e devolutivo. Recursos no processo de cogni- ção. Recursos no processo de execução................................................................................................................................................................. 09 Processos de execução. Liquidação. Modalidades da execução. Embargos do executado –impugnação do exequente..... 13 Prescrição e decadência no processo do trabalho............................................................................................................................................ 18 Competência da Justiça do Trabalho....................................................................................................................................................................... 19 Rito sumaríssimo no dissídio individual................................................................................................................................................................. 20 Comissão prévia de conciliação nos dissídios individuais................................................................................................................................. 20 Ação rescisória no processo do trabalho................................................................................................................................................................ 21 Mandado de segurança. Cabimento no processo do trabalho..................................................................................................................... 23 Dissídios coletivos........................................................................................................................................................................................................... 23 3 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O PROCEDIMENTOS NOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS. RECLAMAÇÃO. JUS POSTULANDI. REVELIA. EXCEÇÕES. CONTESTAÇÃO. RECONVENÇÃO. PARTES E PROCURADORES. AUDIÊNCIA. CONCILIAÇÃO. INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. 1 Procedimentos nos Dissídios Individuais 1.1 Reclamação Trabalhista Conceito: seria o mesmo que reclamação trabalhista; significa dissensão, divergência, discordância. É o conflito posto perante a justiça. Procedimento: consiste no conjunto de atos pratica- dos no desenvolvimento do processo; é dividido em 2 partes, a postulação e a audiência. O Dissídio Individual caracteriza-se pela existência de pretensão pessoal do litigante. Deste modo, mesmo que haja mais de um postulante, um autor ou um reclamante, haverá um dissídio individual. A petição inicial é o ato processual, por meio do qual a petição inicial é ajuizada dando início ao processo. A demanda é apresentada por meio de petição inicial, que contém a pretensão a ser objeto de decisão do juiz (GAR- CIA, 2018, p. 236). Neste diapasão, temos duas formas de postulação da ação inicial (art. 840, da CLT), a reclamação verbal e a re- clamação escrita. A reclamação trabalhista verbal, o reclamante com- parece na Justiça do Trabalho, relata todos os seus pro- blemas e sua ação será distribuída antes mesmo de ser reduzida a termo (art. 786 da CLT). Quando realizada a petição verbal, o reclamante deve se apresentar para poder reduzir a termo a petição, sob pena de arquivamento e extinção sem resolução de mé- rito. Já a reclamação escrita, é realizada por meio de docu- mento escrito, protocolado na Justiça do Trabalho. Ainda assim, temos três diferentes procedimentos, dos quais, podemos iniciar o dissidio individual: 1º Procedimento Ordinário: este rito é utilizado quando o valor da causa for acima de 40 (quarenta) salá- rios mínimos. Esse procedimento permite um maior co- nhecimento do caso em tela e é utilizado para situações de maior complexidade. As características desse rito são: a) Oitiva de até três testemunhas de cada polo da re- clamação; b) As testemunhas precisam comparecer indepen- dentemente de notificação ou de intimação; c) A possibilidade de produção de prova pericial sem vedação expressa, a ocorrência, em regra, de au- diência inicial e de audiência de prosseguimento; d) Admite-se a citação por edital no caso de a recla- mada estar em local incerto ou não sabido; e) Podem figurar como reclamadas as entidades pú- blicas, o que é vedado nos demais procedimentos trabalhistas; f) Na audiência tem 2 tentativas conciliatórias; g) A audiência pode ser fracionada em audiência de: conciliação, instrução e de julgamento; Ainda assim, o art. 840, § 1º, da CLT, possibilita a peti- ção inicial ser verbal ou escrita e determina que ela tenha que ter endereçamento, qualificação das partes, breve exposição dos fatos, pedido (deverá certo e determina- do, atribuído o devido valor) e assinatura do reclamante ou do seu representante legal. 2º Procedimento Sumaríssimo: esse rito é aplicado aos dissídios individuais cujo o valor não exceda a 40 ve- zes o salário mínimo (art. 852-A da CLT). busca-se com este procedimento dar maior celeridade aos processos trabalhistas e, dessa forma, demonstra-se claramente a preocupação com o trabalhador/reclamante, que nor- malmente é hipossuficiente, já que “a demora na pres- tação jurisdicional é mais prejudicial ao empregado, que precisa do numerário para sobreviver. O empregador, muitas vezes, tem interesse em que o processo dure o mais possível, pois pode bancar o andamento do proces- so” (MARTINS, 2013, p. 262). As características do rito sumaríssimo são: a) Procedimento sumaríssimo só pode ser observado no dissídio individual, sendo, por via de consequ- ência, vedada a sua adoção nos dissídios coletivos; b) Não é admitido para as demandas que sejam par- tes a Administração Pública direta, autárquica e fundacional, no entanto, pode ser aplicado às em- presas públicas e sociedades de economia mista; c) O pedido pode ser certo ou determinado, mas sempre líquido (indicará o valor correspondente). Não será admitido pedido genérico; d) Não aceita citação por edital; f) A apreciação da reclamação deverá ser feita em no máximo 15 dias do ajuizamento; g) As audiências são unas, podendo ser fracionadas quando tiver perícia; h) O máximo de 2 testemunhas; i) As testemunhas tem que comparecer independen- temente de intimação, podendo esta ser realizada apenas quando for comprovado o convite; Ainda assim, quanto à conciliação, o magistrado de- verá realizar pelo menos uma tentativa conciliatória, não sendo obrigado as duas como no rito ordinário. 3º Procedimento Sumário: este rito está previsto no art. 2º, § § 3º e 4º, da Lei nº 5.584/1970, e é aplicado quando o valor da causa for de até 2 salário mínimos. 1.2 Jus Postulandi O jus postulandi da parte estabelece que os empre- gados e empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas re- clamações até o final (art. 791 da CLT) Saraiva (2007) assevera que a função do jus postulan- di reside no fato de o reclamante e o reclamado poder atuar sem a presença de advogados em todas as instân- cias trabalhistas. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Nesse sentido, Carlos Henrique Bezerra Leite concei- tuao jus postulandi como a capacidade de postular em juízo. Explicando “que esta capacidade é a reconhecida pelo ordenamento jurídico para pessoa praticar pessoal- mente, diretamente, atos processuais”. (p. 374). Salienta-se que a súmula 425 do TST, limita o jus pos- tulandi, assegurando que em caso de MAAR (Mandado de Segurança, Ação Cautelar, Ação rescisória e Recursos para o TST) é indispensável a figura do advogado como procurador. 1.3 Revelia e Confissão Conforme dispõe o art. 344, do CPC, o réu que não contestar a ação, será considerado como revel, como, será presumido os fatos alegados em petição inicial, ver- dadeiros. O art. 844, da CLT, estabelece que se o reclamado não comparecer em audiência, além da confissão quanto á matéria de fato, serão considerados verdadeiros os fatos alegados na inicial. Importante destacar o §5º do referido artigo a cima, pois a reforma trabalhista trouxe uma inovação quanto ao instituto da revelia e confissão. Apesar do reclamado ser considerado revel, caso o advogado for na audiên- cia, será aceito sua defesa, bem como, seus documentos probatórios. O instituto da revelia não alcança os elencados no §4º, art. 844 da CLT, como: se haver pluralidade de réus, litigio versar sobre direitos indisponíveis e etc. Ainda assim, caso o reclamado se atrase para a au- diência, será decretado a revelia e confissão quanto á matéria de fato. 1.4 Exceções As exceções no processo do trabalho, estão previstas nos art. 799 a 802 da CLT e trazem como exceções a de incompetência e a de suspeição e impedimento. As exceções processuais constituem-se como espécie de defesa do reclamado, que tem como objetivo resolver determinada questão pendente sem operar a extinção do processo com ou sem resolução de mérito. Com efei- to, objetivam as exceções processuais a atacar a impar- cialidade do magistrado ou a competência do juízo a ele vinculado para processar e julgar a demanda (SARAIVA, LINHARES, 2018, p. 385). a) Exceção de Incompetência A exceção de incompetência tem previsão legal no art. 800 da CLT e será realizada através de peça apartada, por escrito, no prazo de 5 dias úteis (contados do recebi- mento da notificação pelo réu) e gerará a suspensão do feito até que esse incidente seja solucionado. Deste modo, quando tiver incompetência territorial, a parte deverá alegar em peça apartada através da exceção de incompetência. Importante destacar, que em caso de incompetência absoluta, o juiz pode declarar de oficio e a qualquer tem- po processual. Já no que tange a incompetência relativa, deverá a parte lesada arguir em momento oportuno, sob pena de prorrogar a competência. Ainda assim, se entender necessário, o juiz poderá entender necessária a produção de provas, nos termos no art. 800, §3º da CLT. Decidida a exceção, o processo volta a “andar” nor- malmente, designando audiências, apresentando a defe- sa e marcando instrução processual já em juízo compe- tente (art. 800, §4º da CLT). b) Exceção de Suspeição e Impedimento As causas de impedimento e suspeição no processo do trabalho estão previstas nos artigos 799, 801 e 802 da CLT, bem como nos artigos 144 e 145 do CPC. Essas exceções dizem respeito à imparcialidade do juiz no exercício de sua função, sendo dever do juiz de- clarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos de foro íntimo, conforme art. 801 da CLT. O impedimento tem caráter objetivo e a suspeição tem relação com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um dos pressupostos processuais subjetivos do processo. Disponível em: <https://bit.ly/31XBFAc>. Ainda de acordo com o art. 801 da CLT, os juízes de- verão dar-se por suspeito nas seguintes hipóteses: 1) Inimizade pessoal; 2) Amizade intima; 3) Parentesco san- guíneo ou até o terceiro grau de afinidade; 4) Interesse particular na causa. Nesse mesmo artigo, no paragrafo único, o legislador ainda deixa claro que se a parte sou- besse ou viesse a saber da suspeição e não tiver alegado, ele não poderá mais alegar a exceção, salvo sobrevindo novo motivo. Nesse diapasão, o art. 801 da CLT exemplifica algu- mas das suspeições, sendo que o art. 144 exemplifica si- tuações de impedimento do juiz e o art. 145 cita os de suspeição (ambos do CPC). Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, ten- do proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu côn- juge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu côn- juge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de ad- ministração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou em- pregador de qualquer das partes; user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou em- pregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu ad- vogado. § 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. Art. 145. Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem inte- resse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; II - que receber presentes de pessoas que tiverem inte- resse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou de- vedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de paren- tes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; III - quando qualquer das partes for sua credora ou de- vedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de paren- tes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declararsuas razões. § 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que sig- nifique manifesta aceitação do arguido. Ainda assim, o art. 802 da CLT dispõe que caso o juiz não se declare suspeito ou impedido, será realizada uma audiência e julgará a exceção. Nada impede que sejam arguidas mais de uma ex- ceção ao mesmo tempo, devendo a exceção de impedi- mento e suspeição serem julgadas antes da exceção de incompetência, tendo em vista que, o magistrado impe- dido ou suspeito não poderá sequer a incompetência ou competência do juízo (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 386). 1.5 Contestação Após ajuizada a reclamação trabalhista, deverá o em- pregador ser notificado via postal instruída com a cópia da petição inicial, para que compareça na audiência una a ser realizada em data e hora determinada. Pelo rito ordinário, a contestação deverá ser realizada no prazo de 20 minutos após a primeira tentativa con- ciliatória em audiência (será apresentada a contestação apenas se conciliação for infrutífera). Nos casos de o tri- bunal ter processo eletrônico, a contestação será reali- zada por escrito, podendo ser protocolado até o dia da audiência conforme o art. 847, parágrafo único da CLT). A contestação é o meio cabível, de direito, da recla- mada em impugnar a pretensão do reclamante, arguindo todas as matérias de defesa cabíveis na peça, afim de afastar a pretensão do trabalhador. Ainda assim, lembre-se que é nesta peça que a par- te notificada da ação, deverá juntar todos os documentos probatórios, bem como, procuração e contrato social. Caso a Reclamada deixe de contestar algum fato colocado em petição inicial, este fato será presumido, pelo Juiz, como verdadeira já que não foi expressamente impugnado. 1.6 Reconvenção A Reconvenção é uma modalidade de defesa em que o réu poderá se utilizar para responder e se justificar dos fatos alegados em sede de Reclamação Trabalhista. Tutelada pelo art. 335 do CPC de 2015, a reconvenção é uma ação que o réu propõe contra o autor (dentro do mesmo processo) para que possa prevenir a lesão de um eventual direito. Quando o réu propõe a reconvenção, tanto a inicial como a reconvenção deverão ser julgados juntos, simul- taneamente, para que não haja lesão aos direitos das partes. 1.7 Parte e Procuradores As partes no processo trabalhista são denominados de: reclamante (o que pleiteia a tutela do Estado), o qual, normalmente é o empregado/funcionário da empresa, e também tem a reclamada (contra quem é pleiteada a tu- tela) que normalmente é uma empresa/pessoa jurídica. a) Capacidade Processual da Parte Capacidade de ser parte é inerente a toda pessoa que nasceu com vida, desde o primeiro suspiro extra-uterino, porém nem sempre essa mesma pessoa detém a capaci- dade processual. A capacidade processual, é a aptidão para a prática de atos processuais sem a necessidade de assistência ou de representação. Está relacionada à capacidade de fato (de exercício), ou seja, à faculdade que tem a pessoa de praticar todos os atos da vida civil e de administrar os seus bens. Assim, tendo capacidade civil plena, conse- quentemente a parte terá capacidade processual. De acordo com o art. 70, do Código de Processo Civil, “toda pessoa que se encontre no exercício dos seus direi- tos tem capacidade para estar em juízo”. Já os incapazes serão assistidos ou representados por seus pais, curado- res ou tutores, na forma que a lei dispuser. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Na seara trabalhista, a capacidade plena dos em- pregados ocorre aos 18 anos de idade, nos termos do art. 402 da CLT. Além disso, o Código Civil, aplicado ao direito do trabalho pela doutrina majoritária, admite a concessão da capacidade civil plena aos menores de 18 anos, na hipótese de emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único, do CC. b) Dos Incapazes e Relativamente Incapazes Os incapazes seriam os menores de 16 anos, o qual a lei não reconhece qualquer capacidade, tendo-os como absolutamente incapazes. Sua atuação em âmbito pro- cessual deve se dar tão-somente mediante a representa- ção de seu representante legal (pai, mãe, tutor ou cura- dor). Os relativamente incapazes são os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. A lei confere capacidade re- lativa a eles, de modo que a sua atuação em âmbito pro- cessual pode se dar com o concurso de seus assistentes. Isto é, a capacidade de estar em juízo no processo do trabalho, é verificada a partir dos 18 anos. A partir dos 16 até os 18 anos, por ser relativamente incapaz, a parte deve ser assistida. Da mesma forma, que pode-se dizer que até 16 anos o absolutamente incapaz deve ser repre- sentado em juízo. (GARCIA, 2018, p. 179). Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Traba- lho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo. c) Das Substituições e Representações Pessoas Jurídicas De acordo com o art. 75 do CPC, as pessoas jurídi- cas, por não conseguirem manifestar sua vontade sem a atuação da pessoa física, são representadas em juízo, ati- va e passivamente. No que tange as empresas privadas, os representantes serão designado nos atos constituti- vos ou, não havendo essa designação, por seus diretores (NCPC, art. 75, VIII). Quanto às pessoas jurídicas de direito público, a União é representada: ENTES PÚBLICOS REPRESENTAÇÃO União Advocacia Geral da União Estados, Distrito Federal Procuradores Municípios Prefeito ou Procuradores Autarquias e Fundações Por quem a Lei do ente Fe- derado designar Preposto A Súmula no 377 do TST, a seguir transcrita: Súmula no 377 do TST. Preposto. Exigência da condi- ção de empregado Exceto quanto à reclamação de em- pregado doméstico, ou contra micro ou pequeno empre- sário, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1°, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. No entanto, atualmente com a Lei 13.467/2017, art. 843, § 3º, o preposto a que se refere o § 10 deste artigo não precisa ser empregado da parte reclamada. Com o novo texto legal, contido no art. 843, § 3º da CLT, o empregador, empresa, pode se utilizar de qual- quer pessoa física na qualidade de preposto, sendo que não há mais discriminação nesse sentido, podendo o preposto ser empregado ou não. Sindicato A ação de cumprimento serve para fazer cumprir o estabelecido no dissídio coletivo, nas convenções e nos acordos coletivos (Súmula n2 286 do TST). Nesse caso, o próprio sindicato poderá ajuizar a ação para que o em- pregador conceda, por exemplo, a cesta básica constante do acordo coletivo de trabalho (MIESSA, 2017, p.195). Representação Por Outro Empregado O art. 843, § 2”, da CLT dispõe que o empregado pos- sa ser representado por outro empregado que pertença à mesma profissão ou pelo sindicato na audiência, nos casos de doença ou qualquer outro motivo ponderoso. Representação Por Advogado Em resumo, a representação por meio de advoga- do para as pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado depende de mandato. Por outro lado, para as pessoas jurídicas de direito público, o procurador está dispensado do instrumento de mandato. Além dos casos em que a representação decorrer de norma prevista na Constituição Federal ou em lei, o art. 287 também dis- pensa a juntada da procuração nos casos em que a parte estiver representada pela Defensoria Pública e nos casos em que o advogado tiver que atuar para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar atos urgentes (NCPC, art. 104),conforme será analisado posteriormen- te. 1.8 Audiência O art. 813 da CLT estabelece que as audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar- -se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previa- mente fixados entre as 8h e às 18h, não podendo ultra- passar 5h seguidas, salvo quando for matéria urgente. Nos casos especiais, as audiências poderão ser realizadas em outros locais, mediante edital fixo, com antecedência mínima de 24h (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 386). As partes, o escrivão, o juiz, deverão estar presentes com antecedência mínima para a realização da audiência, cabendo um funcionário da Vara do Trabalho realizar o pregão para que se inicia a audiência (art. 814 d CLT). Entretanto, caso o juiz do trabalho não compareça ao local da audiência em 15 minutos, os presentes deverão registrar no livro de audiência o fato e, poderão se retirar do local (art. 815, parágrafo único, da CLT). O juiz deverá manter a ordem na sala de audiência, para que ela se realize com tranquilidade e ordem, po- dendo ainda, mandar se retirar do recinto quem tiver perturbando a ordem, pois o juiz possui poder de polícia, conforme o art. 816 da CLT dispõe. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O 1.9 Conciliação No procedimento ordinário, a tentativa de concilia- ção deve ocorrer, antes da apresentação da defesa, con- forme art. 846 da CLT, e depois das razões finais (art. 850 da CLT). Ou seja, obrigatoriamente, no procedimento ordinário devem ocorrer duas tentativas de conciliação durante a audiência (GARCI, 2018, p. 261). Já no rito sumaríssimo, não é obrigatória a tentativa de conciliação após as razões finais, mas apenas no iní- cio da audiência (art. 852-E da CLT), embora o juiz possa tentar a conciliação também naquele momento (GARCIA, 2018, p. 269). Em caso de realização de acordo, o termo que for la- vrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a União que poderá interpor recurso ordinário quanto as contri- buições que lhe forem devidas (art. 831, parágrafo único da CLT) (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 456). 1.10 Instrução e Julgamento Procedimento Ordinário Após ajuizada a reclamação trabalhista, deverá o em- pregador ser notificado via postal instruída com a cópia da petição inicial, para que compareça na audiência una a ser realizada em data e hora determinada. Para a realização da audiência, as partes devem estar presentes independente de seus representantes. Instaurada a audiência pelo rito ordinário, o juiz reali- zará a primeira tentativa conciliatória. No caso da tenta- tiva restar infrutífera, o reclamado terá 20 minutos para realizar sua defesa, ou, nos casos do tribunal ter processo eletrônico, a contestação será realizada por escrita, po- dendo ser protocolado até o dia da audiência conforme o art. 847, paragrafo único da CLT). Após a defesa, o juiz poderá querer interrogar as par- tes do processo (art. 848 da CLT). Finalizado o ato, as par- tes podem se retirar da audiência (art. 848, §1º da CLT). A seguir são ouvidas as testemunhas, peritos e os téc- nicos se houver (art. 848, §2º). Com a finalização da instrução, as partes farão as ra- zões finais orais em dez minutos cada um. Após as razões finais, se o processo for complexo, o juiz não prolatará a sentença, marcando então, audiência de julgamento para proferir a sentença. Apesar da CLT prever as audiências de for- ma UNA (concentração de todos os atos processuais em um dia), mesmo no proce- dimento ordinário, há Varas do Trabalho que desmembram as audiências em 3. Ou seja, 1º audiência é a inicial (tentativa de concilia- ção), a 2ª audiência é de instrução (produção de provas) e a 3ª audiência é de julgamento. #FicaDica Procedimento Sumaríssimo No procedimento sumaríssimo, após o peticionamen- to da reclamação trabalhista, o reclamado será notificado através do correio ou pelo oficial (NÃO HÁ NOTIFICAÇÃO POR EDITAL NESTE PROCEDIMENTO). Após a notificação do reclamado sobre a ação e a au- diência designada, a audiência será realizada em um dia único (não pode ser fracionado), podendo ser fracionado em outro dia apenas se houver a necessidade de realiza- ção de perícia. Instaurada a audiência, o juiz fara a primeira tentativa conciliatória, em caso negativo será realizada a defesa e irá realizar o interrogatório das partes, ouvindo as teste- munhas, que são no máximo 2. As razões finais serão feitas orais, e poderá o juiz fazer a segunda tentativa de conciliação e, logo em seguida, prolatar a sentença sendo dispensado da realização do relatório. Procedimento Sumário Esse procedimento é o mais simples e célere da Jus- tiça do Trabalho. É dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar em ATA a conclusão do juízo quanto a matéria de fato. Nesse procedimento, salvo se versarem so- bre matéria constitucional, nenhum recurso é cabível das sentenças neles proferidas. #FicaDica 1.11 Do Benefício da Assistência Judiciária e o Be- nefício da Justiça Gratuita A assistência judiciária gratuita é o direito de postular em juízo sem ter que pagar as despesas do processo e os honorários ao seu advogado. Concedido àquele que está em estado de miserabilidade. Tal assistência, no proces- so do trabalho, é oferecida pelo sindicato da categoria, conforme se depreende do art. 14 da Lei nº. 5.584/70 o qual, é prestado ao trabalhador, ainda que não seja asso- ciado ao sindicato da categoria (art. 18 da lei nº 5.584/70) (MIESSA, 2017, p. 210). Com efeito, verifica-se que a assistência judiciária gratuita exige cumulativamente a assistência pelo sindi- cato e a concessão do benefício da justiça gratuita. Já o benefício da justiça gratuita está ligado tão somente à isenção do pagamento das despesas processuais, ante o estado de miserabilidade da parte, esteja ela assistida ou não pelo sindicato (MIESSA, 2017, p. 210). Ainda assim, ressalta-se as principais características da concessão do beneficio da justiça gratuita: 1) Pode ser dado de ofício, 2) Pode ser requerido em qualquer momento proces- sual, 3) O deferimento independe de a parte estar assistida pelo sindicato ou advogado particular (CPC, art. 99, § 4º), 4) O requerente deve perceber salário igual ou in- ferior ao dobro do mínimo legal ou declarar que não está em condições de arcar com as custas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família (CLT, art. 790, § 3º). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 8 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Não obstante, o art. art. 98, § 5º do CPC, permite que o benefício da justiça gratuita seja concedido em relação algum ato ou a todos os atos processuais, podendo re- duzir o percentual das despesas processuais que o bene- ficiário tiver que adiantar no curso do processo, ou tam- bém, para que o beneficiário da justiça gratuita parcele as despesas processuais que tiver que adiantar. Enfim, conforme art. 99, §2º do CPC, o juiz apenas po- derá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão do benefício, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchi- mento dos referidos pressupostos. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. TRT 14ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Depois Kronos ajuizou ação trabalhista em face da empresa Beta & Gama Em- preendimentos, utilizando o jus postulandi. Ocorre que foi vencido em primeira instância visto que a ação foi jul- gada improcedente. Inconformado com o resultado da sentença resolveu recorrer. Nessa situação Kronos a) deve constituir advogado e ingressarcom recurso de apelação em 15 dias. b) pode utilizar o jus postulandi e interpor recurso ordi- nário em 8 dias. c) deve constituir advogado e interpor agravo de instru- mento em 5 dias. d) pode utilizar o jus postulandi e ingressar com recurso de revista em 8 dias. Resposta: Letra B. O jus postulandi continuará a ser exercido perante o TRT, com a interposição de recurso ordinário da sentença (Art. 895 da CLT). Nos termos da súmula nº 425 do TST, os recursos dirigidos ao tribu- nal, necessitam de representação por Advogado. Des- ta forma, segue o macete: “O jus postulandi não pode AMAR o TST”: Ação rescisória, Mandado de segurança, Ação cautelar e Recurso de competência ao TST. 2. TRT 12º - TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA - FGV – 2017) Conforme disposição expressa na CLT, os empregados e os empregadores poderão reclamar pes- soalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Diante desse preceito normativo, e considerando a jurisprudência uniforme do TST, o recurso ou a ação em que se admite o jus postu- landi das partes na Justiça do Trabalho é: a) mandado de segurança; b) ação cautelar; c) recurso ordinário adesivo; d) recurso de revista; e) ação rescisória Resposta: Letra C. Em “a” e “b”, o jus postulandi não alcança mandado de segurança e ação cautelar, Sú- mula 425 do TST. Em “c”, conforme estabelece o art. 791 da CLT, a parte que exerce o jus postulandi poderá acompanhar seu processo até o final, por outro lado, nos termos da Súmula 425 do TST, restringe-se o jus postulandi às Varas do Trabalho e aos Tribunais Re- gionais do Trabalho, admissível, portanto, no recurso ordinário adesivo. Em “d” e “e”, o jus postulandi não alcança recurso de revista, visto que de competência do TST, (art. 896, CLT) e ação rescisória, conforme in- terpretação da Súmula 425 do TST. PROVAS NO PROCESSO DO TRABALHO Da prova Testemunhal A prova testemunhal consiste no meio de prova judi- ciária mais antiga, presente desde os Códigos primitivos, representando, nos primórdios, prova extremamente sig- nificativa para elucidação da verdade dos fatos, muitas vezes, prevalecendo sobre os meios escritos (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 421). A testemunha no processo do trabalho é uma ou vá- rias pessoas que são chamadas para esclarecer fatos, for- nece questões importantes sobre a empresa e o serviço prestado pelo empregador. Rito ordinário: são limitadas a 3 testemunhas, isto é, para fazer a elucidação dos fatos, a parte pode levar 1, 2 ou até 3 testemunhas, conforme previsão legal no art. 821, da CLT. Rito sumaríssimo: as partes podem levar até 2 teste- munhas, de acordo com o art. 821 da CLT. Rito sumário: são 2 testemunhas, conforme o art. 852-H, § 2º, da CLT. Em caso de inquérito para apurar falta grave, a quan- tidade pode chegar até 6 testemunhas. Em consonância com o art. 461, I, do CPC, apesar do rol estipulado em lei para o limite de testemunhas, caso o juiz acha necessário, poderá determinar a intimação de outras testemunhas. EXERCÍCIO COMENTADO 1. (Prefeitura de Marília/SP - Procurador Jurídico – Nível Superior - VUVESP – 2017) No processo do tra- balho, em relação às testemunhas, é correto afirmar que cada uma das partes não poderá indicar mais de a) 3 (três) testemunhas para o rito sumaríssimo, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse nú- mero poderá ser elevado a 6 (seis). b) 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar de inqué- rito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis). c) 2 (duas) testemunhas, salvo quando se tratar de in- quérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 5 (cinco), ou de rito sumaríssimo, em que o número máximo é de 02 (duas). d) 2 (duas) testemunhas, salvo quando se tratar de in- quérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis), ou de rito sumaríssimo, em que o número máximo é de 02 (duas). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O e) 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 5 (cinco), ou de rito sumaríssimo, em que o número máximo é de 02 (duas). Resposta: Letra B. No rito ordinário cada uma das partes pode levar até 3 testemunhas. No rito sumaríssimo, as partes estão limitadas a 2 testemunhas. Em caso de inquérito judicial para apuração de falta grave, o número poderá ser elevado para 6 testemunhas. RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO. DISPOSIÇÕES GERAIS. EFEITOS SUSPENSIVO E DEVOLUTIVO. RECURSOS NO PROCESSO DE COGNIÇÃO. RECURSOS NO PROCESSO DE EXECUÇÃO. 3 Recursos no Processo do Trabalho A tabela abaixo contém os Recursos previstos pela CLT, bem como, seus prazos. Vejamos: Atos Prazos Recurso Ordinário – art. 895, da CLT 8 dias Recurso de Revista – art. 896, da CLT 8 dias Embargos de Declaração – art. 897-A, da CLT 5 dias Agravo de Petição – art. 897, a, da CLT 8 dias Agravo de Instrumento – art. 897, b, da CLT 8 dias Agravo Regimental – arts. 894, § 4º e 896, § 12, da CLT Agravo contra decisão de relator que denegou segui- mento ao Recurso de Revista e embargos ao TST – 8 dias Recurso Extraordinário – art. 102, III, da CF, e art. 26, da Lei nº 8.038/1990 15 dias Recurso Adesivo 8 dias – súmula 283, do TST Embargos do TST – art. 894, da CLT 8 dias Pessoas Jurídicas de Direito Público Prazo em dobro Ministério Público do Trabalho Prazo em dobro 3.1 Disposições Gerais Pressupostos Subjetivos a) Legitimidade: a legitimidade recursal é a habilitação legal dada a uma determinada pessoa, natural ou jurídica, para recorrer de certa decisão judicial, como regra, é conferida às partes que atuaram no processo, ao Ministério Público, enquanto parte ou custus legis, e a terceiros prejudicados pela decisão recorrida. b) Capacidade: além da legitimidade, a parte ainda deve demonstrar no momento da interposição do recurso, que está apta e plenamente capaz de praticar o ato processual. Caso a parte não esteja apta, deverá ser representada conforme o Código Civil. c) Interesse: O interesse está ligado às ideias de utilidade, bem como a de necessidade. A parte recorrente deve demonstrar que o apelo é útil e necessário. Em outras palavras, deve deixar claro que houve sucumbência, ou seja, que não atingiu a situação jurídica almejada e que, por isso, possui interesse em interpor o recurso e buscar a melhora mediante a atuação do Tribunal. Pressupostos Objetivos a) Recorribilidade do Ato: o ato deve ser recorrível, sendo ele não passível de recurso, o mesmo não será conhecido em face da ausência desse pressuposto. b) Adequação: a parte deve observar qual recurso ela irá utilizar-se para impugnar aquela decisão. Ela não pode simplesmente recorrer sem o instrumento hábil para isso. c) Tempestividade: os recursos possuem prazos para ser interpostos e devem ser respeitados, ou seja, caso o recurso seja interposto intempestivamente, ele não será conhecido. d) Preparo: o preparo é o recolhimento de custas e da realização do depósito recursal pelo recorrente. Em caso de não pagamento e não recolhimento, o recurso será considerado deserto. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Recurso sem depósito recursal Recursos com depósi- to recursal obrigatório por parte do empregador recorrente AGRAVO DE PETIÇÃO RECURSO ORDINÁRIO AGRAVO REGIMENTAL RECURSO DE REVISTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EMBARGOS NO TST RECURSO EXTRAORDINÁRIO RECURSO ADESIVO AGRAVO DE INSTRUMENTO e) Regularidade de Representação: em fase recursal, o reclamante não pode demandar sem um pro- curador como faz no processo de conhecimento (petição inicial). Desta forma, tem-se a necessidade de representação do recorrentee do recorrido pela figura do advogado. 3.1.1 Efeitos suspensivo e devolutivo Conforme art. 899, da CLT, no processo do trabalho, a maioria dos recursos possuem apenas o efeito devolu- tivo, não tendo o efeito suspensivo, isto é, não impede o início da execução. a) Suspensivo A o art. 9º, da Lei nº 7.701/1988, e o art. 14, da Lei 10.192/2001, dispõem exceções a regra, permi- tindo ao Presidente do TST conceder o efeito sus- pensivo recurso ordinário interposto em face de sentença prolatada pelo TRT, pelo prazo improrro- gável de 120 dias. b) Translativo Por este efeito, podemos dizer que o ordenamento jurídico vigente permite a autoridade julgadora do apelo conhecer de questões não ventiladas no re- curso ou contrarrazões, sem que isto consista em julgamento ultra ou extra petita, como, por exem- plo, nas hipóteses dos art. 485, § 3º, e art. 337, § 5º, do CPC. Contudo, entende que esse efeito, nada mais é, do que efeito devolutivo em profundidade, devolvendo ao tribunal todas as questões deba- tidas no processo, inclusive as de ordem pública (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 540). c) Substitutivo O efeito substitutivo nasce quando o tribunal aprecia e julga o mérito da causa, operando-se a substitui- ção da sentença a quo, pelo acordão do tribunal, na parte objeto do apelo. Todavia, caso o tribu- nal não julgue o mérito do recurso, não se terá o chamado efeito substitutivo (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 541). d) Regressivo O efeito regressivo significa que, em certas hipóteses excepcionais (arts. 331, caput, 332, § 3º, 485, § 7º, 1.021, § 2º, 1.030, II, 1.041, § 1º, 1.042, §§ 2º e 4º, do CPC) possibilita ao juízo a quo se retratar, isto é, rever a decisão que proferiu e foi impugnada por meio de recurso (GARCIA, 2018, p. 418). e) Extensivo Este efeito é caracterizado pela possibilidade da de- cisão do recurso atingir matérias não impugnadas e/ou sujeitos que não recorreram. Ele é aplicado a litisconsórcio unitário, em que a decisão tenha de ser uniforme para todos os litisconsortes quando o caso for o mesmo (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 542). 3.1.3 Recursos no processo de execução Recurso Ordinário A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê em seu art. 895 o cabimento de recurso ordinário contra as decisões definitivas (de mérito) ou terminativas de pro- cessos decididos nas Varas do Trabalho ou nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) em razão de competência originária, sempre no prazo de 8 dias. O dispositivo em tela, encontra-se redigido: “Cabe re- curso ordinário para a instância superior: I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tri- bunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos”. Importante que se diga, que das decisões interlo- cutórias no processo do trabalho, via regra geral, não cabe nenhum recurso, no entanto em algumas situações é possível atacar tal decisão, mas não com o agravo de instrumento, como poderia parecer em um primeiro mo- mento e sim com o recurso ordinário, como é o caso da Súmula 214 do TST. Exemplo: quando o juiz acolhe exce- ção de incompetência territorial e remete os autos para alguma Vara do Trabalho pertencente à jurisdição de ou- tro Tribunal Regional do Trabalho, ou também, no caso do juiz declarar a incompetência absoluta, aquela relativa à matéria, como uma possível relação de consumo e de- terminar a remessa para a Justiça Comum. O recurso ordinário é interposto perante o juízo a quo de primeiro grau (Vara do Trabalho), o qual irá verificar, inicialmente, os pressupostos de admissibilidade do re- curso e, em seguida o juiz abrira vista para o recorrido apresentar contrarrazões (GARCIA, 2018, p. 418). Nos casos de indeferimento da inicial ou no caso do juiz indeferir, liminarmente, o pedido em sentença, cabe- rá no prazo de 5 dias o juízo de retratação. Em sede de recurso ordinário, o Tribunal analisará tanto matéria fática (fatos) como a matéria de direito. Po- rém, conforme o art. 1.014, do CPC, as questões de fato só poderão ser arguidas se a parte provar que deixou de faze-lo por motivo de força maior. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Dentre as hipóteses específicas de competência ori- ginária dos TRT, pode-se especificar o cabimento de RO em caso de ação rescisória (Súmula 158 do TST), manda- do de segurança (Súmula 201 do TST), ação anulatória, ação cautelar, ação declaratória, agravo regimental, dis- sídio coletivo, habeas corpus e habeas data (art. 225 do Regimento Interno do TST). Há que se observar, também, a Súmula 414, I, do TST: “A antecipação da tutela con- cedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário”. Por fim, o art. 7º, da Lei nº 7.701/1988, cujo caput assim diz: “das decisões proferidas pelo Grupo Normativo dos Tribunais Regionais do Trabalho, caberá recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho”. Em regra, o recurso ordinário será sempre recebido no efeito DEVOLUTIVO. O processo não ficará suspenso, ou seja, a parte que tem a sentença favorável a ela já poderá executar os valores de forma provisória através da extração de carta de sentença. No entanto, as juris- prudências dos nossos tribunais caminham no sentido de que em exceção à regra (apenas efeito devolutivo) o EFEITO SUSPENSIVO pode ser alcançado através de Ação Cautelar com esta finalidade. Disponível em: <https://bit.ly/2X1Oiq4>. Agravo de Instrumento O Agravo de instrumento no processo do trabalho é uma espécie de recurso, com base legal no artigo 897, b, da CLT, assim sendo, depende dos requisitos de admis- sibilidade e preparo, além de possuir o prazo de 8 (oito) dias para sua interposição. Disponível em: <https://bit.ly/2J4Qd8p>. No âmbito do processo do trabalho, o agravo de ins- trumento, presta-se exclusivamente para destrancar re- curso, ao qual tenha sido negado o seguimento. Ele é o apelo cabível para discutir os despachos que denegam os recursos. O juízo de admissibilidade será realizado uma única vez pelo juízo ad quem, sendo certo que, se o Tribunal conhecer o agravo, ele determinará que realize o des- trancamento do recuso e seu devido processamento. Por fim, com o advento da Lei nº 12.275/2010 criou- -se o novo pressuposto de admissibilidade para o agra- vo, uma vez que, passou a exigir o depósito recursal de 50% do valor do depósito do recurso que pretende des- trancar (art. 897, § 5º, I c/c § 7º, do art. 899, da CLT). Des- te modo, para a interposição do agravo de instrumento, tem-se a necessidade de efetuar o referido depósito sob pena de deserção. Agravo de Petição O agravo de petição, na Justiça do Trabalho, é recurso cabível somente na fase de execução (CLT, art. 897, a), no prazo de oito dias, não sendo admissível no processo de conhecimento. Em regra, o agravo de petição será interposto em face das decisões definitivas ou terminativas, proferidas no processo de execução trabalhista. Como exemplo temos a decisão que julga eventuais embargos á execução ou embargos de terceiro, ou ainda extingue total ou par- cialmente a execução (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 570). Como pressuposto recursal específico do presente recurso, exige-se a delimitação de matérias e valores impugnados (exige apenas pela parte executada). Com previsão legal no art. 897, § 1º, da CLT, o agravo de pe- tição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitindo a execução imediata da parte remanescente até o final nos próprios autosou por carta de sentença (GARCIA, 2018, p. 445). O presente recurso será julgado pelo próprio Tribu- nal presidido pela autoridade recorrida, salvo se tratar de decisão de juiz de 1ª instância ou de juiz de direito no exercício da jurisdição trabalhista, quando o julgamento competirá a uma das turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da decisão (art. 897, § 3º, da CLT) (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 570). Embargos de Declaração Os embargos de declaração são previstos no art. 994, inciso, IV, e 1.022 do CPC, bem como, o art. 9º da IN 39/2016, possibilitando o embargos de declaração no processo do trabalho, para impugnar qualquer decisão judicial rege-se pelo art. 897-A, da CLT e, supletivamente o Código de Processo Civil. De acordo com o art. 897-A da CLT, caberá embargos da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, deven- do seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou na sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão e admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado, bem como, quando ocorrer manifesto equívoco no exame dos pres- supostos extrínsecos do recurso. Ainda assim, o § 2º traz que o efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em vir- tude da correção de vício na decisão embargada e, desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. As hipóteses de cabimento desse recurso, de um modo geral, a doutrina afirma que os embargos de de- claração são cabíveis para impugnar sentenças ou acór- dãos quando, nesses atos, for verificada a existência de algum dos elementos da tríade “omissão, obscuridade ou contradição” (LEITE, 2010). Quanto aos efeitos dos embargos de declaração, eles não são suspensivos, porém, interrompem o prazo para a interposição de recurso, conforme art. 1.026, do CPC, bem como o art. 897-A, § 3º, da CLT. Importante destacar ainda que, os embargos de de- claração também são cabíveis para corrigir erro material e equívoco na análise dos pressupostos extrínsecos (ge- rais e específicos) do recurso. Outrossim, cabe o recurso de ofício ou a requerimento da parte para fins de escla- recimentos do julgado. Disponível em: <https://bit.ly/2x98Wdx>. Caso os embargos de declaração modifiquem a de- cisão embargada, o embargado que tiver proposto ou- tro recurso contra a decisão anterior, terá o direito de complementar ou alterar suas razões no prazo de 8 dias contados da intimação da decisão dos embargos de de- claração. Caso a decisão anterior não seja modificada pelo embargos de declaração, e o recurso já tiver sido interposto, o mesmo será processado e julgado (GARCIA, 2018, p. 443). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Embargos protelatórios: multa de 2% sobre o valor atualizado da causa. Reiterados embargos protelatórios: multa de 10% so- bre o valor atualizado da causa. Agravo Regimental O agravo regimental também é conhecido por “agra- vo interno”, e é tutelado pelo art. 1.021, do CPC, art. 894, da CLT e art. 265, do Regimento Interno do TST, que dis- põe, sobre a possibilidade de impugnar decisão mono- crática, proferida pelo relator (juiz desembargador), no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho, ou por ministro do TST (GARCIA, 2018, p. 439). O agravo interno é interposto perante o órgão judicial que proferiu a decisão impugnada, havendo também a possibilidade do juízo de retratação; e o agravo regimen- tal, em face do órgão colegiado definido no regimento interno do Tribunal (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 591). O prazo para a interposição é de 8 dias, e quanto ao seu efeito, é meramente devolutivo. Embargos no TST Os embargos são cabíveis no âmbito do Tribunal Su- perior do Trabalho, no prazo de 8 dias, conforme art. 894, I, a, da CLT: Art. 894. o Tribunal Superior do Trabalho cabem em- bargos, no prazo de 8 (oito) dias: I – de decisão não uniforme de julgamento que: a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dis- sídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou re- ver as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; No processo do trabalho, os embargos aos TST po- dem ser: a) Infringentes Embargos Infringentes são os que são da competên- cia da Seção de Dissídios Coletivos, art. 894, I, a, da CLT. A Lei nº 7.701/1988, no art. 2º, II, c, prevê que compe- te a seção de dissídios coletivos, em última instância, jul- gar os embargos infringentes interpostos contra decisão não unânime proferida em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, salvo se a decisão atacada estiver em consonância com procedente jurisprudencial do TST ou da súmula de sua jurisprudência predominan- te (GARCIA, 2018, p. 437). b) Divergência São da competência da Seção de Dissídios Indivi- duais, art. 894, II, da CLT. Os embargos de divergência são cabíveis nas hipóte- ses de decisões de Turma do TST que contrariar: acórdão de outra turma do TST, acórdão da SDI, súmula do TST, OJ do TST ou súmula vinculante do STF. (a divergência deve ser atual, e não com fundamentada em súmulas ou OJ ultrapassadas). O juiz relator denegará seguimento aos embargos se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do TST ou do STF, ou com interativa, notória e atual jurisprudência do TST, cumprindo-lhe in- dica-la, bem como, nas hipóteses de intempestividade, deserção irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibi- lidade. Caso o embargos seja denegado, caberá agravo no prazo de 8 dias. Recurso de Revista O recurso de revista é um recurso com previsão legal no art. 896 da CLT, tem caráter extraordinário, admitido contra acórdãos proferidos em sede de Recurso Ordiná- rio e Agravo de Petição e tem por objetivo a uniformi- zação da jurisprudência dos Tribunais Regionais do Tra- balho. Ainda assim, não pode ser utilizado para discutir matérias de fato, porém, o recurso de revista é admissível inclusive nas ações submetidas ao Rito Sumaríssimo. O recurso de revista ser peticionado no prazo de 8 dias, com efeito apenas devolutivo, o qual será interpos- to perante o Presidente do Tribunal Regional do Traba- lho, que, por decisão fundamentada, poderá recebe-lo ou denega-lo (art. 896, § 1º, da CLT). Conforme o § 14º, do art. 896, da CLT, o relator po- derá denegar o seguimento do recurso em caso de in- tempestividade (o recurso foi peticionado fora do prazo recursal), deserção (para interpor o recurso de revista, necessita de preparo) irregularidade de representação ou ausência de qualquer outro pressuposto intrínseco ou extrínseco. Ainda assim, para que o recurso seja recebido, precisa de: a) Indicação do trecho a ser recorrido, que consubs- tancia o pré-questionamento da matéria. O pré-questionamento da matéria se refere ao ato de discutir a matéria previamente, perante o tribunal que proferiu a decisão recorrida (juízo aquo), com o objetivo do tribunal que julgará o recurso possa reexaminar a re- ferida matéria ou tema. b) A matéria a ser discutida deverá estar em contra- riedade ao dispositivo de lei, súmula ou OJ do TST e, deverá ser indica de forma bem explicita, funda- mentada que conflite com a decisão regional. c) A decisão deve ter sido proferida com violação lite- ral ao dispositivo de Lei Federal ou afrontar direta- mente à Constituição Federal. d) Da decisão que contraria os dispositivos de Lei Es- tadual, Convenção Coletiva, Acordo Coletivo, sen- tença normativa ou regulamento empresarial, que teria observância obrigatória na respectiva área territorial. e) Darem interpretação diversa a lei federal, da que lhe houver dado outro TRT no seu pleno ou turma, ou a seção dedissídio individual do TST. f) Expor todas as razões de fato e de direito, impug- nando cada item que for contrário a OJ, lei federal, súmulas e etc. g) A divergência a ser recorrida deve ser atual e não ultrapassada por súmula do TST ou do STF, ou su- perada por iterativa e notória jurisprudência do TST. Esses são os principais requisitos que o recurso de revista deve conter para que ele possa ser devidamente recebido e processado. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Salienta-se que, o recurso de revista possui duplo grau de admissibilidade, ou seja, o primeiro juízo de ad- missibilidade será realizado pelo juiz aquo, já o segundo, será realizado pelo juízo ad quem. De acordo com o art. 896, § 11º, da CLT, caso o recur- so de revista contiver defeito formal que não seja grave, o TST poderá desconsiderar o vício ou mandar sana-lo julgando o mérito. Por fim, da decisão denegatória do recurso de revista, caberá agravo no prazo de 8 dias, conforme art. 896, § 12º, da CLT. Reclamação Correicional A reclamação correicional é regulamentada pelo Re- gimento Interno dos Tribunais do Trabalho, conforme previsão no art. 13 ao 17, do TST. Na verdade, a correição não é um recurso, ela é cabí- vel para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa or- dem processual e que importem em atentado a fórmulas legais do processo, quando para o caso não haja recurso ou outro meio processual específico, conforme art. 13 do Regimento Interno do TST. A reclamação correicional será dirigida ao Corregedor – Regional do TRT, se o ato impugnado for da Vara do Trabalho, ou ao Corregedor-Geral do TST se o ato im- pugnado for do TST. Ainda assim, ela deverá conter na petição a qualificação do autor, indicação da autoridade que se refere a impugnação, os fatos, fundamentos e pe- didos com suas especificações, dentre outras. Nesse diapasão, a reclamação ainda deve preencher os requisitos como: o ato deve ser atentatório à boa or- dem processual, não deve haver recurso cabível contra esse ato e deve ser demonstrado o prejuízo processual à parte recorrente do referido ato. No processo do trabalho, ela tem previsão legal no art. 709 da CLT e dispõe: Art. 709.Compete ao Corregedor, eleito dentre os Mi- nistros togados do Tribunal Superior do Trabalho: II- decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico; Como exemplo de atos atentatórios à boa ordem proces- sual passíveis de correição, podemos destacar o juiz que não julga o processo, estando este concluso para sentença há vá- rios meses, ou mesmo a decisão do magistrado que ordena retirar dos autos uma contestação não apresentada no devi- do prazo, dentre outras (SARAIVA; LINHARES, 2018. p. 611). EXERCÍCIO COMENTADO 1. (OAB – EXAME DE ORDEM – FGV – 2017) Em recla- mação trabalhista que se encontra na fase de execução, o executado apresentou exceção de pré- executividade. Após ser conferida vista à parte contrária, o juiz julgou- -a procedente e reconheceu a nulidade da citação e de todos os atos subsequentes, determinando nova citação para que o réu pudesse contestar a demanda. Conside- rando essa situação e o que dispõe a CLT, assinale a op- ção que indica o recurso que o exequente deverá apre- sentar para tentar reverter a decisão a) Apelação. b) Agravo de Petição. c) Recurso de Revista. d) Recurso Ordinário. Resposta: Letra B. O agravo de petição tem previsão legal no art. 897, a, da CLT, sendo utilizado para im- pugnar as decisões judiciais proferidas no curso do processo de execução. O agravo de petição será inter- posto em face das decisões definitivas ou terminativas proferidas em processo de execução trabalhista, como na decisão que julga eventuais embargos à execução ou embargos de terceiros, ou ainda extingue, total ou parcialmente, a execução. PROCESSOS DE EXECUÇÃO. LIQUIDAÇÃO. MODALIDADES DA EXECUÇÃO. EMBARGOS DO EXECUTADO –IMPUGNAÇÃO DO EXEQUENTE. 4 Processos de execução 4.1 Liquidação; A liquidação de sentença é realizada para atribuir va- lor ao título, para que assim, possa ser cobrado do deve- dor e extinguir o processo. O art. 879 da CLT dispõe que, sendo ilíquida a sen- tença, será ordenado a sua liquidação, que poderá ser realizada por cálculo, arbitramento ou artigos. a) Liquidação por cálculo Esse tipo de liquidação é a mais comum utilizada pela Justiça do Trabalho e, ela ocorre sempre que, a condena- ção depender apenas de cálculos aritméticos. A liquidação por cálculos, naturalmente, se inicia com a elaboração dos cálculos. Os cálculos poderão ser ela- borados pelas partes, pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho (contador judicial) e, na hipótese de cálculos complexos, por um perito, a critério do juiz (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 658). Em conformidade com o art. 879, §1º-B da CLT, as partes serão intimadas para apresentação de cálculos, inclusive os de contribuição previdenciária. Após a apresentação dos cálculos, será aberto um prazo de 8 dias para as partes poderem impugnar os cál- culos, indicando cada item que esta em desacordo, os valores errados, objetos que estão errados, sob pena de preclusão. Ou seja, a simples impugnação dos cálculos não pode ser generalizada, e sim destacada em cada item. Em sequencia, o juiz ainda abrirá o prazo de 10 dias para que a União possa se manifestar e, em seguida o juiz analisará os cálculos proferindo a sentença de liquidação, fixando o valor da execução. b) Liquidação por arbitramento O art. 509 do CPC, estabelece que deve ser optado por este tipo de liquidação, quando as partes conven- cionarem expressamente, quando for determinado por sentença ou ainda, quando exigir a natureza do objeto da liquidação. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Ainda assim, o art. 510 do CPC, estabelece que, a li- quidação por arbitramento, o juiz ira intimar as partes para apresentarem todos os documentos ou pareceres, no prazo em que fixar, e caso o juiz ache que ele não possa decidir de plano, ira nomear perito para o procedi- mento de prova pericial. Um exemplo desse tipo de cálculo seria a hipóteses de cálculo dos salários do reclamante que prestou servi- ços sem remuneração e cuja relação de emprego fora co- nhecida pelo juiz, sendo nomeado, portanto, um arbitro, cuja função seria realizar uma pesquisa no mercado de trabalho sobre a remuneração a ser paga ao obreiro, em virtude do serviço prestado (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 659). c) Liquidação por Artigo Atualmente, a liquidação por artigo, é conhecida como a liquidação por procedimento comum. Tutelada pelo art. 509, II do CPC, a liquidação por procedimento comum, ocorrerá sempre quando houver a necessidade de alegar e provar fatos novos, que devem seguir de base para a fixação do valor da condenação. A liquidação da sentença na seara trabalhista por este método, é feita quando sua liquidez depender da comprovação de fatos ainda não esclarecidos suficien- temente no processo de conhecimento, de modo a per- mitir valoração imediata ao titulo executivo (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 660). Assim, o juiz irá determinar a intimação do requeri- do para que ele apresente contestação no prazo de 15 dias. Não contestado os fatos, eles serão considerados verdadeiros. 4.2 Modalidades da execução A execução no processo do trabalho, ocorrerá a partir das decisões transitadas em julgado, acordos (não cum- pridos), termos de ajustes firmados peranteo Ministério Público e termos de conciliação firmados nas Comissões de Conciliação Prévia, de acordo com o art. 876, da CLT. Conforme o art. 878, da CLT, a execução será promo- vida pelas partes, permitida a execução pelo juiz (de ofi- cio) ou pelo Presidente do Tribunal, apenas em casos que as partes não estão representadas por advogado. O juiz ou o Presidente do Tribunal são competentes para executar as decisões que tiverem conciliado ou jul- gado originalmente o dissídio. Em caso de título extra- judicial, o juiz ou o Presidente do Tribunal, será compe- tente aquele que julgaria o processo de conhecimento pertinente a matéria (artigos 877 e 877-A, da CLT). Desconsideração da Pessoa Jurídica Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei (art. 795 do CPC). O sócio réu, quando responsável pelo pagamento de dívida da sociedade, tem o direito de exi- gir, primeiramente, que sejam excutidos todos os bens da sociedade. Incube ao sócio que alegar o benefício no- mear os bens situados na comarca, que estão livres de desembaraços, bastem para quitar a dívida. O sócio que pagar a divida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo (GARCIA, 2018, p. 502). Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o inci- dente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017). De acordo com o art. 134 do CPC, a desconsidera- ção da pessoa jurídica, poderá ocorrer em qualquer fase do processo. Ainda assim que, o pedido do incidente de desconsideração da pessoa jurídica, deve ser instaurado pela parte ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo (art. 133, do CPC). O requerimento da despersonalização, deve demons- trar o preenchimento dos pressupostos legais específi- cos, sendo ela suscitada na petição inicial ou em qual- quer momento do processo. A instauração do incidente suspende o processo, sem prejuízo da concessão das tutelas requeridas de acordo com o art. 855-A, § 2º, do CPC. Instaurado o pedido de desconsideração da pessoa jurídica, o sócio ou a própria pessoa jurídica, deverá ser citado para se manifestar e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias conforme o art. 135, do CPC. Após o término da instrução, não é cabível recurso imediato de acordo com o art. 893, §1º, I da CLT. Na fase de execução, cabe agravo de petição, independente de garantia de juízo (art. 893, §1º, II da CLT), e caberá agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originalmente no tribunal (art. 893, §1º, II, da CLT). Execução Provisória O cumprimento definitivo da sentença decorre de de- cisão que não cabe mais recurso, ou seja, a que transitou em julgado, conforme dispõe os artigos 523 a 526, do CPC. O art. 527, do CPC. O art. 527, do CPC, preceitua a aplicação subsidiária das normas ao cumprimento provi- sório da sentença, no que couber (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 648). No tocante a execução provisória, no processo do trabalho é cabível toda vez em que a sentença pender ainda de recurso desprovida de efeito suspensivo (art. 876 da CLT). Ainda assim, o cumprimento provisório é tutelado pelo art. 522 do CPC, cujo requisito são: Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente. Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser cer- tificada pelo próprio advogado, sob sua responsabili- dade pessoal: I – decisão exequenda; II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadas pelas partes; IV – decisão de habilitação, se for o caso; V – facultativamente, outras peças processuais consi- deradas necessárias para demonstrar a existência do crédito. A execução provisória não é possível ex officio, deven- do ser requerida diretamente pelo interessado. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O Execução por Prestações Sucessivas A execução por prestações sucessivas está previs- ta nos artigos 890, 891 e 892 da CLT, e elas se dividem em prestações sucessivas por tempo determinado e por tempo indeterminado. Conforme o art. 891, da CLT, as prestações sucessivas por tempo determinado, seria a execução pelo não pa- gamento de uma prestação, compreendendo as que lhe sucederem. Exemplo: Acordo judicial, em que a parte se comprometeu em efetuar o pagamento de 10 mil reais, em 10 prestações mensais e sucessivas. Já as prestações sucessivas por tempo indetermina- do, estão previstas no art. 892, da CLT, e a execução com- preenderá, inicialmente, as prestações devidas até a data do ingresso da ação. Exemplo: O contrato de trabalho do obreiro ainda está em vigor, porém, ele entra com recla- mação trabalhista pleiteando o adicional noturno que, há 3 anos a empresa não paga. Deste modo, o magistrado irá mandar a reclamada efetuar o pagamento do adicio- nal durante esses 3 anos. Execução contra a Fazenda Pública Primeiramente, cabe esclarecer, que estão compreen- didas no conceito de Fazenda Pública todas as pessoas jurídicas de direito público interno, como a União, Esta- dos, Municípios, Distrito Federal, Autarquias e Fundações Públicas instituídas pelo poder público. Porém, as empre- sas públicas e sociedade de economia mista, por serem pessoas de direito privado, não se encaixam no conceito de Fazenda Pública (SARAIVA; LINHARES, 2018, p. 719). No tocante a execução contra a fazenda pública, importante destacar que ela não se procede da mesma forma quando o devedor é pessoa jurídica ou física de direito privado, tendo em vista seus bens serem impe- nhoráveis e inalienáveis. A fazenda não é citada para pa- gar a dívida ou garantir o juízo, sob pena de penhora de seus bens. Assim, nos termos do art. 100, caput, da CF, os pa- gamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Es- taduais, Distrital e Municipal, em virtude de sentença ju- diciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pes- soas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio- nais abertos para este fim (GARCIA, 2018, p. 583). Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusi- vamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi- da a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven- tos, pensões e suas complementações, benefícios pre- videnciários e indenizações por morte ou por invali- dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. § 2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titula- res, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim de- finidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. § 3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expediçãode precatórios não se aplica aos paga- mentos de obrigações definidas em leis como de pe- queno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 4º. Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi- xados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. § 5º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti- dades de direito público, de verba necessária ao paga- mento de seus débitos, oriundos de sentenças transita- das em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamen- to até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. § 6º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a de- cisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de pre- cedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. § 7º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. § 8º. É vedada a expedição de precatórios complemen- tares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da exe- cução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. § 9º. No momento da expedição dos precatórios, in- dependentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspon- dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor origi- nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que pre- encham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 16 D IR EI TO P RO CE SS UA L D O T RA BA LH O § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré- ditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu- cional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independen- temente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes so- bre a caderneta de poupança, ficando excluída a inci- dência de juros compensatórios. § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independen- temente da concordância do devedor, não se aplican- do ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei- tos após comunicação, por meio de petição protoco- lizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com- plementar a esta Constituição Federal poderá estabe- lecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando- -os diretamente. § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o com- prometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de pequeno valor. § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tri- butárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no período compreendido pelo segundo mês imediata- mente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação constitucional; II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira refe- rida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ul- trapasse a média do comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediata- mente anteriores, a parcela que exceder esse percen- tual poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação de re- ceita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios apre- sentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conci- liação de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados os requi- sitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado. Ainda assim, nos termos do art. 535, 910 do CPC e da Medida Provisória Lei 9.494/97 art. 1º, nas execuções contra a Fazenda Pública, elas terão o prazo de 30 dias para oferecer embargos caso deseje. Destaca-se que, o art. 100, § § 3º e 4º, trazem as obri- gações de pequeno valor da fazenda Pública. Normal- mente os entes e federação possuem leis próprias sobre os débitos de pequeno valor, no entanto, quando não dispuserem, será considerada dívida de pequeno valor: ESTADOS: dívida que não ultrapassar 40 salários mí- nimos; MUNICÍPIOS: dívida que não ultrapassar 30 salários mínimos; FAZENDA PÚBLICA FEDERAL: dívida que não ultra- passe 60 salários mínimos. Nesse sentido, a requisição da dívida de pequeno valor será feita por numerários e, portanto, o inicio do prazo de 60 dias para pagamento da dívida, deverão cor- rer após o esgotamento do prazo para oposição de em- bargos pela Fazenda Pública, ou mesmo posteriormente ao julgamento dos embargos à execução eventualmente propostos pelo ente público. Decorrido os 60 dias sem o depósito da dívida de pequeno valor, o juiz determinará
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